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Formação Continuada

Ensino de Química

Tópico: Ligações químicas

Objetivos: Introduzir os conceitos básicos de ligações químicas, das teorias de Lewis, VSEPR, de
ligação de valência e conceitos de polaridade.

Prezados alunos, tudo bem?


Nesta aula introduziremos teorias que descrevem ligações químicas covalentes e iônicas. A
formulação da primeira teoria para a descrição da ligação química que explicitamente envolveu
elétrons foi proposta em 1916 pelo químico Gilbert N. Lewis (lembre-se que o elétron foi
descoberto por J.J. Thomson não muito antes em 1896). Lewis desenvolveu o conceito de ligação
química pelo compartilhamento de elétrons em que o número de elétrons compartilhado variava
de 1 a 6. O compartilhamento de um par de elétrons corresponde na representação de Lewis a
uma ligação simples, dois pares a uma ligação dupla e três pares a uma ligação tripla. Esta forma
de representação da ligação química não só ainda é usada hoje em dia, como é parte central na
linguagem científica usada em química. Lewis também propôs regras para a combinação de
elementos químicos levando a formação de compostos estáveis.

Lewis
De acordo com Lewis, pares de elétrons da camada de valência são compartilhados entre
átomos resultando em uma configuração de gás nobre (regra do octeto ou dubleto no caso do He)

Figura 2: Representação de Lewis para compostos químicos.

Figura 1: Representação de Lewis para as configurações eletrônicas dos elementos químicos. Note que apenas os elétrons das
camandas de valências estão representandos.

em cada um deles. Ele propôs uma representação para as configurações eletrônicas dos
elementos de acordo com o número de elétrons na camada de valência (figura 1). De acordo com
Lewis, compostos químicos estáveis são produzidos quando a regra do octeto é satisfeita para
todos os elementos do composto químico. Adicionalmente, as ligações químicas que
correspondem ao compartilhamento de um par de elétrons são representadas por um traço. Caso
exista mais de uma configuração de Lewis, escolhemos aquela que minimiza a carga formal nos
átomos.
A teoria de Lewis, embora empírica, parte de elementos ligados a teoria quântica tais como
a existência de elétrons e o uso de configurações eletrônicas, e foi capaz de explicar a estabilidade
e propriedades de um grande número de compostos químicos. Em particular, percebeu-se que,
quanto maior for o número de elétrons compartilhando entre os átomos, mais estável é aquela
ligação química. Há também uma dependência inversamente proporcional entre a estabilidade e o
comprimento de uma ligação: quanto mais estável, mais curta a ligação.
A teoria proposta por Lewis prevê o compartilhamento equânime de elétrons entre os
átomos constituintes, algo que ocorre somente em ligações covalentes. Quanto há uma diferença
de eletronegatividade entre os elementos químicos constituintes, a ligação assume um carácter
iônico. A eletronegatividade de um elemento químico é uma grandeza intimamente relacionada
ao seu potencial de ionização e a sua eletro-afinidade: quando estas grandezas são muito distintas
entre os átomos de uma ligação química sabemos que há uma grande diferença de
eletronegatividade entre eles. Existem várias definições de eletronegatividade, sendo as
definições feitas por Pauling e Mulliken as mais conhecidas e utilizadas. Walther Ludwig Julius
Kossel propôs, também em 1916, uma teoria similar a de Lewis, também baseada na regra do
octeto mas aplicada a compostos iônicos. Existem exceções a regra do octeto, em particular na
descrição de moléculas com o número ímpar de elétrons (NO, CO) e moléculas onde o átomo
central tem mais do que um octeto de elétrons (e.g. PCl5, que foi contornada com a regra do
octeto expandido) e moléculas onde não ocorre a formação do octeto por deficiência de elétrons
(e.g. BF3).

VSEPR
As teorias baseadas na regra do octeto falham na descrição de ligações em metais e não
são capazes de prever as caraterísticas estruturais tridimensionais dos compostos químicos – a
teoria de Lewis prevê apenas a conectividade entre os átomos em um composto. Duas teorias
preencheram a lacuna estrutural, a teoria VSEPR (de 1957) (VSEPR vem do inglês Valence Shell
Electron Pair Repulsion) e a teoria da ligação de valência (de 1928-1930) (VBT do inglês Valence
Bond Theory ou TLV em português).
A teoria VSEPR proposta por Ronald Gillespie e Ronald Sydney Nyholm classifica os pares
de elétrons oriundos da representação de Lewis em dois tipos: os pares ligados (ou ligantes) e os
pares isolados. Os pares ligados estão envolvidos em uma ligação química, enquanto que os
isolados não estão. O segundo passo é atribuir uma geometria espacial para o átomo central que
minimize a repulsão entre os pares de elétrons, incluindo pares de elétrons ligantes e pares
isolados. A figura 3 trás algumas geometrias moleculares típicas e a figura 4 a progressão usada
para determinar a geometria da molécula de amônia. Neste caso temos no átomo central três
pares ligados e um isolado, em um total de quatro pares. A geometria que minimiza a repulsão
entre os pares é a tetraédrica, conferido a amônia uma geometria molecular pirâmide trigonal,

Figura 5: Painel a esquerda mostra a geometria da molécula de água, a direta trás a localização sugerida da densidade
associada aos pares de elétrons. Figura retirada do link http://www.chemtube3d.com/VSEPRShapeH2O.html.

Figura 3: Arranjos geométricos típicos que minimizam a repulsão entre pares de elétrons em função do número de
pares.

Figura 4

Figura 4: Progressão utilizada para a determinação da estrutura molecular segunda a teoria VSEPR.

com um per isolado ocupando um dos vértices do tetraedro. A molécula de água, por sua vez,
possui quatro domínios formados por dois pares ligantes e dois pares isolados, portanto apresenta
uma geometria angular. Nesta geometria, dois pares de elétrons isolados se encontram nos
vértices de um tetraedro (figura 5).
TLV
Entre 1928 e 1930 Linus Pauling utilizou dos conceitos de Lewis e de outras ideias oriundas
da mecânica quântica para propor a teoria da ligação de valência (TLV). Central a TLV estão as
ideias de ressonância e hibridização. Esta última, em particular, mostrou-se muito importante
para a previsão da estrutura tridimensional de compostos químicos. Enquanto a teoria VSEPR é
baseada na repulsão de pares de elétrons, e, portanto, no comportamento da densidade
eletrônica, a TLV é baseada na ideia de que as ligações químicas são descritas pelos orbitais
(portanto uma teoria baseada em funções de onda).
A TLV descreve a ligação química como formada pelo recobrimento (ou superposição)
espacial de dois orbitais atômicos semipreenchidos, cada um com um elétron com Spins opostos.
A formação da ligação química por um par de elétrons de spins opostos é determinada pelo
principio da exclusão de Pauli (PEP). O PEP diz que não mais do que dois elétrons podem ocupar o
mesmo orbital, e quando isto ocorrer eles devem ter spins opostos. Já utilizamos implicitamente o
PEP quando apresentamos o principio de Aufbau na construção das configurações eletrônicas dos

Figura 6: formação de uma ligação química pelo recobrimento de orbitais atômicos.

átomos, pois lá geremos as configurações com dois elétrons por orbital atômico. A figura 5
apresenta a formação de uma ligação química pelo recobrimento de orbitais atômicos.
O Spin é momento angular intrínseco do elétron e lhe confere um momento magnético
que pode ser medido através do uso de um campo magnético. O Spin também pode ser
interpretado com um estado intrínseco de momento angular do elétron, ao qual associamos um
número quântico. Aos dois estados possíveis de momento angular ½ℏ e -½ℏ (ℏ é a constante de
Planck dividida por 2π) normalmente atribuímos a denominação α e β.

Ligações Polares
Quando a ligação química é formada entre elementos com diferentes eletronegatividades a
ligação é dita polar. Uma ligação polar possui uma distribuição não homogênea do par de elétrons,
acarretando a formação de um momento de dipolo. O momento de dipolo (muitas vezes chamado
somente de dipolo) é uma grandeza vetorial definido pela equação abaixo:

.
Podemos dizer que o momento de dipolo é um vetor que parte do centro de cargas positivo da
molécula e aponta para o centro de cargas negativo. Sua magnitude depende da distância entre os
centros de cargas. Para a molécula de água o momento de dipolo aponta para o átomo de
oxigênio, o elemento mais eletronegativo, e por este motivo dizemos que a molécula de água é

Figura 7: Painel a esquerda representa o momento de dipolo total e os momentos de dipolo de ligação em uma
molécula de água. O painel a direita trás o potêncial eletrostático real do sistema projetado em um superfície de van
der Waals. Regiões em vermelho possuem o potêncial mais negativo enquanto que regiões em azul o potêncial mais
positivo.

polar.

Figura 8: Exemplos de moléculas polares e apolares e seus vetores de dipolo em cada ligação química.
A característica polar de uma molécula também depende de sua geometria. O dipolo total
da molécula pode ser expresso aproximadamente pela soma dos dipolos individuais pertencentes
as ligações químicas. Desta forma o CCl4, mesmo possuindo ligações polares (pois o carbono e o
cloro possuem eletronegatividades distintas) tem momento de dipolo total nulo. O mesmo ocorre
para o BF3 e o CO2. Por outro lado, o HCl a amônia e o clorometano são moléculas polares. A
unidade usual para se expressar o momento de dipolo é o Debye (1D=3,36x10-30 Coulomb∙Metro).
A molécula de água possui um momento de dipolo de 1.85 Debye, ou simplesmente 1.85D.

 Para completar o que discutimos nesta aula, veja os vídeos indicados:

Formação de uma ligação covalente


https://www.youtube.com/watch?v=lKk_TUSEhTY

A geometria da amônia e da água segunda a teoria VSEPR.


https://www.youtube.com/watch?v=9MLOgywe84k
https://www.youtube.com/watch?v=DbCSaRUjIFY

A água como molécula polar.


https://www.youtube.com/watch?v=ASLUY2U1M-8

 Tarefa desta aula: Resolver os exercícios propostos.


Elabore seu trabalho no modelo disponibilizado.

Bom trabalho a todos!

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