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“ Meorfa da traducfo como teorfe de_conheoinento. _ Ae cohsiderages en forma Ge eadogo que aubmete neste artigo & apreciago “doe leitores pram provocadas por um chogue de surprosa ¢ adniregfo que sofrt bd varios enos sem jamais poder supers-lo satisfatériauente, Creio que oese cho que & experimentado, ‘com matér ou menor intenaidade, pela grende netorta dos nossos contemportneos, tendo portanto interesse publico, -eubora sendo vivencia ‘Sntime e particular das mais violentas, Denomwinarei esse choque de "perdea de { £6 na céneta” ¢ abusarel Ge paciencia dos leitores, expondo com poucas palay ‘rae n forma que essa vivéncie violenta tomou no meu caso. Os racioneliates ¢ iluministes Go aéoulo 16 conbatien Joma con un eatrntagens siupleo: comperaven’religives, Un exenplo tfptco ¢ 0 | ‘drama "Nathan, o Sabi de Lessing. Trata-se de uma tentativa, (profundanen— , te dneutentica), deeriar uma atitude "tolerante" ex face dae religides nic- erier%a, mostrando que o Judaisno e o Isléo sie tao verdadeiros quanto o 6 0 j= Grtetiantsn, A eceitegio cutentiaa desua tose niio resulta ne tolertucie dee ers duaw religides nfo-criotis, mas na perda da £é eu todas as tres, A £6 no Crig tianisno nfo tolera, nfo pode tolerar e eauieeio de outras religiSee como equi valentes do cristienisao. A £6 eutenticg, Antolerente, A divide autentice 6 iguelmente intolernnte, no. toler fé‘algima, A tolerfncia 6 sintéua de inau~ tentieidade. No exemplo peers podemos argumenter, 6 verdade, que # tolerta cla das trés relicides b: ices, ‘embora resulte na perda de 16 nas trés, pode conduair para una 26 nos fundenentos comina Re tres, as o argunento 6 fraco. Tugeiono ¢ Cristianiemo, @ « consequente intoleréncia de dabos. ; Foto ben, o que so aplice & roliciao, aplice-se igualnente A ciénoie. “A cou- peracdo das diferentes oftneias, & qual nos vimos forgados todoe mais cede ou maie tarde, nao resulta na tolerfncia de todas ae oitncias, new ne 26 no funda. mento Somum ® todao ag cinoies, mas em una £6 nova, (no “cienticismo"), into- lerente das diferentes ciéncias, ou na perda da £6 na cionoia toda, Tento « eLOncia, ea nossa geracho, usurpado em grande perte a posigio tradicionel da _ religido, reprosenta’a perda dé £6 na citncia em grande parte o perde da 26, Z "tout court", Daf a violencia do choque, ‘A forma que o drsma "Nathan, o Sébio" ascuaiu no meu cago era @ comparegio on tre ffatea, biologfa e peicologfa, Tinhe depositade « minha £6 ne rfsics, 0 pegredo da “reelidede" se escondia, pere mim, naqueles regides rerereites in Mntolerancia" religi ~| Se tomatoe serio, resultaré na £6 em uma ouarta religi&e, intolerante dee ort), | gineie, Alids, 0 Teldo ¢ oxetamente isto: o resultado de une comparagio entre | t e <2 : NY | feawatonares que a ffeica investiga, Identificava *youlidade" con “res ex tensa", glide una identificagio tfpica do toda ingenuidade fliosofice, si multaneamente acreditava que ffsica dtepunhe de métodoe e instrumentos a Proprisdos & investigegdo e descoberta gradativa de-"realidade”, Eosa con vicgo absurda provinha da torga persuasiva que os resultades pelpdveis de ‘técnica exercfam eSbre a minha mente, aliés una conviegio tfpice da noesa gerago, Assim, firmemente enraizado no solo da iréalidade", no estado de sraga da 26, tontet eproxiner-ne de biologfa e de peicologfe. Afinal, ain ” Ga nfo dispede « ffatca de ume autoridude compardvol & da Igreja, a ponte 40 poder por obras bicldgicas ¢ petcoldgtoaa abbre o fndice, Dots mundos completamente diferentes surgiram diante dos meus olhos atonitos, N&o eram diferentes esses mundos tento pelos conoeitos estranhos com os queis opera vam, conceitos como “instinto", e "apreender",'e "nedo", muite diffeiimente redufveis 20 nfvel de ifeices orem diferentes porque diztem réspeito a el. g0 que se dizta “renlidede", mes tinha estrutura totaluente alheia da minha “reslidede". Yor exenplo: todos os fenorenon estudados pela diologfa‘e pel cologia tinhamum especto propositel, 0 anime) se adaptava ao exdiente, “pe va" no ser deacoberto, Um conplexo era recalcade “para” ser enquecido, Bs. ta pelavra "para", cate aspecto onteléquico de ‘realidede" come qual a bio~ logfe e psicologfa constantemenfe operan, n&io cabfa no mou conceito aa “re- elidade", Dizer que um protoh e um ezectron se juntem com o propésito de former um dtomo de hidrogénio é cometer uma horesfa biologis¢nte dentro do campo de ffsice, Um outro exemplo do sbiamo que cepers a ffmica da diole- gfe e peicologta serfa a impossibilidade fundamental de reduzir om enuncia Gos deasas duss disciplinas para @ Linguagem metenética, impoboibilidate es an denonstrada peloa miltipios eaforgos malogrados que forem enpreeénides nessa diregio, q ‘A medida que me vinha famtliarieando com es dues d@isciplinae, depnrei com o atime’ que separa a biologfa da puleologts. Comproenat os bidloges, quando felem do “perigo aa paicologivag#o da biologfa", Dizeér que a girafe é uma cabra que esticou © pescogo para aleangar folhas nas copas das Aryores 6 he resfa peicélogisente no campo da diclogts, to heréties, com efeito, como se ria dizer que 2 girafa é um cempo eletromagnético ¢ erevitecioncl. “Mutetie mutandis" existe © meano perigo biologiesnte no coppo da peicologfa, Dicer que um oretério de Haendel é.resultedo de ume ineuficiencia glandular ¢ téo her6tico quanto o 4 dizer que é remuiltedo de uma constelegfo de cergas olé~,. | oor + A eonedbence ontre biologta @ petcologta, que ingenuenente supa nha exiotir, do meu Ponto de vista ffisico, se desfez, Eotave ante tree muhdos, completamente diferentes, e, preaumfvelmente, ante une multipliot, dade infinita de munéos diferent 56 que as outras disciplines cientitio: eae extatenten oe surgir dizen respeitos a outros tentoa mundos diferen= tes. (Por exemplo a economfa, que niio deve ser peicologieata, a histérie que nfo deve ser oconomiaeda, a crftica de arte que nfo deve aer historiel sade, @ aeoim od infinitum). Af fiz a descoberta unis horrendas No esforgo de salver a minnn "rerlide— de", (a minha £€ portento), tentei considerer o mundo da peicologfa e de ~ diologfa como casos especisis e especisinente complicados do mundo de ff- ” ‘aica, Consegui o meu intuito, Efstivamente, os fenémenos ‘diolégicos £ Peicolégicos podem ser oxplicados ffeicamente, embore acontega nessts ex PlicegSes ume coise curiosa: os fenémenos assim explicades dessparecen. A @irafa, explicada como campo eletromagnético, deixa de ser'girafa. 0 "Mes sias" de Hee: del, explicado acusticamente, deixe der ser o-"Meseins!; Mes’ isto nfo é 0 pior, 0 préprio mundo da ffeice, « mfnhe "realidede", pode” ser explicado, com iguel fecilidsde ou dificuldade, como um eneo enpectnl ¢ especialmente conplicade do mundo de biologfs ou da peicologfa. 2, neaces - explicagiee, desnparece dgualnente, A fomuuclio do dteno pode. ser explicade como fenémeno da evolugio biolégioa, como um passo para a forme#o da vide, ou de um individuo vivo, E pode ser igueluante explicate como. fendmeno da Vontade que quer cheger ao poder, como ato do espfrite que quer realiserse, Nas o dtomo deixa de ser dtomo nesses explicegses, @ mundo da fisice deca Pereoeu, Asein descodri, xum choque de curpresa e admiragio, que onda ci- tricia diz respeito ¢ uma "realidade" d1Zereitte, e quo onda uma desea “resli-. adea" reclema para si exolusividade ¢ devore todas ee denaie, Perplexs ente o espectfoulo nojento das “realidades” que se devoram mutuamente, @ minha *2é ne “realidade" rutuy Restava ume selvacdo: A £6 no fundenento comm a todes es oiencies, a té no “cientifiano”, Mas o qué 6 esse fundamento comm, senie o métede de in \Nestigectio? Podia nutrir autenticamonte a £6 num wétodo ospactfice ¢ ree trito como nico fundenento da realidede? Mormente quendo essa’fé eaterfa em contreste violento com os enunciafos de cada citncia especifica? Porque dizer que a “realidede" é um nétodo do pensamento humano, um método espeof~ -duzindo de biologfe, e e girefe desaparece, Cuando o portugues tratpgo fe ‘wer que as diferentes citneies aio outras tates mkneiras de Gizer “algo", enbora nadn possa eu efimer quento a esse @iforentea eitncias.eo outras tantas Lingulo, Aceitando ease hipétese, na sua forma agora bastante, huntlde, conseguirenos unc viofo nova e menos eterrorisonte des go"s| Hm outras palavras: as elt dat Jeo"\oue | s0 devoren nutus- { nent, Dizer que uae eitneie é ume 1fngua, equivdie dixer que ele fela pom toncialnente a reepeite de tudo, (Devore tudo.) Hassar de una cionota pera outre oquivele a tredunir de ume lfngua pera outr¢, 0 prolene da relago dae oitncirs entre ei ¢ um sub-probleme do Problema geral de\ tredugiio entre Ufngues. A ffeice deecreve "tudo", da menua forme como o Port\igues descre~ udo",, A f{sice descreve "tudo", inclueivo aguilo que a bidlogfa desera Ye, da mesmn forum como © portugues descreve "tudo", inclusive agxilo que o Angles desoreve, Quendo e ffeica dedcreve a girafa, sentinos que dyté tra Vir ("oecoming") sentisos que enté, tread@sABG?8%> “peconing" desaparece.. A fioica ten regres (graudtics) diferentes de biologie, def ser ele aifteiinen te aplicével girafa, ‘0 portuguer tem reeves (granttiva) @iferentos dp S- gles, daf aor ele diffeiluente eplictvel eo ‘devir. . Eee 2 noose hipstece pornite uma vi einde mate ompla, A relegio entree _ ffsica os biologfa ¢ equivalents k rele entre o portugues © o ingles. S80 | FelegBes perelelas, Ocupam duee canaiae paralelas, Alén dieso existe o pro blena de‘relag*o entre » ffeica e © portugues, f ume relactio vertical, une duzs eanedas, A relagio entre ffsice e diologta é um problema de tradug%o horizonteh, 2 2 relegfo entre ffaice e portugues é um problena de tratugio Vorticnl, A relegGo entre ffeica o matexdtica é 0 prolonganento do meso Pro. blena pera "cine", a relegio entre o portugues culto e o wigar 6 0 prolonga mento do mesuo probleme para "baixo". Podenow postular portente diversns conadsy de 1fngua. As quatro uencionades (5 "vulgar", a “oulta", a “ciontffica" e a "natenttica") ako groseo modo pe- releles, SFo come que endares no ediffeto da lingua, Ae tradugdea entre o- lec o%o Zeitas por salto (por elevodoree), Mae exicten tenbén canedas incld, nates, Por exemplo a canada poética que pode surgir abeixo de canaia vulgar, cruzer a cenada culta, cdent{fiea ¢ xetenttica e porder-se nas alturas da ca mode do misticiauo, So como que rampas do ediffcio de lingua, WNto hd ele-. 1 Vadores que wnem aa cenadas horizonteis com as canedes inclinadas, A relaglo: 7 cut ate : t fi09 chemado “olent{fico", 6 negar a fata, « biclogfe e a peteclogte, e trensferix 6 ié da "res extensa" para 2 “red” cogitens",‘mes-pera une ores ‘cogitene" reatrita, lubére seja possfvel uma tol trensferencie) é ele.un estorco abeurdo, % ume tentativa de srlver a £6 ne citncia, abandonendo \ todss as citncies eepectficas, e pordo-se em oposigdo 2 todes eles, §, 0 que Wdoolei Hartuenn tontou fazer, embora sen compreender, conforme eréto, todo © alcance do problema, Wo fundo, aliou a £4 no métode cientifico com, 2 £8 na tLaica, ¢ postulow, portento, o “uundo ffsico" como ceneda fundamen, tal da. “reslidade", 0 terrfvol choque das diversidedes des citnciae nfo s balou Uartmann suficientenente,. H&, no ontanto, uma posoibilidede inteirancate diverse de superar 0 estedo do vaefo e do desopero cue uvoupenhe a perda de £6 ne ciencia. 0 propéet~ *} to deatas consideragdes esbogar essa possibilidade, Pare tanto pertired r | { \ ( 1 Ge ecguinte hipétese: As Giferentes citncias s&o outras tentes descrigdes Giferentes da neama realidade, A bipétese, tel como até formulada, é ine eustentével, Como posso saber que ss direrentes citnoias deacreven a “nes- na reelidade"? Para poder sabe-lo, devo Giupdx de um ecesso. direto @ casa ' realidade, rcesuo ease independente das oitncias, Talvez os meus sentidos | xepresenten osse sceoso direto e independente? lies oe préprics sentidos fe enéueuos ostudades peles citneias, Zetou num cfroulo vicioso. Talver die- ponko de une intuigfo direta, de, uma vivenoia imedicte de realidade? Bae od~ nitindo’ csaa intuigtio, cesa vivenoia, como, posso saber que as ciéncias deo- croven a realidede que me ayerece por internédio dele? Traduzinda esse ine ‘tuigiio, esse vivoncia, para o domfnio do pensemento artkoulado, isto 6 arti- culando a vivtneia dnedieta en forma lingufdtica, Neste caso e minha hipéte we deverd cer reforulada, Dovoré rezari Au diferentes ciencies desarevea de Yovua @izerente a realidade que ue é dado inarticuladanente, e que erticulo Lingufeticanente, Ae diferentes citncian efo linguss diferentes gue Zelam. da moons realidede inarticuleda, Falan da "nesma" realidade, porque esta & dientica com a “realidade” da qual fala a lingua cotidiana, as mesio esta reformlagHo deve ser ebandonade. Como posso seber que a lingua cotiddana fela da "realidede" que me 4 dada inartiouladanente? Articulendd. eaee roa- idado, Seton novemente no efroulo vicieso, E cono posso ssber que as ci- eneias felen de mesmo assunto do qual fala a lingur cotidiana? Comparendo as cdénciee coe lingua cotadiana, ioto 6 falando. Wovamente o efraulo vie cdoso. Entretento, posso ealvar alge de minha hipStese primitive. Fosse 41, a ° ontro-eaoae'anedas de pooteho diepar, (a tradugto ontre eles) 4 banhada em { Mistério, N&o hd regras pare a ‘tradugGo da camaga “cient{fica" para a posts \ Gof da canada "natendtica" para a Mmeteel", da.cenade "Ldeteo-simbéiteas Pa rae comada do "nfto". Mo entanto, esses tradugSes s%o possfyes: Cage cencda ¢ infiniteuente subGiviefvel, e cada subdivisio de cada camada 6 ‘mis Gonerigfio de "hido", A crnnde "ctentfzica" 6 oubdivietyel em’ “pure” 9 "a | Plteeda” Ge. nt2 nonoiran diferentes, A conada “eulta” ¢ aubdiviefvel on "60 ' ndeen, “orudite", "conversacionel" ete, Cada cemeda, e de certa forma cade | ! i ; eubcaeda, obedece a un conjunto de regray, Deecreve "tudo" como o Gescreve, ! porque obgdece a ennas regras, A citucie descreve o mundo pehes regres da clo i j Once, 2.0 resultado € 0 “mundo das cdtncias", A poesfe descreve o,mindo pes «+ dee regres de poesfe, © 0 reeultedo 4 0 “mundo da poosfa’, Perguntar oe hé al i go ex comm a eates dois mundos 4, como Jé domonstrei, uma pergunta que ‘fice poss Fesposte, ito podeuow conhecer esse elgo, 36 que todos os nodsos acessoe A Pars on90 lgo passa por diferentes oanndas de Ifngua, Todo eonhecinents par. | j Towler & ua problena dontro du wee emeda Lingufstien, © 0 "conheeiuento” com *’T Cunifsculo 4 ws problene da tradugfo entre esmadas dingufsticas, 7 | A toorfa de vonheciuento 4, fundaucntalnente, uma teorfa de tredugo, 2 uma j {Pesquisa dus regrae que FeGen on diferentes camndes lingufsticns, e des releg3 ‘ . ‘dBen, seucihanges © dizevengea entre esas rogros, Ultinenente eat aftlovofts y desyertando pare case fato. Os estudon do Iégion aiubélica e as pesguieas fe- |monenodégtoxe © existenciaia da 2fngue apontun nese diregdo. = 6 tambén noom Airegiio que, possfveluente, o vasfo doixado polo peréa de fé na ef@nciaspode - (Se preenchido, Forque o que estd acontecende, cum efeito, 6 a procure de un j80Vo “cons de realidade", (wma nova £4), eubora, desta vez, sen une “realidast ‘ |e" ttto peapaver, como o fod a realidude da ffsica, ¢ muito menos dinda como.o fod a rewlitiade do Cristianiazo, A ena procura do novo seneo de realiéade es “fanow dedicudos todosy saibanow ou nfo caibcnoe dteso.. A

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