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Aula 12 – Urbanismo no século XX

Faculdade do Vale do Ipojuca


Disciplina de Arquitetura Brasileira 2
Prof. Amanda Casé
Urbanismo no Brasil
• No final do século XIX o capitalismo avançou em busca de matérias-primas e
novos mercados, com isso coube ao Brasil se modernizar a fim de receber as
novidades advindas da Europa. No entanto, quando as novidades chegaram
encontraram o país com muitos problemas os quais dificultaram sua entrada.
• As cidades brasileiras possuíam uma arcaica infraestrutura, ruas tortuosas com
serviços públicos inadequados e condições insalubres dominavam a paisagem,
além de péssima habitabilidade para as populações pobres. A chegada da
modernidade possibilitou a criação de ferrovias, canais e pontes para o
escoamento das matérias-primas advindas das propriedades rurais, ascendeu
uma aristocracia rural ansiando por novidades européias, o aparecimento de
indústrias, migração interna e externa devido à expansão das exportações e a
libertação dos escravos e novos transportes como carrinhos e bondes foram
geradores dos primeiros engarrafamentos.
Urbanismo no Brasil
• As duas primeiras décadas do século XX foram marcadas por uma
política baseada em três princípios: higienizar, reorganizar a
circulação e infraestrutura e embelezar. A higienização foi provida
através de vacinação, desinfecção de casas e melhorias nos serviços
de água e esgotamento. A reorganização da circulação e
infraestrutura foi resolvida através da modernização dos portos aos
novos calados dos navios, criação de ferrovias de conexão, armazéns
e compra de máquinas, mudanças essas que foram realizadas
através de reformas urbanas nos portos e nos centros das cidades
associados a esses. Por fim, embelezar era necessário tanto
economicamente como simbolicamente, primeiramente para atrair
novos capitais e imigrantes e após para se apresentar ao mundo
como uma nação próspera e civilizada.
São Paulo
• 1897 – 31.000 hab., 1900 – 240.000 hab., 1960 – 3.300.000
hab. – Aumento fenomenal e dificuldade de controle;
• Difícil topografia e sequelas da tradição colonial;
• Os obstáculos naturais impediram um desenvolvimento sem
solução de continuidade; de um lado favorecem o
nascimento de verdadeiros tentáculos ao longo das antigas
vias de comunicação estabelecidas nas cristas das
montanhas, de outro favoreceram a criação de núcleos
dispersos mais ou menos autônomos que só vieram fundir-se
bem mais tarde.
• A conjunção desses fatores geográficos e históricos com uma
especulação que recebeu toda liberdade de ação resultou
rapidamente numa extensão caótica que prossegue até hoje.
Estar-se em presença de uma série de
tabuleiros de xadrez, mais ou menos

São Paulo (1897) autônomos, arbitrariamente justapostos ou


separados por longos vazios que
correspondem as terras baixas ou as
encostas muitos inclinadas; cada uma
dessas unidades nasceu de um
loteamento feito pelo proprietário da
plantação ou fazenda.
São Paulo
• A preferência pelo sistema ortogonal deve-se a que ele constituía a
solução mais simples e menos onerosa e não a uma vontade de
ordem e clareza;
• A multiplicação desses tabuleiros de xadrez, orientados em todos
os sentidos segundo as conveniências pessoais de seus respectivos
criadores, e a falta completa de ligação racional entre uns e outros
foram fonte principal da espantosa anarquia que continua
pesando grandemente nos destino posterior da capital paulista.
• De olho nos ricos cafeicultores brasileiros, os ingleses resolvem
trazer um novo tipo para a América Latina. Em 1912 foi
constituída em Londres, a The city of San Paulo Improvements
and Freehold Company, empresa organizada para lotear grandes
áreas afastadas ao sul e a oeste da cidade – então em plena área
rural -, com a finalidade de criar bairros de alto padrão para a
crescente burguesia cafeeira.
São Paulo - 1910
• Para o projeto urbanístico, fora contratados Raymond Unwin e
Barry Parker ambos responsáveis pela implantação das primeiras
cidades-jardins inglesas, segundo os preceitos de Ebenezer Howard.
Parker desenvolveu dois projetos – o Jardim América e o City Lapa
– e a remodelação de um jardim público na avenida Paulista entre
1917 e 1919.
• Operação foi realizada a longo prazo só iniciaram a ocupação em
1920 e só se consolidou muito tempo depois.
São Paulo – Jardim América

1920
Permitiram o desenvolvimento de uma
arquitetura atuante, fundada na casa
isolada, fenômeno bastante raro numa
cidade muito grande.
Jardim América contemporânea
Lapa City (Alto da Lapa)
São Paulo
• Urbanismo era guiado pela iniciativa privada cabia ao
governo desvia e canalizar os curso d’agua que
promoviam cheias que tornavam inutilizáveis os vales
por onde passavam, realizavam viadutos, parques
públicos para a população.
• O Parque do Anhangabaú ofereceu um ambiente
agradável e repousante com seus canteiros, palmeiras
e caminhos serpenteando pelas encostas, até o dia
que o progresso do automóvel transformou-o em uma
artéria.
• O único edifício público notável da época foi o Teatro
Municipal, terminado em 1912.
Parque do Anhangabaú
Parque do Anhangabaú
Plano de Avenidas para São Paulo
• O único urbanista que pensou SP foi Francisco Prestes Maia.
Encarregado pelo Prefeito Pires do Rio de traçar um plano de avenidas a
serem feitas para tentar assegurar um sistema de comunicações que
pudesse remediar a situação caótica encontrada, Prestes Maia publicou
em 1930 o resultado do seu trabalho o Plano de Avenidas para SP. Fez
um estudo detalhado de todas as questões que deviam ser consideradas:
legislação em vigor comparada com a de outros países, expropriações,
recursos financeiros necessários, vantagens e inconvenientes dos diversos
meios de transporte coletivo existentes no mundo (ferrovias, bondes,
ônibus, metrôs).

• Sua análise dos defeitos do centro histórico, pequeno demais pra


comportar a vida de uma grande cidade, de difícil acesso por ruas de
declive muito forte e por viadutos já congestionados em certas horas,
tendo devido sua localização um desenvolvimento só radial das principais
artérias.
Plano de Avenidas para São Paulo
• A solução era o aumento do centro da cidade pela extensão da zona
comercial ao outro lado do Parque Anhangabaú, a criação de anéis de
circulação que permitissem evitar a convergência de todo o trânsito para o
centro, praticamente obrigatório para passar de um bairro para outro,
mesmo quando se tratava de um grande desvio.

Estruturar como um sistema radial


perimetral , é apresentado em três
capítulos.
“O Perímetro de Irradiação”é a proposta
de um anel viário em torno ao centro da
cidade. Prestes Maia propunha o
descongestionamento e expansão do
centro envolvendo a área central com
um sistema de avenidas e viadutos.
Desta forma transpunha os obstáculos
físicos para a expansão do centro , de
um lado o Vale do Anhangabaú e ,do
outro, a Várzea do Carmo.
Plano de Avenidas para São Paulo
Plano de Avenidas para São Paulo
• Trinta anos foram necessários para que o plano
chegasse a tomar forma. Nomeado prefeito de 1938
a 1945, Prestes Mai teve de contentar-se com abrir
uma parte do anel do contorno central e a dupla
pista da Avenida 9 de julho que passa num túnel sob
o espigão da avenida paulista para chegar aos
bairros-jardins.
• Assumiu novamente a prefeitura entre 1961 e 1965,
no entanto os recursos financeiros da prefeitura
estavam tão baixo que teve que se contentar só em
aumentar o que tinha feito no outro mandato, coube
seu sucesso a continuar seu plano.
Rio de Janeiro (Reforma de Pereira Passos)
• A reforma urbana que concedeu essas primeiras modernizações ao Rio de
Janeiro foi realizada por Francisco Pereira Passos. Passos estudou em
Paris na École des Ponts et Chaussés e estava presente na cidade no
período da reforma realizada por Haussmann, inspiração essa que estará
em seus estudos. A reforma carioca foi realizada entre 1903 e 1906, e se
concretizou pela abertura das Avenidas Central, Mém de Sá e Salvador de
Sá, construção da Avenida Beira-Mar, canalização dos rios na zona sul e
Tijuca e embelezamento das praças do centro e zona sul.
• A avenida central somada a Praça Marechal Floriano tornaram-se um
orgulho, um símbolo da civilização no Brasil. Caracterizou-se pela
aparência com um boulevard, sua largura foi a mesma definida por
Haussmann para as ruas de Paris (33m) e sua conformação foi definida
por edifícios com fachadas ecléticas e clássicas promovendo a ambiência
afrancesada desejada pela elite da época. Nela é constituído o “pentágono
das artes” são eles: o Supremo Tribunal Federal, a Escola Nacional de
Belas Artes, o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional e o Palácio Pedro
Ernesto. Borsoi conviveu diariamente com esses edifícios os quais
reforçaram a tradição Beaux-Arts no arquiteto.
Rio de Janeiro (Derrubada do Castelo-1922)
• Nova reforma urbana foi realizada em 1922 pelo prefeito
Carlos Sampaio.
• Com a justificativa de organizar um espaço para a Exposição
Internacional e para melhorar a aeração e circulação, o
prefeito proporcionou espaço para expansão da cidade e se
livrou de um cenário de pobreza.
Rio de Janeiro (Plano de Agache, 1930)
• Para pensar a cidade e definir novas áreas de expansão e
reorganizar o centro do Rio de Janeiro, em 1927, o prefeito em
exercício contrata Alfred Agache, urbanista francês famoso.
• “O Plano de Agache produz um retrato da cidade e a compara
com a cidade ideal, que seria obtida através de suas
proposições.” Entre suas proposições, definiu a área central
baseada no desenho beaux-arts criando uma cidade com
gradação de tipos e alturas que resultaria numa silhueta mais
densa e alta no centro que seria o espaço mais importante e
representativo de cidade moderna. Acabando o projeto no fim
do mandato de seu contratante não sendo implementado, no
entanto inspirou decretos e projetos urbanísticos posteriores
como os implementados na Esplanada do Castelo.
• CIRCULAÇÃO-HIGIENE - ESTÉTICA
Agache - Circulação
Redesenhar as quadras – Rio aberto para o mundo
Agache - Estética
Agache - Estética
Agache - Higiene
Rio de Janeiro - Reforma da Comissão do Plano
da cidade (1938-1948)
• O plano Agache não foi adotado oficialmente, mas serviu de
inspiração para muitos outros que se seguiram.
• No período de 1928 a 1938, o Rio de Janeiro tornava-se cada
vez mais uma vitrine de modernização devido as novas e
grandes avenidas e prédios modernos. No entanto, até 1930, a
ocupação do aterro do morro do Castelo acontecia de forma
lenta. A ocupação somente foi completada com a ascensão de
Henrique Dodsworth a prefeitura, em 1937, pois foi uma peça
fundamental do seu governo a urbanização da área.
• Além disso desenvolveu muitas outras avenidas, dentre elas a
Getúlio Vargas m que demoliu em tempo recorde 4 filas de
casas e três das igrejas mais bonitas do Rio e deixou a igreja da
Candelária como ponto de fuga da perspectiva.
Recife
• 1º atitude – lidar com as águas
Recife
•O debate do urbanismo em Recife foi centrado em torno do bairro de Santo Antonio. Santo
Antonio era o centro administrativo e comercial da cidade, com muitos edifícios públicos e lojas,
enquanto abrigando um número considerável de habitantes. A partir da década de 1920, devido
ao congestionamento de tráfego, Santo Antônio começou a ser considerado um problema. As
vielas eram tão estreitas que mal permitiu a passagem do carro, forçando carros que esperar em
longas filas por trás deles, embora o distrito teve um padrão bastante regular de ruas, herdados
do holandês, a sua posição geográfica tornou passagem obrigatória para quem vai a qualquer
ponto da cidade.
• A ereção dos primeiros edifícios altos em Recife também contribuiu para o problema piorar. No
entanto, exceto para o centro da cidade, onde era possível encontrar casas de até quatro andares,
Recife não tem prédios altos até 1930. Inovações tecnológicas, como elevadores e estrutura de
concreto não foram suficientes para provocar um processo de verticalização. Somente nos anos
1940, nas obras promovidas pelo município, eram edifícios de mais de sete andares foram
construídos.
Recife Eng. Domingos Ferreira
• A transformação do bairro Santo
Antonio seria um objeto de discussão e
de intensa disputa entre os urbanistas e
intelectuais, aparecendo em páginas de
jornais e rádio os seguintes 25 anos. As
questões abordadas foram se Santo
Antônio deve ser o grande centro cívico
da cidade, qual caráter ele teria, como
resolver os seus problemas, e como criar
um espaço de significação. Também foi
perguntado se ele deve ser preservado ou
transformado em um corredor de
tráfego, e se avenidas deve convergir
para o centro ou cercá-lo sem entrar em
seu núcleo. A grande questão era qual
imagem de modernidade era para ser
alcançado. A chegada de Alfred Agache
ajudou a enquadrar esta discussão.
Recife – Plano de Domingos Ferreira
• Esta ligação entre Santo Antônio e
Boa Vista tornou-se um elemento
importante, reaparecendo em todos
os outros projetos. Fortemente
influenciado por imagens de
parisienses, Domingos Ferreira
propôs a construção de avenidas com
a área densamente construído
central. Foi um design clássico,
combinando grades e avenidas
diagonais. A partir de uma praça de
frente para o rio, quatro avenidas iria
sair ligando os principais pontos do
distrito, ligando para as estradas
principais da cidade. A composição
dos edifícios virados para a praça, as
colunatas e os s obeliscos revela o
desejo de efeitos visuais e cênicas. O
plano foi feito pouco antes de
Agache, e Domingos Ferreira teve a
oportunidade de discutir o assunto
com ele.
Recife – Plano de Nestor de Figueiredo (1932)
•O plano geral consistia de
novo zoneamento e um novo
esquema de avenidas. Além
disso, ele apresentou um
plano mais detalhado para a
remodelação do bairro de
Santo Antonio. Percebendo
que o novo sistema viário da
cidade afetaria
tremendamente o bairro
Santo Antonio, Figueiredo
criou o distrito, tendo em
conta o seu impacto sobre a
cidade
• Em seu plano para o bairro de
Santo Antônio, ele propôs um
novo design em que o centro da
área foi transformada para
receber e distribuir o tráfego para
a cidade inteira , com duas
grandes avenidas que irradiam da
Praça Independência. Em vez de
em torno do bairro, Figueiredo
impõem o encontro destas duas
vias do núcleo, o que implica
brutal demolições
Recife - Plano de Atílio Correa Lima (1935)
•O plano mais econômica do que Figueiredo.
•Aproveitando as áreas demolidas e do
padrão urbano existente, Corrêa Lima
decidiu por um plano mais modesto,
promovendo pequena ampliação e evitando
tanto quanto possíveis alterações
dispendiosas no desenho urbano.
•Mantendo o design ligeiramente irregular
de blocos retangulares da cidade, ele se
recusou a fazer a Praça Independência o
principal ponto de convergência e não
vinculá-lo ao continente.
•Influenciado por Agache, ele projetou
edifícios de seis e sete andares com galerias
no nível do solo. Corrêa Lima concentrou
sua atenção em soluções de trânsito.
•Ele teve como objetivo reduzir a
convergência excessiva do sistema de bonde
nas áreas centrais do distrito de Santo
Antonio, descentralizando o tráfego, criando
linhas de bonde circulares, e relocação de
terminais e estacionamentos para a periferia
do distrito.
Recife - Plano de Atílio Correa Lima (1935)
Comissão do Plano da cidade (1938)
Novas capitais – Belo Horizonte
•Mudanças econômica – ouro – agricultura e
pecuária
• Relevo selvagem dificultando a expansão.
• Perdeu razão econômica
• Falta de integração com a área em expansão
• Isolamento físico
•Desejo por uma cidade com melhor situação,
com construções adequadas as instituições um
plano racional e monumental, prestigio.
•Em 1893, o presidente Afonso Pena estabeleceu
4 anos para a mudança da capital.
•A escolha partiu do centro geográfico do estado,
distancia de somente 100 km de Ouro Preto,
acessível por todos os lados, cursos d’água
próximos e temperatura agradável.
Traçado de Aarão Reis superpunha uma dupla trama ortogonal rígida, cujas malhas estavam
orientadas nos dois sentidos. A rede de base desenhava ruas retilíneas que se cortam em
ângulos retos e quarteirões quadrados semelhantes em todas as dimensões; ela foi
completada por um sistema de avenidas largas, diagonais, que constituíam uma rede menos
fechada do que a anterior, mas tão rigorosa com sua clareza e regularidade.
Novas capitais – Goiânia (1933)
• O plano de Atílio Correa Lima
explorava o máximo a topografia,
tanto no sentido prático quanto no
sentido estético. Só as vias
principais, destinadas a ser
imediatamente calçadas ou
asfaltadas, seguiram em linhas de
declive,
• O traçado adotado favoreceu em
todos os lados a evacuação pela
gravidade dessas águas e dos
esgotos que as recolhiam para
lançá-las em coletores gerais.
• Duas das principais preocupações
era o zoneamento e o transito. Ele
separou o centro administrativo do
comercial.
• A cidade prevista era linear.

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