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Belo Horizonte
2022
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Instituto de Filosofia e Teologia
Departamento de Filosofia
Belo Horizonte
2022
Givano Irineu Marques Junior
_______________________________________
Prof. Dr. João Lino Gomes - PUC Minas (Orientador)
_______________________________________
Prof. Dr. (Banca Examinadora)
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Prof. Dr. (Banca Examinadora)
Belo Horizonte
__/__/__
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar a teoria política-filosófica de
Thomas Hobbes expressa em suas obras Leviatã e Do cidadão. Para melhor
elucidar a nossa análise, pode-se dizer que nesse artigo, buscaremos apresentar
uma possível resposta para as seguintes perguntas: O que é o estado de natural
hobbesiano? Como o britânico caracteriza as leis naturais e civis? E, do mesmo
modo, como ele conceitua o direito natural, a liberdade humana e o poder de
vontade corporal? Por fim, como ele articulou tais conceitos para justificar a
existência do Estado civil soberano? Para responde-las, no primeiro capítulo
apresentaremos a forma como Hobbes problematizou o estado de natureza,
refletindo sobre as paixões humanas, priorizando dentre elas, o sentimento do
medo. De todos os impulsos naturais, o medo é aquele que ganha destaque na
teoria política hobbesiana, podendo ser considerado o ponta pé inicial, para que os
homens deixem o Estado de Natureza para viverem em sociedade. No segundo
capitulo, vamos comentar a forma como o autor conceituou as leis e os direitos
naturais, a liberdade e a vontade humana. Em suma, as leis naturais são imperativos
que, fundamentados na razão, funcionam como base para a elaboração das leis
civis que, por sua vez, possibilitam a efetivação do poder soberano. Todavia, as leis
naturais só serão efetivas a partir da realização do contrato social. O contrato, por
sua vez, só será legitimo se for capaz de atingir a sua finalidade original, isto é, a
proteção e o bem estar de todos os seus associados. Por fim, buscaremos tratar
das leis civis, a organização do estado e como os dois termos, lei natura e lei civil,
se distinguem.
Palavras-chave: contrato social; direito natural; estado civil; estado natural; lei da
natureza; lei civil; liberdade humana; Vontade.
ABSTRACT
Por esse motivo, as duas obras receberão destaque neste artigo, todavia, a
primazia teórica será do livro Do cidadão. Porém, quando for necessário, o Leviatã
será usado para justificar ou melhor elucidar as passagens da obra Do cidadão
Neste estudo, a perspectiva antropológica hobbesiana, articulada com a sua
formulação política, será explicitada. Para isso adotar-se-á um levantamento prévio
de textos de outros filósofos e comentadores, que retratam em suas obras a
perspectiva antropológico-política hobbesiana. Dentre eles, podemos citar: Renato
Janine Ribeiro, Quentin Skinner e Norberto Bobbio.
Seguindo esse roteiro, nosso estudo terá uma divisão que ocorrerá da
seguinte forma: Primeiro vamos tratar da percepção antropológica de Thomas
Hobbes. Nesse sentido, buscaremos explicar conceitos chaves que fundamentam o
pensamento do filosofo sobre essa temática, tais como: estado de natureza, estado
civil, paixões naturais, autopreservação e vontade. Em seguida, apresentaremos a
sua reflexão política, guiando-nos por meio da exposição dos seguintes conceitos:
lei e direito natural, leis civis, justiça distributiva e comutativa, liberdade, soberano e
contrato social. Esclareceremos, por fim, como essas duas análises (antropológica e
política) se relacionam em sua justificativa para a instituição de um estado soberano.
2 A CONDIÇÃO HUMANA COMO PONTO DE PARTIDA PARA O
1 A primeira trata do esforço que devemos ter para conquistarmos a paz, a segunda sobre a
regulamentação de todas as coisas e, por fim, a terceira proclama a responsabilidade que devemos
ter para o cumprimento de todos os acordos sociais
2.1.1 O estado de natural é histórico ou imaginado?
Vemos todos os países, embora estejam em paz com seus vizinhos, ainda
assim guardarem suas fronteiras com homens armados, suas cidades com
muros e portas, e manterem uma constante vigilância. Com que propósito
fazem tudo isso, se não for pelo medo ao poder do vizinho? Vemos, até nos
Estados bem governados, onde há leis e castigos previstos: para os
delinquentes, que mesmo assim os particulares não viajam sem levar sua
espada a seu lado, para se defenderem, nem dormem sem fecharem - não
só suas portas, para proteção de seus concidadãos - mas até seus cofres e
baús, por temor aos domésticos. Poderiam dar os homens melhor
testemunho da desconfiança que têm cada um do outro, e todos de todos?
Assim agindo, tanto os países como os particulares professam
publicamente seu temor e desconfiança mútua. (HOBBES, 1992, p. 16-17).
2
O homem natural de Hobbes não é um selvagem. É o mesmo homem que vive em sociedade.
Melhor dizendo, a natureza do homem não muda conforme o tempo, ou a história, ou a vida social.
Para Hobbes, como para a maior parte dos autores de antes do século XVIII, não existe a história
entendida como transformando os homens. Estes não mudam. É por isso que Hobbes e outros citam
os gregos e romanos quando querem conhecer ou exemplificar algo sobre o homem, mesmo de seu
tempo. (RIBEIRO, 2005. p. 54)
Sendo assim, da mesma forma é possível supor que o Estado político, isto é,
aquele originado por meio da instituição do contrato social, sempre existiu. A
humanidade, nesse sentido, nunca passou por uma situação totalmente ausente de
relações sociais. Contudo, vale ressaltar que, o estado civil nunca conseguiu
plenamente estabelecer a paz, pois mesmo que a sociedade consiga atingir um
grande número de membros que se respeitem mutuamente, sempre haverá uma
parcela de indivíduos que, por falta de instrução e disciplina de suas paixões,
acabam por transgredir as leis. Nesse contexto, o contrato social deve funcionar
como um ideal, ou seja, um guia legislativo que busque regular todas as ações de
uma determinada sociedade, mas que não se efetiva espontaneamente ou de
maneira harmônica-natural, mas sim, de forma gradativa, por meio da educação e
disciplina dos sentidos.
Com essa reflexão, podemos observar o primeiro compromisso do estado civil
que, em suma, configura-se em promover uma aceitação geral, contudo gradativa,
do contrato. Os cidadãos, nesse sentido, desde a infância deverão ser instruídos a
seguir a ordem social, ter respeito pelas leis e disciplinar seus impulsos naturais,
para que, já na fase adulta possam exercer plenamente os deveres civis. Conforme
Hobbes nos alega:
[...] Um homem perverso é quase a mesma coisa que uma criança que
cresceu e ganhou em força e se tornou robusta, ou um homem de
disposição infantil; e a malícia é a mesma coisa que uma falta de razão
naquela idade em que a natureza deveria ser mais bem governada
mediante a boa educação e a experiência. Portanto, a menos que dizendo
que os homens são maus por natureza entendamos apenas que eles não
recebem da natureza a sua educação e o uso da razão, deveremos
necessariamente reconhecer que os homens possam derivar da natureza o
desejo, o medo, a ira e outras paixões, sem, contudo, imputar seus maus
efeitos à natureza. (HOBBES, 1992. p. 18).
3
Todo homem é opaco aos olhos de seu semelhante – eu não sei o que o outro deseja, e por isso, tenho que
fazer uma suposição de qual será a atitude mais prudente e razoável. Como ele também não sabe o que quero,
também é forçado a supor o que farei. Dessas suposições recíprocas, decorre que geralmente o mais razoável
para cada um é atacar o outro, ou para vencê-lo, ou simplesmente, para evitar um ataque possível: assim a
guerra se generaliza entre os homens. (HOBBES, 2005. p. 55)
Sendo assim, naturalmente somos todos iguais, em força e natureza bélica,
nossos impulsos e paixões se cruzam constantemente, os interesses particulares
geralmente são os mesmos e a resposta que damos, quando desejamos alguma
coisa, de forma violenta é a mesma, segundo Hobbes.
“Mas a razão mais frequente por que os homens desejam ferir-se uns aos
outros vem do fato de que muitos, ao mesmo tempo, têm um apetite pela
mesma coisa; que, contudo, com muita frequência eles não podem nem
desfrutar em comum, nem dividir; do que se segue que o mais forte há de
tê-la” (HOBBES, 1992. p. 34).
4Hobbes tem perfeita consciência de que essa definição há de chocar seus leitores, que se prendem
à definição aristotélica do homem como zoon politikon, animal social. Para Aristóteles, o homem
naturalmente vive em sociedade e, só desenvolve todas as suas potencialidades dentro do estado.
Esta é a convicção da maioria das pessoas, que preferem fechar os olhos à tensão que há na
convivência com os demais homens, e conceber a relação social como harmônica. (RIBEIRO, 2005.
p. 57).
mente. Todo prazer mental, tem a sua origem no sentimento de vanglória, que
consiste na busca pela aparente honra e superioridade perante os demais5. Os
outros prazeres, podem ser considerados como fruto dos impulsos sensuais próprios
da condição natural humana. Com essa afirmação, pode-se dizer que, para Hobbes,
o homem é um animal sensitivo movido por seus impulsos naturais, todas as suas
ações estão condicionadas a busca pelo prazer. Conforme se pode constatar nessa
passagem:
Ora, tudo o que venha a parecer bom é agradável, e se refere quer aos
sentidos, quer à mente. Mas todo prazer mental ou é glória (que consiste
em ter boa opinião de si mesmo), ou termina se referindo à glória no final.
Os demais prazeres são sensuais, ou conduzem, à sensualidade, que pode
ser compreendida entre as conveniências mundanas. Toda associação,
portanto, ou é para o ganho ou para a glória - isto é: não tanto para o amor
de nossos próximos, quanto pelo amor de nós mesmos. (HOBBES, 1992. p.
31).
5 O homem hobbesiano não é então um homo economicus, por que seu maior interesse não está em
produzir riquezas, nem mesmo pilha-las. O mais importante para ele é ter os sinais de honra, entre os
quais se incluem a riqueza (mais como meio, do que como fim). Quer dizer que o homem vive
basicamente de imaginação. Ele imagina ter um poder, imagina ser respeitado pelos semelhantes,
imagina o que o outro vai fazer. Da imaginação decorrem perigos, porque o homem se põe a
fantasiar o que é irreal. (RIBEIRO, 2005. p. 59)
6 Hobbes não defende a tese da renúncia total. Para ingressar na sociedade civil, o homem renuncia
a tudo o que torna indesejável o estado de natureza; mais precisamente, renuncia à igualdade de fato
que torna precária a existência até mesmo a dos mais forte; o direito a liberdade natural, ou seja, ao
direito de agir seguindo não a razão, mas as paixões; ao direito de impor a razão por si só, isto é, à
posse efetiva de todos os bens de que tem força para se apropriar. A finalidade em função do qual o
homem considera útil renunciar a todos esses bens e salvaguarda do bem mais precioso, a vida, que
no estado de natureza tornou-se insegura por causa da ausência de um poder comum. Entende-se
que o único direito ao qual o homem não renuncia, ao instituir o estado, é o direito à vida. (BOBBIO,
1994. p. 72)
Nesse contexto hipotético, marcado pelo sentimento de autopreservação e medo, o
homem aceita a vida em sociedade. Conforme nos é dito nessa passagem:
Mas, embora os benefícios desta vida possam ser ampliados, e
muito, graças à colaboração recíproca, contudo - como podem ser obtidos
com mais facilidade pelo domínio, do que pela associação com outrem-,
espero que ninguém vá duvidar de que, se fosse removido todo o medo, a
natureza humana tenderia com muito mais avidez à dominação do que a
construir uma sociedade. Devemos, portanto concluir que a origem de todas
as grandes e duradouras sociedades não provém da boa vontade recíproca
que os homens tivessem uns para com os outros, mas do medo recíproco
que uns tinham dos outros. (HOBBES, 1992. p. 32).
7
Hobbes reduz a liberdade a uma determinação física, aplicável a qualquer corpo. Com isso, ele
praticamente elimina o valor (a seu ver retórico) da liberdade como um clamor popular, como um
princípio pelo qual homens lutam e morrem. (RIBERO, 2005. p. 67)
seja ela real ou aparente. Nesse sentido, ele usará de todos os meios que a sua
capacidade permitir para se proteger e vencer o perigo. Essa liberdade manifestada
no direito natural é positiva parcialmente, pois se for vivida em plenitude,
consequentemente levará a guerra de todos contra todos e, por fim, a extinção da
espécie humana.
Por esse motivo, surge a lei natural que possibilita o regulamento das ações a
partir da razão. A lei natural, nesse contexto, funciona como um mecanismo natural
que regula o agir humano, buscando, acima de tudo, a conservação da integridade
do indivíduo perante a sua vivência no ambiente social. Portanto, pode-se dizer que,
mesmo tendendo para o mesmo fim, os dois termos, lei e direito natural, são
particularmente diferentes, o primeiro pode ser compreendido como uma obrigação
racional, enquanto o segundo, uma liberdade. Assim como Hobbes expõe: “[...] o
direito consiste na liberdade de fazer ou reprimir: conquanto a lei determine e
conecte um ao outro: dessa forma, lei e direito diferem tanto quanto a obrigação e
liberdade; que são incompatíveis quando se se referem a mesma matéria”
(HOBBES, 2020. p. 123-124).
Surge também nessa mesma problemática um novo termo que ainda não fora
observado: o poder ou vontade de pulsão, o conatus naturale. Nesse sentido, como
uma máquina que possui uma função pré-estabelecida, o poder e vontade seriam
um impulso do corpo, que tem como finalidade a sua própria autoconservação.
Percebe-se então, que existe uma semelhança entre os termos poder e liberdade,
ambos são movimentos do corpo que visam a conservação do indivíduo. Mas é
possível observar um diferencial: a liberdade é a capacidade de usar, plenamente,
esse poder que possui sem nenhum impedimento externo; quando existe algo que
impede o indivíduo de manifestar esse poder, este lhe é retirado. Nesse sentido, o
poder, segundo Hobbes, é todo movimento do corpo que tende para autodefesa,
que pode ser impedido por algum fator externo e, consequentemente, ser retirado. A
liberdade, por sua vez, é a manifestação plena desse poder, sem nenhum
impedimento para a sua realização. A partir dessa análise, pode-se constatar que
existem duas possíveis novas interpretações para o direito natural: o direito de agir
sem nenhuma obrigação social e, inevitavelmente tender para a auto extinção; ou, o
direito de agir segundo as normativas sociais, elaboradas segundo a análise racional
dos fatos. Assim, podemos dizer que o direito natural se interliga com a lei natural,
quando o indivíduo, agindo livremente, abre mão de parte de suas potencialidades e
ingressa no ambiente social, aceitando plenamente as normas instituídas através
das leis civis8.
3.1 Da primeira a terceira lei da natureza
8
Quando o indivíduo firmou o contrato social, renunciou ao seu direito de natureza, isto é, ao
fundamento jurídico da guerra de todos contra todos. É que, neste direito, o meio (fazer o que
julgasse mais conveniente) contradizia o fim (preservar a própria vida). O homem percebeu que,
como todos tinham esse direito tanto quanto ele, o resultado só podia ser a guerra. [...] Mas, dando
poderes ao soberano, a fim de instaurar a paz, o homem só abriu mão de seu direito para proteger a
sua própria vida. Se esse fim não for atendido pelo soberano, o súdito não lhe deve mais obediência
– não por que o soberano violou algum compromisso, mas simplesmente porque desapareceu a
arzão que levava o súdito a obedecer. Esta é a “verdadeira liberdade do súdito”. (RIBEIRO, 2005. p.
68)
contratos que firmamos, ou em respeitar a confiança que foi depositada em nós”
(HOBBES,1992. p. 61). Nessa lei, o que rege é a obediência ao contrato, devemos
estar atentos a tudo aquilo que ele expressa e segui-lo de acordo com a nossa
capacidade natural. Nessa determinação legislativa, o cumprimento do contrato
ganha relevância reflexiva, pois, se não for vivido plenamente, não haverá uma justa
transferência de direitos, dado que todos terão direito a tudo, logo, nenhuma ação
poderá ser considerada justa, pois todas estarão inseridas nesse contexto de caos.
Nesse cenário somente uma coisa se apresenta como fato e inevitável: a guerra de
todos contra todos.
Para melhor elucidar tais afirmativas, relembrar as condições que propiciam o
ingresso do homem numa determinada sociedade. No Estado de natureza a única
coisa que resta perante o outro é o medo, pois nunca sabemos o que esperar das
suas ações e o que ele alimenta no seu íntimo. Isso abre espaço para a imaginação,
já que fantasiamos aquilo que possivelmente o outro fará ou está pensando e,
assim, calculamos o que faremos para nos defender. Esse cálculo e ação contra a
possível ameaça é denominado por Hobbes como direito natural, sendo a liberdade
o exercício desse direito externamente. Se essa lógica for aplicada de maneira
universal, a única coisa que resta é guerra geral. Por esse motivo, através de um
pacto, constituímos a sociedade e regulamos as nossas ações e direitos. Se por
ventura, esse acordo for desobedecido, a desconfiança toma posse novamente e os
conflitos, consequentemente voltarão a acontecer9. De fato, não é possível regular
plenamente o agir de todos, sempre haverá aqueles que por algum motivo não
aceitam viver o contrato. É por essas desobediências que surgem as mais variadas
mazelas sociais. Segundo Hobbes, só seremos integralmente livres, se respeitarmos
o direito do outro. Aqueles que descumprem o acordo deverão ser tratados com a
devida punição, que deverá restituir a dignidade da vítima e assegurar que o acordo
não seja mais descumprido pelo agressor. Essa medida reafirma o valor do contrato
e elimina o sentimento de desamparo, evitando assim, um conflito generalizado.
Partindo dessa lei natural, Hobbes formula também dois novos conceitos:
Justiça comutativa e justiça distributiva. A primeira trata das relações particulares
9
Hobbes formulará um novo termo denominado injúria. Que consiste justamente em descumprir
aquilo que foi acordado no contrato. “Violar um compromisso, ou exigir de volta algo o que já demos
é o que se chama de injúria. Consiste sempre numa ação ou omissão. E tal ação ou omissão é
chamada injusta, uma vez que injúria significa a mesma coisa que uma ação ou omissão injusta, ou
quebra da confiança ou rompimento do compromisso que foi firmado” (HOBBES, 1992. p. 62-63)
entre os homens trata-se das trocas, das operações de compra e venda, de
empréstimos e de todos os atos que se refiram a um determinado contrato, em que
existe uma relação justa entre os negociantes, isto é, que os acordos e
transferências aconteceram de maneira igualitária, o pagamento e o produto
comprado coincidem em valor de troca (HOBBES, 1992). A justiça distributiva, por
sua vez: “cuida da dignidade e méritos dos homens, de modo que, dando-se a cada
qual katà tèn axían, ou seja, mais para aquele que é mais digno, menos para aquele
que menos merece”10.
A terceira lei da natureza, trata do combate contra a ingratidão, pois afirma
que não devemos fazer o mal a alguém que gratuitamente fez bem para nós ou que
se abstém de certos direitos naturais para estabelecer uma relação harmoniosa
conosco. No fundo, essa lei trata novamente da necessidade de se cumprir o
contrato, vivendo-o plenamente a exemplo daqueles que o seguem. Nesse sentido,
observando o comportamento social, o indivíduo é orientado a agir com gratidão,
reconhecendo que na sociedade existe um acordo, uma troca de favores e
concessões reguladas de direitos que devem ser respeitadas. Assim como Hobbes
afirma: “não permitas que alguém que, por confiar em ti, te fez um bem - antes que
lhe fizessem outro bem qualquer - venha a sofrer por isso; e que não aceites
presentes se não tiveres em mente esforçar-te para que aquele que os deu não
tenha uma justa ocasião de se arrepender de tê-los dado” (HOBBES, 1992. p. 67)
3.2 Da quarta a sexta lei da natureza
A quarta lei orienta “que todo homem se faça útil aos demais.” (HOBBES, 1992. p.
68). Para melhor compreendê-la devemos relembrar que são diversos os motivos e
disposições naturais que levam os homens a ingressar na vida social. Isto é, cada
pessoa se difere no modo como expressa e vive as suas afeições e impulsos.
Alguns, vivem de maneira desregrada, tomando para si tudo aquilo que deseja, sem
pensar diretamente no coletivo, isso gera um ambiente de hostilidade e desestabiliza
a estrutura social. Nesse sentido, o indivíduo inútil e perturbador, para Hobbes, pode
ser definido como aquele que não consegue regular as suas pulsões, que acima de
10
A particular importância desse contraste revela-se no fato de ser a ele que se refere principalmente
a intepretação corrente que faz do modelo jusnaturalista o reflexo teórico e, ao mesmo tempo, o
projeto político da sociedade burguesa em formação. [...] Essa esfera das relações econômicas é
regida por leis próprias de existência e de desenvolvimento, que são as leis naturais: enquanto tal, ela
representa o momento da emancipação da classe que se prepara para se tornar economicamente
dominante com relação a situação existente. (BOBBIO, 1994. p. 45)
tudo deseja realizar as suas vontades em detrimento das necessidades daqueles
que se encontram a sua volta. Para elucidar a sua teoria, Hobbes elabora a seguinte
metáfora.
Assim como nas pedras, que se juntam na construção de um edifício, há
diversidade de material e configuração. Assim, uma pedra que por suas
formas angulares e ásperas tira mais espaço das outras do que ela própria
preenche, e que devido à rigidez de sua matéria não pode ser reduzida em
tamanho, nem cortada, e por isso pode fazer que a edificação não seja tão
compacta quanto precisa ser, é descartada, por não ter serventia; da
mesma forma, costuma-se dizer que é um inútil, e perturbador dos demais,
aquele homem que tenha uma grosseira disposição a tomar para si o que é
supérfluo, a privar os outros do que é necessário, e a quem seja impossível
corrigir racionalmente, tão teimosas são suas afeições (HOBBES, 1992. p.
68).
A quinta lei natural nos orienta a “perdoar àquele que se arrepende e pede
perdão pelo passado - desde que nos acautelemos, primeiro, quanto ao tempo
futuro”. (HOBBES, 1992. p. 69). O perdão para Hobbes, nessa perspectiva, pode ser
entendido como a concessão da paz àqueles que a pedem com o objetivo de
reconstituir a relação abalada por um conflito passado. Isso é relevante de se
destacar pois, se o perdão for concedido a alguém que não se arrependeu de sua
falta e continua nos tratando com hostilidade, ele passa a ser denominado como
medo, não configurando-se assim, como um cumprimento da quinta lei natural, pois
o conflito não é finalizado e a pessoa hostilizada pode sofrer, a qualquer momento,
um atentado contra a sua vida.
A sexta lei natural nos afirma que um castigo só pode ser aplicado com a
finalidade de disciplinar e reintegrar o indivíduo que cometeu um determinado crime
a sociedade. “Que, procedendo à vingança ou impondo castigos, devemos ter em
mira não o mal passado, mas o bem futuro” (HOBBES, 1992. p.69). Nesse sentido,
num julgamento justo e fundamentado nesta lei natural, por exemplo, ao definir a
punição contra o réu, não se deve levar em consideração o mal cometido no
passado, mas o quanto essa punição contribuirá para reintegração do indivíduo no
ambiente social. Assim, como Hobbes nos relata nesse trecho: [...] “Se for levado em
conta apenas o tempo passado - nada mais é que um certo triunfo e glorificação da
mente, que não aponta para fim nenhum (pois contempla apenas o que é passado;
ora, o fim é uma coisa ainda por vir); e como o que não está dirigido para fim algum
é vão; conclui-se que a vingança que não considere o futuro procede ela vã glória, e
por conseguinte não tem razão” (HOBBES, 1992. p. 70). Aquele que descumpre
essa lei, promove um ciclo vicioso de conflitos em que o castigo é motivado apenas
pela violência gratuita e o prazer que o algoz conseguirá ao ver o seu inimigo
subjugado. Vale ressaltar por fim que, a partir dessa lei, Hobbes desenvolve um
novo conceito: crueldade. Essa violência não possui um fundamento racional e justo,
não tende a um fim benéfico e construtivo, busca apenas saciar o desejo de
vingança de uma das partes envolvidas no conflito. Em suma, aquele que
descumpre essa lei, pode ser definido como uma pessoa movida pela crueldade.
3.3 Sétima e oitava leis da natureza
11A igualdade é o fato que leva a guerra de todos. Dizendo que os homens são iguais, Hobbes não
faz uma proclamação revolucionária contra o regime (como fará a revolução francesa: “todos os
homens nascem livre e iguais” ...) simplesmente afirma que dois ou mais homens podem querer a
mesma coisa, e por isso todos vivemos uma intensa competição. (RIBEIRO, 2005. p. 66).
justamente reafirmar que a dignidade conquistada por uma determinada pessoa
numa sociedade não tem a sua origem no estado natural, mas apenas no civil.
Novamente, o filósofo tece uma crítica à Aristóteles, alegando que as desigualdades
não são frutos da condição natural humana, pois racionalmente ela só se justifica
num contexto social, naturalmente nenhum homem aceita, segundo Hobbes, ser
subjugado, nem receber menos prestígio que outro. Por esse motivo, devemos
compreender que todos nós somos iguais, possuímos naturalmente a mesma
dignidade e quem for contra tal afirmação deverá ser visto como alguém movido pela
arrogância.
3.4 Da nona a décima terceira lei da natureza
A nona lei trata da justa distribuição dos direitos. Para melhor compreendê-la
devemos lembrar o motivo pelo qual o homem, segundo Hobbes, aceita viver em
sociedade já que “que todos os direitos que um homem reivindique para si, os
mesmos ele reconheça serem devidos a todos os demais” (HOBBES, 1992. p. 72)
No estado de natureza todos os homens são iguais e possuem o direito de realizar
qualquer coisa que desejam. Quando ingressam na sociedade, para se
autopreservar de sua própria condição natural, abrem mão de parte desse direito
universal. É uma concessão parcial, pois existem alguns direitos e necessidades que
não podem ser perdidos, como por exemplo, o direito à proteção de seu corpo, ao
livre desfrute do ar, da água e de tudo aquilo que for necessário para a conservação
de sua vida. Sendo assim, existem muitos direitos do estado natural que são
preservados na sociedade civil e devem ser respeitados. A escolha de quais direitos
naturais devem ser inseridos na sociedade civil se dá pela seguinte máxima: numa
sociedade organizada, um direito natural só pode ser reivindicado por alguém
quando for possível distribui-lo de maneira igualitária a todos os seus membros.
Nesse sentido, se esse direito beneficia somente uma parte da sociedade, ele deve
ser descartado ou redistribuído de maneira justa e universal. Se isso não acontecer,
é um atentado direto a nona lei natural. O respeito a essa lei chama-se modéstia,
sua infração pleonexia.
Da décima a décima terceira lei da natureza, percebe-se que Hobbes busca
solucionar algumas pendências que surgem consequentemente da nona lei. Por
esse motivo, elas podem ser explicitadas de maneira mais objetiva, pois as suas
particularidades, como por exemplo, a forma como Hobbes emprega o termo
“direito”, já forma apresentadas no parágrafo anterior. Nesse sentido, a décima lei
afirma: “que todo homem, ao repartir o direito entre as pessoas, se mostre igual com
todas elas” (HOBBES, 1992. p. 72). A décima primeira lei nos ensina sobre o que
devemos fazer quando um determinado bem não possa ser distribuído plenamente
entre os membros de uma determinada sociedade. “que as coisas que não possam
ser divididas devem ser utilizadas em comum - se for possível - e, sempre que a
quantidade material o permitir, tendo por único limite a vontade de cada um.
Quando, porém, a quantidade não o admita, que cada um use delas dentro de
limites, e proporcionalmente ao número ele usuários”. (HOBBES, 1992, p. 73). A
décima segunda, por sua vez diz que: “àquilo que não pode ser dividido, nem havido
em comum, manda a lei de natureza ou que seja utilizado sucessivamente por
todos, ou que seja concedido a apenas um mediante sorteio”. (HOBBES, 1992, p.
73).12 Por fim a décima terceira lei afirma que: “as coisas que não podem ser
divididas, nem usadas em comum, elevem ser concedidas ao primeiro possuidor;
assim como aquelas coisas que pertenceram ao pai são devidas ao filho, a não ser
que o próprio pai tenha, anteriormente, transferido a um terceiro seu direito sobre
elas” (HOBBES, 1992. p. 74).
3.5 Da Décima quarta a décima sexta lei da natureza
Décima quarta Lei orienta que: “a todos homens que mediam a paz sejam
outorgados com um salvo-conduto. Porque a lei que ordena a paz como fim, ordena
a intercessão, como meio. E o meio para a intercessão é o salvo-conduto.”
(HOBBES, 2020, p. 145). A décima quinta e décima sexta lei estão correlacionadas.
A primeira nos ensina que quando um conflito não pode ser resolvido pelo simples
diálogo entre as partes, que a problemática seja levada para o julgamento de uma
outra pessoa, que no caso, exercerá a função de juiz. “Que aqueles entre os quais
há controvérsia submetam seu direito ao julgamento de um árbitro.” (HOBBES,
2020, p. 145).; a segunda (décima sexta lei) explica que este juiz, não poderá ser
nenhuma pessoa que esteja envolvida no conflito, pois isso levantaria, logicamente,
suspeitas sobre a sua imparcialidade. “Dado que se supõe cada um fazer todas as
12
O sorteio, pode ser de duas espécies: arbitrário ou natural. Arbitrário é aquele que é lançado por
consentimento das partes, e consiste no mero acaso (como dizem) ou fortuna. Sorteio natural é a
primogenitura (em grego kleronomía, significando o que é concedido por sorteio) ou a posse primeira.
(HOBBES, 1992. p. 73-74)
coisas tendo em vista seu próprio benefício, ninguém pode ser um árbitro adequado
em causa própria” (HOBBES, 2020, p. 145).
A décima sétima lei natural exige que os árbitros sejam imparciais nos seus
julgamentos, isto é, não podem assumir uma posição que favoreça uma das partes
que estão sendo julgadas. Acima de tudo, devem prezar pela justiça, as suas
sentenças não podem ambicionar o lucro ou prestígio que poderiam receber dos
envolvidos no processo. Essa lei orienta que, para um indivíduo se tornar juiz, ele
deve primeiramente, respeitar as leis naturais e, acima de toda vangloria, priorizar a
reta justiça. “não deve ser juiz ninguém que, da vitória de qualquer das partes, possa
ter qualquer esperança de lucro ou glória: e isso pela mesma razão aqui, que na lei
precedente” (HOBBES, 1992, p. 75).
A décima oitava lei, por sua vez, trata da imparcialidade que as testemunhas
devem ter quando estão colaborando num processo jurídico. “Que os árbitros e
todos os que julgam do fato, quando deste não aparecerem sinais firmes e seguros,
baseiem sua sentença naquelas testemunhas que aparentemente sejam indiferentes
a ambas as partes” (HOBBES, 1992, p. 76).
A décima nona lei trata da forma como as partes envolvidas num determinado
processo jurídico devam se comportar perante o árbitro. Em resumo, não devem
buscar uma vantagem que não seja exclusivamente pelos fatos do crime ocorrido,
não podem, nesse sentido, tentar comprar o juiz com uma espécie de propina. Tal lei
permite um julgamento honesto, em que todos de fato, podem ser tratados como
iguais. Independente da riqueza ou influencia que possui, o réu não poderá usar
dela para vencer o processo, pois este só deve estar fundamentado nos próprios
fatos do processo. Assim, como escreve, Hobbes:
Da definição acima proposta de árbitro podemos inferir ainda que, entre ele
e as partes por quem for designado juiz, não deve haver nenhum contrato
ou promessa que possa induzi-lo a falar em favor de uma delas; mais até:
nem deve ter firmado com nenhuma destas um contrato pelo qual se
comprometa a julgar segundo a equidade, ou mesmo a pronunciar uma
sentença que ele sinceramente julgue ser equitativo. (HOBBES, 1992, p.
76).
A vigésima lei da natureza nos orienta sobre o cuidado que devemos possuir
como o nosso corpo, para que o nosso discernimento racional não seja prejudicado.
Nesse sentido, as leis de natureza, como já retratado, são ditados elaborados pela
reta razão; quando somos privados desse discernimento racional, caminhamos as
margens das leis naturais e, assim, não as cumprimos plenamente. Sendo assim,
devemos sempre conservar a nossa integridade física, regular o nosso consumo
sobre qualquer coisa que possa danificar a nossa capacidade reflexiva. Aquele que
faz uso de algum entorpecente que lhe impeça de usar plenamente a sua
capacidade racional está agindo contrariamente a vigésima lei da natureza. “que
todo aquele que, consciente ou voluntariamente, fizer qualquer coisa pela qual a
faculdade racional possa ser destruída ou debilitada, assim rompe, consciente e
voluntariamente, a lei de natureza” (HOBBES, 1992. p. 77).
Em suma, essas são as leis naturais formuladas por Hobbes que possuem
um caráter propriamente reflexivo, não é uma imposição legislativa, mas um modelo
de conduta metodologicamente formulado pela razão. “Mas não basta o fundamento
jurídico. É preciso que exista um Estado dotado da espada, armado, para forçar os
homens ao respeito. Desta maneira, aliás, a imaginação será regulada melhor,
poque cada um receberá o que o soberano determinar”. (RIBEIRO, 2005. p. 61)
4 A ORIGEM DO ESTADO CIVIL, CONTRATO SOCIAL E AS TRÊS FORMAS DE
GOVENO
Assim que o Estado civil é instituído, este passa a ser responsável pela
manutenção efetiva da paz, ou seja, a preservação da vida de todos os seus
associados. A sua finalidade, nesse sentido, configura-se como sendo a busca pela
estabilidade social e a promoção do sentimento de segurança. Para atingir tal
objetivo, o estado civil, fundamentado nas leis naturais, elabora um conjunto de
determinações legislativas que regularão as condutas de todos os seus cidadãos.
Esse conjunto de regimentos pode ser denominado como as leis civis ou contrato
social.
Na tradição contratualista, podemos dizer que existem duas definições para o
termo contrato. A primeira, é um acordo realizado por livre associação, a segunda, é
um contrato promovido pela submissão (RIBEIRO, 2005). A originalidade de Hobbes
se encontra na forma como o filósofo fundiu os dois conceitos num só. Nesse
sentido, não existe uma associação e depois um estado, pois necessariamente, se
existe um governo, promovido por um pacto de associados, ali já existe um estado
civil, isto é, uma forma de poder que exige o cumprimento desse acordo. Nesse
sentido, são duas coisas que se conectam. Contrato social e governo civil nascem
simultaneamente. Nesse contexto, para que o acordo seja aplicado efetivamente, o
soberano deve deter um poder absoluto, isto é, exclusivo, que impeça qualquer
insubordinação dos associados.
Para isso, ele deve ser ponderado. Como o seu principal objetivo é a
segurança e bem estar de seus súditos, o soberano deve ter um bom conhecimento
das leis naturais, pois elas, como já explicado, apresentam exclusivamente a
finalidade de conservar a paz e estabelecer a ordem no ambiente social, regulando
racionalmente as ações de todos os indivíduos. O soberano que orienta os seus
comandos segundo a lei natural, agem com verdadeira justiça e dificilmente errarão.
(HOBBES, 2020)
Nesse aspecto, percebe-se que existe uma correlação entre lei natural e lei
civil. As duas definições não apresentam nenhum conflito teórico profundo e podem
ser caracterizadas como complementares. A primeira, funciona como base para a
segunda. A lei civil, nesse sentido, pode ser entendida como um comando
governamental, instituído pela autoridade do Estado civil, que orienta a forma como
os súditos de uma determinada sociedade devem agir. Logo, ela é uma ferramenta
de poder, usada para a efetivação da vontade do soberano. Conforme nos é dito: “a
lei civil é destinada a cada súdito, cujas regras, que a república ordenou para ele,
seja por palavras, escritos ou outro sinal suficiente de vontade, devem ser usadas
para distinguir o certo do errado; isto é saber o que é contrário e o que não é
contrário a lei”. (HOBBES, 2020. p. 237)
O soberano, nesse aspecto, para Hobbes, é aquele indivíduo ou grupo de
pessoas (conselho) que para bem executar a sua missão (garantir a paz social),
concentra em si os poderes econômico, político, judiciário e legislativo. A
necessidade de concentrar o poder legislativo em suas obrigações soberanas
acontece justamente por conta da própria fragilidade das leis naturais. Pois, mesmo
sendo uma base para o desenvolvimento legislativo de qualquer sociedade, as leis
naturais são apenas um ditame racional, isto é, uma recomendação que por si, não
obrigam os homens à ação. Conforme Hobbes afirma:
Estes ditados de razão são chamados leis pelos homens, mas de maneira
imprópria, porque nada são exceto conclusões ou teoremas relativos ao que
conduz a conservação e defesa da humanidade, ainda que a lei,
propriamente, seja a palavra de quem, por direito, tem comando sobre os
demais. (HOBBES, 2020. p. 148).
13
“concepção de democracia baseada nos seguintes elementos: a decisão como o elemento central
do processo deliberativo; a ideia de que, uma vez aferida a vontade da maioria, a posição perdedora
nada mais representa do que um erro”. (AVRITZER, 2000, p. 26).
dizer que é uma marca do poder: só o monarca é um corpo físico coincidindo, sem
excesso nem falha, com a realidade do poder” (RIBEIRO, 1978. p. 40).
5 CONCLUSÃO