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CONSTITUIGAO DA REPUBLICA DE ANGOLA PREAMBULO. Nés, 0 Povo de Angola, alravés dos nossos Iidimos representantes, Deputados da Nagao livremente eleitos nas eleigdes parlamentares de Selembro de 2008; Cientes de que essas eleigdes se inserem na longa tradigdo de luta do povo angolano pela conquista da sua cidadania e independéncia, proclamada no dia 11 de Novembro de 1975, data em que entrou em vigor a primeira Lei Constitucional da histéria de Angola, corajosamente preservada gragas aos sactificios colectivos para defender a soberania nacional e a integridade territorial do Pats; Tendo recebido, por via da referida escolha popular e por forga do disposto no artigo 158.° da Lei Constitucional de 1992, o nobre e indeclinavel mandato de proceder elaboragao e aprovagdo da Corstituigaio da Reptblica de Angola; Cénscios da grande importéncia ¢ magna valia de que se reveste a feitura € adop¢ao da lei primeira e fundamental do Estado e da sociedade angolana; Destacando que a Constituigdo da RepUblica de Angola se filia ¢ enquadra directamente najé longa e persistente luta do pove angolano, primeiro, para resistir @ ocupagdo colonizadora, depois para conquistar a independéncia € a dignidade de um Estado soberano e, mals tarde, para edificar, em Angola, um Estado democratico de direito e uma sociedade justo; Invocando a meméria dos nossos antepassados € apelando & sabedoria das lig6es da nossa histéria comum, das nossas raizes seculares e das culturas que enriquecem a nossa unidade; Inspirados pelas melhores ligdes da tradigGo atricana - substrato fundamental da cultura ¢ da identidade angolanas; Revestidos de uma cultura de tolerancia e profundamente comprometidos com areconcillagdio, a igualdade, ajustica e o desenvolvimento: Decidides a construir uma sociedade fundada na equidade de oportunidades, no compromisso, na fraternidade e na unidade na diversidade; Determinados a edificar, todos juntos, uma sociedade justa e de progresso que respeita a vida, a igualdade, a diversidade e a dignidade das pessoas; Relembrando que a actual Constituigao representa o culminar do processo de transigao constitucional iniciado em 1991, com a aprovacéo, pela Assembleia do Povo, da Lei n? 12/91, que consagrou a democracia mulfipartiddria, as garantias dos direitos € liberdades fundamentais dos cidaddos e o sistema econémico de mercado, mudangas aprofundadas, mais tarde, pela Lei de RevisGo Constitucional n.° 23/92; Realimando 0 nosso comprometimento com os valores e principios fundamentals da Independéncia, soberania e Unidade do Estado democrético de diteito, do pluralismo de expresstio e de organizacdo politica, da separagao e eauillorio de poderes dos érgdos de soberania, do sistema econémico de mercado e do respeito € garantia dos direitos lIlberdades fundamentais do ser humano, que constituem as traves mestras que suportam e estruturam a presente Constituigdo; Conscientes de que uma ConstituigGo como a presente , pela pariiha dos valores, principios e nomas nela plasmados, um importante factor de unidade nacional e uma forte alavanca pora o desenvolvimento do Estado e da sociedade; Empenhando-nos, solenemente, no cumprimento estrito e no respeito pela presente Constituigao € aspirando a que a mesma postura seja a matriz do comportamento dos cidaddios, das forcas politicas e de toda a sociedade angolana; Assim, invocando e rendendo preito & meméria de todos os heréis e de cada uma das angolanas ¢ dos angolanos que perderam a vida na defesa da Patria; Figis aos mais altos anseios do pove angolano de estabilidade, dignidade, liberdade, desenvolvimento e edificagdo de um Pais modemo, préspero, inclusive, democrético e socialmente justo; Comprometidos com 0 legado para as futuras geragées € no exercicio da nossa soberania; Aprovamos a presente Constituigao como Lei Suprema e Fundamental da Repiblica de Angola. LOL PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS Attigo 1.2 (RepUblica de Angola) Angola é uma Reptiblica soberana e independente, baseada na dignidade da pessoa humana € na vontade do povo angolano, que tem como objectivo fundamental a construgdo de uma sociedade livre, justa, democratica, solidéria, de paz, Igualdade e progresso social Attigo 2.° (Estado democratico de direito) 1. A Reptblica de Angola é um Estado democratico de direito que tem como fundamentos a soberania popular, o primado da Constituigao e da lei, a separagdo de poderes € interdependéncia de fungdes, a unidade nacional, o pluralismo de expresso e de organizacao politica e a democracia representativa e participative. 2. A Republica de Angola promove e defende os direitos € liberdades fundamentals do homem, quer como individuo quer como membro de grupos sociais organizados, € assegura o respelto € a garantia da sua efectivagdo pelos poderes legislativo, executivo e judicial, seus digdos & instituigdes, bem como por todas as pessoas singulares e colectivas. Atligo 3° (Soberania) 1. A soberania, unae indivisivel, pertence ao povo, que a exerce através do suftagio universal, livre, igual, directo, secreto € periédico, do referendo e das demais formas estabelecidas pela Constituicdio, nomeadamente para a escolha dos seus representantes. 2. © Estado exerce a sua soberania sobte a totalidade do tertitério angolano, compreendendo este, nos termos da presente Constituigao, da lei e do direito intemacional, a extensdo do espaco terrestre, as guas interiores e o mar territorial, bem como © espaco aéreo, 0 solo e 0 subsolo, 0 fundo matinho ¢ os leitos comespondentes. 3. O Bstado exerce jurisdigéo € direitos de soberania em matéria de conservacdo, exploragto @ aproveitamento dos recursos naturais, biolégicos e ndo biclégicos, na zona contigue, na zona econémica exclusiva € na plataforma continental, nos termos da lei e do direito internacional. Artigo 4 (Exercicio do poder politico) 1. © poder politico é exercido por quem obtenha legitimidade mediante proceso eleitoral live e democraticamente exercido, nos termos da Constituigao e dale 2. SG0 ilegitimos e criminalmente punivels a tomada e 0 exercicio do poder politico com base em meios violentos ou por outras formas nao previstas nem conformes com a Constiiuigao. Artigo 5.° (Organizagao do territério) 1. O teritéio da Reptblica de Angola é 0 historicamente definido pelos limites geogréficos de Angola tais como existentes a 11 de Novembro de 1975, data da Independéncia Nacional. 2. © disposto no némero anterior ndo prejudica as adi¢des que tenham sido ou que venham a ser estabelecidas por tratados internacionais.. 3. A RepUblica de Angola organiza-se temitoriaimente, para fins politico administratives, em provincias € estas em municipios, podendo ainda estruturar-se em comunas € em entes tertitoriais equivelentes, nos termos da Constituigdo e dalei. 4, A definigdo dos limites e das caracteristicas dos escaides territoriais, a sua ctiagao, modificagao ou extingdo, no émbito da organizacao politico- administrativa, bem como a organizagao tertitorial para fins especiais, tais como econémicos, militares, estatisticos, ecolégicos ou similares, sao fixadas por lel. 5. A lei fixa a estruturago, a designagde e a progresséo das unidades urbanas e dos aglomerados populacioncis. 6. © tertitério angolano é indivisivel, inviolavel e inaliendvel, sendo energicamente combatida qualquer acgto de desmembramento ou de separagéo de suas parcelas, nao podendo ser alienada parte alguma do tertitério nacional ou dos direitos de soberania que sobre ele o Estado exerce. Attigo 6° (Supremacia da Constituigdo e legalidade) 1. A Constituigae 6 a Lei Suprema da Republica de Angola. 2. O Estado subordina-se & ConstituigGo e funda-se na legalidade, devendo respeitar € fazer respeitar as leis. 3. Asleis, 0s tratados e os demais actos do Estado, dos érgdios do poder local € dos entes pUblicos em geral sé sGo validos se forem conformes G Constituigéo. Attigo 7.2 (Costume) E reconhecida a validade e a forca juridica do costume que nado seja contrario & Constituigaio nem atente contra a dignidade da pessoa humana. Artigo 8.° (Estado unitario) A RepUblica de Angola é um Estado unitério que respeita, na sua corganizagao, os principios da autonomia dos érgéos do poder local e da desconcentragao e descentralizagéo admintstrativas, nos termos da Constituigdo e da lel. Artigo 9° (Nacionalidade) 1. Anacionalidade angolana pode ser originaria ou adauirida. 2. E cidaddo angolano de otigem o filho de pai ou de mae de nacionalidade angolana, nascido em Angola ou no estrangeiro. 3. Presume-se cidadao angolano de origem 0 recém-nascide achado em temitério angolano. 4. Nenhum cidadéo angolano de origem pode ser privado da nacionalidade originaria. 5. A lei estabelece os requisitos de aquisicdo, perda e reaquisigao da nacionalidade angolana. Artigo 102 (Estado laico) 1. A RepUblica de Angola é um Estado laico, havendo separacdo entre © Estado e as igrejas, nos termos da lei 2. O Estado reconhece e respeita as diferentes confissdes religiosas, as quais sd livres na suc organizagdo e no exercicio dos suas actividades, desde que as mesmas se conformem & Constituigdo € as leis da Republica de Angola. 3. O Estado protege as igrejas e as confissdes religiosas, bem como os seus lugares e objectos de culto, desde que ndo atentem contra a Constituigdo e a ordem publica e se conformem com a Constituigdo e a lel. Artigo 112 (Paz e seguranga nacional) 1. A Republica de Angola é uma Nag&éo de vocagéo para a paz e o progtesso, sendo um dever do Estado e um direito € responsabilidade de todos garantir, com respeito pela Constituigdo e pelalei, bem como pelas convengées intemacionais, a paz e a seguranga nacional. 2. A paz tem como base o primado do diteito e da lei e visa assegurar as condigées necessérias & estabilidade € ao desenvolvimento do Pais. 3. A seguranga nacional é baseada no primado do direito e da lei, na valorizagao do sistema integrado de seguranga € no fortalecimento da vontade nacional, visando a garantia da salvaguarda do Estado e o ‘asseguramento da estabilidade e do desenvolvimento, contra quaisquer ameacas ¢ riscos. Attigo 12° (Relagées Internacionais) 1. A Republica de Angola respeila e aplica os principios da Carta da Orgenizagdio das Nagées Unidas e da Carla da Unido Afficona e estabelece relacées de amizade e cooperagdio com todos os Estados € povos, na base dos seguintes principios: a) respeito pela soberania ¢ independéncia nacional; b) igualdade entre os Estados; ¢) direito dos povos & autodeterminagdo e aindependéncia: ) solugdo pacifica dos confiitos; e) respeito dos direitos humanos; f)_ndo ingeréncia nos assuntos intemos dos outros Estados; 9) reciprocidade de vantagens; h) repdio e combate ao terrorismo, narcotréfico, racismo, corrup¢ao € tt&fico de seres e étgdos humanos; i) cooperagéo com todos os povos para a paz, justiga € progresso da humanidade. 2. A RepUblica de Angola defende a aboligdo de todas as formas de colonialismo, agressdio, opressdio, dominio e exploragéio nas relagdes entre Os povos. 3. A Reptblica de Angola empenha-se no reforgo da identidade africana e no fortalecimento da accdo dos Estados africanos em favor da potenciagao do patriménio cultural dos povos africanos. 4, © Estado angolano nao permite a instalagdo de bases militares estrangeiras no seu territério, sem prejulzo da participacéo, no quadro das corganizagées regionais ou intemacionais, em forgas de manuten¢ao da paz e em sistemas de cooperagao militar e de seguranga colectiva. Artigo 13° (Direito Internacional) 1. O direito internacional geral ou comum, recebido nos termos da presente Constitui¢ao, faz parte integrante da ordem juridica angolana. 2. Os tratados e acordos intemacionais regularmente aprovades ou ratificados vigoram na ordem juridica angolana apés a sua publicagao oficial e entrada em vigor na ordem juridica intemacional e enquanto vincularem intemacionaimente o Estado angolano. WArtigo 14.°! (Propriedade privada e livre iniciativa) © Estado respeita e protege a propriedade privada das pessoas singulares e colectivas, promove a livre iniciativa econémica e empresarial, exercida nos termos da Constituicdo e da lel.» Attigo 15° (Terra) 1. A terra, que constitui propriedade originéria do Estado, pode ser transmitida para pessoas singulares ou colectivas, tendo em vista o seu racional e efectivo aproveitamento, nos termos da Constituigdo e dalei 2. SGo reconhecidos ds comunidades locais o acesso € 0 Uso das terras, nos termos dalei. 4 Alterado pelo artigo 1° da Lei n. de wu de 1 Série, Lei de Revisdo Constitucional, publicada pelo Disrio da Reptiblica n.° 3. © disposto nos nUmeros anteriores ndo prejudica a possibilidade de expropriagdo por utilidade pUblica, mediante justa indemnizacao, nos termos da lei. Artigo 16° (Recursos naturais) Os recursos naturais, sdlidos, liquidos ou gasosos existentes no solo, subsolo, no mar territorial, na zona econémica exclusiva e na plataforma continental sob jurisdig¢ao de Angola sao propriedade do Estado, que determina as condigées para a sua concessdo, pesquisa e exploracdo, nos termos da Constituigao, da lei e do Direito Intemacional. Attigo 172 (Partidos politicos) 1. Os partidos politicos, no quadto da presente Constituico e da lei, concorrem, em tomo de um projecto de sociedade e de prograna politico, para a organizagao e para a expressto da vontade dos cidadéos, participando na vida politica e na expresso do suirégio universal, por melos democréticos e pacificos, com respeito pelos principios da independéncia nacional, da unidade nacional e da democracia politica. 2. A consfituigéo e 0 funcionamento dos partidos politicos devem, nos termos dallei, respeitar 0s sequintes principios fundamentais: a) caracter e Gmbito nacionais; b) livre constituigdo: ¢) prossecugéo publica dos fins; 4) liberdade de flliagao ¢ filiagéo Unica; e) Ulilizagao exclusiva de meios pacfficos na prossecugdo dos seus fins € interdigdo da criagdo ou utllizagdo de organizagéo militar, poramilitar ou millarizada: f) organizagao e funcionamento democraticos; g) representatividade minima fixada por lei; h) proibicdo de recebimento de contribuigdes de valor pecuniério & econémico, provenientes de govemos ou de _ instituigées govemamentais estrangeiros; i) _prestag&o de contas do uso de fundos publices. . Os partidos politicos devem, nos seus objectives, programa e prética, contribuir para: @) aconsolidagéo da nagdo angolana e da independéncia nacional; b) asalvaguarda da integridade territorial; ¢) 0 feforgo da unidade nacional; d) a defesa da soberania nacional e da democracia: e) a protecgdo das liberdades fundamentals e dos direitos da pessoa humana: f) a defesa da forma republicana de governo e do carécter laico do Estado. Os partidos politicos 18m diteito a igualdade de tratamento por parte das entidades que exercem o poder ptblico, diteito a um tratamento imparcial daimprensa piblica e direito de oposigao democrética, nos termos da Constituigao e dalei, Artigo 18.° (Simbolos nacionais) . $40 simbolos nacionais da Republica de Angola a Bandeita Nacional. a insignia Nacional e o Hino Nacional A Bandeira Nacional, a Insignia Nacional ¢ o Hino Nacional, simbolos da soberania e da independéncia nacionais, da unidade e da integridade da Republica de Angola, sao os adoptados aquando da proclama¢ao da independéncia nacional, a 11 de Novembro de 1975 € tal como constam da Lei Constitucional de 1992 e dos anexos |, || € Ill da presente Constituicao. 10 3. A lei estabelece as especificacdes técnicas e as disposigdes sobre a deferéncia e 0 uso da Bandeira Nacional, de Insfgnia Nacional ¢ do Hino Nacional. Artigo 19° (Linguas) 1. A lingua oficial da Republica de Angola é 0 portugues. 2. O Estado valoriza e promove o estudo, 0 ensino e a utilizagéo das demais lInguas de Angola, bem como das principals linguas de comunicagao internacional. Artigo 202 (Capital da RepUblica de Angola) A capital da RepUblica de Angola é Luanda Artigo 21.2 (Tarefas fundamentais do Estado) Constituem tarefas fundamentais do Estado angolano: Q) garantir a independéncia nacional, a integridade territorial e a soberania nacional; b) assegurar os direitos, liberdades e garantias fundamentai c) criar progressivamente as condigdes necessérias para tomar efectives 08 direitos econémicos, sociais € culturais dos cidadéos; d) promover o bem-estar, a solidariedade social e a elevagdo da qualidade de vida do povo angolano, designadamente dos grupos populacionais mais destavorecidos; e) promover a erradica¢ao da pobreza; f) promover politicas que permitam tomar universais e gratuitos os cuidados primarios de saude: u g) promover politicas que assegurem 0 acesso universal ao ensino obtigatério gratuito, nos termos definides por lel: h) promover a igualdade de direitos e de oportunidades entre os angolanos, sem preconceitos de origem, raga, fliag&o partidéria, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de disctiminacao; i) efectuar investimentos estratégicos, massivos € permanentes no capital humano, com destaque para o desenvolvimento integral das criangas e dos jovens, bem como na educagéo, na satde, na economia primaria e secundéria @ noutros sectores estruturantes para © desenvolvimento auto-sustentével; j) assequrar a paz e a seguran¢a nacional; k) promover aigualdade entre o homem e a mulher: 1) defender a democracia, assegurar e incentivar a participacao democratica dos cidadéos e da sociedade civil na resolu¢ao dos problemas nacionais; ™m)promover o desenvolvimento harmonioso e sustentado em todo o territério nacional, protegendo o ambiente, os recursos naturais e o patriménio histérico, cultural € artistico nacional; n) proteger, valorizar e dignificar as linguas angolanas de origem africana, como patiménio cultura, e@ promover o seu desenvolvimento, como linguas de identidade nacional e de comunica¢gao; 9) promover a melhoria sustentada dos Indices de desenvolvimento humano dos angolanos; p) promover a exceléncia, a qualidade, a inovagdo, o empreendedorismo, a eficiéncia e a modemidade no desempenho dos cidadaos, das instituigdes e das empresas e servicos, nos diversos aspectos da vida e sectores de actividade; Q) outras previstas na Constituigao e nalei. TITULO Direitos e Deveres Fundamentais CAPITULO | Principios Gerais Artigo 22.° (Principio da universalidade) Todes gozam dos direitos, das liberdades e das garantias constitucionalmente consagrados e estao sujeitos aos deveres estabelecidos na Constituig¢ao e nalei. Os cidaddos angolanos que residam ou se encontrem no estrangeiro gozam dos direitos, lberdades e garantias e da protec¢éo do Estado e estdo sujeitos aos deveres consagrados na Consfiluigdo e na lei. Todos tém deveres para com a familia, a sociedade e © Estado e outras inslituigdes legalmente reconhecidas e, em especial, o dever de: Q) respeitar os direitos, as liberdades e a propriedade de outrem, a moral, os bons costumes € o bem comum; b) respeitar € Considerar os seus semelhantes sem discriminagdo de espécie alguma e manter com eles relagdes que permitam promover, salvaguardar e reforcar o respeito e a tolerancia reciproces. Artigo 23.° (Principio da Igualdade) Todos sdio iguais perante a Consfituigdo e allel. Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razdo da sua ascendéncia, sexo, raga, einia, cor, deficiéncia, lingua, local de nascimento, teligiio, convicgdes politicas, ideolégicas ou filoséficas, grau de instrugdo, condicao econémica ou social ou profissao. Attigo 242 (Maioridade) A maioridade & adquirida aos 18 anos. Attigo 25° (Estrangeiros e Apdtridas) 1. Osestrangeiros e apétridas gozam dos direitos, iberdades e garantias fundamentais, bem como da protec¢ao do Estado. 2. Aos estrangeiros e apatridas sao vedados: Q) atitularidade de érgGos de soberania; b) 0 direitos eleitorais, nos termos dalei: ¢) actiagdo ou participacao em partidos politicos; ) 0s direitos de participagao politica, previstos por lei; e) oacesso & carreira diplomética; f) © acesso ds Forgas amadas, & policia nacional e aos érgdos de inteligéncia e de seguran¢a: 9) © exercicio de fungdes na administragao directa do Estado, nos termos da lei; h) os demais direitos e deveres reservados exclusivamente aos cidaddos angolanos pela Constitui¢do e pelalei. 3. Aos cidadéos de comunidades regionais ou culturais de que Angola seja parte ou a que adita, podem ser atribuldos, mediante convengdio intemacional e em condi¢ées de reciprocidade, direitos no conferidos @ estrangeiros, salvo a capacidade eleitoral activa € passiva para acesso a fitularidade dos érgdos de sobera Artigo 26° (Ambito dos direitos tundamentais) 1. Os direitos fundamentais estabelecidos na presente ConstituigGo nado excluem quaisquer outros constantes das leis e regras aplicéveis de direito internacional. 2. Os preceitos constitucionais e legais relatives aos direitos fundamentais devem ser interpretados € integrados de harmonia com a Declaracao Universal dos Direitos do Homem, a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos € os tratados intemacionais sobre a matéria, ratificados pela Republica de Angola. 3. Na apreciagao de litfgios pelos tribunals angolanos relatives & matéria sobre direitos fundamentais, aplicam-se os instrumentos internacionais Teferidos no nmero anterior, ainda que ndo sejam invocados pelas partes. Artigo 27.° (Regime dos direitos, liberdades e garantias) © regime juridico dos direitos, liperdades e garantias enunciados neste capitulo sdio aplicavels aos direitos, liberdades e garantias e aos direitos fundamentais de natureza andloga estabelecidos na Constituigao, consagrades por lei ou por conven¢éo internacional. Artigo 28.° (Forga juridica) 1. Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades garantias fundamentals sdo directamente aplicavels € vinculam todas os entidades publicas e privadas. 2. O Estado deve adoptar as iniciativas legislativas e outras medidas adequadas 4 concretizag&o progressiva e efectiva, de acordo com os recursos disponiveis, dos direitos econémicos, sociais € culturais. Artigo 29.° (Acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva) 1. A todos é assegurado 0 acesso ao direito € aos tribunais para defesa dos seus direitos € interesses legalmente protegidos, nado podendo a justiga ser denegada por insuficiéncia dos meios econémicos. 2. Todos tém direlto, nos termos dalei, & Informacéo e consulta juridicas, ao patrocinio judiciério ¢ a fazerse acompanhar por advogado perante qualguer autoridade. 3. Alei define e assegura a adequada protec¢do do segredo de justiga. 4. Todos 18m direito a que uma causa em que intervenham seja objecto de decisdo em prazo razodvel e mediante proceso equitativo. 5. Para defesa dos direitos, liberdades e garantias pessoais, a lel assegura 0s cidaddos procedimentos judicicis caracterizados pela celeridade € ptiotidade, de modo a obter tutela efectiva e em tempo util contra ‘ameacas ou violagdes desses direitos. CAPITULO II Direitos, Liberdades e Garantias Fundamentais sECCAOI Direitos e Liberdades Individuais e Colectivas Artigo 30.° (Direito & vida) © Estado respeita € protege a vida da pessoa humana, que é inviolavel. Artigo 31° (Direito & integridade pessoal) 1. Aintegridade moral, intelectual e fisica das pessoas ¢ invioldvel. 2.0 Estado respeita e protege a pessoa e a dignidade humanas. Artigo 32.° (Direito & Identidade, & Privacidade e & Intimidade) 1.A todos so reconhecides os direitos & identidade pessoal, & copacidade civil, é nacionalidade, ao bom nome e reputagéo, aimagem, &palavra e reserva de intimidade da vida privada e familiar. 2. Alei estabelece as garantias efectivas contra a obtengdo € a utiliza¢do, abusivas ou contrétias & dignidade humana, de informagées relativas ds pessoas e ds famllias. Attigo 33° (Inviolabilidade do domicilio) 1. O domictlio € invioldvel. . Ninguém pode entrar ou fazer busca ou apreensdio no domictio de qualquer pessoa sem o seu consentimento, salvo nas situacgées previstos na Constituigéo € na lei, quando munide de mandado da autoridade competente, emitido nos casos e segundo as formas legamente previstas, ou em caso de flagrante delilo ou situagdio de emergéncia, para prestagdo de auxtlio. . A lel estabelece os casos em que pode ser ordenada, por autoridade competente, a entrada, busca e apreensdo de bens, documentos ou outros objectos em domictlio. Artigo 34° (Inviolabilidade da correspondéncia e das comunicacées) . E invioldvel 0 siglo da correspondéncia e dos demais meios de comunicagéo privada, nomeadamente das comunicagées postais, telegraficas, telefénicas e teleméticas. . Apenos por decisto de autoridade judicial competente profetida nos termos da lei, 6 permitida a ingeréncia das autoridades publicas na comespondéncia e nos demais meios de comunicagéo privada. Artigo 35.° (Familia, casamento e filiagao) A familia 6 © nUcleo fundamental da organizagdo da sociedade e & oblecto de especial protecedo do Estado, quer se funde em casamento, quer em uni&o de facto, entre homem € mulher. . Todos fém o direito de livemente constituir familia nos termos da Constituigdo e dalei. . O homem e a mulher sao iguais no seio da familia, da sociedade e do Estado, gozando dos mesmos direitos e cabendo-Ihes os mesmos deveres. . A lei regula os requisitos € os efeitos do casamento e da unido de facto, bem como os da sua dissolugao. 7 5. Os filhos so iguais perante a lei, sendo proibida’a sua discriminagao e a utilizag@o de qualquer designagao discriminatéria relativa 4 filiagao. 6. A protec¢do dos direitos da crianca, nomeadamente, a sua educagdio integral e harmoniosa, a protecgdo da sua sade, condigées de vida € ensino constituem absoluta prioridade da familia, do Estado e da sociedade. 7. © Estado, com a coleboragéo da familia e da socledade, promove o desenvolvimento harmonioso ¢ integral dos jovens € adolescentes, bem como actiagéo de condicdes para a efectivacéo dos seus direitos politicos, econémicos, socicis e culturais e estimula as corganizagées juvenis para a prossecugdo de fins econémices, culturais, atiisticos, recteativos, desportivos, ambientais, cientificos, educacionais, patridticos e de intercambio juventl intemacional. Attigo 36° (Direito & liberdade fisica e & seguranga pessoal) ]. Todo 0 cidadé&o tem direito 4 liberdade fisica e & seguranga individudl. 2. Ninguém pode ser privado da liberdade, excepto nos casos previstos pela Constituicdo e pela lei. 3. O diteito a liberdade fisica e & seguranga individual envolve ainda: a) © direito de nao ser sujeito a quaisquer formas de violéncia por entidades pUiblicas ou privadas; b) © direito de ndo ser terturado nem tratade ou punido de maneira cruel, desumana ou degradante; ©) odieito de usufruir plenamente da sua integridade fisica e psiquica; d) odireito & seguranca e controlo sobre o préprio corpo: e) 0 direito de nao ser submetido a experiéncias médices ou cientificas sem consentimento prévio, informado e devidamente fundamentado, «artigo 37.27 (Direito e limites da propriedade privada) 1. A fodes € garantido o direito & propriedade privada e 4 sua transmissao, nos termos da Constituigao e da lei. 2 Alterado pelo artigo 1 da Lei n2... Lel de Reviso Constitucional, publicada pelo Digrlo da Repiblica n° de ws.de 1 Série, 18 2. © Estado respeita e protege a proptiedade e demais direitos reais das pessoas singulares, colectivas € das comunidades locais, s6 sendo permitida a requisigao civil temporéria e a expropriagdo por utilidade publica, mediante justa e pronta indemnizagdio, nos termos da Constituigdo e da lei. © pagamento da indemnizagao a que se refere o ndmero anterior & condi¢ do de eficdcia da expropriagdo. Podem ser objecio de apropria¢Go publica, no fedo ou em parte, bens mévels e imévels e participagées socials de pessoas individuals € colectivas privadas, quando, por motivos de interesse nacional, estejam em causa, nomeadamente, a seguranca nacional, a seguranca alimentar, a saude publica, o sistema econédmico e financeiro, o fornecimento de bens ou a prestagdo de servicos essenciais. Lei prépria regula o regime da apropriacao publica, nos termos do ndmero anterior.» Artigo 38.° (Direito & livre iniciativa econémica) A iniciativa econémica privada 6 livre, sendo exercida com respeito pela Constituigao e pela lei. A todos € reconhecido o dieito & live iniciativa empresarial € cooperativa, a exercer nos termos da lei Alel promove, discipiina e protege a actividade econémica e os investimentos por parte de pessoas singulares ou colectivos privadas, nacioncis e estrangelras, a fim de garantir a sua conttibuigdo para 0 desenvolvimento do pols, defendendo a emancipagdo econémica e tecnolégica dos angolanos e os interesses dos trabalhadores. Artigo 39.° (Direito ao ambiente) . Todos tém o direito de viver num ambiente sadio e nado poluido, bem como 0 dever de o defender e preservar. © Estado adopta as medidas necessdrias & proteccdo do ambiente e das espécies da flora e da fauna em todo 0 territério nacional, 4 manuten¢ao 19 do equilltio ecolégico, & comecta localizacao das actividades econémicas e & exploracéo e utlizagdo racional de todos os recursos naturals, no quadro de um desenvolvimento sustentével ¢ do respeito pelos direitos das geragdes futuras e da preservacao das diferentes espécies. . A lei pune os actos que ponham em perigo ou lesem a preservagao do ambiente. Artigo 40.° (liberdade de expressdio e de informagao) . Todos tém 0 direito de exprimir, divulgar e compariilhar livremente os seus pensamentos, as suas ideias e opinides, pela polavra, imagem ou qualguer outro meio, bem como 0 diteito € a liberdade de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminagdes. . © exercicio dos direitos e liberdades constantes do numero anterior n@o pode ser impedico nem limitado por qualquer tipo ou forma de censura. A liberdade de expresso e a liberdade de informagae tm como limites © direitos de todos ao bom nome, & honra e & reputagdio, & Imagem @ reserva da intimidade da vida privada e familiar, a protec¢Go da infancia é da juventude, o segredo de Estado, o segredo de justica, o segredo profissional e demais garantias daqueles direitos, nos termos regulados pela lei. . AS infracgdes cometidas no exercicio da liberdade de expressdo e de informagao fazem incorrer o seu autor em responsabilidade disciplinar, civil € criminal, nos termos da lei. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, € assegurado, nos termos da lei e em condi¢des de igualdade e eficdcia, 0 direito de resposta e de rectificagao, bem como 0 diteito a indemnizagao pelos danos softidos. Attigo 41° (liberdade de consciéncia, de religido e de culto) . Aliberdade de consciéncia, de cren¢a religiosa ¢ de culto é invioldvel. . Ninguém pode ser privado dos seus direitos, perseguido ou isento de obtigagées por motive de cren¢a religiosa ou de conviccdo filoséfica ou politica. 20 E garantido 0 direito & objeccdo de consciéncia, nos termos da lei. . Ninguém pode ser questionado por qualquer autoridade acerca das suas convicgdes ou préticas religiosas, salvo para recolha de dados estatisticos nao individuaimente identificaveis. Artigo 42.° (Propriedade intelectual) . Elivre a expresstio da actividade intelectual, artistica, polttica, cientifica e de comunicagao, independentemente de censura ou licenga. . Aos autores pertence o direito exclusivo de utlizagdo, publicagdo ou Teprodugdo de suas obras, transmissive! aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. So asseguradis, nos termos da lei: a) a protecdo ds participagées individuals em obras colectivas e & reprodugdo da imagem e voz humans, incluindo nas actividades culturais, educacionais, politicas e desportivas; b) 0 direlto aos criadores, aos intéipretes e &s respectivas representagdes sindiccis e associativas de fiscalizagGo do aproveitamento econémico das obras que criem ou de que patticipem. . A lei assegura aos autores de inventos industriais, patentes de invengdes © processos fecnolégicos 0 privilégio temporério para a sua utilizagéo, bem como a proteccdo as criagdes industrials, 4 propriedade dos marcas, aos nomes de empresas € a outros signos distintives, tendo em vista o inleresse social e o desenvolvimento tecnolégico e econémico do Pais. Artigo 43.° (liberdade de criagéo cultural e cientifica) . Elivre acriagGo intelectual, artistica, cientifica e tecnolégica. 2. A liberdade a que se refere o nimero anterior compreende o direito & invengao, produgao e divulgagao de obra cientifica, literéria ou attistica, incluindo a protecedo legal dos direitos de autor. Artigo 44° (liberdade de imprensa) 1. E gorantida a liberdade de imprensa, ndo podendo esta ser sujetta a qualquer censura prévia, nomeadamente de natureza politica, ideolégica ou arlistica. 2. © Estado assegura o pluralismo de expresséo e garante a diferenca de propriedade e a diversidade editorial dos meios de comunicagéo. 3. O Estado assegura a existéncia e 0 funcionamento independente ¢ ualitativamente competitive de um servigo pUblico de radio e de televiséo. 4. Alei estabelece as formas de exercicio da liberdade ce imprensa. Artigo 45° (Direito de antena, de resposta e de réplica politica) 1. Nos perfodos de eleigdes gerais e autdrquicas e de referendo, os conconentes 18m direito a tempos de antena nas estagdes de radiodifusdo e de televisdio publics, de acordo com 0 émbito da eleicdo ou do teferendo, nos termos da Constituicao e dallei. 2. Os partidos politicos representados na Assembleia Nacional tm direito de resposta e de réplica politica ds declaragées do Executivo, nos termos regulados por lei. Artigo 46° (Liberdade de residéncia, circulagéo e emigragao) 1, Quaiquer cidadao que resida legalmente em Angola pode livremente fixar residéncia, movimentar-se e permanecer em qualquer parte do temtilério nacional, excepto nos casos previslos na Conslifuigdio e quando a lei determine resttigoes, nomeadamente ao acesso ¢ peimanéncia, para a protec¢éo do ambiente ou de interesses nacionais vitais. . Todo 0 cidadao ¢ livre de emigrar e de sair do territério nacional e de a ele regressar, sem prejuizo das limitagées decorrentes do cumprimento de deveres legais. Attigo 472 (liberdade de reunido e de manifestagao) . E garantida a todos os cidadéos a liberdade de reuniéo e de manifestagao pacifica e sem armas, sem necessidade de qualquer autorizagdo € nos termes da lei . As reunides € monifestacdes em lugares pUblicos carecem de prévia comunicagdo & autoridade competente, nos tetmos e para os efeltos estabelecidos por lel. Artigo 48° (liberdade de associagao) Os cidaddos tém o direito de, livemente e sem dependéncia de qualquer autorizagdo administrative, constituir associagées, desde que estas se corganizem com base em principios democréticos, nos tetmos da lei. As associagées prosseguem livremente os seus fins, sem interferéncia das autoridades publicas, ¢ néo podem ser dissolvidas ou os suas actividades sUspensas, Sendo nos casos previstos por lei. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associagéo nem coagido por qualquer meio a permanecer nela. . Sd0 proibidas as associacdes ou quaisquer agrupamentos cujos fins ou actividades sejam contrérios & ordem constitucional, incite e pratiquem avioléncia, promovam o tribalismo, 0 racismo, a ditadura, 0 fascismo e a xenofobia, bem como as associagées de tipo militar, paramilitar ou militarizadas. Attigo 49° (liberdade de associagdo profissional e empresarial) . Egarantida a todos os profissionais liberais ou independentes ¢ em geral @ todos os trabalhadores por conta prépria, a liberdade de associag¢ao profissional para a defesa dos seus direitos € inleresses e para regular a disciplina deontolégica de cada profisséo. . AS assoclagées de profissionais liberais ou independentes regem-se pelos ptincipios da orgenizagao e funcionamento democréticos e da independéncia em relagdo ao Estado, nos termos da lel. . As normas deontolégicas das associa¢oes profissionais nao podem contrariar a ordem constitucional € os direitos fundamentais da pessoa humana nem alei. Artigo 50° (liberdade sindical) . Ereconhecida aos trabalhadores a liberdade de ctiagdo de associagdes sindicais para a defesa dos seus interesses individuais e colectivos. . Ereconhecido ds associagées sindicais 0 diteito de defender os direitos e os interesses dos trabalhadores e de exercer o direito de concertacdo social, os quais devem ter em devida conta os direitos fundamentais da pessoa humana e das comunidades e as copacidades feais da economia, nos termos dalei. A Lei regula a constitui¢ao, filiagao, federagao, organizagdo e extingao das associagées sindicais e garante a sua autonomia e independéncia do patronato e do Estado. Artigo 51.° (Direito & greve e proibi¢do do lock ouf) Os trabalhadores tém direito 4 greve. . E proibido o lock out, ndo podendo o empregador provocar a Paralisagao total ou parcial da empresa, a interdi¢ao do acesso aos locais de trabalho pelos trabalhadores ou situacées similares, como meio de influenciar a solugéo de confiitos laborais. . A lel regula o exercicio do direito & greve e estabelece as suas limitagoes nos servicos € actividades considerados essenciais € inadidvels para corer & satistacdo de necessidades sociais impreterivels. Attigo 52° (Participagao na Vida Péblica) . Todo 0 cidadGo tem o direito de participar na vida politica e na direc¢ao dos assuntos publicos, directamente ou por intermédio de representantes livremente eleitos, e de ser informado sobre os actos do Estado e agestéo dos assuntes puiblicos, nos termos da Constituig¢ao e da lei. . Todo o cidaddo tem o dever de cumprir e respeitar as leis e de obedecer as ordens das autoridades legitimas, dadas nos tetmos da Constituigao & da lei e no respeito pelos direitos, liserdades € garantias fundamentais. Artigo 53.° (Acesso a cargos piblicos) . Todo © cidadéo tem o diteito de acesso, em condigées de igualdade e liberdade, aos cargos publicos, nos termos da Consfituicdo e da lei. .. Ninguém pode ser prejudicado na sua colocagao, no seu emprego, na sua careira profissional ou nos beneficios sociais a que tenha direito, em virlude do exercicio de direitos politicos ou do desempenho de cargos pUblicos, nos tetmos da Constituigdo e da lel. No acesso a cargos electivos, aleis6 pode estabelecer as inelegibilidades necessarias para gorantir a liberdade de escolha dos eleitores e aiseng¢ao @ independéncia do exercicio dos respectivos cargos. Artigo 54° (Direito de sufrégio) Todo 0 cidade, maior de dezcito anos, tem o direito de votar e ser eleito para qualquer érgdo electivo do Estado € do poder local e de desempenhar os seus cargos oU mandatos, nos termos da Constitui¢do e dalei. . A capacidade eleitoral passiva ndio pode ser limitada sendo em virtude das incapacidades e inelegibilidades previstas na Constitui¢do. . O exercicio de direito de sufragio 6 pessoal e intransmissivel e constitui um. dever de cidadania. Artigo 55.° (Uiberdade de constituigdo de associacées politicas e pattides politicos) . Elivie a ctiagdo de associagées paliticas € partidos politicos, nos termos da Constituigao e dalei. Todo © cidadao tem o direito de participar em associa¢gées politicas e partidos politicos, nos termos da Constituigdo € dalei. SECCAO II Garantia dos Direitos e Liberdades Fundamentais Attigo 56° (Garantia geral do Estado) © Estado reconhece como invicldvels os diteitos e iberdades fundamentals consagrados na Constituigdo e cria as condi¢ées poltticas, econémicas, sociais, culturais, de paz e estabilidade que garantam a sua efectivagdo e protecgGo, nos termos da Constituicdo € da lei. . Todas as autoridades publicas mo dever de respeitar e de garantir o livre exercicio dos direitos ¢ das libercades fundamentals e o cumprimento dos deveres constitucionais € legais. Artigo 57° (RestricGo de direitos, liberdades e garantias) . A lei s6 pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Conslituigdo, devendo as restrig6es limitar-se ao necessério, proporcional e razodvel numa sociedade live e democrética, para salvaguardar outros direitos ou _interesses constitucionalmente protegidos. . Asleis restritivas de direitos, lberdades e gorantias !ém de revestircarécter geral ¢ abstracto € nao podem ter efeito retroactive nem diminuir a extensGo nem o dicance do conteUdo essencicl dos preceitos constitucionais. Artigo 58° (Limitagao ou suspensdo dos direitos, liberdades e garantias) . © exercicio dos direitos, liberdades e garantias dos cidaddos apenas pode ser limitado ou suspenso em caso de estado de guerra, de estado de sitio ou de estado de emergéncia, nos termos da Constituicdo € dalei. © estado de guerra, 0 estado de sitio e 0 estado de emergéncia sé podem ser declarados, no todo ou em parte do territério nacional, nos casos de agressdo efectiva ou iminente por forgas estrangeiras, de grave ameaca ou pertutbagde da ordem constitucional democrdtica ou de calamidade publica, A opgdo pelo estado de guerra, estado de sitio ou estado de emergéncia, bem como a respectiva declaracdo e execucdo, devem sempre limitar-se ds acgdes necessdilas e adequadas & manuten¢ao da cordem publica, & protecgao do interesse geral, ao respeito do principio da proporcionalidade limitarse, nomeadamente quanto 4 sua extensdo, duragdo e meios utilizados, ao estritamente necessério ao pronto restabelecimento da normalidade constitucional. A declaragdo do estado de guerta, do estado de sitio ou do estado de emergéncia confere as autoridades competéncia para tomarem as providéncias necessdrias e adequadas ao pronto restabelecimento da nommalidade constitucional, Em caso algum a declaragéo do estado de guerra, do estado de sitio ou do estado de emergéncia pode afectar: Q) aaplicagdo das regras constitucionais relativas 4 competéncia ¢ ao funcionamento dos érgdos de soberania; b) 08 direitos e imunidades dos membros dos érgdos de soberania: c) odireito 4 vida, & integridade pessoal ¢ didentidade pessoal; @) acapacidade civil e a cidadania; €) ando retroactividade dalei penal: f) odireito de defesa dos arguidos; Q) aliberdade de consciénciae de religiéo. 6. Lei especial regula o estado de guerra, o estado de sitio & o estado de emergéncia Artigo 59.° (Proibigéo da pena de morte) E proibida a pena de morte. Artigo 60° (Proibicdo de tortura e de ratamentos degradantes) Ninguém pode ser submetido a tortura, a {rabalhos forgades, nem a fratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes. Artigo 61° (Crimes hediondos e violentos) S60 imprescritiveis e insusceptiveis de amrnistia e liberdade proviséria, mediante a aplicagao de medidas de coac¢éo processual: @) © genocidio e os crimes contre a humanidade previstos na lef; b) os crimes como tal previstos nalel. Artigo 62° (Irreversibilidade das amnistias) SGo considerades vdlidos e ireversiveis os efeitos juridicos dos actos de amnistia praticados ao abrigo de lei competente. Artigo 63.° (Direitos dos detidos e presos) Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada, no momento da sua pristo ou detengdo, das respectivas razdes e dos seus direitos, nomeadamente: @) serthe exibido 0 mandado de pristo ou detencao emitido por autoridade competente, nos tetmos da ei, salvo nos casos de flagrante delito; b) ser informada sobre © local para onde seré conduzida; ¢) informar & familia e ao advogado sobre @ sua prisio ou detengao sobre 0 local para onde sera conduzida; d) escolher defensor que acompanhe as iligéncias policiais e judici e) consultar advogado antes de prestar quaisquer decloracdes; f) ficar calada e néo prestar declaragées ou de o fazer apenas na presenca de advogado de sua escolha; g) no fazer confiss6es ou declaragées contra si prépria: h) ser conduzida perante o magistrado competente para a confimagdo ou ndo da pristo e de ser juigada nos prazos legais ou libertada: i) comunicar em lingua que compreenda ou mediante intérprete. Attigo 64° (Privagdo da liberdade) . A privagdo da liberdade apenas € permitida nos casos e nas condigdes determinadas por lei. . A policia ou outra entidade apenas podem deter ou prender nos casos previstos na Constituigdo e nalei, em flagrante delito ou quando munidas de mandado de autoridade competente. Artigo 65.° (Aplicagdo da lei criminal) A responsabilidade penal é pessoal e intransmissvel .. Ninguém pode ser condenado por crime senao em virtude de lei anterior que declare punivel a ac¢do ou a omisséo, nem sofrer medida de seguranga cujos pressupostos nao estejam fixados por lei anterior. . Nao podem ser aplicadas penas ou medidas de seguranca que nao estejam expressamente cominadas por lei anterior. . Ninguém pode sofrer pena ou medida de seguranga mais graves do que as previstas no momento da corespondente condita ou da verificacdo dos respectivos pressupostos, aplicando-se retroactivamente as leis penais de conteido mais favorével ao arguido. . Ninguém deve ser julgado mais do que uma vez pelo mesmo facto. . OS cidad&os injustamente condenados tém direito, nas condigdes que a lel prescrever, & revisto da sentenga e & indemnizagdo pelos danos softidos. Artigo 66° (limites das penas e das medidas de seguranca) . NGo pode haver penas nem medidas de seguranga privativas ou restrivas da liberdade com cardcter perpétuo ou de duracao limitada ou indefinida. Os condenades a quem sejam aplicadas medidas de segurancas privativas da liberdade mantém a titularidade dos direitos fundamentals, salvo as limitagdes inerentes ao sentido da condenagao e as exigéncios préptias da respectiva execugdo. Attigo 67° (Garantias do processo criminal) . Ninguém pode ser detido, preso ou submetido a julgamento sendo nos termos da lei, sendo garantido a todes os arguidos ou presos o direlto de defesa, de recurso e de patrocinio judiciério. . Presume-se inocente todo o cidaddo até ao transite em julgado da sentenga de condenagoo. . © arguido tem direito a escolher defensor ¢ a ser por ele assistido em todos 0s actos do processo, especificando a lel os casos € as fases em que a assisténcia por advogado € obrigatéria. . Os arguidos presos 18m o direito de receber visitas do seu advogado, de familiares, amigos € assistente religioso e de com eles se corresponder, sem prejuizo do disposto na alinea e) do artigo 63.° € 0 disposto non. 3 do artigo 194.°. . Aos arguidos ou presos que nado possam constituir advogado por razSes de ordem econémica deve ser assegutada, nos tetmos da lel, a adequada assisténcia judiciéria. 30 . Quaiquer pessoa condenada tem o diteito de interpor tecurso ordinério ou extraordinério no triounal competente da decisdo contra si proferida em matéria penal, nos temmos dalei. Artigo 68° (Habeas corpus) . Todos tém © diteito & providéncia de habeas corpus contra o abuso de poder, em virtude de piiséo ou detengao ilegal, a interpor perante o tribunal competente. . A providéncia de habeas corpus pode ser requerida pelo préprio ou por qualquer pessoa no gozo dos seus direitos politicos. . Lei propria regula 0 processo de habeas corpus. Artigo 69.° (Habeas data) . Todos ém o direito de tecorrer & providéncia de habeas data para assegurar 0 conhecimento das informagées sobre si constantes de ficheiros, arquivos ou registos informéticos, de ser informados sobre o fim a que se destinam, bem como de exigir a rectificagao ou actualizagdo dos Mesmos, nos termos da lel e salvaguardados 0 segredo de Estado e o segredo de justica. . E proibido o registo e tratamento de dados relativos as convicgoes Politicas, flloséficas ou Ideolégicas, & fé religiosa, 4 fillagdio partidéria ou sindical, & ofigem éinica e & vida privada dos cidadaos com fins disctiminatétios. . Eigualmente proibido 0 acesso a dados pessoais de terceiros, bem como Gtransteréncia de dados pessoas de um ficheiro para outro pertencente a servico ou instituigdo diversa, salvo nos casos estabelecidos por lei ou por decistio judicial. . Aplicam-se ao habeas data, com as necessérias adaptagdes, os disposig6es do artigo anterlor. 3 Artigo 70.2 (Extradig&o e expulséo) 1, N@o é permitida a expulso nem a extradi¢ao de cidadaos angolanes do territério nacional. 2. Nao € permitida a extradigao de cidaddos estrangeitos por motives politicos ou por factos passiveis de condenagde & pena de morte e sempre que se admita, com fundamento, que o extraditade possa vir a ser stjeito a tortura, tratamento desumano, cruel ou de que resulte leso itreversivel da integridade fisica, segundo o diteito do Estado requisitante. 3. Os tribunais angolanos conhecem, nos termos da lei, os factos de que sejam acusados os cidadéos cuja extradi¢ao nao seja pemitida de acordo com 0 disposto nos nimeros anteriores do presente arligo. 4, $6 por deciséo judicial pode ser determinada a expulséo do tertitério nacional de cidaddos estrangeiros ou de apétridas autorizados a resicir no pais ou que tenham pedido asilo, salvo em caso de revogacao do acto de autorizagao, nos termos dalel. 5. Alei regula os requisitos e as condigdes para a extradigdo e a expulsdio de estrangeiros. Artigo 71° (Direito de asilo) 1. E garentido a todo © cidadao estrangeiro ou apairida o direito de asilo em caso de persegui¢do por motivos politicos, nomeadamente de grave ameaga ou de perseguicdo, em consequéncia da sua actividade em favor da democracia, da independéncia nacional, da paz entre os povos, da liberdade e dos direitos da pessoa humana, de acorde com as leis em vigor € 0s instrumentos intemacioncis. 2. Alei define 0 estatuto do refugiade polftico Attigo 72° (Direito a julgamento justo e conforme) A todo 0 cidadao € reconhecido o diteito a julgamento justo, célere € conforme alei. Attigo 73° (Direito de petigdo, dentncia, reclamagéo e queixa) Todos tém © direito de apresentor, individual ou colectivamente, aos érgdos de soberania ou quaisquer autoridades, petic6es, denuncias, reclamacdes ou queixas, para a defesa dos seus direitos, da Constituicao, das leis ou do interesse geral, bem como o diteito de ser informades em prazo razodvel sobre o resultado da respective apreciacao. Artigo 742 (Direito de ac¢Go popular) Qualguer cidadao, individuaimente ou através de associagées de interesses espectiicos, tem direito 4 acgéo judicial, nos casos e termos estabelecidos por lel, que vise anular actos lesivos & satide publica, ao patriménio pUblico, histérico cultural, ao meio ambiente e & qualidade de vida, & defesa do consumidor, & legalidade dos actos da administragdo e demais interesses colectivos. Artigo 75.° (Responsabilidade do Estado e de outras pessoas colectivas poblicas) 1. O Estado e outras pessoas colectivas publicas sdo solidaria e civilmente responsdvels por acgdes e@ omissdes praticadas pelos seus érgdos, respectivos fitulares, agentes e funcionétios, no exercicio das funcdes legislativa, jurisdicional e admiristrativa, ou por causa delas, de que resulte violagao dos direitos, liberdades ¢ garantias ou prejuizo para o titular destes ou para terceiros. 2. Os autores dessas ac¢des ou omissdes sGo criminal e disciplinarmente responsaveis, nos termos da lei. CAPITULO III Direitos e Deveres Econémicos, Sociais e Culturais Artigo 76° (Direito ao trabalho) 1. © trabalho é um direito e um dever de todos. Todo © trabalhador tem direito & formacdo profissional, justa remuneracdo, descanso, férias, protecgdo, higiene e seguranca no trabalho, nos termos da lei. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover: a) aimplementagao de politicas de emprego: b) aigualdade de oportunidades na escolha da profisséo ou género de trabalho € condigées para que ndo seja vedado ou limitado por qualquer tivo de discriminagao; ¢) aformagdo académica e o desenvolvimento cientifico e tecnolégico, bem como a valorizagao profissional dos trabalhadores. . © despedimento sem justa causa é ilegal, constituindo-se a entidade empregadora no dever de justa indemrizagéo ao trabalhador despedido, nos tetmos dale. Artigo 77° (Saude e protec¢ao social) . © Estado promove e garanle as medidas necessérias para assegurar a todos o direito 4 assisté@ncia médica e sanitéria, bem como o direito & assisténcia na Infancia, na matemidade, na invalidez, na deficiéncia, na velhice e em qualquer situacdo de incapacidade para o trabalho, nos termos da lei. . Para garantir o direito 4 asistencia médica e sanitdria incumbe ac Estado: ©) desenvolver e assegurar a funcionalidade de um servigo de satide em todo o tertitério nacional: b) regular a produgdo, disttibuigdo, comércio € 0 Uso dos produtos quimicos, biolégicos, faimacéuticos € outros meios de tratamento ciagnéstico; ¢) incentiver 0 desenvolvimento do ensino médico-cirurgico e da investigagdo médica e de satde. 3. A iniciativa particular e cooperativa nos dominios da satde, previdéncia e seguranga social é fiscalizada pelo Estado e exerce-se nas condi¢des previstas por lei Attigo 78° (Direitos do consumidor) 1. O consumidor tem direito G qualidade dos bens e servigos, & informag¢ao € esclarecimento, 4 garantia dos seus produtos e & protec¢do na relag¢do de consumo. 2. © consumidor tem direito a ser protegido no fabrico e fornecimento de bens e servicos nocivos & satide e & vida, devendo ser ressarcido pelos danos que Ihe sejam causados. 3. A publicidade de bens e servicos de consumo é disciplinada por lei, sendo proibidas todas as formas de publicidade oculta, indirecta ou enganosa. 4. Alei protege 0 consumidor e garante a defesa dos seus interesses Attigo 79° (Direito ao ensino, cultura e desporto) 1. © Estado promove o acesso de todos 4 alfabetizacdo, ao ensino, & cultura e ao desporto, estimulando a participagao dos diversos agentes particulares na sua efectivagao, nos termos da lei 2. O Estado promove a ciéncia e a investigagao cientifica e tecnolégica. 3. A iniciativa particular e cooperativa nos dominios do ensino, da cultura € do desporto exerce-se nas condigées previstas na lel. Artigo 802 (Infancia) 1. A ctianga tem diteito & atencdo especial da familia, da sociedade @ do Estado, os quais, em estreita colaboragdo, devem assegurar a sua ampla protecgao contra todas as formas de abandono, disctiminagéo, opressdo, exploragdo e exercicio abusivo de autoridade, na famtlia e nas demais instituicdes. As politicas publicas no dominio da familia, da educagéo e da satde devern solvaguardar © principio do superior interesse da crianga, como forma de garantir o seu pleno desenvolvimento fisico, psiquico e cultural © Estado assegura especial protec¢ao & crianga ora, com deticiéncia, abandonada ou, por qualquer forma, privada de um ambiente familiar normal. © Estado regula a adopeao de criangas, promovendo a sua integracao em ambiente familiar sadio e velando pelo seu desenvolvimento integral E proibido, nos termos dalei, o trabalho de menores em idade escolar. Artigo 812 (Juventude) . Os jovens gozam de protec¢do especial para efectivagde dos seus direitos econdémicos, sociais ¢ culturais, nomeadamente: @) no ensino, na formacdo profissional e na cultura; b) no acesso ao primeiro emprego, no trabalho e na seguranca social; c} no acesso & habitagao; d) na educagao fisica e no desporto: e} no aproveitamento dos tempos livres. . Para a efectivacao do disposto no nUmero anterior, lel propria estabelece as bases para o desenvolvimento das politicas para a juventude. . A politica de juventude deve ter como objectives priotitérios o desenvolvimento da personalidade dos jovens, a ctiagdo de condigdes para a sua efectiva integragéo na vida activa, o gosto pela ctiagéo livre € o sentido de servigo & comunidade. . © Estado, em colaboragdo com as familias, as escolas, as empresas, as organizagées de moradores, as associagées e fundagées de fins culturais © as colectividades de cultura e recreio, foment € apoia as organizacdes juvenis na prossecugdo daqueles objectives, bem como o intercémbio intemacional da juventude. 36 Artigo 82° (Terceira idade) . Qs Cidadaos idosos tém direito & seguranga econémica e a condicées de habitacgéo e convivio familiar © comunitétio que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem ou superem o isolamento € a marginalizagao social. . A politica de terceira idade engloba medidas de carécter econémico, social € cultural tendentes a proporcionar &s pessoas idosas oportunidades de redlizagdo pessoal, através de uma participacao cgctivana vida da comunidade. Artigo 83° (CidadGos com deficiéncia) . Os cidadéos com deficiéncia gozam plenamente dos direitos e estao sujeltos aos deveres consagrados na Constituigdo, sem prejuizo da restrigdo do exercicio ov do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados ou limitados. . © Estado adopta uma politica nacional de prevengao, tratamento, reabilitagdo e integragao dos cidadéos com deficiéncia, de apoio és suas familias ¢ de remo¢ao de obstdculos & sua mobllidade. . © Estado adopta politicas visando a sensibilizago da sociedade em relacGo aos deveres de incluso, respeito e solidariedade para com os cidadaos com deficiéncia. . © Estado fomenta e apoia o ensino especial e a foimagdo técnico- pfofissional para os cidadéos com deficiéncia. Attigo 84° (Antigos combatentes e veteranos da pétria) Os combatentes da luta pela independéncia nacional, os veteranos da P<ia, os que contrairam deficiéncia no cumprimento do servigo militar ou paramilitar, bem come os filhos menores € os cénjuges sobrevivos de combatentes tombados, gozam de estatuto e proteccdo especial do Estado e da sociedade, nos termos da Constituicdo e da lei. 2. Compete ao Estado promover polilicas que visem assegurar a integragdo social, econémica € cultural dos cidadéis referidos no ponto anterior, bem como a proteccdo, valorizacdo e preservagdo dos feitos histéricos por estes protagorizados. Artigo 85° (Direito & habitagdo e & qualidade de vida) Todo 0 cidadao tem direito 4 habitagdo e 4 qualidade de vida. Artigo 86° (Comunidades no estrangeiro) © Estado estimula a associag&o dos angolanos que se encontram no estrangeiro ¢ promove a sua ligagdo ao Pais, bem como os lagos econémicos, sociais, culturais ¢ de patriotismo ¢ solidariedade com as comunidades angolanes af radicadas ou que revelem alguma relagéo de ofigem, consanguinidade, cultura e historia com Angola. Artigo 87° (Patriménio histérico, cultural e artistico) 1. Os cidadéos e as comunidades 8m direito ao respeito, valorizagao e preservacdo da sua identidade cultural, linguistica e artistica. 2. O Estado promove e estimula a conservaco € valotizag&o do patriménio histérico, cultural € artistico do pove angolano. Artigo 88.° (Dever de contribuicao) Todos tém 0 dever de contribuir pora as despesas pUblicas e da sociedade, em fungado da sua capacidade econémica ¢ dos beneficios que aufiram, através de impostos e taxas, com base num sistema tributdrlo justo e nos termos dalei. 38 TITULO IIL Organiza¢ Go Econémica, Financeira e Fiscal CAPITULO | Principios Gerais Artigo 89.° (Principios fundamentais) 1. A organizagéo e a regulagéo das actividades econémicas assentam na garantia geral dos direitos e liberdades econémicas em geral, na valorizagao do trabalho, na dignidade humana e na justia social, em conformidade com os seguintes principios fundementais: a) papel do Estado de reguiader da economia e coordenador do desenvolvimento econémico nacional harmonioso, nos termos da ConstituigGo e dal b) livre iniciativa econémica ¢ empresarial, a exercer nos termos da lei; ¢) economia de mercado, na base dos principios e valores da sé concorréncia, da moralidade e da ética, previstos e assegurados por lei: d) respeito e protecgdo & propriedade e iniciativa privadas; ) fungdo social da propriedade: f] redugdo das assimetrias regionais e desiqualdades socicis; 9g) concertagao social; h) defesa do consumidor e do ambiente. 2. As formas € o regime de intervengdo do Estado sao regulados por lei Artigo 90° (Justiga social) O.Estado promove o desenvolvimento social através de: a) adopgdo de critétios de redistibuigao da tigueza que privilegiem os cidadéos € em particular os extractos socials mals vulnerdveis € carenciados da sociedade: b) promogao da Justiga social, enquanto incumbéncia do Estado, através de uma politica fiscal que assegure a Justia, a equidade e a solidariedade em todos os dominios da vide nacional; c) foment, apoio e regulagée da intervengao do sector privado na realizagéo dos direitos sociais; ) remogtio dos obstculos de natureza econémica, social e cultural que impecom areal igualdade de oportunidades entre os cidadéos; e) afuigdo por todos os cidadéos dos beneficios resultantes do esforco colective do desenvolvimento, nomeadamente na melhoria quantitative @ qualitativa do seu nivel de vida Artigo 91° (Planeamento) ]. © Estado coordena, regula e fomenta o desenvolvimento nacional, com base num sistema de planeamento, nos termos da Constituig¢do e da lei e sem prejuizo do disposto no artigo 14.° da presente Constituicao. 2. © ploneamento tem por objective promover o desenvolvimento sustentado € harmonioso do Pais, assegurando a justa reparlicdo do rendimento nacional, a preservacgdo do ambiente e a qualidade de vida dos cidaddios. 3. Alei define e regula o sistema de planeamento nacional. Artigo 92° (Sectores econémicos) 1. © Estado garante a coexisténcia dos sectores pUblico, privado e cooperativo, assegurando a todos tratamento e protec¢ao, nos termos dalei, 2. O Estado reconhece e protege o direito ao uso e fiuigco de meios de produgao pelas comunidades rurais, nos termos da Constituigéo, da lei e das normas consuetudinarias. Artigo 932 (Reservas poblicas) 1. Constitui reserva absoluta do Estado o exercicio de actividades de banco central e emissor. 2. A lei determina e regula as actividades econdémicas de reserva relativa do Estado, bem como as condi¢des de acesso és demais actividades econémicas. Artigo 94° (Bens do Estado) Os bens do Estado e demais pessoas colectivas de direito publico integram © dominio publico ou o dominio privado, de acordo com a Constituigao e a lei. Artigo 95° (Dominio pUblico) ]. Sao bens do dominio publico: a)as dguas interiores, o mar territorial e os fundos marinhos contiguos, bem como os lagos, lagoas e cursos de dguas fluviais, incluindo os respectivos leitos; b) os recursos bioldgicos e nao biolégicos existentes nas Gguas interiores, no mar territorial, na zona contigua, na zona econémica exclusiva e na plataforma continental: c) 0 espago aéreo nacional; d) os jazigos minercis, as nascentes de égua minero-medicinais, as cavidades naturais subterrGneas e outros recursos naturais existentes no solo e subsolo, com excepcdo das rochas, temas comuns e outros materiais habitualmente utilizades como matéria-prima na construgao civil; e) as estradas e os caminhos publicos, os portos, os aeroportos e as pontes & linhas férreas pUblicas; f) as praias e a zona maritimo-terrestre; al g) as zonas lertitoriais reservadas & defesa do ambiente, designadamente os parques e reservas naturais de preservagdo da flora e fauna selvagens, incluindo as infra-estruturas; h) as zonas temritoriais reservadas aos portos e aeroportos, como tals Clasificados por lei; i) as zonas tertitoriais reservadas para a defesa militar: j) 0s monumentos e iméveis de interesse nacional, como tais classificados & Integrados no dominio publico, nos termos da lei; kJ outros bens determinades por lel ou reconhecidos pelo dieito intemacional. 2. Os bens do dominio pUblico séo inaliendveis, impresctitivels e impenhordveis. 3. Aleiregulao regime juridico dos bens do dominio pubblico e define os que integram 0 do Estado € 0 das pessoas colectives de direito publico, o regime ¢ formas de concesstio, bem como o regime de desafectacao dos refetidos bens. Artigo 96° (Dominio privado) Os bens que néo estejam expressamente previstos na Constituigao € na lel como fazendo parle do dominio pliblico do Estado e¢ demais pessoas colectivas de direito pUblico integram 0 dominio privado do Estado e encontram-se suieitos ao regime de direito privado ou a regime especial, sendo a sua administragao regulada por lei. Artigo 97.° (Ireversibilidade das nacionalizagées e dos confiscos) So considerados vilidos e inreversiveis todos efeitos jurfdicos dos actos de nacionalizagéo € confisco praticades ao abrigo da lei competente, sem Prejuizo do disposto em legislagdo especifica sobre reprivatizagées. Attigo 98° (Direitos fundidtios) 1. A tetra & propriedade otiginéria do Estado ¢ integra o seu dominio privado, com vista & concessto e protec¢do de direitos fundiérios a pessoas singulares ou colectivas e a comunidades rurais, nos termos da Constituigao da lei, sem prejuizo do disposto no n.°3 do presente artigo. 2. O Estado teconhece e garante o diteito de proptiedade privada sobre a terra, constituido nos termos da lei. 3. A concesstio pelo Estado de propriedade fundidria privada, bem como @ sua transmissG, apenas sdo permitidas a cidad@os nacionais, nos termos dalet. CAPITULO II Sistema Financeiro e Fiscal Artigo 99.2 (Sistema financeiro) 1. sistema financeiro € organizado de forma a garantit a formagéo, a captagao, a copitalizagdo e a seguranga das poupancas, assim como a mobliizagdo e a aplicagéo dos recursos financelros necessérios ao desenvolvimento econémico e social, em conformidade com a Constifuicao € alei 2. A organizagao, 0 funcionamento e a fiscalizagdo das instituicoes financelras sto regulados por lel. «Artigo 100.% (Banco Nacional de Angola) 1. © Banco Nacional de Angola é 0 Banco central e emissor da RepUblica de Angola fem por misséo principal garantira estabilidade de precos de forma apreservaro valor da moeda nacionale assegurar a estabilidade do sisterna financetro, nos termos da Constituicdo e da lel. 2. © Banco Nacional de Angola é a autoridade monetéria e cambial, prossegue as suas atribvicdes e exerce as suas competéncias de modo Independente, nos termos da Constituicao e da lei. 3. O Governador do Banco Nacional de Angola é nomeado pelo Presidente da Republica, apés audicdo na Assembleia Nacional, nos termos da Constituicao e da lei, observando-se, para o efelto, o seguinte procedimento: 2 Alterado pelo artigo 1° da Lein/ ..Lei de Revisdo Constitucional, publicada pelo Diério da Repiiblica n* de wu.de 1 Série, 43 a) aaudi¢ae do candidate é desencadeada por solicitagao do Presidente da Repdblica; b) a audicdo do candidato proposto termina com a votago do relatério parecer, nos termos da lei: c) cabe ao Presidente da RepUblica a decisto final em relacdo & nomeagdo do candidato proposto. . Os Vice-governadores do Banco Nacional de Angola sdio nomeades pelo Presidente da Republica, sob proposta do Governador do Banco Nacional de Angola. © Govemador do Banco Nacional de Angola envia, anualmenie, ao Presidente da Republica e & Assembleia Nacional, um relatério sobre a evolugao dos indicadores de politica monetéria e cambial, sem prejutzo das regras de siglo bancério, cujo tratamento, para efeitos de controlo e fiscalizagéo da Assembleia Nacional é assegurado nos fermos da Constituiedo e da lei.» Aitigo 101° (Sistema fiscal) © sistema fiscal visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras entidades publicas, assegurar a realizagao da politica econémica e social do Estado € proceder a uma justa reparti¢ao dos rendimentos ¢ da tiqueza nacional. Artigo 102.° {Impostos) 1. Os impostos s6 podem ser criados por lei, que determina a sua incidéncia, a taxa, os beneficios fiscais e as garantias dos contribuintes. 2. As notmas fiscais néo t8m efeito retroactive, salvo as de caracter sancionatério, quando sejam mais favoraveis aos contriouintes. 3. A criagéo de impostos de que sejam sujeitos activos os érgaos do poder local, bern como a competéncia para a sua arrecadagao, sao deteminadas por lei. Artigo 103° (Contribuigdes especiais) . A ctiagdo, modificagdo e extingdo de contribuicses especiais devidas pela prestagdo de servicos piblicos, utiizagGo do dominio publico € demais casos previstos na lei devem constar de lei reguladora do seu regime juridico. 2. As contribuigdes para a seguranga socidl, as contraprestagdes devidas por actividades ou servicos prestados por entidades ou organismos pUblicos, segundo normas de direito privado, bem como outras previstos na lei, regem- se por legislacao especifica. Artigo 104.° « (Orgamento Geral do Estado) 1. © Orgamento Geral do Estado constitui o plano financeito anual ou plurianual consolidado do Estado e deve reflectir os objectivos, as metas © as acgdes contidos nos instrumentos de planeamento nacional. 2. OOrcamento Geral do Estado ¢ unitdrio, estima o nivel de receitas aobler ¢ fixa os limites de despesas autorizadas, em cada ano fiscal, para todos 08 servicos, institutos pUblicos, fundos auténomos € seguranca social e deve ser elaborado de modo que todas as despesas nele previstas estejam financiadas. 3. O Orcamento Geral do Estado apresenta a previsGo de verbas a transferir para as autarquias locais, nos termos da lel. 4. A lei define as regras da elaboragéo, apresentagdo, adopcao, execucao, fiscalizagao e controlo do Or¢amento Geral do Estado. 5. Aexecugdo do Orgamento Geral do Estado obedece aos principios da fransparéncia, da boa governa¢ao e da responsabilizacdo e fiscalizada pela Assembleia Nacional e pelo Tribunal de Contos, nos termos da Constituicao e da lei.» " Alterado pelo artigo 1° da Lei n- ..,Lel de Reviséo Constitucional, publicada pelo Digrio da Repiiblica n* de wud 1 Série, 4s THTULO IV Organizagdo do Poder do Eslado CAPITULO I Principios Gerais Artigo 105.2 (Orgdos de soberania) 1, SG0 drgGos de soberania o Presidente da Reptblica, a Assembleia Nacional ¢ os Tribunais. 2. A formagao, a composigéo, a competéncia e o funcionamento dos 6rgdos de soberania so os definidos na Constituigdio. 3. Os érgGos de soberania devem respeilar a separagdo e interdependéncia de fungdes estabelecidas na Constituigao. Artigo 106.° (Designagao do Presidente da RepUblica e dos Deputados 4 Assembleia Nacional) O Presidente da Reptblica e os Deputades & Assembleia Nacional sao eleitos por sufrdgio universal, directo, secreto e periddico, nos termos da Constitui¢do € da lei. @Artigo 107.°% (Administragao eleitoral independente) Os processos eleitorais sao organizades por érgdos da administracao eleitoral independentes, cujos principios, mandato, estrutura, composicao, funcionamento, airiouig6es e compe téncias sto definidos por lei» wArtigo 107.° - A° (Registo eleitoral) . O registo eleitoral é oficioso, obrigatério e permanente e € realizado pelos érgdos competentes da Administracdo directa do Estado, sem prejuizo da 3 Alterado pelo artigo1.°da Lein.®.... Lei de Reviso Constitucional, publicada pelo Digrio da Repablica n.* de....de...1 Série. © adltado pelo artigo 2° da Lei de wu.de 1 Série, i de Revisao Constitucional, publicada pelo Diério da Republican? 46 possibilidade de participagao de outros érgaos da administragao publica, nos fermos da lei. 2. No exterior do Pals o regisio eleitoral é actualizado presencialmente, antes de cada eleigdo, nas misses diplomdticas e consulares da Reptiblica de Angola, nos fermos da Consfituicao e da lei» CAPITULO II Poder Executivo SECCAO|! Presidente da Republica Artigo 108.° (Chefia do Estado e Poder Executive) 1. O Presidente da Reptiblica é o Chefe de Estado, o titular do Poder Executivo @ 0 Comandante em Chefe das Forgas Armadas Angolanas. 2. O Presidente da Reptblica exerce o poder executivo, auxiliado por um Vice- Presidente, Ministros de Estado € Ministros 3. Os Ministros de Estado € 08 Ministros s40 auxiliados por Secretérios de Estado e ou Vice-Ministros, se os houver. 4. O Presidente da Replblica promove e assegura a unidade nacional, a independéncia € a integridade territorial do Pais e representa a Nagao no plano intemo e internacional. 5. O Presidente da Republica respeita e defende a Constituicdo, assegura o cumprimento das leis e dos acordos € tratados intemacionais, promove & garante 0 regular funcionamento dos érgdos do Estado. Artigo 109° (Eleigao) 1. Eeleito Presidente da Republica e Chefe do Executive 0 cabeca de lista, pelo circulo nacional, do partide politico ou coligagde de partidos 47 politicos mais votado no quadro das eleigées gerais, realizadas ao abrigo. do attigo 143° e seguintes da presente Constituicao. 2. Ocabeca de lista € identificado, junto dos eleitores, no boletim de voto. wArtigo 11027 (Elegibilidades, inelegibilidades e impedimentos) 1, Sao elegiveis ao cargo de Presidente da Reptiblica os cidadéos angolanos de origem, com idade minima de 35 anos, que residam hobitucimente no Pais hé pelo menos 10 anos e se encontrem em pleno gozo dos seus direitos civis, politicos e capacidade fisica ¢ mental 2. Sao inelegiveis ao cargo de Presidente da Republica: @) 05 cidaddos que sejam titulares de aiguma nacionalidade adavitida; b) 0s antigos Presidentes da RepUblica que fenham exercido do's mandatos; c] os Presidentes da RepUblica que tenham sido destifuidos, tenham renunciado ou abandonado as funcdes: d) os Presidentes da Republica que se tenham auto-demiido, no decurso do segundo mandato; e) 05 cidadaos que tenham sido condenades com pena de prisdo superior o trés anos; f)_ 0s legaimente incapazes; 3. Esido impedidos de concorrer ao cargo de Presidente da Republica enquanto estivetem no activo: a) 08 Magistrados Judiciais e do Ministério Poblico de todos os nivels e jurisdicées: b) 08 Jules do Tribunal Constitucional e do Tribunal de Contas; cc) 0 Provedor de Justica e 0 Provedor de Justiga- Adjunto; d) 0s membros dos érgdos de administracao eleitoral independente; €) 05 militares ¢ membros das forcas militarizadas.» 7 Alterado pelo artigo 1° da Lei n- ..,Lel de Revisto Constitucional, publicada pelo Digrio da Reptiblica n= de wu de 1 Série, 48 Artigo 1112 (Candidaturas) 1. As candidaturas para Presidente da RepUblica sto propostas pelos partidos politicos ou coligagdes de partidos politicos. 2. As candidaturos a que se refere o n&mero anterior podem incluir cidadaos nao filiados no partido politico ou coligagao de partidos politicos concorrente. wArtigo 112.2% (Data da eleicao) 1. As eleigdes gerais devem ser convocadas até 90 dias antes do termo do mandato do Presidente da Republica e¢ dos Deputados 4 Assembieia Nacional em fungoes. 2. Sem prejufzo do disposto no n.° 2 do artigo 128.° € no n.°3 do artigo 132.°, as eleicdes gerais realizam-se, preferencialmente, durante a segunda quinzena do més de Agosto do ano em que terminam os mandates do Presidente da Republica e dos Deputados & Assemblela Nacional, cabendo ao Presidente da Republica definir essa data, nos termos da Constifuigao e da lel.» SECCAO II Mandato, Posse e Substituicao Attigo 1132 (Mandato) 1. © mandato do Presidente da RepUblica tem a duragao de cinco anos, inicia com a sua tomada de posse e termina com a posse do novo Presidente eleito. 2. Cada cidadto pode exercer até dois mandatos como Presidente da Republica. * Alterado pelo artigo 1° da Lein- ..Lei de Revisdo Constitucional, publicada pelo Diério da Repiiblica n® de ws.de 1 Série, 49 Arligo 1142 (Posse) 1. © Presidente da Republica eleito € empossado pelo Presidente do Tribunal Constitucional. 2. A posse realizase até 15 dias apés a publicagao oficial dos resultados eleitorais definitivos. 3. A eleicdo para o cargo de Presidente da RepUblica € cause juslificativa do adiamento da tomada do assento paramentar. Artigo 1152 (Juramento) No acto de posse, o Presidente da Republica eleito, com a mao dieita posta sobre a Constituigéio da Republica de Angola, presta o seguinte juramento: Eu (nome completo), ao tomar posse no cargo de Presidente da Republica, juro por minha honra: Desempenhar com toda a dedicagdo as fun¢ées de que sou investido; Cumprire fazer cumprir a Constituicdo da Republica de Angola e as leis do Pais: Defender a independéncia, a soberania, a unidade da Na¢cGo e a integridade territorial do Pais; Defender a paz e a democracia e promover a estabilidade, o bem-estar e 0 progresso social de todos os angolanos. Artigo 1162 (RenGncia ao Mandato) © Presidente da RepUblica pode renunciar co mandato em mensagem diigida & Assembleia Nacional, com conhecimento ao Tribunal Constitucional. GArtigo 116.°-A? (Gestao da fun¢Go executiva no final do mandato) 1. No periodo que decorre entre a campanha eleitoral e a fomada de posse do Presidente da Republica eleito, cabe ao Presidente da Republica em funcdes a gesiéio corente da funcdo executiva, nao podendo praticar actos que condicionem ou vinculem 0 exercicio da actividade governativa por parte do Presidente da Republica eleito. 2. Sem prejulzo do disposto no numero anterior, havendo necessidade e urgéncia devidamente fundamentada, o Presidente da Republica em fungdes pode praticar actos que ndo sejam de mera gestéo corrente, nos fermos da Constituicdo. 3. Lei propria estabelece o perlodo, o modo e as condicdes para a transicto entre o Presidente da Republica cessante e o Presidente da Republica eleito.» SECCAO IL Competéncia Artigo 117. (Reserva da Constitvigao) As compeiéncias do Presidente da RepUblica so as definidas pela presente Conslituigao. Artigo 1182 (Mensagem & Nacao) © Presidente da Republica dirige ao Pals, na abertura do ano parlamentar, na Assembleia Nacional, uma mensagem sobre o Estado da Nagdo e as politicas preconizadas para a resolugdo dos principais assuntos, promogdo do bem- estar dos angolanos e desenvolvimento do Pais. ° aditado pelo artigo 2° da Lei n2 ... i de Reviso Constitucional, publicada pelo Dlérlo da Repdblica n* de wud 1 Série, sl aAttigo 119. 1° (Competéncias como Chefe de Estado) Compete ao Presidente da Republica, enquanto Chefe de Estado: a) convocar as eleigdes gerais e os eleigdes autérquicas, nos termos estabelecidos na Constituigdo e na lei: b) dirigir mensagens & Assembleia Nacional: ¢) promover junto do Tribunal Consfifucional a fiscalizagéo preventiva e sucessiva da constitucionalidade de actos nomativos e tratados intemacionais, bem como de omissdes inconsfilucionals, nos termos previstos na Constituigao; d) nomear e exonerar os Ministros de Estado, os Ministros, os Secretdrios de Estado e os Vice-Ministros: ) nomear © Juiz Presidente do Tribunal Constitucional ¢ demais Juizes do referido Tribunal; f) nomear 0 Juiz Presidente do Tribunal supremo, o Juiz Vice-Presidente e os demais Juizes do teferido Tribunal, sob proposta do Conselho Superior da Magistratura Judicial: g) nomear o Juiz Presidente do Tribunal de Contas, 0 juiz Vice-Presidente e os demais Jufzes do referido Triounal, nos termos da Constituig¢ao; h) nomear o Juiz Presidente, o Juiz Vice-Presidente ¢ os demais Jufzes do Supremo Tribunal Militar; i) nomear e exonerar o Procurador-Geral da RepUblica, os Vice-Procuradores Gerais da RepUblica e os Adiuntos do Procurador-Geral da Republica, bem como os Procuradores Militares junto do Supremo Tribunal Militar, sob proposta do Conselho Superior da Magistratura do Ministétio Pubblico: j) nomear e exonerar 0 Goverador e os Vice-Governadores do Banco Nacional de Angola, nos termos da Constituicdo e da lei: k] nomear e exonerar os Governadores € os Vice-Govemadores Provincials; |) convocar referendos, nos termos da Constiluigdo e da lei; m) declarar o estado de guerra e fazer apaz, ouvida a Assembleia Nacional; n) Indultar e comutar penas: ©) declarar o estado de sttlo, ouvida a Assembleia Nacional; p) declarar 0 estado de emergéncia, ouvida a Assembleia Nacional; Q) conferir condecoracées e titulos honorifices, nos termos da lei; © Alterado pelo artigo 1° da Lei n. desde a1 Série, Lei de Revisao Constitucional, publicads pelo Digrio da Reptblica n.* 1) promulgara Constituigdio, as leis de revisGo constitucionale as demais leis: s) presidir ao Conselho da Reptblica; t) nomear os membros dos Conselhos Superiores das Magistraturas, nos termos previstos pela Constituigéo; u) designar os membros do Conselho da RepUblica e do Conselho de Seguranga Nacional; v) exercer as demais competéncias estabelecidas pela Constituigéo.» “Artigo 120.°'/ (Competéncia como Titular do Poder Executivo) Compete ao Presidente da Republica, enquanto titular do Poder Executivo: @) definir a orientagao politica do pais, nos termos da Constituigao: ) definir a politica geral de govemacao do Pais e da Adminisiracdo Publica; c) submeter & Assembleia Nacional a proposta de Orcamento Geral do Estado; ) dirigir os servicos e a actividade da Administracdo directa do Estado, civil e militar, superintender a Administragdo indirecta e exercer a tutela de legalidade sobre a Administracao auténoma e adoptar mecanismos de cooperacao com a Administracdo Independente; e) definir a orgéinica e estabelecer a composigdio do Poder Executivo; f) estabelecer 0 numero e a designagdo dos Ministros de Estado, Ministros, Secretdrios de Estado e Vice-Ministros; g) definir a orgdnica dos Ministérios € aprovar © regimento do Conselho de Ministros; h) solicitar & Assembleia Nacional autorizagéo legislativa; i) exarar actos legislatives autorizados pela Assembleia Nacional; J) exercer iniciativa Jegislativa, mediante propostas de lei apresentadas & Assembleia Nacional; k) convocar e presidir és reunises do Conselho de Ministros e fixar a sua agenda de trabahos; I|dirigir € orientar a ac¢do do Vice-Presidente, dos Ministros de Estado e Ministros e dos Governadores Provinciais; mlelaborar regulamentos necessérios & boa execucdo das leisn, 4. alterado pelo artigo 12 da Lein..., Lel de Revisso Constitucional, publicada pelo Diérlo da Repablica n# de wud 1 Série, 33

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