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Ambiguidade e vagueza Os varios significados das palavras Continuando com 0 estudo das propriedades semanticas ainda dentro de uma idade ¢ os perspectiva referencial, farei, neste capftulo, um estudo sobre a ambi a' etc. No emia, a vage fendmenos relativos a essa propriedade, tais como a pc 1 a polissemia, sob uma de tra capitulo “Papéis teméticos”, veremos outra manci perspectiva cognitiva; ¢ no capitulo “Atos de fala ¢ implicaturas conversacionais", veremos um outro tipo deambiguidade, a situacional, que é uma propriedade relativa 20 uso da lingua, Todo falante sabe que dar o significado das palavras no é uma tarefa ficil, As vezes, pensamos que sabemos 0 significado de determinada palavra, mas, quando tentamos estabelecé-lo exatamente, ele nos foge. Isso se deve ao fato de o significado, na maioria das veres, estabelecer-se a partir de um determinado contexto.? Geralmente é mais facil definir uma palavra se esta é dada no contexto de uma sentenga. Efeitos contextuais podem direcionar os significados das palavras para diferentes caminhos. Veja, por exemplo: se eu perguntar o sentido do verbo quebrar para qualquer falante do portugués, hé uma grande chance de ele me responder que & 0 ato de alguma coisa 0 ato de alguma coisa mudar de estado. Entretanto, se analisarmos simples assim: se partir, ou s¢j as sentengas a seguir, veremos que a resposta nao é (1) a. O Paulo quebrou o vaso com um mattelo. b. O Paulo quebrou 0 vaso com o empurrio que levou. c. O Paulo quebrou sua promessa. d.O Paulo quebrou a cabega no acidente. €. Paulo quebrou a cabega com aquele problema, f. Paulo quebrow a cara. g. Paulo quebrou a empresa. Digitalizado com CamScanner 66 Manual de Semantica Seri que em (1) temos outros sentido, além do que parece mais yin, _ Jorar tem o mesmo sentido em todas as acorréngy P' quebrar? Ou 0 verbo que ee a nog de wagers tonno a reakar que esse Fendmteno semincco «ott assoctado a exprewies que fazem referéncias apenas de uma mancira aprovimad, ses testes, ver Cruse (1986: 49 Retomat cxando 9 contexto acrescentar as informagées no. especificadas nas expressies es Tomemse, como exemplo,adjetivos relacionais como alto, grande, simples ex. “« pensarmos que umn clfante & grande, estaremos corretos. Mas se pensarmos que tr formiga de vintecentimetros & grande, também estaremos cortetos. Poreare 2 sdeta de grandeza é uma nogio vaga, Veja que certos quantificadores, como nérios, ‘alguna etc., no especificam quem sio as Pessoas exatas de quem falamos, Até mesmo ‘jetivos que parecem mais determinados podem ser vagos. Se pensarmos em rere, no sabcremos o limite certo de onde essa cor passa para o seul (como um azul em um pato correndo. 2) O Joio ati d 3) Nés adoramos estudar Seméntica. 4) Algumas pessoas adoram Fisica. 5) O Joao é um rapar.satisfeito. Pode: que essa palavra 6,20 mex, 1, Considere o verbo amarelar. Pode-se afirmar que essa palavra é, Procure construir exemplos para demo, a, vaga ¢ indicial. Procure co plos p ambig possibilidades, Tipos de ambiguidade ‘Temos, entdo, que a ambiguidadeé, eralmente, um fendmeno semintien, aparece quando uma simples palavra ou um grupo de palavras é associad +, tum significado, Vejamos alguns exemplos": (9) (10) Homens ¢ mulheres competentes tém os melhores empregos, (11) Todos 08 alunos comeram seis sanduiches. :u estou indo para o banco, neste exato momento. (12) Eu nio posso falar de chocolate, Yemos que, para cada um dos exemplos, hi duas ou maisinterpretagéesdiints Antes que eu mostre as possivisinterpretagdes de (9) a (12), tent vocé mesmo ach. Em (9), € palavra banco que gera as duas interpretagoes: ou eu estou indo para ua instituigio financeira, ou eu estou indo para o assento, como o banco da ‘praca. Em (10), podemos entender como homens e mulheres sao competentes, ou como sé as mulheress competentes.O que geraessa ambiguidade éa estrutura do sintagma nominal (ss), ou ‘ja asintaxe da sentenca, Em (11), temos uma ambiguidade gerada pela possibil de distribuicio entre o quantificador todos ¢ 0 8w plural seis sanduiches cada aluna comeu seis, ou temos que ou todos 05 alunos juntos comeram os seis. Essa & conhecida como ambiguidade de escopo. Na tltima sentenga, a ambiguidade é gerada pelas possiveis implicaturas que podemos extrair d ou eu detesto chocolate, ou ew adoro chocolate. Ess €aambiguidade situacional, que seré estudada no capitulo “Atos de fala e implicaurs conversacionais”. Separando somente este tiltimo tipo de ambiguidade, a situacional podemos dizer que, px 4 identificar os acarretamentos de sentengas ambiguss temos de definir, exatamente, em qu Como vimos nos exemplos fendmenos da lingua, on al sentido a sentenga est sendo incerpretads. anteriores, a ambiguidade pode ser gerada por vitios até mesmo de seu uso, ‘Tentarei classificé-los, seguindo, de } as ambiguidades mostradas _ Eneretanto, 4? uma maneira pe literatura semanti Digitalizado com CamScanner n ha pratica diddtica, pude separ fongo da mint ” que varios exemplos que os alunos me lot 036 0 AM Nos vérios tipos propostas na literatura a que tive acesso. Parisso esol incluir alguns outros fendmencs lingutsticusgeradotes de ambiguidad jrando, paral classificagio, a definiio trivial de que sentengas ambsguassio aqlas presenta mais de urna interpret ea » possivel ambiguidade lexical Retomando 0 exemplo (9) em (13), temos: (13) Eu estou indo para o banca, neste exato momento. Em (13), temos um exemplo de ambiguidade le tagio incide somente sobre o item lexical. al, ou seja, a dupla interpre- “omo jé vimos, 0 item lexical banco que tomnaa sentenga ambigua. Entretanto, a ambiguidade lexical pode ser gerada por dois tipos de fendmenos distintos: a homonimia ca polissemi: Homonimia ‘A homonsmia ocorre quando os sentidos da palavra ambfgua nao sio relacionados. Existem as palavras homégrafas (14), com sentidos totalmente diferentes para a mesma grafia e 0 mesmo som; € as homéfonas, com sentidos totalmente diferentes para o mesmo som de grafias diferentes (15). Vejamos os exemplo: (14) a. banco— — instituigao financeira® — lugar em que se assenta b. manga — fruta — parte do vestudrio (15) sexta/cesta Entretanto, essa divisio nfo é muito relevante. Por isso, para os nossos estudos, consideraremos simplesmente a nogio de homonsmia. Podemos ainda observar que as variagdes de prontincia apontam para o faro de ute nem todos os falantes possuem o mesmo grupo de homonimias. Por exemplo, em um dialeto caipira, a palavra calma, pronunciada como carma, pode ser homénima 4h palavra carma (castigo). O que no ocorreria em nosso dialeto, Tene achar outros emplos desses na nossa lingua. Polissemia ia ¢ polissemia tradicionalmente Existe uma diferenga entre homonim' dl mente pela Lexicologia. Todos os asumi . : : . ida pela literatura semantica, mais especifical Digitalizado com CamScanner 72 Manuat de Semdantica s s varios . lois fendmenos fidam com os varios sent i dois fendme “ra, pos posstveis semtidos dy pale Mg tanto, polissemia avorre quande 0s j Palayy f entretanto, * aint, One alguma relagio entre si: : (16) pé: pede eadeira, pe de mesa, pede Huta, pede pipig, a7) rede eee dct ee etic, ted de computadires Fa (16). send de pécome sero above Ce pease ideia de algnma coisa entrlagada € pep, entidos. Em (17), a ideia de ale = sto entre sentidos dados. Para estabelecer essa re de fi ; Htc ais, Entrctanto, vor’ pereebers que estabelecer se 4 A nossa int ne €, As veres, dos itens lexi relacionados nio ¢ tio trivial, ¢, por isso, a polissemia é um dos te mas m; na literatura Tinguistica. Nem sempre hé uma concordang 1 EDEEE 05 Filan, 40 histdrica ders Hes itens poy ide, mesmo se houvesse uma telagio AMetiog, « relagao entre os itens em questio, ou mesmo a rec Uupera ser tio antiga que, na atualid tity palavras sem relagio, A distingio homontmia/polissemia & de extrem Na descricig y léxico de uma lingua. Palaves * polissémicas serio listadas como te io ma meng entrada lexical, com algumas 8 palavras homdnima cterfsticas diferentes; rerio duas (ou mais) ent S lexicais. Em muitos considerada uma homon{mia em rela 5, a1 mesma palava pode determinado sentido e ser al pasta: io relagio a outros. Observemos o item lexi Polissémicaem (18) pasta, = ps (19) pasta * de dente, pasta de comer (sentido bisico = masa) 1 = pasta de couro, pasta ministerial (sentido bisico « Jugar expecta) O item lexical pasta pode ser t a cada ocorréncia, como pode ser he 0s sentidos sao totalmente dis Essa distingao condicionante de boa p anto polissémico nos virios sentidos associads omdnimo entre (18) ¢ (19), pois me parece que intos. ind € muito celevante em outzos dominios, pois €um a arte da descricio gramatical, Por exemplo, as fungées ence Po vio depender de considerarmos suas varias acep4oes- i um verbo como quebrar, ¢ tiver 6 sentido de alterar o estado de objetos wt ascociadas & entrada lexical desse verly eis tem uma causa © um pac "ki atribufdas por um verb as seguintes informagies seman| a prect Fenle c, portanto, duas posigées a serem P ; : " " cad, Ta Ente, se quetrar iver o semi de decepcionar ver 06 informagio de que 0. ‘ portant i a iadoreP Possui somente a finngao semintica de experienc Digitalizado com CamScanner uma posigio sintitica a preencher, A qu apenas fo é camo vamos colocar esse vether so Kxico: como uma palavra homdnima ou polisséuiea? A distingio homonimia/polissemia ainda condiciona perguntas crane ar como auxiliar € © mesmo verbo que ir, verbo de movimento? Ou sea: a verb guxiliar # €um verbo de movimento? Mais: é possivel ui mosno ier Wien ser tum substantivo (canto) © uma forma verbal (ew canto)? Mar exsas san questives que mos tratar aqui. io ¥: Vejamos alguns exemplos de sentengas que contenham nbi umn tipo de arb polissemia ou uma homontmnia euidade lexical ¢ tentemos defini se é um (20) Aquele canto cra o preferido pela lolanda (21) O Henrique cortou a folha, (22) O Frederico esqueceu a sua concha. As nossas intuigdes si as mesmas? Em (20), tem-se a palavra canto, que teria como significado geral tanto a palavra mtisica como a palavra lugar. Parece-me que (21), a palavra temos af uma homonimia, p {alba pode ser folha de caderno ou folha de drvore. Em que esses sentidos podem estar relacionados? Podemos associar papel a drvore? Qual é a sua intuigéo? Em (22), consigo afirmar que concha de mar ¢ concha de cozinha tém 0 mesmo formato, daf a associagi0 polissémica. JA deu para voce perceber que distinguir polissemia de homonimia nao éuma tarefa banal." Ambiguidade ou vagueza com preposicdes? (23) © quadro da Maria é muito bonito. (24) O burro do Paulo anda doente. Em (23), podemos ter trés interpretagdes: 0 quadro que a Maria pintou, 0 quadro quea Maria tem eo quadro que fizeram da Maria, Em (24), temos duas interpretagbes: 0 burro que 0 Paulo tem ou o burro que o Paulo é. O que gera essas ambiguidades é a preposigio de." 7 Em Kempson (1977: 127), exemplos com preposicao, principalmente com a breposiczo de, como os anteriores, sfo apresentados como casos de vaguera. A autora afirma que “um tipo de vaguidade € a indererminagao do significado de um item ou Sntagma, cuja propria interpretacao parece intangivel e indererminada,Talvez, um dos exemplos mais extremos disso se encontre em sentengas construidas com a preposiea0 te.0 livro de Joao, 0 trem de Joao, os lengéis de Joao”. Entretanco, se spicames oo dcambiguidade, proposto pela propria autora, chegaremos & condusto de no ©o claro que os exemplos anteriores sejam exemplos de vagueza. Veja Digitalizado com CamScanner 1 o quadro da Maria; € © do Joao tam tc; ¢ o do Joao também o do Paulo também. (29) Muitas pessoas compra (26) O burro do Paulo anda YO livia do Joao tee o maic : ) trem do Joao passa cedo; ¢ 0 do Paulo também, suicessot Naw me parece possivel que tenhamos as interpretagses disjuntivas seguinges ), (27) ¢ (28), respectivamente: ata as sentengas (25), (2 > quadro que a Maria pinton © 0 quadro 9) Muitas pessoas compraram 0 quadro q quadro em que 0 Joio é modelo, _ (80) O burro que o Paulo tem anda doente 0 burro que 0 Joao é anda docnte, eserevettcolivro.queo Paulo compro, icc o maior sucesso livtw que o Jos edo o trem que 0 Joio conduz ¢ 0 trem que o Paulo peg: Qn (32) Pass A minha interpretagio sobre ocorréncias com preposi¢io € que realmente sio sentenyas ambiguas, pois ¢ssas tém claramente duas ou mais interpretagies, ¢ 66 o dos esti sendo utilizado na sentenga, Por exemplo, cintas de sentengas claramente vagas: qual dos sem contexto especific sentengas com preposigd 0 muito d (33) Virias pessoas mor (34) A pessoa m aqui. chegou niicada ja © tém duas interpretagdes, apenas nio sio especificadas, Essay sentengas in if Muito diferente das sentengas com preposigies. O que ocorre & que preposigies sie io estabelecidos a s “leves", ou seja, podem ter vitios sentidos, que s6 s itens levi partir da composigio com seu complemento e, As veres, até mesmo em composigio com 0 verbo, io Paulo), X qualidade (0 burro do Paulo, casa de pedra), ao modo (veio de cavalo), ao agente (0 guadro da Maria), & posse (casa da Maria) etc. Mas Fepare que, apesar dle serem muitas possibilidades, s6 podem ser essas; nao podem ser outras, como companhia, afetado etc. Ao contritio do que afirma Kempson (1977), a interpretaga das preposigdes nao é “intangivel ¢ indeterminada”, pois as Preposices tém associadas atclas determinados sentidos, que devem estat listados no léxico. Veja que nao podemos colocar as preposises de uma maneira arbitréria; estas s6 se encaixam em contextos em {ue existe uma compatibilidade semantica com alguns dos sentidos que possam ter: Principalmente a preposigao de, que pode se referir 4 origem (vein de 0 (35) A Maria veio de Sio Paulo. *com So Paulo/sobre Sao Paulo (a preposi¢io tem que ter 0 sentido de origem) (36) A Maria comprou uma casa por/de/com cem mil reais, “em cem mil reas! Contra cem mil reais (a preposigao tem que ter 0 sentido de valor) Digitalizado com CamScanner | | Ambiguicte Poranto, a ambiguidade @ gerada peta “levera” do conceride semantic, MENEE ays norm as preposighes. Note que alguimas preposigdes silo mais leves que outeast © de Gum exemple provoripica de fevers dle conterile, © 4 preposigio an Gum exemplo protoripico de contetido mais pleno, Veja outros exemplos com pposigdies que tint mais de any sentido: (37) © Jodo fer a prova pela Maria, (38) O deputade falou sobre o carro de bombeiros, Fav (87), a preposigio por pode ser interpretada tanto como enn intengio da Maria como em lugar da Maria, Bin (38), a preposigio sobre pode ser interpretada ima do carro de bombeiros come o assunto de sua fila foi o carro de s que levam a das ou tanto como er hombeiros, Assam, pois, que sentengas envolvendo preposig xemplos de ambiguidade lexical, Note que 0 ais interpretagiies so, enn realidad, contexto, nesse caso, tvdo funciona como o especificador de algum dado nio explicito, como no caso de vagueza, mas funciona como o selecionador do sentido desejado, como no caso de ambiguidade, Por exemplo: é muito bonito, Bla é uma excelente pintora. (39) © quadro da Ma O contexto em (39) seleciona um tinico sentido para a sentenga em (23): 86 podemos interpretar essa sentenga como sendo a Maria a agente da agio de pintar 1B P 0 quadto. Outro caso: vagueza OU implicatura? (40) ‘Todo ntimero é par ou fmpar. (41) Voc quer café out leite? iva, ou seja, nado hi Fm (40), temos 0 caso em que 0 0786 tem uma leita excl ambiguidadte de interpretagto: 6 pode ser uma coisa ou a outra, Mas, em (41), remos snclusiva: ou podemos entender que voce escolhers apenas uma s. E perfeitamente possivel uma Icitura exclusiva ¢ das opgdes, ou podlemos entender que voct escolherias du “Eu quero os dois, café ¢ leite”. Para Kempson (1977: 128), argumenta que “casos c uma resposta com exemplo trata de uma vagueza, nao de ambiguidade, A aurora a digungio de diferentes interpretagdes, & aplicar nenbum em que o significado de um item envolve tum caso de vagueza”, Nesse caso especifico do ou, nio conseguimos Mas podemos perceber que 0 conresto selecions mbiguidade. Nao me parece razoivel 4 mais especificado no dos testes propostos anteriormente. o sentido, © que é uma caracteristica tipica de associar apenas tuma inespecificidade ao sentido de a, que se Digitalizado com CamScanner 76 Manual de Semantica contexto, Parece-me, antes, que existem duas interpretagdes distintas ¢ que 1» 4 nga. ser escolhida, dependendo da entonaso dada & sentensa —_ Chierchia (2003: 255) assume outra possibilidade para a ocorréncia do gy inclusivo/disjuntivo, Para 0 autor, 0 ou pode ser tratado como Sore ambiguo; ele pode tanto ter uma leitura exclusiva quanto inclusiva. Existe também uma segungy i que c possibilidade, a mais adotada na literatura, almen 7 que consiste uras poss{veis, deixando a segunda por conta de ma delas principalmente em Pragmitic: em associat ao on apenas uma das leit "eon uma inferéncia guiada pelo contexto, ou s fears, Bs stem evidenciag empiricas em favor dessa segunda possbilidade. Se 0 01 fosse lexicalmente ambiguo, ma lingua em que essa ambiguidade nao exist ou seja, uma implicatura. E; provavelmente encontrariamos u : “ i Provavelmente existiria uma lingua em que haveria duas palavras para significar 9 ou exclusivo € 0 o1 inclusive. Como acontece para outras palavras ambiguas, Por exemplo, a palavra cdo do portugués ¢ ambigua entre animal e parte de wma arma de fogo; para o inglés, existem duas palavras dstintas para esses objetos (dog e cock respectivamente). Embora se encontrem, em algumas linguas, mais de um morfema para exprimir a disjungao, esses morfemas tendem a set, sistematicamente, ambiguos entre um sentido inclusivo ¢ outro exclusivo." Portanto, parece-nos que temos um caso tinico nas linguas do que podemos chamar de ambiguidade universal. Ambiguidade sintatica Repetindo o exemplo (10) em (42), temos: (42) Homens e mulheres competentes tém os melhores empregos. Esse é um dos exemplos de ambiguidade gerada pela estrutura, no caso mais especifico, gerada pela estructura sintética: a ambiguidade sintética. Nesse tipo de ambiguidade, nio é necessério interpretar cada palavra individualmente como ambigu, mas se atribui aambiguidade As distintas estruturas sintéticas que originam as distintas interpretagées: uma sequéncia de palavras pode ser analisada (subdividida) em um Brupo de palavras (chamado de sintagma) de vrios modos. Em (42), 0 adjetivo competentes esté modificando homens ¢ mulheres ou simplesmente mulheres: Uma interpretagio acarreta que ambos, homens ¢ mulheres que séo competentes, tém 05 melhores empregos (43a); Outra interpretagao acarreta que as mulheres que #0 competences ¢ 0s homens tém os melhores empregos (43b): (43) a. [Homens ¢ mulheres] com b. [Homens} petentes tém os melhores empregos: 6 € [mulheres competentes] tém os melhores empregos- Digitalizado com CamScanner vagueza 77 Outros exemplos de ambiguidade sintitica s (44) Alugo apartamentos ¢ casas de veraneio, (45) O magistrado julga as criancas carentes. (46) O Cruzeiro venceu 0 Sao Paulo jogando em casa. (47) Estou com vontade de comer chocolate de novo. Em (44), teremos uma primeira interpretagio se entendermos o sintagma de veraneio sendo relacionado ao sintagma apartamentos e casas; em uma segunda interpretacio, teremos um primeiro sintagma apartamentos ¢ um segundo, casas de terancio. Se dividirmosas estruturas usando colchetes, teremosas seguintes possibilidades: (48) a, Alugo [apartamentos ¢ casas] [de verancio]. b. Alugo [apartamentos] ¢ [casas de verancio]. Em (45), podemos entender que as criangas carentes sao julgadas, ou temos que 0 magistrado julga carentes as criangas. Alterando a ordem das palavras, em estruturas com colchetes, temos: (49) a. O magistrado [julga as criangas carentes]. b. O magistrado [julga carentes] [as criangas). Em (46), temos a sentenca jogando em casa relacionada ao Cruzeiro ou ao Sao Paulo, Nesse exemplo, alterando a ordem dos sintagmas para percebermos quem é 0 sujeito da sentenca com gertindio, temos as seguintes estruturas: (50) a. © Cruzeiro venceu [0 S40 Paulo jogando em casa]. b. [O Cruzeiro jogando em casa] venceu 0 Sao Paulo. em (47), temos o sintagma de novo relacionado somente a comer Finalmente, gmas chocolate ow a estou com vontade, Novamente temos que mudar a ordem dos sinta para deixarmos claras as possfveis interpretagoes. Veja as estruturas: (51) a, Eu estou com vontade [de comer chocolate de novo]. b. Eu estou [com vontade de novo] de comer chocolate. 0 as diferentes possibilidades éncia de diferentes Em todos os exemplos, o que geraa ambiguidade possibilidade de ocorr de . ‘corganizar as toda ver que se tratar de uma ntengas, ou sejay esun a Wturas sintéticas na mesma sentenga. Portanto, Digitalizado com CamScanner as possibilidad ambiguidade sintética, conseguimos mostrar as 1 : fo das expressdes envolvidas eentenga apenas alrernando a posigao das exp que nio acontece com os outros tipas de ambiguidade, Ambiguidade de escopo Fxisre outro tipo de ambiguidade estrutural, a chamada ambiguidade de exc. midade € (11), repetide a seguir Um exempla desea amb (52) Todos ox alunos comeram seis sanduiches: Em (52), remos as seguintes interpretaghies: of alunos todos comertm wm seis sanduiches ou cada aluno comen seis sandutches. A ambiguidade desea seny corre de um item lexical ambiguo; também nao podemos reorganizar a senten., em duas estruturagées posstveis. A ambiguidade de (52) decorre de uma mas nio da estrutura sintdtica, e, sim, da estrutura semantica da sentenga, ou a mancira de organizar a relacio de distribuicio ene as duas interpretagée os palavras que expressam uma quantificagio que gera a ambiguidade, Ou temos ums intexpretagio coletiva, em que a expressio todos of alunos tem como alcance, ox excopn vex:sanduiches, como um todo," ou temos uma interpretagio distributiva, em que ads fala duas Knguas (diferentes) Fm (54), temos que o Carlos eo José, juntos, sdo ricos ona aque cada wo separadd @r1c0. Vodernos ter as seguintes representagies: carlos © 0 José (todos) -» so ricos (juntos) (60) cada um =» € rico (separado) Digitalizado com CamScanner Ambiquidade evaquera 79 Em (55), pode-se entender que rod mundo ama a mesma pessoa on que cada oa anna uma pessoa diferente, Nejarwos as representagies: pes (61) todo mundo — ama un (mesma) pessoa (62) cada pessoa —* ama uma pessoa (diferente) Finalmente, em (56), temos que Léa dew nm tinico livro para todas as garotas ou que cada garota receben um livro diferemte, As representagies se (63) todas as garotas > receberam um liveo (tinico) (64) cada garota —* recebew um livro (diferente) Seguindo ainda a observagio de Pagani (2009), podemos realgar que, na verdade, os quantificadores 1 08 tinicos tipos de expressio lingufstica que apresentam a ambiguidade de escopo. Além deles, ha uma série de outros operadores que, quando aparccem juntos na mesma sentenga, apresentam também a ambiguidade de escopo."* Vejamos um exemplo: (65) © Joao nao namorou todas as garotas da sala. Uma primeira interpretagéo, a mais provivel, seria: © Joo namorou algumas garotas da sala. Nessa interpretagio dizemos que a negacio tem escopo sobre a quantificagao universal, negando-a, Uma segunda interpretagio, menos provével, seria: © Joo nfo namorou nenhuma aluna da sala, Nessa interpretacéo dizemos que a quantificagio universal zodas as garotas tem alcance, ou escopo sobre o operador da negacio. Portanto, com a ambiguidade de escopo, temos outro exemplo de ambiguidade relacionada 2 estrutura da sentenga. A diferenca basica entre ambiguidade sintética cambiguidade de escopo é que, quando hé a sintética, voc8 consegue reorganizar a mesma sentenga em diferentes estruturas lineares; quando hi a de escopo, nao se tém 1a sentenga, mas se tém duas estruturas subjacentes duas formas lineares de organi (ou formas légicas) distintas. Ambiguidade por correferéncia A ambiguidade por correferéncia € um tipo de ‘i no tem sua origem nem nos itens lexicais, nem na organizagio sintitica da sentenga ambiguidade é gerada pelo fato de os pronomes ambiguidade sistematica que © nem no escopo da sentenga. A poderem ter diversos antecedentes: propria arma. (66) © ladrio, roubou a casa do José, com a st (67) O José, falow com seu, irmio? Digitalizado com CamScanner _—_—_—"—S——ss—"i#=i_"ss‘ ke$srrt—~—~—C = 80 Monuat de Semantica Asie pot eosin pron sentengas. Em (66), 0 pronome ia pode estar coindexado, em urna ligase arate, tanco com o ladro quanto com a ford. Veron, enti, das inverpretaghes distinea a sentenga: uma em que o ladrio usow a arma dele para roubar a casa © ours ¢ o ladrio usou a arma de José.” Fm (67), podemon entender que o falante quer s),., se 0 Joxé falou com o irmio do José, uma ligaydo anaférica, ou ve foi com « irryae, 4, quem escuta a pergunta, tratando-se, portanto, esta diltima, de uma ligagio dsivieg Atribui¢Go de papéis tematicos Assume-se geralmente que, a partir da relagio de sentido que 0 verbo estabelece com seu sujeito € com seu complemento, seus arguments, ele atribui ura funcin Semantica, um papel, dentro da sentenga a esses argumentos. A ssa propriedade semintica dé-se 0 nome de papel temético, nogdo que veremon detalhadamente no capitulo “Papéis tematicos”, Porém, adiantarei neste ponto que também a atribuice de papéis teméticos pode ser geradora de ambiguidades. Vejamos 0 exerpler ) (68) O Jo’o cortou o cabelo. (69) O doutor Joao operou o nariz. Um mesmo verbo pode atribuir diferentes papéis temdticos para umn mesmo 2rgumento, em interpretagbesdistintas. Em (68) e em (69), 08 verbos cortare opera Podem atribuir tanto o papel de agente como de beneficrio aos sujeitos das sentencas. ‘Temos para (68): 0 Jodo ¢ cabeleireiro e cortou o cabelo de alguém ou o Join foi cortar o cabelo com o cabeleirero. Em (69): 0 doutor Joao & médico e operou 0 nariz de alguém ou « dowtor Jodo teve seu nariz operado por alguém. Essa ambiguidade parece ocorrer com tuma classe especifica de verbos, em que existe a possibilidade de voce fazer determinada aso ou de alguém fazer essa agao por voce: (70) A Maria fez as unhas. (71) A Maria fez uma escova, (72) A Maria fotografou bem. (73) A Maria xerocou o material, Nesses exemplos, ou a prépria Maria fez suas unhas, fer uma escova em su cabelo, forografou alguma coisa xerocou seu material, sendo a agente de todas essas goes, ou alguém fez as unhas da Maria, fez uma escova na Maria, fotografou a Maria € xerocou o material para a Maria, sendo a Maria, Nesses casos, a beneficidria dessa agoes descritas. Digitalizado com CamScanner | Ambiguidade e vaguera 87 Construgdes Com gerundios Apesar de nao ser uma ambiguidade muito accita pelos falantes, alguns manuais de redacio apresentam construgdes com gerindio como sendo ambiguas ¢, portanto cestruturas a serem evitadas por quem escreve: (74) Estando atrasado aquele dia, o Jodo nfo entrow na sala. (75) Prevendo uma resposta indelicada, nio o interroguei. Segundo alguns autores, sentengas contendo geriindios, como (74) ¢ (75). podem gerar uma dupla interpretacao: existe uma leitura temporal ou uma leicura cqusativa possiveis. Podem-se parafrascar as sentengas, respectivamente: (76) a. O Joao nao entrou na sala, quando estava atrasado. b. O Joao nao entrou na sala, porque estava atrasado. (77) a. Nao o interroguei, quando previ uma resposta indelicada. b. Nao o interroguei, porque previ uma resposta indelicada. Entretanto, nao é unanimidade que (76a) ¢ (77a) sejam possiveis parifrases para (74) € (75). Ambiguidades multiplas ‘As sentengas nem sempre apresentam ambiguidades de um tinico tipo. Os virios tipos explicitados anteriormente podem aparecer, concomitantemente, em uma mesma se interpretarmos uum item lexical de uma determinada maneira, sroseacs. As vexs, ¢ interpretarmos esse mesmo item de teremos uma determinada estructura sintati teremos outra estrutura sintdtica. Hd, nesse caso, uma ambiguidade outra maneira, lexical ¢ sintdtica: (78) O Jorge nio tinha ouvido. (79) © Arlindo tirou os pés da mesa. sendo um nome que tem como Em (78), se interpretarmos ouvido como rutura sintdtica em que euvido é sentido habilidade musical, s6 poderemos ter a est! um complemento do verbo ser: (80) © Jorge (nao tinha] [ouvido]. Digitalizado com CamScanner 82 Manual de Seméntica: Entretanto, se interpretarmos ouvide como sendo o participio do verbo pyy;, 86 poderemos ter a estrutura sintética em que existe um tempo verbal composio, « sentenga nfo tem complemento: (81) O Jorge [nao tinha ouvido). Em (79), se interpretarmos os pé& como. sendo um suporte da mesa, sé, Poderemos ter o sintagma os pés da mesa como complemento de tirar: (82) © Arlindo tirou [os pés da mesa]. Ou se interpretarmos os pés como sendo uma parte do corpo humano, eles x5 podem ser do Atlindo e, entio, s6 podemos entender a sentenga com a divisio do re ee sintagma as pés da mesa em dois sintagmas distintos: (83) © Arlindo, tirou [os pés] [da mesa]. Outro exemplo dessa multiplicidade pode ser representado pelos exemplos de ambiguidade lexical com a preposigao de. A cada interpretagéo a seguir, aribuidas 20 exemplo (23), repetido aqui como (84), temos um distinto papel temético sendo atribuido a Maria: (84) O quadro da Maria é muito bonito. Se 0 quadro foi pintado pela Maria, ela é 0 agente da ago; se a Maria tem a pose do quadro, ela éa possuidora; e se a Maria éa modelo do quadro, ela é 0 objeto daacéo. Também, no exemplo (24) de ambiguidade lexical, repetido aqui como (85): (85) O burro do Paulo anda doente. se interpretarmos burro como sendo um nome, referindo-se a animal, 0 Paulo sé poderd ser 0 possuidor; se interpretarmos burro como sendo um adjetivo pejorativo, o Paulo 6 poderd ser entendido como quem recebe uma caracteristica. Portanto, também teremos uma ambiguidade em relagao & atribuicao de papéis teméticos. Ainda, um ultimo exemplo, repetido como (86): (86) O ladrao, roubou a casa do José, com a sua,, propria arma. : sremos # Se entendermos que a correferéncia & de 0 ladréo com a sua arma‘ seguinte estrutura sintdtica: Digitalizado com CamScanner Ambiguidade evaguera 83 (87) [O ladréo com a sua prépria arma] roubou a casa do José Se entendermos que a correferéncia é de o José com a sua arma, teremos o seguinte: (88) O ladrao roubou a casa do {José com a sua propria arma). Veja que nem sempre que ocorre a ambiguidade por correferéncia tem- se também uma ambiguidade sintdtica. Alguns livros trazem a ambiguidade por correferéncia como sendo sintatica. Mas se pensarmos que a ambiguidade sintética ¢ a possibilidade de reorganizar a sentenga de varias maneiras, veremos que, em (67). por exemplo, isso nao possivel. Para concluir, quero esclarecer que, apesar de eu ter classificado os varios tipos de ambiguidade, nao é sempre tio facil assim fazer essas distingbes, como parecem sugerir os exemplos. Além disso, a andlise dos exemplos mostrados nao ¢ exaustiva. Com certeza, 0 leitor ainda encontrard outras interpretagdes possiveis para os exemplos dados. Para esta introducéo, entretanto, o relevante é mostrar alguns tipos de ambiguidade existentes na lingua e despertar a curiosidade do leitor para um estudo mais aprofundado sobre o assunto. Exercicios 1. Elabore um exemplo de cada tipo de ambiguidade tratado neste capitulo. 11, Estabelega a origem das ambiguidades nas sentengas a seguir: 1) Falando em chocolate, me deu uma vontade de comer. 2) A terra esté acabando. 3) Os eleitores revoltam-se contra os deputados por causa dos seus salérios. 4) Osalunos conseguiram lugar no teatro. 5) Abandonei-o contrariado. ©) Osespecialistas debateram ontem as saldas para a crise em Sio Paulo, 7) A Maria pediu para ela sair. 8) © Flamengo venceu o Atlético jogando em casa. 9) 0 Joao xerocou todos os livros. 10) Ele é tido por protetor de pivete ou travesti? 11) © Joao ¢ 0 José estudam em dois turnos. 12) O menino viu o incéndio do prédio. 13) O Joao comprou balas para 0 José perto de sua casa. 14) Ela perdeu a cadeira no departamento. 15) A Maria perseguiu a Paula como se ela estivesse louca. Digitalizado com CamScanner 84 = Manual de Semontica 16) O banco esté quebrado. 17) O Paulo ea Maria leram quinze livros. 18) A Natdlia sofria muito com aqueles cdlculos 19) O Joio nao ajudou todos os meninos 20) A escola precisa urgentemente de bons livros ¢ mestres 21). O Joao comprou a casa do Paulo por um bom pres 22) A Celina lembrou-se do Maurflio na igreja. 23) Todos da sala assistiram a dois filmes. 24) Cachorro fez mal 4 moga. 25) © deputado falou sobre a igreja. 26) A Sénia recebeu o livro emprestado. 27) Estando adiantado, 0 Joao nao saiu aquela hora. 28) A Maria tem algumas provas. 29) A Maria fez as unhas. 30) O cachorro do vizinho anda esquisito. 31) Julgando intteis as cautelas, curvei-me a fatalidade. 32) O Joao pintou as paredes da sua casa. 33) © Jorge ama a Rosa tanto quanto o Joao. 34) © Marcos ¢ 0 Paulo so poderosos. 35) Ela fez aquilo por mim. 36) O aluno passou a cola muito bem passada. 37) A Maria fotografou superbem. 38) Quem fala francés, Joao ou Maria? 39) Todos os alunos nio fizeram a prova. 40) O Joao construiu uma casa na praia. Indicagées bibliograficas Em porrugués: Chierchia (2003, cap. 4), Pires de Oliveira (2001, cap. 2 € cap. 5) ¢ llari e Geraldi (1987. cap. 4) Em inglés: Saced (1997, cap. 3 € 10), Chierchia e McConnell-Ginet (1990, cap. 1), Hurford ¢ Heasley (1983. cap. 3)- Lyons (1977, cap. 7) € Kempson (1977, cap. 8). Notas Encontra-s, também, aterminologia wguidadr sgo, aqui, atraducio dada por Pagani, Negrie aie Chierchia 2003) + Ver discussio sobre o assunto em Firth (1957), Halliday (1966), Lyons (1965, Kempson (1977). ‘Saeed (1997) € CChierchia (2003), asa forma & uma adaptagdo das formas do s0, 0 do, do s0 t00 do ingles, sas por Kempson (1977) * Esse fendmeno, tratado por Rosch (1973, 1975) em sua teoria de protétpor deenvolido em cermas lingusr> por Fillmore (1982) ¢ Lakoff (1987), serd visto no capitulo “Protétipos ¢ metéforas” deste manual, Digitalizado com CamScanner Amoiqudede 9 vaguera BS «Nie confinda 0 uso do contexte para resolver questi sembaticas. come am a petipris ammbiguidade ou a peipria wagers 1 fentimersn convestoat wopbinde ¢ 2 expec. como sono «Afparir de sugestex de Pagans (2109), fir aumas corrrgiex eo eepentn # seg Relembrando, temos que sintagma nominal (ex) # um grupe de palavrar que nenere. preferenciaimente. na fegoinee cers nn prints um determinante. sim name # um qualifieadar Somenre name.» nice tem & Jc de cetar presente, send nw enittne elementos opine + Paerermeske (7998) aponta para n fate de que x palzeea hence pode ter. também. ama outea yntespre iva Erbe on a tem ambiguidade semethante: lirre 0 préprin obyers ¢ 0 canted: nerme — a mbquirea om hagar onde se Ft Se peeyoeake: chara exee tipo de inbigurdote de pohecemsa complemenrar “ eros + Camo it explicitado anteriormente. « fendmeno da poleemea cimhém eri rrarade soh outra perypectiva, a agmitiva no captrulo "Prordtipas © meréforas” 1 Ver Perens (1999), Repare que. nesee caso. também temox 2 ambiguidade do item lexical barre com 2 iets da posse relacionacds 40 dc rrte-se do burro animal; se temos a ideia de atribrigio de qualidade relacionada a0 de, remos o burma come um adjerivo peyorative. Calne a questio de comporigio éxico, ver Pustejorsky (1995) © © contexte, no caso, parece ser a prosédia, segundo conchisies de Lopes (2001) s Chierchia (2003. 604), em nota, alude ao fato de que o conrrasre enere ‘vel e ane des lation ¢ citade, as venes, como ‘um ponsivel caso de desambiguizagio do ow, Mas os fatos sho haeeanre controversos. + A representagio dada por colcheres via facilitaraleitura dos inscanees erm Linguistica, Exeay reprerentagies podleriam também ser dadas pelas estruturas arbiireas, bastante usadas em reorias gerarivistas. Nowe que a maneira de distribuigio desses sanduiches € vaga: 4 metade dos alunos pode rer comida rts ¢ 2 ower meade erés, ou um aluno pode ter comido um ¢ 04 outros cinco alunos quatro, ¢ assim por diane Nie usarei as representacies em linguagem de logica de predicados, para facilitar 4 leirura aos imeianres em Semannica, + Ver sobre quantificaggo ¢ escopo no portugues brasileiro, o capitulo 5 de Pires de Oliveira (2001) Apetr de alguns alegarem uma leitura deitca do pronome sma neste exemplo, no me parece pomivel a senerpretagéo por causa de prépria, que remete a uma interpretagio somente anafdrica. © Pagans (2009) mostra que € possvel haver mais incerpretagGes para a sentenga em (79) Digitalizado com CamScanner

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