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Tuco Jason Capeto Fat tena Rnbarto Gnd * Hane Belting 8 diretor da recém-criada Internationales Forschungzentrun Kultur ‘wszoneehalten, om Viena, tendo assumico anteriormente cargo de proteseor nas Univerddade de Heielberg, Munique © no Hodhechulo fr Gedaltung, om Karun. Be 6 fortemantecamprometico com a resent aro (a hietva da arte no eentido do um estuco intordscplinar de imagens ou como uma antropoiogia de imagens. Suas publicagies ‘stonéem-s0 ao longo de uma dmensio Clacrniea a histéna da corn de Imagens ‘uropéia, desde a5 mais antigas méscaras rrostuitas,segaindo pelos icones bizatinos, 146 08 primdrles oas pinturas em eavalete ‘ccidontas o das prlicas do ate conten: orineas Gntre suas numerous publicagées, muita delas traduicas para muita inquas. ‘ato Bi und Pubihum im Millar (198), Das Ende der Kunatgenhcnte?(1969), ls und i: Ene Gente dex lca vor dem Zeit der Kans! (1990). and 5d-Anthropaogie: Enumirfe (Ur eine Bldwissonschat (200%). Audlem eee exrevendo um nove edu chamato Bund Mas ine Bage 1 Hane Bating. Biba trpalgi, En nie fr fine Bidwssenschalt. Murch: Wilhelm Fink, 2001. Tradugdo francesa no prclo: Pais: Etions Gulkmarc, 2008, 2 Port Frank, The Lines of My Hard. London Seckor and Warburg, 1960 ‘ano 6. some nme 8 2005, Por uma antropologia da imagem Hans Belting” Hans Belting propée neste artigo uma abordagem antropolégica da imagem, extrapolando 0 ambito antistco, para analisar aquestéo “o que é umaimagem?. Para tanto, observando os estudos de Jean-Pierre ‘Vernant a respeito da idéia de imagem concebida pela cultura grega, separa o melo tsico em que a imagem se ‘estabelece @ aguilo que ele denomina imagem mental, ‘4 sea, no material. Enaculturagrega,afirma Belting, ‘que surge o conceite de imagem, insarida na distingso centre a aparéncia e 0 ser. Eé na condigo da imagem ‘como “presenca de uma auséncia® que ela se relaciona com a morte ~ @ 0 autor recorre a méscaras, egies ou 1208 crdnios enfeitados evecadores da pessoa falecica. Esse processo de evacagdo ¢ aspecto que perdura até hhoje em nossa concepeéo de imagem. E a distingso ‘entre imagem © madium que permite a0 autor falar sobre uma “evolugdo mediol6gica" ¢ de iconoclastia ~ ‘esta como tentativa de destruigdo da presonga de um ‘medium, em que se estabelece determinada imagem, por ele tornada pabiica. Imagem, antropologia, fotogratia Na capa de meu livro Bd Anthropoogie,orginalmente devera ter aparecido uma fotografia que Robert Frank tirou om 1977. Fol uma imagem que le finaimente inclu na segunda edicao de sua peculiar autobiograta, The Lines of My Hand, em que esse retrato apareceu em meio a utras otografias que ele rearrumou e republicou naquela ocasdo." A mesma fotografia, I, introduz uma nova fase de sua vida, que comerou quando ele se mudou para Nova Scotia A paisagem representa avista de svanova moradia, maso primero plano 6 fechado or uma antiga fotograta de sua série “The Americans’. No mesmo plano, ai aparece uma impressdo om negative de uma folha de papel com a inscigao “words, um plural em um singular: words[palavas), quena autoblogratia 0 subsituidas por retratos. Palavrae imagem sao partes de uma miseen-soéne muito pessoal de seu préprio passado. O mesmo arranjo tamvém tornece a questo: 0 que, entdo, 6 uma imagem? Qu: onde esta aimagen?Esté am nosso olhar ou apenas em sua meméria, até que grau ela esté no impresso? Pobert Frankquestionou a denti¢ade da impresséo eda imagem fotogratica, a qual nés 120 facil eimpensadamente tomamos coma natural. Desse mado, ee enfatizou adistingdo entre o meio visual, que no seu caso eraafotograia,e aimagem que do éigualaseu suporteatistco, e quetamibém transcendea umaidentiticagao natty como mero assunto ov matéria. Casvalmente, meu proprio livto ja havia sido impeesso quando Franknesperadamentertirou sua perisséo para a reproduc da imagem da capa. De modo que o mesmo liv foi republicado com uma capa inteiramente nova A questao Oqueé umaimagem” precisa de uma abordagem antropoldgica, {4 que uma imagem, como veremas, om citimo caso alinge uma detinigdo antropolégica. Ahistéria da arte normalmente responde a outras questdes, | que ela estudaaobra de arte (sea ela uma imagem, escultura ou Impressao), um cbjetotangivel histérico que permite cassticapio, data e exibiggo, _smagem, for outro 1200, desatia tars tentavas de reiicacao, mesmo naquela _sscala om que ela garalmente iutua entreaexisenciatiscaementa| Hapode: (TePERTOTIFCORIGERM@masnaocnincidecomd. A distincéo inglesa entre Image imagen! picture gravure? 6 pertinente no meu caso, masapenas no sentido em que esa stingdo permite-nosagucarabusca da imagem no rérato Em um nivel mais geal, questo dizrespeito imagem em um dado meio, seja le fotografia, pntura ou mesmo video. Mas ela 6 faz sentido quando somos 16s queaperguntamos, porque vemos em corpostiscns, com osquas gerarnos 1nossas proprias imagens e, por conseguinte, podemos contrap6-tas a imagens o mundo visivel Pareceréevidente, agora, que ndo uso 0 termo ‘antropologia® no sentido de etnolagia, ¢ sim que sigo uma delinigéo europeia, sobrea qual devo a voods alguma explicagao. Do mesmo modo, nao faloexclusivamente de ‘arte’, 0 que eigiria um discus leverente cterente, mas de “imagens: Inssto nessa distin aime evtarexpectativas ertineas. Como historiador da arte, ldo oom arte ccidental,& qual ndo se apica ofamoso debate daarte com a tnologia~ qual seja, 2 questéo de a arte etnogrética necessitar de um museu de arte ou de document agao etnagratica. Antropolagos ingleses recentemente acusaram a chamada antopologia da ate de crece de qualquer matéiaou tema distntivos Logo, Jeremy Coote e Anthony Shelton propuseram um rompimanto com a etétic,afim de superar “um regpeito exagerado pea arte:* Nao deseo interterr nesse debate, uma vez que ele nao diz respeito a0 meu tdpico, nem me sinto competent suficiente para intererr nas mais ecentesdicussbesem estuios culturaise cultura visual. Além do fato de que meu campo de embate tem sido ‘na Europa, onde outras Gisciplinastomam parte. Na Alomanha, muitas dsciplinas orientadas para o texto, como a aitica litera, recantemente descobriram meios visuais como o filme, a flografia ou ‘aintemet como seu nove dominio. Bas S80 apoiadas por novos tipas de estudo de midia que definem cultura em termos de tecnologia @ comunicagées, © Lsualmente reapicam antigas teorias de semiologia. Seu canto de guerra é 0 [Bidvissenschat, visio de um nove género deiconologia, conforme anunciado por W.T. Michell. Mas e580 género, por sua vez, no chegou a solo seguro. & 5 No teso em inglés, a cstineSo & fommada elas palavas image e picture a ciernga & Sut mage sgniticaimagom: gua; stot, Fepretantago, rotrto, ropoduo; et su; ‘ooo; imagom mental ict concep: pire “pintura, quad, pana rlrato; ena: grav esenno, estampa,ilusirapdo: fotografia, samelnana, imagem, desi itacecinerat Uma vez que ambas sgnificam vetrato entenderas qe a plawa imapeestaia mais irctamente rasonata 2 aspeco ‘mental ca imagem. jaquetamben sonia imagen mena lat pala picture po sua vez roma ‘mas ao apecio eoncreta; mati: pape: ro que julgaos sor mals cordate &plava "alate: que, a nosso vor, romattia ato cance ce gaar,mateaimento, ua imager (anesidealzaa) om gum materia concrelae fang Forse relsconanas pala image 1 imagen pictures grasa (NT) 4 Jeremy Cote e Anthany Shelton (orp) ‘Anthropology, At and Aesthetics. Oxtord Garencon Fess, 1982, § Gunther Gebauer. “Oberlepungen zur Anthropologie’, in Gunther Gebaver. Anthrpotoge. Leipzig: Reciam, 1988, 7-21 COvitoph Vil ¢ Delmar Kampe. Log und Leidonsrlt. Etrdge horse Arteploge Berm: eer, 2002, 1-8 5 Jean-Gauce Shit. Le rps fe ites. 5 rive le tanes Esmisartnegoage nica Pare: tions Galimare, 2001 Mare Auge. An Antuapdlogy tor Ctemporary Ws. Pao No: Sanlord University Foss 1998 ‘ano 6. some nme 8 2005, ‘Poruma antopcagia daimagem menos preocupado com um método do que com a reivindicago em prot da compet énciarelativa a miciaicdnica que ndo é baseada em textos. Oe qualquer manera, deve ser dito que a producto visual ea experiéncia goralmentetendem ser confundidas com aimagem em particular Mas, em minha visio, mage ‘Govesenidentticxdercomaumarentigadessimbélica (portant, tamivém um item o selecdo e memoria) stintandoxtluxorpermanente:eminossosiambientes> (9B O subtitulo de meu live é: “Propostas para uma Bllwissenschal 4 {que considero 0 esforgo do que venha.a ser um projetointerdisciplinar do futuro (eportanto sem interesse especial para historia daarte, quecontinuaater seus PrOprios teritrios). debate alemao, de qualquer maneira, dz respeito 20 assim chamado dilema da historia da arte: se ela deve - sem perder seu perl herdado — contribuir para esse debate transdisciplinar ou se deve manter-50 longe e. portanto, deixar o terreno para outros. Ndo posso partilhar dessa falsa altemativa, a que mesmo historiadores de arte famosos tém vivido faciimente com as duas opgbes, como Ernst H. Combrich, que lida com a histra da arte clssica e com sua prépria versto de uma psicologia da perceprao. Aby Warburg teria desenvolvido uma antropologia das maisimportantes, no quedizrespeto 1 imagens (tanto imagens da cultura ocidental quanto além), se nao tivesse sido interrompido por sua saide e drasticamente reduzido 20 nivel de uma iconologia nos tamosde Ewin Panofsky ede Edgar Wind, os quais desagregaram ‘parte mais perigosa de sva visi nici, translormando suasidétas em um mero método de prética da historia daarte. Na Alemania, 0 grupo Historische Anthropologie de Berlim, situado na Freie Universitat, tem insstido firmemente na racic flosoficada antropologi como uma ferramenta analitica para discusséo da prépria cultura. Christoph Wai Gunther Geaveridentiticaram prot agonis as como Norbert Bias, Helmuth Feessner e Victor Turner, cuja antropologia da performancetem treqientemente servido de inspiragdo. Wille seus colegas investigam temas como o ritual da vida cotidiana ou a mimese como uma atitude transcultural; assim como uma \vasta gama de aspectos do corpo. Seu objetivo mais amplo ¢ areorientando das cléncias humanas, cujo conhecimento acumulado haverd de ser testado no espetho de nossa retiexdo atval eexperiénciade mundo.*Na Franca, um grupo ‘Similar trabalha na Maison de "Homme (Ecole des Hautes Etudes), onde Jacques Le lf, Jean-Claude Schmitt e Marc Augé tém atuado como principals fundadores. Le Gat e Schmitt consolidaram-se em histéria medieval enquanto Augé fhou-se naetnologia A pos gio ual de Marc Auge é mais bem revelaca em sou livra An ‘Anthropology tor Contemporary Worlds. Sua antropologia social é mais centrada no que ole chama de “supermodemidade” do que no pés-modernismo. Seus temas lidam muito proximamente com o status das imagens tanto na historia quanto nos dias de hoje, e alguns de seus tépicos favoritos dizem respeito & redetinicdo atval do espago, ao futuro da imaginacdo ou ao novo poder da natty fiogao. Em seu ivr La Guere des réves, Augé refer-se expictamente aobra La Guerre des images. de Serge Gruzinski; em que o autor traga a historia das imagens no México durante ¢ além dos limites temporais da colonizagdo.” A digo de 2008 de L'Homme, editada por Carlo Sever, reine uma gama de colaboradores de discplinas como et nologa,histria social, ehistoriada arte, sob 0 titulo “Image et Anthropologie’ * No Gulloge de France, SEEREPFEREVERTER, —iniciou uma nova atividade na chaired tude comparée des religions antiques’, nosanos 70. le concentrou sua “anthropologiehistorque de image’ na Gécia antiga onde, em suas prépias palavras, “le statut de image, deImagination et delimaginaire foram suas principals preocupages* Para esse propésto, ele d vlgou as rdagdes contiguas que existom entre ahistéria dos atel tos visuais ea evolucéo do pensamento rego que discutiv as imagens no que diz respsito 20 simbolo, semelhanga, Imitacdo e aparéncia. A Grécia 6 um caso singular, porquanto suas imagens primevas esto refltidas no pensamento contemporaneo, cujalinguagem ainda surge em nossa terminologiae epistemologia, Particularmente, Vernant devotou muita energia a signiticado de eidolon « olossasno pensamento pré-clssico. &dolon era entendido como a imagem deum sono, a aparigao de um deus ou o fantasma de ancestrais mortos. Também abrange largamente significado de imagens mentais e mnemdnicas no pensamento simbélico, assim como imagens projetadas sobre o mundo entetior. Qposto a essa naturezatransi6ria, Kolossos representa o arttato de pedraou metal que hoje chamariamas meio [ou medium), no qual as imagens se materalizam, apesar de kolossasser também adotada no sentido moderno (a palavra.® Tanto 0 eidolon quanto 0 Kolossos remontam ao ser humano, como um terceiro parametro nesta configuragdo: uma pessoa vivendo em um corpo fisico, que experimentau 0 eidofon e fabricou o Kolassas, sendo 0 primeiro um produto da imaginagao, enquanto o segundo o resultado de artefatos cr adores dinmarmetayeneralizararcontigurayaarde:Nernants> ‘propor uma int e-relacao triangular, em que imagem. corpo @ melo oodertam ‘onjugar-se como tres marcos, Contudo, um aspecto merece tango especial. € SUERNOUTUETTTGTS tazumaimagam. Vernant fala de uma ruptura no pensamento grage que teria sido necesséria para causar a nossa compreenséo do conceito de imagem. A ‘uptura ocorreu por volta de 600 d.C, quando a lingua grega usou, pela primeira vez, 0 termo eikon; incidentalmente ao mesmo tempo em que. Lermo mimesis fazsva primeira aparigao. Bkon desvalorizou, imediatamente, o eidoion, que a partir de ontao adotou uma signiticagao negativa: no sentido de oépia ou imitagdo inert, Enquanto ikon atralu a necessidade de definigoes ontol6gicas. \emant supde a definicao da imagem apenas apés essa rupture, enquanto reservaostermos “duplo” ou “substituto’ para osartetatos precedentesa essa 7 Mare Auge. La Gere oes ves. Berdoes Fatima ficion. Pais: ations dy Sul, 1997 ‘Sepe Guained. La Que dee magane. Pale Fayard, 1980 8 Galo Seve, “Pour une anthropologie dee Images", in LHomme Revue Wrancalse anthopoegia 185, 2008: 7-9. 9 dean-Ferte Vernant. Ate pense oer es Goce Pais Gallimard, 1980, 349; Jar Fare Vemnant. ques fades. masque. Pais Julie, 1990, 13, 10 Vernan, gues. 25:90 © 24-41 11 Belting, 81a Antroaoigi 7-9 611-18. 0. Hans Boling et ail. al Cs? Ene Fage cr Feprésmtation. Nunique: Winelm Fink, 2002, eX(discatndo acerca prograra de posuisa do grupo Katlsute, {2 Bating, Bis Antronlage, 173. 13 Hons Batting, “Aus em Schatten dos 266s ‘dune Koperin don Aningr’, in Constantin ‘von Btloewen Cer Rin on ihren und Wetralgonen, et) Miniqae Dlesedchs, 1995, 52.136. Oa versio revieasa e ampliada in Beting, BlaAthropdloge 15-88, ‘4Bdling, Blé-Antraalgi, 50-54. Kathleen M. Kenyon. Eicavations at Jericho. Londres: British Sho! of Archaeology in Jerusalem, 1981, 3: lina 51-60 ‘ano 6. some nme 8 2005, ‘Poruma antopcagia daimagem

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