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Implicagdes Implica¢des ou inferéncias A primeira propriedade a ser estudada no nosso manual ser4 a nogao de implicagao. A palavra implicacao, na linguagem cotidiana, remete a varias nogées, tais como inferéncias, dedugGes, acarretamentos, pressuposicées, implicaturas etc., sem que haja uma distingdo entre clas. E comum escutarmos as seguintes frases, “isso acarreta uma série de problemas” ou “isso implica uma série de problemas” como sendo semelhantes. Aqui tratarci da nogéo de implicagio de uma maneira mais rigorosa, seguindo a tradicéo dos estudos em uma abordagem referencial. Existe uma gradacao no conceito de implicacao, indo da nogao mais restrita da implicacao — conhecida como acarretamento —4 nogo mais abrangente da implicagao — conhecida como implicatura conversacional. O acarretamento é uma nocio estritamente semantica que se relaciona somente com o que esta contido na sentenga, independentemente do uso desta. A nogao de pressuposicao! relaciona-se com 0 sentido de express6es lexicais contidas na sentenca, mas também se refere a um conhecimento prévio, extralinguistico, que 0 falante e 0 ouvinte tém em comum; pode-se dizer que a pressuposi¢ao é uma nogio semintico-pragmitica. A implicatura, conhecida como implicatura conversacional, & uma nogio estritamente pragmatica, que depende exclusivamente do conhecimento extralinguistico que o falante e o ouvinte tém sobre um determinado contexto. Neste capitulo, apresentarei as duas primeiras noses de implicagio, 0 acarretamento ¢ a pressuposicao, que geralmente s4o nogGes tratadas dentro da abordagem referencial, A implicatura conversacional, que est4 relacionada ao uso da lingua, ser4 vista no capitulo “Atos de fala e implicaturas conversacionais”, em que apresentarei fendmenos que sao, geralmente, tratados dentro de uma abordagem pragmatica. 32. Manual de Seméntica Hiponimia, hiperonimia e acarretamento Para entendermos a nogio de acarretamento, que ¢ uma relago entre sentencas, vejamos antes a nogao de hiponimia, que é uma relagéo similar, mas que se dé entre palavras. A hiponimia pode ser definida como uma relagao estabelecida entre palavras, quando o sentido de uma esté inclufdo no sentido de outra: (1) a. pastor-alemao > cachorro —> animal b, rosa —> flor —> vegetal c. fusca > carro d. maga — fruta — vegetal Pelos exemplos, podemos perceber que a hiponimia ¢ uma relagao linguistica que estrutura o léxico das Iinguas em classes, ou seja, pastor-alemao pertence & classe dos cachorros, que, por sua vez, pertencem & classe dos animais; rosas sao flores, que, por sua vez, sio vegetais etc. Vamos estabelecer que cada exemplo anterior forma uma cadeia. O item lexical mais especifico, que contém todas as outras propriedades da cadeia, é chamado de hip6nimo; o item lexical que esté contido nos outros itens lexicais, mas nao contém nenhuma das outras propriedades da cadeia, o termo mais geral, chamado de hiperdnimo, Por exemplo, em (1a), pastor-alemao é 0 hip6nimo da cadeia apresentada, ¢ animal, o hiperdnimo. A relacao de hiponimia é assimétrica, ou seja, 0 hipdnimo contém o seu hiperdnimo, mas o hiperdnimo nao contém o seu hip6nimo... Por exemplo, todo cachorro é um animal, mas nem todo animal é um cachorro. O* sentido da palavra animal esté contido na palavra cachorro, mas o inverso nao ¢ verdadeiro. Se pensarmos em uma decomposicio lexical em termos de propriedades semanticas que compdem o sentido da palavra cachorro, terfamos 0 seguinte: ~ ° (2) [eachorro — +animal? +quadnipede +mamifero O exemplo em (2) evidencia o fato de que o sentido de animal est4 contido no sentido de cachorro. Experimente fazer a decomposigao lexical em propriedades semanticas para os outros exemplos em (1). Estendendo a nogio de hiponimia para as sentencas, chegamos 4 nogao de acarretamento, que pode ser entendida como a relacao existente entre sentengas, quando 0 sentido de uma sentenga esté incluido no sentido da outra, Essa relagao € mais complexa. Tomemos um exemplo: (3) a. Isto é uma cadeira e é de madeira. b. Isto é uma cadeira de madeira. Implicagdes 33 Qualquer falante do portugués sabe que a informagéo contida em (3b) estd inclufda em (3a) ¢ que, portanto, podemos concluir que (3a) acarreta (3b). Veja que, se a sentenga (3a) for verdadeira, consequentemente a sentenga (3b) também serd verdadeira; seria contraditério afirmar a primeira sentenga e negar a segunda: (4) a, Isto € uma cadeira e é de madeira, b, Mas isto no é uma cadeira de madeira. Esse conhecimento € parte do conhecimento sobre 0 que essas sentengas significam: nfo precisamos saber nada sobre o objeto mostrado, a nfo ser 0 fato de que é 0 mesmo objeto nas duas afirmagGes. Agora vejamos as sentencas em (5): (5) a. O Joao é alto e é um jogador de basquete. b. O Joao € um jogador de basquete alto. Vocé diria que (5a) acarreta (5b)? Se vocé respondeu nao, acertou, pois o problema agora é outro. Imaginemos que estamos apontando para os jogadores de basquete, que, em realidade, sio altos. Estamos certos em afirmar (5a). Mas imaginemos que, entre os jogadores de basquete, vocé nao julgue 0 Joao como sendo um dos mais altos; ao contratio, ele é 0 jogador mais baixo em comparacao aos outros. Nesse caso, seria perfeitamente razodvel negar (5b): (©) a. O Jodo é alto ¢ é um jogador de basquete. b. Mas 0 Joao nao é um jogador de basquete alto; na verdade, ele é 0 mais baixo do time. Portanto, a sentenga (5a) néo acarreta a sentenca (5b), pois, se a sentenga (5a) for verdadeira, a sentenga (5b) nao tem que ser necessariamente verdadeira; ou seja, podemos negar a sentenca (5b) que ela nao ficard contraditéria & sentenga (5a); ou mesmo podemos perceber que a informac’o da sentenga (5b) nao estd contida na informagio da sentenga (5a). Baseando-nos nesses argumentos, chegamos as seguintes definigdes para a nogao de acarretamento: (7) Duas sentengas estabelecem uma relagao de acarretamento se:4 * a sentenca (a) for verdadeira, a sentenga (b) também seré verdadeira; * ainformagio da sentenca (b) estiver contida na informagao da sentenga (a); + asentenca (a) ea negagio da sentenga (b) forem sentencas contraditéi 34 Manual de Semantica Assim como a hipon{mia, 0 acarretamento também é uma relagao assimétrica, ou seja, uma sentenca contém outra, mas nao necessariamente essa segunda contém a primeira. Quando temos uma relagao simétrica, ou seja, a sentenga (a) acarreta a sentenca (b) ¢ a sentenca (b) também acarreta a sentenga (a), temos a relagao de paréfrase, que veremos mais & frente. O que fazemos ao estabelecer os acarretamentos de uma sentenga é tirar-lhe todas as informagées que acrescentamos, a partir das nossas experiéncias, do nosso conhecimento de mundo, e deixar somente 0 que esté explicito nas relagbes expressas pelos itens lexicais dessa sentenga, ou seja, 0 sentido exclusivamente literal. Em outras palavras, o acarretamento é uma propriedade que nos mostra exatamente 0 que estd sendo veiculado por determinada sentenca, nada além. Essa éa dificuldade, pois estamos habituados a entender sentencas com todas as outras informagoes extralinguisticas que possam também estar associadas a essa sentenga, a quem a profere ¢ a quem a escuta, Ao estabelecer os acarretamentos de uma sentenga, estamos fazendo uma espécie de triagem do que esté além daquele objeto, para poder analisar somente 0 préprio objeto. Antes de vocé exercitar-se um pouco, analisemos alguns exemplos. Aplicaremos as definigoes dadas anteriormente para estabelecer se ha a relacao de acarretamento entre as sentengas a seguir. E importante ressaltar que, se usarmos somente a nossa intuigdo, muitas vezes no conseguiremos perceber qual ¢ realmente o significado de determinada sentenca. Por isso, como um bom procedimento metodolégico, vamos sempre aplicar as definig6es (uma das trés) nos exercicios propostos. Vejamos, pois, se a sentenga (8a) acarreta a sentenga (8b): (8) a. Hoje 0 sol est brilhando.$ b. Hoje esté quente. A sentenga (a) nao acarreta a sentenga (b), porque, se € verdade que hoje o sol esti brilhando, nao é necessariamente verdade que hoje est quente, ou seja, 5¢ (a) é verdade, (b) nao é verdade necessariamente. Também podemos perceber que @ informacdo de que hoje est quente no esté contida na informagao de que hoje 0 sol esté brilhando, ou seja, a informagao da sentenga (b) nao esté contida na informacio da sentenga (a). Ou ainda, se negarmos a sentenca (b), ela nao ficard contraditéria a sentenga (a): hoje o sol esté brilhando, mas hoje nao est quente; é perfeitamente possivel que essas duas sentengas estejam narrando fatos que ocorram simultaneamente no mundo. j ‘Vejamos um segundo exemplo, (9) a. AJane comeu uma fruta no café da manha. b. A Jane comeu uma fruta, Implicagées 35 Se é verdade que a Jane comeu uma fruta no café da manha, é necessariamente verdade que a Jane comeu uma fruta, Portanto, podemos afirmar que a sentenga (a) acarrera a sentenga (b), porque a informacio de (b) estd contida em (a); ou porque se (2) éverdade (b) também ¢ verdade; ou ainda, a negacao da sentenca (b) é contraditoria a sentenga (a), pois é contraditério afirmar que a Jane comeu uma fruta no café da manha, mas a Jane no comeu uma fruta. Como terceiro exemplo, temos: (10) a. A Jane tomou café esta manha. b. A Jane tomou algo quente esta manha. A sentenga (a) nao acarreta a sentenga (b), porque se (a) & verdade (b) nao € verdade necessariamente: se é verdade que a Jane tomou café esta manha, nao é necessariamente verdade que a Jane tomou algo quente esta manha, pois 0 café poderia estar fio, por exemplo. Tente aplicar as outras definigdes, como exercicio. No exemplo (11), temos: (11) a, O Joao nao sabe que a Maria esté gravida. b. A Maria estd gravida. A informagao de que a Maria est gravida esta contida na informagao de que o Joao nao sabe que a Maria esté gravida, Portanto, a sentenga (a) acarreta a sentenca (b), pois a informagio de (b) esté contida em (a). Novamente, tente as outras definigées. Como tiltimo exemplo: (12) a. O Joao pensa que a Maria est gravida. b. A Maria esté gravida. A sentenga (a) nao acarreta a sentenca (b), pois a negagao da sentenga (b) nao €contraditéria 4 sentenga (a): € perfeitamente posstvel dizer que 0 Jodo pensa que a Maria esté gravida, mas a Maria nio est gravida. De posse das informagées dadas, tente vocé fazer os exercicios propostos. Exercicios . 1. Digase existe a relacéo de hiponimia ou hiperon{mia nos pares a seguir (observando a direco da seta), usando a estratégia de decompor os itens lexicais em propriedades _ semAnticas: 1) homem -> animado 2) gente + crianga 36 © Manual de Seméntica 3) onga > mamifero 4) liquidificador > eletrodoméstico 5) vegetal > drvore 11, Estabelega para as hiponimias acima, it, Para cada par de sentengas, diga sea sentenga definicdes estudadas. os hipénimos € os hiperénimos das cadeias, (a) acarreta a sentenga (b) ejustifique sua resposta usando uma das erés 1) a. Osestudantes vao & festa. b. Todo estudante vai & festa. 2) a. O Joao fez todos os exercicios. b. O Joao fez alguns exercicios. 3) a. O Joao sabe que os porcos nao tém asas. b. Os porcos nao tém asas. 4) a. O Joao pensa que os porcos nao tém asas. b. Os porcos nao tém asas. 5) a. O Oscar e 0 Jos¢ sao ricos. b. O José € rico. 6) a. O Oscar € 0 José so de meia-idade. b. O Oscar é de meia-idade. 7) a. Todo mundo saberd a resposta certa. b. Ninguém saber a resposta certa. 8) a. O Joao € solteiro. b. O Joao nunca se casou. 9) a. Nés acabamos de comprar um carro. b. Nés acabamos de comprar alguma coisa. 10) a. Seu discurso me confundiu. b. Seu discurso me confundiu profundamente. 11) a. Todos tiveram uma vida boa por li. b. Alguém teve uma vida boa por ld. 12) a. Os rapazes correram para casa. b. Os rapazes foram para casa. 13) a. E dificil de se cacar clefantes. b. Elefantes sao dificeis de se cagar. 14) a. A Maria ¢ 0 Joao sao gémeos. A O Joao ¢ a Maria tém a mesma fisionomia. 15) # Que a Maria tenha consegui , ‘i a guido vencer nao abalou o Joao. 16) a. Nao foi a Maria que chegou tarde, b. Alguém chegou tarde. 17) a. O Paulo parou de fumar. b. O Paulo furmava. Implicagdes 37 18) a. A Maria acha que o José jé chegou. b. O José chegou. 19) a. O Paulo ea Maria ainda sao felizes. b. O Paulo é feliz. 20) a. Houve um roubo no banco. b. O banco foi roubado. 21) a. Que a Maria tenha fugido nao surpreendeu seu namorado. b. A Maria fugiu. 22) a. Nao foi o menino que caiu. b, Alguém caiu. 23) a. A Maria acredita que as aves voam. b. As aves voam. 24) a. O presidente do Brasil anda muito gordo. b. Existe um presidente do Brasil 25) a. O Paulo continua a falar dos outros. b. O Paulo falava dos outros. Pressuposi¢Go Para tratar da nogio de pressuposigao, seguirei a linha mais tradicional da abordagem referencial, focalizando a atencao somente nas chamadas pressuposigdes légicas ou semanticas.” Entretanto, proponho que as pressuposicées também tenham algumas caracteristicas pragmaticas ¢, por isso, vou assumi-las como sendo uma nogio semantico-pragmatica. Afirmo isso por concordar com Ilari e Geraldi (1987: 76), quando afirmam que [...] em algum sentido as pressuposigées ndo fazem parte do conteido assertado [ou seja, caracteristica pragmética]; entretanto, & preciso salientar que no processo pelo qual somos levados a compreender um contetido pressuposto, a estrutura linguistica nos oferece todos os elementos que nos permite derivé-lo [ou seja, caracteristica semantica]. Portanto, se pensarmos em um continuo para as implicacées, a pressuposicéo estard localizada no meio, como uma relagdo semantico-pragmética, diferentemente dos acarretamentos, em que sio inferidas expressées bascando-se exclusivamente no sentido literal de outras, ou seja, uma relacao estritamente semantica, diferentemente das implicaturas conversacionais, que so nogées estritamente pragméticas. Frege (1892) observou que existe um tipo de contetido em certas sentengas que nao € afetado, quando essas sentencas séo negadas, ou sao colocadas em uma forma interrogativa, ou mesmo como uma condicional antecedendo outra sentenga. Por exemplo: 38 Manual de Semantica (13) a. O Jodo conseguiu abrir a porta. 2’. O Joao nao conseguiu abrir a porta. a”. O Joao conseguiu abrir a porta? 2”, Se o Joao conseguiu abrir a porta, (14) O Joao tentou abrir a porta. ele deve estar aliviado. Nas sentencas em (13), 0 fato de o Jofo tentar abrir a porta permanece inalterado, Podemos, entio, afirmar que as oragbes airmativa, negativa, interrogativae condicional com o verbo conseguir compartilham um tipo espectfico de contetido. A esse contetido compartilhado pelas sentencas em (13), Frege deu o nome de pressuposigo, Portanto, podemos dizer que as sentengas em (13) pressupéem a sentenga em (14), Vejamos outro exemplo: (15) a. O Joao parou de fazer caminhadas. a. O Joao nao parou de fazer caminhadas. a”, Se 0 Joao parou de fazer caminhadas, cle deve ter engordado. 2”, O Joao parou de fazer caminhadas? (16) O Joao tinha o habito de fazer caminhadas. Podemos afirmar que existe um contetido que € compartilhado por todas as sentengas em (15): 0 Joao tinha o habito de fazer caminhadas. Ou seja, as sentencas em (15) pressupdem a sentenca em (16). Para que alguém diga qualquer das sentengas em (15), cle e seu interlocutor tém que compartilhar e assumir como verdade, ou seja, tomar como verdade, uma informagao anterior & sentenca proferida, Se for verdade que 0 Joo parou de fazer caminhadas, ou que o Jodo nao parou de fazer caminhadas, ou para que eu faa a pergunta: “O Joio parou de fazer caminhadas?” ow ainda que eu coloque uma condigao antecedente como: “se 0 Joao parou de fazer caminhadas...”, temos que tomar como uma verdade anterior que o Joao tinha o hdbito de fazer caminhadas. E, se existe uma informagao extralingu(stica envolvida para que tais sentengas sejam proferidas, uma informagio anterior a0 préprio proferimento das sentengas em (15), podemos coneluir que temos af um tipo de conhecimento pragmatico, Entretanto, essa suposigio s6 é derivada a partir da estrutura linguistica da prdpria sentenga; si0 determinadas construgGes, expressdes lingufsticas que desencadeiam essa pressuposicio. No caso em (13), por exemplo, é somente a partir do verbo conseguir que podemos inferir que alguém tentou fazer algo. No caso em (15), é somente a partir da expressi0_ parou de... que podemos inferir que Joao tinha o hébito de fazer... Por isso, escolho tratar a nogio de pressuposigéo como sendo seméntico-pragmética, a ‘Vejamos as diferengas existentes entre acarretamento e pressuposigo, mest sendo essas duas nogGes consideradas, de uma maneira mais ampla, como impli Implicagdes 39 (ou, também, inferéncias). Primeiramente, podemos observar que acarretamento é uma relagao entre duas sentengas, de tal modo que a verdade da segunda decorre da’ verdade da primeira; é exclusivamente a partir da sentenga proferida que podemos inferir alguma verdade, envolvendo assim 0 conhecimento estritamente semantico. Jé a pressuposicio € um conhecimento compartilhado por falante/ouvinte, prévio A sentenga proferida, ainda que seja desencadeado a partir desta; envolve um tipo de conhecimento semantico, mas também exige um conhecimento pragmitico. Outro trago distintivo entre a pressuposigao ¢ o acarretamento é que, apesar de as duas nogées serem implicagGes, a primeira envolve néo somente uma implicagio, mas uma familia de implicagées. Em termos sintiticos, chamaremos de familia de uma determinada sentenga as quatro formas dessa sentenga: a declaracéo afirmativa, a negagao dessa afirmativa, a interrogacio ¢ a condigao antecedente. $6 ocorrerd a relagio de pressuposigao se todas as quatro formas de uma determinada sentenga (a), ow seja, se a familia de (a) tomar uma determinada sentenga (b) como verdade. Se uma das sentengas da familia de (a) no tomar como verdade a sentenga (b), nao existitd a relagéo de pressuposigao entre as sentengas (a) ¢ (b).* Em termos semanticos/pragmaticos, a familia representa tipos de atitudes expressas em relagdo A declaracao afirmativa. Vejamos, pois, como a nogio de pressuposicéo ¢ definida: (17) A sentenca (a) pressupée a sentenga (b) se, € somente se, a sentenga (a), assim como também os outros membros da familia da sentenga (a) tomarem a sentenga (b) como verdade. Apliquemos a definigao em (17). Tomando como base 0 exemplo (18), diga se ha relagao de pressuposigao entre as duas sentengas: (18) a. A Maria sabe que o Pedro gosta de dormir na aula. b. O Pedro gosta de dormir na aula, Para estabelecer se existe ou nao a relagdo de pressuposicao, primeiramente, temos que explicitar a familia da sentenca (a), ou seja, a negagao (sempre da oragao principal), a condicional, a interrogativa ¢ inclusive a prépria afirmativa, ¢ verificar se a familia de (a) toma a sentenga (b) como verdade: (19) a. A Maria sabe que o Pedro gosta de dormir na aula. a. A Maria nao sabe que o Pedro gosta de dormir na aula. 2”. A Maria sabe que o Pedro gosta de dormir na aula? 2”, Se a Maria sabe que o Pedro gosta de dormir na aula. : b. O Pedro gosta de dormir na aula. 40 Manual de Seméntica Fazendo a verificagdo. Quando eu digo: “A Maria sabe que o Pedro gosta de dormir na aula”, eu tomo como verdade que 0 Pedro gosta de dormir na aula? Quando eu digo (a’), (2’),(2”), eu tomo (b) como verdade? Como a resporrs todas as perguntas & positiva, eu posso afirmar que, no exemplo (19), (a) pressupoe (b), porquea familia de (a) toma (b) como verdade. Metodologicamente, acredito ser uma bon estrarégia sempre aplicar, nos exetcicios, esse procedimento. Vejamos outro exemplo, estabelecendo se hé ou nao uma relacéo de pressuposigao entre as duas sentengas em (20): (20) a. Nao foi a Maria que tirou nota boa em Semantica.” b. Alguém tirou nota boa em Seméntica. Explicitando a familia de (a), temos: (21) a. Nao foi a Maria que tirou nota boa em Seméntica. 2. Foi a Maria que tirou nota boa em Semintica. 2”. (Nao) foi a Maria que tirou nota boa em Semintica? 2”. Se (néo) foi a Maria que tirou nota boa em Semantica...'° b. Alguém tirou nota boa em Semantica. Se eu digo: “No foi a Maria que tirou nota boa em Seméntica’, eu estou tomando como verdade que alguém tirou nota boa em Semantica; se eu digo: “Foi a Maria que tirou nota boa em Semantica’, eu estou tomando como verdade que alguém tirou nota boa em Seméntica; se eu pergunto: “Foi a Maria que tirou nota boa em Semantica?”, eu estou tomando como verdade que alguém tirou nota boa em SemAntica; finalmente, quando eu digo: “Se foi a Maria que tirou nota boa em Semintica...”, eu tomo como verdade que alguém tirou nota boa em Semintica Portanto, a sentenca (21a) pressupde a sentenca (21b) porque a familia da sentenga (a) toma a sentenga (b) como verdade. Voltando 4 comparagio entre as duas implicagdes, 0 acarretamento € pressuposigio, temos que 0 acarretamento nao é uma condigéo necessdria para 4 pressuposigio; mesmo porque, como se define o acarretamento, nao é possivel que todas as sentengas da familia (a) sejam acarretamentos umas das outras (por exemplo,@ interrogativa ou a condicio nao podem ser verdades inferidas, sé podem sugerir alguma coisa). Portanto, existir a relagao de acarretamento nao & uma condigéo necesstia para que exista a pressuposigao. Contudo, pode acontecer que 0 acarretamento esteja Presente na mesma sentenga em que ocorra uma pressuposicio, 0 que as vezes Be" a errénea posigao de se associar as duas nogSes. Vejamos essas ideias mais clarament® com os exemplos a seguir. & Sentengas podem apresentar a relacio de pressuposigao e, também, acarretamento. Repitamos (212) em (22a): ‘ 1 Implicagdes 41 (22) a. Foi a Maria que tirou nota boa em Semantica. b. Alguém tirou nota boa em Semantica. ‘Temos que a sentenga (22a) acarreta a sentenca (22b) porque, se ¢ verdade que foi a Maria que tirou nota boa em Semantica, é necessariamente verdade que alguém tirou nota boa em Semantica. Jé vimos antes que (21a) pressupde (21b) porque a familia de (a) toma (b) como verdade. Portanto, além da relacao de pressuposicao, temos uma relacao de acarretamento entre (a) e (b). Sentengas podem ter a relagao de acarretamento ¢ nao tera relacao de pressuposigao: (23) a. A Maria tirou nota boa em Semantica. b. Alguém tirou nota boa em Semantica. A sentenga (23a) acarreta a sentenga (23b) porque a informagao da sentenca (b) esta contida na informagao da sentenga (a). Entretanto, a sentenga (a) nao pressupoe a sentenga (b) porque a familia de (a) nao toma (b) como verdade. Por exemplo, quando eu digo: “A Maria nao tirou nota boa em Semantica”, eu nao tomo como verdade que alguém tirou nota boa em Semantica. Finalmente, sentengas podem ter a relacao de pressuposi¢ao € nao ter a relacao de acarretamento: (24) a. Nao foi a Maria que tirou nota boa em Semantica. b. Alguém tirou nota boa em Semantica. Temos que a sentenga (24a) nfo acarreta a sentenga (24b) porque a negacao da sentenca (b) nao ¢ contraditéria & sentenca (a). Por exemplo, pode existir uma situagao" tal em que um professor entre na sala e diga: “Nao foi a Maria que tirou nota boa em Semantica; em realidade, ninguém tirou nota boa em Seméntica,” todos tiraram nota ruim”. E uma situa¢do perfeitamente possivel, ¢ nao contraditéria. Apesar de, m um primeiro momento, alguns estranharem essa argumentagio, cu lembro que 0 acarretamento € estritamente aquilo que estd contido na sentenga, ¢ a sentenga (24a) est apenas expressando que nao foi a Maria, mas no esté expressando que foi alguém que tirou nota boa em Semintica, Entretanto, a sentenga (24a) pressupde a sentenga (24b), como jé foi visto. Essa relagao de pressuposicao é que leva muitos a acreditar que também existe uma relagdo de acarretamento. Se vocé ainda nao se convenceu, Iembre-se do que foi realgado anteriormente sobre a dificuldade de separar 0 nosso conhecimento do mundo do nosso conhecimento estritamente semantico. Certamente, © falante nunca é ingénuo ao escolher certas expresses ¢, na verdade, quando 42. Manual de Seméntica (uma expresso desencadeadora de ou ele quer fazer 0 ouvinte acreditar bilidades. Primeira, o falante (b), sendo ele nao a estatia escolhe uma expresso como Nao foi fiulano que. pressuposi¢ao), ou o falante acredita que foi alguém, que foi alguém. Portanto, podemos pensar em duas possi confia na verdade da sentenga (b), conhece previamente enunciando, Segunda possibilidade, a pressuposigao € um mecanismo de atuagio no discurso: o falante quer direcionar a conversa, fazendo o ouvinte criar certa expectativa em relagio a (b). Perceba que 0 que ¢ tomado como verdade pode ser anulado: (25) Na verdade, ninguém tirou nota boa em Semantica. Jé os acarretamentos nao podem ser anulados, pois a verdade eseé contida ou nao no que foi comunicado. Portanto, a pressuposicao lida nao somente com questdes sobre sentengas individuais ¢ seu valor de verdade (como os acarretamentos), mas também com os usos das sentencas em conexao com o dis Como tiltima observagéo sobre as pressuposig&es, exist desencadeadoras dessa relacdo, como o exemplo anterior Nao foi fiulano que. ‘As construgées clivadas," curso. ‘em intimeras expressdes .. Vejamos alguns tipos. Primeiro, podem-se listar as do tipo sintatico. em (26) ¢ (27), tém como pressuposigao (28): (26) a. Foi o seu comportamento que me aborreceu. 2, Nao foi o seu comportamento que me aborreceu. 2”, Foi o seu comportamento que me aborreceu? 2”, Se foi o seu comportamento que me aborreceu... (27) a. O que me aborreceu foi o seu comportamento. 2, O que me aborreceu nao foi o seu comportamento. 2°. O que me aborreceu foi o seu comportamento? 2”, Se o que me aborreceu foi o seu comportamento... (28) Alguma coisa me aborreceu. Existem, também, alguns tipos de oragées subordinadas, como as temporais € as comparativas, que desencadeiam a pressuposicao em (b): j a Euaindandodirigiaautomével, quando vocaprendeuaandarde veloc ‘ ja automével, quando vocé aprendeu a andar de veloclpe a”, Se eu jé dirigia automével, quando vocé aprendeu a andar de vel b. Vocé aprendeu a andar de veloc{pede. Implicagdes 43 (30) a. Ele € bem mais guloso do que vocé. 2. Ele no & bem mais guloso do que vocé. a”. Ele & bem mais guloso do que vocé? a”, Se ele é bem mais guloso do que vocé... b. Voce é guloso. Outros tipos de desencadeadores sio os lexicais. Por exemplo, os verbos chamados factivos (saber, esquecer, adivinhar etc.) so desencadeadores porque eles pressupdem a verdade do seu complemento sentencial: (31) a. O Joao sabe/esqueceu/adivinhou que os cachorros voam. 2. O Jodo nao sabe/esqueceu/adivinhou que os cachorros voam. 2”. O Joao sabe/esqueceu/adivinhou que os cachorros voam? a”, Se 0 Joao sabe/esqueceu/adivinhou que os cachorros voam.. b. Os cachorros voam. Pocemos constatar que. familia de (a) toma (b) como verdade." Contrariamente, 08 verbos nao factivos (imaginar, pensar, achar etc.) nao pressupdem a verdade de seus complementos. Em (32), nao podemos dizer que a sentenga (b) é romada como verdade para se proferir a familia da sentenca (a): (32) a. O Joao imagina/pensa/acha que os cachorros voam. 2. O Joao nao imagina/pensa/acha que os cachortos voam. 2”. O Joao imagina/pensa/acha que os cachortos voam? 2”, Se o Joao imagina/pensa/acha que os cachorros voam... b. Os cachorros voam. Outro exemplo de desencadeadores lexicais de pressuposicéo séo expressées que denotam mudanga de estado, como parar de, iniciar em etc. Essas expresses pressupéem o estado anterior & mudanca ocorrida: (33) a. O Joao parou de fumar. 2. O Jodo nao parou de fumar. 2”. O Jogo parou de fumar? 2”. Se o Joao parou de fumar... b. O Joao fumava. Existem, ainda, varios outros tipos de desencadeadores de pressuposicéo. Entretanto, 0 importante no nosso estudo ndo é conhecermos a lista desses 44 Manual de Semantica desencadeadores para podermos estabelecer se existe a relagao de pressuposisio, O televante é sabermos aplicar a definigao para conseguirmos estabelecer ou nao a Pressuposigao entre as sentengas. De posse, pois, das informagGes anteriores, estabelega a relacao de pressuposicao nos exercicios propostos a seguir. Exercicios 1. Especifique as relagées estabelecidas (acarretamento ¢/ou pressuposi¢ao) entre as sentencas (a) e (b), justificando a sua resposta de acordo com a definicao (explicite a familia de (a), no seu exercicio): 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14) a. O Joo nao adivinhou que o Paulo estava aqui. b. O Paulo estava aqui. a. O Joio adorou ter conseguido um emprego. b. O Joao conseguiu um emprego. a. Sandra, vocé parou de vender perfumes? b. A Sandra vendia perfumes. a. Nao foi o José que roubou a loja. b. Alguém roubou a loja. a. Se 0 Paulo esqueceu de fazer o dever, ele deve estar em apuros. b. O Paulo pretendia fazer o dever. a. O Joao certificou-se de que a Maria tinha safdo. b. A Maria tinha saido. a. O inventor da penicilina néo morreu. b. Existe alguém que inventou a penicilina. a. O menino foi salvo por um lobo. b. Alguém foi salvo por um animal, a. O rei da Franga é calvo. b. Existe um rei da Franga. a. Nao foi o D. Jodo que declarou a independéncia. b. Alguém declarou a independéncia. a. O Joao é solteiro. b, O Joao nao é casado. a. Nao foi a Maria que perdeu o trem, b, Alguém perdeu o trem. a. Que 0 Joao tenha fugido nao aborreceu a Maria, b. O Joao fugiu. a. O Paulo e 0 José ainda sio jovens. b. O José é jovem. Implicagées 45 15) a. O Joao acha que a Maria jé saiu. b. A Maria saiu. 16) a. O Jofo lamenta que a Maria o tenha deixado. b. A Matia deixou Joao. 17) a. Foi o José que deixou a porta aberta. b. Alguém deixou a porta aberta. 18) a. O Pedro assumiu que havia trancado 0 cofre. b. O Pedro havia trancado 0 cofre. 19) a. O inventor do saca-rolhas é um desconhecido. b. Existe alguém que inventou o saca-rolhas. 20) a. A Maria reconheceu seu erro. b. A Maria cometeu um erro. a. Alguns dos alunos nao vio se formar. b. Nem todo aluno vai se formar. a. O Paulo e 0 José sao poderosos. b. O Paulo é poderoso. a. A Linda admitiu a culpa. b. A Linda era culpada. a. Eu jé falava inglés, francés e grego quando vocé aprendeu a falar ingles. b. Vocé aprendeu a falar ingles. 25) a. O Pelé, que foi um grande jogador de futebol, fez mais de mil gols. b. O Pelé foi um grande jogador de futebol. ut. Diga, das afirmagGes apés 0 texto a seguir, se so (ou nao) acarretamentos e/ou pressuposig6es, justificando as suas respostas pelas definigGes dessas nogGes:!° NX 22) 23) 24) Ex-chacrete desmente A ex-chacrete Josefina Canabrava desmentiu boatos do reatamento de seu casamento com Tim Tones. Tim Tones ¢ filho do atual gerente das empresas Tabajara, Seu Creyson. Ela me garantiu que esta muito bem sem o artista, ¢ que até jd arrumou um novo amor. 1) Josefina Canabrava foi chacrete, no pasado, 2) Josefina Canabrava e Tim Tones foram casados por algum tempo. 3) O pai de Tim Tones ainda vive. 4) O pai de Tim Tones é Seu Creyson. 5) Seu Creyson trabalha nas empresas Tabajara como gerente. 6) Correram boatos de que Josefina Canabrava e Tim Tones reataram o casamento. 7) Josefina e Tim Tones nao terminaram o casamento. 46 Manual de Semantica Indica¢gdées bibliogrdaficas es de Olivera (2001, cap. 2), Maller e Viott (2001), Hari e Gerald Em portugues: Chierchia (2003, cap. 4), (1987, cap. 4). i 1), Cruse (1986, caps. 4€6), Hi Em inglés: Sced (1997, caps-3.¢4), Chierchiae McConnell-Ginet (1990, caP- FF ruse | » caps. 4¢6), Hurford, ‘¢ Heasley (1983, cap. 3); Kempson (1977, cap. 3) € Lyons (197, cap. 7 €9)- Notas 1 Estou me referindo aqui apenas & nogio de pressuposi se outras nocées de pressuposigdo das quais nao tratarei neste livro, - | + Anotagio [ee] el-.}éusada para indicar que aquelapropriedade éexistente ou nfo no item lexical. Por exemplo, Gquande indico que cachorr: [animal], estou me refetindo a0 fato de que a palavra cachorro conetm a propriedade de ser animal; poderia afirmar, também, que cachorro: (-humano], pois a propriedade de ser humano nao esti presente no item lexical cachorro. > A diferenga entre (3) e (5) é gerada pela natureza relacional Entretanto, a nogio de alto €reativa aquilo que o adjerivo es uma mancira geral, se os compararmos a outros individuos. Mas, j 1,80m é ser alto em geral, mas nfo €alto para um jogador de basquete; a média de alrura de jogadores de basquete é de 1,90m —logo, um jogador de basquete de 1,80m nao é um jogador de basquete alto. O que acontece com o exemplo fan () € ques adjetvo alo, usado em (a), esti se eferindo aos individuos em geal e,em (best se referindo aos jogadores de basquete. Por isso, o contetido de (5b) nao estd contido, necessariamente, em (5a). 4 Veja que podemos usar uma ou outra definicéo, pois todas tém o mesmo sentido. O que veremos é que, metodologicamente, para estabelecer os acatretamentos, 4s vezes & mais ficil empregat determinada definigio 5 Duas sentengad sio contraditdrias quando elas estiverem descrevendo situagGes que sic impossiveis de ocorrer simultaneamente no mundo. © Os exemplos e os exercicios apresentados neste capfculo, sobre acarretamentos ¢ pressuposigdes, so tirados ow adaptados de Cangado (1999), Ilari e Geraldi (1987) ou traduzidos e adaprados de Chierchia e McConnell-Ginet (1990), Hurford ¢ Heasley (1983) ¢ Saeed (1997). 7 A pressuposigao € tratada pela literatura sob diferentes perspectivas. Existem autores que a concebem dentro da abordagem referencial, como est4 sendo aqui tratada (Chierchia e McConnell-Ginet, 1990; Chierchia, 2002 Lyons, 1977; Kempson, 1977; entre outros); outros que as dividem em pressuposigBes semanticas e pressuposigles pragméticas (Leech, 1981); ¢ outros que as concebem somente como relagbes pragmaticas (Stalnaker, 19 1979; e Sperber e Wilson, 1995). © E bom realgar que os termos tomar como verdade pressupor, na linguagem cotidiana, so usados no mesmo sentido- Para falar aquilo, Maria tomou como verdadelpressupés que sua amiga conhecia o homem. Na concepsao semantica da pressuposigio, essas duas noges sio distntas, sendo a primeira uma condigdo necesséria para a segunda. Ou seja, para que haja a pressuposicio, & necessério que todas as quatro formas da sentenga — afirmativa, negativa, inverrogativa e condicional - comem como verdade um determinado contetido Sigo, aqui, definicio de Chierchia poo cle 990) Maior awe assumem que € necessério somente que as formas afirmativa enegativa 9 Por razdes Sbvias arelagio de pressuposicéo pode ser estabelecida a partir t: familia da sentenga (2), € no memes ets sHematias Pavtt de qualquer uma das quatro formas « "© A intertogativa ea condicional podem ser feta a partir da afirmativa ou da negativa; as duas formas Funcionario da mesma maneira. * 11 Betou situando as sentengas, exatamente, para mostrar que, quando exis o i (240) no sio contrat, pos exitem stages no mundo em que possivel a ocorrencia das dust senten simultaneamente; portanto, nfo existe relagio de acarretamento entre (24a) e (24b). Nao confanda esse teste O™ aideia de que oaeareamento ecu iffo sGo nogées associadas 20 uso da lingua. "2 Fique atento para a negagio de (24b): a negacio incide sobre o quantificador alguem e i tirou nota boa. Veja que Alguém no trow nova boa nao é uma ao ens ee temoe = Ne w ae eee ae bape é rn telagio de implcarura conversacional. ivagem é um termo usado na descrigio gramati seaudiai , . trate de uma dni oraho dividida em das pares cody a ee evomingda onto dig 4 Repare que tomar alguma coisa como verdade ndo significa, necessariamen (Crystal, 1985: 49). 15 Esse exercicio é baseado em Ilari (2001). te, que essa coisa seja verdade no «fo dgica ou semintica: na literatura pragmdtica encontram. do adjetivo alto. Um objeto & de madeira ou nio é sce referindo, Os jogadores de basquete sio alto, de {quando nos referimos a jogadores de basquete, j

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