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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA - ISMU

DELEGAÇÃO DE MAPUTO

ADÉLIA FERNANDO ERNESTO SUMBANE

A PROBLEMÁTICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR


RELAÇÕES DE CONSUMO EM MOÇAMBIQUE

LICENCIATURA EM DIREITO

Maputo, Julho de 2021


INSTITUTO SUPERIOR MUTASA - ISMU

DELEGAÇÃO DE MAPUTO

TEMA

A PROBLEMÁTICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR


RELAÇÕES DE CONSUMO EM MOÇAMBIQUE.

SUPERVISOR:

João Chimenes Júnior, MsC

REALIZADO POR:

ADÉLIA FERNANDO ERNESTO SUMBANE

LICENCIATURA EM DIREITO

MAPUTO, JULHO DE 2021


DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO DE HONRA

Eu, Cláudio Alberto Langa, declaro por minha honra que o presente trabalho é da minha
autoria e nele observei os requisitos e recomendações do Instituto Superior Mutasa - ISMU
concernentes à elaboração de trabalhos de investigação científica. Declaro ainda que este
trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obter qualquer grau
académico.

Maputo. Julho de 2021

Adélia Fernando Ernesto Sumbane

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iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me ter mantido na trilha certa com saúde e forças para chegar ate aqui.

iv
RESUMO

O presente trabalho tem como objectivo analisar problemática responsabilidade civil do


fornecedor nas relações de consumo em moçambique. No contexto actual marcado por um
forte consumismo, a responsabilidade do fornecedor é factor essencial para a efetivação dos
direitos do consumidor, uma vez que, cada dia mais, este necessita da protecção jurídica nas
suas relações de consumo. A Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro (Lei de Defesa do
Consumidor), bem como do Decreto n.º 27/2016 de 18 de Julho (Regulamento da Defesa do
Consumidor) vem exatamente para proteger esse consumidor vulnerável classificando as
responsabilidades do fornecedor em: responsabilidade pelo facto do produto ou do serviço e
responsabilidade pelo vício do produto e do serviço. Assim, neste trabalho se percebeu que a
respetiva lei estabelece o direito do consumidor há produtos e serviços com segurança e
qualidade. Quanto a metodologia o trabalho foi de carácter qualitativo, tendo sido usadas
como técnicas de recolha de dados, a observação directa e questionários. Deste trabalho pode-
se perceber que a maioria dos consumidores vê seus direitos violados uma vez que a questão
da responsabilidade civil dos fornecedores é quase uma questão utópica.

Palavras-chave: Consumidor; Fornecedor; Vício; Defeito e Responsabilidade Civil.

v
Abstract

This paper aims to analyse the problem of the supplier's liability in consumer relations in
Mozambique. In the current context marked by a strong consumerism, the supplier's liability
is an essential factor for the effectiveness of consumer rights, since, every day, consumers
need legal protection in their consumer relations. Law No. 22/2009 of 28 September
(Consumer Protection Law), as well as Decree No. 27/2016 of 18 July (Consumer Protection
Regulation) comes exactly to protect this vulnerable consumer by classifying the supplier's
responsibilities in: responsibility for the fact of the product or service and responsibility for
the defect in the product and service. Thus, in this work it was understood that the respective
law establishes the consumer's right to safe and quality products and services. As for the
methodology, the work was of a qualitative nature, having been used as techniques of data
collection, direct observation and questionnaires. From this work one can see that most
consumers see their rights violated since the issue of civil responsibility of suppliers is almost
a utopian question.

Keywords: Consumer; Supplier; Defect; Defect and Civil Liability.

vi
Índice Página
DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO DE HONRA .................................................................. iii
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. iv
RESUMO.........................................................................................................................................v
Abstract .......................................................................................................................................... vi
I. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................1
1.1 Contextualização........................................................................................................................1
1.2 Delimitação do Tema .................................................................................................................2
1.3 Problema da pesquisa ................................................................................................................2
1.4 Justificativa ................................................................................................................................3
1.5 Objectivo da Pesquisa ................................................................................................................4
1.5.1 Objectivo Geral .......................................................................................................................4
1.5.2 Objectivos específicos ............................................................................................................4
1.6 Hipóteses....................................................................................................................................4
1.7 Estrutura do Trabalho ................................................................................................................5
CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA .........................................................................6
2.1 Conceitualização ........................................................................................................................6
2.1.1 Consumidor ............................................................................................................................6
2.1.2 Fornecedor ..............................................................................................................................7
2.1.3 Responsabilidade Civil ...........................................................................................................7
2.1.4 Serviço e Produto ....................................................................................................................8
2.2 A protecção do Consumidor no Ordenamento Jurídico Moçambicano.....................................8
2.3 Direito à Qualidade dos Produtos e Serviços ..........................................................................11
2.4.Direito à Protecção da Vida, Saúde e da Segurança Física .....................................................12
2.5.Direito à prevenção e à reparação dos danos ...........................................................................13
2.6 Responsabilidade Civil do fornecedor nas Relações de Consumo ..........................................13
2.7 Dos Pressupostos da Responsabilidade Civil ..........................................................................15
2.7.1 Acção ou omissão violadora do Direito................................................................................15
2.7.2 Dano......................................................................................................................................16
2.7.3 Culpa ou dolo do Fornecedor ...............................................................................................16
2.7.4 Nexo de Casualidade ............................................................................................................17

vii
CAPITULO II –: METODOLOGIA DO ESTUDO ..................................................................19
3.1 Quanto ao Método de Abordagem ...........................................................................................19
3.2 Quanto ao Método de Procedimentos ......................................................................................19
3.3 Quanto as Técnicas de Recolha de Dados ...............................................................................20
3.4 Quanto ao Universo do Estudo ................................................................................................20
3.5 Limitações................................................................................................................................21
CAPITULO III- ANALISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.....................................................22
4.1 Perfil dos participantes ............................................................................................................22
4.3 Relações de Consumo versus Direitos dos Consumidores .....................................................24
4.4 Responsabilidade Civil do Fornecedor por danos e Vícios de bens e Serviços ......................25
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................28
5.1 Conclusão ................................................................................................................................28
5.2 Recomendações .......................................................................................................................30
6.Referencia Bibliográficas ...........................................................................................................31
Anexo I - Inquérito ........................................................................................................................33

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I. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A problemática Responsabilidade Civil do fornecedor nas relações jurídicas de


consumo em Moçambique, eis o tema do presente trabalho sendo que o mesmo se enquadra
dentro dos requisitos institucionais do Instituto Superior Mutasa - ISMU para obtenção do
grau académico de licenciatura em Direito.

A defesa dos interesses dos consumidores é uma temática que tem desde já merecido
especial atenção no cenário jurídico, em virtude das novas leis que têm vindo a ser
publicadas, tanto no âmbito nacional como no âmbito internacional.

As referidas normas visam, sobretudo, melhor disciplinar as relações entre os


fornecedores e os consumidores, ou seja, a tríade: consumidor, fornecedor e relação de
consumo, adaptando-as às novas técnicas de contratação em massa, as quais dão origem a
uma realidade contratual diferenciada e questionadora dos postulados do Direito Privado.

Frente ao que se coloca, o moderno Direito do Consumidor desponta, embora atrelado


a uma justificação metodológica e de base ao Direito Civil, com um cariz tipicamente
centrado nas questões que envolvem a tutela dos consumidores, frente ao novo e
surpreendente comportamento do mercado.

Nesta linha de raciocínio, são adoptadas medidas que visam proporcionar segurança nas
relações contratuais, sobretudo no que tange à responsabilidade civil do fornecedor como por
exemplo, a protecção contra vícios e danos de produtos ou serviço.

Versar sobre a responsabilidade civil do fornecedor no contexto moçambicano é uma


questão que tem desde já merecido especial atenção no cenário jurídico, como consequência
dos grandes fenómenos que se vem verificando nas relações de consumo onde na maioria das
vezes os consumidores veem seus direitos violados.

É uma verdade que como forma de equilibrar as relações de consumo entre os


consumidores e fornecedores, o legislador moçambicano aprova a Lei n.º 22/2009, de 28 de
Setembro (Lei de Defesa do Consumidor), e com base no Decreto n.º 27/2016 de 18 de Julho

1
cria o Regulamento da Defesa do Consumidor com vista a garantir maior protecção ao
consumidor bem como a responsabilização dos fornecedores em caso de danos ou má
prestação de serviços.

Desta forma, o presente trabalho se limitara a analisar este último ponto visto que não
raras vezes no contexto moçambicano os consumidores vem os seus direitos violados e quase
nada se tem feito ao fornecedor por forma a reparar estes malefícios advindos da relação de
consumo.

1.2 Delimitação do Tema

Achamos ser de grande relevância que se apresente antes de mais a delimitação do


estudo, uma vez que o Direito do consumidor se apresenta como uma questão muito genérica
devido a amplitude da matéria. Assim, o presente trabalho foi orientando desde o início com
as ideias relativas ao Direito do consumidor

No decorrer deste trabalho, limitar-se-á a apresentar os aspectos jurídicos no que


concerne a responsabilização civil dos fornecedores face aos danos ou vícios de bens ou
serviços sendo essa uma questão do Direito Público, normas do Direito Administrativo, Penal
e Constitucional.

1.3 Problema da pesquisa

O problema de investigação é dizer, de forma explícita, clara, compreensível e


operacional qual a dificuldade com a qual nos confrontamos e que pretendemos resolver,
limitando o seu campo e apresentando as suas características.

Para Marconi e Lakatos (2003) problema de investigação é dificuldade, teórica ou


prática, no conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar
uma solução.

Debruçar sobre a Responsabilidade Civil no Direito Moderno se reveste como uma


das áreas de maior destaque devido sua ampla repercussão nas actividades humanas. Com os
avanços tecnológicos e o aumento da dinamicidade das relações sociais, a sociedade torna-se

2
cada vez mais complexa e, consequentemente, surge um ambiente de maior probabilidade de
violações de direitos e Moçambique não é excepção desse fenómeno.

Não é menos verdade que constantemente surgem novos danos, vícios tanto à pessoa
quanto ao seu património, facto que impõe ao jurista actual revisitar a problemática da
responsabilidade civil na busca do ressarcimento dos danos e restabelecimento do equilíbrio
moral ou patrimonial daqueles que foram lesados. Este interesse em recompor o equilíbrio
violado pelo dano é a fonte geradora da responsabilidade civil.

Se por um lado o consumidor na sua relação de consumo muitas das vezes vê os seus
direitos violados pelo fornecedor, pesa embora exista em Moçambique a Lei de Defesa do
Consumidor (Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro), e o Regulamento da Defesa do
Consumidor (Decreto n.º 27/2016 de 18 de Julho) pode-se levantar a seguinte pergunta de que
servirá de base orientadora desta pesquisa:

Até que pontos os fornecedores de bens e serviços são efectivamente


responsabilizados em caso de vícios ou danos dos bens e serviços prestados no contexto
moçambicano.

1.4 Justificativa

Este trabalho justifica-se uma vez que são várias as dificuldades encontradas pelo
Consumidor na sua relação de consumo pela sua vulnerabilidade para a reparação dos danos
causados pelos Fornecedores, pelos vícios existentes nos produtos ou serviços ou até mesmo
nos defeitos dos mesmos que acabam resultando em graves acidentes de consumo.

Assim, acredita-se que por meio deste trabalho se poderá trazer um grande contributo
para a sociedade, para comunidade académica bem como de incentivo para futuras pesquisas
em matérias do consumo na medida em que com o mesmo encontra-se bases para uma grande
reflexão sobre o instituto de responsabilidade civil dos fornecedores seja por danos ou vícios
de serviços.

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1.5 Objectivo da Pesquisa

Objectivo de um estudo de acordo com (Freixo, 2014, p.164)

“Constitui um enunciado declarativo que precisa as


variáveis chaves, população alvo e orientação da
investigação, indicando consequentemente o que o
investigador tem intenção de fazer no decurso do estudo
e pode tratar-se de explorar, de identificar, de descrever,
ou ainda de explicar ou de predizer de tal fenómeno,
devendo ser formulado com grande economia de
palavras, estabelecendo uma relação de causa/efeito”.

1.5.1 Objectivo Geral

 Analisar problemática responsabilidade civil do fornecedor nas relações de consumo


em Moçambique.

1.5.2 Objectivos específicos


 Avaliar os diplomas legais sobre a protecção do consumidor;
 Verificar de que modo devem ser responsabilizados os Fornecedores pelos vícios e
defeitos existentes nos produtos e serviços, e
 Discutir a melhor forma de sanar o dano causado ao Consumidor de acordo com a Lei
do consumidor

1.6 Hipóteses

H0: A Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro (Lei de defesa do consumidor) prevê a


Responsabilidade Civil dos Fornecedores de Produtos ou Serviços

H1: A Responsabilidade Civil regida pela Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro (Lei de defesa
do consumidor) é objectiva, ou seja, aquele que o Fornecedor tem o dever de repara o dano,
independentemente da existência de culpa;

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H2: A Responsabilidade Civil também adotada pela Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro (Lei
de defesa do consumidor) é a subjectiva, ou seja, aquela que o Fornecedor tem o dever de
reparar o dano, somente se for comprovada a culpa ou o dolo do agente causador do dano

1.7 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho foi desenvolvida em 3 (três) capítulos, uma introdução e


conclusão. Sendo que no primeiro, debruça-se sobre os diversos aspectos das relações
jurídicas do consumidor, a questão da responsabilidade civil dos fornecedores.

O segundo capítulo versa-se sobre os marcos metodológicos que serviram de base para
a realização deste trabalho.

No terceiro capítulo apresentar-se os resultados e discussão do trabalho e validação


das hipóteses.

5
CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA

O presente capítulo foi desenvolvido em dois pontos fundamentais, sendo que no


primeiro ponto se limitou a apresentar os conceitos que serviram de base para a
materialização dos objectivos pretendidos. Já no segundo ponto foram desenvolvidas as
teorias sobre o instituto de responsabilidade civil assim como a questão da responsabilidade
civil do fornecedor nas relações de consumo no contexto moçambicano.

2.1 Conceitualização

2.1.1 Consumidor

O adjectivo consumidor no contexto das ciências sociais e jurídicas pode ser


conceitualizado sobre vários prismas (económico, psicológico, sociológico entre outros).
Contudo neste trabalho nos limitaremos em apresentar o conceito consumidor sob uma
perspectiva jurídica.

Na óptica do direito a conceituação de consumidor ainda se faz com os olhos voltados


para o modelo legal tradicional. Antigamente, não tinha uma adequação nos textos de lei
sobre o que era a figura do consumidor, havia vários conceitos na sociedade comercial, como:
cliente, comprador, freguês, usuário, entre outros. Os dicionários jurídicos conhecem o
comprador, o locatário, o segurado, mas ignoram o consumidor.

Nos termos da Lei de Defesa do Consumidor (Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro)


pode-se conceituar consumidor como “todo aquele a quem sejam fornecidos bens, prestados
serviços ou transmitidos quaisquer direitos, destinados ao uso não profissional, ou tarifa, por
pessoa que exerça com carácter profissional uma actividade económica que vise a obtenção
de benefícios”.

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2.1.2 Fornecedor

Para que se configure a relação de consumo, há a necessidade da presença do outro


sujeito da relação: o fornecedor de produtos e serviços. Importante observar que o conceito de
fornecedor e consumidor são totalmente complementares e dependentes, pois a relação de
consumo só existirá com a presença de ambos. Se por um lado o consumidor, conforme já
abordado anteriormente, é aquele sujeito que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final; complementarmente,

Assim, fornecedor será todo aquele que oferta, oferece produtos e serviço no mercado
de consumo. Relativamente ao conceito de Fornecedor pode se perceber que segundo as
doutrina é considerado fornecedor toda pessoa física ou jurídica (enquadradas as de natureza
pública e privada, nacionais ou estrangeiras) que desenvolva actividade empresarial típica de
fornecedor com habitualidade.

2.1.3 Responsabilidade Civil

Antes mesmo de se conceituar responsabilidade Civil é importante buscar em


doutrinas alguns conceitos da palavra Responsabilidade. A noção da responsabilidade pode
ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma
coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos seus atos danosos.
Assim no sentido mais genérico responsabilidade significa “qualidade do que é responsável;
obrigação de responder por certos atos, próprios ou de outrem”

O termo Responsabilidade corresponde à ideia geral de responder ou prestar contas


pelos próprios actos, a qual, por sua vez, pode assumir duas tonalidades distintas: a
susceptibilidade de imputar, dum ponto de vista ético lato sensu, determinado acto e seus
efeitos ao agente, e a possibilidade de fazer sujeitar alguém ou alguma coisa às consequências
de certo comportamento”. Já no sentido Jurídico o mesmo conceito “é o dever jurídico de
recomposição do dano sofrido, imposto ao seu causador direto ou indireto”.

Com estes dois conceitos fica clara a ideia que o termo ou conceito responsabilidade é
utilizada em qualquer situação na qual alguma pessoa, natural ou jurídica, deva arcar com as
consequências de um ato, facto ou negócio danoso.

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Relactivamente a responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa
a reparar o prejuízo causado a outra, por facto próprio, ou por facto de pessoas ou coisas que
dela dependam, como também se pode considerar como dever jurídico, em que se coloca a
pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de facto ou omissão, que lhe seja imputado,
para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são
impostas.

2.1.4 Serviço e Produto

Na relação jurídica do consumo há sempre um serviço ou produto a ser oferecida pelo


um fornecedor a um consumido. Assim na perpectiva de Nunes (2014) serviço é qualquer
actividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

No que tange ao conceito de produto percebe-se segundo Nunes (ibidem) que este
conceito é universal nos dias actuais e está estreitamente ligado à ideia do bem, resultado da
produção no mercado de consumo das sociedades capitalistas contemporâneas. É vantajoso
seu uso, pois o conceito passa a valer no meio jurídico e já era usado por todos os demais
agentes do mercado (econômico, financeiro, de comunicação, etc.).

2.2 A protecção do Consumidor no Ordenamento Jurídico Moçambicano

O problema da protecção do consumidor surgiu com o famoso discurso do presidente


norte-americano JOHN F. KENNEDY de 15 de Março de 1962, em que afirma: Consumer,
by definition, include us all. Acrescentando que, apesar de não se encontrarem organizados e
de não serem ouvidos, constituem o maior grupo econômico a actuar no mercado, sendo
influenciados por (e influenciando) todas as decisões tomadas a este nível. A partir daí,
desenvolve-se rapidamente todo um sector do Direito.

Em Moçambique, algumas normas penais seculares já protegiam, ainda que


indirectamente, os consumidores punindo práticas comerciais como a venda de substâncias
nocivas para a saúde pública ou o engano sobre a natureza ou a qualidade das coisas.

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É, contudo, a partir do final dos anos noventa que a questão começa a ser tratada de
uma forma sistemática, com a aprovação de diplomas legais que visam directamente a
protecção dos consumidores. O direito do consumidor, em termos de terminologia, é a
expressão mais utilizada em Moçambique, em vez de direito do consumo. Na verdade, este
conjunto de princípios e regras do direito é destinado à protecção do consumidor, visa
disciplinar a produção e destino de bens, assim como a prestação de serviços.

O direito do consumidor tem por finalidade a defesa do consumidor, e na ordem


jurídica moçambicana esta protecção está regulada em vários diplomas, apontamos desde já a
Lei de Defesa do Consumidor (Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro) e com base no Decreto n.º
27/2016 de 18 de Julho cria o Regulamento da Defesa do Consumidor

A Constituição da República de Moçambique (2004) considera a protecção do


consumidor uma incumbência prioritária do Estado como um direito fundamental. Na revisão
pontual da Constituição Lei nº 1/2018, os direitos do consumidor assumiram a plena
dignidade de direitos fundamentais, com a sua integração no Capítulo V, referente aos
Direitos, Deveres Económicos, Sociais e Culturais, através do artigo. 92, onde se pode ler:

1. Os consumidores têm direito à qualidade dos bens e serviços


consumidos, à formação e à informação, à protecção da saúde,
da segurança dos seus interesses económicos, bem como à
reparação de danos.

2. A publicidade é disciplinada por lei, sendo proibidas as


formas de publicidade oculta, indirecta ou enganosa.

3. As associações de consumidores e as cooperativas têm


direito, nos termos da lei, ao apoio do Estado e a serem
ouvidas sobre as questões que digam respeito à defesa dos
consumidores, sendo-lhes reconhecida legitimidade processual
para a defesa dos seus associados

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O artigo 92 da uma positivação directa das normas sobre as relações de consumo,
sendo que a primeira preocupação do legislador aquando da criação das normas que protegem
o consumidor foi a de estabelecer um dever geral de protecção.

A revisão constitucional de 2018, continua a propiciar a todos os cidadãos existência


digna, ao proteger o bem-estar e a sua qualidade de vida (artigo. 40.º), os interesses
económicos (artigo. 10), a integridade física (artigo. 22, n.º 1), o direito ao ambiente (artigo.
90, n.ºs 1 e 2), a participação em associações (artigo. 52, n.º 1), Direito a saúde (artigo. 89),
bem como o direito a educação (artigo. 88, n.ºs 1 e 2).

Assim, a fica clara a ideia que a incumbência do Estado repercute-se assim nas mais
diversas áreas do direito do consumo. Desde o apoio económico como institucional das
associações e cooperativas de consumo, mais ainda no dever de zelar pelo cumprimento da
presente Lei de defesa do Consumidor, nomeadamente com outras medidas legislativas que
promovam o efectivo cumprimento desses direitos.

O direito à formação e à educação e a informação em geral (artigos 8.º e 9.º da Lei n.º
22/2009, de 28 de Setembro Lei da defesa do consumidor) são outras das incumbências
prioritárias do Estado, no que se refere à protecção do consumidor.

Todavia, a Lei de Defesa do Consumidor determina que é da responsabilidade do


Estado proteger o consumidor, bem como apoiar a Constituição e o fomento das associações
de consumidores e velar pela execução do disposto na presente lei, pressupondo este dever de
protecção por parte do consumo e os direitos do consumidor.

A Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro (Lei de Defesa de Consumidor) se apresenta em


primeiro lugar como uma lei infraconstitucional e foi criada com vista a garantir a efectivação
e protecção dos direitos do consumidor, estabelecendo deste modo um sistema de protecção
composto de várias normas especiais, definidoras de um regime próprio para responder os
desequilíbrios existentes nas relações de consumo.

A Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro (Lei infraconstitucional) consagra que todos os


consumidores tem os seus direitos garantidos dai pode-se ler no artigo 5 o consumidor tem
direito à:

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a) Qualidade dos bens e serviços;

b) Protecção da vida, saúde e da segurança física;

c) Formação e à educação para o consumo;

d) Informação para o consumo;

e) Protecção dos interesses económicos;

f) Prevenção e à reparação dos danos patrimoniais ou não patrimoniais que resultem da


ofensa de interesses ou direitos individuais homogéneos, colectivos ou difusos;

g) Protecção jurídica e a uma justiça acessível e pronta;

h) Participação, por via representativa, na definição legal ou administrativa dos seus direitos e
interesses;

i) Protecção contra a publicidade enganosa e abusiva.

2.3 Direito à Qualidade dos Produtos e Serviços

Nas relações de consumo esta evidente que grande parte dos conflitos, tem como
causa a qualidade dos bens e serviços. Este direito aparece em primeiro lugar no elenco dos
direitos do consumidor consagrados na Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro (Lei de Defesa de
Consumidor) dada a especial importância que este direito assume nas relações de consumo.

Ao se adquirir um bem ou serviço, a primeira coisa que se espera é que os mesmos


correspondam aos interesses ou necessidades que levaram a adquiri-los. Os bens e serviços
destinados para o consumo devem ser aptos para satisfazer os fins a que se destinam e
produzir os efeitos que lhes atribuem

O artigo. 6.º, n.º 1 da Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro vai ao encontro do


pensamento de Filomeno (1991) quando o mesmo afirma que o direito à qualidade dos bens e
serviços consumidos assegura tanto a aptidão dos bens e serviços para os fins a que são
destinados, como a ausência de qualquer defeito de utilidade ou funcionamento, ligados às
características dos mesmos.

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A qualidade dos bens e serviços deve ficar assegurada volvido certo tempo após a sua
compra. No caso da compra de um bem móvel (uma máquina fotográfica, uma máquina de
lavar, uma bicicleta, etc.), o fornecedor deve garantir o seu bom estado pelo período de um
ano, podendo ser estabelecido prazo mais favorável por convenção das partes.

No que diz respeito à compra de bens imóveis (uma casa), por exemplo, após a
entrega do imóvel, o consumidor tem um prazo de garantia mínima de 5 anos (artigo. 6.º, n.º
3, do citado diploma), podendo, igualmente, ter um prazo de garantia maior, conforme o
acordado entre as partes. Caso o bem tenha algum problema e necessite de reparação durante
o período de garantia, este prazo fica suspenso pelo tempo em que decorrer a reparação,
recomeçando a contar a partir do fim da reparação.

Assim fica evidente que a questão da Lei de Defesa do Consumidor não funcionam de
forma automática, pois, apesar de se verificar a falta de conformidade do produto adquirido, o
consumidor só vai exercer os seus direitos se a falta de conformidade for imputada ao
fornecedor (o fornecedor deve entregar ao consumidor produtos que sejam conformes com o
contrato) e não por este (consumidor) deixar de cumprir com algumas recomendações
próprias do produto que adquiriu.

2.4.Direito à Protecção da Vida, Saúde e da Segurança Física

O Direito à Protecção da Vida, Saúde e da Segurança Física para além de ser um


direito consagrado constitucionalmente da Constituição da República e também um direito
infraconstitucional

Esse direito tem como base fundamental a proibição do fornecimento de bens e


serviços que coloquem em perigo a saúde e a segurança física do consumidor, ou seja, os bens
e serviços destinados ao consumo devem ser aptos a satisfazerem os fins para os quais se
destinam, bem como a produzirem os efeitos adequados para não porem em perigo a saúde e a
segurança física do consumidor, excepto aqueles que sejam inerentes aos bens e serviços
abstractamente considerados, podendo ser tidos como normais e previsíveis em decorrência
da sua natureza e fruição.

12
Por exemplo Moçambique vive praticamente da importação de bens alimentares e
fármacos para o consumo interno. As longas distâncias e o longo tempo entre o fabrico,
transporte, análise de qualidade, distribuição e comercialização, podem se revelar
inadequados para o consumo, na medida em que os mesmos, nas diferentes fases do seu
percurso até ao consumidor, se sujeitam a diversas condições de conservação que podem pôr
em causa a saúde e segurança física do consumidor.

Com efeito, o fornecedor desses bens deve prestar toda a informação necessária sobre
os produtos adquiridos, tais como o prazo de validade, o modo de uso e as possíveis reacções
resultantes de misturas com outros produtos, entre outras , pois, resulta que o fornecedor tem
a obrigação de comunicar de forma clara e adequada, antes da celebração do contrato, os
riscos de utilização normal dos bens.

2.5.Direito à prevenção e à reparação dos danos

Um outro direito de consumidor seria a efectiva prevenção e reparação de danos . O


legislador colocou à disposição do consumidor meios e processos que lhe permitem compelir
o fornecedor a reparar financeiramente eventuais danos causados pelo fornecimento de
determinado bem ou serviço.

O direito à prevenção e à reparação dos danos traduz-se no direito que o consumidor


tem a ser indemnizado pelos prejuízos causados pelo fornecimento de bens ou serviços
defeituosos, por assistência deficiente ou por violação (incumprimento) do contrato de
fornecimento e, em geral, por todas as práticas ou actos que atentem contra os direitos do
consumidor.

2.6 Responsabilidade Civil do fornecedor nas Relações de Consumo

Dentro do campo das responsabilidades dos fornecedores encontra-se a questão da


responsabilidade civil sendo essas um das fontes principais de obrigações. A responsabilidade
civil no campo do direito visa uma função reparadora, estando em causa não a punição dos
infratores, sim a reparação dos prejuízos eventualmente causados a outrem.

A questão da responsabilidade civil traduz-se na situação jurídica em que se encontra


uma pessoa, que por forma de uma determinada ocorrência vê se formar na sua esfera jurídica

13
um dever cominado pelo direito. Fica desta forma evidenciado que a responsabilidade civil é
um instituto que visa a reparação do dano causado a outrem.

No contexto do direito positivo, se estabelece o nº 1 e 2 do artigo 483 do Código Civil


em vigor datado de 1966, que constitui-se na obrigação de indemnizar o lesado, todo aquele
que com dolo ou mera culpa viole ilicitamente um direito alheio. Só haverá obrigação de
indemnizar não se verificando a culpa do agente nos casos especificados na Lei.

Assim, fica evidente que do artigo lido há dois factores que quando se verificam
geram não obstante o dever de indemnizar, nomeadamente a atuação culposa do autor da
lesão ou pelo risco da sua actividade. Assim, há o que se pode denominar responsabilidade
civil subjectiva e responsabilidade civil objectiva. Na responsabilidade civil objectiva se e a
que tem culpa o elemento basilar par a sua arguição, quando dela resulta um prejuízo e
associa-se a este elemento dano e o nexo de causalidade.

Relativamente a responsabilidade civil objectiva, que não exige a comprovação do


requisito culpa, bastando para a sua arguição a existência do dano, da conduta e do nexo de
causalidade entre o prejuízo causado pela acção. Daí que se diz também que esta
responsabilidade está assente no risco assumido pelo lesante em razão da actividade por si
exercida, como acontece nos danos ou vícios de bens ou serviços.

No contexto do ordenamento jurídico moçambicano, relativamente ao instituto da


responsabilidade civil nas relações jurídicas do consumo pode-se perceber a responsabilização
do fornecedor tem como base o regime de responsabilidade civil objectiva, sendo aquela
responsabilidade que pode ser accionada sempre independentemente da existência da culpa ou
da observância de preceitos legais, caso se verifiquem danos significantes ao ambiente ou
paralisação temporal ou definitiva, caso se verifiquem danos significantes ao ambiente ou a
paralisação temporal ou definitiva de actividades económicas como resultado de prática de
acção especialmente perigosas, o agente causador de tais danos incorre no dever de
indemnizar os lesados.

Chegados a este ponto podemos afirmar que a responsabilidade civil nas relações de
consumo possui uma dupla função na esfera jurídica do lesado sendo que por um lado atribui

14
segurança jurídica ao lesado e por outro lado, constitui-se uma sanção civil de natureza
compensatória.

2.7 Dos Pressupostos da Responsabilidade Civil

Todos os actos ilícitos são aqueles que contrariam as normas do ordenamento jurídico
lesando deste modo o direito objectivo de alguém. Diante dessa situação faz nascer à
obrigação de reparar o dano e que é imposto pelo ordenamento jurídico.

Tendo como base o artigo 483 do Código Civil Moçambicano conceitua o estabelece
que há “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete acto ilícito” assim
estamos diante de um acto ilícito.

Assim, por forma aludir o dever de indemnizar, faz-se necessário a verificação de


certos pressupostos, factores, factos dominantes, elementos resepsentantes da retribuição
social, assim para que haja uma responsabilidade civil do agente infractor é necessário que
haja:

 Acção ou omissão violadora do Direito

 Dano

 Culpa ou dolo do Agente

 Nexo de Casualidade

2.7.1 Acção ou omissão violadora do Direito

Neste ponto fica evidente que devera a acção capaz de originar indeminização é o acto
humano, voluntario, implantável sendo que se inclui também os actos praticados por
negligência e imprudência e omissos do agente quando o dever de agir e este falha em praticar
o acto que lhe foi incutida.

15
2.7.2 Dano

Relativamente a questão do dano, a lei Moçambicana não apresenta um conceito claro


facto esse que faz com que se recorra a doutrina assim como a juspurdências. A questão da
responsabilidade civil prossupõe a existência de dano. Dai que não seria possível falar da em
indenização, nem em ressarcimento se não existisse o dano.

Assim podemos perceber como bem afirma Cavalieiri (2008. P.71)

“O ato ilícito nunca será aquilo que os penalistas


chamam de crime de mera conduta; será sempre um
delito material, com resultado de dano. Sem dano pode
haver responsabilidade penal, mas não há
responsabilidade civil. Indenização sem dano importaria
enriquecimento ilícito; enriquecimento sem causa para
quem a recebesse e pena para quem a pagasse,
porquanto o objetivo da indenização, sabemos todos, é
reparar o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao
estado em que se encontrava antes da prática do ato
ilícito. E, se a vítima não sofreu nenhum prejuízo, a toda
evidência, não haverá o que ressarcir. Daí a afirmação,
comum a praticamente todos os autores, de que o dano é
não somente o fato constitutivo mas, também,
determinante do dever de indenizar”

Face ao exposto fica clara a ideia que para que o dano seja indemnizável é necessário
a existência da violação de um interesse jurídico patrimonial assim como extrapatrimonial de
uma pessoa seja ela física ou jurídica.

Assim, o dano pode ser dividido em patrimonial e extrapatrimonial. O primeiro


também conhecido como material é aquele que causa destruição ou diminuição de um bem de
valor econômico. O segundo também chamado de moral é aquele que está afeto a um bem
que não tem caráter econômico não é mensurável e não pode retornar ao estado anterior.

2.7.3 Culpa ou dolo do Fornecedor

Relativamente a questão da culpa ou dolo do Agente o Código Civil de Moçambique


no seu artigo 483 estabelece que este somente se materializará se o comportamento for
culposo. Neste artigo está presente a culpa lato sensu, que abrande tanto o dolo quanto a culpa
em sentido estrito.

16
No que se refere ao dolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o
agente actua conscientemente de forma que deseja que ocorra o resultado antijurídico ou
assume o risco de produzi-lo.

Já na culpa stricto sensu, não existe a intenção de lesar. A conduta é voluntária, já o


resultado alcançado, não. O agente não deseja o resultado, mas acaba por atingi-lo ao agir sem
o dever de cuidado. A inobservância do dever de cuidado revela-se pela imprudência,
negligência ou imperícia.

Quando existe a intenção deliberada de ofender o direito, ou de ocasionar prejuízo a


outrem, há o dolo, isto é, o pleno conhecimento do mal e o direto propósito de o praticar. Se
não houvesse esse intento deliberado, proposital, mas o prejuízo veio a surgir, por
imprudência ou negligencia, existe a culpa (stricto sensu)” (STOCO, 2007, p.133

2.7.4 Nexo de Casualidade

O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada e o


resultado. Para que se possa caracterizar a responsabilidade civil do agente, não basta que o
mesmo tenha praticado uma conduta ilícita, e nem mesma que a vítima tenha sofrido o dano.
É imprescindível que o dano tenha sido causado pela conduta ilícita do agente e que exista
entre ambos uma necessária relação de causa e efeito.

O nexo de causalidade é requisito essencial para qualquer espécie de responsabilidade,


ao contrário do que acontece com a culpa, que não estar presente na responsabilidade
objectiva.

Diversas teorias surgiram para tentar explicar o nexo de causalidade, dentre essas
teorias é importante citar as três principais delas, quais sejam: da causalidade adequada; teoria
dos danos diretos e imediatos e a teoria da equivalência dos antecedentes.

A teoria da equivalência dos antecedentes, também chamada de teoria da equivalência


das condições, ou ainda, conditio sine qua non, considera que toda e qualquer circunstância
que tenha concorrido para a produção do dano é considerada como causa. Está, segundo a
maioria da doutrina, é a teoria adotada pelo código penal brasileiro. Segundo a análise do
artigo. 13 do Código Penal, que estabelece: “O resultado de que depende a existência do

17
crime, somente é imputável, a quem lhe deu causa. Considera-se a causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido”.

18
CAPITULO II –: METODOLOGIA DO ESTUDO

No presente capitulo propomos-mos a fazer uma breve apresentação dos marcos


metodológicos e das técnicas de recolha de dado que foram utilizadas para a realização desta
pesquisa. O presente trabalho assumiu uma dinâmica diferente de uma investigação
tradicional, na medida em que não seguiu de forma linear as 7 etapas que uma investigação
deve seguir (GERHARD, 2009, p.39).

A fase de interrogação foi sem dúvida o ponto por onde começou o tema da
investigação, cuja escolha teve origem durante a licenciatura, aquando da leitura sobre o
assunto e a troca de ideias com as mulheres privadas de sua liberdade. Assim, nos pontos a
seguir nos pontos abaixo iremos apresentar os métodos de abordagens utilizados, os métodos
de procedimentos, as técnicas de recolha de dados, a amostra da pesquisa entre outros pontos.

3.1 Quanto ao Método de Abordagem

Tendo como base de fundo o problema deste trabalho, o método que melhor responde
a esse fenómeno analisado é o método de abordagem indutiva, pois a pesquisador deste
trabalho teve um contacto directo com alguns casos particulares e desses casos pretendemos
obter uma conclusão geral.

Com base no método de abordagem indutivo permitiu-nos ter uma maior aproximação
aos fenómenos do acesso aos direitos fundamentais da pessoa idosa. Este método de
abordagem torna a análise eficaz uma vez partindo de uma indução incompleta de alguns
casos ou mesmo de um caso se poderá tornar possível concluir que há semelhanças com os
outros casos estudados, assim se generalizar a partir do particular (GERHARD, 2009, p.68).

3.2 Quanto ao Método de Procedimentos

Quanto os métodos de procedimentos, optamos em usar a estratégia do Estudo de


Caso. O estudo d caso consiste em selecionar um caso de modo a explorar com maior
profundidade fazendo desta forma representativo de outros casos não estudados (GERHARD,
2009, p.39).

19
3.3 Quanto as Técnicas de Recolha de Dados

Como forma de operacionalizar o trabalho recorremos a duas técnicas que são:


Observação não participante e Entrevista Sime-estruturada. Inicialmente recorreu-se a
consulta bibliográfica consiste na leitura de livros, revistas, artigos ou mesmos trabalhos
académicos que tratam sobre a temática em análise. Associam-se neste role de obras alguns
decretos, legislações sobre a questão em análise.

Relativamente a observação não participante, o pesquisador toma contato com a


comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem se integrar a ela: permanece de fora.
Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o
papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer que a observação não seja consciente,
dirigida, ordenada para um fim determinado (CHIZZOTTI, 2008, p.45).

Quanto as entrevista semi-estruturada, considera as entrevistas semi-estruturadas


consistem em partir de algumas perguntas fixas e aplicar ao entrevistador, permitindo a
intervenção ao longo da realização das entrevistas (Ibdem, p.45)

Essas entrevistas permitiram-nos obter dados dos indivíduos que se encontram


directamente ligado no assunto, permitindo também ter uma intervenção pontual ao local da
realização da entrevista, podendo deste modo aprofundar alguns pontos que se mostraram
relevantes a questão estudada.

3.4 Quanto ao Universo do Estudo

Para a realização deste trabalho a população do estudo foi constituída por 60 citadinos
da cidade de Maputo. Sendo essa trabalho uma pesquisa exploratório de caracter qualitativo,
aplicamos a amostragem não probabilística uma vez que não tem como preocupação o rigor
estatístico aliado a amostragem intencional que conste numa escolha intencional de número
de actores em função da sua relevância.

20
3.5 Limitações

Para a elaboração de qualquer trabalho é necessária persistência, pois, neste trabalho


não podia-se deixar de evidenciar alguns constrangimentos ou obstáculo que constituíram
verdadeiras limitações à realização deste, nomeadamente o acesso às informações em relação
a responsabilidade civil dos fornecedores, devido a questão de escassez de matérias virada a
área.

21
CAPITULO III- ANALISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste ponto buscou-se apresentar a percepção dos consumidores face a


responsabilização dos fornecedores em caso de vícios ou danos. Como se referenciou no
capítulo II deste trabalho a recolha de dado foi efeituada na Cidade de Maputo entre os meses
de fevereiro e março de 2021.

4.1 Perfil dos participantes

Um dos pressupostos importantes em qualquer estudo é a caracterização da população


envolvida na pesquisa com base na amostra, como forma de garantir a conjugação entre os
resultados obtidos e as características dos pesquisados.

Assim dos dados obtidos pode-se perceber como mostra o gráfico 1 que de um total
de 60 participantes 60% são do género feminino e 40% são do género masculino.
Relativamente idade dos participantes 30% dos inquiridos tem uma idade entre 18 - 25 anos
de idade, 55% deles tem uma idade no intervalo entre 26-35 anos de idade e apenas 15% tem
uma idade acima de 36 anos de idade.

.
Fonte: Dados colhidos pelo pesquisador na Cidade de Maputo e Matola entre os
meses de Fevereiro e Março de 2021

Tendo ainda como base os objectivos deste trabalho achou-se relevante saber sobre o
nível ou grau formação dos participantes, pois com essa informação poderá permitir perceber

22
o nível do conhecimento dos seus deveres como consumidores. Assim os dados do gráfico 1
revelam que 75% deles tem o nível médio geral e 25% nível superior

4.2 Perceções dos Participantes sobre os Meios de Protecção dos Consumidores em


Moçambique

Tendo em vista o alcance dos objectivos pretendidos neste trabalho os participantes


desta pesquisa foram questionados sobre o conhecimento da existência da Lei de Defesa do
consumidor, do Regulamento da defesa do Consumidor bem como da Associação da defesa
dos consumidores.

Face a estas três questões os dados revelam dos 60 inquiridos 40% afirmaram não
terem nenhum conhecimento sobre a existência da referida Lei, e os restantes 60% tem o
conhecimento pesa embora não tenha domínio da de mesma. Sobre o Regulamento da defesa
do consumidor 80% afirmam não terem nenhum conhecimento sobre a existência do referido
Regulamento e os restantes 20% tem o conhecimento algum conhecimento. Quanto a questão
da Associação defesa dos consumidos 70% afirmam não terem nenhum conhecimento e
apenas 30% tem o conhecimento conforme pode-se verificar no gráfico 2

Meios de Protecção dos Consumidores

70%
Associação de Defesa do Consumidor
30%

80%
Regulamento da Defesa do Consumidor
20%

40%
Lei de Defesa do Consumidor
60%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Não têm Conhecimento da Existência Têm Conhecimento da Existência

Fonte: Dados colhidos pelo pesquisador na Cidade de Maputo e Matola entre os meses
de Fevereiro e Março de 2021

23
Com esse dados pode-se também observar a forte indignação por parte deles com a referida
associação pois segundo eles os representantes desta só sabem tecer comentários em debates e
entrevistas sobre a defesa do consumidor e nada fazem na prática para garantir a efectiva
protecção do consumidor que na maioria das vezes se encontra em situação de
vulnerabilidade.

4.3 Relações de Consumo versus Direitos dos Consumidores

Relativamente as relações de consumo os dados revela que 90% dos inquiridos já


tiveram os seus direitos violados pelos fornecedores de bens e serviço e apenas 10% nunca
virão os seus direito violados como se pode observar no gráfico 3.

Se por um lado a Lei de defesa do consumidor garante a protecção do consumidor face


aos danos ou vícios de bens e serviços inquiridos percebe-se que 100% dos inquiridos são
unanimes em afirmar que estiveram numa situação em que os fornecedores de algum bem ou
serviço não aceitou trocar um bem viciado por vários motivos. Associado a isso a questão da
informação 70% não conhecem o seu direito à informação prestada por parte do fornecedor
destes inquiridos podemos ainda constatar que 50% às vezes lêem as cláusulas estabelecidas
no contrato antes de comprar um produto ou contratar um serviço.

Fonte: Dados colhidos pelo pesquisador na Cidade de Maputo entre os meses de


Fevereiro e Março de 2021

24
Finalmente, após esta abordagem, os inquiridos pontuaram interesse pela informação a
respeito da lei da defesa do consumidor e ainda, no caso de serem lesados pelo fornecedor
pretendem fazer jus a seus direitos junto ao Associação de defesa do consumidor e demais
órgãos competentes.

4.4 Responsabilidade Civil do Fornecedor por danos e Vícios de bens e Serviços

Neste ponto questionou-se se alguma vez os fornecedores foram responsabilizados


pelo dano ou vicio nas relações de consumo e os dados nos revelam que 90% dos inquiridos
afirmaram que os fornecedores nunca foram responsabilizados civilmente muito menos
criminalmente pelos danos de bens e serviços com algum tipo de vício apenas 10% afirmam
que sim. Como se pode observar no gráfico 4.

Fonte: Dados colhidos pelo pesquisador na Cidade de Maputo entre os meses de


Fevereiro e Março de 2021

Concluindo, convêm referir que tendo em consideração o grau de conhecimento dos


meios de proteção dos consumidores pelos inquiridos a responsabilização civil dos
fornecedores por danos ou vícios dos bens e serviços fica comprometida uma vez que os que

25
deveria submeter as respetivas queixa não o fazem deixando desta forma os infratores
impunes.

Questionados sobre a eficácia da Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro – Lei da defesa


do consumidor na responsabilização dos fornecedores os inquiridos apresentam vários pontos
para determinar a eficácia ou ineficácia da respetiva lei.

Assim após a análise dos mesmos pontos podemos concluir que a Lei n.º 22/2009, de
28 de Setembro – Lei da defesa do consumidor na perspetiva dos inquiridos num total de 90%
não é eficaz e apenas 10% considera eficaz como se pode observar no gráfico 5.

Gráfico 5 A (in) eficácia da Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro – Lei da defesa do


consumidor

Fonte: Fonte: Dados colhidos pelo pesquisador na Cidade de Maputo entre os meses de
Fevereiro e Março de 2021

Dos dados analisados alguns pontos foram deixados pelos consumidores como
fundamentais nas relações de consumo que possam tornar uma lei eficaz sendo que passamos
a citar:

26
Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro – Lei da defesa do consumidor não é do acesso de todos
consumidores pois não há nenhuma divulgação de perspetiva lei nos meios de Comunicação;

Os órgãos responsáveis em garantir a protecção dos consumidores nas relações de


consumo é quase inexiste o que faz com que muitos consumidores veem todos os dias os seus
direitos violados ainda que inconscientemente;

Nos contratos de adesão são frequentes as clausas abusivas principalmente nos


contratos bancários e quase nada se faz e os consumidores não sabem onde recorrerem para
resolver essa questão.

Há ausência de educação em matéria direito do consumidor nas escolas e na sociedade


por forma a tornar a lei conhecida.

27
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Conclusão

Chegados a este ponto deste trabalho cujo objectivo foi analisar problemática
responsabilidade civil do fornecedor nas relações de consumo em Moçambique pode-se
perceber que o consumidor por muito tempo, quando sofria algum dano decorrente da relação
de consumo, era amparado pela regra geral da responsabilidade civil, ou seja, pela
responsabilidade subjetiva, em que se adota a teoria da culpa. Essa responsabilidade prévia
que a parte que sofresse algum dano deveria demonstrar a culpa do responsável, tal regra é a
adotada pelo Código Civil vigente.

É uma verdade que em razão da evolução da tecnologia, o consumidor passou a ficar


mais exposto a produtos perigosos. A teoria da culpa já não era mais suficiente para atender
às necessidades do consumidor, visto que como este é considerado a parte vulnerável da
relação de consumo, encontrava uma série de dificuldades para demonstrar a culpa do
fornecedor de produtos.

Com este trabalho fica ainda evidente que a culpa deixa de ser o elemento principal
para que o fornecedor indenize o consumidor, bastando, para tal obrigação ser exigida, apenas
a necessidade da demonstração do nexo causal existente entre aquele que forneceu o bem ou
serviço e aquele que o comprou ou o contratou.

Todavia com os resultados deste trabalho ficou ainda claro que os pressupostos da
responsabilidade civil objectiva do fornecedor, de acordo com a doutrina majoritária são o
defeito do produto que ocorre quando, adquirido no mercado de consumo, não ofereça ao
consumidor a segurança que este espere; o nexo de causalidade que é entendido como a
relação que vincula o defeito do produto ao dano que o consumidor venha a sofrer, desde que
o dano seja material ou moral.

Por meio desse trabalho pode-se verificar que os fornecedores não sua maioria não são
responsabilizados em caso de danos ou vícios de bens ou serviços pois muitos dos
consumidores desconhecem os meios jurídicos que garante a protecção os seus direitos.

28
Face a estas situações há uma certa necessidade do legislador moçambicano
estabelecer meios de divulgação das respetivas leis para que se possa equilibrar as relações de
consumo.

Assim, se pode concluir que é necessário que haja maior compreensão acerca da
consciência nas relações de consumo por parte de todos intervenientes nesta relação de
consumo (Consumidores, Fornecedores) tendo em vista que a Lei n.º 22/2009, de 28 de
Setembro - Lei de Defesa do Consumidor faz menção a responsabilização dos fornecedores
em caso de danos ou vícios dos bens e serviços.

29
5.2 Recomendações

Em jeito de recomendação podemos afirmar que:

 Há uma necessidade da formação do cidadão em matéria de educação do consumidor


adequada de tal forma que se possa ter uma consciência clara das suas obrigações e
deveres na questão do consumo.

 A revisão da Lei do Consumidor para adequar-se a realidade e fazer constar as


medidas de reparação de danos

30
6.Referencia Bibliográficas

Legislação Nacional:

Constituição da Republica de Moçambique de 2004

Lei n.º Lei n.º 22/2009, de 28 de Setembro – Lei de Defesa do Consumidor

Decreto n.º 27/2016 de 18 de Julho de Regulamento de Defesa do Consumidor

Obras de Referência:

ALMEIDA, J.B A. (2015) Manual de Direito do Consumidor. São Paulo: Saraiva

AMARAL, L..(2010) Teoria Geral do direito do consumidor. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais,

CHIZZOTTI, A. (2008) Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais, 9.Ed. São Paulo. 2008

FERNANDES, F.; LUFT, C. P.; GUIMARÃES, F. M.. (1989) Dicionário brasileiro Globo/
Francisco Fernandes, Celso Pedro Luft, F. Marques Guimarães. – 12. ed. – São Paulo:
Globo,

FILOMENO, José Geraldo Brito (1991). Manual de direitos do consumidor. São Paulo,
Atlas, 1991.

GERHARD, T. E. e Silveira, T. D. (2009) Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da


Universidade Federal do Rio Grande do Sul-

JORGE Morais Carvalho, (2014) Manual de Direito do Consumo, Almedina, 2ªedição.

JORGE MORAIS CARVALHO, (2014) Manual de Direito do Consumo, Almedina, 2ªedição

LISBOA, R. S. Manual de direito civil. (2004) volume 2: obrigações e responsabilidade civl.


– 3. ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais.

NUNES, Luis Antônio Rizzato. (2014) Curso de Direito do Consumidor. São Paulo: Saraiva.

31
RAÚL Carlos de Freitas Rodrigues “(2009).O Consumidor no Direito Angolano” Instituto de
Cooperação entre a FDUL e FDUAN. Almedina, Lisboa

ROSA, Josimar dos Santos (1995). Relações de Consumo: A defesa dos interesses de
consumidores e fornecedores. la Edição. São Paulo. Editora Atlas S.A.

STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 7 ed.. São Paulo
Editora Revista dos Tribunais, 2007.

32
Anexo I - Inquérito

1. Idade

18 a 30 …………

30 a 47………….

2. Género

Feminino ………… Masculino ………...

3. Habilitações Literárias

Nível Primário …………………

Nível Fundamental…………….

Curso Médio…………………...

Nível Superior …………………..

4. Como consumidor conhece o a Lei da Defesa do Consumidor?

Sim…………..

Não ………....

Nunca ouvi falar……….

Ouvi falar e não conheço……….

5. Tem conhecimento dos seus direitos de consumidor constantes na Lei da Defesa

do Consumidor ou já ouviu falar da existência deles pelo menos na televisão?

Sim……….

Não ………….

Já ouvi falar …………

Não sei do que se trata ……….

6. Acha que a Lei de Defesa do Consumidor é pouco divulgado?

Sim………..

33
Não ………..

7. Como consumidor, conhece seu direito à informação por parte do fornecedor?

Sim………

Não……..

8. Antes de efectuar uma comprar um produto ou contratar um serviço, lê as

cláusulas estabelecidas no contrato conforme esta prescrito na Lei de Defesa de

Consumidor?

Sim…………

Não………..

Ás vezes……

Acho desnecessário ……….

9. Ao adquirir um produto ou serviço, confere suas especificações e apresentação?

Sim …………

Não ……………..

Raramente …………..

10. Sabe da existência de Órgãos competentes que visam à protecção do consumidor

nas relações de consumo em Moçambique?

Sim…………

Não…………

Nunca ouvi falar………….

11. Tem algum conhecimento de onde e a quem recorrer, quando da ocorrência de

uma prática comercial abusiva?

Sim……..

Não …….

34
Nunca ouvi falar …………

Se a resposta for SIM, Qual?

Fornecedor…………….

Ministério da Justiça…………..

Associação de defesa do consumidor (ADECOM) ……………

12. Em sua opinião, o Lei de Defesa do Consumidor trouxe benefícios somente para o

consumidor?

Sim ……..

Não……….

13. Após, se informar a respeito da Lei de defesa, caso se sinta lesado pelo fornecedor,

pretende fazer jus a seus direitos, junto ao Associação de defesa do consumidor (ADECOM)?

35
36

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