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Passo a Passo do

Inventário Extrajudicial de
acordo com o NCPC
Elaborado por Professor Tiago Pereira
Principais alterações que o NCPC trouxe ao dia a dia do advogado em questão de
aspectos práticos:
1 – Cultura da Mediação e Conciliação, v.g. art. 3º, §2º e §3º, art. 319, VII.
2 – Concentração das formas de defesa na Contestação, v.g. art. 337, II, III, art. 343.
3 – Prazos em dias úteis – Art. 219. (nota técnica 01/2016 Fonaje).
4 – Suspensão de prazos – Art. 220. (férias do advogado).
5 – Ordem Cronológica nos julgamentos – lei 13.256/2016 alterou o texto do art.
12 do NCPC para “preferencialmente”.
6 – Redução do número de recursos (extinguiu embargos infringentes e agravo
retido).
7 – Novas regras de fixação de honorários advocatícios – art. 85 e seguintes.
8 – Procedimentos para desconsideração da personalidade jurídica em fase de
execução – art. 133 e ss. (art. 50 CC Teoria Maior, art. 28 CDC Teoria Menor).
9 – Oportunidade às partes sobre qualquer decisão que será proferida contra elas,
v. g. art. 9º e 10.
10 – Tutela de urgência, unificação das medidas cautelares e tutela de evidência –
art. 300 e ss.
11 – Observância dos precedentes e jurisprudências.
12 – Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas – art. 976.
13 – Julgamento antecipado parcial do mérito – art. 356.
14 – Distribuição do ônus da prova – art. 373.
15 – Possibilidade de penhora de salários – art. 831, §2º.
INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL

O novo Código de Processo Civil trouxe relevantes alterações para a prática da


advocacia em direito sucessório, principalmente no que tange ao processamento
do inventário judicial.

Uma delas é quando o juiz decide todas as questões de direito no procedimento


especial quando provadas por documentos, remetendo para as vias ordinárias as
questões que dependem de outras provas (art. 612).

Ou a tutela antecipada para uso e fruição de determinado bem pelo herdeiro


interessado, ficando a cargo deste o ônus e o bônus. Art. 647, §único.

Contudo, o conteúdo desta aula se atine ao Inventário Extrajudicial, aquele que


pode ser realizado mediante escritura pública para posterior averbação dos bens
objetos do ato.
Como era antes...

A previsão legal do inventário extrajudicial quando da vigência do código de 73


estava no art. 982 (lei 11.441/2007) e regulado pela resolução 35 do CNJ, tratando
dos procedimentos administrativos junto ao cartório.

Como é hoje...

A previsão legal passou a ser do art. 610, §1 e §2º do NCPC regulado pela Resolução
35 do CNJ.

Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial.


§ 1o Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por
escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como
para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.
§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem
assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do
ato notarial.
Para realização do inventário extrajudicial, preenchimento de alguns
requisitos:

1 – não haver testamento


2 – herdeiros capazes (vide arts. 3º e 4º do CC)
3 – concordância entre os herdeiros
4 – todos assistidos por advogado
Conceito de inventário e partilha:

Procedimento especial destinado a identificar os bens deixados pelo falecido,


verificar sua exatidão (quantos são e como são), inclusive na perspectiva de
herdeiros preteridos ou de bens que devam ser trazidos à colação, quantificar seu
valor, apurar e providenciar o recolhimento do tributo incidente pela transferência
dos bens em virtude da morte, pagar seus credores e partilhá-los (no sentido de
dividi-los) entre os herdeiros e legatários. (Cassio Scarpinella Bueno).
Passo a passo do Inventário Extrajudicial

Atendimento Recolhimento Levantamento Agendamento Reunião com os Assinatura


documentação Certidões e assinatura no herdeiros para
recolhimento do cartório concordância da
ITCMD disposição de bens
ATENDIMENTO

A não ser que você tenha um acordo com funerária ou o herdeiro não conheça
nenhum advogado, ele chegará até você por meio de indicação na maioria das
vezes.

Ou se você é autoridade no assunto e conhecido na cidade ou região como


advogado especialista em direito sucessório.

No atendimento, o advogado deve se ater aos seguintes fatos:


- Dia do óbito (para o prazo de abertura do inventário)
- Se têm herdeiros (ordem do art. 1.829, CC).
- Quantos bens e se estão em nome do de cujus
- Se tem incapazes (geralmente menores)
- Se todos estão de acordo com a divisão dos bens
- Onde se situam os bens
- O valor de mercado (aproximadamente).
Precificação de honorários

Cada secional estipula o preço mínimo de honorários em tabela:


No estado de São Paulo.

35 – INVENTÁRIOS E ARROLAMENTOS:
Como advogado do cônjuge supérstite, inventariante e todos os herdeiros, 6%
sobre o valor real do monte-mor inclusive dos bens alienados durante o processo,
mínimo R$ 3.991,07. No caso do advogado representar apenas o meeiro, herdeiro
ou legatário, 6% sobre o valor real da meação, do quinhão hereditário ou do legado,
mínimo R$ 1.995,55. Como advogado do usufrutuário, 3% sobre o valor real dos
bens objeto do usufruto, mínimo R$1.995,55. Como advogado do inventariante
dativo ou do testamenteiro, 20% da remuneração que for atribuída ao cliente,
mínimo R$ 1.995,55.

Pode precificar avaliando a situação financeira dos herdeiros e dos bens deixados
como herança, além da quantidade de herdeiros e quantos serão representados.
Documentação:

- Documentos pessoais dos herdeiros e de cujus (CPF, RG, comprovante de


endereço)
- Certidão de óbito.
- Certidão de nascimento ou casamento dos herdeiros e do de cujus
- Matrícula atualizada dos imóveis (Cartório de Registro Imobiliário)
- CRV e CRLV dos veículos
- Relação dos bens móveis que guarnecem os imóveis
- Certidão Negativa de Débitos da Prefeitura
- Certidão de Valor Venal
- Dados dos cônjuges dos herdeiros se houver (CPF e RG e endereço)

Obs: pode apresentar as originais no ato da escritura ou cópias autenticadas.


Certidões:

- Certidão atualizada de registro civil (Cartório de Registro Civil)


- Certidão de matrícula atualizada do imóvel (Cartório de Registro de Imóveis)
- Certidão de inexistência de testamento (Busca no site CENSEC)
- CND IPTU (Prefeitura Municipal)
- Certidão de Valor Venal (Prefeitura Municipal)
- CND Receita Federal em nome do Falecido
- CNDT em nome do falecido

Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação

Imposto previsto no Art. 155, I da CF e a competência é Estadual. Cada estado


editará a lei pertinente ao ITCMD.

No estado de São Paulo o ITCMD é regulado pela Lei n° 10.705, de 28.12.2000:


- Alíquota de 4% sobre o valor venal dos bens imóveis e valor tabela FIPE dos
automóveis
- Define os contribuintes
- As situações de isenção do imposto
Declaração do ITCMD

A declaração do imposto é regulado pelo Estado competente para o recolhimento.


Geralmente é feito de forma online com preenchimento de dados dos bens, dos
herdeiros, do de cujus, do cartório, do advogado e da disposição de partilha.

Após declaração, é emitida a guia para pagamento. (Pode haver retificação da


declaração após a sua efetivação).

Agendamento Cartório

A escolha pelo Tabelião é livre. Faça sempre com o mesmo escrevente. Não segue a
regra de competência do NCPC, art. 48. Somente se for judicial (domicílio do autor
da herança).

Prazo para iniciar o inventário é de 2 meses. Art. 611 do NCPC. A multa é prevista
na lei estadual que regula o ITCMD.
Partilha

Na escritura é nomeado o interessado para representação do espólio com poderes


de inventariante (art. 618) não havendo necessidade de seguir a ordem do art. 617
do NCPC. Geralmente incumbe tal ônus ao Meeiro.

O ITCMD tem que estar pago até o dia da assinatura da escritura.

Havendo renúncia ou algum tipo de partilha que importe em transmissão, os


cônjuges dos herdeiros devem comparecer na assinatura da escritura, exceto se o
regime de casamento for o de separação absoluta.

Se o companheiro supérstite (art. 616) não tiver união estável reconhecida, poderá
os herdeiros reconhecer na escritura principalmente quanto a meação. Se não
houver consenso, terá que ter a união estável reconhecida em juízo.

A existência de credores do espólio não impede a realização do inventário por


escritura pública.
A escritura pública deverá conter: qualificação completa do autor da herança, o
regime de bens do casamento, pacto antenupcial e seu registro imobiliário, se
houver, dia e lugar em que faleceu o autor da herança, data de expedição da
certidão de óbito, livro, folha, número do termo e unidade de serviço em que
consta o registro do óbito e a menção ou declaração dos herdeiros de que o autor
da herança não deixou testamento e outros herdeiros.

É admissível a sobrepartilha por escritura pública, ainda que referente a inventário


e partilha judiciais já findos, mesmo que o herdeiro, hoje maior e capaz, fosse
menor ou incapaz ao tempo do óbito ou do processo judicial.

Havendo um só herdeiro, maior e capaz, com direito à totalidade da herança, não


haverá partilha, somente a escritura de inventário e adjudicação dos bens.
Assinatura

Podem os herdeiros assinar em dias distintos, por incompatibilidade de horário.


Após a assinatura é fornecida a escritura para as devidas averbações.
OBRIGADO

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