OGL Quarta-feira, 3/ 9/ 86 Policia Federal tem lista de todos da PE quando morreu Rubens Paiva ‘A Superintendéncia de Policia Fe- deral no Rio ja tem em seu poder 0 primeiro documento a ser anexado ‘a0 inquérito que vai apurar 0 de- saparecimento e morte do ex-Deputa- do Rubens Paiva, em janeiro de 1971. Tratase de um ‘boletim de servico reservado da Diretoria Geral de Pes- soal do Exército, com data de 18 de fevereiro de 1971, assinado “por dele- gacto’ pelo entdo chefe de: esbinete uele drgdio, Coronel José Alberto Pinheiro da Silva. O Chefe da DGP, cujo nome também consta do docu: mento, era o General Izaac Nahon. O boletim publica a nomeaeao do Coro- nel Francisco Homem de Carvalho ‘ao comando do 1° Batalhao de jlicia do Exército, em substituicao ao Coronel Ney Antunes. 0 boletim de servico, admitiram “eon “urd + Brasilia diz hoje quem é Procurador A designacdo do Procurador da Justia Militar no Rio de Janeiro ‘que Vai acompanhar 0 inquérito so- bre o desaparecimento do ex-Deputa- do Rubens Paiva sera formalizada hoje, em Brasilia, pelo Procurador Geral da Justica Militar, Francisco Leite Chaves. A indicacao 6 sera di- vulgada hoje porque o representante do Ministerio Publico designado nao tinha sido encontrado até o final do expediente. © Procurador Geral da Repuibli- ca, Sepulveda Pertence, disse ontem que até pouco tempo o arquivo do Ministério da Justia era “uma ba- | gunca geral”, Ble fez 0 comentario ao falar sobre 0 sumigo do processo MJ 7450/71, instaurado para que 0 desaparecimento de Rubens Paiva fosse apurado pela Comissdo de De- fesa dos Direitos Humanos. algumas fontes da Policia Federal, teria sie eenciate por amigos do Coronel Homem de Carvalho, que teve o seu nome incluido na relacao dos oficiais em postos de comando e diretamente envolvidos no episédio da pristo, tortura, desaparecimento morte — como agora denuncia 0 ex-Tenente-médico Amilear Lobo — do ex-Deputado Rubens Paiva. A simples compararao de datas prova © contrario, raciocinam os amigos de Homem de Carvalho. A Policia Federal alnda nfo sabe se o Coronel Ney Antunes passou ae teerre ease ps on oe fl promovido a General, nem mesmo se ainda é vivo. Mas o documento reve- la todo 0 comando da Policia do Exército em janeiro de 1971 e é con- siderado de grande importéncia pela Superintendéncia de Policia Federal, porque através dele poderao ser ou: vidos todos os militares lotados no quartel da Rua Bardo de Mesquita, no periodo em que Rubens Paiva es: teve preso. ‘0 Diretor da Delegacia de Ordem Politica e Social da Policia Federal no Rio, Delegado Carlos Alberto Car- doso, nomeado pelo Superintendente Fabio Calheiros Wanderley para conduzir o inguérito, passou o dia fora de seu gabinete, coordenando a distribuicdo as zonas eleitorais dos noivos titulos. Simultaneamente, vé- rios agentes tentavam localizar 0 en- dereco do médico Amilcar Lobo. Ele sera ouvido logo que 0 delegado en- carregado receber todos 0s documen- tos — muitos deles ainda em Brasilia — existentes sobre 0 caso. ‘Adriano’ considera elucidacao do caso importante para a democracia © Vioe Presidente regional do Par tido Comunista Brasileiro, Carlos Al- berto Muniz, afirmou ontem que a apuragao do caso do desaparecimen- to do ex-Deputado Rubens Paiva pelo Ministério da Justiga "'é muito im- portante para a estabilizagao da de- mocracia no Brasil”. Muniz, que no inicio da década de 7 era 0 guerti- Theiro Adriano, citado numa carta trazida do Chile para Rubens Paiva, que acabou, interceptada pelos or- ‘aos de seguranca, provocando a pri- sao do Deputado cassado, acha que 0 proprio Governo deve prosseguir no esclarecimento do caso, pois “exis- tem condigdes politicas para isso, alem de ter surgido realmente um fato novo com as revelagdes do mé- ico Amilear Lobo”. dirigente do PCB achou normal ue o Ministro do Exército, Leonidas Hires Goncalves, tenha proibido todo militar sob seu comando de dar qualquer entrevista sobre o desapa- recimento de Rubens Paiva, sob a justificativa de que 0 caso esta “sen- do investigado pelo Ministério da Justia”: Quanto a sua participagao no epi- s6dio, Carlos Alberto Muniz, que nos anos de 68 e 69 foi presidente do Di- retério Central dos Estudantes da Universidade do Brasil (hoje Federal do Rio de Janeiro) e presidente da Unido Metropolitana dos Estudantes, disse que foi pequena: = Um de meus codinomes na época, Adriano, foi mencionado numa car- ta enderecada a Rubens Paiva por Heleninha (Helena Bocaitiva), que foi quem me apresentou a ele, no primeiro semestre de 1970, num en- contro em Vila Isabel. Depois desse primeiro encontro, estive muitas ve- zes com Rubens, sempre para discu- tir politica.