Professional Documents
Culture Documents
Ensaio de Antropologia
Ensaio de Antropologia
Belo Horizonte
2021
2
Orientações:
Elaborar um ensaio de antropologia filosófica sobre uma das seguintes temáticas:
A) Cassirer e o homem como animal simbólico
B) A visão do homem nas tradições orientais.
1) As temáticas propostas são amplas. O autor do ensaio tem a liberdade de efetuar seus
"recortes" dentro da temática escolhida;
2) O ensaio deve ter entre 4-10 páginas.
3) Usar as normas metodológicas vigentes na PUC.
4) Critérios de avaliação: elaboração pessoal do conteúdo; abrangência e profundidade da
abordagem proposta.
universal e necessário. Para o filósofo, a universalidades científica pode ser por sua capacidade de
fundar leis, que são plausíveis graças às relações causais que existem entre os fenômenos.
1.2 Semelhanças, diferenças e avanços observados nas reflexões de Cassirer sobre as de Kant
A análise cassireriana apresenta traços semelhantes aos observados nas reflexões
epistemológica de Kant, mas busca expandi-las, para assim, desenvolver o pensamento simbólico
que formula o homem. Nesta perspectiva, enquanto que para Kant a ciência era concebida como
um conhecimento universal e necessário, em Cassirer a mesma passa a ser representada como um
conhecimento simbólico, uma “construção simbólica” que não se destaca em meio as demais. Com
efeito, Cassirer não se limita ao saber científico que, segundo a sua reflexão, perde o seu caráter
universal e necessário, contudo busca aprofundar a sua tese com outros conhecimentos simbólicos
presentes na identidade do ser humano.
Outrossim, vale destacar que a epistemologia kantiana é diferente da cassireriana no que
tange ao referencial científico usado por eles para fundamentar as suas observações. Enquanto
Kant baseia a sua percepção orientando-se por meio da mecânica newtoniana, Cassirer direciona
sua tese epistemológica partindo da teoria do eletromagnetismo de Maxwell. Isso torna a
observação de Cassirer inovadora, pois conforme Fernandes:
“Foi a impossibilidade de dar uma interpretação mecânica às teorias de
Maxwell, na segunda metade do século XIX, que marca o fim da hegemonia da mecânica
como teoria científica. Com a superação do mecanicismo supera-se a condição de
intuitividade das teorias científicas, ou seja, as teorias científicas não têm mais uma
correspondência imediata com a realidade sensível.” (FERNANDES, 2000).
Neste sentido, conceitos como átomo, massa e força, não existem de fato na realidade, mas
passam a ser nada mais do que construções conceituais que visam interpretar o real. Com isso em
mente, Cassirer conclui que a objetividade não pode ser mais identificada como o conceito de
substância, mas sim como uma forma de construção e interpretação do mundo simbolicamente.
Logo, a ciência é uma construção simbólica, mas não é a única que detém essa
característica, sendo possível observa-la em outras variadas esferas da produção cultural. Desse
modo, enquanto Kant se limita a compreender a ciência como a única forma de atingir o
conhecimento objetivo, Cassirer amplia esse caractere para as outras formas de expressão humana.
Haja visto que, se a realidade é apenas uma construção simbólica e que existem várias formas de
se construir a realidade, pode-se concluir que existem várias formas de objetividade. “Se em Kant
o problema fundamental era garantir a validade universal, em Cassirer passa a ser garantir a
autonomia universal” (FERNANDES, 2000). Em suma, relevância dada à ciência por Cassirer
será permeada pelo caráter simbólico, que não à distinguirá das demais construções simbólicas,
que irá considera-la com uma forma de atingir um conhecimento objetivo do mundo, todavia não
como sendo a única.
4
O ser humano, para conquistar a sua liberdade deve se auto reconhecer como criador de seu
próprio mundo, pois ao assumir essa postura se torna consciente do seu agir e de suas
responsabilidades. Todavia, vale destacar que o antropólogo não vê a liberdade como uma “dádiva
do céu” concedida gratuitamente, mas como que requer esforço, que precisa ser conquistada,
exercida e mantida, o que para muitos pode se tornar um fardo e não um privilégio.
8
REFERÊNCIAS
FERNANDES, Vladimir. Ernst Cassirer: o mito político como técnica de poder no nazismo.
2000. (Tese de Mestrado em Filosofia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
CASSIRER, Ernst. Ensaio Sobre o Homem. Uma Introdução a uma Filosofia da Cultura
Humana. Ed: Martins Fontes, São Paulo. 1994.