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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)

Faculdade de Ciências e Letras, Departamento de História – Câmpus de Assis


Curso de Graduação em História (Licenciatura)
Disciplina: História Antiga II
Docente: Dr. Germano Miguel Favaro Esteves
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O MUNDO DA ANTIGUIDADE TARDIA − ENTRE SANTOS E


DEMÔNIOS:
A LITERATURA HAGIOGRÁFICA COMO FONTE HISTÓRICA

 Análise − Tentações de Santo Antão (Hieronymus Bosch):

1. Ficha Técnica:

I. Autor: Jeroen van Aeken → Hieronymus Bosch ('s-Hertogenbosch, c. 1450-1516).


II. Título: Tentações de Santão Antão.
III. Data da obra: c. 1500.
IV. Proveniência: Palácio das Necessidades, Lisboa. Museu Nacional de Arte Antiga.

Figura 1: Óleo sobre madeira de carvalho131,5 x 119 cm (painel central)

Figura 2: Óleo sobre madeira 131,5 x 53 cm (volantes)

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Figura 3: Tríptico: Tentações de Santo Antão

2. Informações Gerais:

I. A obra de Bosch é composta por cinco painéis: três centrais, quando aberto, e dois
exteriores (volantes), quando fechado. As cenas externas retratam a Paixão de Cristo.
II. O tríptico das Tentações de Santo Antão, na sua face interna, apresenta passagens da
hagiografia de Antão: este, após ter distribuído toda sua riqueza, passou a viver de forma
reclusa no deserto. Uma vez lá, foi tentado, perturbado e seduzido pelos demônios até
encontrar o caminho da salvação por meio da experiência eremítica.
III. Painel Esquerdo: o mal espreita em cada canto; monstros e espectros do mal (híbrido
entre homem e animal) esgueiram em toda parte; o mau traveste de bom (demônios
fantasiados de homens do clero). Em suma, um domínio generalizado do mal.
IV. Painel Direito: uma mulher nua tentando “aliciar” o protagonista; seres lhe provocando
com a oferta de comida e bebida. Em síntese: reflete as tentações e a solidão do homem
justo perante o mal.
V. Painel Central: contraste entre trevas e luz ao fundo (marca do dualismo entre bem e
mal / céu e inferno e a sensação de estar constantemente sendo tentado); a desolação das
cidades (reflete uma degradação moral); o único lugar onde o demônio não toca é o

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templo, dado que representa o local da salvação; dentro desta arquitetura está Cristo
fazendo um gesto de benção, o qual está sendo prontamente imitado por Antão que nos
dirige a benção (simboliza o escolhido e o santo como mediador da graça divina).

3. Ressalvas e Apontamentos:

I. Evidente que devemos resguardar o contexto do autor, que muito lhe deve ter
influenciado (séculos XV - XVI: Convulsões e Reformas Religiosas). No entanto,
apesar de todo o perigo, vale o esforço de tentar analisar aquilo que Bosch captou da
Antiguidade.
II. Antiguidade Tardia: tempo em que a presença do demônio e do mal eram a regra.
III. O tríptico, para além de retratar os episódios da vida de Santão Antão, está repleto de
simbolismos religiosos. Bosch, igual a um hagiógrafo, retratou o real e o fantástico.
IV. A importância da obra de Bosch, no presente trabalho, compreende a sua capacidade de
ilustrar, em certa medida, as passagens de Antão e a concepção do mundo naquela
época.

 Referências Bibliográficas e Imagéticas:

BOSCH, Hieronymus. Figura 1 (adaptado). MatrizNet. Disponível em:


http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/CommonServices/ThumbnailDownloader.axd?Lang
=PT&fileId=289197&IdReg=247559&TipoReg=1&ThumbnailType=2&NoImageSize=250X
180. Acessado em: 12 de Outubro de 2018.

BOSCH, Hieronymus. Figura 2 (adaptado). Museu Nacional de Arte Antiga. Disponível em:
http://thumbs.web.sapo.io/?pic=http%3A%2F%2Fmuseudearteantiga.pt%2Fcontent%2Fimg
%2Fbosch-
versovolantes_final.jpg&W=750&H=400&hash=8e7d2e7443ebd648f0335232846ac636.
Acessado em: 12 de Outubro de 2018.

BOSCH, Hieronymus. Figura 3. Museu Nacional de Arte Antiga. Disponível em:


http://thumbs.web.sapo.io/?pic=http%3A%2F%2Fmuseudearteantiga.pt%2Fcontent%2Fimg

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%2Ftentacoes_final.jpg&W=750&H=400&hash=0a849acc9848acfaa0fdc309e60610cf.
Acessado em: 12 de Outubro de 2018.

FÉLIX DA COSTA, Nuno. Sobre as Tentações de Santo Antão: A Forma como as Coisas
Significam. Revista Acta Médica Portuguesa. Lisboa, v. 1, pp. 415-417, Março/Abril 2015.

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