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Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil 541

L. A. Bizzi, C. Schobbenhaus, R. M. Vidotti e J. H. Gonçalves (eds.) CPRM, Brasília, 2003.

Capítulo X

Recursos Minerais Energéticos:


Petróleo
Energy Mineral Resources: Petroleum

Edison José Milani e Laury Medeiros de Araújo

PETROBRAS

Summary
Petroleum exploration in Brazil has a long history, starting in pre-Republican times. In 1858, Emperor
Dom Pedro II signed concessions for exploration of coal, peat and bitumen. Petroleum and gas seeps
have been known since the 19th century, in outcrops of the Cretaceous rocks of the Recôncavo and
Camamu basins, Bahia State; in the Paleozoic sequences of the Paraná Basin, Southern Brazil; and in
Maranhão State, Northern Brazil, in outcrops of Cretaceous strata of the Barreirinhas and São Luis
basins.
From these pioneer times on petroleum exploration in Brazil has gone through several phases,
each one strongly controlled by the state of geological knowledge, the growing demand for petroleum-
derived fuels, the availability of federal resources for investment, the variation of petroleum prices in
the international market, and more recently, by the new Brazilian petroleum law, which ended the
state monopoly in the sector.
The starting point of the Brazilian petroleum industry was the creation of PETROBRAS, in 1953.
This company traced a successful exploration history starting with the onshore basins, migrated
towards the sea and reached progressivelly new frontiers in the deep water domains, defining benchmarks
in this challenging region of the continental margin basins.
Brazil is a very large country, encompassing a sedimentary area of about 6.5 million square
kilometers, including several, prospectable Proterozoic to Tertiary basins. The continuous activity
revealed several producing provinces. Initial activities were conducted in the Northeast region, where
the Recôncavo and Sergipe–Alagoas basins sustained Brazil’s production up to the end of the 60’s.
In the 70’s exploration migrated towards the sea, in an irreversible way. In 1974, the discovery of
the Garoupa Field in the shallow waters domain of the Campos Basin strongly marked Brazilian
petroleum history, and just a few years later that area was consolidated as a world-class petroleum
province.
Eight provinces are actually responsible for domestic petroleum production in Brazil: Solimões,
Ceará, Potiguar, Sergipe–Alagoas, Recôncavo, Espírito Santo, Campos and Santos basins. On a smaller
scale, production was obtained also in the Barreirinhas and Tucano onshore basins, as well as in the
Paraná Basin, where petroleum is obtained in a non-conventional way by the industrialization of the
bituminous shales of the Permian Irati Formation.
Paleozoic petroleum is produced in the Solimões Basin, in the heart of the Amazon jungle. The
petroleum system in that area includes Devonian source rocks, whose maturation history was deeply
affected by Mesozoic igneous intrusions. Reservoirs are Late Carboniferous, eolian and marginal
542 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

marine sandstones. Traps are reverse fault-related folds, that were provided by the development of an intraplate strike-slip zone
during the Mesozoic.
In the Brazilian Mesozoic basins, several petroleum systems have already been characterized (Katz and Mello 2000). Neocomian
lacustrine black shales are major source rocks in the Recôncavo and Potiguar basins, and their petroleum was mostly accumulated
in sandstones of Neocomian age too.
Neocomian–Barremian source rocks are recognized as responsible for generating 3/4 of Brazilian petroleum known at this date.
The Lagoa Feia Formation in the Campos Basin includes highly productive sources of saline lacustrine environment, and its
petroleum was mostly trapped by gigantic Late Cretaceous to Tertiary sandy turbiditic bodies.
Black shales associated with the Aptian evaporitic sequence, accumulated during the transitional phase in the evolution of the
Brazilian marginal basins, are also important source rocks. They revealed to be effective sources in the Ceará, Potiguar and
Sergipe–Alagoas basins, in Northeastern Brazil. Deltaic sandstones (aged between Aptian and Eocene) are reservoirs for this system.
The Albian carbonate sequence includes a fourth package of source rocks in the Brazilian margin. In the Espírito Santo Basin,
black shales and marlstones of the Regência Formation sourced the reservoir facies of the Albian carbonates, as well as to Late
Cretaceous marine sandstones.
Cenomanian–Turonian marine shales also contributed as source rocks in some areas. In the Santos and Sergipe–Alagoas basins,
these rocks supplied petroleum to various levels of reservoirs, from Albian carbonates to Tertiary turbidite sandstones.
Non-conventional oil production is obtained in Southern Brazil. In São Mateus do Sul County, the Permian Irati Formation of
the Paraná Basin sustains an industrial plant where these immature bituminous shales, submitted to the Petrosix process, provide
oil and gas.
The 457 petroleum accumulations already discovered in Brazil, being 283 in land and 174 offshore, hold proven reserves of
about 7.1 billion barrels of oil and 228 billion cubic meters of natural gas (Brandão and Guardado 1998). Daily domestic
production reached 1.5 million barrels in March, 2002.

Introdução (com cotas batimétricas entre 400 e 2.000 metros). Desde


1999, atua em uma desafiadora etapa na fronteira prospectiva
No Brasil, a história da pesquisa petrolífera remonta a meados da região batial da margem continental, com mais de 2.000
do século XIX. Exsudações de petróleo e gás eram então metros de lâmina d’água, designada como o domínio de águas
conhecidas em várias regiões do País: na Bahia, em ultraprofundas.
afloramentos na Bacia do Recôncavo; em São Paulo, Paraná Com suas enormes dimensões, em que se inclui uma área
e Santa Catarina, na Bacia Paraná; no litoral baiano de Ilhéus, sedimentar total de aproximadamente seis milhões e meio de
Bacia de Camamu; e no Estado do Maranhão, em áreas das quilômetros quadrados, a porção emersa do território brasileiro
Bacias de São Luiz e Barreirinhas. Os primeiros registros exibe uma diversidade de bacias prospectáveis (Fig. X.1), sejam
documentados acerca do tema prospecção petrolífera referem- proterozóicas, paleozóicas, cretácicas ou terciárias, algumas
se a duas concessões outorgadas a particulares em 1858 pelo parcial ou totalmente inexploradas, distribuindo-se por
Imperador Dom Pedro II, para a pesquisa e a mineração de 4.880.000 km2. O restante da área sedimentar localiza-se na
carvão, turfa e betume (Brandão e Guardado, 1998). Plataforma Continental, onde 1.550.000 km2 se distribuem
A partir de então, na exploração do petróleo brasileiro, por bacias sedimentares cretácico-terciárias de Margem
sucederam-se diversos períodos e diversas fases, fortemente Atlântica, até a cota batimétrica de 3.000 metros, a partir do
condicionadas pela evolução do conhecimento geológico, pelo extremo sul, em águas territoriais limítrofes com o Uruguai,
aumento continuado da demanda por derivados de petróleo, até o norte terminal, na fronteira com a Guiana Francesa. A
pela disponibilidade de recursos financeiros, pela variação região de águas profundas a ultraprofundas das bacias
dos preços internacionais e eventuais “choques” provocados brasileiras abrange 780.000 km2 entre as cotas batimétricas
por sua elevação e, mais recentemente, pelas mudanças na de 400 e 3.000 metros.
regulamentação do setor. Nesse contexto geológico particular, a partir da criação
O marco inicial da história da indústria petrolífera no Brasil da PETROBRAS, uma continuada atividade exploratória revelaria
é dado pela criação da Petróleo Brasileiro S.A., em 1953. A a existência de várias províncias petrolíferas no território
PETROBRAS, exercendo o monopólio constitucional da União nacional. As descobertas concentraram-se inicialmente na
neste segmento da indústria, consolidou trajetória exploratória Região Nordeste, tendo as bacias do Recôncavo e de Sergipe–
de sucesso que começou nas bacias terrestres, migrou para o Alagoas sustentado a produção petrolífera no País até o final
mar, avançou com sucesso para as regiões de águas profundas da década de 60.
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 543

A partir dos anos 70, a busca de petróleo nas bacias Províncias Petrolíferas do Brasil
marítimas assumiria um ritmo irreversível. Em 1974, a
descoberta do Campo de Garoupa marcaria indelevelmente a Oito províncias respondem, hoje em dia, pela produção
história da indústria petrolífera brasileira: entrava em cena a doméstica de petróleo no Brasil, incluídas nas bacias Solimões,
Bacia de Campos, uma área com significado maiúsculo em Ceará, Potiguar, Sergipe–Alagoas, Recôncavo, Espírito Santo,
termos de desenvolvimento tecnológico e de sucessivas Campos e Santos (Fig. X.1). Em pequena escala, produção
conquistas exploratórias. O cumulativo de quase trinta anos petrolífera também foi alcançada nas bacias terrestres de
de atividades nesta bacia se traduz em imensas reservas de Barreirinhas (MA) e do Tucano (BA). Cerca de quatro mil barris
óleo descobertas e disponibilizadas ao mercado nacional. de petróleo por dia são obtidos de maneira não-convencional
Mas, se a escala das reservas descobertas em Campos em São Mateus do Sul – PR, por meio da mineração e
impressiona, ela não deve ofuscar conquistas obtidas em outras retortagem do folhelho betuminoso da Formação Irati, na Bacia
bacias; exemplo disso são as expressivas acumulações de gás Paraná.
e condensado na Bacia do Solimões, no coração da selva Petróleo paleozóico em volumes comerciais foi encontrado,
amazônica, uma área trabalhada persistentemente durante até o presente momento, apenas na Bacia do Solimões. O
décadas até se alcançar o primeiro sucesso exploratório. sistema petrolífero lá constatado inclui rochas geradoras do
Neste capítulo, serão mostradas as diferentes províncias Devoniano (Eiras, 1998), cujos folhelhos foram rochas de
petrolíferas do Brasil, arranjadas genericamente de norte para potencial gerador bastante elevado em suas condições de
sul. Breves comentários sobre os diferentes sistemas petro- acumulação originais, sendo esta uma característica inerente
líferos atuantes nas áreas produtoras serão seguidos pela a estratos devonianos em diversas regiões do Planeta.
descrição de algumas acumulações, selecionadas por serem Entretanto, a complexa história térmica a que foram
representativas de cada uma das bacias petrolíferas do País. submetidas essas rochas, em função dos episódios magmáticos

Figura X.1 – Mapa das bacias sedimentares brasileiras, com indicação Figure X.1 – Maps of sedimentary basins of Brazil, indicating oil and gas
das províncias produtoras de óleo e gás no País. Na Bacia do Paraná, producing provinces. In Paraná Basin, oil is obtained by a non-
o petróleo é obtido de forma não-convencional, pela industrialização conventional method, the industrialization of the bituminous shale
do folhelho betuminoso da Formação Irati from Irati Formation
544 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

que afetaram a bacia durante o Mesozóico, limitou em alguns do Ceará, Alagamar da Bacia Potiguar e Muribeca da Bacia de
aspectos a prospectividade da área em termos de sua Sergipe–Alagoas. Os reservatórios principais que acumulam
capacidade para preservar petróleo no estado líquido, devido esses hidrocarbonetos são arenitos deltaicos com idades entre
ao intenso craqueamento secundário do óleo para o neoaptiano e o eoceno.
hidrocarbonetos gasosos. Os reservatórios principais na bacia Intervalos organicamente ricos da seqüência carbonática
são arenitos neocarboníferos da Formação Juruá. albiana constituem o quarto sistema gerador, já reconhecido
Nas bacias mesozóicas, diversos sistemas petrolíferos já em alguns segmentos da margem brasileira. Na Bacia do
foram estabelecidos (Katz e Mello, 2000). As rochas lacustres Espírito Santo, folhelhos pretos e margas da Formação Regência
de idade neocomiana constituem importante sistema gerador representam importante rocha geradora, e o petróleo dela
em algumas das bacias brasileiras; esse é o caso da Formação derivado foi armazenado em fácies porosas da própria
Pendência da Bacia Potiguar e da Formação Candeias da Bacia seqüência carbonática albiana e em arenitos neocretácicos.
do Recôncavo. O petróleo por elas gerado encontra-se Os folhelhos marinhos do cenomaniano-turoniano também
acumulado principalmente em corpos arenosos também do contribuíram como geradores em algumas das bacias
Neocomiano. brasileiras. Na Bacia de Santos (Formação Itajaí Açu) e na
Um segundo sistema de rochas geradoras, de idade Bacia Sergipe–Alagoas (Formação Barra de Itiúba), essas
neocomiana-barremiana, é representado pelos folhelhos rochas alimentaram vários reservatórios, dos carbonatos
calcíferos de ambiente lacustre salino das formações Lagoa albianos a turbiditos do terciário.
Feia da Bacia de Campos e Cricaré da Bacia do Espírito Santo. As 457 acumulações já descobertas no País, sendo 283
Em importância relativa, trata-se do sistema gerador terrestres e 174 marítimas, guardam reservas provadas (ANP,
responsável pela origem de três em cada quatro barris de 2001) da ordem de 8,5 bilhões de barris de óleo (Fig. X.2) e
petróleo já descobertos no País. Esse óleo encontra-se 221 bilhões de metros cúbicos de gás natural (Fig. X.3). A
acumulado principalmente em leques turbidíticos do produção nacional diária alcançou 1 milhão e quinhentos mil
Neocretáceo e Terciário e, secundariamente, em carbonatos barris em março de 2002. Acumulações de gás, ainda não
albianos. desenvolvidas, foram descobertas nos últimos anos nas bacias
Os folhelhos pretos associados ao pacote evaporítico, paleozóicas do Amazonas e do Paraná e na Bacia de Camamu,
acumulados durante a fase transicional da evolução da margem na plataforma continental defronte ao Estado da Bahia,
continental atlântica, no Aptiano, constituem outra importante credenciando estas bacias entre as áreas a serem em breve
seção geradora. Encontram-se nas formações Mundaú da Bacia incluídas no rol das províncias produtoras do Brasil.

Figura X.2 – Distribuição percentual por Unidades da Federação


das reservas provadas de petróleo no Brasil, que totalizam 8,5
bilhões de barris (ANP, 2001)

Figure X.2 – Percent distribution of proven reserves of oil by states


of Brazil, which totals 8.5 billion barrels (ANP, 2001)

Figura X.3 – Distribuição percentual por Unidades da


Federação das reservas provadas de gás natural no
Brasil, que totalizam 221 bilhões de metros cúbicos
(ANP, 2001)

Figure X.3 – Percent distribution of proven reserves of


natural gas by states of Brazil, which totals 221 billion
of cubic meters (ANP, 2001)
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 545

Bacia do Solimões Sistema Petrolífero Jandiatuba–Juruá

A Bacia do Solimões situa-se na porção norte do Brasil, sob a Os folhelhos do Frasniano–Famenniano (Neodevoniano) da
selva amazônica, compreendendo área sedimentar de mais Formação Jandiatuba (Fig. X.5) constituem os geradores do
de 600.000 km 2 (Fig. X.4). A ocorrência de pacotes gás e óleo da província petrolífera da Bacia do Solimões (Eiras,
sedimentares paleozóicos, não-aflorantes, restringe-se a dois 1998). Trata-se de rochas com teores de carbono orgânico
terços de sua área total, uma vez que, com a evolução meso- variando entre 2% e 8%, compondo seção sedimentar com
cenozóica do continente, esta seção mais antiga ficou espessura entre 10 e 50 m. Dados de maturação indicam uma
sotoposta a um pacote arenoso continental de idade cretácica destacada influência do calor de corpos ígneos mesozóicos na
a recente. Em conjunto com a Bacia do Amazonas, a Bacia do história térmica da área, conseqüentemente na geração e na
Solimões constitui ampla calha intracratônica com 2.500 km expulsão de petróleo da seção geradora, bem como no
de comprimento, 500 km de largura e até 5.000 m de craqueamento in situ de acumulações previamente formadas
profundidade (Milani e Zalán, 1998). (Camoleze et al. 1990). O contato gerador–reservatório é direto,
Atividades exploratórias têm sido executadas na Bacia estando este posicionado estratigraficamente acima do primei-
desde os anos 50. Inicialmente, poços estratigráficos eram ro, condição que favorece sobremodo os processos de migração.
perfurados às margens dos rios. Em 1975, aconteceu a primeira Os reservatórios dessa província petrolífera são arenitos
campanha de levantamento de dados sísmicos. Em 1978, foi da Formação Juruá, de idade neocarbonífera, que exibem
constatada a primeira acumulação de gás, na área do Rio espessuras de até 40 m. Um selo efetivo é provido pelos
Juruá; em meados dos anos 80, foi descoberta a província de evaporitos neocarboníferos da Formação Carauari. A trapa é
gás e óleo do Rio Urucu. Até o presente, foram descobertas dominantemente do tipo estrutural, na forma de anticlinais
11 acumulações de gás e 3 campos de óleo e gás na bacia, associados a falhas reversas de direção dominantemente SW–
com reservas de óleo de 132 milhões de barris e de gás NE, que se inserem no Megacisalhamento do Solimões (Caputo
alcançando 44 bilhões de m3 (ANP, 2001); trata-se da segunda e Silva, 1990), proeminente cinturão de deformação trans-
reserva de hidrocarbonetos atualmente disponível nas bacias corrente intraplaca, de orientação E–W, originado durante o
brasileiras. Jurássico–Cretáceo e que se desenvolve ao longo da calha

Figura X.4 – Bacia do Solimões, com a localização das principais Figure X.4 – Solimões Basin showing the principal oil accumulations
acumulações petrolíferas já descobertas e a área produtora do Pólo discovered so far and the producing area of Urucu river polo
do Rio Urucu
546 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Figura X.5 – Carta estratigráfica da Bacia do Solimões, com indicação


dos elementos do sistema petrolífero atuante na área (mod. de Milani
e Thomaz Filho, 2000). Simbologia litológica válida para todas as
figuras

Figure X.5 – Stratigraphic chart of Solimões Basin indicating the elements


of the petroleum system acting on the area (mod. from Milani and
Thomaz Filho, 2000). Lithology symbols are valid for all figures

óleo alcança 20 m e é recoberta por uma capa de gás com até


80 m de espessura; a acumulação de líquido, na realidade,
tem uma geometria em anel circundando a culminância
estrutural da região, na forma de uma jazida com grande
área de ocorrência e delgada espessura (Yokota et al. 2001).
A área do Pólo de Rio Urucu inclui reservas de 45 milhões de
barris de óleo, 16 milhões de barris de condensado e 14
bilhões de m3 de gás (Kinzel et al. 1996).
sedimentar paleozóica desde os limites ocidentais da Bacia A produção de óleo e gás no Pólo de Rio Urucu se dá a
do Solimões até as proximidades do Arco de Purus, já no partir de reservatórios neocarboníferos da Formação Juruá.
limite com a Bacia do Amazonas. As principais acumulações Essa unidade inclui depósitos arenosos eólicos e de planície
da província são Rio Urucu, Juruá, Nordeste de Juruá, Sudoeste de maré como as fácies de melhores características permo-
de Urucu, Igarapé Marta, São Mateus e Leste de Urucu. porosas, com porosidade média da ordem de 18%. O óleo
tem densidade de 41o API*, sendo produzido juntamente com
Pólo de Rio Urucu condensado (60 a 70o API) e gás (80% metano, etano e
propano; Camoleze et al. 1990).
A perfuração do pioneiro 1-RUC-1-AM, em 1986, revelaria a A principal zona produtora na área, conhecida como Juruá-
primeira descoberta comercial de óleo em rochas paleozóicas 70, encontra-se em torno de 2.400 m de profundidade e
no Brasil, na Bacia do Solimões, a cerca de 600 km a W–SW de caracteriza-se pelo excelente selecionamento granulométrico
Manaus. As jazidas dessa área, hoje arranjadas em pólo de e boa continuidade lateral. Delgadas intercalações de anidrita,
produção, incluem Rio Urucu, Leste de Urucu, Sudoeste de Urucu folhelho e marga, de ampla distribuição, constituem bons
e Igarapé Marta, em uma área total excedendo os 100 km2.
*Nota dos editores: Classificação adotada pelo American Petroleum
As estruturas portadoras de petróleo resultaram de Institute API, definida como: NAPI = (141,5/U) – 131,5 onde U é a densidade
atividade tectônica transpressional e conformam-se como do petróleo à 15,6ºC. Abaixo de 15ºAPI o petróleo é considerado pesado.
Acima de 25 é classificado como leve. (Fonte: Osvaldo de O. Duarte. 1997.
anticlinais assimétricos associados a falhas reversas (Fig. X.6), Dicionário Enciclopédico Inglês-Português de Geofísica e Geologia. Rio de
individualmente com áreas em torno de 15 km2. A coluna de Janeiro, SBGf/PETROBRAS, 304p).
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 547

Figura X.6 – Seção sísmica de


reflexão, representativa do estilo
estrutural característico na área
do Campo de Rio Urucu, Bacia
do Solimões. Notar os dobra-
mentos associados a falhas
reversas, que constituem as
armadilhas de petróleo naquela
área

Figure X.6 – Reflexion seismic


section representing the struc-
tural style characteristic of the
Rio Urucu area, Solimões Basin.
Note the unfolding associated to
reverse faults, which constitute
the oil traps in the area

marcos estratigráficos para o zoneamento dos reservatórios Camocim, Acaraú e Icaraí, no conjunto, somam cerca de
(Kinzel et al. 1996). O mecanismo de produção de óleo nas 20.000 km 2, e nelas ainda não foram realizadas descobertas
jazidas do Pólo de Rio Urucu, que se dá por surgência, é por comerciais de hidrocarbonetos.
expansão da extensa capa de gás, com influência pouco A sub-bacia de Mundaú, a mais oriental delas, abrange a
expressiva do aqüífero sotoposto. área de aproximadamente 12.000 km2, limitando-se a oeste
com a sub-bacia de Icaraí na Plataforma de Aracati e a leste
com a Bacia Potiguar no Alto de Fortaleza (Fig. X.7). A explo-
Bacia do Ceará ração petrolífera nesta sub-bacia teve início no final dos anos
60. A primeira acumulação comercial de óleo foi descoberta
A Bacia do Ceará é compartimentada em sub-bacias, separadas em 1977. A reserva atual da Bacia do Ceará é de 90 milhões
por expressivas feições estruturais. As sub-bacias de Piauí– de barris de óleo e de 1,6 bilhões de m3 de gás (ANP, 2001).

Figura X.7 – Mapa da Bacia


do Ceará, com a localização
dos campos de petróleo já
descobertos na área

Figure X.7 – Ceará Basin map


showing the location of oil
fields discovered so far in the
area
548 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Sistema Petrolífero Mundaú–Paracuru

Embora ainda não amostrados em seus depocentros, sabe-se


por correlações geoquímicas com rochas de outras áreas que
os folhelhos aptianos da Formação Mundaú, com matéria
orgânica dos tipos I e II e teores de carbono orgânico acima
de 3%, constituem os geradores do petróleo descoberto na
Bacia do Ceará (Fig. X.8).
As acumulações ocorrem principalmente em arenitos
flúvio-deltaicos e marinhos da Formação Paracuru, de idade
aptiana, capeados por folhelhos da mesma unidade. A migração
do petróleo, a partir da rocha geradora para os reservatórios,
dá-se por contato direto, estratigráfico, ou por fluxo por
falhamentos e superfícies de discordância. O trapeamento é
provido por feições de rollover relacionadas a falhas lístricas.
Quatro são os campos já descobertos que se relacionam a
esse sistema petrolífero: Xaréu, Curimã, Espada e Atum.

Campo de Xaréu

Foi descoberto em 1977 pelo pioneiro 1-CES-8. A acumulação


ocorre em arenitos e carbonatos (calcário Trairi) da Formação
Paracuru, de idade aptiana, e também em turbiditos da
Formação Ubarana (Fig. X.9). A densidade do óleo é variável,
mais alta nos reservatórios carbonáticos (13o a 19o API),
estando o de melhor qualidade (41o API) nos arenitos aptianos.

Figura X.8 – Carta estratigráfica da Bacia do Ceará, com indicação dos


elementos do sistema petrolífero atuante na área (mod. de Milani e
Thomaz Filho, 2000)

Figure X.8 – Stratigraphic map of Ceará Basin indicating elements of


the oil system acting on the area (mod. from Milani and Thomaz Filho,
2000)

Figura X.9 – Seção geológica regional na Bacia do Ceará, mostrando Figure X.9 – Regional geological section of the Ceará Basin, showing
a configuração estrutural-estratigráfica do Campo de Xaréu stratigraphic-structural configuration of Xareu Field
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 549

Os reservatórios turbidíticos contêm petróleo de 27o API. Bacia Potiguar


A acumulação, com volume original in place de 207 milhões
de barris, relaciona-se a um trapeamento estrutural limitado A Bacia Potiguar exibe dois domínios, o terrestre e o
por falhas NW–SE; para leste, o campo ao nível dos carbonatos marítimo, com particularidades no tocante à geologia e à
é limitado por uma barreira de permeabilidade. O mecanismo história exploratória (Fig. X.10). A porção submersa da Bacia
de produção principal é por expansão de fluidos e contração Potiguar situa-se na Plataforma Continental do estado do
do espaço poroso, sem influência significativa do aqüífero. Rio Grande do Norte e do Ceará, abrangendo a área de cerca
O Calcário Trairi exibe boa continuidade estratigráfica na de 26.500 km2. Os levantamentos sísmicos na porção offshore
área de Xaréu, sendo constituído por calcilutitos e brechas da Bacia Potiguar iniciaram-se em 1971, sendo que a primeira
calcilutíticas intercaladas a folhelhos de ambiente lacustre descoberta comercial, o Campo de Ubarana, aconteceu em
marginal (Soares, 1986). O reservatório principal é um 1973. Foram descobertos até o presente seis campos de
calcilutito brechóide limpo, com clastos angulosos de calcilutito petróleo no mar, que atualmente guardam reservas de 65
laminado algal, calcilutito recristalizado e cimento calcífero. milhões de barris de óleo e de 16,8 bilhões de m3 de gás
São freqüentes as feições de birds eyes preenchidas por (ANP, 2001), produzidos principalmente a partir das formações
dolomita, os pseudomorfos de halita e a bioturbação, bem Alagamar e Açu.
como os nódulos de calcita diagenética. A porosidade é vugular A porção terrestre cobre a área de 22.000 km2, incluindo
secundária, muito efetiva para a produção. um gráben confinado, não-aflorante, que abriga sedimentos
A segunda fácies, a de calcilutito brechóide argiloso, lacustres de idade neocomiana com espessura total máxima
constitui reservatório com características menos favoráveis. de 6.000 m. Recobre a seção rifte o pacote de rochas cretácicas
Exibe microporosidade, fraturas e vugs preenchidos por cimento das formações Açu e Jandaíra. A Bacia Potiguar, em sua parte
dolomítico; além disso, as escassas camadas impregnadas terrestre, experimentou grande incremento exploratório a partir
por óleo não têm continuidade lateral efetiva. do final da década de 70, em virtude da inusitada descoberta

Figura X.10 – Mapa da Bacia Potiguar e localização dos campos Figure X.10 – Potiguar Basin map and location of oil fields discovered
petrolíferos descobertos
550 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

de óleo durante a perfuração de um poço para abastecimento


de água em Mossoró – RN. A partir de então, o cumulativo de
trabalhos resultou em reservas que, atualmente, totalizam
283 milhões de barris de óleo e de 3,8 bilhões de m3 de gás
natural (ANP, 2001).

Sistemas Petrolíferos Pendência e Alagamar-Açu

O Sistema Petrolífero Pendência (Fig. X.11), efetivo na porção


terrestre da Bacia Potiguar, inclui o petróleo gerado por
folhelhos lacustres e armazenado em arenitos flúvio-deltaicos
e turbidíticos da Formação Pendência, de idade neocomiana
(Bertani et al. 1990). As rochas geradoras apresentam
querogênio predominantemente do tipo I e teores de carbono
orgânico entre 2% e 4%, ocorrendo em grandes baixos
estruturais onde alcançam espessuras de várias centenas de
metros. A migração secundária se dá principalmente no sentido
vertical, rumo aos grandes altos estruturais regionais
delimitados durante o rifteamento.
Os reservatórios arenosos, representativos de diversas
fácies em um contexto lacustre, têm porosidades entre 18 e
24%. O trapeamento do petróleo é variado, mais comumente
sendo do tipo estrutural associado a blocos falhados e a zonas
de transferência, mas também é estratigráfico, na forma de
corpos arenosos turbidíticos completamente envolvidos por
folhelhos lacustres. Uma série de acumulações relaciona-se a
este sistema, entre elas Riacho da Forquilha, Pescada,
Livramento, Lorena, Serraria, Upanema e Poço Xavier.
O Sistema Petrolífero Alagamar–Açu (Fig. X.11) inclui como
geradores os folhelhos marinho-evaporíticos de idade aptiana
da Formação Alagamar (Souto Filho et al. 2000), com
querogênios dos tipos I e II contendo teores de carbono
orgânico de até 6%, exibindo espessura máxima de 200 m;
tais rochas alcançam condições de geração apenas na porção
offshore da bacia, o que implica processos de migração a Figura X.11 – Carta estratigráfica da Bacia Potiguar, com indicação
dos elementos dos sistemas petrolíferos atuantes na área (mod. de
longa distância por carrier beds e superfícies de discordância. Milani e Thomaz Filho, 2000)
Os reservatórios desse sistema são os arenitos flúvio-
eólicos da Formação Açu, de idade albiana. A circulação Figure X.11 – Stratigraphic map of Potiguar Basin indicating elements
of oil systems acting on the area (mod. from Milani and Thomaz Filho,
hidráulica, pelo fato de ser esta unidade importante aqüífero 2000)
ativo na bacia, exerce grande influência sobre a migração e a
acumulação de hidrocarbonetos, propelidos pela atividade
hidrodinâmica para as culminâncias estruturais e para os baixos Açu saturados de petróleo, à profundidade de 500 m (Fig.
potenciométricos. Localmente, variações laterais de fácies X.12). O campo tem área de 85 km2 e está posicionado sobre
exercem forte controle no trapeamento das acumulações o Alto de Mossoró, na porção nor-noroeste da Bacia Potiguar
petrolíferas da Formação Açu. Acumulações representativas emersa, configurando-se em um nariz estrutural com caimento
do sistema Alagamar–Açu são Canto do Amaro, Ubarana, Salina suave para NE, concordante com o mergulho regional da bacia
Cristal, Ponta do Mel, Mossoró e Macau. (Nolla e Conceição, 1988).
O petróleo de Canto do Amaro, que exibe densidade entre
Campo de Canto do Amaro 28o e 45o API, ocorre em 32 zonas produtoras, a principal
delas sendo denominada Zona 400. A reserva de óleo em
Essa acumulação foi descoberta em 1985 pelo pioneiro 1- Canto do Amaro é de 116 milhões de barris (Poletto e Santos,
CAM-1-RN, que revelou arenitos correspondentes à Formação 1993).
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 551

Figura X.12 – Seção geológica ilustrativa da acumulação petrolífera Figure X.12 – Geological section illustrating oil fields of Canto do
de Canto do Amaro, porção terrestre da Bacia Potiguar (mod. de Amaro, inland portion of the Potiguar Basin (mod. from Nolla and
Nolla e Conceição, 1988) Conceição, 1988)

O trapeamento é basicamente estrutural, mas tem orientada a E–W; uma destas falhas promove o fechamento
componentes estratigráficas dadas por variações laterais de sul da acumulação e nas demais direções a jazida é delimitada
fácies e barreiras diagenéticas; a acumulação é também por blocos estruturalmente rebaixados. A área do campo inclui
sustentada pelo fluxo hidrodinâmico que se estabelece a partir uma série de falhas normais associadas a grandes falhas de
da borda da bacia, com a recarga na faixa de afloramento da descolamento basal que se desenvolvem sobre uma rampa do
Formação Açu. Em Canto do Amaro, ocorre inusitada e pouco embasamento cristalino.
comum associação entre baixas temperaturas do reservatório, Os reservatórios do campo são arenitos deltaicos,
água doce e petróleo de boa qualidade, uma vez que as duas subdivididos em 13 zonas produtoras, todas incluídas na
condições iniciais geralmente favorecem os processos de severa Formação Pendência (Schwedersky Neto et al. 1996), em profun-
biodegradação dos hidrocarbonetos. didades que variam entre 2.020 m e 2.920 m; a porosidade
A Formação Açu é uma seção sedimentar de idade albo- varia entre 10% e 15%. O volume de óleo in place é de 109
turoniana, representada por arenitos e pelitos continentais a milhões de barris, e o de gás atinge 3,4 bilhões de m3.
marinho rasos. Algumas das fácies-reservatório presentes no A principal zona produtora do campo, denominada PD500,
campo são: arenitos arcoseanos com fragmentos líticos, é constituída por corpos arenosos de planície deltaica e barras
grossos a médios, com matriz argilosa e exibindo porosidade de desembocadura, exibindo espessuras de 35 a 55 m e sendo
intergranular primária e secundária variando entre 18% e 30%; portadora de óleo de 42o API. Esses reservatórios estão
e arenitos arcoseanos finos com intraclastos de argila, com situados em torno de 2.700 m de profundidade (Fig. X.13). A
porosidade intergranular secundária entre 25% e 35%. No planície deltaica apresenta geometria em lençol, formada pela
conjunto, correspondem a depósitos de ambiente transicional coalescência de canais distributários em que predominam
do tipo ilha de barreira-laguna, em contexto dominado por arenitos grossos. A proveniência sedimentar foi a partir de
marés (Bagnoli, 1988). áreas-fonte a oeste e nor-nordeste.

Campo de Riacho da Forquilha Campo de Ubarana

O Campo de Riacho da Forquilha localiza-se na porção SW da Descoberto em 1973 pelo pioneiro 1-RNS-3, a 13 km da costa
Bacia Potiguar, no domínio conhecido como Gráben de Apodi. e em lâmina d’água de 15 m, essa acumulação ocorre em
Foi descoberto em 1988, pelo poço 1-RFQ-1-RN. A acumulação arenitos flúvio-deltaicos de idade aptiana da Formação
configura-se em estrutura dômica falhada com área de 5 km2, Alagamar e em arenitos da Formação Açu, estes de
552 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Figura X.13 – Seção geológica


de detalhe, baseada em poços,
na área do Campo de Riacho da
Forquilha, porção terrestre da
Bacia Potiguar, ilustrando a
configuração estrutural e a
distribuição das diversas zonas
produtoras da acumulação

Figure X.13 – Detail of geological


section, based on wells, in the
area of Riacho da Forquilha Field,
inland portion of Potiguar Basin,
illustrating structural configu-
ration and distribution of several
accumulation producing zones

continuidade lateral bastante limitada. A área do campo é de Formação Alagamar-Membro Upanema, que ocorrem na área
46 km2 e a reserva de 82 milhões de barris, sendo a densidade a profundidades entre 2.200 e 2.600 m (Fig. X.14). Trata-se
do óleo variável entre 32o e 40o API (Preda, 1988). de depósitos de um ambiente costeiro, incluindo deltas e
A estrutura do campo configura-se em um homoclinal com lagunas que se arranjam em ciclos de avanço e recuo da paleo-
mergulho suave para noroeste, localmente falhado. A leste e linha de costa (Okada, 1982). Uma das zonas produtoras é em
a sul, o fechamento é dado por folhelhos da Formação Ubarana, coquinas de pelecípodes, que se intercalam a arenitos de
que preenchem o paleocanyon homônimo e, assim, shoreface. Intercalações de folhelhos e de arenitos bioturbados
caracterizam a trapa como paleogeomórfica. Para norte, a e processos diagenéticos secundários com formação de argilas
extensão do campo é dada pelo contato óleo/água e no sentido prejudicam as condições permo-porosas dos reservatórios
oeste os reservatórios são interceptados por falhas portadores de hidrocarbonetos. As porosidades observadas em
transcorrentes, que definem um escalonamento de blocos e Ubarana são da ordem de 9% a 18%, e as permeabilidades
agem como selantes da acumulação. muito baixas, o que exige rotineiras intervenções para
Os reservatórios principais do campo são arenitos da estimulação das zonas produtoras.

Figura X.14 – Seção geológica esquemática ilustrando o modelo de Figure X.14 – Schematic geological section illustrating the accumulation
acumulação do Campo de Ubarana, na porção offshore da Bacia model of Campo de Ubarana, offshore portion of Potiguar Basin
Potiguar
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 553

Bacia de Sergipe–Alagoas Sistemas Petrolíferos Muribeca e Barra


de Itiuba–Coqueiro Seco
A Bacia Sergipe–Alagoas situa-se na margem continental do
nordeste brasileiro, cobrindo cerca de 35.000 km2, dos quais A maior parcela dos volumes de petróleo descobertos na Bacia
dois terços estão em sua porção marítima (Fig. X.15). De de Sergipe–Alagoas, tais como a acumulação gigante de
todas as bacias da margem continental brasileira, esta é a Carmópolis e outras a ela adjacentes, posicionadas sobre o
que registra a sucessão estratigráfica mais completa, incluindo Alto de Aracaju, relaciona-se ao Sistema Petrolífero Muribeca
remanescentes de uma sedimentação paleozóica, um pacote (Fig. X.16). Esse sistema tem como rocha geradora os
jurássico a eocretácico pré-rifte amplamente desenvolvido e folhelhos pretos de idade aptiana da Formação Muribeca,
as clássicas seqüências meso-cenozóicas sinrifte e pós-rifte. Membro Ibura; trata-se de rochas com um conteúdo de carbono
Os primeiros trabalhos exploratórios na bacia datam da década orgânico que pode alcançar 12%, acumuladas em ambiente
de 40. Hoje, os domínios de terra e de águas rasas da Bacia marinho restrito e contendo predominantemente querogênio
Sergipe–Alagoas constituem província petrolífera em avançado do tipo II. A migração aconteceu a partir dos grandes baixos
estágio exploratório. A reserva atual da bacia inclui 40 milhões regionais da bacia, no sentido da porção terrestre e de águas
de m3 de óleo e 11,5 bilhões de m3 de gás (ANP, 2001). rasas, onde se situam proeminentes altos estruturais.

Figura X.15 – Mapa da Bacia de Sergipe–Alagoas e localização dos Figure X.15 – Map of Sergipe–Alagoas Basin and location of fields
campos já descobertos discovered so far
554 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Os reservatórios principais, em termos de volume acumulado


já descoberto, são os conglomerados da Formação Muribeca,
Membro Carmópolis e o embasamento cristalino fraturado,
trapeados em sistema de blocos falhados e selados por
evaporitos e folhelhos aptianos. Reservatórios com petróleo
Muribeca também ocorrem em depósitos arenosos situados
em outros níveis estratigráficos, tais como nas formações
Serraria, Coqueiro Seco e Calumbi. Alguns campos relacionados
a esse sistema petrolífero, além de Carmópolis, são os de
Camorim, Siririzinho, Riachuelo, Guaricema, Caioba, Dourado
e Tabuleiro dos Martins.
O Sistema Petrolífero Barra de Itiuba–Coqueiro Seco (Fig.
X.16) tem como geradores os folhelhos depositados em lagos
sintectônicos da fase rifte, de idade neocomiana a barremiana.
Tais folhelhos ocorrem com espessuras que podem alcançar
2.000 m, exibindo querogênio do tipo I e conteúdo de carbono
orgânico de até 5%. A migração secundária ocorreu por contato
direto gerador–reservatório ou por falhamentos lístricos, que
serviram como dutos ao fluxo de petróleo.
Reservatórios arenosos deltaicos ocorrem nas formações
Barra de Itiuba e Coqueiro Seco, selados por folhelhos dessas
mesmas unidades. São representativas desse sistema as
acumulações de Pilar, Furado, São Miguel dos Campos, Fazenda
Pau Brasil e Rio Vermelho.

Campo de Carmópolis

A descoberta do Campo de Carmópolis (Fig. X.17) deu-se em


duas etapas: na primeira delas, em 1963, foi caracterizada a
reserva na porção sedimentar da acumulação, pelo poço pioneiro
1-CP-1-SE. Em 1965, na perfuração do poço de desenvolvimento
7-CP-20-SE, foi constatada a existência de petróleo também
no embasamento fraturado da região, correspondente a uma
área de 100 km2.
Figura X.16 – Carta estratigráfica da Bacia de Sergipe–Alagoas, com
As rochas produtoras na área de embasamento são granada- indicação dos elementos dos sistemas petrolíferos atuantes na área
biotita-xistos e muscovita-filitos pré-cambrianos, fraturados e (mod. de Milani e Thomaz Filho, 2000)
cortados por veios de quartzo orientados preferencialmente
Figure X.16 – Stratigraphic chart of Sergipe–Alagoas Basin indicating
na direção SW–NE (Piscetta e Michelli, 1988). O sistema permo-
elements of oil systems acting on the area (mod. from Milani and
poroso, de características muito heterogêneas e pouco Thomaz Filho, 2000)
previsíveis, é dado por fraturas, microfraturas e feições de
dissolução nos veios de quartzo. Os mecanismos naturais de arenosas pobremente estratificadas; os clastos são dominan-
produção na área de embasamento fraturado de Carmópolis temente constituídos por filitos, rochas ígneas e carbonáticas.
são por expansão da capa de gás e por empuxo de água Os arenitos conglomeráticos são pobremente selecionados
estimulados por injeção de vapor. O óleo produzido em e têm espessura entre 3 e 30 m; exibem acamamento plano-
Carmópolis tem densidade entre 22o e 29o API. paralelo e ciclos com granodecrescência ascendente. As fácies
Os reservatórios da Formação Muribeca–Membro Carmópolis de arenito variam entre muito fino a grosso, têm composição
apresentam grande variabilidade litológica e de parâmetros quartzo-feldspática e apresentam estratificação planar e
petrofísicos. Incluem fácies conglomeráticas, areno-conglo- cruzada. A história diagenética dessas rochas inclui episódios
meráticas e arenosas, a que se intercalam pacotes pelíticos. de cimentação quartzosa e dolomítica e criação de porosidade
As fácies conglomeráticas, em questão, têm origem alúvio- secundária por dissolução de feldspatos.
fluvial, derivadas de áreas-fonte a oeste e noroeste. São pacotes O Campo de Carmópolis é gigante, guardando um volume
maciços com 5 a 50 m de espessura individual e incluem lentes de óleo in place da ordem de 1,6 bilhões de barris (Silva e
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 555

Figura X.17 – Seção geológica na área do Campo de Carmópolis, Figure X.17 – Geological section of the area of Campo de Carmópolis,
Bacia de Sergipe–Alagoas (mod. de Piscetta e Michelli, 1988) Sergipe–Alagoas Basin (mod. from Piscetta and Michelli, 1988)

Silva Filho, 1990). Entretanto, consideradas as complexidades gráben de colapso, responsável por complexo arranjo de falhas
estruturais e as características pouco favoráveis de suas rochas- e fraturas que são diretamente responsáveis pelo trapeamento
reservatório, o fator de recuperação primária é baixo, da ordem do óleo e gás e pela compartimentação dos reservatórios em
de 10%. A produção petrolífera do campo tem sido estimulada centenas de blocos hidraulicamente isolados, distribuídos em
pela utilização de diversos recursos complementares, tais como 35 km2 de área e entre as profundidades de 500 e 3.500 m
injeção de água, injeção de vapor, injeção de polímeros e (Borba, 1998). O campo é dividido em dois domínios – sul e
combustão in situ. norte – por uma falha de transferência orientada a E–W.
Os reservatórios principais do campo encontram-se nas
Campo de Pilar formações Coqueiro Seco, portadora de óleo de 41o API, e
Penedo, esta principalmente portadora de gás. A Formação
Descoberto em 1981 pelo poço 1-PIR-1-AL, o Campo de Pilar Coqueiro Seco, de idade aptiana, caracteriza-se por
(Fig. X.18) é uma estrutura em rollover associada à grande intercalações de arenitos deltaicos e folhelhos arranjados em
falha normal da borda da bacia. Em seu ápice apresenta um 6 ciclos deposicionais; os reservatórios podem alcançar

Figura X.18 – Seção geológica do Campo de Pilar, Bacia Sergipe– Figure X.18 – Geological section of Campo de Pilar, Sergipe–Alagoas
Alagoas (mod. de Borba, 1998). Notar o complexo padrão de Basin (mod. from Borba, 1998). Note the complex fault pattern, which
falhamentos, que segmenta a acumulação numa série de blocos segments the accumulation in a series of independent blocks. The oil
independentes. O petróleo encontra-se saturando reservatórios das saturates the reservoirs of the Formations Coqueiro Seco and Penedo
formações Coqueiro Seco e Penedo
556 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

espessuras individuais de até 50 m. Nove fácies principais características de reservatório, com porosidades da ordem de
são reconhecidas: arenitos conglomeráticos maciços ou com 10% e baixíssima permeabilidade, conseqüências de sua
granocrescência ascendente; arenito médio a muito grosso imaturidade textural e mineralógica; as fácies eólicas, de
com carapaças de pelecípodas dispersas; arenito grosso a grande continuidade lateral, têm características mais
muito grosso, conglomerático na base; arenito médio a fino, favoráveis, chegando a porosidade a atingir 15%. Grande
micáceo; arenito médio a fino, fluidizado; arenito médio a parcela da reserva de gás do Campo de Pilar, da ordem de 7
fino, com feições de slump; interlaminado arenito-folhelho, bilhões de m3, encontra-se armazenada em reservatórios
micáceo, com laminação plano-paralela; interlaminado arenito- profundos da Formação Penedo, abaixo de 3.000 m.
folhelho com feições de slump; e folhelho cinza escuro (Falconi,
1990). As reservas de óleo do campo, mormente acumuladas
na Formação Coqueiro Seco, são da ordem de 19,5 milhões Bacia do Recôncavo
de barris (Ferreira, 1990).
A Formação Penedo, de idade neocomiana, é uma sucessão A Bacia do Recôncavo (Fig. X.19) constitui segmento do rifte
dominantemente arenosa de depósitos eólicos e fluviais, do Recôncavo–Tucano–Jatobá que se desenvolveu acompa-
servindo os delgados folhelhos que se intercalam como selantes nhando os estágios iniciais de ruptura do Gondwana e a
para as acumulações de gás. As fácies fluviais têm precárias individualização das placas sul-americana e africana, no
eocretáceo. No aptiano, esse rifte intracon-
tinental tornou-se uma bacia abortada,
tectonicamente inativa, uma vez que os
esforços ligados ao rifteamento do Atlântico
Sul concentraram-se então na margem das
placas recém estabelecidas e conduziram a
sua separação definitiva (Milani et al. 1988).
A Bacia do Recôncavo cobre 11.000 km2. É
um gráben assimétrico orientado a SW–NE,
paralelo à Falha de Salvador, seu principal
elemento tectônico. O Alto de Salvador,
proeminente bloco elevado de granulitos pré-
cambrianos, separa o Recôncavo da margem
continental contígua, em sua porção
correspondente à Bacia de Jacuípe (Cainelli e
Mohriak, 1998).
O arcabouço interno do gráben inclui um
conjunto de falhas normais sintéticas e
antitéticas paralelas à Falha de Salvador e
algumas zonas de transferência NW–SE que
acomodaram o deslocamento lateral diferen-
ciado dos diversos compartimentos da bacia
sob os esforços distensivos (Milani, 1987). No
seu depocentro, a Bacia do Recôncavo abriga
uma seção sedimentar com espessura de até
7.000 m.
A Bacia do Recôncavo guarda significado
especial em termos da Geologia do Petróleo
no Brasil: foi em Lobato, um subúrbio da

Figura X.19 – Mapa da Bacia do Recôncavo e


localização das acumulações petrolíferas descobertas

Figure X.19 – Map of Recôncavo Basin and location of


discovered oil accumulations
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 557

Cidade de Salvador, que, em 1939, foi percebida a


potencialidade petrolífera da área pela observação de
exsudações de óleo. Em 1941, o petróleo “jorrou” pela primeira
vez em nosso País, com a descoberta do Campo de Candeias.
A Bacia do Recôncavo ainda abriga reservas da ordem de 33
milhões de m3 de óleo e 19 bilhões de m3 de gás natural
(ANP, 2001).

Sistema Petrolífero Candeias–Sergi/Ilhas

As rochas geradoras desse sistema são os folhelhos lacustres


neocomianos da Formação Candeias, Membro Gomo (Fig. X.20),
compreendendo uma seção com cerca de 400 m de espessura
máxima; o teor médio original de carbono orgânico é de 4% e
o querogênio é do tipo I, tendo estas rochas sido depositadas
nos grandes baixos estruturais, junto à borda leste da bacia.
As acumulações petrolíferas principais ocorrem em arenitos
eólicos e fluviais da Formação Sergi. Falhas normais e blocos
rotacionados justapõem lateralmente gerador e reservatório,
propiciando a migração dos hidrocarbonetos no sentido dos
altos estruturais da bacia. O selo é propiciado pelos folhelhos
da seção basal da Formação Candeias. Outros reservatórios
importantes aparecem na Formação Água Grande, na Formação
Candeias e no Grupo Ilhas.
Algumas das principais acumulações da Bacia do Recôncavo
são Dom João, Água Grande, Candeias, Miranga, Buracica,
Araças, Taquipe e Cassarongongo.

Campo de Dom João

Esta acumulação foi descoberta em 1947, ao tempo do Conselho


Nacional do Petróleo – CNP, pela perfuração do 1-DJ-1-BA,
cuja locação foi baseada em geologia de superfície. A
acumulação de óleo (Fig. X.21) encontra-se em arenitos da
Formação Sergi, secundariamente na Formação Água Grande,
Figura X.20 – Carta estratigráfica da Bacia do Recôncavo, com
e tem área de 47 km2, dois terços dos quais sob as águas da
indicação dos elementos do sistema petrolífero atuante na área (mod.
Baía de Todos os Santos. A porção submersa do campo foi de Milani e Thomaz Filho, 2000)
descoberta em duas etapas: Dom João Mar Norte em 1954,
com a perfuração do poço de desenvolvimento DJ-129; e Dom Figure X.20 – Stratigraphic chart of Recôncavo Basin indicating the
elements of oil system acting on the area (mod. from Milani and
João Mar Sul em 1955, pelo DJ-105. Os volumes recuperáveis Thomaz Filho, 2000)
originais em Dom João eram de 166 milhões de barris de óleo
e de 1,3 bilhões de m3 de gás natural (Andrade, 1988).
A estrutura do campo é um horst alongado a SSW–NNE, canais aluviais, representados por depósitos areno-
com cerca de 24 km de comprimento. As falhas normais que conglomeráticos em ciclos com granodecrescência ascendente;
limitam essa feição estrutural a leste e oeste, respectivamente fácies de espraiamento, com arenitos médios a finos,
a Falha de Dom João e a de Nova América, com rejeitos laminação plano-paralela e espessura de poucos metros; fácies
variáveis entre 150 e 500 m, impõem complexas configurações de transbordamento, representadas por argilitos vermelhos e
junto aos limites do campo, compartimentando-o em uma arenitos finos a médios; fácies argilosas inter-canais; e fácies
série de pequenos blocos que complicam sobremodo o fluxo de pró-delta lacustrino (Souza e Mato, 1988). Os reservatórios
de fluidos e, por conseqüência, as estratégias de produção. mais efetivos encontram-se nas fácies de canal e de
As zonas produtoras da Formação Sergi ocorrem em torno espraiamento e exibem porosidades da ordem de 17% a 19%.
de 200 a 300 m de profundidade. Constituem-se de fácies de A história diagenética a que foram submetidas estas unidades
558 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Figura X.21 – Seção geológica longitudinal ao Campo de Dom João, Figure X.21 – Longitudinal geological section of Campo de Dom João,
Bacia do Recôncavo (mod. de Andrade, 1988) Recôncavo Basin (mod. from Andrade, 1988)

inclui uma fase precoce de desenvolvimento de caliches e Campo de Miranga


fenômenos tardios de compactação, dissolução de feldspatos
e micas, cimentação carbonática e desenvolvimento de Descoberto em 1965, essa acumulação tem área de 24 km2 e
porosidade secundária. localiza-se na calha principal da bacia, a cerca de 20 km da
Consideradas as características de seus reservatórios e Falha de Salvador; a jazida exibe 22 zonas produtoras em
fluidos e os regimes e a distribuição de pressão através do arenitos do Grupo Ilhas, formações Marfim e Pojuca. A
campo, desde muito cedo durante sua história de produção o perfuração pioneira, o poço 1-MG-1-BA, foi proposta com base
Campo de Dom João requereu a aplicação de procedimentos em linhas sísmicas de reflexão de qualidade bastante precária,
de recuperação secundária no intuito de estimular o fluxo de entre as primeiras executadas no País, além de apoio em
óleo. Já no início dos anos 50, injeção de água era realizada gravimetria e em dados de geologia de superfície.
na parte baixa da estrutura. Algum tempo depois, iniciou a O Campo de Miranga (Fig. X.22) estrutura-se como um
injeção de gás, o que manteve as pressões em níveis que anticlinal cortado por falhas normais com rejeitos entre 10 e
suportaram a surgência em diversos poços durante alguns 300 m, que definem os limites da acumulação. Diapirismo de
anos (Novis, 1988). argila foi um dos fatores que influenciaram fortemente na

Figura X.22 – Seção geológica esquemática na porção central da Figure X.22 – Schematic geological section of the central portion of
Bacia do Recôncavo, ilustrando a configuração estrutural- Recôncavo Basin illustrating the stratigraphic-structural configuration
estratigráfica do Campo de Miranga (mod. de Sarnelli, 1988) of Campo de Miranga (mod. from Sarnelli, 1988)
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 559

configuração final do campo, que é circundado por domos de Marfim. Trata-se de corpos arenosos de geometria lenticular,
folhelho. Na área do campo a seção sedimentar espessa para de baixa continuidade tanto lateral quanto vertical, interca-
sudeste, no mesmo sentido do aprofundamento regional da lados a camadas de folhelhos. A jazida de Miranga Profundo
bacia. tem área de 20 km2 e reserva da ordem de 6,3 bilhões de m3
Os reservatórios do campo estão compreendidos em cinco de gás (Sarnelli, 1988).
unidades informais, os arenitos Brejão, Miranga Superior e
Inferior, Santiago e São Paulo–Catu. Tais reservatórios
correspondem a corpos arenosos acumulados como leques Bacia do Espírito Santo
subaquosos associados ao avanço de frentes deltaicas (Paz e
Souza, 1986); situam-se a profundidades entre 900 e 1.450 m Esta bacia situa-se na região terrestre costeira (20.000 km2)
e têm porosidades de 18% a 24%. Estes corpos arenosos são e na plataforma continental (200.000 km2) do Estado do Espírito
predominantemente quartzosos, em geral de granulação fina Santo e porção sul da Bahia, onde se denomina Bacia de
a muito fina, com cimento calcífero, e têm matriz argilosa, Mucuri. A Bacia do Espírito Santo (Fig. X.23) evoluiu sobre um
sendo os níveis Brejão e Santiago os de maior continuidade complexo de terrenos ígneos e metamórficos pré-cambrianos.
lateral através do campo. O petróleo produzido em Miranga O início dos trabalhos exploratórios na bacia aconteceu na
tem densidade entre 37o e 42o API; a reserva é da ordem de década de 50 e, até o presente, foram descobertas 51
119 milhões de barris (De Maman et al. 1990). acumulações de HC, sendo 46 na parte terrestre. As reservas
Em 1983, com o aprofundamento do poço 7-MGP-324A- atuais são de 12 milhões de m3 de óleo e de 11 bilhões de m3
BA, foi descoberta a acumulação de gás de Miranga Profundo, de gás (ANP, 2001).
produtor em reservatórios das Camadas Caruaçu, Formação
Sistemas Petrolíferos Cricaré–
Mucuri e Regência–Urucutuca
O Sistema Petrolífero Cricaré–Mucuri (Fig.
X.24) inclui rochas geradoras neocomiano-
barremianas lacustres da Formação Cricaré;
trata-se de folhelhos com carbono orgânico
na faixa de até 9%, acumulados com
espessuras que podem alcançar os 300 m.
Essas rochas têm querogênio principalmente
do tipo I. A migração secundária de petróleo
deu-se no sentido updip, a partir da região
mais subsidente da bacia rumo à sua porção
terrestre.
Os reservatórios são arenitos flúvio-
deltaicos da Formação Mariricu, Membro
Mucuri, de idade aptiana. Rochas capeadoras
são os folhelhos e evaporitos do Membro
Itaúnas. As trapas são predominantemente
do tipo estrutural. Óleo Cricaré também
ocorre em trapas estratigráficas nos
reservatórios arenosos turbidíticos da
Formação Urucutuca, do neo-cretáceo e
terciário. Associam-se a este sistema

Figura X.23 – Mapa da Bacia do Espírito Santo,


com a localização dos campos de petróleo já
descobertos

Figure X.23 – Map of Espirito Santo Basin showing


oil fields discovered so far
560 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

arenitos turbidíticos da Formação Urucutuca, do neo-cretáceo


e paleoceno. Exemplifica essa condição o Campo de Lagoa
Suruaca. Arenitos da Formação São Mateus, que se intercalam
aos carbonatos da Formação Regência, são os reservatórios
no Campo de Cação, uma peculiar trapa paleogeomórfica na
porção offshore da Bacia do Espírito Santo.

Campo de Lagoa Parda

Essa acumulação foi descoberta em 1978 pelo poço pioneiro


1-LP-2-ES e constitui uma trapa estratigráfica fechada
contra a borda norte do paleocanyon de Regência (Fig. X.25).
Essa feição erosiva, com 6 km de largura e 15 km de
comprimento, foi escavada na porção sul da Bacia do Espírito
Santo. O paleocanyon foi entalhado durante o Santoniano-
Turoniano e tem orientação SW–NE; ao longo de seu eixo,
recorta completamente a plataforma carbonática albiana e,
em seu terço superior, o evento erosivo alcançou o
embasamento cristalino. A seção sedimentar que preenche
tal depressão tem idades entre o maastrichtiano e o eoceno
e espessura máxima de 1.000 m.
O campo apresenta uma forma de domo, moldado pela
compactação diferencial de folhelhos e arenitos da Formação
Urucutuca. O fechamento da acumulação é de 90 m, sendo os
limites dela definidos em parte pelo pinchout dos corpos
turbidíticos para norte e oeste e pelo contato óleo-água para
leste e sul. O empuxo do aqüífero adjacente, muito ativo, é o
principal mecanismo de produção no campo.
Os corpos produtores, na seção eocênica da Formação
Urucutuca, exibem porosidades entre 22% e 27% e
correspondem a quatro diferentes fácies, dominantemente
canalizadas: arenito muito grosso e conglomerado; arenito
grosso, maciço e arenito médio a fino, estratificado; argilito
bioturbado e arenito finamente laminado; e argilito (Bruhn e
Figura X.24 – Carta estratigráfica da Bacia do Espírito Santo, com Walker, 1997).
indicação dos elementos dos sistemas petrolíferos atuantes na área Os reservatórios arranjam-se em ciclos com incipiente
(mod. de Milani e Thomaz Filho, 2000) granocrescência ascendente (Cosmo et al. 1991), cada um
Figure X.24 – Stratigraphic chart of Espírito Santo Basin indicating the deles tendo até 6 m de espessura, intercalados a camadas
elements of oil systems acting on the area (mod. from Milani and descontínuas de argilito e arenito fino a muito fino. Tal
Thomaz Filho, 2000) geometria descontínua das argilas facilita a interconectividade
entre os diferentes corpos arenosos; associada à boa qualidade
do óleo, de 30o API, resulta em excelente produtividade para
petrolífero, entre outras, as acumulações de Lagoa Parda, a zona produtora. O net pay máximo do campo é de 53 m. As
Rio São Mateus, São Mateus, Rio Itaúnas e Fazenda Cedro. reservas originais do Campo de Lagoa Parda alcançavam 24
O Sistema Petrolífero Regência–Urucutuca (Fig. X.22) tem milhões de barris de óleo e 538 milhões de m3 de gás (Cosmo
como geradoras as rochas carbonáticas da Formação Regência, et al. 1991).
de idade albo-cenomaniana. São calcilutitos e folhelhos
calcíferos que ocorrem com espessuras reduzidas, da ordem Campo de Cação
de até 50 m, tendo conteúdo de carbono orgânico que alcança
até 4%, sendo seu querogênio o do tipo II. Migração aconteceu O Campo de Cação (Fig. X.26) situa-se na plataforma
por contato lateral ou via falhas e superfícies de discordância. continental, distante 7 km do litoral do Estado do Espírito
Acumulam petróleo gerado pela Formação Regência os Santo, em lâmina d’água de 19 m. Foi descoberto em 1977
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 561

Figura X.25 – Seção geológica esquemática na área do Campo de Figure X.25 – Schematic geological section of the area of Campo de
Lagoa Parda, Bacia do Espírito Santo (mod. de Cosmo et al. 1991) Lagoa Parda, Espírito Santo Basin (mod. from Cosmo et al. 1991)

pelo poço 1-ESS-26; a estrutura que abriga a acumulação é pelíticos, que retiveram uma coluna de óleo com 160 m de
definida pelo mergulho para leste de uma feição em rollover, altura. A reserva original do campo era de 17 milhões de
parcialmente erodida pelo desenvolvimento do paleocanyon barris (Alves et al. 1998), 95% dos quais já foram produzidos.
de Fazenda Cedro, configurando uma trapa do tipo Os horizontes produtores principais constituem-se de
paleogeomórfico. O trapeamento efetivou-se pelo arenitos feldspáticos albianos da Formação São Mateus que
preenchimento dessa feição erosiva por sedimentos marinhos se intercalam a camadas de calcário da Formação Regência,

Figura X.26 – Seção geológica


do Campo de Cação, Bacia do
Espírito Santo (mod. de Alves
et al. 1998)

Figure X.26 – Geological section


of Campo de Cacao, Espírito
Santo Basin (mod. from Alves
et al. 1998)
562 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

estando a jazida a profundidades entre 2.600 e 2.800 m. barremiano, recobrindo e localmente interdigitando-se com
Existem seis reservatórios arenosos na seção produtora, os basaltos e rochas vulcanoclásticas da Formação Cabiúnas,
separados por leitos de calcário bastante fechados, definindo cujas datações radiométricas indicam idades entre 130 e 120
três unidades de fluxo independentes associadas a aqüíferos Ma (Dias et al. 1990). A porção inferior da Formação Lagoa
pouco atuantes. Embora dotados de condições permo-porosas Feia inclui conglomerados com abundantes clastos de basalto
ruins, os leitos de calcário contribuem no mecanismo de que formam grandes leques ao longo das falhas de borda;
produção do campo como mantenedores de pressão, o que é também ocorrem arenitos, folhelhos ricos em matéria orgânica
favorecido pela baixa densidade (37o API) e baixa viscosidade e coquinas, definindo um contexto de sedimentação lacustre.
do óleo. As porosidades dos arenitos-reservatório variam de As coquinas alcançam até 400 m de espessura, constituindo-
8% a 23%, associadas a boas condições de permeabilidade se em depósitos de carapaças de pelecípodes (Membro
(Alves et al. 1998). Coqueiros) associados a altos estruturais e representando uma
fácies particular de rochas porosas nesta bacia.
A parte superior da Formação Lagoa Feia, apoiada em
Bacia de Campos expressiva discordância, é representada por seqüência de
conglomerados e folhelhos avermelhados de idade aptiana
A Bacia de Campos (Fig. X.27) situa-se em águas territoriais recobertos por uma seção de evaporitos do neoaptiano (Membro
do Estado do Rio de Janeiro, cobrindo cerca de 100.000 km2, Retiro). A ocorrência do pacote aptiano e mais antigo é limitada
dos quais apenas 500 km2 são em área emersa. Para norte, a por uma zona de falha sintética de orientação geral SW–NE
bacia é parcialmente isolada da Bacia do Espírito Santo, na que se desenvolve paralela e próxima à linha de costa.
região de águas rasas, pelo Alto de Vitória, um bloco elevado Durante o albiano-cenomaniano, as condições marinhas
de embasamento que coincide com a terminação oeste da prevaleceram na bacia. A Formação Macaé consiste em carbo-
Cadeia de Vitória–Trindade, importante lineamento oceânico natos clásticos e oolíticos (Membro Quissamã) que, localmente,
daquela área (Cainelli e Mohriak, 1998). Em águas profundas, aparecem completamente dolomitizados. A sucessão vertical
não existe elemento estrutural de separação efetiva entre as inclui calcilutitos, margas e folhelhos (Membro Outeiro) e
bacias de Campos e do Espírito Santo. arenitos turbidíticos (Membro Namorado). Nas porções mais
O pacote rifte da porção inferior da Formação Lagoa Feia proximais, a Formação Macaé é constituída por conglomerados
na Bacia de Campos abrange o intervalo neocomiano superior– e arenitos pobremente selecionados (Membro Goitacás).

Figura X.27 – Mapa da Bacia de Campos, com a localização das Figure X.27 – Map of Campos Basin locating oil accumulations already
acumulações petrolíferas já descobertas discovered
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 563

O Grupo Campos recobre discordantemente a Formação


Macaé e representa o preenchimento desta bacia marginal
durante a fase final de subsidência térmica e basculamento
do substrato para leste. O pacote é representado por
sedimentos proximais, areno-conglomerático-carbonáticos
(Formação Emborê) que gradam a folhelhos nas porções distais
(Formação Ubatuba). A Formação Ubatuba compreende milhares
de metros de espessura de folhelhos e margas, com arenitos
turbidíticos intercalados (Membro Carapebus).
O basculamento progressivo da bacia para leste propiciou
o desenvolvimento de intensa deformação adiastrófica em
função do volumoso fluxo de sal (Demercian et al. 1993).
A tectônica salina e os estilos estruturais dela resultantes
configuram dois casos: próximo à costa, nos primeiros 100 a
200 km, um regime francamente distensivo, que passa a um
contexto compressivo na região de águas profundas, originada
pela contração mergulho-abaixo do pacote sedimentar em
movimento. Falhas normais de geometria lístrica associam-se
à tectônica salina.
Nos anos 50, aconteceram as primeiras investidas
exploratórias na bacia, com a perfuração de um poço
estratigráfico em terra, no Cabo de São Tomé. Os pioneiros
levantamentos sísmicos na área remontam ao final da década
de 60, e o primeiro campo foi descoberto em 1974; até hoje,
59 campos já foram descobertos na bacia, guardando cerca
de 30 bilhões de barris de óleo in place (Guardado e Luchesi,
1988).

Sistema Petrolífero Lagoa Feia–Carapebus

No principal sistema petrolífero já caracterizado nas bacias


brasileiras, as rochas geradoras são folhelhos calcíferos da
Formação Lagoa Feia (Fig. X.28) depositados em ambiente
lacustre salobro/salino da fase rifte da bacia. São rochas com
elevado potencial gerador, teor de carbono orgânico que pode
chegar a 9% e espessura máxima na faixa de 300 m (Guardado Figura X.28 – Carta estratigráfica da Bacia de Campos, com indicação
dos elementos do sistema petrolífero atuante na área (mod. de Milani
et al. 2000), com querogênio do tipo I. Tais rochas atingiram e Thomaz Filho, 2000)
condição ideal de maturação e expulsão de petróleo durante
o terciário e saturaram com petróleo rochas-reservatório Figure X.28 – Stratigraphic map of Campos Basin indicating the elements
of the oil system acting on the area (mod. from Milani and Thomaz
posicionadas em diversos horizontes estratigráficos, desde Filho, 2000)
os basaltos fraturados do substrato da bacia, coquinas na
seção rifte, carbonatos do cretáceo e terciário e corpos
turbidíticos posicionados em diversos níveis estratigráficos,
alguns deles bastante rasos, situados próximo ao fundo do lacunas estratigráficas foram originadas pelo fluxo sedimentar
mar. A denominação aqui empregada – Lagoa Feia–Carapebus no sentido das regiões mais profundas, situadas a leste. Os
– faz referência ao gerador e aos reservatórios localizados reservatórios mais significativos da bacia, pelo volume que
no nível estratigráfico mais elevado, ocorrendo outros em encerram, são os turbiditos arenosos da Formação Carapebus,
posições mais inferiores, como acima mencionado. do neo-cretáceo e terciário, capeados por folhelhos da
Para a seção pós-sal, a migração secundária deu-se por Formação Ubatuba.
falhas normais de geometria lístrica que, como dutos para As trapas desenvolveram-se associadas à evolução da
níveis estratigráficos mais elevados, se abastecem de petróleo halocinese sinsedimentar na bacia, de tal sorte que incluem
ao encontrarem “janelas” abertas na camada evaporítica; estas um caráter misto estrutural-estratigráfico. O Sistema Petrolífero
564 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Lagoa Feia–Carapebus foi o responsável pela origem dos área de 115 km2, situa-se na porção intermediária do talude
maiores campos descobertos no Brasil até os dias de hoje, continental, em uma faixa batimétrica entre 1.500 e 2.000 m.
tais como Marlim, Albacora, Roncador, Barracuda e Marimbá, O petróleo de Roncador encontra-se em arenitos do
todos em turbiditos. Encerrando também volumes muito maastrichtiano, e a geometria do campo é complexa, fruto da
importantes de petróleo aparecem reservatórios em outras evolução deposicional que acompanhou movimentos
unidades estratigráficas, tais como os carbonatos da Formação halocinéticos e diversos episódios erosivos. Essa complexidade
Macaé (campos de Garoupa, Bonito, Bicudo, Linguado e geométrica é acompanhada por grande variação na densidade
Pampo), arenitos do Albo-Cenomaniano (campos de Namorado do petróleo para cada zona produtora ou bloco da acumulação,
e Cherne), os basaltos fraturados da Formação Cabiúnas no entre 18o e 31o API. O campo é segmentado por uma falha
Campo de Badejo e as coquinas da Formação Lagoa Feia no normal de orientação NW–SE e rejeito da ordem de até 200 m.
Campo de Trilha. Carbonatos terciários da Formação Ubatuba– No bloco baixo dessa falha aloja-se o petróleo mais leve (27o
Membro Siri, que ocorrem na porção de águas rasas da bacia, a 31o API), enquanto no bloco alto foi acumulado o óleo pesado
encerram apreciáveis volumes de óleo pesado, biodegradado. (18o a 22o API). O volume de petróleo in place é de 9,7 bilhões
Os óleos da Bacia de Campos apresentam densidade entre de barris e a reserva de Roncador pode alcançar 2,9 bilhões
14o e 32o API (Mello et al. 1994), definindo misturas entre de barris (Rangel et al. 1998).
petróleos biodegradados e outros não submetidos à destrutiva A resposta geofísica do campo é bastante particular: muito
ação bacteriana. As misturas foram conseqüência de sucessivos embora a possança de arenitos saturados com petróleo
pulsos de migração secundária ao longo do tempo (Guardado constatada pelo poço pioneiro seja da ordem de 150 m, apenas
et al. 2000). a seção mais superior da acumulação exibe amplitude sísmica
anômala (Guardado et al. 2000), característica de um DHI
Campo de Roncador (Direct Hydrocarbon Indicator). As demais quatro zonas com
petróleo não apresentam contraste de impedância acústica
Descoberto em 1996 pelo poço pioneiro 1-RJS-436A, perfurado com seus folhelhos encaixantes (Rangel et al. 1998), de tal
em lâmina d’água de 1.845 m e a 130 km do litoral do Estado modo que sua presença não é claramente perceptível nos dados
do Rio de Janeiro, o Campo de Roncador (Fig. X.29), em sísmicos.
volume de petróleo, é a maior acumulação em turbiditos Os reservatórios do Campo de Roncador são arenitos finos
cretáceos já encontrada na Bacia de Campos. O campo, com a médios, localmente grossos a conglomeráticos. Arranjam-se

Figura X.29 – Seção de correlação cronoestratigráfica, baseada em Figure X.29 – Section of chronostratigraphic correlation, based on well
dados de poços, ilustrando o Campo de Roncador, Bacia de Campos data, illustrating the Roncador Field, Campos Basin (mod. from Barroso
(mod. de Barroso et al. 2000). Notar o conjunto de falhas normais et al. 2000). Note the set of normal faults which segments the
que afeta a área, compartimentando a acumulação numa série de accumulation in a series of independent blocks
blocos independentes
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 565

em pacotes com até 250 m de espessura, lateralmente O reservatório Marlim consiste em uma série de lobos
confinados pela intensa estruturação da área, que define uma submarinos coalescentes, não-confinados, resultando em vasto
série de blocos com contatos óleo-água individualizados. Trata- corpo arenoso maciço e relativamente homogêneo, de
se de reservatórios de boa porosidade (27% a 30%) e elevada granulometria média a fina e porosidade da ordem de 25%,
permeabilidade. com espessura média de 47 m, praticamente inconsolidados.
O reservatório do Campo de Marlim abriga petróleo de
Campo de Marlim densidade entre 17o e 21o API, biodegradado. Nas porções
oeste e noroeste do campo, aparecem depósitos de geometria
O Campo de Marlim foi descoberto em 1985 pelo pioneiro 1- alongada que registram as fácies arenosas ligadas a canais
RJS-219A, perfurado em lâmina d’água de 835 m (Fig. X.30). alimentadores dos lobos distais.
Esse poço testou uma anomalia de amplitude sísmica que se As fácies que constituem o reservatório de Marlim são:
revelaria como um leque arenoso de mar baixo de idade arenito fino a médio, maciço; interlaminados síltico-arenoso-
oligocênica, com cerca de 150 km2 de área e espessura de 73 argiloso, bioturbado; e arenitos muito finos com ripples,
m, saturado por óleo de 19o API e situado entre as cotas interpretados como sendo depósitos originados pela ação de
batimétricas de 500 e 1.100 m. A trapa é eminentemente correntes de contorno em águas profundas que retrabalham
estratigráfica no sentido oeste, norte e sul, dada pelo pinch os espessos corpos turbidíticos (Guardado et al. 1989).
out dos reservatórios contra os folhelhos que envolvem o depó- A análise composicional dos arenitos de Marlim revelou
sito arenoso; para leste, a acumulação termina contra uma uma composição arcosiana, com cerca de 30% de feldspatos,
falha normal lístrica, interpretada como sendo o duto pelo principalmente potássicos. É baixa a taxa de alteração desses
qual o petróleo ascendeu a partir da rocha geradora, situada minerais quando comparados a outros reservatórios terciários
na Formação Lagoa Feia (Tinoco e Corá, 1991). Como Complexo da bacia, o que reduz a presença de caulinita e outros argilo-
de Marlim denomina-se o campo propriamente dito e as minerais que, potencialmente, prejudicam o fluxo durante a
acumulações adjacentes (Marlim Leste e Marlim Sul), em similar produção. A condição de alta friabilidade desses reservatórios
contexto estratigráfico e estrutural, no conjunto alcançando acarreta baixa recuperação dos testemunhos coletados no
uma área de 380 km2 e encerrando volume de óleo in place da campo, dificultando medições das condições petrofísicas. Ao
ordem de 14 bilhões de barris (Tigre et al. 1990), e é a maior mesmo tempo, a natureza friável da rocha favorece a produção
acumulação petrolífera já encontrada em território brasileiro. de sólidos juntamente com o petróleo, fazendo-se necessárias

Figura X.30 – Seção sísmica de reflexão no Campo de Marlim, Bacia de Figure X.30 – Seismic reflexion section of Marlim Field, Campos Basin
Campos (mod. de Candido e Corá, 1990) (mod. from Candido and Cora, 1990)
566 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Figura X.31 – Seção geológica ilustrativa dos diversos reservatórios Figure X.31 – Geological section illustrating several reservoirs saturated
saturados de petróleo no Campo de Albacora, Bacia de Campos (mod. with oil at Albacora Field, Campos Basin (mod. from Candido and Cora,
de Candido e Corá, 1990) 1990)

medidas especiais de contenção de areia nos poços mioceno. O maior volume de óleo da jazida encontra-se
produtores. trapeado em reservatórios de idade oligocênica. Já os
A reserva de óleo em Marlim é de 1,7 bilhão de barris reservatórios do mioceno guardam vasta capa de gás.
(Bruhn et al. 1996); em 2002, o campo alcançou a vazão A densidade do óleo aumenta no sentido dos reservatórios
média diária da ordem de 500.000 barris, que corresponde a mais jovens, sendo de 30o API nos do albo-cenomaniano e de
seu pico de produção planejado. 17o API nos do mioceno (Candido e Corá, 1990). O volume de
óleo in place em Albacora é da ordem de 4,5 bilhões de barris
Campo de Albacora (Tigre et al. 1990).
O Campo de Albacora ocupa o ápice de um anticlinal
Ocorrida em 1984, a descoberta do Campo de Albacora (Fig. orientado a SW–NE, estruturando a seção do cretáceo superior
X.31) foi a primeira entre os “super-gigantes” de água profunda e do terciário. O pacote albiano é afetado também por um
da Bacia de Campos, o que abriu para a exploração vasta sistema de falhas normais N–S, algumas delas delimitando e
fronteira até então intocada. O poço pioneiro, o 1-RJS-297, compartimentando a acumulação para as areias dessa idade.
foi perfurado em lâmina d’água de 293 m e constatou uma Em sua deposição, os corpos turbidíticos de Albacora foram
seção arenosa constituída por seis corpos turbidíticos fortemente condicionados pela tectônica salina; com seu fluxo
empilhados, com idades entre o albo-cenomaniano e o para leste, a saída dos evaporitos deixou inúmeras depressões
mioceno, situados a profundidades entre 2.300 e 3.300 m no substrato, que definiram sítios preferenciais à captação
abaixo do nível do mar. Os arenitos produtores constatados dos fluxos arenosos.
pelo pioneiro estendem-se lateralmente, para águas profundas, Os reservatórios oligocênicos de Albacora constituem
a distâncias variáveis para cada nível, sendo que o reservatório sistema de leques turbidíticos de mar baixo, com elementos
do Mioceno, o mais amplo, avança até a lâmina d’água de canalizados na porção noroeste do campo e lobos nas demais
2.000 m. áreas (Candido, 1991). As fácies reconhecidas para os
O campo ocupa uma área de 235 km2, com uma espessura reservatórios dessa idade são: arenito fino a médio; arenito
acumulada das diversas zonas portadoras de óleo da ordem médio a grosso; lamito seixoso; e conglomerado. Diamictitos
de 117 m. A porosidade é muito variável, sendo em média de e lamitos deformados representam depósitos de talude
17% nos arenitos mais antigos e de 30% nos turbiditos do associados aos reservatórios arenosos turbidíticos. Depósitos
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 567

de contornitos e de margas hemipelágicas também ocorrem, Os reservatórios do campo, com uma coluna de óleo de
sendo as últimas os melhores marcos estratigráficos para 145 m, têm porosidades de 17% a 22% (Tigre, 1988) e estão
correlação (Souza Cruz et al. 1986). estruturados em anticlinal limitado por falhas normais lístricas
Para os depósitos de idade albo-cenomaniana, a leste e a oeste; os mergulhos estruturais ao nível dos
predominam fácies de arenito maciço com cimento calcífero; reservatórios, nos flancos da feição dômica, são da ordem de
interlaminado arenito-folhelho-calcilutito; e marga bioturbada. 3o a 7o. A componente estratigráfica da acumulação é dada
Compreendem um complexo sistema turbidítico em que se pelo acunhamento das fácies porosas de calcarenitos e
amalgamaram doze corpos arenosos individuais (Bruhn et al. calcirruditos de alta energia, que gradam lateralmente a
1998). A cimentação calcífera, que aumenta de intensidade calcilutitos (Baumgarten, 1989). As rochas de granulometria
com a profundidade, propicia a formação de concreções com mais grossa desenvolveram-se em função da evolução de um
geometria lenticular que, associadas às intercalações de alto halocinético local durante o basculamento regional pós-
folhelho, representam barreiras de permeabilidade com impacto Aptiano da bacia para leste.
sobre os mecanismos de fluxo durante a fase de produção. Na zona produtora de Garoupa, quatro fácies principais
são reconhecidas: grainstone poroso, grainstone cimentado,
Campo de Garoupa wackestone/packstone e grainstone bioturbado, cimentado
(Guimarães et al. 1998). Reservatórios efetivos localizam-se
Esta foi a primeira acumulação comercial descoberta na na primeira delas, sendo que as demais representam rochas
Bacia de Campos, feito alcançado com a perfuração do submetidas a fenômenos de cimentação freática e de
poço 1-RJS-9A, em 1974. Garoupa (Fig. X.32) localiza-se a bioturbação durante episódios de exposição subaérea.
cerca de 80 km a SE do Cabo de São Tomé, em cota batimétrica O espaço poroso dos carbonatos Macaé exibe elementos
de 125 m. O campo tem uma área de 16 km2 e produz petróleo de macroporosidade e microporosidade; a primeira é
com densidade entre 29o e 32o API de reservatórios carbonáticos basicamente intergranular, mas também móldica e vugular
albianos da Formação Macaé, que ocorrem a uma profundidade por dissolução. Microporosidade é observada na matriz, nos
em torno de 3.100 m. grãos e no cimento, sendo predominante na zona de transição.

Figura X.32 – Seção geológica esquemática ilustrando a configuração Figure X.32 – Schematic geological section illustrating the stratigraphic-
estrutural-estratigráfica do Campo de Garoupa, Bacia de Campos structural configuration of Garoupa Field, Campos Basin
568 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

O reservatório em Garoupa inclui espessa zona de transição secundária das carapaças. Recristalização por fenômenos
óleo-água, correspondente a um terço da coluna total de diagenéticos produziu cimentação por calcita e sílica,
hidrocarbonetos do campo. O contato óleo-água encontra-se comprometendo as qualidades permo-porosas dessas rochas.
ligeiramente inclinado para nordeste, como conseqüência da As coquinas ocorrem em vários horizontes, com espessuras
interação entre fenômenos diagenéticos e a migração do de até 150 m, intercaladas a arenitos líticos e folhelhos. Elas
petróleo de leste para oeste dentro do campo. são constituídas basicamente por carapaças de pelecípodes,
As reservas de óleo e de gás associado no reservatório bastante retrabalhadas, com matriz terrígena. Aparecem níveis
Macaé de Garoupa são de 58 milhões de barris e 1,6 bilhão de de oóides talco-estivensíticos, margas com leitos de ostracodes
m3 (Baumgarten et al. 1982). e arenitos bioturbados.
O basalto, reservatório não-convencional produtor em
Campo de Badejo Badejo por meio de fraturas, é de características tholeiíticas
e exibe abundantes vesículas preenchidas por zeolitas, local-
Descoberto em 1975 pelo pioneiro 1-RJS-13, o Campo de Badejo mente tendo textura brechóide. A remoção das zeolitas por
(Fig. X.33) situa-se na culminância estrutural de um dissolução secundária, favorecida pela presença das fraturas,
proeminente horst ao nível do embasamento, o Alto de Badejo, gerou porosidade vugular adicional a essa seção. As fraturas
que se desenvolve em uma direção SW–NE a cerca de 70 km são localmente preenchidas por calcita; o maior óbice no que
da costa, em área de lâmina d’água próxima aos 100 m. Esta concerne à produção a partir destas rochas é o caráter descon-
jazida caracteriza-se pela produção de petróleo de 27o API a tínuo das redes de fraturas, cuja ocorrência é de difícil predição.
partir de coquinas da Formação Lagoa Feia e de 33o API em A idade radiométrica dos basaltos Cabiúnas, obtida por
basaltos fraturados da Formação Cabiúnas. Os volumes de meio do método K-Ar, está na faixa 120–130 Ma (Pimentel e
óleo in situ em cada um desses horizontes estratigráficos são Gomes, 1982). Estudos dessa unidade identificaram ciclos que
de, respectivamente, 76 e 35 milhões de barris (Baumgarten incluem um pacote basal de lava diferenciada durante sua
et al. 1986). consolidação; uma seção brechóide, indicativa de atividade
As coquinas exibem um padrão de porosidade bastante piroclástica ou fragmentação da lava sotoposta; um pacote
heterogêneo, com valores da ordem de 10% a 15%; a tufáceo muito alterado; e, culminando cada ciclo, aparecem
porosidade é basicamente móldica e vugular, por dissolução arenitos argilosos inter-traps.

Figura X.33 – Seção geológica regional na porção sul da Bacia de Figure X.33 – Regional geological section of the southern portion of
Campos, mostrando o contexto estrutural e estratigráfico do Campo Campos Basin showing the structural and stratigraphic framework of
de Badejo (mod. de Tigre, 1988) Badejo Field (mod. from Tigre, 1988)
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 569

Figura X.34 – Mapa da Bacia de Santos, com os campos de petróleo Figure X.34 – Map of Santos Basin indicating the elements of oil
já descobertos system acting on the area

Bacia de Santos do petróleo para esse sistema petrolífero (Fig. X.35). Tais
rochas contêm querogênio do tipo II e teor de carbono orgânico
A Bacia de Santos (Fig. X.34) tem orientação geral SW–NE e de até 5%, ocorrendo com espessura máxima de 150 m. A
geometria côncava, abrangendo cerca de 200.000 km2 do migração foi por superfícies de discordância. Os reservatórios
sudeste brasileiro. A norte é limitada pelo Arco de Cabo Frio e são calcarenitos porosos albianos da Formação Guarujá,
a sul pela Plataforma de Florianópolis, ambas sendo feições estruturados em amplos anticlinais associados à halocinese.
que se posicionam na terminação de lineamentos oceânicos Exemplificam essa condição os campos de Caravela, Estrela
expressivos (Cainelli e Mohriak, 1998). No sentido oeste, a do Mar, Tubarão e Coral, na porção sul da bacia.
Bacia de Santos é limitada pela Serra do Mar, uma feição Esse sistema gerador também alimentou rochas
fisiográfica que confina a bacia marginal ao domínio oceânico. siliciclásticas neocretácicas; tal é o caso no Campo de Merluza,
A espessura total máxima do pacote neocomiano a recente onde turbiditos santonianos e arenitos maastrichtianos de
que a preenche é estimada em cerca de 11.000 m. plataforma foram saturados por gás, tendo a migração a partir
Os primeiros levantamentos geofísicos na bacia datam de das rochas geradoras ocorrido por falhas lístricas.
1968 e em 1970 foi perfurado o primeiro poço. Até hoje foram
descobertos 6 campos na Bacia, dos quais cinco em reservatórios Campo de Caravela
carbonáticos albianos e um em rochas siliciclásticas do
neocretáceo. O Campo de Caravela situa-se na porção sul da Bacia de
Santos, em lâmina d’água de 195 m. A acumulação, descoberta
Sistema Petrolífero Itajaí Açu–Guarujá pelo pioneiro 1-BSS-64, ocorre em ampla feição dômica com
eixo N–S, de origem halocinética, cortada por falhamentos
As rochas pelíticas (folhelhos calcíferos e margas) da Formação também nessa orientação, estruturando a seção de carbonatos
Itajaí Açu, de idade cenomaniana-turoniana, são os geradores albianos da Formação Guarujá que constituem os reservatórios
570 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Os reservatórios eo-mesoalbianos em Caravela,


correspondentes à Formação Guarujá Inferior, caracterizam-
se por importante compartimentalização vertical (Fig. X.36),
associada a uma boa continuidade lateral, o que condiciona
complexos arranjos de fluidos que influem notavelmente nos
mecanismos de fluxo e, conseqüentemente, no gerenciamento
da produção. As rochas-reservatório são calcarenitos oolíticos
de barras de plataforma intercalados a calcarenitos peloidais
depositados em ambiente de menor energia. As porosidades
chegam a 24%, e as permeabilidades são da ordem de até
alguns Darcies, valores anômalos para a grande profundidade
em questão.

Campo de Merluza

Descoberto pelo pioneiro 1-SPS-11, em 1979, o Campo de


Merluza (Fig. X.37) materializa a singular história de sucesso
da campanha exploratória executada por companhias
contratantes com cláusula de risco, condição vigente no País
entre o final dos anos 70 e meados dos 80. O contrato em
questão foi operado pelo consórcio Pecten–Marathon–Shell; a
descoberta deu-se a 140 km da costa do Estado de São Paulo,
em área com lâmina d’água entre 120 e 140 m. A estrutura
perfurada tem forma dômica alongada a N–S, área de 29 km2
e relevo de 160 m, tendo gênese relacionada à intensa
halocinese que caracterizou a evolução da Bacia de Santos.
As reservas de Merluza somam 7 bilhões de m3 de gás e cerca
de 10 milhões de barris de condensado (Jinno e Lamas, 1990).
A acumulação ocorre em dois níveis estratigráficos
distintos: em arenitos de plataforma marinha rasa da porção
basal da Formação Juréia, de idade maastrichtiana, e em
arenitos turbidíticos santonianos da Formação Itajaí Açu –
Membro Ilhabela (Rodrigues et al. 1991).
Os arenitos turbidíticos de Merluza são maciços, com
Figura X.35 – Carta estratigráfica da Bacia de Santos, com indicação
dos elementos do sistema petrolífero atuante na área (mod. de Milani gradação normal e exibem espessas franjas diagenéticas de
e Thomaz Filho, 2000) clorita; são caracterizados por porosidade dominantemente
intergranular primária, da ordem de 20%. Já os arenitos Juréia,
Figure X.35 – Stratigraphic map of Santos Basin indicating the elements
of oil system acting on the area (mod. from Milani and Thomaz Filho, posicionados acima dos turbiditos e deles separados por uma
2000) seção pelítica com cerca de 200 m de espessura, representam
depósitos de ilha de barreira e exibem cimentação quartzo-
do campo. O óleo, com densidades entre 38o e 45o API, satura feldspática, que resulta em porosidades entre 13% e 15%.
grainstones oolíticos e oncolíticos situados a 4.900 m, as A presença de um aqüífero ativo ao longo do flanco oeste da
maiores profundidades de que se obtém produção petrolífera estrutura contribui para o mecanismo de produção do campo.
hoje em dia no Brasil. Ao tempo da descoberta, a reserva de
óleo e condensado no Campo de Caravela foi estimada em
109 milhões de barris, e a de gás natural em 2,5 bilhões de m3 Bacia do Paraná
(Moraes et al. 1994).
O gás associado a essa jazida inclui 38 ppm de H2S, A Bacia do Paraná (Fig. X.38) situa-se no centro e sul do
impondo a aplicação de normas ligadas à segurança Brasil, onde cobre mais de 1.000.000 de km2, estendendo-se
operacional, pois existe potencial para severa corrosão de aos vizinhos Paraguai, Uruguai e Argentina, onde ocupa outros
equipamentos e eventuais vazamentos associados, com os 400.000 km2. A sinéclise exibe formato oval, com eixo maior
conseqüentes riscos à vida humana no ambiente de trabalho. orientado a NNE–SSW, sendo que dois terços de sua área são
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 571

Figura X.36 – Seção geológica de detalhe do Campo de Caravela, Figure X.36 – Geological section of detail of Caravela Field, Santos
Bacia de Santos, ilustrando a distribuição de fácies reservatório nos Basin, illustrating the distribution of facies reservoirs in the Albian
carbonatos albianos da Formação Guarujá carbonates of the Guarujá formation

Figura X.37 – Seção de correlação estratigráfica baseada em poços Figure X.37 – Section of stratigraphic correlation based on wells at
no Campo de Merluza, Bacia de Santos, mostrando a distribuição de Merluza Field, Santos Basin, showing the distribution of gas-saturated
arenitos saturados de gás (mod. de Jinno e Lamas, 1990) sandstones (mod. from Jinno and Lamas, 1990)
572 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Figura X.38 – Mapa ilustrativo da faixa de ocorrência da Formação Irati em superfície,


no flanco leste–sul da Bacia do Paraná

Figure X.38 – Map illustrating the occurring strip of Irati Formation on surface, at
southeastern portion of Paraná Basin

cobertos pelas lavas mesozóicas da Formação Serra Geral.


As rochas sedimentares que a preenchem aparecem ao longo
de um cinturão de afloramentos com mais de 5.500 km de
extensão, moldado pelos processos erosivos meso-cenozóicos
do continente. O registro sedimentar-magmático desta ampla Figura X.39 – Carta estratigráfica da Bacia do Paraná (mod. de Milani
bacia alcança cerca de 7.000 m de espessura máxima. e Thomaz Filho, 2000), com referência ao posicionamento do folhelho
betuminoso da Formação Irati
A origem e o desenvolvimento da Bacia do Paraná no
interior continental do Gondwana, a partir do neo-ordoviciano, Figure X.39 – Stratigraphic map of Paraná Basin (mod. From Milani and
teve estreito relacionamento com a evolução dos Gondwanides, Thomaz Filho, 2000), with reference to the positioning of bituminous
shale of Irati Formation
importante cinturão de deformação compressiva ativo durante
todo o fanerozóico ao longo da margem sudoeste do continente
(Milani e Ramos, 1998). As orogenias lá ocorridas parecem ter Com particular interesse ao tema aqui abordado aparece
propagado esforços compressivos seletivamente ao interior a Superseqüência Gondwana I (Fig. X.39), que constitui o
do continente, e com isso contribuído na criação de espaço pacote sedimentar mais volumoso da Bacia do Paraná, com
deposicional na Bacia do Paraná (Milani, 1997), bem como na espessura total da ordem de 2.500 metros. Trata-se de seção
história de deformação da bacia, por meio da reativação de sedimentologicamente complexa e heterogênea, onde estão
zonas de fraqueza preexistentes do substrato pré-cambriano. registradas desde as condições glaciais vigentes durante o
Seis superseqüências são identificadas na Bacia do Paraná neocarbonífero até o seco e árido interior continental do
(Milani, 1997): Rio Ivaí, Paraná, Gondwana I, II, III e Bauru. triássico. Em sua porção média, a Superseqüência Gondwana
As três primeiras correspondem a grandes ciclos transgressivo- I inclui os folhelhos betuminosos da Formação Irati, rochas
regressivos paleozóicos, enquanto as demais constituem-se que se incluem entre as organicamente mais ricas do Planeta;
de rochas sedimentares de natureza continental e ígneas em função de seu elevado teor de carbono orgânico, a
associadas. Formação Irati propicia o aproveitamento industrial de seus
X. Recursos Minerais Energéticos: Petróleo 573

folhelhos para a extração de petróleo e gás, como descrito a Permiano da Bacia Paraná (Fig. X.36), que ocorre nos estados
seguir. de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Mato Grosso do Sul e Goiás. A PETROBRAS concentrou suas
Industrialização do Folhelho Betuminoso Irati: operações na jazida de São Mateus do Sul, onde o minério é
tecnologia não-convencional para produção encontrado em duas camadas: a superior, com 6,4 metros de
de petróleo espessura e teor de óleo de 6,4%, e a inferior, com 3,2 metros
de espessura e teor de óleo de 9,1% (Fig. X.40).
No Brasil, o interesse pela potencialidade de utilização do Em 1972, entrou em operação a Usina Protótipo do Irati,
folhelho betuminoso, ou “xisto”, como fonte alternativa para comprovando operacionalmente a viabilidade técnica do
produção de petróleo, é antigo. A primeira extração de petróleo processo Petrosix. A consolidação dessa tecnologia se
a partir de folhelho organicamente rico aconteceu em 1884, completaria em dezembro de 1991, quando entrou em operação
na Bahia. Em 1935, em São Mateus do Sul – PR, uma usina o módulo industrial da usina paranaense. Hoje, a Superinten-
rudimentar chegou a produzir em torno de 300 litros de óleo dência de Industrialização do Xisto minera e processa diari-
por dia a partir do folhelho da Formação Irati. amente 7.800 toneladas de rocha cujo tratamento recupera
Em 1949, o Governo Federal decide investigar cienti- 3.870 barris de óleo, 120 toneladas de gás combustível, 45
ficamente as potencialidades do xisto e a viabilidade econômica toneladas de gás liquefeito e 75 toneladas de enxofre.
de sua industrialização. Um ano mais tarde, é criada a A principal característica da tecnologia desenvolvida pela
Comissão de Industrialização do Xisto Betuminoso, para PETROBRAS é a simplicidade operacional. Depois de minerado
estudar a construção de uma usina na cidade de Tremembé, a céu aberto, o folhelho betuminoso vai para um britador,
Bacia de Taubaté, São Paulo, com capacidade para produzir que o reduz a fragmentos com tamanhos entre 6 e 70 mm.
10 mil barris diários. Com a criação da PETROBRAS em 1953, Esse material britado é então levado a uma retorta, onde é
o acervo desta Comissão é por ela incorporado e, em 1957- submetido a um processo de pirólise a 500 graus centígrados,
58, foi desenvolvido um novo processo de tratamento do sendo então a matéria orgânica – ou querogênio – convertida
folhelho betuminoso, o Petrosix, reconhecido mundialmente em óleo e gás. Terminado o processo de extração do óleo e
como o mais avançado no aproveitamento industrial de gás da rocha, o “xisto retortado” é devolvido à área minerada,
folhelhos betuminosos. que é então recuperada sob o ponto de vista ambiental.
A maior parte do folhelho betuminoso existente em Segundo as premissas operacionais do processo Petrosix, de
território nacional, com as características mais adequadas ao cada quilômetro quadrado da Formação Irati podem ser obtidos
aproveitamento industrial, está incluída na Formação Irati, 7,3 milhões de barris de petróleo (Padula, 1968).

Figura X.40 – Detalhe estratigráfico do Grupo Passa Dois na área da Figure X.40 – Stratigraphic detail of Passa Dois Group, in the area of
Superintendência de Industrialização do Xisto, em São Mateus do Superintendence of Xisto Industrialization, in São Mateus do Sul – PR,
Sul – PR, com destaque para as camadas de folhelho betuminoso da showing the layers of bituminous shale of Irati Formation
Formação Irati
574 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

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576 Parte IV – Recursos Minerais Industriais e Energéticos

Nota Biográfica dos Autores


Edison José Milani. Geólogo (UFRGS/
1977), Mestre (UFOP/1985), Doutor
(UFRGS/1997). Na PETROBRAS desde
1978, trabalhando inicialmente como
geólogo de poço nas bacias do
Recôncavo, Campos e Santos, poste-
riormente, no Centro de Pesquisas da
PETROBRAS, participou de uma série
de projetos de estudo das bacias do
Norte e Nordeste. Chefiou o grupo de exploração da Bacia do
Paraná, em Curitiba e, atualmente na Sede da Empresa,
gerencia um grupo de técnicos dedicados ao desenvolvimento
de novas tecnologias aplicadas à Exploração.
E-mail: ejmilani@petrobras.com.br

Laury Medeiros de Araújo. Geológo


(UNISINOS/1978), Doutor (UFRGS/
2001). Na PETROBRAS, desde 1979,
atuou na área de acompanhamento
geológico de poços e avaliação de perfis
e testes de formação na Bacia de
Campos, desenvolvendo estudos
pioneiros na área da hidroquímica
aplicada à exploração. Exerceu atividades de interpretação
exploratória na Bacia do Paraná e, atualmente, trabalha no
grupo de modelagem de sistemas petrolíferos na PETROBRAS,
no Rio de Janeiro.
E-mail: laury@petrobras.com.br

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