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A Sexualidade ind Pode provocgr ©Scdndaloe g, lente a qualquer, por meio da qual o Paciente nos fala do lent 7 dsfuncionamento mental), ou a descricao tes de paciente e analista (Ferro, écie de simbiose fusional ME eu disse no capit ¥iclgia rent homossexuais (masculinos ou ‘Stes tras gs iologi te ho- é is biologicament i Ncionamentos: Poderiamos ter também casais Br ms “als que funci 1 heterossexual ‘onam com modalidade de acasalamento 132 Antonino Ferro 96, e assim por diante. Este é 0 Preco ou o ganho que a nossa espécie esta alcancando, em virtude mental (sobre 0 biolégico) como “neoformagae de andlise, estes mesmos funcionamentos (tedos com modalidades que nada tem a ver com a sexe de vista, poderiamos dizer que as homossexualidades bre) e™ Otro ver com a psicandlise (neste ponto da nossa especiagio, react ade sot” nao so um problema). Séo um problema as modalidades rey ™°® der 9 cionantes com as qua nos acasalamos mentalmente, porque t/a delas, derivam todas as sintomatologias, nao importando a forgo Stn narrativo — como as relatamos. ~ OO gener Uma crianga que projeta elementos f, que nao sio acolhi mente nao dispontvel, realiza a seguinte situ (ainda que “ SOF SA especiagg Neer g Peciagig. nyt do Cles) poderiam ga Nasal, ‘alidade, B, * relat id a ago 88: um “cheio” qh t™ que encontra um outro “cheio emocional” e, portanto, nao ha scans mental e transformacéo. Uma relagéo de tipo fusional, na qual nas se emogées fortes, realiza uma situago 99, com os estados emocionaie ne sos que permanecem cindidos de outro lado, até que no futuro itrompa, talvez como sintomas ou tsunami emocionais. Portanto, 0 sexo biolégico ten pouco, ou melhor, nada a ver com essas situagdes, que entdo poderao aconte. cer nas relagées entre homens, entre mulheres, ou entre homens e mulhec e também entre adultos e criangas ~ nesse sentido, com todas as categoriag do abuso, Portanto, homens e mulheres poderdo ter relagdes homossexuais 86 ou 99, e por que nao deverfamos pensar que casais homossexuais podem ter relages 90, férteis ¢ criativas? Proponho agora alguns exemplos que poderdo mostrar alguns vértices dessas reflexdes. VERTICES DIVERSOS APRESENTADOS ATRAVES DE CASOS CLINICOS Luca e 0 cédigo civil Luca € um advogado de quarenta anos, docente universitario de Dire! Civil. Quando crianga, havia sido muito desejado pelos pois, mas, avons tinha 2 anos, a mée adoeceu de uma doenca hematica que a obrigou ¢ [- gas internacées e o levou a uma depressao muito grave, inclusive em \ tude dos ciclos quimioterdpicos que precisou fazer. O pai, muito tomado pele Wo bolho, é uma presenca afetiva, mos néo consegue suprir a auséncia Msc, * frequentemente também mental, da me de Luca, Logo apds seu casa’ Luca vive uma dupla vida: « compartilhada com a mulher e filhos, © 98°" ta, na qual se entrega a orgias noturnas com relagdes homosexuals: (1 parecem aplacar este vazio desesperado que periodicamente o invade, NT esta dupla vida parece, num certo ponto, se radicalizar, como se hovves Fvitar 0s emogées,viver as emogées 133 “Gvil" e 0 outro absolutomente “n6o civil”, tomético. A vido fomiliar e universitirio do pritn soto pelo Luce "no civil", que estabelece mn Fomossexvol s6dico, Manolo, a cujo prazer se sub, quates durante os quais tem babi ieee Yr expor a odo tipo de humilhacéo possivel ; E neste ponto que Luca pede uma anélise que Monolo esté por uma sua parte cindida, mento tronsformador na mente dos caregiver, ¢ de violencia. Luea se submete a esta violéncia no duplo regaine oe oplocé- ‘a [inde que néo possa conté-a) © de reencontrar seus estados rere, cioneis perdidos. Tombém a solo de anélse, desde o iio, so Greene, ‘eltos de Luce, como se fosse dois lugares cindidos: o escrito advogado, profisionel sero, ¢ © darkroom de um lugar com luzes vermelhos ance Mo. nolo se exibe. Ocnaliste copar née somente de captar Manolo como 6 parte cindide de Luce (olém de uma maneira de Luca ver © proprio analiste), mas tomers oe decompor Manolo nas subcomponentes emocioncis pelas qua & verepeces Esto desogregacao passa através do captar e descrever, em varios cenérios, a ‘ai, 0 cme, 0 dessio de vinganca, a viléncia de... Manolo, ste pemrines Luce, num certo pono, falar para sua “esposa” (a parte desi colhodore ¢ 5 cnolisto 9) desta sue dupla vida. Este fato é precedido por um sonia ore que EE de projegao préximas e acontecia que, 8s vezes, na sala A pastasse um fling romantica e na sola B um filme de indios ou de guerra. As vezes, acontecia de owir tombém, no sala A, 0s tiros ou os gritos de filme do sale 8. © reloto prossegue com uma grave doenga que Luca desenvolve: umo forme incontrolavel de diabetes que consegue, porém, entrar em um proto- colo experimental no Karolinska de Estocolmo para o transplante de cslules Pencrecticas, Manolo, de alguma forma, & uma espécie de agregedo, int Ss LlUL6LhlUr uine condic6o de invalidez de prépria vida civilizada, mas a andlise se ena Tronsplante de célules, o transplante de funcéo a, que permite a Luca metabo, Jie" seus estados protoemocionais de raiva, fia, ciime, desespero, até ave Manolo, néo tendo mais nenhuma necessidade de exislr, saira de cena. Lice oderd ter uma relagdo ecolhedora em relagdo as suas proloemocoes ¢ ira tealizar ume relagéo 2d consigo mesmo, saindo da relagée sedomazoquista ¢ do homossexuolidade: mas tudo isso independe completamente dos sexos, * 9: protagonistas poderiam ter tido qualquer sexo biolégico. Uma parte do mente de Luca havia encontrado acolhimento e possibilidade ®Wransformacao e tinha realizado relacées 89, enquanto uma outa parte f- nho ficado nao transformada 9 vestes de Manolo. A t le 2, de forma compositivas, Desde 0 inicio, fica evidente © que néo encontrou acoll Que permaneceu impregnade ¢ urgia para ser acolhida e transformada sob lerapia permite um ulterior desenvolvimento de funcao que “Manolo” pode ser desagregado em suas subunidades “digerido" e transformado em emogées e pensamentos. Laura e as mentiras andlise (Ramshorn Privitera, 2006) que ce enconira, sem saber © poraus. Sofre também de elo desespers aoe Serene, em sua vida ofetvo, histérias homossexucis esmagomenios vee Martina, As relagdes com suas parceiras sao paar ede. to é realizado com a mentira: isto 6, tudo o famente ofetinas ‘abate, de brigo, simplesmente néo é Fie Pode ser onflito. Poderfamos representar a stuagio emeseng locional Laura pede uma pois com e tranquilas, mas is causa de conflito, de e' de forma a ndo gerer de Laura da seguinte form 33 9=9 33 3s vendo no esquerde a relacéo homossexual fusional e na crete os Poo emocées constontemente negados ‘cindidas que véo habitar um ner paralelo, mas néo em commu icagao. O analista, no inicio do trabalho, Laure, aceitondo Ihe dor recibos, permitin seu seguro, que prevé So! 6 recibo de uma terapia n Sertebral e consentindo assim, tenho “o dinheiro” pora fazer a an pongo do Omnia munda mundi’ de fret Cristovéo, que uma sitvac6o profissional ave Ihe possibilite cus oe decide néo dor mois os recibos pedidos. E este o mo" srabalho onalitico realizado: agora ave SF abriv um das negacoes e das mentiras, as emogdes Ge iro irrompet NO Gestrvir todas os capacidades trabalho conjunto de conté-las ov © closive, gragas ao aparente con eee atvo que dando o recibo do dor © dos cuida 5 de como ivesse esmess aceita um certo grau de conluio com .do que ela obtenha reembolsos do rents veembolsos para custos neurol6gicos, dando rorolégico-fisidtrica para as dores do esmagamento on estas “parciais falsificagées", ave Love "shee, Nisto, o analista € guiado pela le mas quando Laura conse: ear sua andlise sozinno, mento da verdode 1a brecha no muro campo iso sobre e paciente (in porque 0 anal na realidade falava, de forma metaférica, pelo desespero € pela dor, e de como a anélise fosse uma C8 No possibilitaré conter os emogées. despertadas pela recuse do analiste ogra ferior conluio? A anélise fico ‘estremecida, feroz 6 @ exploséo 0° os de ciumes, de vinganco (Laura chegardé ao ponto de ameos re ye 000" recibos “falsos”). Mas, 9 final, o andlise segura & Lauro core oncis tor, acompanhada pelo sev analista, todos OS estados Pre ca, ent sempre havia mantido o distancia com a mentire (O andlis! ae et em oprés-coup, que ©. campo precisou adoecer da doonet als it we eo conivencia) para depois perceber que © tes de Meda Pema e enfrentar graus cada Vez ido realizado. E era o que hovia si _ TN. de T. Para os puros tudo é pure- Evitor as emogées, viver os emocses = s- 3S} j tombém, os sexos biolégicos ndo tm nenhuma importéncia, e so inte ume forma de relatar a passagem do primeiro funcionamento pora somemte aire 2 @ 6. No fundo, a ondlise, neste caso, porece ter permitido 0 Jo de um aporelho digestivo que permitiv a digestéo dos estodos ‘ocionais cindidos. Poderiamos substituir “aparelho digestivo” com a fungéo a/continente. Aqui coquele construgs protoemo formulag6o: remo e Lucio: uma homossexvalidade light emo é um engenheiro de informética (Ramshorn Privitera,2006) que tem mo relogdo homosexual com Lucio; estéo juntos desde os tempos do cole- Gil, quando perceberom o atracéo mitue, mas hé entre eles muita fomili- orpade, s60 como irmAos. As mes de Remo e de Lucio haviam se conhecido, i inham ficado amigas, na sola de espera do psiquiatra que as curava de 298383 3 3 S83993 A mée, tonto de um quanto de outro, parecia ter a mente com uma si- taco de parcial indigest6o, portanto os aspectos protoemocionais do filho podiom ser acolhidos e transformados somente em parte, permanecem cotas em excesso que dao lugar ao “duplo”, que se torna a maneira de administrar estos pores perdidas. Hé uma espécie de gemelaridade psiquica e boa porte de protoemogées havia sido recolhida e metabolizada, a depresséo dos mées havio comegado quando, quase contemporaneamente, haviam sido abandonadas pelos maridos com os filhos na escola primaria. Os pais, profissionais brilhantes, haviam se relacionado com mulheres muito mais jovens quando tinham aproximadamente quarenta anos. A paixéo que imagi- nomos, pressupée voltagens muito altas e era vivida como muito perigosa por Remo, que @ miniaturizava nas microcargas elétricas do computador, sendo que algo néo muito diferente havia feito Lucio, formando-se em Ciéncias Na- turais, e dando inicio a um viveiro de bonsai. Emogées vivas mas, também no seu caso, miniaturizadas. A diferenciagéo entre Remo e Lucio acontece quando Remo decide come- gor uma anélise por ocasido dos periodos, cada vez mais longos, que Lucio transcorria no Jopéo, por motives profissionais. © analista logo capta que Remo e Lucio, no realidade, so como dois irmaos gémeos, ou melhor, duas méscaras da mesma pessoa, e encontra uma forma de fazé-los co-habitar na sola de andlise como “personagens”, sem nenhuma pressa decodificatério- interpretativa. Remo fala longamente de si, mas também longamente de Lu- cio, dos hobby de um e de outro. Apés descobrir que seu analista é de origem orgentine (e tendo possado todas as férias de veréo com o pai em Buenos Ai- "es, onde ele havia se transferido com sua nova companheira), de fato acaba Por falar com ele tanto em italiano quanto em argentino, assim seu duplo vive code vex mais intensamente, com as duas linguas, na sala de andlise. Depois *depress6o” FP xe opse as idéias politicos de sev anolista (descobertas pelo assinotura que este havia feito por ocasiao de um abaixo assinado internacional), criticando. ‘ando-o, até ofendendo-o: de fato, retoma o caminho -o com violéncia, acus , aCe que néo tinho podido levar adiante com a mae deprimida e importuna. Remo | passa de uma situagao: | 33 33 3s 3s para uma situagao: é—>3 é—? na qual pode experimentar a relacionalidade heterossexual entre as mentes. Portanto, o campo se reestrutura desta forma: 33 333 3 2ee da perturbagdo crescente que Remo sente por uma sua vizinha de casa, Sabina. A andlise adquire, por um longo este ritmo: Remo chega na sesséo tomado pela raiva, furia, cibmes por parte do analista, acolhimento e, 0 que estava em desordem, geralmente encontra receptividade figurabilidade em novas imagens e tramas narrativas, e ele termina a sessao falando da sua atracdo crescente por Sabina. Depois, um amigo seu, “Romolo”, se apaixort perdidamente por uma moca argentina. Fica muito perturbado quando esté com Romolo, Lucio e Livia em Buenos Aires, em uma sauna mista, mas @ &xPe rigncia que o havio aterrorizado acaba por atrai-lo. Agora, © grafico poderia ser representado como na Figura 8.1. Os trabalhos ainda esto em curser mas Sabina, a vizinha de casa, 0 atrai cada vez mais, mesmo sentindo sempre ° Neste ponto, isto é narrado através periodo, por Lucio que esté distante. Recebe, — FIGURA 8.1 Turbulénci lurbuléncias do campo encontram uma mente disponivel. 3 Evitar os emogées, viverasemocses «1377 ‘or Lucio. Emogées cada vez mais intensas ganham vida nesta situagéo ofet0 Pot partic de uma inércia gemelar em direcéo a situagoes mois lairicas que encontram personagens € intérpretes estranhamente parecidos alticas av a fundacGo de Roma: talvex no sefo uma lute fratrcido, mes os go espacos e fempos em direcio a parSes mais luxuriosas e menos e ‘odas (ou explosivas!). que, n° miniaturiz ‘Antonello entre Heidi e os bisées Antonello pede uma andlise por dificuldades de eregéo, relata ser homos- sexual mas, dependendo da situagéo, também heterossexual. Cita nao ter Jembrangas particularmente traumdticas a néo ser de "ter-se cortado 0 pénis quando crionca”. Agora sofre também de uma séria hipertensdo e necessita fazer exames, ha um tempo faz uma terapia de betabloqueadores. Tem uma relagéo muito afetiva com seu parceiro, com o qual vive uma relacéo estdvel. Desde o inicio, penso poder imaginar 0 seguinte cenério: o fato de ele estar sob tanta pressao (hipertenso), a ponto de ter feito uma terapia radical, isto 6, “corlar o pénis", tendo, desta forma, abafado a intensidade dos hipercon- teidos 3 que nao sabia como administrar, usando “os betabloqueadores”, isto 6, a castragao de qualquer aspecto protoemocional, até perder totalmente a poténcia e se tornar, entéo, “impotente”. No fundo, os elementos B séo o motor da nossa vida psfquica e, se bloqueamos muitos, ou demais, perde- mos realmente em poténcia. O que Antonello realiza com Vincenzo parece realmente uma relagéo homosexual das que defini — olhando para 0 tipo de funcionamento mental — homossexual feminina 29. E interessante observar que seu analista, jd na primeira sesséo, procede com uma série de interpretagdes extremamente ativas e, eu diria, atropela- doras, és quais Antonello responde com dois sonhos. No primeiro, hé “um rem que ganha velocidade, depois sai para fora dos trilhos e arrasta consigo tudo 0 que atinge”; no segundo, “havia um oval do qual saiam raios muito poderosos e descargas elétricas”. © analista tomou para si a hipertensdo (0 hiperpénis, 0 hiperconteéido) de Antonello, e atropela com suas interpretacdes de transferéncia, desde o inicio, que parecem ao paciente como raios com uma voltagem elevada. Depois, o analista faz uma outra série de interpreta- S0es de transferéncia, as quais Antonello responde com outros dois sonhos. sehrimeiro, “hé alguém que entra dentro dele com todo o seu corpo”, no nem havia alguém que mirava nele e atirava uma série de projéteis. falta oe. escondendo-se atras de um muro”. O analista atua 0 pedaco que efeitos qibertensdo de Antonello, que se torna hipertensao interpretativa cus ver a, recolhidos nos sonhos. © campo, agora, ¢ um ened com um interpreta "0 penetrabilidade e, na auséncia de um lugar onde colocar es! ch 1G6es, tornou-se um campo homossexual masculine 63, no qual se : ¥ den pPenetacGo interpretativa do analisia ¢ incapacidade (falta de luger colhimento) do paciente, 138 Antonino Ferro ‘A sessao seguinte versa sobre temas repetitivos, sobre a vida aborrecig, com Vincenzo, com o qual o méximo do envolvimento é fazer passeios n, " montanhos para fotografar belos panoramas. Eis, portanto, uma sessao es qual o funcionamento voltou a ser 29. Como se 0 campo pudesse funcioner ou com uma "modalidade Heidi” (do homénimo desenho para crian¢as) ‘ov com uma invaséo de bisdes (protoemogées). O problema serd duplo, isto 6, 0 de fazer correr os bisdes 0 necessdrio para transformé-los em umg manada de vacos e touros e, depois, 0 de gerar uma functo cow-boy que saibo conter e administrar os estados protoemocionais. Isto deveré passa, inevitavelmente, pela reducéo da “hipertenséo” e pelo desenvolvimento de Q. Isto levaré ao desenvolvimento da relagao 2 (heterossexvall), seja en- fre onalista e paciente, seja do paciente em relagdo as suas capacidades de acasalar-se mentalmente consigo mesmo ao viver emog6es passiveis de serem contidas. © excesso de hipotensores (cortar o pénis) causa hipotensdo (descrita como falta de eregao). Uma relagdo hipotensa eu a denomino 2 = 9. 0 campo que se desenvolve ¢ gerado pela introdugéo da energia cindida {isto é, os bisdes). Estes poderdo ser contidos, @ medida que aconteceré 0 desenvolvimento do continente 92 2 e presenca de conteddos menos “hi- per”, que resultarao do processo de alfabetizagéo dos hiperelementos do campo. Nesta ética, 0 funcionamento mental de tipo bidimensional seria 0 grau maximo de funcionamento 2 ~ Q, mas tao esmagado a ponto de caber em uma linha, e 0 comportamento “caractereopético” 6 o que administro, de forma evacuativa, os elementos hiperbeta, caso estes excedam a cota possivel de ser alfabetizada. Maria e um mundo de surdos Maria, na primeira entrevista para uma possivel anéllise, relata sua ligagéo homossexual com Elena =e A analista, quando a vé, mesmo sendo Maria de aspecto muito feminino, pensa com espanto: “Parece um rapaz”. Portanto, tem uma réverie que rede- fine 0 campo desta forma g=2>d Portanto, “sonha” os aspectos protoemocionais cindidos de Maria Depois, Maria relata que a mae tem bronquiectasia, redefinindo campo como caracterizado por continentes que néo seguram emogoes por demois violentos: excesso de 6664 no continente 9 Evitar as emogées, viver as emogées 139 O pai & descrito como irritadigo, com enormes crises de raiva. Assim, 0 O.Pes redefine ulteriormente, coracterizado por uma presenca de proto- co! conteudos mentais explosivos: ddd Em seguido, eo refere que € educadora em uma comunidade de psicéticos ‘de metabolizar as protoemocées, pode somente tentar “educd-las”) bém o filme Nao abra aquela porta. icial, poderfamos dizer: 222 >Sd a Néo abrir @ porta que “leva” para a sala ao lado das protoemogées cin- didas. Relota depois o filme Eu e Catarina, com Alberto Sordi, no qual a persona- gem principal é um robé com aparéncia feminino que entra na casa de Alber- aecordi sem que este entenda as emogées que Catarina vai desenvolvendo em relagdo a ele, emogdes humanas e muito intensas que, justamente porque néo. ecolhidas e néo compreendias, levam Catarina a ter crises nas quais destréi, com firio, a casa toda. Quando nasce o vinculo, ele é fonte de emogées, poi- xées, e se 0 outro é "surdo” a essas emogées, ou levam explosividade ou & necessidade de uma hipercontensGo ou a uma ciso das mesmas. A esperan- ga 6 que 0 analisto possa ser menos “surdo” do mundo de “Sordi” colocado em cena pelo filme. Muitas vezes, 0 analista funciona como um acelerador de porticulos que deve possuir também 0 aparelho de refrigeracéo para que a fissdo nuclear das emogées, que noscem do vinculo e das suas vicissitudes, leve & formagao de energia e ndo a Chernobyl psiquicas. {nd0 po Cite tom! Voltando entéo ao desenho Entre bonanga e tempestade ‘Apés um certo periodo de anélise, Andreina, unto com a relaco que eu definiria homossexual feminine (22) com Carlo, isto , feita de ternura, afeto enenhum contato com os estados protoemocionais fortes (3), comega a sentir inferesse por Roberto, “o rapaz que faz a limpeza das escodas”. claro que Andreina descreve dois lugares do campo analitico, um com calmaria de ven- fo até @ bonanca e 0 outro no qual comeca a existir o possibilidade de navegar ‘nas turbuléncios emocionais. Com Carlo, Andreina vive uma situagéo de vaginismo cerrado. od gee 33d > od N. de T. Jogo de palavras entre o sobrenome do ator, Sordi e a palavra sordo/i = Surdo/os, 140 Antonino Ferro EF Uma relacdo de afetividade que ¢ fechada em relagao a um lugar 4 hiperturbuléncias de protoconteédos emocionais. Andreina, por longo ton” po, havia “odiado os negros’, porque os achava perigosos e violentos. May com Mohomed é ela que toma @ iniciativa propondo-lhe: “Porque nao n° encontramos uma vez?”. Mohomed nao é negro, mos nem branco, pense: possivel se aproximar da Africa emocionel, ainda que por etapas, ¢ folie. por enquanto, somente olhando os fotogrofias. Depois, comeca a dizer que, com Mohamed, poderia desejar ser penetrada porque ele, diferentemente qr Carlo, que é somente muito acolhedor e doce (e, desta forma, os negros per- maonecem completamente cindidos), deixa transparecer que, além da docura do ternura, tem uma virilidade que, porém, sabe controlar muito bem. Assim parece que se abre uma brecha no muro em direcdo aos hipercontetdos, Mohamed o convida em uma sorveteria na Avenida San Gottardo’ (as ‘emogoes precisom ser geladas?) e ela “sente 0 estémago do tamanho de uma 102" (0 vaginismo do estémago e da mente). Mas acrescenta que sentiu, pela primeira vez, emogées desconhecidas que Ihe provocaram antes medo e, mais torde, um sincero prazer. Depois, em casa, faz tentativas de se autopenetrar com cenouras, com pequenas abobrinhas, e comeca a gostar disso. O analista, nesse momento, tenta se colocar como um vegetal, dizendo algo vagamente pe- netronte, de forma asséptica. Apés experimentar, por longo tempo, estes coitos vegetais e depois que, através de um acolhimento do analista, introjeta progres- sivamente uma cavidade (da mente-estémago-vagina) eis que, com 35 anos, | tem o primeira relagéo sexual com Mohamed, naturalmente “protegida’! 4d Os queléides de Marina Marina sofre de vaginismo, um gravissimo vaginismo que impede “qualquer relagdo”. Vive com um homem por quem sente um grande afeto, contudo néo existe vido sexual. Mos Marina revela fer outro sintoma: uma hiperprodugéo | de queléides; foi num cirurgiéo plastico que a operou, e o resultado destos interveng6es foi ter 0 corpo todo cheio de cicatrizes. Nao parece dificil preencher ©8 nexos entre o sonho de quase fim de andlise que faz Marina e o inicio do sua historia. Elo precisava se fechar a qualquer nova relagdo porque a relagao com outro era a cousa de constantes feridas narcisicas, a falta de resposta do objeto Primério a tinhe marcado « tal ponto que havia ficado o seu desejo/necessidade de ser intuida sem necessidade de se exprimir. Tinha feito uma longa psicotera- N. de T. San Gottardo é uma montanha do norte da Itélia coberta de neve. Evitor as emogées, viver as emocées 141 Hr yo psiconalitica cuio efeito tinho sido o de preenché-la com mais queldides: “A coda intervensao, aumentavam os queldides, Porque aumentavam as feridas”. J fobio social, © vaginismo em relagdo aos outros a protegiam de emosoes ‘jnas demais que @ dilaceravam a cada dissintonia com o outro: nunca acon- Woo, 0 no ser excepcionalmente, que os outros entendessem as coisas sem gue lo tvesse que dizé-los. A vulnerabilidede narcisica encontra uma solugéo, a pelo menos uma defesa bem sucedida, no “vaginismo”, no se fechor para ume relogdo profunda com 0 outro. Isto Ihe garante que uma parte de si possa funcionar nos trocas ofetivas superficiais, sem conflitos. Do mesmo forme, Marine terio podido desenvolver uma sintomatologia diferente, por exemplo, uma fobia por cachorros, gatos ou passaros. Isto no sentido de umo “fobia” em relacGo a todas as emogées vivas que arranham, mordem, bicom. Poderia também desenvolver uma patologia obsessiva, na quol se lavar continuomente para se livrar de emocées impossiveis de serem suportadas, que teriom podido devasté-la, e assim por dianle. O mecanismo de defeso, ainda que limite as fungées vitais, permite que pelo menos partes do personalidade possam funciona. Tombém Luigi fico ferido pela falta de correspondéncia por parte do outro, vive 0 desiluséo, a raiva. Em parte, tem um retiro narcisico, teria podido ser padre ou ter desenvolvido uma fobia por micrébios. O mesmo vale para Nan- do, que gostoria de ser sempre um “maravilhoso Menino Jesus, como o que ele finha no seu presépio quando era crianca”. O quarto do flat onde mora, se ndo hé a vaca e o burrinho e o cometa, se transforma na cozinha com a como na quol dormia, se revezando com o priminho, durante sua paupérrima inféncia: a solo de andlise oscila entre ser um presépio ou uma cocheira, de- pendendo do especificidade emocional do encontro. a AINVEJA E OS CONTEUDOS “HOMELESS” PP''"’Crisiona'tinho iniciodo ume ondlise, Ger anos ohas, por cousa de uma homossexualidade 29, que implicava a cis6o de aspectos extremamente primi- fivos e violentos (no sentido de estados protoemocionais impossiveis de serem ‘administrados e pensados). © longo trabalho analitico permitiu nao somente a olfabetizacéo de “Barbara” - uma parceira que, em um determinado momento, havio quebrado © equilibrio afetivo que Cristina vivia de forma arrastada com © suo componheira desde os tempos do colegial ~ mos também a aquisigéo de copocidade de nomear, conhecer, reconhecer, conter e administrar as pro- foemogoes e, sucessivamente, as emogdes que o chegada de Barbora havia Provocado: raivas bérberas, ciimes barbaros, desilusdes bérbaras. O “bicho” do qual, por longo tempo, Cristina havia falado, referindo-se ao pai, torna-se wy SePois “o fera” para depois se tornar a sua “altivez”,” da qual sente até orgulho, ' de. Jogo de palavras entre fiera = fera e fierezza = altivez. 142 Antonino Ferro liver que sente que Ihe pertence. O mesmo vale para o percu G0 4 feminilidade, no sentido de capacidades receptivas, Isso, olé que, em uma sessG0, 0 paciente afirma sentir, denro de intensa feminidade, mas que precisa negar ou esconder por mice Une veja que poderia provocar. Agora, neste ponto, a minha fala nec’, o% i gue em relacao aos vérios fipos de funcionamento da mente (de Prosse. desenvolvimento de @ tenha permitido a chegada de noves 3 coco? emociondis), mas desvia, de forma pouco habitval para mim, om antes uma reflexéo sobre @ invejo. Esta nao me parece uma das emogdes ce : com e qual lidar (como por anos foi feito por muitos), mas me parece eae” (6 tipica de) um momento do desenvolvimento mental, no qual jé se deseny i veu uma ceria capacidade de contenséo, mas que é inadequada em rele a todos os conteddos que pedem para ser albergados. Uma meléfors nase rig ser que a inveja corresponde ao momento em que os extracomunitirios: desemborcom em uma praia, onde existem casas, mas néo suficientes pore acolhé-los todos. Se uma parte encontra casa, a parte que nao enconira tem invejo de quem a encontrou. Portanto, € uma sityagéo que nasce da presenca paralela de continentes em desenvolvimento, mas ainda néo suficientomente adequados para acolher uma parte bastante significativa dos conteudes (pro. toemogées, elementos f). A chegada da inveja indica que emocées homeless desembarcaram onde hé homes, mas nao suficientes. Sinaliza, portanto, uma importante superagdo da ciséo, e caminha em direcdo a futuros integracées, 30 feito em ding Neste ponto, eu mesmo faria uma pergunta embaracosa & qual eu daria uma resposta paradoxal. Nao sao por demais genéricos estes “mecanismos’ atribuidos 4 homossexualidade tanto masculina quanto feminina? Estas con- figuragdes psiquicas nao poderiam levar a outras sintomatologias que nada tem a ver com 0 “sexual real”? Mas é justamente isso que eu quero dizer: exatamente isso, as mesmas configuragGes psiquicas poderiam ter dado vide a historias completamente diferentes (na aparéncia), e este é 0 centro do conceito de derivado narrativo como completamente equivalente a qualquer outro derivado narrativo, salvo as invariancias estruturais do relato. —— we : ; afses 4 N. de T. Nome dado aos imigrantes, geralmente pobres, provenientes de P no pertencem & Comunidade Europeia.

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