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1 – Introdução

Conteúdos
1 – Revisão de conceitos de Termodinâmica
1.1 – Máquina térmica 2
1.2 – Motores de combustão interna: Tipos de ignição e requisitos de funcionamento 2
1.3 – Classificação de máquinas térmicas 4
1.4 – Ciclo ideal de potência (Carnot) 6
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

1.5 – Ciclos teóricos que modelam os MCI – generalidades 7

2 – Motores de combustão interna


2.1 – Cronologia dos MCI 9
2.2 – Princípio de funcionamento e parâmetros principais de MCI alternativos 10
2.3 – Classificação quanto ao ciclo de operação 13
2.4 - Funcionamento base de um motor a 4 tempos alternativo 14

3 - Ciclo Otto – Ciclo ideal de ignição comandada (por faísca) 16


4 - Ciclo Diesel – Ciclo ideal por compressão 22
5 – Outros parâmetros importantes na definição de um M.C.I. 24

6 – Motor a dois tempos 25

7 – Motor rotativo Wankel 27

ARJ 1
1 – Introdução
1 – Máquinas térmicas e conceitos de Termodinâmica
1.1 – Máquina Térmica
Dispositivo que funciona em ciclo, usando parte do calor fornecido por uma fonte quente
(QIn) para realizar trabalho (Wlíq,Out), rejeitando sempre parte da energia recebida para
uma fonte fria (QOut).
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Existe sempre energia recebida (>0) sob a forma de trabalho (WComp), mas que é, em
módulo, inferior ao trabalho realizado (<0, de expansão, WExp).
Assim, o balanço do Wlíquido (útil) do ciclo é sempre no sentido de trabalho realizado
(expansão) pelo ciclo:
𝑊ú𝑡𝑖𝑙,𝑜𝑢𝑡 = 𝑊𝑒𝑥𝑝,𝑜𝑢𝑡 − 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝,𝑖𝑛 (1)
𝑄𝑜𝑢𝑡
(2) 𝜂𝑀𝑇 = 1 − (3)
𝑄𝑖𝑛

Assumindo funcionamentos da MT constantes no tempo, os fluxos de energia Q e W (J) podem passar a


ser tratados como potências, 𝑄ሶ e 𝑊(J/s
ሶ =W), mantendo-se as relações (1), (2) e (3).

Os ciclos teóricos que modelam os fenómenos físicos envolvidos nas máquinas térmicas são, assim,
designados, “ciclos de potência”.

ARJ 2
1 – Introdução

1.2 - Motor de Combustão Interna


Máquina térmica em que a combustão (Qin) se dá dentro do cilindro, e consiste num “ciclo aberto” (o fluido de
trabalho no final do processo apresenta uma combinação química diferente ou está num estado termodinâmico
diferente do original).
Para se obter trabalho mecânico da queima de uma mistura de ar e combustível é necessário que essa mistura
expluda e que da explosão seja aproveitado o impacto para movimentar um órgão mecânico.
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• O funcionamento de um motor de combustão interna requer:


(i) admissão de ar e de combustível,
(ii) a nebulização do combustível no seio do ar,
(iii) a compressão da mistura reagente/ar,
(iv) a explosão da mistura reagente,
(v) uma parede móvel que se desloque com o impacto criado pela explosão da mistura reagente,
(vi) uma cadeia cinemática que transforme o movimento da parede móvel em movimento útil,
(vii) a expulsão dos gases de queima com a admissão de nova mistura reagente.

ARJ 3
1 – Introdução

• Tipo de Ignição de MCI:


– Ignição comandada por centelha (faísca eléctrica) - deflagração
Em cada ciclo, a combustão da mistura (ar+combustível) é iniciada por uma vela de ignição que
descarrega uma tensão elétrica elevada entre dois eléctrodos. A deflagração é adequada para
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combustíveis voláteis, que devem estar já bem misturados no seio do ar. A chama propaga-se
desde o ponto em que a faísca surge até abranger toda a mistura combustível contida no cilindro.
Tipicamente, corresponde ao “ciclo Otto”, dos motores a gasolina.

– Ignição por compressão - detonação


O combustível é finamente pulverizado sobre o ar quente e a alta pressão, provocando a auto-
inflamação da mistura. É adequada para combustíveis pouco voláteis. Idealmente a inflamação da
mistura reagente ocorre, simultaneamente, em todos os pontos.

Tipicamente, corresponde ao “ciclo Diesel”.

ARJ 4
1 – Introdução
1.3 – Classificação de máquinas térmicas
A – Combustão interna
 Volumétricas: fluido motor evolui de forma pulsante numa cavidade de volume variável
 Alternativas ou recíprocas (motor a pistão): Fluido transmite a sua energia à parede móvel
desse cilindro (êmbolo ou pistão), impulsionando o veio motor, através de sistema biela-
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manivela.
 Rotativas (motor Wankel): o volume variável desenvolve-se entre um rotor
e uma carcaça envolvente.
 Dinâmicas (ou turbo-máquinas): fluxo contínuo do fluido motor, transferindo a energia para séries
de pás.
 Rotativas (turbinas a gás)
 A reacção (motores a jacto): energia do fluido usada sob a forma de impulso aplicado no
veículo.

B – Combustão externa
 Volumétricas – motor de locomotiva a vapor
 Dinâmicas – turbina a vapor
ARJ 5
1 – Introdução

Turbina de combustão interna


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Turbina de reacção

ARJ 6
1 – Introdução
1.4 – Ciclo ideal de potência para sistemas fechados:
Ciclo de Carnot (a gás)
1-2 Expansão isotérmica reversível à temperatura TH (TQ);

2-3 Expansão adiabática reversível –  Tª de TH a TL;

3-4 Compressão isotérmica reversível à temperatura TL (TF);


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4-1 Compressão adiabática reversível –  Tª de TL a TH

Processos adiabáticos reversíveis  Isentrópicos

TL
t  t MÁX  1  (4) -  TH,  TL  t
TH
É impossível, na realidade, conseguir-se entrada/saída de calor de forma isotérmica, reversível, com
o fluido à mesma temperatura que as fontes quente/fria  Modelação por Ciclos Teóricos (Otto,
Diesel, Atkinson...), em que as compressões e expansões são consideradas adiabáticas reversíveis, e
as entradas/saídas de calor como isocóricas ou isobáricas
ARJ 7
1 – Introdução
1.5 – Hipóteses consideradas nos ciclos termodinâmicos teóricos que modelam os M.C.I.

- Modelação por Ciclos Teóricos (Otto, Diesel, Atkinson, …)


Idealizações e simplificações:
- Não envolvem atrito (nenhuma queda de pressão em tubagens ou equipamentos);
- Processos de expansão e compressão quasi-estáticos e sem nenhuma irreversibilidade;
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- Perdas de calor desprezáveis;


- Despreza-se a variação das capacidades caloríficas específicas (cv e cp) com a temperatura,
considerando-se às condições ambiente (25C)

Ciclos reais: Existência de irreversibilidades (atrito, falta de tempo suficiente para estabelecimento
de condições de equilíbrio) e outras complexidades

ARJ 8
1 – Introdução

i. Hipóteses do ciclo padrão a AR


Considerando que o N2 dificilmente sofre reacção química na câmara de combustão, e que o ar é
constituído maioritariamente por N2, pode aproximar-se o fluido de trabalho a AR, em qualquer
ponto do ciclo, resultando nas seguintes hipóteses de tratamento dos ciclos de gás:
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- Fluido de trabalho é ar;


- Todos os processos do ciclo são reversíveis;
- Combustão é analisada como fornecimento de calor por fonte externa;
- Exaustão é analisada como rejeição de calor, restaurando o estado inicial.

Ar é um gás ideal. Relembrando a equação dos gases ideais, para um estado de equilíbrio:

𝑃𝑉 = 𝑚 𝑟𝑎𝑟 𝑇 (5)

ARJ 9
1 – Introdução

ii. Tipo de sistemas, à luz da 1ª lei da Termodinâmica


Sistema fechado: O sistema apenas é aberto enquanto as válvulas de admissão ou escape estão
abertas, pelo que se aplicará sempre a 1ª lei da Termodinâmica para sistemas fechados e
estacionários. Assim, num processo entre um estado inicial (1) e um estado final (2):
𝑄1−2 + 𝑊1−2 = 𝑈2 − 𝑈1 (6)
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iii. Gases ideais


i. Apresentam um comportamento que pode ser modelado de acordo com equações:

𝑃𝑉 = 𝑚 𝑟𝑔á𝑠 𝑇 (5) Δ𝑈𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑖𝑠 = 𝑚 𝑐𝑉 Δ𝑇 (7) cv – calor específico a


volume constante (J/kgK)

ii. Processos isobáricos: 𝑄1−2 = 𝑚𝑐𝑃 𝑇2 − 𝑇1 (8)

iii. Processos isocóricos: 𝑄1−2 = 𝑚𝑐𝑉 𝑇2 − 𝑇1 (9)

iv. Processos politrópicos: 𝑃1 𝑉1𝑘 = 𝑃2 𝑉2𝑘 (10) 𝑇1 𝑉1𝑘−1 = 𝑇2 𝑉2𝑘−1 (11)


𝑃1 𝑉1 −𝑃2 𝑉2
𝑊𝑝𝑜𝑙𝑖𝑡 = (12)
1−𝑘
𝑐𝑃
Processo isentrópico: Processo politrópico em que 𝑘 = 𝛾 = (13)
𝑐𝑉
ARJ 10
1 – Introdução

2. Motores de combustão interna

2.1 – Cronologia dos M.C.I.


•1794 Robert Street patenteou e construiu um MCI usando combustível líquido
•1798 John Stevens projetou o primeiro MCI americano
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•1807 François Isaac de Rivas construiu um MCI accionado por faísca elétrica
•1876 Nikolaus Otto, e equipa, patenteou o motor de 4 tempos de ignição comandada
•1879 Karl Benz patenteou um motor a 2 tempos fiável
•1892 Rudolf Diesel desenvolveu o primeiro motor de ignição por compressão.

ARJ 11
1 – Introdução

2.2 – Princípio de funcionamento, componentes e parâmetros principais de MCI alternativos

- Constituídos por cilindros, dentro dos quais


deslizam pistões (êmbolos) ligados a uma
manivela (cambota ou veio motor).
- Cambota roda ⬄ Pistões sobem e descem nos
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vários cilindros;
- Pistões submetidos a elevadas pressões 
empurram e provocam rotação da cambota

- Ventoínha de arrefecimento
- Volante de inércia: acumula energia cinética, e evita
paragem da rotação do motor na compressão e
andamento irregular.

ARJ 12
1 – Introdução

7
1
8

2 10

3 11
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

4 12

5 13

1 – Árvores de cames: de admissão e escape

1 – Árvores de cames: de admissão e escape


Sistema - Êmbolos / bielas/ cambota
2 – Válvula de admissão 9 – Válvula de escape
3 – Câmara de combustão 10 - Cabeçote
4 - Bloco de cilindros 11 – Água arrefecimento
5 – Biela 12 – Pistão/êmbolo
6 – Manivela (cambota) 13 - Carter
7 – Vela
8 – Mola das válvulas
ARJ 13
1 – Introdução

- Ar, ou mistura de ar e combustível, é sugado para o cilindro através da


válvula de admissão e os produtos de combustão são expelidos pela
válvula de escape.
O pistão tem um curso (C) dentro do cilindro entre:
PMS – Ponto Morto Superior (volume mínimo)
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PMI – Ponto Morto Inferior (volume máximo)

- Características de um motor:
i. Diâmetro de cada cilindro (D) x curso (C)
ii. Nº de cilindros (Nc)

Volume Espaço
deslocado morto
(Cilindrada de
um cilindro)
(câmara de
combustão)
VC – Volume de cilindrada do motor

𝑉𝑃𝑀𝐼 − 𝑉𝑃𝑀𝑆 =
𝜋𝐷2 𝐶 (14) Razão de compressão: rr = VolumeMáximo = V PMI (15)
4 VolumeMínimo VPMS
ARJ 14
1 – Introdução

𝑉𝐶 = 𝑁𝐶 𝑉𝑃𝑀𝐼 − 𝑉𝑃𝑀𝑆 (16)

𝑉𝑐 1
= 𝑉𝑃𝑀𝐼 1 −
𝑁𝐶 𝜌
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𝑃𝑃𝑀𝐼 𝑉𝑃𝑀𝐼 = 𝑚𝑚 𝑟𝑇𝑃𝑀𝐼

𝐴ൗ = 𝑚𝑎𝑟 (17)
𝑉𝑐 - Volume da cilindrada do motor 𝐶 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙
𝑚𝑚 - Massa da mistura
𝑁𝑐 - Número de cilindros

2.3 – Ciclo de operação (movimento do êmbolo):


i. Motores a 4 Tempos
Um motor a 4 tempos executa 4 movimentos do êmbolo em 2 rotações do motor para cada ciclo.
ii. Motores a 2 Tempos
Um motor a 2 tempos tem 2 movimentos do êmbolo numa rotação do motor para cada ciclo.
ARJ 15
1 – Introdução

2.4 - Funcionamento base de um motor a 4 tempos


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1º Tempo 2º Tempo Ponto Morto 3º Tempo Ponto Morto 4º Tempo


Superior Expansão Inferior
Admissão Compressão Escape
(PMS) (PMSPMI) (PMI)
(PMSPMI) (PMIPMS) (PMSPMI)

ARJ 16
1 – Introdução
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Em cada cilindro do motor ocorre o mesmo ciclo, mas normalmente, em dado instante, os
diferentes cilindros do motor estão em diferentes fases do ciclo.

ARJ 17
1 – Introdução
3. Ciclo Otto – Ciclo ideal de ignição comandada (por faísca) (Nikolaus Otto, 1876)

- Admissão da mistura: ar + combustível;


- Compressão;
- Explosão/expansão
- Escape (livre / forçado)
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 Necessita combustível facilmente


vaporizável;
 Taxa de compressão limitada, devido à
temperatura de autodetonação da
explosão/
expansão
gasolina

 Ciclo Otto real

ARJ 18
1 – Introdução

3.1 – Ciclo Otto teórico


A. Admissão de mistura reagente (ar com combustível
nebulizado):
i. O êmbolo parte da posição em que a biela e a
manivela estão alinhadas, mas não sobrepostas (PMS)
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ii. No PMS a válvula de admissão abre, e inicia-se a


entrada de mistura reagente na câmara de combustão

iii. O êmbolo desce, aumentando o volume da câmara de


combustão, sempre com a válvula de admissão aberta,
até chegar a um ponto em que a biela e a manivela
estão alinhadas e sobrepostas (PMI)

iv. No PMI a válvula de admissão fecha.

A admissão de mistura reagente faz-se isobaricamente e à


pressão da mistura reagente na entrada.

ARJ 19
1 – Introdução
B. Compressão: o êmbolo sobe do PMI para o PMS, com as
válvulas de admissão e de escape fechadas.
i. O volume da câmara de combustão diminui e, como a
mistura está encerrada num sistema fechado, a sua
pressão e temperatura sobem. Isto permite a melhor
vaporização da gasolina e homogeneização da mistura.
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ii. A pressão da mistura reagente atinge o máximo quando


o êmbolo chega ao PMS.
iii. Como o movimento de subida do êmbolo é muito
rápido, a compressão de mistura reagente faz-se sem
que haja tempo para troca de calor entre a mistura
reagente e as paredes da câmara de combustão. 
Compressão adiabática
iv. Se considerar que não há atrito (entre o êmbolo e a
parede cilíndrica da câmara de combustão e entre as
moléculas de mistura reagente), a compressão sofrida
pela mistura reagente é reversível
v. A compressão sofrida pela mistura reagente é adiabática
e reversível, ou seja, isentrópica
ARJ 20
1 – Introdução

C. 1-Explosão (2-3): Uma vela de ignição gera uma faísca que


salta para o seio da mistura reagente comprimida (2-3)
i. A mistura explode instantaneamente, transforma-se em
fumos, e a pressão destes fumos sobe muito sem que o
volume da câmara de combustão varie (entrada de calor
a volume constante)
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

2-Expansão (3-4): O impacto que a explosão exerce sobre a


face superior do êmbolo provoca a descida rápida do êmbolo
do PMS para o PMI e impulsiona o veio motor (tempo
motor), causando a redução da pressão e temperatura.
ii. Pelas mesmas razões da compressão a expansão dos
produtos de combustão é adiabática e reversível, ou seja,
isentrópica.

ARJ / expansão 21
1 – Introdução
D. 1-Escape livre (4-1): Quando, no fim da expansão dos gases
queimados, o êmbolo chega ao PMI, ocorre a abertura da
válvula de escape. A válvula de admissão permanece fechada.
i. Em consequência da abertura da válvula de escape, a maior
parte dos gases queimados escapa-se para o exterior da
câmara de combustão, e disso decorre a descida abrupta da
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pressão dos produtos de combustão remanescentes nessa


câmara.
ii. Dada a instantaneidade deste escape não existe
movimento do êmbolo (saída de calor a volume constante)

2-Escape forçado (1-0): Segue-se a subida do êmbolo do PMI para o PMS,


com a válvula de escape aberta e a válvula de admissão fechada. A expulsão
dos produtos de combustão (lavagem) ocorre isobaricamente e à pressão
reinante no exterior da câmara de combustão. Quando o pistão atinge o PMS,
fecha a válvula de escape e abre a de admissão, e repete-se outro ciclo.

Motor a 4 tempos: há apenas 1 tempo motor. No caso de ser motor


monocilíndrico, necessita de um volante de inércia grande, para actuar durante
1,5 rotações do motor.
ARJ 22
1 – Introdução
Ciclo Otto teórico
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 Taxa de compressão típica ciclo Otto: entre 8 e 14, devido à limitação da temperatura de
autodetonação da gasolina  rendimento térmico limitado;
 Necessita combustível de qualidade especial, vaporizável
 Relações A/C restritas (necessidade de uso de misturas estequiométricas que garanta uma
combustão estável e para que o catalisador tenha uma elevadíssima taxa de eliminação de
poluentes)
 Na sua aplicação viária, os motores de veículos são usados predominantemente em carga
parcial. Os motores a gasolina baixam muito o seu rendimento quando em carga parcial

Ciclo Diesel – Ciclo ideal de ignição por compressão


ARJ 23
1 – Introdução

4. Ciclo Diesel – Ciclo ideal por compressão (Rudolph Diesel – 1897)


- Queima de combustíveis pobres e pouco voláteis, mais baratos;
- Admissão apenas de ar. O ar tem de ser aquecido por compressão até
uma temperatura mínima de 600 a 900⁰C para garantir inflamação
posterior do gasóleo, que só depois este é injetado, em gotículas, no
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seio do ar quente. É necessário um sistema de injeção a alta pressão


(>Par), para cada cilindro; Injetor
- A taxa de compressão não está limitada pela temperatura da mistura
no final da compressão, e tem de ser elevada, por forma a obter
temperatura alta no final da compressão  t,D 
𝑃1 𝑉1 =𝑚𝑎𝑟 𝑟𝑇1
- Início da compressão, há apenas AR: ;
𝑚𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎,𝐷𝑖𝑒𝑠𝑒𝑙 = 𝑚𝑎𝑟
- As relações A/C são tão elevadas, que se vai considerar, no ciclo Diesel,

ARJ 24
1 – Introdução

0-1: Admissão (P constante) (não representado)


ar
- Com a válvula de admissão aberta, descida do
pistão do PMS ao PMI, sugando o AR
(PMSPMI);
1-2: Compressão adiabática reversível
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

(válvulas fechadas) do AR;


2-3: Injecção do combustível e descida
parcial do êmbolo  Fornecimento de calor
(Injeção/detonação/ a P constante (expansão) (PMSV3);
(apenas de ar) (apenas de ar) expansão)
3-4: Expansão adiabática reversível
Ciclo Diesel teórico (V3PMS);
4-1: Abertura da válvula de escape e escape
espontâneo  Rejeição de calor a V
constante;
1-0: Escape forçado e limpeza do cilindro

Pdetonação =
Detonação: - êmbolo desce  P; - mcomb+ produção de “fumos”  P
constante
ARJ 25
1 – Introdução
5 – Parâmetros importantes na definição de um M.C.I.
5.1 – Pressão média teórica
Pressão Média 𝑊𝑙í𝑞,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
𝑃𝑀𝑇 = (18)
Teórica: 𝑉𝑃𝑀𝐼 − 𝑉𝑃𝑀𝑆
Valor constante da pressão que se exerceria sobre o pistão ao longo
de todo o curso motor, produzindo o mesmo Wlíq.
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Permite comparar motores de diferentes cilindradas, de modo a


distinguir aquele para o qual a cilindrada foi melhor aproveitada.

5.2 – Outras grandezas relevantes 𝑉𝑐 - Volume da cilindrada do motor


𝑊𝑡𝑢 120 (20)

𝑊𝑡𝑢 = 𝑁𝑐 (19) 𝑡 = 𝑚𝑚 - Massa da mistura
𝑡 𝑛
2𝜋𝑛 𝑁𝑐 - Número de cilindros

𝑊𝑡𝑢 = 𝐵𝑚𝑡 𝜔 (21) 𝜔= (22) - Tempo de ciclo (s)
60 𝑡
6
3,6 × 10 𝑚𝐶𝑜𝑚𝑏 (23) 𝑛 - Regime de rotação do motor (rpm)
𝑐𝑒𝑚 =
𝑊𝑡𝑢 𝜔 - Velocidade angular (rad/s)

𝑐𝑒𝑚 - Consumo específico médio (g/kWh) 𝑊ሶ 𝑡𝑢 - Potência teórica útil (J/s)


Na expressão anterior o trabalho útil vem em kJ. 𝐵𝑚𝑡 - Binário MÉDIO teórico (N.m) 26
ARJ
1 – Introdução

𝑉𝑃𝑀𝐼 − 𝑉𝑃𝑀𝑆
𝐶=
D – Diâmetro do cilindro 𝐷2
𝜋 4
C – Curso
𝐶 = 2R
L – Comprimento da biela
𝑅
R – Raio da manivela 1,2≤ 𝜆 = ≤ 1,3
𝐿
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

n – Velocidade de rotação do motor (rpm) 𝐶 𝐶𝑛


𝑣ҧê𝑚𝑏𝑜𝑙𝑜 - Velocidade média do êmbolo 𝑣ҧ ê𝑚𝑏𝑜𝑙𝑜 =𝑡 =
ൗ4 30

ARJ 27
1 – Introdução
6 – Motores a dois tempos
Desvantagens dos motores a quatro tempos:
- Apenas 1 tempo motor em cada 4 tempos;
- Irregularidade de funcionamento (minorada pelo agrupamento de vários cilindros à mesma
cambota);
- Necessidade de uso de volante de inércia numa extremidade da cambota.
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

- Baixa potência específica (Potência/kg ou potência/m3).

Motores a dois tempos


- Eliminação dos cursos de admissão e escape;
- Admissão e escape simultâneas, quando o pistão próximo do PMI.
- Sistema de distribuição por válvulas substituído por aberturas nas
paredes do cilindro: “janelas”.

ARJ 28
1 – Introdução
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

Funcionamento do motor a dois tempos (de ignição comandada, ou a gasolina)


(Martins, Jorge Motores de combustão interna, 5ªEd)
a) Ignição e impulsão do pistão do PMS para baixo, fornecendo energia à cambota e comprimindo a
mistura no carter;
b) Abertura da janela de escape com escoamento dos gases queimados;
c) Abertura da janela de transferência, passagem da mistura fresca pré-comprimida do carter para o
cilindro, e empurrando os resíduos de gases queimados – lavagem.
d) Subida do pistão, bloqueando as janelas de transferência e escape. Compressão da mistura.
Abertura da janela de admissão.
ARJ 29
1 – Introdução

Desvantagens dos motores a dois tempos


- Mistura dos gases queimados e frescos, permanência de alguns gases queimados no cilindro,
parte da mistura fresca sai pelo escape.
- Consumo mais elevado e emissão de gases poluentes superior (hidrocarbonetos não
queimados)
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

7 - Motor rotativo Wankel


Usado no passado em carros e motos (NSU, Citroen, Susuki)
Actualmente em aviões e “hovercrafts”, dado o seu baixo peso.

Rotor (R) + Estator (carcaça)


R: 3 lóbulos, cada um com câmara de combustão (cc), que
limitam 3 espaços (1, 2 e 3) + roda dentada (RD) fixa à carcaça
2 janelas: admissão (A) e escape (E)
Zona de lavagem: lado esquerdo; Zona de combustão: lado direito (2
velas)
Veio de saída (V) excêntrico
(Martins, Jorge Motores de
ARJ combustão interna, 5ªEd) 30
1 – Introdução
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

3 lóbulos simultaneamente a executar o ciclo


motor, para cada rotação do rotor;
3 rotações do veio de saída para cada
rotação do rotor.
1 fase motora por cada rotação do veio
(equivalente ao motor a dois tempos).

- Suave e isento de vibrações; elevada potência para a mesma cilindrada que os motores
alternativos, elevada velocidade máxima; baixo volume e peso.

ARJ 31
1 – Introdução
Motores de Combustão Interna – LEMA 3_V2021

Algumas desvantagens dos


motores Wankel

- Dificuldade na vedação da câmara de combustão, com 9 segmentos;


- Elevado número de segmentos leva a perdas por atrito elevadas;
- Simultaneidade de abertura de janela de escape e admissão: fuga directa da mistura fresca para o
escape;
- Câmara de combustão longa: problemas na combustão; - grandes gradientes térmicos;
- Reparação difícil; - binário baixo
ARJ 32

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