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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 1ª VARA CIVIL DA COMARCA

DE RIO CUMPRIDO/RJ DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO.

Divan Santos Cardoso e Vanessa Cardoso Silva, brasileiros, casados, inscritos


nos CPFs 534.628.027-55 e 958.567.516-35 respectivamente, donos dos emails
xxxxxxxxxxxxxxx@gmail.com e xxxxxxxxxxxxxxx@gmail.com, residentes e domiciliados
na Avenida Trinta e Um de Março, 3013, Casa 1, Catumbi, Rio de Janeiro, vem por
meio de seus advogados, infra-assinados, a presença de Vossa Excelência ajuizar a
presente

AÇÃO DE DANOS MATERIAIS CUMULADA COM DANOS MORAIS

Em face de ITAPOANA Ltda, empresa privada de transporte rodoviário, com

sede na Rua S José, 300, Centro - Rio de Janeiro/ RJ.

I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Cumpre inicialmente ressaltar que os autores são pobres na acepção legal do


termo, não possuindo condições financeiras de arcar com os ônus de um processo,
sem que isso afete o sustento de sua família, razão pela qual se faz jus a assistência
judiciária, nos termos da lei 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Assim, requer os
autores os benefícios dessa lei federal, com fulcro no art. 98

“A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”.

II. DOS FATOS


Vanessa Cardoso Silva estava grávida e viajava de ônibus, acompanhada de
seus 2 (dois) filhos menores, um de 12 (doze) e o outro de 07 (sete)anos em um ônibus
da empresa Itapoana-Ltda., no trajeto São Luiz/MA – Rio de Janeiro/RJ quando, na
altura da cidade de Capim Grosso, na Bahia, entrou em trabalho de parto.

Ela foi socorrida por terceiros e levada até o hospital Nossa Senhora da Saúde,
e ela permaneceu recebendo atendimento médico.

Enquanto isso, a empresa deixava as crianças em um posto da polícia


rodoviária, que encaminhou as crianças ao conselho tutelar, na qual receberam
atendimento, sendo nesse período produzido relatório referentes ao ocorrido. Esse
relatório foi intitulado “Relatório do Conselho Tutelar de Capim Grosso/BA”.

A empresa Itapoana, entrou em contato com o esposo de Vanessa, Divan


Santos Cardoso, que estava na residência do casal no Rio de Janeiro informando-lhe da
situação e garantindo que uma assistente social da empresa seria designada para
acompanhar seus filhos até a cidade de destino, o Rio de Janeiro. Todavia, porém, o
que ocorreu foi uma completa omissão de informações após esse primeiro
telefonema. Vanessa e Divan permaneceram por horas sem notícias até que, em um
novo contato da empresa afirmou que não havia possibilidade de cumprir com o que
havia prometido antes.

Divam, temendo pela situação de sua mulher e filhos, foi até a Rodoviária Novo
Rio e comprou, com o próprio dinheiro, as passagens necessárias para ir até Capim
Grosso. Lá chegando, constatou o descaso com que toda a situação foi tratada pela
empresa, uma vez que seus filhos não só haviam sido deixados no posto da Polícia
Rodoviária, como também não lhes foi prestada nenhuma assistência para
alimentação, acompanhamento ou alocação deles em uma pousada, hotel ou qualquer
forma apropriada de abrigo. A família retornou ao Rio de Janeiro, custeando sua
passagem com recursos próprios. Desde então, nenhuma comunicação da empresa foi
feita no sentido de se justificar o ocorrido. Tampouco houve qualquer ressarcimento
da quantia gasta com deslocamento, hospedagem ou alimentação.

III. DO DIREITO
1. Dos Danos Materiais

O dano é o elemento mais importante da responsabilidade civil, pois sua


ocorrência constitui fator de desequilíbrio social, portanto, reclama alguma reparação.

Neste diapasão, entende-se que os autores tiveram um decréscimo em seu


patrimônio, devido a uma omissão da empresa de transporte que teve atitude
omissiva em relação ao cuidado das crianças e da própria Vanessa, fazendo com que o
pai das crianças se deslocasse com seus próprios fundos para achar seus filhos que
foram largados com policiares sem qualquer condição ou auxílio.

Além disso, os gastos com alimentação, moradia, que foram gastos pelo Divan ao
ter que sair de Rio de Janeiro para buscar seus filhos na Bahia deve ser trazido à tona,
pois todos esses gastos deveriam ser ressarcidos pela empresa que tinha a obrigação
de cuidar e transportar as crianças e até mesmo a Vanessa, pois mesmo que a entrada
em trabalho de parto não fosse culpa da empresa, é previsível que casos como esses
ocorram, pois também não foi desejo de a autora entrar em trabalho de parto

No mais, o TJDFT, classifica o dano material como:

O dano material, também chamado de dano patrimonial, é o


prejuízo que ocorre no patrimônio da pessoa, ou seja, perda de bens ou
coisas que tenham valor econômico.

Estão inseridos nos danos materiais os prejuízos efetivamente


sofridos (danos emergentes), bem como valores que pessoa deixou de
receber (lucros cessantes).

Desse Modo, é evidente que o dinheiro gasto pela ausência de informações e


cuidado da empresa perante seus passageiros foi indevidamente gasto devendo ser
ressarcido pela empresa.

Vale ressaltar que é incomparável o poder entre o autor e a ré, onde, de um lado
temos um simples homem, que tem procurado adquirir seus bens de forma honesta,
cumprindo com seus compromissos periodicamente e do outro lado, uma empresa
com altíssimo poder aquisitivo, em que simplesmente dá continuidade no seu
trabalho, duplicando seu capital dia após dia, sem ao menos se importar com
patrimônio de outrem.
Desse modo, como uma passagem de Rio de Janeiro para Capim Grosso- Bahia,
está custando em média R$ 730,00 (setecentos e trinta) reais por pessoa e são 4
pessoas, sendo o Divan duas passagens, sendo o valor com passagem de R$ 3.650,00
(três mil e seiscentos e cinquenta) reais

Somado ao valor de alimentação que no Brasil é de R$ 35,00 (trinta e cinco) reais


por pessoa. Desse modo, sendo o total de R$ 250,00 reais, que somado com o aluguel
de hotel para 3 pessoas é de R$80,00 considerando que são três pessoas.

Assim, estimando o valor gasto, e pela excepcionalidade dê se o valor de R$


4000,00 (quatro mil) reais de danos materiais.

2. Dos Danos Morais

No tange aos Danos morais, é claro e evidente que ocorreu danos psicológicos
irreversíveis causados aos pais, pois durante certo tempo, os país não sabiam sequer
onde estavam seus filhos e se estavam bem, pois a empresa que disse que iria levar as
crianças até o Rio de Janeiro e que essas crianças estariam acompanhadas de uma
assistente social, ou seja, é evidente que a empresa teria condições de cuidar das
crianças podendo a ter deixado com a assistente até que a mãe estivesse em
condições de cuidar ou que o pai pudesse chegar ao local com mais tranquilidade.

Porém, o que foi feito foi o contrário disso, as crianças foram largadas um posto
policial, sem condições de entender a situação e sem que pudessem se comunicar com
os pais.

Como dito, os pais também ficaram sem informações durante horas, e a mãe
que estava em uma situação já delicada poderia passar mal e gerar problemas em seu
parto ou até mesmo coisas piores.

No mais, o dano psicológico causado a família é incalculável, o terror dos pais


por não saber o paradeiro de seus filhos e o medo das crianças por não saber onde
estão e onde estão seus pais, que são evidenciados pelo relatório produzido pelas
assistentes sociais colabora para evidenciar tal elucidações.
No mais, o Código Civil expõe no artigo 927 o dever de reparar o dano causado
por atos imprudentes, omissivos, entre outros

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente


de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

É evidente que o dano causado existe, talvez não podendo ser visto mais que
poderia ter sido fatal como elucidado pela reportagem do uol, sobre os perigos do
susto

Nenhum de nós está isento de uma reação orgânica intensa e


desequilibrada, podendo cursar com complicações graves e irreversíveis,
como no caso de um infarto do coração ou um AVC.

Na dependência da personalidade da pessoa, o resultado do susto


pode ser até pior e mais precoce. Pessoas com mais controle emocional
podem suportar um pouco mais, mas, ainda assim, sentem bastante o
impacto de situações de perplexidade e intimidação.

No caso das pessoas de "pavio curto" ou muito sensíveis, uma


simples brincadeira pode ocasionar diversos impactos físicos e emocionais.
Quando a carga de sustos ou traumas é muito intensa ou até cumulativa ao
longo da vida, as pessoas podem precisar de um

Sem falar que a fase da gestação, dependendo dos traumas físicos e


emocionais que a mulher vivencia, pode ser determinante para uma maior
ou menor reatividade da criança e do futuro adulto frente aos traumas e
sustos que a vida impõe

No mais, o artigo 14 do CDC expõe que é dever do fornecedor de serviço a


reparação dos danos causados.

 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos .

Desse modo, a prestação de serviço que foi prestada indevidamente, não sendo
levados as crianças até seu pai, além de gerar em nos autores danos psicológicos
irreversíveis e imedidos, e podendo gerar até mesmo situações piores e danos a
estrutura familiar.
Assim pede-se o valor de danos morais em R$ 20.000 (vinte mil) reais.

3. DA MEDIDA CAUTELAR
Requer a antecipação parcial da tutela pretendida, para que se digne V. Exa. em
determinar, inaudita altera pars e nos termos do art. 300 do CPC, bem como do
art. 84 do CDC, à vista dos elementos trazidos aos autos e do arcabouço de provas
lançadas a configurar o “fumus boni juris”, para que isso não afete o sustento da
família e que os cuidados com Vanessa que está com bebê pequeno não sejam
afetados.
Esta medida, indispensável para o autor e em nada prejudicará a ré, portanto, não
se mostra presente o perigo de irreversibilidade do provimento.

IV. DO PEDIDO

Pelo exposto, REQUERER:

I- A concessão do benefício da assistência judiciária, nos termos do art. 98 da


lei 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015 (Novo CPC)
II- A citação do réu para querendo vir contestar os termos da exordial no
prazo legal, sob pena de serem reputados como verdadeiros os fatos. Agora
ligados nos termos do artigo 239 do Novo CPC.
III- A concessão dos danos materiais em sua totalidade
IV- A concessão em sua totalidade dos danos morais, uma vez que estão
evidentes os danos causados
V- A antecipação parcial da tutela para que não ocorra prejuízo no sustendo
familiar
VI- A condenação do réu nas custas processuais e nos horários advocatícios.
VII- A intimação do Ministério público, conforme o artigo 82 do CPC.

Ademais, ressalta-se a dispensa dos autores pela audiência de conciliação

Por fim, dê se à valor a causa de 24 mil reais.

Termos em que pede, espera deferimento

Rio de Janeiro, 16 de março de 2022


João Victor Ramos Class- OAB XXX-XX

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