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)S_ UNIVER: Dominio Tropical Dimensio e Conceito Kcolégico-geografico de Tropicalidade “ GiBerTO Os6r10 DE ANDRADE O tema desta contribuigio é tio audacioso quanto de nos- sa parte é temeraria a aceitagéo do convite para desenvolvé- lo. Da massa de nogées mobilizada ver-se-4 como seria im- praticavel, dentro das dimensées convencionais a que estamos x, adstritos, uma especulagio minuciosa e aprofundada. Uma ecolégico-geografica da Tropicalidade apoia-se necessiriamente numa trama de conhecimentos tao renhida e invoca tantas perplexidades subsididrias nunca decifradas que ndo nos sera possivel muito mais do que tentarmos propor uma problematica, escolher largos critérios identificadores e suge- rir tratamentos interdisciplinares ainda mais stink Wie possivel. ? 2. 20 Gitserto Os6rio DE ANDRADE _ dimensées nao sé de superficie, mas também da presenga re. ciproca, na biosfera, dos diferentes estados fisicos e das dife. nies naturezas da matéria, tudo afinal complicado pela un : . wa das relagdes humanas. Espaco, alias, crescentement® | = “desnaturado” pela técnica e sobretudo pelo fendmeno urbano, de modo que se exprime através de esforgos de abstracéo cada | vez mais acentuados 4 medida que se passa da geografia hu- j mana A sociologia e desta & economia; como quer que seja, a consideragio da espacialidade da natureza concreta (linhas geodésicas; acidentes e condicionamentos fisicos; cireunstancias e fatores histicos) continua sendo indispensivel mesmo s6 | como réde auxiliar. 0 que respeita ao espaco tropical — talvez devéssemos dizer desde ja “espacgos tropicais” — sua representagdéo men- tal funda-se freqiientemente em pressupostos de zonalidade, continuidade ou homogeneidade, quer adotados isoladamente, quer combinados em diversos graus. Mas um conceito ecol6- gico-geografico de Tropicalidade tera de se valer de tipos de correlagdo muito mais complicados. A “zona tropical” sera sémente mencionada neste estudo como a cintura geométricamente compreendida entre dois cir- culos paralelos dispostos aos 23°27’ norte e sul do equador. Jamais coincidiré rigorosamente com ela o que, sob o nome de “dominio tropical”, referiremos constituigéo ecolégica dos Tropicos. Do “mundo tropical”, porém, como cendrio étnico- social de costumes, praticas e interésses real ou presuntivamen- te condicionados por uma Tropicalidade, sé nos ocuparemos de modo incidental uma vez que nos propuzemos a néo mais do que prudentes aproximagées com os condicionamentos de esséncia fisico-bioldgica. , Uma critica dos pressupostos por outro lado, um desenvolvimento porgdes materiais dest geradas. XTen Dominio Troi Dimensio © Concerro 21 su is Se “zona” ¢ “dominio” tropicais foxsem uma s6 © mesma coisa, 0 Brasil tropical se deteria de chéfre nos subtirbios se- tentrionais da capital do Estado de Séio Paulo e a 80km a montante do salto das Sete Quedas; néo parece necessirio ou- tro exemplo de como a latitude, ela sdzinha, esté longe de ser conotagio legitima dum espago geogrifieo, quanto mais dum dominio evolégico. Ainda nas regides chamadas ‘sub-tropi- cain” o balango térmico anual) continia positive até latitudes da ordem dos 35° niio se pode ignorar o signo ecolégico-tropical da prevalecente devolugdo, pelo solo, das radiagées luminosas © actinicas absorvidas no correr do dia, Devolugiéo sob a for- ma de radiagio obseuga, constituida de raios vermelhos ¢ in: fravermelhos do espéitro: raios de agio apenas colorifica condicionadores peculiage mas da vida vegetal © de expeciais microclimas, além de particularmente favoraveis A vida microbiana, A. ésses antincios de in yyrafia médica podem-se acrescentar Aqui mesmo neste Semindrio su da de Melo que a extensiio de certas plantas cultivadas © combinagées agricolas é um indicador de Tropica- lidade além dos trépicos matemiaticos. A. lavoura canavieira aucha-se estabelecida no Parand e 4 combinagio das eulturas de banana e café aleanga a zona costeira de Santa rina @ toca mesmo a do Rio Grande do Sul. No flanco ocidental do pplanalto meridional, quem vier de Assungio do Paraguai até a for do Tguagu e dai remontar éyse vale ao longo do paralelo de Curitiba, estard continuamente em presence duma_paisagem de solos, vegetagio, uso da terra ¢ géneros de vida inequivo- tropicals: ws de muitas f ccoligico © controles. relatives iu certa de ao use da terra ver Mario Lace 22 Giserto Osorio DE ANpRADE de retérno” — massa de ar da mesma origem mas com dades fisicas que evoluem de modo diferente — ¢ no Brasil ha efeitos de circulagéo meridiana, ou secundaria, que inter. ferem perturbadoramente com a cireulagao atmosférica zonal; descargas da Frente Polar Atlantica (FPA), sistole ¢ diisicls anuais da massa Equatorial continental (Ke) e oscilacées ‘tens. am anuais da Convergéncia Intertropical (CIT) comandada, no verdo austral pela migragéo do equador térmico Para o sul do equador geografico. Proprie. x Da inquieta descontinuidade da FPA que se move, na Amé. rica do Sul, entre 35 e 45°S, destacam-se “familias” de ciclo. nes migrat6rios, emissées de ar frio deslocando-se pelo inte. rior do continente até o alto Amazonas (“friagens”) e princi- palmente ao longo da costa oriental, determinando mudangas de tempo e um regime de chuvas particular, de outono-inverno, que em varias partes do pais concorre com as chuvas de verde da Ec e com as de verao-outono da CIT; sao dados importantes para a conceituagéo dum dominio tropical em que o ritmo anual ndo € de estacdes térmicas, mas de estagdes wet-dry. Anotemos outros fatos ainda. Primeiro, a coincidéncia entre © limite setentrional dos movimentos da FPA e o meridional do balango térmico anual positivo, ambos em média aos 35°S. E entre ésse paralelo e o Capricérnio — como entre o de 35°N e 0 Cancer, no hemisfério norte — que se dispée a zona marginal, sub-tropical, também chamada por muitos ora de “tropical atenuada”, ora de “temperada amena”, mas que julgamos batisar melhor de “quase-tropical”. Nessa zona marginal, onde jaz todo o sul do Brasil além da latitude da ca- pital paulista, nao se produz a macica alternfncia anual do ar polar gelado com os tépidos westerlies, ou seja, nao se move a FPA, que é a descontinuidade entre éles. Tudo 0 que no Brasil existe aquém e além do Capricérnio esté sujeito $6 3 Fassagem intermitente de “gotas de ar frio” destacadas dessa ee penenag advertir sdmente que @ meee felede eee las descargas decrescem do extremo eee a me © equador © que € sobretudo na ti oe Dora cs ee a esquema climatic tropical brasi er yen’ regio marinhe ee emissdes dum ar polar gera ntinet m dos 45°S e mais frio do que 0 ©! Dominio TropicaL: Dimensio & Concerro 23 te durante o ano todo. Sem esquecermos que o ar quente e nevoento da Ec também transtorna o esquema zonal: quando sazonalmente dilata-se sébre a maior parte do pais com suas chuvas de verdo, recobre Sio Paulo e o Parana inteiros e poupa apenas parte de Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. A Ao prejuizo da continuidade associam-se as controvérsias correntes sobre a Tropicalidade ou nao, por um lado, das gran- des altitudes, ¢ por outro lado a das regides semi-dridas que, como a do Nordeste do Brasil, ocorrem na zona jase our em baixas latitudes. Em fungdo, por exemplo, dos altiplanos mexicanos e an- dinos, opéem-se entre si os que identificam néles formas ex- tremas do quadro climatico equatorial ou tropical adjacente € os que os assimilam a climas temperados. Fundam i meiros em que as caracteristicas de fotoperiodismo e de ritmos diurno e anual tropical sao idénticas, em qualquer altitude, as d sides tropicais confinantes, mas os segundos objetam que temperatura a razao do 0,6°C cada cem metros de a um avango de 150km na diregio do polo. ( 24 Guserto Osorio pe ANDRADE da medicina social, da higiene, bem como o de dados elinicos sobre o papel que nos desequilibrios funcionais desempenham, a luz, 0 calor eo frio, a umidade, os ventos, a pressdo, a elety. cidade e a radioatividade atmosféric: e as estagdes do ano, Nos desequilibrios funcionais e na terapéutica climatica, Na sua Hématologie géographique assinalam J. Bernard & J. Ruffié como nas grandes altitudes intertropicais ocorre um quadro hematolégico singular, com a atenuagéo de certas doencas tropicais de incidéncia hematolégica, desaparigéo da maior parte das filarioses e helmintiases e 1 Bbauatoeden fo desen- volvimento dos anofeles e do Giclo vital do Plasmodium. No Peru, no Equador e na Colombia a hartonelose, cujos 30 algumas espécies do _género Phlebotomus, é uma limitada 4S resides montanh Entre 3.700 e 5.000m de altitude nos_Andes_pei ro Ramos e seus colabo dores apuraram através _do_obitudrio um quadro bastante di- verso das regides nas mesmas latitudes, com preva- Téncia de pneumonia e broncopneumonia, lesGes vasculares do sistema_nervoso central, tendéncia hemorragica em_moléstias tanto do aparélho respiratério como do digestivo, e outras pe- culiaridades.— % Isso em matéria de climatopatologia. No que respeita & fisiologia humana nem por serem menos estatisticos ou menos pesquisados sdo os contrdles menos sugestivos. Aponta- os _Sorre a investigacéo_sistematica a partir da ¢_em_fungéo “dum zero termo-bioldgico estabelecido, em Ingar do zero lermométrico, 4 custa de consideragdes tedricas quer sobre a sensacio ‘lérmiea, quer sobre o metabolismo hu-— mano € que venha : © Organismo, Yestudrio, sé encontra Uma i Dominio TropicaL: Dimensio & Concerto 25, fisiolégicos. Abaixo dos 16°C 0 jégo dos mecanismos termo- genéticos é desencadeado de maneira nitida e acima dos 23° excitam-se plenamente os termolitic mos faz- 3 entre ésses dois extre- se atenuada a termo-regulacdo num e noutros sentidos. Na carta que construiu a base désses tipos de correlagdo os pin- caros e altiplanos andinos, inclusive os da zona equatorial, par- ticipam do grupo de regiées em que os mecanismos termoge- néticos sdo excitados durante 0 ano inteiro, o que importa em recusar liminarmente, como veremos adiante, um carter de Tropicalidade a cotas como aquelas que, na América do Sul, excedem os 3.000m, deixando-se assinalado ao mesmo tempo que nenhum relévo do Brasil aleanca essa altitude. aa Se continuarmos explorando a carta das temperaturas eri- ticas de Sorre, veremos como se passam as coisas entre os tipos climaticos extremos, isto é, entre as regides terrestres em que a termo-regulacdo se faz num mesmo sentido durante 0 ano todo e que podem ser fitogeograficamente representadas pelos dominios, respectivamente, das plantas megatérmicas, onde a termo-regulagéo se faz somente para menos, e das tundras e desertos polares, patria dos esquimés, onde se faz sdmente para mais. Nos tipos intermediarios a intensidade da regulacao térmica decresce, de modo que a partir das regides de termé- lise exclusiva primeiro dimimii 0 periodo anual de termo-re- gulagéo sdmente para menos e em seguida ocorrem os tipos em que sobrevém periodos de plena excitacdo termogenética alternando com fases de termdlise~Se tomarmos como referén- cia, porém, um ritmo anual de compasso bindrio, sdmente se define a verdadeira estagdo fria no clima temperado tal como ‘© concebemos: clima proporcionadamente regido por aquela eadéncia que a oscilagio anual da FPA acarreta de ar polar gelado com tépidos westerlies. EF cartogrificamente expressi- vo isso de que, no hemisfério sul, descontados os efeitos locais de altitude, as regides em que isso acontece sio as que mais a imadamente correspondem as latitudes entre as quais os- ila anualmente em média a FPA. Em correspondentes lati- »s do hemisfério norte é que os climas temperados foram iJ iiidade clissica assim denominados por extensio do individuo “temperado”, isto é, de ine 26 GiBerto Osorio DE AnprRapE } dividuo de humores proporcionados, sem predominfnc; i minancia dey qualquer sébre os demais *). ! A categérica consideragéo, nesta altura, do “calor a cal” antecipardé a discusséo da suposta hemogeneidade a cal como solidaria que é, em grande parte, com 0 prejut, et continuidade. Em tempo oportuno ver-se-4 como ‘selec be duzidos 4 proposigéo dum “complexo higrotérmico” em ly a de critérios puramente térmicos. . Dentre todos os elementos do tempo e do clima é a tem. peratura_o que exerce efeito sensorial _mais_intenso sobre 9 homem. Ainda quando outros passem despercebidos — umi- dade, pressao, estado elétrico da atmosfera — _a_ temperatura) ambiente 6 sensivel até mesmo em_suas variagées de modesta amplitude. Mesmo certos efeitos sensoriais do vento e da umi-_ dade sao percebidos sobretudo térmicamente. Dai _por_que sio tentativas de delimitar o espago tropical _com_a ajud ‘olermas, em vez de latitudes. método, porém, funda-se numa abstragéo porisso que essas ‘linhas_se_com réem | com temperaturas t6das reduzidas ao nivel do mar; no caso da | ‘América do Sul, j4 apontado, as altitudes andinas de terme: génese exclusiva resultam abstrafdas em qualquer_re resenta- ~Gio isotérmica — homogénea e continua — do es Aropi: | eal, Varia, além disso, ao sabor de eritérios estre quantitativos e desencontrados, embora de inegivel i subsididrio: ora a média térmica anual, ora certas médias men f ; ‘ isoter= sais, ora somente a do més menos quente. Na carta Ide ist a tte Hainan. macieeae io Brew interésse | mas de Supan (1896) os trés Estados mer escapam ao dominio de Keppen (1900) s todo o Estado de Minas Gerais; na segunda ( Tienes a isolerma minima de 18°C e restitdi-se um tanto TA mente parte do Rio de Janeiro a condigéo de Triples a isolinha anual de 70°F (21,56°C) de Miller & Hur! extra-tropicais o Espir eram ° {*) Os quatro humoren radieuis, ou ainda fundamentals, ou iNatl® Oy phlegm’ gue (quente), a bile (aca), a atrabile Gimida) © & pituitas ent pitas {fria), sendo 0 corpo anatdmicamente constituide dos dua xGricos: 0 fogo, a terra, a dgua eo ar. Dominio TroricaL: Dimensio E Concerto 27 1931) a retragéo é a mais enfatica de tédas: todo o Brasil ao ul da Bahia seria isento de Tropicalidade. Outros exemplos poderiam ser mencionados se valesse a pena o inventdrio com- pleto das vacilagées désse género. O uso de termo-isopletas em lugar de isotermas, nada obstante permanega adstrito Aquela abstragdo das altitudes, in- oduz muito oportunamente uma primeira nocgdo de “ritmos” 10 elenco das interagdes do complexo ecoldégico-geografico tro- pical. Assim o faz Karl Troll quando representa _graficamen- te em cada lugar da superficie da Terra a variagéo diurna_e a variacdo anual da temperatura. O critério inspirador dessa representagao nao € o valor absoluto dessas amplitudes, mas a relagdo entre elas. O dominio tropical de Troll abrange as reas continentais em que a amplitude térmica diurna é ‘maior do que a anual. Fora dessa cintura irregular — que ora se retrai dentro da zona intertropical, ora dela transborda — a amplitude anual vai se fazendo progressivamente maior do que a diurna na margem por nos denominada quase tropi- cal, mas de maneira que sdmente em Areas definitivamente extra-tropicais os térmos da relacéo acabam por se inverter de modo aera Voltando, porém, aos critérios ainda em principio sé quantitativos de caracterizagéo climatica tropical, costumam- se justap6r convencionalmente valores de umidade relativa do ar aos valores térmicos. No_estrito_sentido, por exemplo,_de_ “chauds et pluvieux” de Pierre Gourou, os “pays tropicaux” sao exclusivamente aquéles onde, nenhuma média térmica_men. sal ocorrendo abaixo dos 18°C de Keppen, as precipitagdes sio bastantes para_que se faga_possivel uma agricultura_sem_irri- gagdo. No que interessa 4 configuragdo do espaco_tropical brasileiro resultaria excluido todo o “poligono das sécas” nor- “destino, onde sao insuficientes os re Jigua. Mesmo por si s6 bastaria para criar sérias perplexidades a um Semind. Tio, como éste, expressamente anunciado na Universidade Fe- e Pernambuco como se tendo inspirado no aspecto re- missdo ou atividade universitéria por forga de 3 28 Gitperto OsOr10 DE ANDRADE Vo regional nordestino brasileiro abrange, tanto vista ecolégico-natural come do sécio-cultural o truismo), dois Nordestes pelo menos. 0 agrario, “ alonga por terras de massapé e por varzeas, da Bahia ao M ranhdo, sem nunca se afastar muito da costa”, “tio dependen| te dos rios, dos riachos e das chuvas” (Gilberto Freyre), e “outro Nordeste”, como tal sugerido a Djacir Menezes pel mesmo inspirador e diretor déste Semindrio de Tropicologia o Nordeste “do vaqueiro e dos currais”; do agreste sub-imid e, principalmente, do sertao semi-drido. te Ressalva Gourou, alias, que aquela sua definigao de t pical “n’a aucune riguer et peut étre assouplie en des nombre cas particuliers”; sem embargo disso, 0 micleo semi-irido nor} destino foi omitido em sua carta dos “pays tropicaux”.y-Co © memorando s6 de que mesmo nos mais consumados desert quentes os oasis se comportam ecolégica e patologicamente come climas tropicais locais, poupamo-nos aqui de aflorar a polé, tanto mais prolixa quanto € certo que cada especialista tende a defini-las no interésse de sua propria especialidade; é acti tavel, contudo, identificar a aridez extrema quando nao ha ritmo sazonal de precipitagées, isto é, quando nao hi uma taco chuvosa e sim dias chuvosos, cuja ocorréncia pode mes! falhar durante mais de~done meses consecutivos. Paste entdéo por alto sobre os desertos das horse_latitudes, emi" cortados pelos tropicos matematicos € consumados ja, portant na zona intertropical, como é 0 caso do Sahara e do ae No modélo centro e sulamericano — muito menos pean do que o africano nas correspondentes latitudes, gragas a gular distribuigio da massa continental pelos hemistério% posigdo dessa massa em relagéo aos remoinhos antici ‘ies subtropicais do Atlantico, ao alcance continental das os)* da FPA e ainda & barreira dos Andes na costa ocid=it! © semi-srido nordestino brasileiro ocorre em baixas Iti, nao culmina em deserto e resulta dum progressive ee ridade centripeto, no latitudinal, da redugdo como da irres das precipitagées periféricas. . dade, oe Contestados pela multiversa e¢ complexa reali do ponto 4 (deixem pase Dominio TropicaL: Dimensio & Concerro 29 rejuizos de homogeneidade e continuidade desencorajam nio oucos autores, confessadamente inibidos de estabelecerem um juadro climético tropical representativo. A inibigdio decorre lo insucesso na busca de padrées regionais, senio zonais clima- eos. A verdade 6 que aos Trépicos se aplica — tanto quan- , pelo menos, a quaisquer outras regides da Terra — aquela éia de clima que, segundo Sorre, se relaciona antes de mais ada com lugar: “ambience atmosphérique constituée par la érie des états de latmosphére au-dessus d’un lieu dans leur succession habituelle”. Sem falar de que os climas zonais — jue respondem #o imperativo da climatologia geral de conside- rar préviamente os grandes movimentos da atmosfera, objeto ja meteorologia dinimica — fazem-se necessiriamente repre- entar numa escala planetdria rebelde a detalhamentos e andli- es, mesmo os climas regionais, como associagées que so de cli- as locais, importam num certo alheiamento da individualidade riginal de cada um déstes. Sera legitimo aceitar, portanto, como especialmente cons- ante e essencial, a variedade mesma dos quadros naturais tro- ‘cais investigando nela tipos de correlagio menos aparen- es e muito mais funcionais do que breves registos quantitativos. ios Trépicos, com efeito, é caracteristicamente maior do que nas édias e altas latitudes a diversificagéo désses quadros com us matizes diferenciados por interferéneias considerdveis da 1a circulaco meridiana, como ja vimos, ¢ por um grande nime- ‘0 de combinagées circunstanciais como sejam os contrastes entre s costas continentais a barlavento ¢ a sotavento dos alisios; os feito de exposigio e sub-exposigao topografica a fluxos de ar ido; as diregdes ¢ temperaturas das correntes ocednicas; os ultados ora predominantemente térmicos, ora predominante- ente higricos da maior ou menor altitude dos relevos tropicais varios outros fatdres conjugados em combinagées fisicas ¢ fi- ico-biolégicas tipicas dos Trépicos. Nos dominios temperados ¢ polares as diferengas ecologi- cas regionais, sub-regionais ¢ locais tém outra istemitica, de- ivam doutras causas ¢, sobretudo, sao regidas por peculiares jtmos diurnos ¢ anuais. Muito pequena entre dreas contiguas espagos glaciais ¢ peri-glaciais, a diversificagio fisico-bio- 30 Girperto Osério DE ANDRADE légica aumenta nas latitudes temperadas e alcanga 08 seus maiy altos graus no dominio tropical. Sucedem-se désse modo a, estruturas biolégicas muito simples da tundra e da taiga, a haix, diversidade ainda na floresta temperada homéclita e, finalmen te, o climax da vegetagao terrestre na floresta equatorial onde como costumam dizer os biologistas, nuns poucos hectares pod haver mais espécies de plantas e de insetos do que na flora ¢ na fauna inteiras da Europa. Se amiudarmos um pouco ésses largos registros biogeogra. ficos e ecolégicos veremos como, em relagéo aos Trépicos, mes. mo somente ainda em sucessio zonal a diversidade comporta todas as gradagoes entre a floresta equatorial e os desertos das horse latitudes, ja intratropicais em parte, referidos acima. Ao norte e ao sul da rainforest, 4 medida que se avanga em latitude, as chuvas tendem a se concentrar nos momentos do ano em que o Sol passa pelo zénite. Esses momentos sao dois em téda a zona intertropical, cada vez mais préximos um do outro a proporcao que a latitude aumenta, e fundem-se num s6 nos trépicos mate- maticos. Désse modo passa-se primeiro dum clima equatorial sem estacdo séca a um regime de duas estiagens anuais e final- mente — abstraidas, para simplificagéo do raciocinio, as in- terferéncias da circulagéo secundaria — nas latitudes em tdrno do Cancer e do Capricérnio soldam-se as duas estiagens e 0 ano comporta apenas uma estagdv séca e uma timida, de chuvas de verio. O espélho vegetal dessas modalidades sazonais ex- prime-se por uma terminologia significativa dos autores de lingua inglesa: a rainforest e a evergreen (florestas semper virentes higrofila e sub-higréfila) desaparecem onde uma das estagbes sécas excede trés meses, seguindo-se as dry evergreet (semicaducifélias), wet deciduous e dry deciduous (caducifo- lias) a proporgio que diminui 0 interval entre as estiagens- mas +Outra_generalizagio muito comum e que como cara a multiversidade topical é aquela caracteristicos dos Trépicos os ; gradagio edéfica. Mesmo sob, court, onde o lixiviamento < tantes, ocorrem solos rico centes; além disso, 0 gr Dominio Tropicat: Dimensio © Concerro 31 de exposicéo e de altitude ¢ hi que considerar ainda os reg tros das sucessivas variagGes climéticas durante 0 Quaternirio, variagfio que nos Trépicos, cumpre assinalar, sobretudo afe- taram os regimes de chuvas. Se passamos aos Trépicos wet- dry aumenta a diversidade pela intervengéo doutros fatores ¢ processos: a variedade vai, ento, dos solos minerais brutos, pouco desenvolvidos, aos sierozems evoluidos, com perfil ni- tido e lixiviago reduzida, e depois aos solos castanhos, ou brunos, com incipiente alteragéo e estoque remanescente de elementos basicos. Tudo em fungio da relagéo, em iltima andlise, entre os processos fisicos, de desagregagao das rochas — processos incontrastados quase nas dreas desérticas — e os de alteragéo quimica, que nas regides wet-dry concorrem com os primeiros até predominarem de todo nos Trépicos super- imidos. Neste nosso Nordeste, por exemplo, a desigual du- ragdo da estagéo séca nas zonas tmida, sub-timida e semi-drida, rege a presenga de solos maduros, latossdlicos, na_ primeira; de podzols com lixiviamento eficazmente interrompido duran- te o ano na segunda; e na semi-drida, finalmente, sob um re- gime de aguaceiros convectivos e de rapido escoamento super- ficial mal concentrado, os solos sio pedregosos e decapitados nas yertentes, mas a acumulagdo dos detritos nos vales dao solos de minerais inalterados com assinalada fertilidade natu- ral. De resto, condicionados todos por fatéres geomorfold- gicos além da posigéo topografica, isto ¢: condicionados por caracteres herdados de paleoclimas recentes, caracteres que Perseveram tanto mais quanto é mais longa a estiagem, por- que sob tais condiges a energia pedogenética atual dificilmen- te pode desfazé-los, salvo quanto 4 qualidade ou 4 repartigao da matéria organica. Xx Igualmente representativos da diversidade dos Trdpicos, mas também ji de peculiaridades ecolégicas do dominio tro- Pical, sio os microclimas, entendendo-se por microclima 0 es- tado da atmosfera em derredor dum ponto. Quer os micro- climas naturais — nogdo que bioldgicamente se enriquece no conceito de ecoclima — quer os artificiais enquanto iio to talmente subtraidos pela tecnologia ¢ pela profilaxia 4 influén- 32 GILBERTO Osorio DE ANDRADE Dos ecoclimas tro) icais é a_ecologia_ vegetal as indicagoes_mais elementares. Como verticalmente jos, por exemplo, nos Sucessivos andares a floresta ombrafila | (rainforest ou wet evergreen), ou horizontalmente extremados s no desfécho da progressiva acentuagao da | wet-dry. Os ecoclimas respondem muitas incidéncias climatopatol6gicas. Ao nivel do subosque da floresta ombrofila tropical registam-se os mais altos indices, em todo o mundo, de leishmaniases, de helmin. tiases e de muitas micoses. Alguns vetores do_impaludis de sub-género Kerteszia além dos anofelinos — trés especies ="Tesenvolvem sua fase larvaria exclusivamente em agua co- letada por bromelidceas da floresta tropical atlantica do Rio Grande do Sul até Sao Paulo e parecem confinados, alias, as regides alcangadas nessas latitudes pelas descargas da FPA: é a chamada “associagao_bromélia-malaria”. Nos climas wet- dry em geral, i medida que a secura aumenta, a influéncia dos yegetais sébre o meio fisico decresce, de modo que os fatores fisico-quimicos do ecossistema chegam a predominar definitiva- mente sobre os fatdres bidticos quando a aridez se consuma, dando uma verdadeira pulverizagéo dos meios fisicos num mosaico de micro-meios, Em outras palavras, hd téda uma gama de rela- ges com 0 meio entre problemas ainda principalmente de si- necologia e problema de ordem autoecolégica enfatica (pro- prio-climas) que deixam em plano secundirio os aspectos si necolégicos. Nas regides wet-dry tropicais as resultantes dessa gradagdo fazem-se peculiares no sentido de que, sendo a temperatura do solo um dos elementos principais do ecocli- ma, o balanco térmico anual do solo é sempre positivo. em_proprio-clima: estiagem nos Trépicos vézes por expressivas picos quentes € camente através setos, vermes e ¢ timidas € séca tabelece num hospedeiros de agentes infecciosos. Quer quando naturais, como é o caso dos climas semi-aridos particularmente propi. cios a muitos roedores silvestres reservatérios naturais da peste, quer quando artificiais, cujo exemplo melhor & da esquistosse, miase, difundida nas mesmas regides por obras sanitariamente inadvertidas de represamento d’fgua e irrigagao. No mundo contemporaneo ainda coexistem modos de vida correspondentes a todos os estdgios evolutivos da sociedade hu- mana. Ali onde o meio natural predomina, populagées téc- nicamente subequipadas permanecem em choque com uma na- tureza exigente, ou mesmo hostil, e as modificagdes das condi- ges biolégicas sio sempre espacial e substancialmente limita- das. Onde, em vez disso, predominam os meios artificiais, a domesticagéo da natureza, fazendo-se acompanhar duma cres- cente hierarquizacéo dos individuos, tornam-nos cada vez mais dependentes da estrutura social: criam-se nesta meios biolégicos novos e interferem com éles produtos da transformagéo de meios naturais pela indistria humana. E como se um “clima social”, embora incorporando ainda fatores j4 muito relaxados do clima fisico e do clima biolégico, resultasse da voluntéria modificagéo do facies natural pela aplicagdo de técnicas de ex- ploragéo e de culturas, reduzindo a imposigéo do meio natu- ral ao grupo humano. Dominio TropicaL: Dimensio & Concerro 33 Entre a fase das civilizagdes primitivas do tipo paleoliti- co € a que presentemente se caracterizou em térmos de revolu- cdo industrial e de monocultura de exportagéo, Bernard & Ruffié surpreendem fendmenos de variagdes da biologia hu- mana representadas por uma sucessio de grupos de sindromas hematolégicos. Enquanto o homem permanece na estrita de- pendéneia da Miocenose em que esta integrado — inserido numa série de ciclos biolégicos principalmente parasitarios em “equilibrio” com éles — raras so as caréncias alimenta- res e os sindromas sio quase exclusivamente de hematologia ' Por agresséo bioldgica. Na transigdo désse estado para as | econdmico-sociais da civilizagdo moderna, a agres- ica vai cedendo o paso, primeiro, a sindromas he- carenciais — policultura de subsisténcia sem mar- nga — ¢, finalmente, a sindromas sangilineos de 34 Citserto Osério DE ANDRADE : inddstrias quimicas, fumagas industriais e do- mésticas, escapamentos de viaturas automotrizes, poeiras do meio urbano sobretudo; e mais poluigéo dos cursos d’4gua com residuos industriais, uso de fertilizantes, inseticidas, rodenti- cidas, psicotrépicos, tranquilizantes, excitantes; radioatividade aumentando em certas regides 4 custa, quando nada, da utili- zagio da energia atémica como fonte de energia industrial. Meio quimico e medicamentoso permanente em paises desen- volvidos, e que nas regides em desenvolvimento ja se prenun- cia; nestas, porém, ainda extensivamente superado pelas ca- réncias nutricionais resultantes do baixo poder aquisitivo e agravadas pela ascengio da curva demogréfica em virtude da reducao das causas de mortalidade. Contido praticamente inteiro no cartograma do ‘Terceiro Mundo, 0 dominio tropical e quase-iropical conota-se especialmente, portanto, do ponto de vista da hematologia geogréfica, por sindromas de agressio biolégica e sindromas carenciais. / origem t6xica Voltando ainda uma vez aos ecoclimas, certas associagoes antropofilas de espécies titeis, indiferentes e nocivas — associa- gdes de que o homem individual e social se faz o micleo dentro das comunidades bisticas de que participa — sao engendradas por microclimas artificiais como a habitagdo e 0 vestuirio. Ou tras, menos confinadas mas néo menos condicionadas pelo meio, consistem em agrupamentos de plantas cultivadas, ou mixtos de plantas e animais domesticados ou nao, que disputam o espa¢o As associagdes naturais e com estas compéem sistemas em equi- Iibrio instavel; sistemas cujo funcionamento esté em relagéo com as condig6es climaticas e com as propriedades fisicas e quimicas do solo e em cujas cadeias nutricionais a ago bistica se wadus por interagées ora positivas, como 0 mutualismo comensalis- mo € a protocooperagao, ora ne ‘como a rasitismo, éste quando de breve ilustragao nos d filos regidos por géneros tudrio, as relagoes microe! domésticos, 0 Dominio TropicaL: Dimensio 5 Concerro 35 passaros — principalmente 08 insetos, que em conseqiiéncia do seu pequeno porte sao estreitamente tributérios das condigées microclimaticas — contam-se entre 0s mais numerosos compo- nentes de agrupamentos désse género, ora como vetores, ora como reservatdrios de infecgées parasitérias; cada ox pécie déles, serio mesmo por vézes cada género, com sua ecologia prépria e uma dispersio geografica tanto menos ubiqua quanto mais limitantes os fatores do meio. Se, por um lado, 0 confinamento de ambientes domésticos ¢ a espessura e abundancia do vestuério, imprdpriamente assimilados dos paises temperados por habitantes dos Trépicos, podem multipli- car por téda a parte microclimas propicios ao pidlho e a pulga — vetores de muitas doengas dessarte cosmopolitas, como o tifo e a peste — os artrépodes em geral, transmissores conhecidos de mais de quarenta viroses, sdo particularmente abundantes nos Trépicos sendo que, dentre éles, os vetores da febre amarela e do dengue e da doenga de Chagas sio duma ecologia nitidamente tropical e quase-tropical. Alguns, como os triatomineos infec- tados pelo Trypanosoma cruzi, abrangem trinta e seis espécies, desde as de habitos silvestres até as estritamente domiciliares; outro, o Aedes aegypti, é exclusivamente adaptado, na América, a ambientes de habitat humano aglomerado. Nao sdmente, alids, a ecologia de vetores mas também a de agentes patogénicos deveria ser aqui especulada. A abstra- cdo, contudo, nao sera téo grave se considerarmos que, nessas associagées de seres de diversos graus de organizagéo das quais o homem é 0 centro e cujas atividades neste se traduzem sob a forma de doengas infectuosas — os “complexos patogénicos” de Max Sorre —, a sensibilidade do vetor é mais aparente as | condigées do meio, de sorte que as suas exigéncias desempenham um papel de primeira importancia na ecologia do agrupamento | antropéfilo. As endemias e epidemias, com efeito, identificam- se sem fungdo de areas de optimum ecoldgico. além dum dbvio acento bioldgico, espe- onamento assume, k esp 4 ana de base biogeografica nlerésse para uma geografia hum: ntificada assim em grande parte com a ecologia humana. restringem a expansio, ésses complexos limitam, pelo 36 Ginenro Onbm0 pe AnpnADe menos, o crescimento dos grupos humanos © 16m puA® Coorbneiy ¢ atividade condicionadas pelo clima, euja agho 66 manifesty inclusive na modificagio de ragas microbianas © de hAbitos de vetores, hem como nos ritmos sazonain ¢ na marcha das moléy. tias infectuosas. Em diltima andlise, pelo clima fisico, ‘Ao lado das moléstias carenciais, com t6da a eua proble- matica de diferentes graus de resisténcia ¢ susectibilidade, ¢ day psicossomaticas, das alérgicas ¢ das relacionadas com a gené- tica e a hereditariedade, a infecgéo é uma das causas primiriag da doenga e 0 parasita é uma causa da infecgio, A categoria, portanto, das moléstias infectuosas é de especial interésve biol. gico. Mais preeisamente, de especial interésse ecolégico-humano. A As doengas transmissiveis por contégio ou veiculo, como a variola, a sifilis, a tuberculose, a amebiase, so complexos patogénicos sem hospedeiros intermediarios, isto é, complexos sem velor € conseqiientemente sem necessidade de adaptagio de agente patogénico a vetor. Sua maior incidéncia nos Trépicos é favorecida em parte pelas condigées do meio natural, mas so bretudo pelas condigées sociais néles dominantes. Dizem-se doengas cosmopolitas porque nenhuma condigio ecoldgico-na- tural lhes serve de obstéculo; com a ressalva, porém, de que nio é muito clara a razéo pela qual a bouba, ou pid, transmitida por contégio direto ou indireto, é uma enfermidade que essen- cialmente ocorre nas populagées rurais dos Trépicos ¢ quase- Trépicos. £ nos complexos com vetor que se manifestam algumas das coniotacées ecolégicas mais elementares da Tropicalidade, ¢ nio nos conceitos 0 seu tanto vagos € controvertidos de “moléstias tropicais” lato sensu, ou de “ se deva negar radicalmente sabe-se que a agdo déste sensil do parasitismo, quando talvez resultantes de p b a despeito da importancia— dicina, as “doengas elimi se presumia dantes, tie Dominio TropicaL: DIMENsAo E ConcEITO 37 tem como agente um tripanosoma transmitido por moscas tse-tse (principalmente género Glossina) cujo ecoclima sao a floresta equatorial sombria e seus prolongamentos e disjungdes numa Area de quatro e meio milhdes de milhas quadradas. A leishma- niase mucocutanea, cujos vetores sio flebétomos domésticos e semi-domésticos, ocorre na América entre 21°N e 25°S, apa- recendo preferentemente na estagdo das chuvas. A “doenga de Chagas”, restrita ao hemisfério ocidental, tem incidéncia pra- ticamente s6 nas 4reas rurais tropicais e quase-tropicais; ao lar- go destas tltimas encontram-se triatomideos naturalmente infec- tados, mas nao se registam casos humanos ao sul de Buenos Aires, por exemplo, e ao norte do México. Na Argentina, aliés, nao se encontram vetores infectados abaixo da isoterma maxima anual de 20°C (cérca de 39°S). No Peru ha duas dreas de incidéncia perfeitamente separadas pela cordilheira dos Andes. ipicamente tropical também 6 0 complexo amarilico, de cuja endemicidade a representagao cartografica constitui. uma das mais consumadas aproximacdes com o dominio tropical afro-americano; de resto jamais tendo coberto a area inteira de suas possibilidades ecoldgicas, que abrange o sul da Asia e a Indo- nésia, pelo menos, onde o pantropical Aedes aegypti fez-se igual- mente endémico. © complexo homem infectado-4 aegypti- homem receptivo manifesta-se na América, alias, exclusivamente sob a forma de febre amarela urbana — a “febre amarela aegypti” de Soper —, porque ésse mosquito, procedente da Africa onde é indiferentemente urbano e silvestre, uma vez no Novo Mundo modificou os habitos de tal modo que jamais é encontrado fora do habitat aglomerado nem a grande distancia das habitacées. Incorporou-se, assim, a um agrupamento an- tropéfilo tipico do ecoclima caseiro e tem a fama de ser 0 mais doméstico de todos os mosquitos. Enquanto isso, na febre ama- rela silvestre a cadeia é mantida pelo sistema primata- Hae- magogus-primata(*), podendo o homem assumir 0 lugar de qualquer dos dois extremos em virtude de nao ser exclusivamen- Brasil sio dos gé- encontrados infectados no Sass (apncere- Primatas| mais comumente encanta i seaco-preg0) fouatta (guariba ou bugio), Ce Prego) + ha) ¢ Callithrix (sagii ou mico). ‘Também contrdem nas mates © io Aeccio amarilica certos marsupiais, mas sua ‘atuagio na epidemiologia -—esté bem esclarecida. 38 GitperTo OsORIO DE ANDRADE matéfago; 0 ecoclima do Haemagogus é o florestal, de sorte que a “urbanizagio” da febre amarela silves. tre exige a presenga de viveiros de Aedes nos aglomerados. Q A. aegypti € estenohidro € estenotermo, ou seja, tem uma sen-

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