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Legislação

Aduaneira de
Importação e
Exportação
Prof. José Luciano S. de Alencar

Indaial – 2023
1a Edição
Elaboração:
Prof. José Luciano S. de Alencar

Copyright © UNIASSELVI 2023

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.


Núcleo de Educação a Distância. ALENCAR, José Luciano S. de.

Legislação Aduaneira de Importação e Exportação. José Luciano S. de


Alencar. Indaial - SC: UNIASSELVI, 2023.

XXXp.

ISBN XXX-XX-XXX-XXXX-X

“Graduação - EaD”.
1. Legislação 2. Importação 3. Exportação

CDD XXXXX

Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Legislação Aduaneira
de Importação e Exportação. Neste material, você encontrará o conhecimento
necessário para colocar em prática as estratégias necessárias para alcançar os seus
objetivos. Com um olhar para os aspectos legais que regem as aduanas no Brasil, você
poderá compreender todas as atividades aduaneiras, bem como suas respectivas
regulamentações e fiscalizações.

Este Livro Didático está dividido em três unidades, que percorrem os pontos
fundamentais, conteúdos bases para a compreensão que envolve a legislação aduaneira,
seguido pelos conhecimentos sobre determinados regimes aduaneiros especiais – um
conhecimento dos preceitos que regem o comércio exterior brasileiro.

Na Unidade 1, abordaremos assuntos pertinentes aos principais regimes adua-


neiros especiais e suas características, que são regidas pelo comércio exterior brasileiro.
Além disso você irá explorar as áreas de livre comércio, as zonas de processamento, a
Zona Franca Verde e Zona Franca, relacionadas às áreas de franquias territoriais.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a ferramenta indispensável para o


mundo dos negócios difundida pelo planejamento estratégico. Analisaremos o mercado
externo e sua atuação nas exportações de produtos e serviços. Por conseguinte, abor-
daremos os incentivos fiscais desenvolvidos pelo governo para fomentar as exportações.

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos os aspectos operacionais que transpõem


o despacho nas operações de importação e exportação e sua sistematização
compreendidos nos serviços e atividades profissionais relacionados à alfândega.

Ao final, a partir do conteúdo deste livro, você compreenderá que profissionais


especialistas em todos os tipos de transações internacionais devem aperfeiçoar-se
nas estratégias de negócios, pesquisa de mercado, logística, ter conhecimento sobre
legislação aduaneira na importação e exportação, como também, entendimento da
economia global.

Bons estudos!

Prof. José Luciano S. de Alencar


GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,


apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO COMPARADA DE LEGISLAÇÃO ADUANEIRA........................... 1

TÓPICO 1 - ORDENAÇÃO ADUANEIRA...................................................................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA ADUANA NO BRASIL.............................................3
3 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTO ADUANEIRO BRASILEIRO..............................................6
3.1 DECRETO QUE REGULAMENTA A ADMINISTRAÇÃO DAS ATIVIDADES
ADUANEIRAS.................................................................................................................................................8
3.2 DA FISCALIZAÇÃO ADUANEIRA....................................................................................................... 10
3.3 O CONTROLE E A TRIBUTAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR........................ 14
3.4 DA JURISDIÇÃO ADUANEIRA........................................................................................................... 18
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 22
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 23

TÓPICO 2 - REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS................................................................ 25


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 25
2 REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E SUAS CARACTERÍSTICAS................................. 25
2.1 TRÂNSITO ADUANEIRO....................................................................................................................... 27
2.2 ADMISSÃO TEMPORÁRIA...................................................................................................................29
2.3 DRAWBACK..................................................................................................................................... 30
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 34

TÓPICO 3 - ÁREAS ESPECIAIS DOS REGIMES ADUANEIROS............................................37


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................37
2 REGIMES ADUANEIROS APLICADOS EM ÁREAS ESPECIAIS.........................................37
2.1 ENTREPOSTOS ADUANEIRO NA EXPORTAÇÃO............................................................................45
3 ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO........................................................................................... 49
4 ZONAS DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÕES..........................................................57
5 ZONA FRANCA VERDE....................................................................................................... 61
6 ZONA FRANCA.................................................................................................................. 64
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................70

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................72

UNIDADE 2 — DAS CARACTERÍSTICAS DE EXPORTAÇÃO NO ÂMBITO BRASILEIRO........... 77

TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS NA EXPORTAÇÃO...............................................................79


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................79
2 TRATAMENTOS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS.......................................................79
2.1 CONCEITUALIZANDO EXPORTAÇÃO................................................................................................82
2.2 VANTAGEM COMPARATIVA ..............................................................................................................83
2.3 TRIBUTAÇÃO NO COMÉRCIO EXTERIOR........................................................................................86
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 89
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 90
TÓPICO 2 - ANÁLISE DE MERCADO PARA EXPORTAÇÃO................................................. 93
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 93
2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EXPORTAÇÃO....................................................... 93
3 EXPORTAÇÃO: CONHECENDO O MERCADO EXTERNO...................................................99
3.1 EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS.......................................................................................................104
3.2 EXPORTAÇÕES DE SERVIÇOS........................................................................................................109
3.3 EXPORTAÇÕES TEMPORÁRIAS.......................................................................................................112
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 115
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 116

TÓPICO 3 - TRIBUTAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES................................................................. 119


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 119
2 INCENTIVOS FISCAIS PARA EXPORTAÇÃO................................................................... 119
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................123
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................ 127
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................128

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................130

UNIDADE 3 — DESPACHO DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO..........................................133

TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS NA IMPORTAÇÃO..............................................................135


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................135
2 INTEGRAÇÃO ECONÔMICA..............................................................................................135
2.1 OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO........................................................................................................ 136
3 O DESPACHO NAS OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO........................................................138
4 PROCEDIMENTOS ADUANEIROS DE IMPORTAÇÃO NO BRASIL.................................. 144
5 LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO................................................................................149
6 DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO.....................................................................................155
7 DESEMBARAÇO ADUANEIRO .........................................................................................159
8 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO NA IMPORTAÇÃO...............................................................162
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................ 167
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................168

TÓPICO 2 - PROCEDIMENTOS NA EXPORTAÇÃO..............................................................171


1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................171
2 CONDIÇÕES LEGAIS.........................................................................................................171
2.1 REQUISITOS DE EXPORTAÇÃO........................................................................................................ 172
3 O DESPACHO NAS OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO....................................................... 174
4 INFRAÇÕES E PENALIDADES.........................................................................................189
4.1 PERDIMENTO DE VEÍCULO................................................................................................................191
4.2 PERDIMENTO DE MERCADORIAS.................................................................................................. 193
4.3 PERDIMENTO DE MOEDA................................................................................................................ 196
5 DESPACHANTE ADUANEIRO.......................................................................................... 197
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................... 202
RESUMO DO TÓPICO 2....................................................................................................... 206
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 207

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 209
UNIDADE 1 -

INTRODUÇÃO COMPARADA
DE LEGISLAÇÃO ADUANEIRA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as operações e os processos de importação e exportação brasileiros;

• compreender a administração aduaneira no Brasil;

• identificar legislação e os regulamentos que ordenam a aduana brasileira;

• conhecer os regimes aduaneiros na importação e exportação.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ORDENAÇÃO ADUANEIRA

TÓPICO 2 – REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS

TÓPICO 3 – REGIMES ADUANEIROS APLICADOS EM ÁREAS ESPECIAIS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
ORDENAÇÃO ADUANEIRA

1 INTRODUÇÃO

O comércio exterior, sem sombra de dúvidas, tornou-se uma atividade central


para países e regiões. As políticas comerciais que, até ontem, eram orientadas por decisões
internas sob premissas protecionistas, deram lugar a hipóteses de interdependência e
globalização. Esse setor ampliou o mercado para as produções de um país.

As exportações podem levar ao aumento da produção nacional e podem,


também, se tornar um motor de crescimento. A expansão do comércio exterior de um
país é capaz de energizar uma economia estagnada, conduzindo-a ao caminho do
crescimento econômico e da prosperidade.

Quando as mercadorias são importadas, muitas vezes, são cobrados impostos


e taxas de importação e, portanto, as importações contribuem à receita do governo.
Essas receitas fiscais são, posteriormente, utilizadas pelo governo com o intuito de
investimento em programas sociais, em infraestrutura e muito mais. São benefícios
indiretos para a sociedade.

Em suma, o comércio exterior promove o crescimento, o que aumenta o bem-


estar econômico, estimula a utilização mais eficiente das dotações de fatores de diferentes
regiões e permite que as pessoas obtenham bens de fontes eficientes de suprimento.

A partir dessa contextualização, você tem o conhecimento apropriado dos


preceitos que norteiam o comércio exterior no Brasil? Sabe qual é a diferença entre
o comércio exterior e o comércio internacional? Quais são os principais aspectos que
regem a legislação aduaneira no Brasil, quem fiscaliza? Quem regulamenta? Quais são
os principais regimes aduaneiros especiais na importação e na exportação?

2 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA ADUANA NO


BRASIL
Operar no comércio exterior, geralmente, é um verdadeiro desafio tanto para as
organizações quanto para os profissionais dessa área, quando não há as verdadeiras
noção e amplitude e, principalmente, os conhecimentos necessários.

Nessa perspectiva, é fundamental conhecer melhor a administração aduaneira,


como ela funciona, como pode nos ajudar a reduzir custos e a melhorar todos os
processos de importação e exportação. Então, falaremos, um pouco, da organização

3
administrativa da aduana no Brasil. A fim de prosseguir com esse tema, abordaremos
alguns conceitos utilizados na organização das aduanas. Comecemos conceituando o
que são alfândegas.

As alfândegas correspondem aos serviços do governo responsáveis pela


administração da lei aduaneira e pela cobrança de direitos e impostos e, também, pela
aplicação de leis correlatas, bem como pelos regulamentos relativos à exportação,
importação, a circulação e/ou armazenamento de mercadorias.

A administração aduaneira é o processo pelo qual são planejadas, organiza-


das e controladas as entradas e saídas de mercadorias, com o objetivo de proporcionar
segurança à população em geral. Com isso, evita-se a comercialização de mercadorias
ilícitas, a qual ameaça à integridade das pessoas.

Esta atividade é realizada pelo Estado em determinados pontos: costas,


aeroportos, fronteiras ou qualquer outro local de entrada ou saída de produtos. Um dos
principais objetivos da administração aduaneira é otimizar os processos de importação
e exportação nas alfândegas para agilizar e reduzir custos.

O Brasil faz parte da World Customs Organization (WCO) que, traduzida do


inglês, significa Organização Mundial das Alfândegas (OMA). Esta é uma organização
intergovernamental que visa a melhorar a coordenação entre as administrações
aduaneiras de todo o mundo, à medida que elas facilitam o comércio e garantem a
segurança das suas fronteiras. Ela foi criada em 1952, como Conselho de Cooperação
Aduaneira (CCC), um órgão intergovernamental independente cuja missão é aumentar
a eficácia e eficiência das administrações aduaneiras (DISCOVER THE WCO, 2022, s. p.).

Hoje, a OMA representa 184 administrações aduaneiras em todo o mundo que


processam, coletivamente, 98% do comércio mundial. Como centro global de especiali-
zação em alfândegas, a OMA é a única organização internacional com competência em
assuntos aduaneiros e pode, com razão, chamar-se a voz da comunidade aduaneira
internacional (DISCOVER THE WCO, 2022, s. p.).

Como missão, a OMA desenvolve padrões internacionais, fomenta a cooperação


e cria capacidade para facilitar o comércio legítimo, garantir uma cobrança justa de re-
ceitas e proteger a sociedade, fornecendo liderança, orientação e apoio às administra-
ções aduaneiras. Especificamente, ela tem como objetivo:

• Estabelecer normas internacionais para facilitar o comércio


transfronteiriço.
• Assegurar a cadeia de abastecimento do comércio internacional.
• Harmonizar e simplificar os procedimentos aduaneiros destina-
dos a facilitar o comércio.
• Reforçar a segurança da cadeia de abastecimento.
• Promover o intercâmbio de informações entre as administrações
aduaneiras.
• Fornecer capacitação por meio de formação e assistência (OMA
[s. d.] apud FINK, 2012, p. 135, tradução nossa).

4
Conforme esclarece o Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita
Federal do Brasil (SINDIRECEITA, 2018, p. 5), os objetivos das Administrações Aduaneiras
previstos pela OMA são:

• A eliminação de duplicidades e demora no atendimento das


demandas de cadeias de suprimento internacionais, tais como:
exigências de múltiplos relatórios e inspeções.
• O apoio aos sistemas de comércio internacional por meio da cria-
ção de ambiente para negócios nos níveis global, local e regional.
• O fortalecimento da cooperação entre as administrações aduanei-
ras, assim como entre as aduanas e demais agências governamen-
tais, por meio da criação de parcerias significativas e benéficas.

A seguir, você poderá acompanhar, de maneira cronológica, uma breve descrição


dos principais eventos relacionados à evolução da administração aduaneira no Brasil.

Figura 1 – Principais eventos da evolução da administração aduaneira no Brasil


1808
No final do século XVIII, foi criado, em Portugal,
o cargo de Superintendente Geral dos
Contrabandos, que chegou a ser transferido para
o Brasil, em 1808, quando da fuga da Família Real

1934
No começo da República, como já se
mencionou, o governo implantou um
Serviço de Repressão ao Contrabando
no Estado do Rio Grande do Sul
(Curiosamente, por volta de 1934, existia,
em Mato Grosso, um Serviço de Repressão
ao Contrabando

1934
Em 1934, inserida na estrutura da Direção Geral
da Fazenda Nacional, fora instalada uma Diretoria
de Rendas Aduaneiras, mais tarde transformada
em Departamento. Na mesma época, surgiu o
Conselho Superior de Tarifas, tribunal
encarregado de julgar o contencioso
administrativo alfandegário;

1957
Em 1957, o governo criou um novo órgão,
o Conselho de Política Aduaneira, para
assessorar o Ministro da Fazenda em
assuntos de alteração de alíquotas,
fixação de pautas de valor mínimo e
nomenclatura tarifária;

1960
Na década de 1960, foi instituído o Serviço
Nacional de Fiscalização das Rendas Aduaneiras-
SENAFRA, que tinha a atribuição de zelar pela
legislação alfandegária na chamada "zona
secundária", fora dos limites das aduanas;

1968
Em 1968, com a substituição da Direção
Geral pela Secretaria da Receita Federal,
o Departamento de Rendas Aduaneiras
foi abolido, passando suas atribuições a
serem exercidas especialmente pelos
Sistemas de Fiscalização e Tributação.

Fonte: adaptada de Godoy (2015)

5
“A administração aduaneira no Brasil e, por conseguinte, “o controle do comércio
exterior está sob a autoridade do Ministério da Fazenda, por comando constitucional
expresso no artigo 237 da Constituição Federal” (SINDIRECEITA, 2018, p. 6). Esse artigo
determina que “a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa
dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda”
(BRASIL, 1988). Em complemento, podemos destacar que o Ministério da Fazenda
possui a sua estrutura regimental definida no Decreto nº 9.003/2017. Este, em seu Art.
2º, elenca os seus órgãos de assistência direta e imediata (BRASIL, 2017a).

Dessa forma, a correta administração aduaneira permite que um país consolide


a sua economia, pois promove boas relações comerciais e permite gerar uma fonte
de renda por meio dos impostos arrecadados. Assim, as operações e os processos de
importação e exportação dentro de um país são simplificados. Além disso, graças à
administração aduaneira, é possível eliminar ou reduzir trâmites burocráticos, bem como
simplificar procedimentos, facilitando as transações realizadas por meio do comércio
exterior e a resolução de consultas, reclamações, solicitações e muito mais.

3 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTO ADUANEIRO BRASILEIRO


Caro acadêmico, fizemos uma introdução dos principais aspectos das aduanas,
bem como da estrutura organizacional aduaneira no Brasil, no entanto é inevitável que
falemos da legislação e os regulamentos que ordenam a aduana brasileira, tendo em vista
o seu caráter legal.

Nesse contexto, o Direito Aduaneiro é um ramo do direito público que rege e


regula a circulação de mercadorias, capitais e pessoas entre os Estados (países/nações).
Caracteriza-se por mover, mudar e evoluir o direito, está sujeito à adaptação constante,
a fim de responder aos desenvolvimentos e mudanças econômicas tanto no cenário
internacional quanto no nacional.

Figura 2 – Transporte de containers

Fonte: https://shutr.bz/3muosgU. Acesso em: 7 mar. 2023.

6
Fazolo (2022, s. p.) explica que o Direito Aduaneiro é “[a] disciplina que estuda
o controle e fiscalização exercido sobre a entrada e saída de mercadorias, veículos ou
pessoas em determinado território aduaneiro, colocando em prática a política aduaneira
definida pelo país” e, também:

• É formado por três elementos principais: (a) entrada/saída, ou seja, importação ou


exportação: (b) de uma mercadoria (em sentido amplo, tudo aquilo pode ser objeto
de classificação aduaneira); (c) de um território aduaneiro (espaço delimitado com
entrada e saída controlada por um ou mais Estados).
• A legislação aduaneira, trata-se do conjunto de normas que regulam a importação e
exportação de mercadorias, abrangendo um sem-número de leis, decretos, decretos-
leis, instruções normativas, portarias, entre outros.
• A principal delas é o Decreto-Lei nº 37/1966, que dispõe sobre o imposto de
importação, reorganiza os serviços aduaneiros, bem como dá outras providências.

Vejamos, agora, quais são os principais artigos do Decreto-Lei nº 37. Dentre


eles, citamos:

Art. 1º O imposto de importação incide sobre mercadoria estrangeira


e tem como fato gerador sua entrada no território nacional. Parágrafo
único. Considerar-se-á entrada no território nacional, para efeito de
ocorrência do fato gerador, a mercadoria que constar como tendo
sido importada e cuja falta venha a ser apurada pela autoridade
aduaneira. [...]
Art. 8º O tratamento aduaneiro decorrente de ato internacional,
aplica-se exclusivamente a mercadoria originária do país beneficiário.
Art. 9º Respeitados os critérios decorrentes do ato internacional de
que o Brasil participe, entender-se-á por país de origem da mercadoria
aquele onde houver sido produzida ou, no caso de mercadoria
resultante de material ou mão de obra de mais de um país, aquele
onde houver recebido transformação substancial (BRASIL, 1966).

DICA
Acesse, pelo QR Code , o portal Aduana e Comércio Exterior
da Receita Federal do Brasil para ler os Manuais Aduaneiros.
O vídeo aborda como é feito o controle aduaneiro
transfronteiriço, indicando os principais manuais aduaneiros.

Dessa forma, por leis e regulamentos aduaneiros, entende-se a legislação


e as normativas relativas às missões da administração aduaneira, em particular, os
termos e condições para a avaliação e cobrança de direitos aduaneiros e as respectivas
obrigações decorrentes. Em suma, as operações alfandegárias, as quais correspondem
a todas as operações que devem ser realizadas pelos interessados ​​e pelas alfândegas
para aplicação da legislação aduaneira.

7
3.1 DECRETO QUE REGULAMENTA A ADMINISTRAÇÃO DAS
ATIVIDADES ADUANEIRAS

Os governos fazem leis e regulamentos que regem o comércio exterior e, por
consequência, as empresas devem cumprir essas regulamentações. Tais ordenações
jurídicas também estabelecem quais são as autoridades, os seus poderes e recursos
destinados a facilitar e a exigir o atendimento das conformidades.

Nas últimas décadas, as visões sobre as funções das alfândegas se expandiram


consideravelmente e, agora, abrangem três questões básicas: tributação, segurança e
facilitação do comércio.

Cada país tem as suas próprias leis e regulamentos à importação e à expor-


tação de mercadorias para dentro e fora de um país, aplicadas por suas respectivas
autoridades alfandegárias; à importação/exportação de alguns bens pode ser restrin-
gida ou totalmente proibida. Uma ampla gama de penalidades é enfrentada por quem
infringe essas leis.

Um objetivo mais recente das alfândegas tem sido a facilitação do comércio, ou


seja, a racionalização do processamento de importação e exportação de mercadorias
para reduzir os custos das transações comerciais. Nessa perspectiva, reforçaremos, um
pouco mais, do que se trata o decreto que regulamenta a administração das atividades
aduaneiras no Brasil, pois ela está vinculada diretamente ao direito aduaneiro.

Assim, Campos ([201-?]) esclarece: deve-se entender o Direito Aduaneiro como


o ramo do direito que regula os controlos aduaneiros e indica as restrições existentes no
tráfego internacional de mercadorias. A fim de obter o conceito de Direito Aduaneiro, é
necessário apontar algumas definições descritas no Quadro 1.

Quadro 1 – Direito aduaneiro: conceitos e definições

DIREITO ADUANEIRO

São as normas legais e regulamentares que determinam o regime fiscal e que


são aplicadas aos importadores, exportadores, agentes marítimos, despachantes
aduaneiros e, em geral, agentes que realizam operações com mercadorias.

É o conjunto de regras que regulam e condicionam a passagem de mercadorias por


meio das águas jurisdicionais e das fronteiras, bem como o depósito dessas merca-
dorias no território do Estado em relação à sua origem (estrangeira ou nacional) e,
também, ao destino aduaneiro que os proprietários declaram para elas, com obriga-
ções, limites e controles impostos para a proteção dos diferentes interesses públicos.

8
É a parte essencial da legislação do comércio externo de um país. Esse sistema
normativo também diz respeito às relações entre importadores e exportadores, sejam
pessoas singulares, sejam coletivas, com as autoridades administrativas e financeiras.

É o conjunto de normas legais que determinam o regime fiscal ao qual os envolvidos


no tráfico internacional de mercadorias devem submeter-se, por meio das fronteiras
nacionais ou aduaneiras que organizam o serviço público destinado ao seu controle,
estabelecem as suas funções, indicam os tipos e formalidades das operações sobre
tais mercadorias.

Compreende um conjunto de normas legais, instituições e princípios de Direito


Público que se aplicam ao tráfego, à execução de bens, às mercadorias, à tributação
ou aos efeitos que entram e saem de determinado país, bem como aos seus efeitos
socioeconômicos.

Fonte: adaptado de Contreras (2009)

A legislação aduaneira brasileira está alicerçada pelo Decreto nº 6.759 (BRASIL,


2009). Ele regulamenta a administração das atividades aduaneiras, a fiscalização, o
controle e a tributação das operações de comércio exterior, em que estabelece:

Art. 1° A administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização,


o controle e a tributação das operações de comércio exterior serão
exercidos em conformidade com o disposto neste Decreto.
Art. 2° O território aduaneiro compreende todo o território nacional.
Art. 3° A jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o
território aduaneiro e abrange (Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro
de 1966, Art. 33, caput):
I - a zona primária, constituída pelas seguintes áreas demarcadas
pela autoridade aduaneira local:
a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos portos
alfandegados;
b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e
c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira
alfandegados; e
II - a zona secundária, que compreende a parte restante do território
aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo.
[...]
Art. 5° Os portos, aeroportos e pontos de fronteira serão alfandegados
por ato declaratório da autoridade aduaneira competente, para que
neles possam, sob controle aduaneiro:
I - estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele
destinados;
II - ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem
ou passagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele
destinadas; e
III - embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do
exterior ou a ele destinados.
[...]

9
Art. 9° Os recintos alfandegados serão assim declarados pela
autoridade aduaneira competente, na zona primária ou na zona
secundária, a fim de que neles possam ocorrer, sob controle
aduaneiro, movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de:
I - mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive
sob regime aduaneiro especial;
II - bagagem de viajantes procedentes do exterior, ou a ele destinados;
e
III - remessas postais internacionais. Parágrafo único. Poderão ainda
ser alfandegados, em zona primária, recintos destinados à instalação
de lojas francas.

De acordo com a Receita Federal, “entende-se por alfandegamento a autoriza-


ção, por parte da Receita Federal para que, nos locais ou recintos sob controle aduanei-
ro, possam ocorrer atividades como o estacionamento ou trânsito de veículos” (BRASIL,
2022b, s. p.). Também compreende “a movimentação, armazenagem e despacho adua-
neiro de mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas” (BRASIL, 2022b, s. p.).

3.2 DA FISCALIZAÇÃO ADUANEIRA


Existem alguns fatos no comércio exterior que se deve respeitar e acatar e que
fazem parte dos procedimentos operacionais dos negócios. Um desses fatos diz respeito
à fiscalização aduaneira. Ela define-se como a verificação de documentos alfandegários
relativos às operações no comércio exterior, por exemplo, as importações e exportações,
verificação na qual são necessárias as averiguações dos documentos, como também a
inspeção física de mercadorias realizadas pelas autoridades aduaneiras.

O principal objetivo de qualquer fiscalização alfandegária é impedir a exportação


ou importação de mercadorias contrabandeadas, falsificadas, declaradas indevidamente,
proibidas, embargadas ou quaisquer outras que não estejam em conformidade com
a legislação aduaneira. Nesse contexto, lembre-se que a fiscalização aduaneira se
constitui na ação realizada pela autoridade aduaneira competente, para determinar a
natureza, origem, situação, quantidade, valor, classificação tarifária, direitos aduaneiros,
regime aduaneiro e tratamento tributário aplicável a uma mercadoria.

Essa fiscalização, quando se tratar de reconhecimento de mercadorias, será


física e, quando for realizada, unicamente, com base nas informações contidas na
declaração e nos documentos que a acompanham, será documental.

Segundo Luz (2015, p. 23), “de acordo com a legislação aduaneira, mercadorias
procedentes do exterior (ou a ele destinadas) somente entram no Brasil (ou dele saem)
pela zona primária”. Ainda segundo o autor, ela é composta pelos portos, aeroportos e
pontos de fronteira alfandegados, ou seja, declarados pela Receita Federal como locais
com alfândega instalada, possibilitando a fiscalização das mercadorias.

De acordo com Luz (2015), a Secretaria da Receita Federal do Brasil:

10
• É um órgão específico singular cuja competência é a administração dos tributos
federais, incluindo as atividades de fiscalização, lançamento do crédito tributário,
cobrança e julgamento em primeira instância dos processos administrativo-fiscais.
Além desse controle fiscal (ou tributário), exerce, também, o controle aduaneiro.
• Dirige, supervisiona, orienta, coordena e executa os serviços de administração,
fiscalização e controle aduaneiros, inclusive no que diz respeito ao alfandegamento
de áreas e recintos.

O Sindireceita (2018, p. 11) ressalta que “[...] de acordo com o Decreto nº 6.7596,
de 5 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras,
e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior”, a Receita
Federal brasileira tem superioridade em relação às demais autoridades/órgãos.

O Decreto nº 6.759/2009 definiu as regras para a atuação da aduana em seu


processo de fiscalização. Ele é informalmente referenciado como o “regulamento adu-
aneiro”, apesar de decreto e regulamento serem espécies distintas de atos administra-
tivos (LUZ, 2022).

Nessa perspectiva, fica a pergunta: mas por que tanto rigor nas fiscalizações
aduaneiras no Brasil? Para responder esse questionamento, vejamos alguns argumentos
pela ótica do comércio exterior brasileiro:

• O Brasil é, hoje, a 12ª maior economia global e, também, um dos


maiores mercados domésticos do mundo.
• No cenário do comércio exterior, caracteriza-se, predominantemen-
te, como grande exportador de commodities agrícolas e importador
de bens de consumo.
• A maioria dos fabricantes mundiais de bens de consumo tem par-
ticipação significativa de seu mercado global no mercado interno
brasileiro (ZANINETTI, 2022, s. p., tradução nossa).

Partindo desse princípio, veja, agora, pelo ponto de vista das empresas que
atuam no comércio exterior, por meio de exportações ou importações, como é importante
saber os aspectos e parâmetros reguladores desse tipo de comércio:

• A maioria dos fabricantes mundiais de bens de consumo partici-


pam do mercado interno brasileiro.
• Portanto, conhecer as regras de valoração aduaneira locais
aplicáveis ​​às suas exportações para o Brasil é de fundamental
importância, mesmo que a tributação adicional resultante de
um processo de valoração aduaneira recaia, na prática, sobre as
empresas importadoras locais.
• Como consequência, o trabalho de compliance fiscal por parte dos
exportadores pode e deve ser feito, a fim de evitar a geração de
ineficiência tributária em relação aos seus negócios no mercado
brasileiro, principalmente, no caso de negócios locais com
empresas brasileiras relacionadas a eles.
• Não são somente as transações comerciais internacionais entre em-
presas do mesmo grupo econômico que devem observar preços se-
melhantes aos praticados nas transações realizadas com terceiros.

11
• Todas as mercadorias submetidas ao desembaraço aduaneiro
no Brasil estão sujeitas ao controle de valor aduaneiro, por meio
do qual as autoridades aduaneiras locais conseguem verificar a
veracidade do valor declarado pelo importador, de acordo com
normas internacionais preestabelecidas e as regulamentações
locais (ZANINETTI, 2022, s. p., tradução nossa).

IMPORTANTE
Então, qual a importância da fiscalização aduaneira? Ela funciona como
a primeira barreira no controle de mercadorias que entram no país,
tendo reflexo direto na proteção às indústrias e, por consequência,
na manutenção dos níveis de empregos, evitando fraudes, coibindo
o contrabando, o descaminho e a entrada de mercadorias a preços
subfaturados (LIMA, 2008).

O controle aduaneiro no comércio exterior é realizado de acordo com a parame-


trização da mercadoria, após essa etapa, a Receita Federal do Brasil (RFB) encaminha a
mercadoria para um dos canais de parametrização (verde, amarelo, vermelho ou cinza).

Os canais de parametrização nada mais são do que uma forma de análise da


Receita Federal do Brasil em relação ao desembaraço aduaneiro. Na prática, constitui-
se em um sistema de canais que o órgão adotou para a conferência das cargas que
entram (importação) ou saem (exportação) do país:

• Por meio desse sistema, a declaração de importação ou exportação é classificada em


um canal que indica o nível de verificação a ser aplicado pela autoridade aduaneira.
• Assim, a parametrização aponta se o desembaraço será de forma automática ou se
um fiscal da Receita Federal precisará verificar os documentos e os produtos.
• A classificação por canais é dividida em cores: quatro na importação e três na
exportação.

A Receita Federal do Brasil afirma que “as operações de importações no


Siscomex são processadas em diferentes etapas que devem ser executadas pela
fiscalização aduaneira, bem como pelo importador, depositário, e pelo transportador
da carga” (PARAMETRIZAÇÃO, 2020, s. p.). Assim, o Sistema Integrado de Comércio
Exterior (Siscomex) seleciona as DIs (Declaração de Importação) registradas para um dos
seguintes canais de conferência aduaneira, conforme estipulado no Art. 21 da Instrução
Normativa SRF nº 680/2006, a qual disciplina o despacho aduaneiro de importação,
conforme ilustrado no Quadro 2.

12
Quadro 2 – Parametrização na importação

CANAIS DE PARAMETRIZAÇÃO NA IMPORTAÇÃO

Pelo qual o sistema registra o desembaraço automático da mercado-


ria, dispensados o exame documental e a verificação física dela. A DI
selecionada para canal verde, no Siscomex, poderá ser objeto de con-
VERDE
ferência física ou documental quando forem identificados pelo AFRFB
(Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, que é o responsável por
essa atividade) elementos indiciários de irregularidade na importação.

Pelo qual deve ser realizado o exame documental e, não sendo


constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro,
dispensada a verificação física da mercadoria. Na hipótese de descrição
AMARELO incompleta da mercadoria na DI que exija verificação física para a sua
perfeita identificação e, assim, confirmar a correção da classificação
fiscal ou da origem declarada, o AFRFB pode condicionar a conclusão
do exame documental a essa verificação física.

Pelo qual a mercadoria somente é desembaraçada após a realização


VERMELHO
do exame documental e da verificação física.

Pelo qual devem ser realizados o exame documental, a verificação física


CINZA da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle
aduaneiro, para verificar indícios de fraude, inclusive no que se refere
ao preço declarado da mercadoria.

Esses canais seguem uma ordem crescente de exigências de verificação da carga.

Fonte: adaptado de Parametrização (2020)

Já a parametrização na exportação “é a seleção para um dos canais de con-


ferência aduaneira. Após a apresentação da carga para despacho, a DU-E (Declaração
Única de Exportação) é submetida à análise de risco aduaneiro e então selecionado
um canal de parametrização” (BUENO, 2022, s. p.).

A Instrução Normativa RFB nº 1702 é a que disciplina o despacho aduaneiro de


exportação processado por meio de Declaração Única de Exportação (DU-E). Conforme
a RFB (SELEÇÃO PARAMETRIZADA, 2016, s. p.), “a seleção parametrizada poderá ser
executada de forma automática, em horários previamente estabelecidos pela URF
(Unidade da Receita Federal), ou de forma imediata a qualquer momento, a critério do
supervisor do recinto aduaneiro”. Nessa seleção, há três tipos de canais de conferência
à declaração de exportação (Quadro 3).

13
Quadro 3 – Parametrização na exportação

CANAIS DE PARAMETRIZAÇÃO NA EXPORTAÇÃO

O sistema procederá ao desembaraço automático da declaração,


VERDE
não sendo obrigatória a conferência aduaneira.

Procedimento obrigatório: exame documental (arts. 22-24 da Instrução


LARANJA
Normativa SRF nº 28 de 1994) efetuado pela fiscalização aduaneira.

Procedimentos obrigatórios: exame documental (arts. 22-4 da


Instrução Normativa SRF nº 28 de 1994) e verificação da mercadoria
VERMELHO
(arts. 25-28 da Instrução Normativa SRF nº 28 de 1994) efetuados
pela fiscalização aduaneira.

MUDANÇA DE CANAL: não é incomum que, durante o processo de parametrização,


ocorra o redirecionamento do canal selecionado. Isso acontece quando a autoridade
aduaneira verifica a necessidade de uma análise mais detalhada da operação, por
exemplo. Assim, uma mercadoria pode estar em análise fiscal, o que, naturalmente,
levaria a um canal verde, mas, no final, constar um canal vermelho. Neste caso, ocorre
o chamado “canal melancia”, como é popularmente conhecido no Comex.

Fonte: adaptado de Seleção Parametrizada (2016) e Bueno (2022)

No entanto, agora, você se pergunta: “como a RFB estabelece para qual


canal uma mercadoria deve ir?” A aduana classifica a carga por meio de um sistema
informatizado que combina modelos estatísticos e que também leva em consideração
alguns fatores, como: a origem e o destino da mercadoria, o operador, o tipo de
mercadoria e a possibilidade de realizar verificações aleatórias, entre outros. Tendo tudo
isso como base, a atribuição de canais ocorre, em muitos casos, de forma aleatória.

3.3 O CONTROLE E A TRIBUTAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE


COMÉRCIO EXTERIOR
O segmento de Comércio Exterior é fundamental para a atuação de muitas
empresas em nosso país, pois é a área que gerencia tanto o fornecimento de insumos
e produtos acabados para o desenvolvimento das operações (importação) quanto a
comercialização de mercadorias no exterior (exportação).

O controle das operações no comércio exterior é o processo de análise, investi-


gação, controle e fiscalização de todas as mercadorias sujeitas a importação ou expor-
tação. O controle aduaneiro é efetuado no cumprimento de um conjunto de medidas
que são da responsabilidade das alfândegas, a fim de monitorar o trânsito de todas as

14
mercadorias que cruzam fronteiras terrestres, marítimas e aéreas. Incluem-se merca-
dorias de origem estrangeira, nacional ou nacionalizada. Além delas, o controle adua-
neiro também inclui o trânsito de pessoas. De acordo com Rocha (2022, s. p.), “o con-
trole aduaneiro é a fiscalização e o monitoramento das atividades de comércio exterior,
envolvendo o monitoramento da entrada e saída de veículos do país, mercadorias trans-
portadas e bens existentes a bordo, incluindo a bagagem de tripulantes e viajantes”.

Você, acadêmico, poderá ter uma noção observando a Figura 3.

Figura 3 – Fluxograma do controle aduaneiro no comércio exterior

A entrada ou saída de
veículos procedentes
A fiscalização e o controle do exterior ou a ele
sobre o comércio exterior... Regulamento destinados só poderá
serão exercidos pelo Aduaneiro - art. 26 ocorrer em porto,
Ministério da Fazenda aeroporto ou ponto
(atualmente Secretaria da de fronteira
Receita Federal. alfandegado

CONTROLE Regulamento
Constituição Federal
art. 237 ADUANEIRO Aduaneiro
Fiscalização e controle art. 26 § 1°
sobre comércio exterior

O controle aduaneiro
Principal do veículo será
Instrumento: exercido desde o seu
DESPACHO ingresso até a sai
ADUANEIRO
efetiva saída, sendo
estendido a
mercadorias e outros
bens a bordo, inclusive
bagagem

Fonte: adaptada de Rocha (2022, s. p.).

A figura ilustra, por meio de um fluxograma, o embasamento legal e como é feito o


controle aduaneiro no Brasil pela fiscalização e controle sobre comércio exterior. A
primeira seta indica o Art. 26 do Regulamento Aduaneiro, que preconiza o seguinte: a
entrada ou saída de veículos procedentes do exterior ou a ele destinados só poderá
ocorrer em porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. Na sequência,
amparado no Art. 26 § 1° do mesmo regulamento, a seta esclarece que o controle
aduaneiro do veículo será exercido desde o seu ingresso até a efetiva saída, sendo
estendido a mercadorias e outros bens a bordo, inclusive bagagem. Nessa mesma
contextualização, a figura ilustra que o principal instrumento do despacho aduaneiro
está descrito na Constituição Federal, no Art. 237. Este determina que a fiscalização e
o controle sobre o comércio exterior serão exercidos pelo Ministério da Fazenda que,
atualmente, é responsável pela Secretaria da Receita Federal.

15
O principal objetivo desse controle é garantir o cumprimento das normas
vigentes pelos agentes para detectar ações como fraudes ou contrabando. Nesse
controle, pode-se evitar ambos os golpes por meio de técnicas de controle de risco. Isso
se deve ao fato de que o exame físico de todas as cargas não é logisticamente possível.

As etapas do desembaraço aduaneiro incluem a preparação dos documentos


necessários para exportação ou importação, avaliação, pagamento de taxa e entrega
conjunta da carga da alfândega após aprovação com os documentos fornecidos. Cada
país tem leis e regulamentos de desembaraço aduaneiro, embora um pouco diferentes.

Esteja você executando um negócio de importação ou exportação, é essencial


cumprir as etapas do desembaraço aduaneiro. Não importa em que lugar do mundo
você esteja enviando a sua carga e os contêineres, todos os portos os colocarão no
processo de desembaraço aduaneiro.

Rocha (2022, s. p.) afirma que “o controle aduaneiro é realizado pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil e envolve o controle dos veículos, das mercadorias e dos locais
por onde elas transitam ou ficam armazenadas”. Nesse contexto, dentro do controle
aduaneiro, temos duas situações distintas para o despacho. Uma nas operações de
importação e a outra para exportação, nas quais:

A importação no Siscomex é processada em diversas etapas a


serem executadas pelo importador, pelo depositário, pela fiscalização
aduaneira e pelo transportador.
[...]
O despacho aduaneiro de exportação é processado, no Siscomex, em
diversas etapas a serem executadas pelo exportador, pelo depositário,
pela fiscalização aduaneira e pelo transportador (ETAPAS..., 2022, s. p.).

DICA
Quer saber um pouco mais de despacho
aduaneiro na importação e na exporta-
ção? Então, acesse o respectivo QR Code e
vá direto ao site da Receita Federal do Brasil.
Lá, você encontrará descrições detalhadas,
bem como o fluxograma de cada despacho.

Todas essas etapas nas atividades no comércio exterior brasileiro requerem


todo um sistema informatizado tanto para o controle quanto para a tributação das ope-
rações de importação e exportação. Para tanto, como já falamos, existe o Siscomex,
que, de acordo com a FIA, é o “Sistema Integrado de Comércio Exterior do governo bra-
sileiro, utilizado como instrumento exclusivo para as operações de comércio exterior do
país” (SISCOMEX, 2019, s. p.).

16
Agora, em se tratando de tributação, o Decreto nº 6.759 (BRASIL, 2009) é o que
regulamenta a administração das atividades aduaneiras e a fiscalização, o controle e
a tributação das operações de comércio exterior. O Art. 15 desse decreto, baseando-
se no Art. 237 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), estabelece que: “o exercício
da administração aduaneira compreende a fiscalização e o controle sobre o comércio
exterior, essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, em todo o território
aduaneiro”. Ainda no seu parágrafo único, afirma que “as atividades de fiscalização de
tributos incidentes sobre as operações de comércio exterior serão supervisionadas e
executadas por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil” (BRASIL, 2009).

Segundo Gularte (2022, s. p.), “os impostos que incidem sobre a exportação de
serviços são o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL). Quando a execução é feita no Brasil, há incidência de Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN)”. Assim, quando se fala de tributação
dos impostos de exportação, o Decreto nº 6.759/2009, Capítulo II, aborda a incidência
e estabelece, no seu Art. 212, que o “imposto de exportação incide sobre mercadoria
nacional ou nacionalizada destinada ao exterior” (BRASIL, 2009).

No Livro II do Decreto nº 6.759, no Título I, que trata do Imposto de Importação,


em seu, define, no Art. 69 do Capítulo I, o qual aborda a incidência de tributos, que “o
imposto de que trata este Título, na importação, incide sobre produtos industrializados
de procedência estrangeira” (BRASIL, 2009). Por sua vez, Vieira (2021, s. p.) esclarece que
“os impostos na importação podem variar de acordo com o tipo de produto importado,
assim como a localidade da qual é importada ou algum benefício comercial existente”.

Por conseguinte, as operações de importação nem sempre poderão incidir
os mesmos tipos de impostos, porém incidem, sempre, sobre o valor da mercadoria/
produto importado. Segundo o Portal Tributário, os principais tributos incidentes são:

1. II (Imposto sobre Importação): calculado sobre o valor aduaneiro,


com alíquotas variáveis.
2. IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): calculado conforme
a Tabela do IPI.
3. ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços):
alíquota variável segundo as alíquotas vigentes no Estado em que o
desembaraço aduaneiro é procedido.
4. PIS – Importação (Lei nº 10.865/2004): alíquota geral de 1,65%,
existindo alíquotas específicas para determinados produtos.
5. Cofins – Importação (Lei nº 10.865/2004): alíquota geral de 7,6%,
existindo alíquotas específicas para determinados produtos.
6. ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza): alíquota de
5% sobre a importação de serviços provenientes do exterior do país,
especificados na Lei Complementar nº 116/2003.
7. IOF – Imposto sobre Operações de Câmbio: devido sobre a compra
de moeda estrangeira, na liquidação da operação de câmbio para
pagamento da importação de serviços devido à alíquota de 0,38%.
8. Além dos tributos citados, há incidências de taxas, como o Adicional de
Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM – Lei nº 10.893/2004
e tarifas aduaneiras (EQUIPE PORTAL TRIBUTÁRIO, 2023, s. p.).

17
Para complementarmos os nossos conceitos, Luz (2022, p. 115), enfatiza que
“o controle aduaneiro é realizado pela Receita Federal. A instituição responsável pela
arrecadação tributária federal é também a que faz o controle da entrada de mercadorias
no país e a saída deste”. Agora, veja que interessante:

• No controle aduaneiro, o bem tutelado pelo Estado não é o tributo, mas a segurança
da sociedade. São fiscalizadas a entrada e a saída das mercadorias, evitando-se,
por exemplo, a falsa declaração de conteúdo ou a movimentação de mercadorias
falsificadas, proibidas ou que possam trazer riscos à vida e à saúde.
• Também se verifica se os tributos aduaneiros foram corretamente recolhidos, apesar
de eles não possuírem caráter arrecadatório, mas extrafiscal ou econômico.
• Em outras palavras, a função principal do controle e dos tributos aduaneiros não é
prover aumento de arrecadação, mas servir como instrumento de controle e proteção
da economia.

Por fim, a aduana fiscaliza a operação de comércio exterior mesmo quando o bem
é objeto de imunidade ou benefício fiscal ou quando os tributos têm a sua exigibilidade
suspensa em virtude da aplicação de um regime aduaneiro especial (LUZ, 2022).

3.4 DA JURISDIÇÃO ADUANEIRA


Caro acadêmico, agora, adentraremos nos aspectos jurisdicionais do comércio
exterior que envolvem os aspectos aduaneiros, mas antes, para podermos entender
melhor os conceitos de jurisdição aduaneira, é necessário, também, termos compreensão
do que é o território aduaneiro.

Sendo assim, é possível conceituar territórios aduaneiros como a área geografi-
camente definida na qual a administração aduaneira cobra taxas de entrada e saída de
produtos estrangeiros, bem como é responsável pela verificação da sua legalidade, ou
seja, é território em que se aplicam as disposições aduaneiras de um Estado/país.

O marco regulatório da administração das atividades aduaneiras, das
fiscalizações, controle e tributação das operações de comércio exterior é o Decreto n°
6.759 (BRASIL, 2009). Ele estabelece, no Art. 2º, que o território aduaneiro compreende
todo o território nacional, a única diferença, de acordo com Martins et al. (2021, s. p.),
é que o primeiro se refere a uma natureza administrativa, enquanto o segundo é de
natureza política.

18
Figura 4 – Navio de carga

Fonte: https://shutr.bz/3ZthqYi. Acesso em: 7 mar. 2023.

Agora que entendemos o que significa o território aduaneiro, conseguiremos


compreender quais são os limites da jurisdição aduaneira. Então, o que ela significa?

O conceito de jurisdição aduaneira no contexto de comércio exterior se constitui
no poder que o Estado (país) tem em todo o seu território, com plena autoridade para
controlar e fiscalizar, nos termos da lei, as operações de comércio exterior, a cobrança de
direitos aduaneiros, bem como de impostos de importação e exportação, quando for o
caso, por meio da sua alfândega. Constitui-se, também, na competência para conhecer
e resolver diversas outras causas, por exemplo, de descaminhos ou contrabando, bem
como outras relativas à impugnação dos atos das autoridades aduaneiras relacionados
com as operações de comércio exterior, nos termos das disposições legais em vigor.

ATENÇÃO
Aqui, temos que fazer uma breve conceituação e deixar bem clara a diferença entre esses
dois delitos: descaminho e contrabando. No comércio exterior, segundo o que preconiza
o Código Penal:

Descaminho
Art. 334 Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena
– reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1° - Incorre na mesma pena
quem:
I – pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
em lei;

19
II – pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; e
III – vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente
ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território
nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem.
Contrabando
Art. 334-A Importar ou exportar mercadoria proibida: Pena – reclusão,
de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. § 1° Incorre na mesma pena quem:
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de
registro, análise ou autorização de órgão público competente; e
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à
exportação (BRASIL, 2014).

Dito isso, voltemos à jurisdição aduaneira. O Art. 3º do Decreto n° 6.759 adverte


que o território nacional não é formado somente pela parte terrestre brasileira, mas
também pelo espaço aéreo, bem como pelas águas territoriais (BRASIL, 2009). Dessa
forma, toda essa extensão do Brasil está sujeita ao controle da aduana e, sob essa
perspectiva, não estão isentas/imunes de fiscalização.

Figura 5 – Containers

Fonte: https://shutr.bz/3YtphE6. Acesso em: 7 mar. 2023.

20
A Associação Latino-Americana de Integração (JURISDICCION ADUANERA,
2023, s. p.) reforça: é o poder o qual o Estado detém em todo o território do país que
controla e fiscaliza, nos termos da lei, as operações de comércio exterior, a cobrança de
direitos aduaneiros e de impostos de importação e exportação, quando for o caso, por
meio da Alfândega Nacional.
Enquanto instituição pública, a alfândega cumpre funções fundamentais ao
desenvolvimento do país, uma vez que ela tem um papel preponderante no comércio
externo, sobretudo na facilitação e agilização das operações de importação e exportação,
por meio da simplificação de procedimentos e processos.

21
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• O comércio exterior nada mais é do que o comércio entre os diferentes países do


mundo; é composto, principalmente, pelas importações e exportações, sob a égide
de uma legislação aduaneira, bem como os seus preceitos, atividades, modalidades
de operações.

• Os preceitos que regem o comércio exterior brasileiro estão alicerçados em parcerias


comerciais, principalmente aquelas voltadas ao incentivo às exportações.

• Conhecer e implementar as diferentes opções disponíveis no Brasil, relacionados


aos regimes aduaneiros especiais, que permitem reduzir os custos de exportação,
importação e da própria logística, sendo um fator primordial para que os produtos a
serem exportados e importados possam ter condições de concorrer.

22
AUTOATIVIDADE
1 Para satisfazer às necessidades de consumo e de produção, os países utilizam o
comércio exterior para comprar e vender produtos e serviços entre diferentes países.
Desta maneira, exportando produtos e serviços que não possua. Em consideração, o
processo de importação faz parte da dinâmica econômica dos países. Ele ajuda, entre
outras coisas, na aquisição de novas tecnologias, no combate à inflação e na inovação
dos processos produtivos. Com base no exposto, quais são as reais necessidades
para o pleno desenvolvimento das exportações?

2 Na busca pelo crescimento econômico, há uma enorme competição entre as nações.


Competir sozinho no comércio internacional é bastante árduo. Consequentemente,
os países com interesses em comum estruturam blocos econômicos, formando paí-
ses parceiros e estabelecendo relações comerciais e sociais com interesses mútuos,
facilitando o comércio entre eles e fortalecendo suas economias. Diante do exposto,
o que pode ser mais relevante no comércio exterior?

3 Diversas medidas e ações formam as políticas que norteiam as transações comerciais


do nosso país com o mundo. O Governo Federal sanciona medidas para estimular o
comércio exterior brasileiro, e seus ministérios e órgãos competentes são responsáveis
pelo seu gerenciamento. Além disso, as políticas comerciais determinam a abertura
de mercado que pode ser maior ou menor dependendo do período e situação do país.
Diante da situação política e econômica global, quais as perspectivas do futuro do
comércio exterior brasileiro?

23
24
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS

1 INTRODUÇÃO
As áreas especiais dos regimes aduaneiros têm se mostrado um importante ins-
trumento à competitividade dos países, tornando-se canais para atrair investimentos,
gerar empregos, estimular a diversificação e produzir vínculos produtivos, bem como
transferir tecnologia. Este cenário é propício para aquelas empresas que buscam uma
forma de aumentar os seus lucros, minimizar os custos, reduzir o seu tempo e, assim,
enfrentar os desafios gerados por um mundo em mudança e com forte concorrência no
comércio exterior.

Nesse cenário, podemos indagar: por que, nos últimos anos, tem sido notório
o desenvolvimento desses locais no país, não só como geradoras de emprego, mas
também de investimento estrangeiro? A quem se destina a criação desses ambientes
produtivos? Quais os seus objetivos? Qual o interesse do governo nesses locais? Estas
e outras perguntas serão elucidadas no decorrer desta unidade.

2 REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E SUAS


CARACTERÍSTICAS
Agora, abordaremos os regimes aduaneiros especiais e as suas características.
Podemos definir esses regimes como o conjunto de operações que visam a dar um
destino aduaneiro específico, por exemplo, a destinação, origem ou finalidade claras
de uma mercadoria, de acordo com o interesse particular do importador ou exportador.

A importância dos regimes aduaneiros no comércio exterior é definida a partir


dos seguintes pontos: i) eles estabelecem regras gerais para tornar os processos
de importação e exportação mais eficientes; ii) permitem o controle aduaneiro de
mercadorias que entram ou saem do país. Assim, tecnicamente, o regime aduaneiro é o
destino das mercadorias de comércio exterior que estão sujeitas ao controle aduaneiro,
bem como determina os procedimentos legais necessários a serem cumpridos pelo
exportador ou importador na comercialização internacional de mercadorias.

A existência de regimes aduaneiros especiais permite mais organização das


mercadorias sujeitas ao controle aduaneiro e, dessa forma, o fluxo delas torna-se mais
eficiente. Esses tratamentos especiais e diferenciados podem melhorar o comércio,
além de estimular o investimento privado.

25
DICA
No âmbito do comércio exterior, o governo disponibiliza
diversos incentivos, de forma a aquecer as relações
comerciais. No Brasil, alguns deles são chamados de
incentivos fiscais ou regimes aduaneiros especiais, que
nada mais são do que a dispensa ou desoneração do
pagamento de tributos incidentes no mercado interno
nas operações de comércio exterior. Saiba mais sobre os
regimes aduaneiros especiais pelo QR Code.

De acordo com Vazquez (2009, p. 219), “os regimes aduaneiros especiais são
assim chamados porque existe uma série de procedimentos fiscais, caracterizando-os
conforme a finalidade de cada um”. O autor ainda argumenta que as “obrigações fiscais
suspensas pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais serão constituídas em termo
de responsabilidade firmado pelo beneficiário, de acordo com o que determina o Art. 71,
do Decreto-Lei n° 37/1966, alterado pelo Decreto-Lei nº 1.223/1972” (VAZQUEZ, 2009).

Dentre os principais benefícios, estão “a isenção ou a suspensão de tributos,


trânsito de produtos estrangeiros no Brasil sem o recolhimento de impostos, incentivos à
exportação e à redução dos custos financeiros do importador” (SEBRAE-RJ, 2020, p. 7).

Veja, no Quadro 4, a divisão dos regimes aduaneiros especiais.

Quadro 4 – Divisão dos regimes aduaneiros especiais

1. Trânsito aduaneiro.
2. Loja franca.
APLICADOS ÀS 3. Depósito especial.
OPERAÇÕES 4. Depósito afiançado.
LOGÍSTICAS 5. Depósito alfandegado certificado.
6. Depósito franco.
7. Regime tributário para incentivos à estrutura portuária.

1. Admissão temporária.
ESPECIAIS DE 2. Admissão temporária para aperfeiçoamento passivo.
ADMISSÃO OU 3. Repex.
EXPORTAÇÃO 4. Repetro.
TEMPORÁRIA 5. Exportação temporária.
6. Exportação temporária para aperfeiçoamento passivo.

26
1. Entreposto aduaneiro.
2. Entreposto aduaneiro na exportação.
3. Entreposto aduaneiro na importação.
4. Drawback.
5. Recof.
APLICADOS À
6. Entreposto aduaneiro para a construção de bens
INDÚSTRIA E AOS
destinados ao Repetro.
SERVIÇOS
7. Recom.
8. Zona Franca de Manaus.
9. Entreposto industrial da Zona Franca de Manaus.
10. Áreas de livre comércio.
11. Zona de processamento de exportação.

Obs.: nem todas as operações de exportação e importação necessariamente utilizam os regimes


aduaneiros especiais. Alguns são usados na importação, na exportação e, em alguns casos, nas
duas situações. Nas próximas unidades, apresentaremos os regimes mais utilizados.

Fonte: adaptado de Sebrae-RJ (2020)

Os regimes aduaneiros especiais são, sem dúvida, um elemento crucial da le-


gislação aduaneira que permite às empresas nacionais exercerem as suas atividades
nas condições mais favoráveis ​​possíveis, colocando esses operadores em situações
oportunas para enfrentar a concorrência internacional.

De fato, esses regimes estabelecem mecanismos para armazenar os forneci-


mentos de mercadorias (insumos) provenientes de outros países sem pagamento de
direitos aduaneiros (pagamento de direitos e impostos/tributos aduaneiros) ou para
utilizar e processar essas mercadorias a fim de as reexportar nas melhores condições
possíveis, minimizando os custos associados aos direitos aduaneiros.

2.1 TRÂNSITO ADUANEIRO


Partindo desse contexto, abordaremos o trânsito aduaneiro: ele nada mais é do
que um regime aduaneiro que permite movimentar mercadorias por diferentes locais
que se encontram em determinado território aduaneiro ou, ainda, entre diferentes
territórios, sem pagar tarifas e impostos.

A utilização do procedimento de trânsito aduaneiro permite a suspensão tem-
porária de direitos, impostos e medidas de política comercial aplicáveis ​​na importação.
Como tal, ele permite que as formalidades de desembaraço ocorram no ponto de destino
e não no ponto de entrada no território aduaneiro.

27
Enfatizaremos o conceito de trânsito aduaneiro, levando em conta que ele pode
ser tanto externo quanto interno. Para além desta questão, certamente, é importante
considerarmos essencial ter presente que esse procedimento não implica direitos
aduaneiros, apesar disso, envolve algumas despesas as quais devemos levar em
consideração. Normalmente, esse trânsito é utilizado como procedimento para realizar
transferências de produtos dentro do mesmo país.

Dependendo, no entanto, de um conjunto de tratados internacionais ou acordos


bilaterais entre países, bem como multilaterais, tal trânsito tem a chance de ser realizado
segundo circunstâncias muito específicas. Um exemplo típico é encontrado no caso
dos países que compõem a União Europeia. Veja alguns esclarecimentos dados pelo
Sebrae-RJ (2020):

• Ao amparo do trânsito aduaneiro é possível a circulação de mercadorias com


suspensão de tributos, por meio de transporte controlado pela Receita Federal do
Brasil de um ponto ao outro do território aduaneiro.
• Somente empresas de transporte exclusivamente habilitadas estão autorizadas a
fazer a movimentação das mercadorias, nesse regime.
• Nas operações de exportação, para utilizar o trânsito aduaneiro, a mercadoria deve
ser previamente desembaraçada, e a circulação pode ser de um recinto alfandegado
ou não de zona secundária para um recinto alfandegado de zona primária e entre
recintos alfandegados de zona primária.
• Já nas operações de importação, o trânsito aduaneiro é aplicado a mercadorias
ainda não nacionalizadas, porém a circulação só deve acontecer entre recintos
alfandegados de zona primária ou entre os recintos alfandegados de zona primária e
o recinto alfandegado de zona secundária.

No Brasil, um dos alicerces legais do trânsito aduaneiro é o Decreto nº 6.759 que


regulamenta a administração das atividades aduaneiras e a fiscalização, o controle e a
tributação das operações de comércio exterior. Conforme esse decreto, em seu Art. 315,
“o regime especial de trânsito aduaneiro é o que permite o transporte de mercadoria, sob
controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com a suspensão do
pagamento de tributos” (BRASIL, 2009). Já o Art. 318 define quais são as modalidades
do regime de trânsito aduaneiro:

I - O transporte de mercadoria procedente do exterior, do ponto de


descarga no território aduaneiro até o ponto onde deva ocorrer outro
despacho.
II - O transporte de mercadoria nacional ou nacionalizada, verificada
ou despachada para exportação, do local de origem ao local de
destino, para embarque ou armazenamento em área alfandegada
para posterior embarque.
III - O transporte de mercadoria estrangeira despachada para
reexportação, do local de origem ao local de destino, para embarque
ou armazenamento em área alfandegada para posterior embarque.
IV - O transporte de mercadoria estrangeira de um recinto alfandegado
situado na zona secundária a outro.

28
V - A passagem, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente
do exterior e a ele destinada.
VI - O transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente
do exterior, conduzida em veículo em viagem internacional até o
ponto em que se verificar a descarga.
VII - O transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria
estrangeira, nacional ou nacionalizada, verificada ou despachada
para reexportação ou para exportação e conduzida em veículo com
destino ao exterior (BRASIL, 2009).

2.2 ADMISSÃO TEMPORÁRIA


Em cada aduana, a documentação de trânsito aduaneiro deve ser apresentada à
autoridade competente, com a possibilidade de incluir o formulário que cada país utiliza
para esse fim, como o conhecimento de embarque e a fatura comercial, por exemplo.

Não devemos esquecer que as alfândegas costumam ter processos previamente


definidos, como padrões, por motivos operacionais. O normal é que eles tenham a
documentação necessária a todas aquelas pessoas as quais desejam realizar um
trânsito aduaneiro.

Em complemento, abordaremos o Regime de Admissão Temporária. Você deve


se perguntar: o que significa esse tipo de operação? O regime aduaneiro e tributário, de
acordo com a legislação brasileira aplicável, é o que permite a entrada de mercadorias e/
ou bens provenientes do exterior sem encargos tributários decorrentes de operações de
importação ou com carga tributária reduzida proporcional ao período durante o qual as
mercadorias permanecerão no país. Essas mercadorias devem ser importadas para um
fim específico e devem ser destinadas à reexportação dentro de um prazo determinado e
sem que tenham sofrido qualquer alteração, exceto a depreciação normal pelo uso delas.

De acordo com o Siscomex, esse regime aduaneiro especial com suspensão


total do pagamento de tributos “é o que permite a importação de bens que devam
permanecer no País durante prazo fixado, com suspensão total do pagamento dos
tributos incidentes na importação” (REGIMES ADUANEIROS, 2022, s. p.).

O Decreto-Lei nº 37, no seu Art. 75, estabelece nas importações vinculadas à


exportação: “Poderá ser concedida, na forma e condições do regulamento, suspensão
dos tributos que incidam sobre a importação de bens que devam permanecer no país
durante prazo fixado” (BRASIL, 1966). Já o Decreto nº 6.759, no seu Art. 354, “estabelece o
regime aduaneiro especial de admissão temporária com suspensão total do pagamento
de tributos e permite a importação de bens que devam permanecer no País durante
prazo fixado” (BRASIL, 2009).

O Sebrae-RJ (2020) esclarece que, basicamente, existem três modalidades de


admissão temporária:

29
• Com fins econômicos: os bens são importados para prestar serviços a terceiros ou
para fabricar outros bens que, posteriormente, serão vendidos. Tendo sido calculada a
carga tributária normal da mercadoria a qual está sendo importada, o empreendedor
recolherá os tributos em forma proporcional ao prazo de permanência do bem no Brasil.
• Sem fins econômicos: opção utilizada em importações destinadas a diversos tipos
de eventos – shows, campeonatos e congressos internacionais, produção de obras
audiovisuais, pesquisa científica etc. – em que para a realização dessas atividades
será necessária a importação de bens.
• Para aperfeiçoamento passivo: nessa modalidade, é possível importar mercadorias
que sofrem uma ação industrial passível ou não de modificar suas características
básicas e, finalizada a operação industrial, a mercadoria será reexportada. Haverá a
suspensão total dos tributos, e o objetivo dessa opção é possibilitar que empresas
estrangeiras contratem empresas nacionais para prestar diversos serviços industriais.

Os regimes de destinação suspensiva constituem um instituto de direito


aduaneiro. Este se justifica, entre outros, por motivos industriais, comerciais, de cortesia
internacional, culturais e educacionais.

Os bens/produtos sujeitos às admissões temporárias não são introduzidos


com o objetivo de os incorporar definitivamente ao consumo no território aduaneiro
nacional, mas para fins definidos em atividades úteis e/ou benéficas ao desenvolvimento
econômico do país.

2.3 DRAWBACK
Caro acadêmico, para finalizarmos a unidade, abordaremos a operação de
drawback, pois, nos últimos anos, o comércio exterior cresceu a níveis nunca antes
vistos. As economias dependem, em grande parte, de suas exportações e importações,
por isso é necessário conhecer o significado de alguns termos que serão úteis ao falar
ou ler sobre o assunto.

INTERESSANTE
Olá, acadêmico! Que tal uma pausa na leitura? Preparamos
um podcast bem interessante, especialmente para você.
Falaremos sobre um dos principais regimes aduaneiros
especiais – o drawback – uma excelente ferramenta à dis-
posição das exportações no Brasil. Aperte o play!

30
O conceito de drawback foi originalmente elaborado nos EUA pelo Congresso
Continental de 1789. O seu escopo era limitado a artigos específicos importados ou
exportados diretamente.

A lógica por trás do programa de drawback é incentivar as empresas americanas


a competir em mercados estrangeiros sem sofrer desvantagem de preço por pagar
impostos sobre mercadorias importadas.

NOTA
Nesse contexto, tecnicamente, o drawback corresponde à restituição de
direitos especialmente sobre um produto importado e, posteriormente,
exportado ou usado para produzir um produto voltado à exportação.

Assim, podemos conceitualizar o drawback como a restituição de certos di-


reitos, impostos e certas taxas cobradas na importação de mercadorias e restituídas
quando a mercadoria é exportada ou destruída. A restituição é administrada após a ex-
portação ou destruição do produto importado/substituído ou do artigo fabricado a partir
desse produto. Formalmente, de acordo com o Siscomex, o drawback é:

Instituído pelo Decreto-Lei nº 37, de 1966, e aperfeiçoado por diver-


sas normas posteriores, é um regime aduaneiro especial que permite
a suspensão ou eliminação de tributos incidentes na aquisição de
insumos empregados na industrialização de produtos exportados. O
mecanismo funciona como um incentivo às exportações brasileiras,
pois reduz os custos de produção dos produtos exportáveis, tor-
nando-os mais competitivos no mercado internacional (DRAWBACK,
2023, s. p.).

Então, de acordo com o Decreto-Lei nº 37/1996, que regulamenta o Imposto de


Importação, bem como reorganiza os serviços aduaneiros dando outras providências:

Art. 78. Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas


no regulamento: I - Restituição, total ou parcial, dos tributos que
haja incidido sobre a importação de mercadoria exportada após
beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou
acondicionamento de outra exportada.
II - Suspensão do pagamento dos tributos incidentes sobre a
importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou
destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de
outra a ser exportada.

31
III - Isenção dos tributos que incidirem sobre importação de
mercadoria, em quantidade e qualidade equivalente à utilizada no
beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento
de produto exportado.
§ 1° - A restituição de que trata este artigo poderá ser feita mediante
crédito da importância correspondente, a ser ressarcida em
importação posterior (BRASIL, 1966).

As operações de drawback são muito comuns em países associados à Orga-


nização Mundial do Comércio (OMC) para que as mercadorias exportadas só paguem
impostos de importação no país onde serão consumidas ou utilizadas. “Atualmente,
existem três modalidades de drawback: suspensão, isenção e restituição de tributos.
As duas primeiras são administradas pela Secretaria de Comércio Exterior – Secex, ao
passo que a terceira é de competência da Receita Federal do Brasil – RFB” (DRAWBACK,
2023, s. p.).

De acordo com o Sebrae-RJ (2020, p. 15), o drawback representa um dos


principais regimes especiais aduaneiros, permitindo a importação “com suspensão
total dos tributos, tanto federais quanto estaduais; isenção ou restituição dos tributos
federais, de bens ou insumos destinados à produção ou ao emprego na industrialização
de bens a serem exportados ou que já foram exportados” e que:

• Drawback Integrado Suspensão: “o exportador solicita esse Ato Concessório


de Drawback antes de importar a mercadoria ou adquiri-la no mercado interno”
(SEBRAE-RJ, 2020, p. 15).
• Drawback Integrado Isenção: a empresa solicita esse ato concessório a fim de
repor um estoque, ou seja, importou ou comprou no mercado interno, sem a intenção
de exportar, entretanto surgiu uma oportunidade e a empresa exportou. Pelo fato
de, na primeira operação de importação ou compra no mercado interno, os tributos
terem sido pagos, a empresa possui o benefício da nova compra do mesmo produto
com isenção, mas apenas dos tributos federais. O ICMS, o tributo estadual, não é
considerado para fins de compensação.
• Drawback Restituição: a empresa exportou, mas não havia solicitado benefício
de drawback, ou seja, pagou os tributos quando ocorreu a importação, mas, agora,
não mais fabricará este tipo de produto, isto é, não necessitará deste insumo. Ela
pode solicitar a restituição dos tributos pagos quando fizer a importação dos insumos
utilizados nos bens exportados.

Finalmente, o regime aduaneiro especial de drawback aduaneiro constitui no


reembolso de direitos aduaneiros, impostos e taxas pagos sobre itens importados que
são combinados com itens posteriormente exportados ou destruídos. A devolução
desses impostos ajuda, muitas vezes, a evitar uma bitributação. Para o contexto
empresarial, esse programa de devolução de impostos é capaz de aumentar a receita
da empresa, melhorando, assim, o seu fluxo de caixa. A devolução/restituição desses
direitos também pode melhorar a competitividade global, proporcionando a todas as
empresas condições de concorrência equitativas.

32
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Identificar os conceitos e características dos regimes aduaneiros especiais.

• Entender a proposição e preceitos dos regimes aduaneiros correlatos ao comércio


exterior.

• Compreendeu que o regime aduaneiro especial de Drawback na importação fomenta


as exportações nacionais.

33
AUTOATIVIDADE
1 Os regimes aduaneiros especiais são tratamentos específicos destinados à
importação e à exportação de mercadorias de forma extraordinária. São regimes
com obrigações e controles fiscais tributários diferenciados dos Regimes Comuns
Aduaneiros, que ocorrem com isenção, suspensão parcial ou total de tributos, em
alguns casos mediante a garantia de tributos. Visam atender a circunstâncias e
requisitos específicos. Diante do exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O regime aduaneiro especial de Drawback está reproduzido no regulamento


aduaneiro do Departamento de Operações de Comércio Exterior – DECEX, de
acordo com a portaria governamental.
b) ( ) A modalidade Drawback é um regime especial, no qual se pode importar sem o
pagamento de impostos, desde que o material importado seja transformado em
produtos que se destinem à exportação.
c) ( ) O regime aduaneiro Drawback permite a importação de bens e insumos em
caráter temporário sem o pagamento de tributos, com um prazo de três meses
na exportação do produto beneficiado.
d) ( ) O regime aduaneiro Drawback é permitido somente para empresas exportadoras.

2 Muitos países para evitar a incidência dos "tributos" nas exportações aplicam a
dinâmica de Drawback. No Brasil, o Drawback é normatizado por meio do Decreto Lei.
Consiste basicamente em eliminar ou suspender os tributos que possam incidir sobre
os insumos, matérias-primas e produtos importados que sejam usados na cadeia de
geração valor das mercadorias a serem exportadas. No que diz respeito ao regime
aduaneiro especial de importação Drawback, analise as sentenças a seguir:

I- A dinâmica do Drawback tem como objetivo incentivar a competitividade das expor-


tações por meio de desoneração tributária, reduzindo o peso dos tributos dentro da
estrutura de custos durante a cadeia produtiva dos produtos a serem exportados.
II- O incentivo de Ato Concessório de Drawback é concedido somente para o regime
especial Drawback isenção.
III- Na modalidade de isenção, é necessário que os insumos, matérias-primas e demais
produtos importados sejam fruto da reposição de outra importada anteriormente e
que já teve pagamento de tributos, sendo assim nesta modalidade sempre haverá
uma importação inicial que deu começo ao pagamento de tributos.
IV- A modalidade de suspensão é caracterizada pela suspensão de tributos antes
da importação de insumos com o comprometimento de uma exportação após
beneficiamento.

34
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.

35
36
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
ÁREAS ESPECIAIS DOS REGIMES
ADUANEIROS
1 INTRODUÇÃO

Caro aluno! Nesta unidade, abordaremos regimes aduaneiros aplicados em


áreas especiais no contexto brasileiro, mas não deixando de lado o resto do mundo,
pois, como você sabe, vivemos em um mundo tão globalizado e super conectado. Per-
correremos um caminho muito interessante nas exportações; começaremos contextu-
alizando o tema desta unidade e, na sequência, os temas entreposto aduaneiro, áreas
de livre comércio, zonas de processamento, Zona Franca Verde e Zona Franca.

As áreas especiais dos regimes aduaneiros têm se mostrado um importante


instrumento à competitividade dos países, tornando-se canais para atrair investimentos,
gerar empregos, estimular a diversificação e produzir vínculos produtivos, bem como
transferir tecnologia. Este cenário é propício para aquelas empresas que buscam uma
forma de aumentar os seus lucros, minimizar os custos, reduzir o seu tempo e, assim,
enfrentar os desafios gerados por um mundo em mudança e com forte concorrência no
comércio exterior.

Nesse cenário, podemos indagar: por que, nos últimos anos, tem sido notório
o desenvolvimento desses locais no país, não só como geradoras de emprego, mas
também de investimento estrangeiro? A quem se destina a criação desses ambientes
produtivos? Quais os seus objetivos? Qual o interesse do governo nesses locais? Estas
e outras perguntas serão elucidadas no decorrer desta unidade.

2 REGIMES ADUANEIROS APLICADOS EM ÁREAS


ESPECIAIS
Os regimes aduaneiros são o conjunto de operações que buscam dar um destino
particular – local e finalidade específicos – a uma mercadoria, de acordo com o interesse
particular do importador ou exportador.

A importância desses regimes no comércio exterior pode ser definida a partir


dos seguintes pontos:

• Estabelecem regras gerais para tornar os processos de importação e exportação


mais eficientes.
• Permitem o controle aduaneiro de mercadorias que entram ou saem do país.

37
Para atuar no mundo do comércio exterior, é preciso entender o fenômeno
que surge com a travessia transfronteiriça de mercadorias, onde atuam inúmeros fa-
tores que tornam essa atividade complexa e, claro, é muito importante conhecer os
principais requisitos, inclusive a análise de como é a legislação aduaneira e as suas
principais características.

NOTA
Antes de começarmos, você se lembra o que é um regime aduaneiro? Ele pode ser definido
como o tratamento aplicado pelas alfândegas e sua administração às mercadorias
sujeitas ao controle aduaneiro. O conceito ou definição está de acordo com a Organização
Mundial das Alfândegas (OMA). Lembrando que, segundo o Capítulo 1 do Anexo Geral da
Convenção de Quioto (2010, p. 2):

• As Administrações Aduaneiras têm um papel a desempe-


nhar nas trocas mundiais. Elas têm como missão essencial
aplicar a lei, cobrar os direitos e taxas, desalfandegar rapida-
mente as mercadorias e assegurar o respeito pela legislação.
• A maneira como as Alfândegas executam as suas tarefas têm
repercussão sobre a circulação de pessoas e mercadorias
que são objeto de trocas internacionais.
• Para que a intervenção das Alfândegas seja reduzida ao
mínimo durante a circulação das mercadorias, as Adminis-
trações Aduaneiras modernas devem elaborar uma legis-
lação aduaneira compreensível e transparente.

A Convenção de Quioto foi um instrumento jurídico produzido


em 1973, proposto pela Organização Mundial das Aduanas
(OMA) com o objetivo de desburocratizar os trâmites
aduaneiros e estabelecer procedimentos comuns às aduanas
do mundo. Revisada em 1999, uma nova versão da Convenção
(Convenção de Quioto Revisada – CQR) trouxe alguns avanços
em relação à versão original (AFFONSO, 2013, p. 1).

A Convenção de Quioto representa uma Convenção Internacional sobre a Sim-


plificação e Harmonização dos Procedimentos Aduaneiros que entrou em vigor em 1974.
Desde então, o crescimento da carga internacional, os incríveis desenvolvimentos na
tecnologia da informação e um ambiente comercial internacional altamente competi-
tivo que se baseia na qualidade do serviço e na satisfação do cliente são influências as
quais criaram conflito com os métodos e procedimentos aduaneiros tradicionais.

A Organização Mundial de Aduanas revisou e atualizou, portanto, a Convenção


de Quioto, para assegurar que ela atenda às demandas atuais do comércio internacional.
O Conselho da OMA adotou a Convenção de Quioto, revisada em junho de 1999, como o
plano a procedimentos aduaneiros modernos e eficientes no século XXI.

38
Nesse contexto, essa convenção constitui-se em um mecanismo voltado a
auxiliar o desenvolvimento de procedimentos aduaneiros globais. Uma vez implementada
amplamente, ela proporcionará ao comércio internacional a previsibilidade e a eficiência
que o comércio moderno exige.

Observe, na Figura 6, os princípios fundamentais de governança.

Figura 6 – Princípios da Convenção de Quioto

Transparência e
previsibilidade das
ações das administrações
Normalização e aduaneiras
simplificação das USO MÁXIMO DE
declarações de mercadorias e TECNOLOGIAS DE TI E
respetivos documentos PARCERIA COM
comprovativos EMPRESAS

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL Minimizar os controles


Procedimentos DAS ALFÂNDEGAS
simplificados para pessoas alfandegários necessários
autorizadas para garantir a conformidade
com os regulamentos
Aplicação de técnicas de
gestão e avaliação de riscos em
controles e coordenação de
intervenções com outros
órgãos aduaneiros

Fonte: o autor

A figura apresenta, ao centro, uma logo da World Customs Organization, a qual, em


português, significa Organização Mundial das Alfândegas. Em torno dessa logo estão
descritos os seis princípios que regem essa organização. No hexágono superior,
vê-se o princípio da transparência e previsibilidade das ações das administrações
aduaneiras; nos dois hexágonos esquerdos estão, respectivamente, o princípio
da normalização e simplificação das declarações de mercadorias e respetivos
documentos comprovativos e o princípio dos procedimentos simplificados para
pessoas autorizadas. Nos dois hexágonos direitos, encontram-se os princípios do
uso máximo de tecnologias de TI e parceria com empresas, como também o princípio
de minimizar os controles alfandegários necessários para garantir a conformidade
com os regulamentos. No hexágono inferior, encontra-se o princípio da aplicação de
técnicas de gestão e avaliação de riscos em controles e coordenação de intervenções
com outros órgãos aduaneiros.

39
O processo de revisão incorporou importantes conceitos modernos. Estes
incluem a aplicação de nova tecnologia, a implementação de novas filosofias sobre o
controle aduaneiro e a disposição dos parceiros do setor privado em se engajar com a
alfândega em alianças mutuamente benéficas.

Dentre os novos princípios reguladores da Convenção de Quioto estão o com-


promisso das administrações aduaneiras de proporcionar transparência e previsibilidade
a todos os envolvidos em aspectos do comércio internacional. Além disso, a alfândega
compromete-se a adotar o uso de técnicas de gerenciamento de risco, a cooperar com
outras autoridades e comunidades comerciais relevantes, bem como a implementar pa-
drões internacionais apropriados.

A convenção revisada também contém regras novas e obrigatórias à sua apli-


cação, as quais todas as partes contratantes devem aceitar, sem reservas. Um comitê
de gestão deve ser estabelecido para assegurar que as disposições sejam mantidas
relevantes e atualizadas.

No Brasil, o Decreto nº 10.276 “promulga o texto revisado do Protocolo de


Revisão da Convenção Internacional para a Simplificação e a Harmonização dos
Regimes Aduaneiros - Convenção de Quioto, concluído em Bruxelas, em 26 de junho
de 1999” (BRASIL, 2020). Conforme preconiza esse decreto: “as Partes Contratantes
na Convenção Internacional para a Simplificação e a Harmonização dos Regimes
Aduaneiros, feita em Quioto, a 18 de maio de 1973, e que entrou em vigor a 25 de
setembro de 1974, a seguir designada ‘a Convenção’, elaborada sob os auspícios do
Conselho de Cooperação Aduaneira, a seguir designado ‘o Conselho’” (BRASIL, 2020).

A promulgação dele leva a algumas considerações, a fim de alcançar os objeti-


vos dessa convenção, como:

I. Eliminar as disparidades entre os regimes aduaneiros e as práticas


aduaneiras das Partes Contratantes, que podem dificultar o
comércio e as outras trocas internacionais.
II. Responder às necessidades do comércio internacional e
das Administrações Aduaneiras em matéria de facilitação,
simplificação e harmonização dos regimes aduaneiros e das
práticas aduaneiras.
II. Assegurar a elaboração de normas adequadas em matéria de
controle aduaneiro.
IV. Permitir que as Administrações Aduaneiras se adaptem às altera-
ções significativas ocorridas no comércio e nos métodos e técnicas
administrativas. E considerando também que a convenção alterada:
V. Deve assegurar que os princípios fundamentais dessa simplificação
e harmonização sejam vinculantes para as Partes Contratantes.
VI. Deve permitir às Administrações Aduaneiras dotar-se de procedi-
mentos apoiados em métodos de controle apropriados e eficazes.
VII. Permitirá alcançar um elevado grau de simplificação e
harmonização dos regimes aduaneiros e das práticas aduaneiras
– o que constitui um dos objetivos essenciais do Conselho de
Cooperação Aduaneira – contribuindo assim eficazmente para o
desenvolvimento do comércio internacional (BRASIL, 2020).
40
Agora, você pode se perguntar: qual seria o motivo da adesão do Brasil a essa
convenção? Veja o que afirma Deffenti (2023, s. p., tradução e grifo nosso):

O Brasil também possui regras próprias de preços de transferência


e conceitos complexos de zero. Muitas vezes, a responsabilidade
tributária é solidária e, em algumas circunstâncias, as dívidas do
governo podem ser compradas de outros credores para pagar
fiscais. O descumprimento das leis tributárias e alfandegárias
geralmente leva a pesadas sanções. Os procedimentos
alfandegários do Brasil são muito formalistas e os burocratas
brasileiros raramente estão dispostos a lidar de forma justa com os
erros contidos nos documentos.

Muitos novos entrantes no Brasil subestimam as dificuldades de lidar com a


alfândega brasileira. Para aqueles que desejam criar uma empresa (ou entrar em
acordos de compartilhamento de riscos) é importante ter boa compreensão dos
impostos corporativos e do regulamento aduaneiro, em particular dos regimes especiais
que constituem uma maneira de minimizar impactos tributários, a fim de melhorar a
competitividade das empresas e indústrias (DEFFENTI, 2023, s. p.).

Nesse cenário, surgem os regimes aduaneiros especiais aplicados em áreas


especiais, que são regimes com obrigações e controles tributários diferenciados dos
regimes aduaneiros comuns, que ocorrem com isenção, suspensão parcial ou total
de tributos, em alguns casos, mediante garantia de tributos. Eles visam a atender a
circunstâncias e requisitos específicos.

São bens que permanecem no país ou que saem dele em caráter temporário,
atendendo à necessidade de reparos, exposições, feiras, serviços, ensaios, materiais
para fins científicos, composição de outros bens destinados à exportação, como partes
e partes de produto acabado para uso no processo produtivo e outros.

Todo regime aduaneiro especial depende de requerimento do importador ou


exportador, ficando sob responsabilidade da Secretaria de Comércio Exterior e da
Secretaria da Receita Federal do Brasil analisar o requerimento e os documentos que
comprovem as circunstâncias e requisitos legais, bem como proceder à homologação
do arguido, com o prazo de aplicação do regime.

Veja o que afirma a Receita Federal sobre os regimes aduaneiros especiais a


essas áreas:

Os regimes aduaneiros especiais, em suas mais variadas espécies,


apresentam como característica comum a exceção à regra geral de
aplicação de impostos exigidos na importação de bens estrangeiros
ou na exportação de bens nacionais (regimes comuns de importação
e de exportação), além da possibilidade de tratamento diferenciado
nos controles aduaneiros.
A importância econômica dos regimes aduaneiros especiais não
se restringe à desoneração de impostos na importação de bens
estrangeiros destinados à industrialização no País de produto final a

41
ser exportado, com seus efeitos positivos sobre a balança comercial
decorrentes de maior competitividade do produto nacional no
mercado internacional.
A utilização de regimes aduaneiros especiais, tendo em vista a natu-
reza de cada uma de suas espécies e respectivas aplicações, também
tem outros efeitos importantes na atividade econômica, tais como:
a) o armazenamento, no País, de mercadorias estrangeiras, por prazo
determinado, permitindo ao importador manutenção de estoques
estratégicos e o pagamento de tributos por ocasião do despacho
para consumo;
b) realização de feiras e exposições comerciais; e
c) o transporte de mercadorias estrangeiras com suspensão de
impostos, entre locais sob controle aduaneiro (REGIMES ADUANEIROS
ESPECIAIS, 2023, s. p.).

A permanência da mercadoria no regime está vinculada à finalidade para a qual


essa mercadoria foi importada, exportada ou adquirida no mercado interno. Antes de
finalizar o período de aplicação do regime, o importador ou exportador deverá formalizar a
extinção do regime com um dos regimes previstos na legislação pertinente, concluindo,
assim, o procedimento.

A atribuição de um regime especial tem um duplo efeito suspensivo, por meio


da isenção dos operadores de comércio exterior das obrigações normalmente inerentes
à importação ou exportação, ou seja, do pagamento de direitos e impostos aduaneiros,
do cumprimento de regras de política comercial e do econômico colocando esses
operadores em condições favoráveis ​​para enfrentar a concorrência internacional.

Os regimes especiais são utilizados em todas as fases da atividade industrial


e comercial, como no desenvolvimento, armazenamento, produção, subcontratação,
prospecção e distribuição. Enquanto esses sistemas tinham, na origem, uma finalidade
essencialmente fiscal, a vertente econômica foi-se alargando gradualmente, de modo a
melhor responder à diversidade de situações empresariais e reforçar as suas posições
no mercado mundial. Por isso, cada regime econômico oferece variantes ou métodos
específicos, o que explica a relativa complexidade dessa regulação.

Affonso (2013, p. 1) argumenta que “no panorama econômico atual, o comércio
internacional exerce o importante papel de movimentar todo o fluxo de mercadorias entre
os países, utilizando-se das Aduanas como ferramenta para a realização destas trocas”.
Os regimes em áreas especiais são regimes aduaneiros e tributários especiais do Brasil,
aplicados em um âmbito territorial específico, constituídos por um conjunto de regula-
mentos, procedimentos e incentivos aduaneiros e tributários aplicáveis a ​​ uma delimitação
territorial, em geral, separada do território e sujeita ao regime aduaneiro geral.

Os regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais foram desenvolvidos com


o objetivo de atender a certas peculiaridades em polos regionais específicos, tendo em
vista a grande extensão territorial brasileira.

42
Observe, na Figura 7, as principais características dos regimes aduaneiros
comum, especial e áreas especiais aduaneiras.

Figura 7 – Regimes aduaneiros comum, especial e áreas especiais aduaneiras

REGIME REGIME ÁREAS


ADUANEIRO ADUANEIRO ESPECIAIS
COMUM ESPECIAL

Despacho para Despacho para Zona Franca de


o consumo; finalidades Manaus (ZFM)
específicas;
Recolhimento Áreas de Livre
de Impostos Suspensão de Comércio
impostos;
Incorporação à Zonas de
atividade Prazo pré-de- processamento
econômica em terminado para de exportações
caráter utilização.
definitivo.

São cobrados os Em regra, o crédito VINCULADAS A


tributos incidentes na tributário tem sua DETERMINADAS
importação, salvo casos exigibilidade suspensa. REGIÕES DO BRASIL.
de imunidade, isenção O Regulamento
ou alíquota zero. Aduaneiro (art. 307 e
ss.) trata de 17 espécies.

Fonte: adaptada de Assad (2017)

A figura esquematiza os regimes aduaneiros Comum, Especial e Áreas Especiais


Aduaneiras, descrevendo as suas principais características. Assim, há três estrutu-
ras separadas, sendo apresentado, na estrutura da esquerda para a direita, no pri-
meiro retângulo azul-escuro, o tema do Regime Aduaneiro Comum. Embaixo dele há
a descrição do processo: primeiro, o despacho para o consumo, há o recolhimento
de impostos e os produtos/mercadorias são para a incorporação à atividade econô-
mica em caráter definitivo. No último retângulo, o de cor amarela, é descrito que são
cobrados os tributos incidentes na importação, salvo casos de imunidade, isenção
ou alíquota zero. Já no segundo retângulo, também na cor azul-escuro, está esque-
matizado, no seu início, o tema Regime Aduaneiro Especial. Na sequência, há mais
três retângulos azuis-claros apresentando a descrição do processo: os despachos
são para finalidades específicas, havendo a suspensão de impostos por um prazo
predeterminado para utilização. No último retângulo, o de cor amarela, é descrito
que, em regra, o crédito tributário tem a sua exigibilidade suspensa. O Regulamento
Aduaneiro (Art. 307 e ss.) trata de 17 espécies. Por fim, no último esquema, vê-se o
terceiro retângulo na cor azul-royal, com a expressão Áreas Especiais e, na sequên-
cia, há mais três retângulos na mesma cor com as denominações Zona Franca de

43
Manaus (ZFM), Áreas de Livre Comércio e Zonas de Processamento de Exportações
(ZPE). Finalizando a relação em um retângulo na cor amarela, lê-se que são áreas
vinculadas a determinadas regiões do Brasil.

A finalidade dos regimes territoriais especiais é criar condições que favoreçam o


investimento num determinado território para promover a sua ativação econômica, pois
empresas instalam-se com a finalidade de produzir bens e prestar serviços ao mercado
externo, prioritariamente, e gozar de incentivos em matéria aduaneira.

A seguir, veja três justificativas para a criação dessas áreas:

• Cargas tributárias são um obstáculo para empresas que desejam exportar ou importar
no Brasil. Em alguns determinados ramos, a cobrança exagerada de tributos torna as
atividades no comércio exterior insustentáveis. E com a intenção de mudar o cenário
e melhorar a economia, o governo criou regimes aduaneiros em áreas especiais.
• Os regimes aduaneiros em áreas especiais são benefícios fiscais e tributários que
são concedidos a algumas empresas brasileiras nos seus processos de exportação
e importação. Existem diversos tipos de regimes aduaneiros em áreas especiais.
Dentre os incentivos que são previstos pelo regulamento aduaneiro, estão a isenção
ou suspensão parcial dos incidentes ou tributos.
• Aproveitar dos regimes aduaneiros em áreas especiais permite que empresas possam
expandir o seu alcance comercial para além do Brasil, entretanto diversos gestores
não possuem o conhecimento sobre o tema e tampouco compreendem se o seu
mercado de atuação pode usufruir destas isenções.

Figura 8 – Mapa do Brasil

Fonte: https://shutr.bz/3JjYpC4. Acesso em: 7 mar. 2023.

44
Assim, os regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais possuem regime
especial de tributação e comércio exterior, além de benefícios especiais para importação
de mercadorias com os controles necessários às suas entrada e saída.

A principal finalidade dessas áreas é promover o desenvolvimento econômico


e social em locais remotos e esquecidos do país, os quais, apesar de possuírem
recursos físicos adequados para a instalação de qualquer indústria, bem como para o
investimento estrangeiro, até então não foram promovidos e explorados por diversos
setores comerciais e industriais.

2.1 ENTREPOSTOS ADUANEIRO NA EXPORTAÇÃO


O entreposto aduaneiro é um entreposto onde as mercadorias são armazenadas
sob o controle e a segurança das alfândegas. As mercadorias ficam armazenadas em
local designado sem pagamento de taxas e impostos de importação até que lhes seja
atribuído um regime definitivo. A legislação nacional de cada nação deverá designar os
locais onde as mercadorias devem ser alocadas no território aduaneiro.

ATENÇÃO
No comércio exterior, o idioma mais utilizado é o inglês. Por isso, se faz
necessária a familiarização com a língua. No contexto aqui apresentado, a
tradução de entreposto aduaneiro em inglês é customs warehouse.

Com o intuito de promover a atividade econômica, muitos países oferecem a


possibilidade de utilizar procedimentos especiais aduaneiros. Estes permitem que você
armazene, processe, conserte ou use temporariamente mercadorias, bem como receba
suspensão ou, até mesmo, isenção de taxas alfandegárias.

Os entrepostos aduaneiros são de propriedade privada, com uma área desig-


nada controlada pelas autoridades aduaneiras usada exclusivamente para mercado-
rias importadas. Essas mercadorias estão isentas de taxas, impostos e outros encargos
alfandegários até saírem do armazém. Este procedimento especial é benéfico a todas
as empresas que utilizam centros de distribuição, em especial, a estoques que podem
permanecer na prateleira por mais tempo.

45
De acordo com o Sebrae-RJ (2020, p. 17), esse regime especial aduaneiro é
muito utilizado, tanto na importação como na exportação, “para armazenar mercadorias
em recintos alfandegados determinados, com suspensão do pagamento de tributos
sendo que a movimentação e o uso desses bens são controlados pela Receita Federal
do Brasil por meio virtual ou presencial”.

As mercadorias e/ou os bens armazenados sob o amparo desse regime podem


ser destinados, dentre outras operações, para:

• Fornecimento a bordo de aeronaves utilizadas no transporte aéreo comercial


internacional;
• Posterior desembaraço de importação; e
• Fabricação dentro das próprias instalações do local alfandegado de produtos a serem
posteriormente exportados e as opções disponíveis deste regime são:

1. Entreposto aduaneiro na importação – Permite armazenar


mercadoria importada sem cobertura cambial, ou seja, que ainda
não foi paga, destinada a ser posteriormente desembaraçada
em forma total ou parcial; as mercadorias importadas com
cobertura cambial ou já pagas só podem usufruir deste regime
se forem destinadas a uma futura exportação. O prazo inicial de
permanência dos bens é de 01 (um) ano e excepcionalmente esse
prazo pode ser prorrogado, não podendo ultrapassar os 03 (três)
anos contados a partir da data na qual foi realizado o desembaraço
aduaneiro que possibilitou a utilização deste regime.
2. Entreposto aduaneiro na exportação – Esta opção é dividida
em duas submodalidades:
a. Comum – permite armazenar, por um ano, mercadorias destinadas
ao mercado externo;
b. Extraordinário – utilizado exclusivamente por empresas comer-
ciais exportadoras (trading companies) quando se tratar de mer-
cadorias destinadas à exportação, podendo serem armazenadas
por um prazo máximo de 90 (noventa) dias, em recinto alfande-
gado público, no local do fabricante/vendedor ou no armazém da
empresa comercial exportadora (SEBRAE-RJ, 2020, p. 17).

Um entreposto aduaneiro é um espaço seguro ao armazenamento de merca-


dorias aduaneiras, e o titular do entreposto deve ter alvará de entreposto aduaneiro. A
principal vantagem é permitir que a empresa armazene mercadorias nas instalações
ou em outros locais aprovados, sem que tais mercadorias estejam sujeitas a obriga-
ções tributárias, a menos que proíbam a entrada ou saída de mercadorias do território
aduaneiro da União.

Conforme preconiza o Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, no seu Art.


411, “o entreposto aduaneiro na exportação compreende as modalidades de regime
comum e extraordinário” (BRASIL, 2009) e:

46
§ 1º Na modalidade de regime comum, permite-se a armazenagem
de mercadorias em recinto de uso público, com suspensão do
pagamento dos impostos federais;
§ 2º Na modalidade de regime extraordinário, permite-se a
armazenagem de mercadorias em recinto de uso privativo, com
direito a utilização dos benefícios fiscais previstos para incentivo à
exportação, antes do seu efetivo embarque para o exterior;
§ 3º O regime de entreposto aduaneiro na exportação, na modalidade
extraordinário, somente poderá ser outorgado a empresa comercial
exportadora constituída na forma prevista no Art. 229, mediante
autorização da Secretaria da Receita Federal do Brasil;
§ 4º Na hipótese de que trata o § 3º, as mercadorias que forem
destinadas a embarque direto para o exterior, no prazo estabeleci-
do pela autoridade aduaneira, poderão ficar armazenadas em local
não alfandegado.
Os serviços de entreposto aduaneiro podem ser prestados por
empresas que possuam instalações de entreposto e que obtiveram
com sucesso uma licença de entreposto aduaneiro junto à Receita
Federal. Com relação aos prazos de permanência no entreposto, se
faz necessário observar o:
Art. 413 O entreposto aduaneiro na exportação subsiste:
I - na modalidade de regime comum, a partir da data da entrada da
mercadoria na unidade de armazenagem; e
II - na modalidade de regime extraordinário, a partir da data da saída
da mercadoria do estabelecimento do produtor-vendedor.
Art. 414 A mercadoria poderá permanecer no regime de entreposto
aduaneiro na exportação pelo prazo de:
I - um ano, prorrogável por período não superior, no total, a dois anos,
na modalidade de regime comum; e
II - cento e oitenta dias, na modalidade de regime extraordinário.
§ 1º Em situações especiais, na hipótese a que se refere o inciso I,
poderá ser concedida nova prorrogação, respeitado o limite máximo
de três anos.
§ 2º Na hipótese a que se refere o inciso II, a mercadoria poderá,
dentro do prazo nele previsto, ser admitida no regime de entreposto
aduaneiro, na modalidade de regime comum, caso em que prevalecerá
o prazo previsto no inciso I.
Art. 415 Observado o prazo de permanência da mercadoria no regime
[...], deverá o beneficiário adotar uma das seguintes providências
(BRASIL, 2009, grifos nossos).

As providências estão descritas, a seguir, na Figura 9.

47
Figura 9 – Hipóteses de extinção do regime

Fonte: adaptada de Brasil (2009)

A figura mostra um fluxograma onde, no topo, está escrito “Decreto nº 6.759/2009.


Regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e
a tributação das operações de comércio exterior. Seção II - Do Entreposto Aduaneiro
na Exportação - Art. 415”. Do lado esquerdo, observa-se uma reprodução do Brasão
Oficial da República Federativa do Brasil. Embaixo, encontra-se um esquema que
aborda o regime extraordinário e o regime comum; ambos os temas estão em
um retângulo também na cor azul-royal e ligados a outro retângulo, agora na cor
amarela, onde está escrito “Observado o prazo de permanência da mercadoria no
regime, deverá o beneficiário” adotar uma das seguintes providências”. A partir desse
contexto, há uma ligação a partir de um fluxo o qual descreve o inciso I do artigo da
referida lei. O fluxo começa o processo em um retângulo azul-royal que afirma: “Iniciar
o despacho de exportação”. Em seguida, uma seta na cor amarela com borda azul-
royal dá a segunda sequência por meio do inciso II, no formato de um retângulo na cor
amarela. No interior desse retângulo, lê-se: “No caso de regime comum, reintegrá-
la ao estoque do seu estabelecimento; ou”. Depois, outra seta amarela com borda
azul-royal direciona-se para o último retângulo na cor azul-royal que faz referência
ao inciso III da referida lei, por meio da seguinte afirmação: “Em qualquer outro caso,
pagar os tributos suspensos e ressarcir os benefícios fiscais acaso fruídos em razão
da admissão da mercadoria no regime de admissão da mercadoria no regime”.

48
Agora, na perspectiva de Martins, Ramos e Cruz (2021, s. p.), o entreposto
aduaneiro na operação de exportação “é um regime aduaneiro especial que tem como
objetivo justamente facilitar a logística das exportações brasileiras. O regime especial
de entreposto aduaneiro na exportação é o que permite a armazenagem de mercadoria
destinada à exportação”.

Os serviços de entreposto aduaneiro destinam-se a empresas que operam


internacionalmente, assim, a todas as empresas orientadas para importação e
exportação. Elas podem manter mercadorias sob controle alfandegário em entrepostos
alfandegários em todo o mundo sem ter que pagar taxas alfandegárias por essas
mercadorias. Tais serviços também podem ser prestados por empresas que possuam
instalações de entreposto e que obtiveram, com sucesso, uma licença de entreposto
aduaneiro perante a Receita Federal do Brasil.

A instrução normativa SRF nº 241, a qual dispõe sobre o regime especial de


entreposto aduaneiro na importação e na exportação, estabelece, conforme grifo meu:

Art. 6º O regime de entreposto aduaneiro, na importação e na


exportação, será operado em recinto alfandegado de uso público ou
em instalação portuária, previamente credenciados pela Secretaria
da Receita Federal do Brasil (RFB);
§ 1º O regime poderá ser operado, ainda, em local não alfandegado,
de uso privativo, para depósito de mercadoria destinada a embarque
direto para o exterior, por empresa comercial exportadora, constituída
na forma do Decreto-Lei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e
autorizada pela SRF (BRASIL, 2002).

Um serviço de entreposto aduaneiro não só traz benefícios na área do ar-


mazenamento seguro das mercadorias, como também terá impacto significativo no
fluxo de caixa da empresa. Quando as mercadorias forem importadas e armazenadas
nesse entreposto, os direitos serão diferidos até que as mercadorias saiam dele e
sejam exportadas.

3 ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO


Prezado(a) acadêmico(a), neste item, abordaremos as áreas de livre comércio,
porém esse tema costuma abranger dois contextos relacionados ao comércio exterior.
Dessa forma, você pode perguntar: “como assim, professor”?

Simples: existem dois conceitos para o assunto e, o primeiro, talvez, seja o mais
conhecido: são as áreas de livre comércio (free trade zone), onde blocos econômicos
ou regiões do mundo fazem acordo bi ou multilaterais para o desenvolvimento regional,
como o Mercosul. O segundo conceito diz que são regiões específicas e/ou estratégicas
as quais determinado país – no nosso caso, o Brasil – implementam ao desenvolvimento
local, mas, em contrapartida, as utilizam para fomentar o comércio exterior, oferecendo
incentivos fiscais e tributários com o objetivo de atrair indústrias, empresas e investidores.
49
As zonas de livre comércio, na forma de portos francos, foram estabelecidas
pela primeira vez há mais de 2 mil anos. Ao longo do tempo, esse conceito foi drasti-
camente transformado. Na última metade do século XX, essas regiões sofreram tanto
mudanças quanto adaptações substanciais como resultado do crescimento exponen-
cial no comércio mundial e das melhorias na eficiência do transporte, em particular, no
setor portuário.

Como instrumento de política comercial e de desenvolvimento, elas foram


transformadas e adaptadas às realidades e condições locais de cada região. O conceito
continuará a evoluir com o tempo, adaptando-se às novas necessidades e exigências
do setor privado e público.

Ao explorar as zonas de livre comércio e as suas perspectivas relações que,


muitas vezes, conectam o desenvolvimento das zonas de comércio com o desenvolvi-
mento do interior, essas áreas tornam-se centros de referências para atrair investimen-
tos, bem como gerar e emprego e renda.

Começaremos abordando as áreas de livre comércio de blocos econômicos,


enfatizando o Mercosul. Como mencionado, essa área econômica é criada por países
que decidem eliminar as barreiras alfandegárias que impedem o comércio de bens e/
ou serviços. Ao contrário de uma união aduaneira, cada país permanece no controle de
suas relações comerciais com países fora da zona.

NOTA
O objetivo de uma área de livre comércio é promover o comércio
mais equitativo entre os países mais próximos geograficamente, para
promover a especialização das economias e o crescimento econômico.
Um dos problemas das zonas de livre comércio é a questão da criação
comercial entre os países da zona e o desvio do comércio em relação a
outros países.

Com efeito, eliminando os direitos aduaneiros entre as nações da zona, torna-


se mais vantajoso importar produtos dela em detrimento dos produtos fora dela que
não se beneficiam dessa vantagem. Os outros países podem, portanto, sentir-se
prejudicados porque os seus fluxos comerciais para as nações da zona diminuem.

Outro problema das zonas de comércio livre é a tendência de países terceiros


exportarem a países onde os direitos aduaneiros são mais baixos e, depois, reexportá-
los para o país da zona onde os direitos aduaneiros são mais elevados. Essa possibilidade

50
advém do fato de que, em uma zona de livre comércio, os países-membros podem ter
tarifas externas diferentes em relação a terceiros países. É com o objetivo de evitar
isso que os acordos têm a possibilidade de se transformar em união aduaneira ou ter
cláusulas limitando esses efeitos perversos.

Como em qualquer decisão de abrir uma nação ao mundo exterior, existem todas
as questões associadas à questão do livre comércio. Por exemplo, a especialização, os
ganhos desiguais do comércio, custos de ajuste, efeitos sobre o meio ambiente.

Assim como há a tendência ao livre comércio, há também a tendência ao


desenvolvimento desse tipo de acordo entre alguns países. Além de muitos acordos
bilaterais, as áreas de livre comércio mais importantes são EFTA (entre Noruega, Islândia,
Suíça e Liechtenstein), Nafta (Canadá, EUA e México desde 1994), Asean (entre Indonésia,
Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei Darussalam, Vietnã, Birmânia, Laos e
Camboja) e o Mercosul – Mercado Comum do Sul, cujos Estados-partes fundadores são
a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, ou seja, os países signatários do Tratado
de Assunção (TA).

Veja, na Figura 10, o potencial socioeconômico do Mercosul.

Figura 10 – Dados do Mercado Comum do Sul

Seu território tem uma extensão de 14.869.775 km²,


no qual convivem diversos ecossistemas, tanto
continentais quanto marítimos, que possuem uma
MERCOSUL

das maiores reservas de biodiversidade do mundo.

É a quinta economia do mundo.

Sua população ultrapassa os 295.007.000 de


pessoas com uma diversidade formidável de povos
e culturas.

Tem recursos energéticos imensos, renováveis e


não renováveis.

Possui uma das mais importantes reservas de água


doce do planeta: o Aquífero Guarani.

Fonte: adaptada de Em Poucas Palavras (2023)

51
A figura enfatiza o potencial do Mercosul ao elencar os seus principais atributos. Na
lateral, há um grande retângulo na cor azul, no qual está destacado, no seu interior,
em letras maiúsculas e em negrito, a palavra “Mercosul”. Partindo desse retângulo
maior, há mais cinco retângulos, em azul-claro, todos interligados. No primeiro
retângulo, de cima para baixo, está a afirmação “Seu território tem uma extensão de
14.869.775km², no qual convivem diversos ecossistemas, tanto continentais quanto
marítimos, que possuem uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo”.
No segundo retângulo, está a frase “É a quinta economia do mundo”. No terceiro
retângulo, a afirmação “Sua população ultrapassa os 295.007.000 de pessoas com
uma diversidade formidável de povos e culturas”. No quarto retângulo, lê-se: Tem
recursos energéticos imensos, renováveis e não renováveis”. Por fim, no quinto
retângulo, está a frase “Possui uma das mais importantes reservas de água doce do
planeta: o Aquífero Guarani”.

De acordo com Mercosul, como o Tratado de Assunção está aberto à adesão


de outros “Estados membros da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI),
a Venezuela se constituiu no primeiro Estado Latino-americano em aderir ao tratado
constitutivo, em 2006; e, mais recentemente, a Bolívia, em 2015” (PAÍSES DO MERCO-
SUL, 2023, s. p.).

Acerca desse bloco econômico, podemos enfatizar:

• O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um processo de integração


regional conformado inicialmente pela Argentina, Brasil, Paraguai
e Uruguai ao qual a Bolívia, está em processo de adesão;
• Os idiomas oficiais do Mercosul são o espanhol e o português. A
versão oficial dos documentos de trabalho será a do idioma do país
sede de cada reunião. Desde 2006, por meio da Decisão CMC N°
35/06, foi incorporado o Guarani como um dos idiomas do bloco;
• O Mercosul é um processo aberto e dinâmico. Desde sua criação
teve como objetivo principal propiciar um espaço comum que
gerasse oportunidades comerciais e de investimentos mediante
a integração competitiva das economias nacionais ao mercado
internacional;
• Como resultado, concluiu múltiplos acordos com países ou grupos
de países, outorgando-lhes, em alguns casos, status de Estados
Associados – é a situação dos países sul-americanos [...];
• Eles participam de atividades e reuniões do bloco e contam com
preferências comerciais com os Estados Partes. O Mercosul
também tem assinado acordos de tipo comercial, político ou de
cooperação com um diverso número de nações e organismos nos
cinco continentes; e
• Ressalta-se que a República Bolivariana da Venezuela se encontra
suspensa de todos os direitos e obrigações inerentes à sua
condição de Estado Parte do Mercosul, em conformidade com
o disposto no segundo parágrafo do artigo 5° do Protocolo de
Ushuaia (EM POUCAS PALAVRAS, 2023, s. p.).

52
Figura 11 – Países do Mercosul

Fonte: https://shutr.bz/3L1AqJ6. Acesso em: 7 mar. 2023.

53
IMPORTANTE
Desde a sua criação, o Mercosul impulsionou o crescimento do comércio de seus
Estados Partes. Em seus 30 anos de existência, o intercâmbio comercial intrabloco
se multiplicou por 12, medido em valores correntes, e por seis, descontando a
desvalorização do dólar. O comércio Intra-Mercosul entre os anos 2011-2020, foi,
em média, de US$ 41.041 milhões, sendo “Equipamentos de Transporte e Peças”
a Categoria Econômica com maior participação, com 34%, seguida por “Insumos
Industriais”, com 27% e “Alimentos e Bebidas”, com 16%. Estas três
grandes categorias econômicas representam 77% do comércio
Intra-Mercosul.

Fonte: CONQUISTA 13: Incremento do comércio intrazona. Mercosul, Monte-


vidéu, 2023. Disponível em: https://bit.ly/3F3bqO2. Acesso em: 13 jan. 2023.

DICA
Quer saber um pouco mais a respeito de
estatísticas, comércio e acordos do Mercosul?
Então, acesse o QR Code.

Nessas áreas econômicas de livre comércio, os países que concluíram um


acordo começam a remover as barreiras alfandegárias ou tarifárias entre eles em de-
terminados setores comerciais. Este conceito difere daquele de união aduaneira, o qual
prevê que os Estados signatários apliquem uma pauta aduaneira comum a nações fora
do grupo de países signatários. Então, é um local onde foi feito um acordo comercial
entre dois ou mais países e que se concentra na eliminação de barreiras comerciais
dentro da área demarcada por essas nações, buscando mais harmonização entre as
suas economias.

Dentro dos diferentes níveis de integração econômica entre os países, a área


de livre comércio é considerada um dos estados iniciais ou menos desenvolvidos. Essa
remoção de barreiras comerciais, como tarifas, por exemplo, é uma prova disso.

Apesar da implementação de medidas comuns para promover o comércio,


no entanto os membros dessa relação continuam a manter as suas próprias barreiras
nacionais individuais sobre outros países onde existe um longo caminho a ser percorrido,
em termos de integração ou harmonização econômica. Na mesma linha, cada país,
individualmente, continuará, ao mesmo tempo, preservando a sua própria autonomia
monetária e fiscal.

54
Finalmente, a principal finalidade da criação de uma área de livre comércio é
estimular a transação comercial, bem como a troca de fatores de produção entre os
signatários. Como indicam os fundamentos do comércio internacional, este fato, nor-
malmente, serve para aproveitar as vantagens comparativas de cada região e alcançar
situações de mercado mais eficientes.

Agora, com relação ao segundo conceito que falamos no início, uma zona de livre
comércio dentro do território de um país constitui-se em uma área onde não há barreiras
comerciais de natureza econômica – também conhecida como área de livre comércio é
aquela área de terra onde tarifas e impostos são mais baixos do que em outros países.

ATENÇÃO
É importante ter em mente que vivemos em uma sociedade globalizada.
As inúmeras ações que ocorrem, por exemplo, nas bolsas de valores das
economias de diferentes países têm impacto em terceiros. Além desse
fato, também é importante notar a existência de nações onde certos
bens são exigidos, pois não elas não os possuem, por exemplo, para a fa-
bricação de automóveis. Esses produtos devem ser adquiridos por meio
de países estrangeiros.

Na década de 1960, começaram a ser definidas as primeiras zonas francas


comerciais. Durante esses primeiros anos, a localização dessas áreas não era outra
senão os portos e aeroportos. Esses locais foram escolhidos principalmente para
responder à demanda de troca de mercadorias com outros estados vizinhos.

A partir da década de 1980, começou a ser registrado o aumento considerável
desse tipo de áreas comerciais. Tanto que existem, atualmente, mais de 5 mil zonas
as quais, por suas peculiaridades econômicas, são tratadas como zonas especiais.
Algumas das implicações mais interessantes da área de livre comércio são as seguintes:

• Diminuição dos custos tarifários e pagamento a esse tipo de tarifa.


• Barreiras comerciais mais baixas para a importação de mercadorias a serem exportadas.
• Mais facilidade de pagamento de impostos, reduzindo-os ou, até mesmo, eliminando-os.

As oportunidades sob a forma de vantagens oferecidas por uma área de


comércio livre são inúmeras. A seguir, estão detalhadas algumas das mais comuns, com
base em Calderon (2022, s. p.), para que você possa conhecê-las:

• Facilitar o investimento estrangeiro. É uma realidade que impostos


e tarifas afetam a capacidade de investimento das empresas
em diferentes países. Quando parte deles sãos reduzidos ou, até
mesmo, eliminados, as empresas têm mais capital para investir.

55
• Criação de emprego. Os custos das empresas aumentam quando
a tributação é mais alta em um país do que em outro. Geralmente,
com impostos mais altos, os recursos das empresas diminuem. As
diferentes opções para oferecer isenções fiscais às organizações
correm o risco de causar aumento no número de pessoas
contratadas por essas empresas.
• Redução de trâmites. Se você trabalha em uma organização do
setor privado, com certeza, já ouviu falar do conceito de burocracia.
Existem inúmeros procedimentos que as empresas devem realizar
com a maioria dos estados e, se questões como impostos ou tarifas
são progressivamente reduzidas, para citar alguns exemplos
possíveis, os procedimentos burocráticos também são menores.
• Aumento dos lucros das empresas. Às vezes, os estados podem
elaborar planos para atrair investimentos estrangeiros, por meio
de maiores benefícios às empresas. Existem muitas fórmulas
para atingir esse objetivo, no entanto uma das mais comuns é
oferecer vantagens fiscais. Se as taxas de impostos ou tarifas
forem reduzidas, as empresas estrangeiras, de modo geral, têm
lucros maiores.

Uma área de livre comércio é um tipo de zona econômica especial, é uma área
geográfica onde as mercadorias podem ser importadas, armazenadas, manuseadas, fa-
bricadas ou reconfiguradas e reexportadas sob regulamentação aduaneira específica e,
geralmente, não sujeitas a direitos aduaneiros. Essas regiões são, muitas vezes, organi-
zadas em torno dos principais portos marítimos, aeroportos internacionais e fronteiras
nacionais – áreas com muitas vantagens geográficas para o comércio – e, no Brasil:

As Áreas de Livre Comércio (ALCs) foram criadas para promover o


desenvolvimento das cidades de fronteiras internacionais localizadas
na Amazônia Ocidental e em Macapá e Santana, com o intuito de
integrá-las ao restante do País, oferecendo benefícios fiscais
semelhantes aos da Zona Franca de Manaus no aspecto comercial,
como incentivos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços (ICMS). Os objetivos principais das ALCs são a melhoria
na fiscalização de entrada e saída de mercadorias, o fortalecimento
do setor comercial, a abertura de novas empresas e a geração de
empregos (ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO, 2021, s. p.).

Nas ALCs, oportunidades de negócios ocorrem a partir de “investimentos


em matéria-prima local utilizando-se de incentivos fiscais semelhantes aos da Zona
Franca de Manaus ou até mesmo da instalação de comércios atacadistas de produtos
importados para atender às necessidades das populações locais e adjacentes” (ÁREA
DE LIVRE COMÉRCIO, 2021, s. p.).

No país, atualmente, as áreas de livre comércio abrangidas no perímetro do


modelo Zona Franca de Manaus são as seguintes:

• Área de livre comércio de Tabatinga (AM). A ALC de Tabatinga,


na fronteira com a cidade de Letícia (Colômbia), foi criada pela Lei
nº 7.965, de 22 de dezembro de 1989, com implantação em 1990.

56
Tem superfície demarcada de 20km2 no perímetro da cidade à qual
integra-se, também, a faixa de superfície dos rios adjacentes, nas
proximidades de seus portos.
• Área de livre comércio de Macapá/Santana (AP). Criada pela
Lei nº 8.387, de 30 de dezembro de 1991 e regulamentada pelo
Decreto nº 517, de 8 de maio de 1992, a ALC de Macapá e Santana
foi implantada oficialmente em março de 1993. Ambas as cidades
não se situam na Amazônia Ocidental, porém a ALC está localizada
em região de fronteira com a Guiana Francesa, um dos fatores
resultantes da criação dessa área cujas atividades são voltadas à
importação nacional e estrangeira.
• Área de livre comércio de Guajará-Mirim (RO). Esta ALC foi
criada pela Lei n° 8.210, de 19 de julho de 1991, e regulamentada
pelo Decreto n° 843, de 21 de junho de 1993, que estabeleceu os li-
mites da ALC dentro do município. Guajará-Mirim faz fronteira com
a cidade de Guayaramerin (Bolívia) e tem uma área de, aproxima-
damente, 24.856km2, sendo o segundo maior município de Ron-
dônia, perdendo em extensão apenas para a capital, Porto Velho.
• Áreas de livre comércio de Boa Vista e Bonfim (RR). Criadas
pela Lei n º 8.256, de 25 de novembro de 1991, e implementadas no
ano de 2008, as ALCs de Boa Vista e Bonfim, em Roraima, foram
estabelecidas com a finalidade de promover o desenvolvimento
das regiões fronteiriças do extremo Norte daquele estado e
incrementar as relações bilaterais com os países vizinhos,
sobretudo Venezuela e Guiana, seguindo a política de integração
latino-americana.
• Áreas de livre comércio de Brasiléia, Epitaciolândia e
Cruzeiro do Sul (AC). As ALCs de Brasiléia com extensão à
Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul, no estado do Acre, foram criadas
pela Lei nº 8.857/1994, de 8 de março de 1994, como áreas de livre
comércio de importação e exportação sob regime fiscal especial.
A regulamentação da lei ocorreu com o Decreto n° 1.357, de 30
de dezembro de 1994, que estabeleceu os limites das duas ALCs,
sendo uma área demarcada de 20km2 cada (ÁREA DE LIVRE
COMÉRCIO, 2021, s. p.).

Então, nunca se esqueça que uma ALC representa uma área especial dentro
de um país onde empresas estrangeiras são aptas a importar materiais, fabricar
mercadorias e exportar produtos sem estarem limitadas pelas regras e impostos usuais.
Ah! Lembrando que os direitos aduaneiros são aplicados quando as mercadorias são
enviadas para fora da área de livre comércio.

4 ZONAS DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÕES


Caro acadêmico, agora, falaremos de um tema de bastante relevância ao de-
senvolvimento do comércio exterior brasileiro, que são as ZPEs – Zonas de Processa-
mento de Exportações. À medida que a competição global por empregos e investimen-
tos estrangeiros se intensifica, as ZPEs estão se proliferando em todo o mundo.

57
NOTA
Uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) pode ser definida
como sendo uma área aduaneira onde é permitida a importação de
produtos/insumos, máquinas, equipamentos e materiais à fabricação de
mercadorias de exportação com segurança, sem pagamento de direitos.

As mercadorias importadas estão sujeitas ao controle aduaneiro na importação,


por meio do processo de fabricação, até o momento da venda/exportação ou pagamento
de imposto para consumo doméstico. Outros benefícios de operar tais empresas incluem:
condições de livre comércio, burocracia governamental simplificada, permitindo registro
e licenciamento únicos e, também, facilidade de concessão fiscal de longo prazo.

De acordo com Associação Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação:

• As ZPEs são distritos industriais incentivados, onde as empresas ne-


les localizadas operam com suspensão de tributos, liberdade cam-
bial (podem manter no exterior, permanentemente, as divisas obtidas
nas exportações) e procedimentos administrativos simplificados.
• Quando as ZPEs passaram a ser mais largamente utilizadas,
sobretudo a partir da década de 1970 do século passado, elas se
destinavam exclusivamente à instalação de empresas industriais,
cuja produção era destinada preponderantemente ao exterior.
• Com o passar dos anos, os países foram se dando conta de
que o potencial desenvolvimentista das ZPEs aumentava
substancialmente se: (a) as vendas internas pudessem ser
admitidas, desde que, evidentemente, fossem pagos todos os
tributos incidentes nas importações; e (b) diversos tipos de
serviços também pudessem se instalar nas ZPEs.
• Com mais de três décadas de atraso (nossa primeira legislação
de ZPEs foi introduzida em 1988), o novo marco legal das ZPEs
(a Lei 14.184/2021) alinhou o Brasil aos mais de 150 países que
já vem adotando esse instrumento como parte essencial de suas
estratégias de desenvolvimento (O PROGRAMA, 2023, s. p.).

Conforme o Ministério da Economia, as Zonas de Processamento de Exportação


brasileiras são áreas de livre comércio destinadas a atrair a implantação de empresas
que se dedicam à produção de bens a serem comercializados mundialmente (REGIME
BRASILEIRO DE ZPE, 2021).

O regime ZPE revela-se uma oportunidade para o melhor aproveitamento do
potencial de capacidade produtiva brasileira no cenário internacional, considerando o
seu parque industrial diversificado e de alto perfil, bem como a posição relevante do
país na produção global e nas exportações mundiais de commodities. As empresas
localizadas em ZPEs serão beneficiadas com incentivos fiscais, como a isenção de
tributos federais:

58
• II: Imposto de Importação.
• IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados.
• PIS: Contribuição Social sobre a Receita Bruta.
• Cofins: Contribuição Social – Lucro presumido.
• AFRMM: Adicional de Frete para Reforma da Marinha Mercante sobre matérias-primas
e bens de capital nacionais ou importados (novos ou usados).

Alguns estados do Brasil têm oferecido incentivos no ICMS (Imposto Estadual


de Valor Agregado). Além disso, essas empresas também têm a possibilidade de acessar
outros incentivos fiscais regionais, como a redução de 75% do imposto de renda para
novos empreendimentos nas regiões Norte e Nordeste.

O regime ZPE brasileiro proporciona benefícios administrativos nas operações


de exportação e importação, com isenção de licenças ou autorizações a importação
de matérias-primas e bens de capital, no entanto essas isenções não se aplicam às
medidas sanitárias, de segurança nacional e ambientais.

A segurança jurídica de longo prazo também é um atributo importante desse


regime, tendo em vista que os incentivos federais são concedidos por 20 anos com a
possibilidade de serem prorrogados por igual período.

Os projetos industriais estabelecidos na ZPE brasileira devem ser investimen-


tos greenfield, e essas empresas devem obter pelo menos 80% da receita bruta total
de vendas da empresa originada pelas exportações. A entrada em operação de uma
empresa na ZPE depende da aceitação do administrador da EPZ, a aprovação de pro-
jetos industriais pelo Conselho Nacional de Processamento de Exportação (CZPE) e a
prévia autorização das autoridades aduaneiras e ambientais brasileiras. Atualmente, o
Brasil possui 14 ZPEs autorizadas e que se encontram em efetiva implantação, como
você pode observar no mapa, a seguir.

Figura 12 – Zonas de processamento de exportação brasileiras


ZPE de Boa Vista (RR)

ZPE de Parnaíba (PI)

ZPE de Pecém (CE)


ZPE de Macaíba (RN)

ZPE de Suape (PE)


ZPE do Acre (AC)
ZPE de Araguaína (TO)

ZPE de Ilhéus (BA)


ZPE de Cáceres (MT)
ZPE de Uberaba (MG)
ZPE de Teófilo Otoni (MG)

ZPE do Açú (RJ


ZPE de Bataguassú (MS)

ZPE de Imbituba (SC)

Fonte: o autor

59
Segundo o Ministério da Economia, para o nosso país espera-se que, além do
“impacto positivo sobre o balanço de pagamentos decorrente da exportação de bens
e da atração de investimentos estrangeiros diretos, [haja] benefícios como a difusão
tecnológica, a geração de empregos e o desenvolvimento econômico e social” (REGIME
BRASILEIRO DE ZPE, 2021).

Estudante, veja o infográfico, a seguir, o qual apresenta as principais


características do regime brasileiro de ZPE.

Figura 13 – Principais características do regime brasileiro de ZPE

As Zonas de Processamento de Exportação


- ZPE caracterizam-se como áreas de livre
comércio com o exterior, destinadas à
instalação de empresas voltadas para a
produção de bens a serem comercializados
no exterior, sendo consideradas zonas
primárias para efeito de controle aduaneiro.
As empresas que se instalam em ZPE têm
acesso a tratamentos tributário, cambiais e
administrativos específicos.

ZONAS DE
PROCESSAMENTO
DE EXPORTAÇÃO -
ZPE

Em 2007, o referido Decreto-Lei foi O regime aduaneiro especial das ZPE foi
revogado pela Lei nº 11.508/2007, que instituído no País pelo Decreto-Lei nº 2.452,
manteve a competência do Conselho para de 29 de julho de 1988. Na época, esse
definir as normas, os procedimentos e os instrumento legal autorizou ao Poder
parâmetros do programa, segundo os Executivo a criar ZPE por meio de edição de
quais os agentes envolvidos devem decreto presidencial. Para traçar a orienta-
balizar suas ações. Para regulamentar a ção da política das ZPE, estabelecer
Lei nº 11.508/2007 foram publicados os requisitos, analisar propostas, dentre outras
Decretos nº 9.993/2019, que dispõe sobre atividades, o normativo criou o Conselho
o CZPE, e o nº 6.814/2009, que dispõe Nacional das Zonas de Processamento de
sobre o regime tributário, cambial e Exportação (CZPE).
administrativo das ZPE.

Fonte: o autor

O desenvolvimento de ZPEs é justificado por uma série de motivações: gerar


emprego e divisas, promover exportações, fomentar nas empresas locais certo efeito
catalisador a respeito de como exportar para o mercado mundial.

Os principais objetivos das ZPEs, de acordo com a Abrazpe, são:

60
a) Atrair investimentos estrangeiros voltados às exportações.
b) Colocar as empresas nacionais em igualdade de condições com
os seus concorrentes de outros países que dispõem de mecanismos
semelhantes.
c) Criar empregos.
d) Aumentar o valor agregado das exportações e fortalecer o balanço
de pagamentos.
e) Difundir novas tecnologias, bem como práticas mais modernas
de gestão.
f) Corrigir desequilíbrios regionais (O PROGRAMA, 2023, s. p.).

Assim, essas áreas são criadas com o intuito de aumentar as exportações co-
merciais e industriais, incentivando o crescimento econômico por meio de investimen-
tos de entidades estrangeiras. Os seus benefícios representam crescimento a partir de
divisas por meio de exportações, criação de empregos para auxiliar na geração de renda
e no desenvolvimento de habilidades de trabalho na atração de investimento estrangei-
ro direto e promoção da transferência de tecnologia.

DICA
Acesse o site do Siscomex sobre os regimes aduaneiros
aplicados em áreas especiais e faça um pequeno resumo
escrito acerca de uma das áreas. Você pode escolher entre
a Zona Franca de Manaus (ZFM), Áreas de Livre Comércio
(ALC) ou Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
Para isso, basta acessar o QR Code.

5 ZONA FRANCA VERDE


Como abordado anteriormente, uma zona franca é considerada uma Zona Eco-
nômica Especial (ZEE), uma área designada para fins comerciais. Na referida área, o
comércio econômico está livre de quaisquer taxas relacionadas ao comércio, como im-
postos ou taxas. Além disso, quaisquer mercadorias fabricadas, armazenadas ou incor-
poradas estão sujeitas a várias preferências alfandegárias. Muitas dessas áreas ao redor
do mundo oferecem tanto incentivos quanto liberações para estimular o investimento.

Por que as organizações estariam interessadas nesses locais? Bem, essas


áreas trazem consigo muitos benefícios. O primeiro é: uma zona de livre comércio
promove, justamente. o comércio. Também oferece mais oportunidades de negócios,
especialmente no que diz respeito aos incentivos destinados a estimular o investimento.

No entanto, nesse contexto, o que seria uma Zona Franca Verde? De acordo
como a Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus, a Zona Franca Verde
é um “novo incentivo, concedido pelo Governo Federal, para produção industrial nas

61
Áreas de Livre Comércio com preponderância de matéria-prima de origem regional,
que prevê a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)” (ZONA FRANCA
VERDE, 2020, s. p.), e, para Gouveia (2016, p. 8):

As Áreas de Livre Comércio (ALCs) foram criadas para promover o


desenvolvimento das cidades de fronteiras internacionais localiza-
das na Amazônia Ocidental e em Macapá e Santana, com o intui-
to de integrá-las ao restante do país, oferecendo benefícios fiscais
semelhantes aos da Zona Franca de Manaus no aspecto comercial,
como incentivos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
(ICMS). Os objetivos principais das ALCs são a melhoria na fiscali-
zação de entrada e saída de mercadorias, o fortalecimento do setor
comercial, a abertura de novas empresas e a geração de empregos.

A Suframa é uma agência da Administração Pública filiada ao Ministério do


Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Este órgão gerencia e controla
os incentivos fiscais concedidos às empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus,
além de promover estratégias de desenvolvimento para a Amazônia Ocidental. Tem,
portanto, o papel de promover investimento para a área.

IMPORTANTE
A Zona Franca de Manaus é uma zona de livre comércio de importação e
exportação onde são aplicados incentivos fiscais especiais, criados com
o objetivo de originar, na região amazônica, um ambiente industrial e co-
mercial e um centro agrícola em condições econômicas as quais permi-
tam o seu desenvolvimento, dados os fatores locais e a grande distância
que separa essa região de seus mercados.

A respeito da legislação aplicada à Zona Franca Verde:

• Foi criada pela Lei nº 11.898/2009 e regulamentada pelos Decretos


nº 8.597, de 18 de dezembro de 2015, e nº 6.614, de 28 de outubro
de 2008. A Zona Franca Verde prevê a isenção do Imposto sobre
Produto Industrializado (IPI) em todas as ALCs sob a jurisdição da
Suframa, para produtos em cuja composição haja preponderância
de matéria-prima regional, de origem vegetal, animal ou mineral,
resultante de extração, coleta, cultivo ou criação animal na região
da Amazônia Ocidental e do estado do Amapá.
• Trata-se de um marco regulatório estratégico à área de atuação
da Suframa, com reflexos positivos no incremento da indústria de
transformação e que repercutirá na maior união entre os estados
amazônicos envolvidos, em prol da defesa dos interesses regionais
(ZONA FRANCA VERDE, 2020, s. p.).

62
De acordo com a World Free Zones Organization – Organização Mundial de
Zonas Livres (GREEN ZONE, 2023, s. p.), o programa Zona Verde visa a promover práticas
ambientais e de sustentabilidade dentro das zonas francas e entre suas empresas
cadastradas. Por sua vez, Gouveia (2016) afirma:

• A partir da implantação da Zona Franca Verde (ZFV), os produtos industrializados nas


ALCs podem usufruir da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na
operação de venda do produto, quer se destinem ao consumo interno da ALC, quer à
comercialização em qualquer outro ponto do território nacional.
• Para usufruir do incentivo fiscal, é necessário que o produto seja composto, de forma
preponderante, por matéria-prima de origem regional, dentre outros requisitos e
condicionantes mais bem discutidos no tópico seguinte.
• Importante notar que o incentivo é concedido ao produto e não à empresa como um
todo. Isso se deve à natureza dos requisitos legais a serem avaliados individualmente
para cada processo produtivo. Logo, nada impede que determinada empresa realize a
industrialização de diversos produtos, mas que apenas alguns desses satisfaçam aos
requisitos legais, bem como usufruam da isenção do IPI, por exemplo.

A Zona Franca Verde constitui-se em um contexto destinado às indústrias e


aos seus processos produtivos, indústrias estas instaladas, por meio de incentivos
tributários, nas Áreas de Livre Comércio e na Amazônia Ocidental, onde:

• Esse sistema oferece incentivos tributários similares àqueles


previstos para a Zona Franca de Manaus, como a isenção do IPI ao
produto fabricado na região.
• O acesso aos benefícios foi facilitado pela Suframa em 2021,
dispensando o atendimento ao Processo Produtivo Básico.
• O acesso aos benefícios fica condicionado à utilização de matéria-
prima regional e ao atendimento dos seguintes requisitos:
I. Incremento da oferta de emprego na região;
II. Concessão de benefícios sociais aos trabalhadores;
III. Níveis crescentes de produtividade e competitividade;
IV. Reinvestimento de lucros na região; e
V. Investimento na formação e capacitação de recursos humanos para
o desenvolvimento científico e tecnológico (MILLER, 2022, s. p.).

Não é só no Brasil, contudo, que estão sendo desenvolvidas ações como essas.
O serviço da Zona Verde elaborado pela World Free Zones Organization – Organização
Mundial de Zonas Livres tem como objetivo promover a política verde para as zonas
livres e os seus atores. A organização da zona franca mundial atua como uma política de
defesa dessa política e promove junto às partes interessadas um pacote de ferramentas
desenvolvidas por seus parceiros (WORLD FZO, 2015). Além disso, a World FZO fornecerá
aos membros conselhos sobre as melhores práticas ambientais, bem como um pacote
de ferramentas desenvolvido em conjunto com os parceiros da organização que
permitirá às zonas francas avaliarem a sua eficiência e o seu desempenho verde. Em
última análise, a World Free Zones Organization também fornecerá certificações verdes
reconhecidas internacionalmente para zonas francas.

63
Essas ferramentas serão compostas por indicadores de desempenho e efici-
ência verde, certificação verde, um portfólio de melhores práticas e sessões de capa-
citação. Um portfólio de melhores práticas pode ser lançado internacionalmente para
cumprir a criação de uma Linha de Base Setorial Verde a Zonas Livres, por exemplo: a)
gestão do conhecimento; b) ferramentas para desempenho e eficiência; c) modelos de
certificação verde e maturidade.

Os programas, ferramentas e atividades sugeridos pela organização baseiam-


se em estratégias subnacionais, nacionais, regionais e globais implementadas,
bem como classificadas em conjunto com as organizações das Nações Unidas e a
Conferência de Bretton Wood (WORLD FZO, 2015).

INTERESSANTE
Olá, acadêmico! Que tal uma pausa na leitura? Preparamos
um podcast bem interessante especialmente para você, no
qual falaremos sobre a Zona Franca Verde. Para ouvir, basta
acessar o QR Code e apertar o play!

6 ZONA FRANCA
Prezado(a) acadêmico, estamos chegando ao final de mais uma unidade com
a certeza de que a sua trajetória de conhecimento foi enriquecedora. Agora, para
completar o conteúdo desta unidade, abordaremos a zona franca.

INTERESSANTE
Uma zona franca é qualquer local onde as mercadorias podem ser
enviadas, manuseadas, fabricadas, reconfiguradas e reexportadas sem
o envolvimento de agências alfandegárias. Um grande porto marítimo,
um aeroporto internacional ou uma instalação de fronteira entre dois
ou mais países costumam ser designados como uma zona franca. Os
direitos aduaneiros são aplicados quando as mercadorias são enviadas
para fora dessa zona de livre comércio.

64
Somente quando as mercadorias são movidas para consumidores dentro do
país onde a zona está localizada, elas ficam sujeitas aos direitos aduaneiros vigentes.
Nessas áreas, as mercadorias fabricadas, armazenadas e manuseadas estão sujeitas a
diferentes preferências alfandegárias e, muitas vezes, são oferecidos alívios e incentivos,
visando a incentivar os investimentos.

NOTA
As zonas francas são áreas geográficas delimitadas dentro de um território
e, nelas, desenvolvem-se atividades industriais de bens e serviços ou
atividades comerciais sob regulamentação especial em matéria tributária,
aduaneira e de comércio exterior. As mercadorias que entram nessas
zonas são consideradas fora do território aduaneiro nacional para efeitos
de imposto de importação e exportação.

Uma zona franca também está englobada em um tipo de Special Economic


Zone (SEZ), traduzido do inglês como Zona Econômica Especial. São áreas econômicas
designadas livres de taxas relacionadas ao comércio, bem como impostos.

As zonas econômicas especiais – áreas geograficamente delimitadas dentro


das quais os governos facilitam a atividade industrial por meio de incentivos fiscais e
regulatórios e, também, por infraestrutura de apoio – são amplamente utilizadas na
maioria das economias em desenvolvimento e em muitas economias desenvolvidas.

Embora o desempenho de muitas zonas permaneça abaixo das expectativas,


falhando em atrair investimentos significativos ou em gerar impacto econômico além
de seus limites, novas zonas continuam a ser desenvolvidas à medida que os governos
competem cada vez mais por atividade industrial móvel.

Os formuladores de políticas enfrentam não apenas os desafios tradicionais


de fazer ter sucesso, incluindo a necessidade de foco estratégico adequado,
regulamentação e governança modelos e ferramentas de promoção de investimentos,
mas também novos desafios trazidos pelo imperativo do desenvolvimento sustentável,
a nova revolução industrial e a mudança de padrões da produção internacional. Isso é
importante de ser destacado, pois o Brasil passa por um processo de debate político
para a criação da Zona Econômica Especial.

De acordo com a Convenção de Quioto (2006, p. 4), uma zona franca (ZF), para
a alfândega, “significa uma parte do território de uma Parte Contratante onde quaisquer
mercadorias introduzidas são geralmente consideradas, no que diz respeito aos direitos
e impostos de importação, como estando fora do território aduaneiro”.

65
Perceba como é definida, oficialmente, a zona franca no contexto brasileiro:

Área delimitada no interior de um país e beneficiada com incentivos


fiscais e tarifas alfandegárias reduzidas ou ausentes. Seu objetivo é
estimular o comércio e, às vezes, acelerar o desenvolvimento industrial
de uma região. Há zonas francas em Marselha (França), Hamburgo
(Alemanha), Hong Kong (China) e Copenhague (Dinamarca). A Zona
Franca de Manaus, criada em 1967 e fiscalizada pela Superintendência
da Zona Franca de Manaus (Suframa), atraiu para aquela área da
Amazônia muitas indústrias, sobretudo do ramo eletrônico avançado,
que se beneficiam das facilidades de importação de componentes
para aparelhos eletroeletrônicos (ZONA FRANCA, 2023, s. p.).

A principal zona franca brasileira é a Zona Franca de Manaus (ZFM), a qual
representa uma região industrial instituída pelo Estado brasileiro com a finalidade
principal de atrair indústrias para a região amazônica por meio de incentivos fiscais,
região que, como sabemos, possui baixa densidade demográfica.

Segundo a Suframa, a ZFM é:

• Um modelo de desenvolvimento econômico implantado pelo


governo brasileiro cujo objetivo é viabilizar uma base econômica
na Amazônia Ocidental e no Amapá, promover a melhor integração
produtiva e social entre essa região e o país, garantindo a soberania
nacional sobre as fronteiras.
• A mais bem-sucedida estratégia de desenvolvimento regional. O
modelo abrange os estados da Amazônia Ocidental (Acre, Amazo-
nas, Rondônia e Roraima), além das cidades de Macapá e Santana,
no Amapá, e leva desenvolvimento econômico aliado à proteção
ambiental, proporcionando melhor qualidade de vida às popula-
ções dessas regiões (ZONA FRANCA DE MANAUS, 2022, s. p.).

A Zona Franca de Manaus é a mais conhecida do Brasil, mas isso não significa
que não existam outras zonas no país.

Veja, no Quadro 5, quais são as principais zonas francas brasileiras.

Quadro 5 – Zonas francas no Brasil

• As empresas que operam na ZMF têm direito a: i) isenção de


imposto de importação sobre mercadorias destinadas ao uso
no estado do Amazonas; ii) redução de 88% na tarifa de im-
ZONA FRANCA DE portação de matérias-primas; iii) isenção de imposto especial
MANAUS de consumo para mercadorias comercializadas na ZMF.
• Abrange uma área de 10 milkm2 na capital do estado do
Amazonas. Esta pode ser acessada por transporte rodoviário,
terrestre e marítimo.

66
• Não oferece incentivos aos setores empresariais de muni-
ções, tabaco, produtos alcoólicos, perfumes e cosméticos.
• Convida multinacionais dos setores de negócios de
eletrônica, produção de veículos de duas rodas, química,
ZONA FRANCA DE
MANAUS
metalurgia e mecânica.
• Oferece boa infraestrutura de exportação, bem como uma
rede de energia elétrica e telecomunicações desenvolvida.
Além disso, as empresas estabelecidas nesta ZF têm acesso
à mão de obra qualificada e produtiva.

• As empresas que nela operam gozam de isenção da taxa


governamental sobre mercadorias importadas. As isenções
de impostos também estão disponíveis, dependendo da
natureza das mercadorias a serem importadas, das suas
ZONA FRANCA DE origens e valor.
MACAPÁ • Ocupa uma área de 220km2 na região limítrofe da Guiana
Francesa.
• Realiza operações comerciais e convida multinacionais dos
setores empresariais de atividades de importação nacionais
e internacionais.

• Oferece redução de até 75% no imposto de renda pessoa


jurídica, no entanto este incentivo será concedido caso a
caso, com empresas que investem grandes quantidades de
capital em indústrias desejadas e mais propensas a obter
redução de impostos.
ZONA FRANCA DE • Tem uma área total de 20km2 na fronteira com a Colômbia
TABATINGA e o Peru. Consequentemente, esta localização aprimora a
logística das atividades comerciais entre o Brasil e esses
dois países.
• Apenas realiza operações comerciais e convida multinacio-
nais dos setores empresariais de importação de bens nacio-
nais e internacionais para consumo no seu entorno.

67
• As empresas que operam na ZCL da Boa Vista e do Bonfim
podem ter direito a i) isenção de impostos sobre produtos
importados para uso interno na ZCL; ii) isenção de contro-
les aduaneiros e administrativos a mercadorias importadas
ZONA FRANCA e exportadas.
DE BOA VISTA E • Foi criada em 2008 com o objetivo de melhorar as relações
BONFIM comerciais entre o Brasil e países vizinhos, como Venezuela
e Guiana.
• Apenas realiza operações comerciais que convidam multi-
nacionais dos setores empresariais de importação e expor-
tação nacional e internacional.

Fonte: adaptado de Bin ([2023], s. p.)

O conceito de zonas francas mudou significativamente desde a criação do FTZ


(Free Trade Zone) em Shannon, na Irlanda. As zonas francas são classificadas, de modo
geral, de acordo com os seus conceitos e características nas Zonas de Uso Geral da
ZF (Zona Franca) e, geralmente, estão situadas em um parque industrial ou complexo
portuário cujas instalações estão disponíveis para uso do público em geral.

Originalmente, as zonas francas visavam a promover as exportações, criar


empregos e apoiar a transferência de tecnologia, mas, com a globalização, esta visão
passou a incluir a integração com o resto da economia, visando, principalmente,
à divulgação da modernização e da liberalização da produção e comércio de bens e
serviços em todo o território de um país ou região.

Diante dessa tendência mundial de utilização de Zonas Especiais, o Estado


brasileiro lançou as Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) em 1988, com a
ideia de que essa iniciativa ajudaria a promover as regiões menos desenvolvidas do país
ou de uma região, a reduzir os desequilíbrios e a fazer o desenvolvimento econômico e
social da região.

As ZPEs são as zonas primárias para controle alfandegário e caracterizam-se


como área de livre comércio a empresas voltadas à produção de bens para comercialização
no exterior. As empresas instaladas nas ZPEs têm acesso a um tratamento específico
nas áreas de vantagens fiscais e administrativas.

Para o Brasil, além do esperado impacto positivo sobre o balanço de pagamen-


tos da exportação de bens, espera-se que atraia investimentos estrangeiros diretos,
geração de empregos e desenvolvimento econômico e social.

68
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• A Organização Mundial das Aduanas (OMA) com o objetivo de desburocratizar os


trâmites aduaneiros e estabelecer procedimentos comuns às aduanas do mundo.

• A Convenção de Quioto representa uma Convenção Internacional sobre a Simplifica-


ção e Harmonização dos Procedimentos Aduaneiros.

• Um dos objetivos do Mercosul está na junção de países na formação de blocos


econômicos ou acordos de integração, é fortalecer o comércio entre países, gerando
renda e proporcionando o desenvolvimento destes países.

• Zona Franca Verde é um “novo incentivo, concedido pelo Governo Federal, para
produção industrial nas Áreas de Livre Comércio.

69
AUTOATIVIDADE
1 A Organização Mundial de Aduanas (OMA) revisou e atualizou a Convenção de Quio-
to para assegurar que ela atenda às demandas atuais do comércio internacional. O
Conselho da OMA adotou a convenção d revisada em junho de 1999 como o plano
para procedimentos aduaneiros modernos e eficientes no século XXI. Dentre os no-
vos princípios reguladores da Convenção de Quioto, há um compromisso em ques-
tão. Com base nisso, assinale a alternativa CORRETA que apresente o compromisso
mencionado:

a) ( ) Os países industrializados e as economias em transição limitarem e reduzirem,


por meio de metas individuais, as emissões de gases de efeito estufa.
b) ( ) As administrações aduaneiras proporcionarem transparência e previsibilidade a
todos os envolvidos em aspectos do comércio internacional.
c) ( ) Elaborar os códigos de procedimento aduaneiro que identificam os regimes
aduaneiros e/ou impostos especiais de consumo das mercadorias.
d) ( ) Expedição/exportação temporária ao abrigo de um regime aduaneiro de
aperfeiçoamento passivo diferente dos referidos nos códigos existentes.

2 Um entreposto aduaneiro é um espaço seguro ao armazenamento de mercadorias


aduaneiras, e o seu titular deve possuir alvará. A principal vantagem é permitir que
a empresa armazene mercadorias nas instalações ou em outros locais aprovados.
Com relação ao exposto, assinale a alternativa CORRETA em que as mercadorias
não tenham:

a) ( ) A sua aplicação de técnicas de gestão e avaliação de riscos em controles de


coordenação de intervenções com outros órgãos aduaneiros.
b) ( ) A sua entrada parcial para uso doméstico com entrada simultânea para livre
circulação e procedimento de armazenagem sob controle fiscal.
c) ( ) De ser importadas ao uso doméstico e sejam colocadas em livre prática nos
territórios especiais do Mercosul ou nos países que têm união aduaneira.
d) ( ) De estar sujeitas a obrigações tributárias, a menos que proíbam a entrada ou
saída de mercadorias do território aduaneiro da União.

3 A Zona Franca Verde é um “novo incentivo, concedido pelo Governo Federal, para
produção industrial nas Áreas de Livre Comércio com preponderância de matéria-prima
de origem regional, que prevê a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados”
(ZONA FRANCA VERDE, 2020, s. p.). O serviço da Zona Verde elaborado pela World
Free Zones Organization – Organização Mundial de Zonas Livres tem como objetivo:

70
Fonte: ZONA FRANCA VERDE. Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria, Comércio e Serviços, Suframa, Brasília,
DF, 4 jun. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3T2FuyT.
Acesso em: 16 jan. 2023.

a) ( ) Criar entreposto aduaneiro incluindo depósito em outras instalações.


b) ( ) Implantar lojas isentas de impostos em portos e aeroportos.
c) ( ) Promover a política verde para as zonas livres e os seus atores.
d) ( ) Fomentar a circulação em regime de aperfeiçoamento ativo numa zona franca.

71
REFERÊNCIAS
ACORDO COM EUA pode adicionar US$ 50,2 bilhões às exportações brasileiras até
2035. IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Brasília, DF, 10 set. 2021.
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administração aduaneira brasileira: a convenção de Quioto revisada no âmbito da
organização mundial das aduanas. Campinas: Unicamp, 2013. 1 slide, color. Disponível
em: https://bit.ly/3yBoXZz. Acesso em: 13 jan. 2023.

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das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de
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art. 334-A. Brasília, DF: Presidência da República, 2014b. Disponível em: https://bit.
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72
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Ministério da Fazenda, remaneja cargos em comissão e funções de confiança e substitui
cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS por Funções
Comissionadas do Poder Executivo – FCPE. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2017a.
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ZONA FRANCA DE MANAUS. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e


Serviços, Suframa, Brasília, DF, 28 out. 2022.

ZONA FRANCA VERDE. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e


Serviços, Suframa, Brasília, DF, 4 jun. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3T2FuyT.
Acesso em: 16 jan. 2023.

76
UNIDADE 2 —

DAS CARACTERÍSTICAS DE
EXPORTAÇÃO NO ÂMBITO
BRASILEIRO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os aspectos gerais do planejamento no comércio internacional;

• compreender as questões relativas às exportações, principalmente no contexto


brasileiro.

• identificar os parceiros do Brasil no Mercosul;

• analisar a importância das diferenças culturais e sua relação com as operações de


comércio exterior;

• entender por que os países precisam de reservas internacionais.

PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 2 está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você terá a
oportunidade de fixar seus conhecimentos realizando as atividades propostas.

TÓPICO 1 – PROCEDIMENTOS NAS EXPORTAÇÕES


TÓPICO 2 – ANÁLISE DE MERCADO PARA EXPORTAÇÃO
TÓPICO 3 – TRIBUTAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

77
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

78
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
PROCEDIMENTOS NA EXPORTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Olá, caríssimo acadêmico! A partir de agora daremos início a nossa unidade. Nela
reforçaremos os seus conhecimentos e práticas, pois abordaremos as características
das exportações no âmbito brasileiro, buscando saber quais são os principais produtos
que são exportados, lembrando que a imensidão do território brasileiro e das suas terras
exploráveis constituem
​​ um dos primeiros ativos da nossa economia agrícola.

Falaremos do planejamento estratégico na exportação, ferramenta indispensá-


vel para quem quer ou já está exportando, afinal, ter conhecimento prévio do mercado
externo é fundamental para a consolidação dos negócios.

2 TRATAMENTOS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS


O comércio exterior contribui ao desempenho das relações em nível social,
político e comercial, promovendo o intercâmbio entre os países por meio de negociações
globais baseadas nas diferentes atividades no mercado internacional. Um profissional
de Comex deve desenvolver-se para gerenciar, planejar e implementar todos os tipos
de transações internacionais entre países ou regiões, especializar-se em importação e
exportação, economia global, pesquisa de mercado, logística, estratégias de negócios
e, principalmente, ter o conhecimento das políticas econômicas do seu país. Por isso é
que você está aqui, não é mesmo!?

Lembre-se sempre: a formação em comércio exterior é uma das profissões mais


demandadas no mundo, pois representa a troca entre uma ou mais nações em questão
de bens e serviços, contribuindo com o propósito de satisfazer às necessidades inter-
nas ou externas de um mercado. Isso significa que tudo o que nos rodeia já passou pela
alfândega, desde alimentos até produtos tecnológicos não originários do nosso país.

Por isso, conhecer a legislação e as ferramentas aduaneiras demanda profissio-


nais altamente qualificados no domínio, em nível local, de diversos assuntos, liderança e
capacidade de negociação para materializar oportunidades globais e conhecimento da
aplicação dos dispositivos legais reguladores do comércio exterior.

79
Figura 1 – Escala de produção na cadeia global

Fonte: https://shutr.bz/3yroQQc. Acesso em: 24. Ago. 2022.

Nas próximas décadas, o destino do suprimento mundial de alimentos será


amplamente moldado por 9,3 bilhões de habitantes: esta é a população global projetada
para 2050. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO, 2009), estima-se que o mundo precisará aumentar a produção de
alimentos em 50% para atender à demanda global.

Segundo a Apex-Brasil, “Entre os principais produtores e exportadores de


produtos agrícolas do mundo, o Brasil se mostra na vanguarda deste desafio [...], o Brasil
é uma já realidade extraordinária na agricultura e pode realizar muito mais” (POTENCIAL
EXPORTADOR..., 2018, s. p.).

De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI):

As exportações possibilitam o aumento da escala de produção, a


aquisição de conhecimento e o aproveitamento de ganhos com
especialização em etapas das cadeias globais de valor. Para que o
Brasil tenha maior participação no mercado exterior, é necessário
mudanças na política comercial que ampliem a demanda externa
pelos bens e serviços brasileiros e que melhorem o ambiente de
negócios (COMÉRCIO EXTERIOR..., 2023, s. p.).

80
Agora, fica a questão: onde você, acadêmico, se inclui nesse contexto? Simples
assim, “o profissional de comércio exterior atua no processo de importação e exportação
de produtos, na identificação de mercados estratégicos, na elaborando estra-
tégias de negócio, definindo toda a logística entre outras coisas” (COMÉRCIO EXTE-
RIOR..., 2023, s. p., grifo nosso).

Dessa forma, o seu papel é extremamente importante ao decidir o seguinte:


quais mercados estrangeiros oferecem as melhores chances de sucesso nas expor-
tações? Como exportador, faz sentido concentrar-se em apenas um país ou em um
pequeno número de países? Como determinar a opção mais adequada para a sua em-
presa? Faz-se necessário realizar uma análise de mercado e um plano de negócios de
exportação que permita um diagnóstico?

De acordo com o Export Enterprises S.A. (2023), embora o comércio exterior


tenha representado apenas 32,4% do seu PIB em 2020, o Brasil está entre os 30 maiores
exportadores e importadores do mundo e tem enorme potencial econômico.

O Brasil exporta, principalmente, soja (13,7%), minério de ferro (12,3%), óleos


de petróleo (9,4%), cana ou açúcar de beterraba (4,2%) e carne bovina congelada
(3,2%); enquanto as suas principais importações são: óleos de petróleo (4,8%), peças e
acessórios para tratores e veículos automotores (3,2%), aparelhos elétricos para telefonia
fixa (2,8%), circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (2,4%) e embarcações
flutuantes (2,3%).

Os principais parceiros comerciais do país são China, EUA, Argentina, Alemanha,


Holanda, Canadá, Coreia do Sul, Mercosul e UE. Em 2022, apesar de ser a maior econo-
mia da América Latina e a nona do mundo, o Brasil ainda é relativamente fechado em
relação a outras grandes economias, com baixa penetração comercial e baixo número
de exportadores em relação à população (o seu número absoluto de exportadores é,
aproximadamente, igual ao da Noruega, país com cerca de 5 milhões de habitantes,
comparado aos nossos 213 milhões).

O país, no entanto, vem implementando mudanças para melhorar o comércio,


como a redução do tempo de conformidade documental tanto para exportação quanto
para importação, por meio do aprimoramento de seu sistema de intercâmbio eletrônico
de dados (EXPORT ENTERPRISES S.A., 2023).

O Monitor do Comércio Exterior Brasileiro (2023, s. p.), referente ao período de


agosto de 2022, informa que o volume das exportações cresceu 2,2%. Com relação a
toda série histórica (atualmente, contando com 296 meses), o volume total exportado
alcançou o sexto maior resultado; em contrapartida, o volume das importações cresceu
5,5%, resultado que foi o sexto crescimento consecutivo recente.

81
DICA
Ficou interessado? Quer saber um pouco mais das caracterís-
ticas do nosso comércio exterior? Então, acesse o Monitor do
Comércio Exterior Brasileiro! Não importa o período que você
acesse, ele está sempre atualizado. Vá ao Informativo Comple-
to e faça um resumo do total, dos setores e dos principais
destinos das exportações e importações. Basta
acessar o QR Code apresentado. Faça uma análise
dos setores.

IMPORTANTE
A exportação é um dos principais indutores do crescimento econômico e
certamente terá papel importante na recuperação da economia brasileira
após a superação do período mais crítico da pandemia do novo coronavírus.
O país enfrenta não apenas o desafio de elevar suas exportações,
mas também de diversificá-las e torná-las menos dependentes de um
conjunto limitado de commodities. As dificuldades competitivas do setor
industrial brasileiro, bem como as propostas para superá-las, vêm sendo
discutidas exaustivamente há vários anos – e o cenário pós-pandemia tende a
ser ainda mais desafiador para o setor.

Fonte: OLIVEIRA, I. et al. International integration as a vector for the Brazilian economic recovery:
proposals for stimulating exports. Revista Tempo do Mundo – RTM, Brasília, DF, n. 26, p. 103-143,
ago. 2021. p. 103. Disponível em: https://bit.ly/3l258Hy. Acesso em: 10 jan. 2023.

2.1 CONCEITUALIZANDO EXPORTAÇÃO


Podemos definir as exportações como um componente fundamental do
comércio exterior de um país, são os bens e/ou serviços comprados por empresas de
um país estrangeiro. Em combinação com as importações, eles compõem a balança
comercial de um país. Uma nação tem um superávit comercial quando exporta mais
bens do que importa, e tem déficit comercial quando importa mais do que exporta.

Faremos uma ressalva aqui para lembrar que a balança comercial de uma na-
ção corresponde ao valor das exportações de um país menos as suas importações. É
o maior componente da balança de pagamentos que mede todas as transações inter-
nacionais. A balança comercial também representa a maior parte da conta corrente
da balança de pagamentos de um país, afinal, ela mede a renda líquida dele obtida em
ativos internacionais.

82
Voltemos, porém, às questões das exportações. As empresas exportam bens
e serviços quando têm vantagem competitiva, ou seja, quando são melhores do que
qualquer outra empresa no fornecimento deste produto específico. Essencialmente,
uma vantagem comparativa significa que um país pode produzir determinado bem ou
serviço a um custo de oportunidade menor do que outro. O custo de oportunidade mede
um trade-off, isto é, aproveita a oportunidade para ter algo, mas, a fim de conseguir isso,
deve desistir de outra coisa ou sacrificá-la.

Uma nação com vantagem comparativa superior faz com que a barganha va-
lha a pena, isso significa que os benefícios de comprar o seu bem ou serviço superam
as desvantagens. O país pode até não ser o melhor na produção de um produto ou na
oferta de um serviço, no entanto esse produto ou serviço poderá ter um baixo custo de
oportunidade (trade-off) para outros países que importam.

No comércio exterior, os países, geralmente, têm vantagens comparativas em


diferentes indústrias e por diferentes razões, relacionadas, por exemplo, a recursos na-
turais, trabalhadores, investimento do governo ou outros fatores. As nações, então, ne-
gociam com base nessas vantagens.

Vou exemplificar para melhor entendimento: veja, em relação a produtos tangí-


veis, as nações produtoras de petróleo, por exemplo, têm uma vantagem comparativa
em produtos petroquímicos. O óleo produzido localmente fornece uma fonte barata de
material para os produtos químicos quando comparado a países sem reservas petrolí-
feras. Muitos dos ingredientes brutos são produzidos no processo de destilaria de óleo.

Como resultado, os Emirados Árabes tornaram-se competitivos com as empre-


sas de produção química dos EUA no início dos anos 1980. Os produtos petroquímicos
árabes são relativamente mais baratos, tornando o seu custo de oportunidade melhor
em relação a outros países.

Outro exemplo, mas agora relativo a serviços, são os call centers da Índia. Muitas
empresas ocidentais compram esse serviço porque a mão de obra e os custos são mais
baratos do que instalar o call center em seu país de origem.

Alguns clientes dessas empresas podem ter problemas de comunicação devido


a barreiras linguísticas com os representantes de call centers indianos, mas o serviço
oferecido é barato o suficiente para fazer a troca valer a pena às empresas que os
contratam. Essa teoria econômica foi originalmente aplicada ao comércio exterior, mas
ela pode ser aplicada a qualquer nível de negócios.

2.2 VANTAGEM COMPARATIVA


A teoria do comércio internacional, segundo Siqueira e Pinha (2011, p. 8),

83
surgiu com as ideias de Adam Smith sobre vantagens absolutas. Na
visão de Smith, para que duas nações comercializem entre si, de
forma voluntária, ambas devem ganhar. Isto ficou conhecido como
a Teoria das Vantagens Absolutas e postula que as nações deveriam
especializar-se na produção da commodity que produzissem com
maior vantagem absoluta e trocar parte de sua produção pela
commodity que produzissem com menor desvantagem absoluta.
Ou seja, para Smith, o comércio externo se baseava em diferenças
absolutas de custo de produção. Porém, essa teoria não explicava
totalmente as bases do comércio atual. Em 1817, David Ricardo
aprimorou o conceito de Adam Smith, desenvolvendo a Teoria das
Vantagens Comparativas.

DICA
Está curioso em saber mais sobre os principais aspectos da
vantagem comparativa? Acesse o QR Code e aprofunde-se
nesse tema!

Nas últimas décadas o Brasil tornou-se uma potência agroalimentar mundial. O


comércio agroalimentar brasileiro foi formado por vantagens comparativas de setores
agroalimentares específicos, como soja, café e carnes. Os países têm vantagens
comparativas em commodities com capacidade natural de produzir, como é o caso do
Brasil, o qual possui um clima propício para cultivar café, fornecendo aos agricultores
brasileiros uma vantagem na exportação cafeeira, por exemplo.

De acordo com Bonelli e Pinheiro (2015), o Brasil tem sido tradicionalmente


mais orientado para a exportação do que a maioria dos outros países latino-americanos
por causa de seu tamanho, vantagem comparativa decorrente da produção de bens
primários e, em períodos selecionados, da política econômica.

Segundo Marins (2015, s. p.), algumas vantagens (produtivas ou não) do Brasil


são estratégicas, como:

• não tem problemas étnicos ou religiosos sensíveis;


• não tem problemas de fronteira;
• é uma democracia constitucional consolidada;
• setor agropecuário e do agronegócio considerado um dos melhores do mundo;
• tem terra, sol e água em abundância para produzir alimentos, sem cataclismos
naturais, como terremotos, vulcões;
• tem um mercado interno pronto para consumir assim que as pessoas têm recursos;
• possui um único idioma.

84
Nesse caso, fica sempre a questão: por que as nações buscam incentivar as
exportações? A resposta é simples! Como em qualquer negócio, se não há venda, não
há receitas para cobrir as despesas. Sendo assim, a maioria dos países quer aumentar
as exportações.

As empresas nacionais querem vender mais e, quando já venderam tudo o que


puderam para a população de seu próprio país, querem vender no exterior. Sob essa
perspectiva, tais empresas ganham experiência na produção de bens e serviços, além
de conhecimento sobre como vender a mercados estrangeiros.

Figura 2 – Aumento das exportações

Fonte: https://shutr.bz/3JpH1fi. Acesso em: 26 ago. 2022.

Quanto mais um país exporta, maior é a sua vantagem competitiva. Os governos


incentivam as exportações porque elas aumentam os aspectos macroeconômicos com
o aumento do nível de empregos e de rendas, melhoria do padrão de vida dos residentes
e, é claro, aumento das receitas governamentais, por meio do recolhimento de impostos
e tributos.

As exportações também aumentam as reservas cambiais mantidas no banco


central de uma nação. Um país com grandes reservas pode usar isso para gerenciar
o valor de sua própria moeda e controlar as possíveis variações cambiais quando não
possui um câmbio fixo, como é o caso do Brasil.

Geralmente, os países utilizam de suas reservas cambiais para regular a sua


liquidez. Isso significa que eles têm a possibilidade de controlar melhor a inflação, que
é o resultado de muito dinheiro perseguindo poucos bens. Essas nações usam moeda
estrangeira para comprar a sua própria moeda, em um esforço de controle da inflação,
o que diminui a oferta de dinheiro, fazendo a moeda local valer mais.

85
É possível ter uma noção bem clara das características de exportação no âm-
bito brasileiro sob a ótica de Poyer e Roratto (2017) e, assim, você verá a importância de
estudar as exportações. Segundo os autores:

Embora o Brasil possua mais de 500 anos de história e as relações


de comércio internacional acompanhem o desenrolar desse tempo,
o comércio exterior brasileiro, tanto no passado como no presente,
ainda é pouco representativo quando comparado com os volumes
transacionados no mundo globalizado. O governo tem feito sua
parte, concede benefícios, elabora programas para o empresariado,
faz missões empresariais, mas o resultado não é significativo, pois
a carga tributária brasileira é muito alta, nossa estrutura logística
desanima qualquer empresa, nossa economia é instável, entre tantos
outros problemas que parecem nunca serão resolvidos. Por isso que
nossa participação no comércio internacional é pequena (POYER;
RORATTO, 2017, p. 22).

Nesse sentido, segundo Morella e Pamplona (2010), ainda é possível destacar


que as exportações permitem:

• A oportunidade de novos negócios. A diversificação de mercado e a integração


econômica transformaram o comércio exterior em uma atividade de muita importância
para o Brasil e o mundo.
• Às empresas e indústrias que querem ter excelência em seus produtos ou serviços
e que pretendem ser competitivas manterem-se atentas às tendências do mercado,
buscando, sempre, uma nova alternativa, mais eficiente e de menor custo de
produção, fornecimento e logística.
• O governo, por sua vez, alcança um lugar de prestígio no mercado internacional
por meio do auxílio nas questões burocráticas de financiamento e incentivo às
empresas nacionais, a fim de fazer essas empresas alcançarem o mercado mun-
dial, resultando no fortalecimento da economia nacional e na conquista de mer-
cados diversificados.

2.3 TRIBUTAÇÃO NO COMÉRCIO EXTERIOR


Segundo a CNI,

A complexa e elevada carga tributária sobre o comércio exterior e


a cumulatividade ao longo da cadeia produtiva geram aumento de
custos para as empresas brasileiras, que acabam exportando os
tributos embutidos no preço de seus produtos e serviços, reduzindo
a competitividade do país nos mercados externos (TRIBUTAÇÃO...,
2021, s. p.).

86
DICA
Acadêmico, você quer saber mais a respeito da tributação
no comércio exterior? Acesse o QR Code e aprofunde-se
no assunto!

Poyer e Roratto (2017, p. 21) enfatizam que “a política brasileira de exportações


se caracterizou, desde 1964, pela atuação do governo na concessão de incentivos e
benefícios fiscais e creditícios às exportações”. De acordo com os autores, para o
crescimento das exportações as políticas do Brasil, desde a década de 1960, foram
baseadas em incentivos fiscais e facilitação de crédito aos exportadores. Observe,
agora, no Quadro 1, quais são os principais produtos exportados pelo Brasil.

Quadro 1 – Principais produtos exportados pelo Brasil

Principais produtos exportados pelo Brasil em 2021 Valor FOB US$

1º Minério de ferro 42,2 bilhões

2º Soja 37,3 bilhões

3º Óleos brutos de petróleo 27,4 bilhões

4º Açúcares e melaços 8,5 bilhões

5º Carne bovina 7,4 bilhões

6º Farelos de soja 7,2 bilhões

7º Óleos combustíveis de petróleo 6,6 bilhões

Demais produtos – Indústria de


8º 6,4 bilhões
transformação

9º Carnes de aves 6,3 bilhões

10º Celulose 6,1 bilhões

Fonte: adaptado de ComexStat (2021 apud BUENO, 2022, s. p.).

87
Segundo o Siscomex, “Dentro do princípio de não exportar tributos, o governo
brasileiro tem procurado desonerar das exportações os tributos nacionais, permitindo às
empresas ofertarem seus produtos a preços mais competitivos no mercado internacio-
nal” (DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA..., 2022, s. p.). Assim, ainda de acordo com o Siscomex:

• O tratamento fiscal das exportações brasileiras segue a prática


mundial e busca a desoneração dos tributos indiretos sobre as
exportações. Dessa forma, a Constituição Federal de 1988 definiu
que não incidem sobre as exportações brasileiras o IPI (art. 153,
§3º, III), o ICMS (art. 155, §2º, X, “a”).
• As Contribuições Sociais e de Intervenção no Domínio Econômico,
tais como o Programa de Integração Social e o Programa de
Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e a
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS
(art. 149, §2º, I).
• Além de não incidirem sobre o faturamento das exportações, o ex-
portador mantém o direito ao crédito gerado pela incidência des-
ses tributos sobre a aquisição dos insumos empregados nos pro-
dutos exportados. Portanto, os valores correspondentes a esses
tributos não devem compor o preço do produto final exportado.
• A desoneração fiscal ao longo da cadeia produtiva tem importância
fundamental na composição final do preço de exportação. Por isso,
é aconselhável que o exportador acompanhe continuamente a
legislação referente ao assunto (DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA...,
2022, s. p.).

Poyer e Roratto (2017) esclarecem que a política brasileira para incentivo das ex-
portações é caracterizada pela desoneração de impostos, principalmente no valor do pro-
duto, não incidindo, assim, carga tributária às vendas destinadas ao mercado internacional.

IMPORTANTE
Veja, agora, quais são os dez principais países/parceiros comerciais com
as maiores participações nas exportações brasileiras:

1. China: US$ 87,696 bilhões (31,28%).


2. EUA: US$ 31,104 bilhões (11,09%).
3. Argentina: US$ 11,881 bilhões (4,24%).
4. Países Baixos (Holanda): US$ 9,304 bilhões (3,32%).
5. Chile: US$ 6,998 bilhões (2,50%).
6. Singapura: US$ 5,884 bilhões (2,10%).
7. México: US$ 5,559 bilhões (1,98%).
8. Coreia do Sul: US$ 5,536 bilhões (1,97%).
9. Japão: US$ 5,534 bilhões (1,97%).
10. Espanha: US$ 5,446 bilhões (1,94%)

Fonte: BALANÇA COMERCIAL: veja ranking dos principais parceiros do Brasil em


2021. G1 Economia, Rio de Janeiro, 4 jan. 2022. Disponível em: http://glo.bo/3yt-
c4Ao. Acesso em: 9 mar. 2023.

88
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• O profissional de comércio internacional e as empresas devem ser flexíveis no


momento de uma negociação internacional.

• As políticas econômicas brasileiras são direcionadas para fomentar as exportações,


pois esta área do comércio proporciona um saldo positivo na balança comercial.

• Vantagem comparativa significa que um país pode produzir determinado bem ou


serviço a um custo de oportunidade menor do que outro.

89
AUTOATIVIDADE
1 Os avanços da tecnologia permitem comunicações imediatas com as mais distintas
regiões do planeta, possibilitando que os mais diversos negócios sejam efetuados,
diariamente, com empresas de variados e distantes países. No passado, a indústria
nacional era protegida por barreiras que hoje já não existem. Isso faz com que
empresas estrangeiras possam concorrer com as empresas brasileiras dentro de
nosso próprio país. A internacionalização leva ao desenvolvimento da empresa, pois
a obriga a modernizar-se, seja para conquistar novos mercados, ou para preservar
as suas posições no mercado interno. As exportações de mercadorias e serviços
são muito importantes para a geração de divisas (reservas internacionais), ajudam
a balança comercial de um país e representam as importações e as exportações de
bens entre os países. Com relação à exportação de produtos e serviços, analise as
sentenças a seguir:

I- Exportar um produto é o ato de vender mercadoria e serviços para outro país, isto é,
além do território nacional e/ou de nossas fronteiras.
II- A exportação não é apenas uma meta de faturamento: ela é uma importante aliada
na estratégia para a empresa se tornar mais competitiva.
III- Fazer vendas ao exterior significa interagir com culturas, costumes, mercados
e regras diferentes das que uma empresa está habituada, trazendo diferencial
competitivo e potencial de ganhos às empresas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas
b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

2 As atividades de comércio exterior são diretamente relacionadas com a situação


econômica interna do país. As negociações de importação e exportação sofrem
diretamente a influência da taxa de câmbio. De acordo com a valorização ou a
desvalorização da nossa moeda, favorecerá as importações ou as exportações.
Acerca da influência econômica que as atividades de comércio exterior exercem
sobre o país, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O comércio exterior impacta na balança comercial e no Produto Interno Bruto.


( ) As importações geram melhores resultados para o país do que as exportações.
( ) As exportações contribuem para a geração de emprego e renda.
( ) O comércio exterior impacta somente na geração de impostos para o governo.

90
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) F – V – F – F.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) F – F – F – V.

3 Ao iniciar um processo de exportação, a empresa já possui um diferencial competitivo


em relação às empresas que não exportam. São muitas as vantagens em exportar, e,
em resumo, o resultado é a geração de maiores receitas e lucros. Além disso, com a
facilidade da tecnologia, hoje é muito mais simples efetuar transações comerciais em
qualquer lugar do mundo. Algumas vantagens das exportações são: diversificação
de mercados, aumento da produtividade, melhoria da qualidade do produto, ou seja,
vários são os motivos e os incentivos que as empresas dispõem para comercializar
seus produtos internacionalmente. Sobre esses motivos, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Os exportadores obtêm benefícios financeiros por meio de incentivos governa-


mentais nas isenções tributárias, como ICMS, IPI, dentre outros.
( ) As vendas no exterior devem ocupar toda capacidade produtiva da empresa para
apresentar números expressivos em seu balanço.
( ) Para manter o mercado competitivo, a empresa exportadora sempre deve inovar e
aprimorar seu produto.
( ) Oportunidade de novos mercados, oportunizando, assim, melhoria na margem de lucro.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) V – F – V – V.

91
92
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
ANÁLISE DE MERCADO PARA EXPORTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
No Tópico 2, vamos iniciar nossos estudos com uma reflexão sobre o planeja-
mento nas organizações que movimentam as transações comerciais no mercado exter-
no, com o objetivo geral de discutir a importância do planejamento nas exportações em
um ou vários mercados selecionados e a necessidade de analisá-lo como um processo,
contando, para tal, com o método de planejamento estratégico.

Neste tópico, veremos que exportar é a forma mais comum de empresas


entrarem em outros países e, geralmente, é a primeira fase do processo de comércio
exterior. A produção ocorre no mercado interno e os produtos vendidos e enviados para
o mercado externo.

Na realização do processo de exportação, veremos as exportações temporárias,


afinal, elas representam um regime aduaneiro especial, pelo qual uma mercadoria que está
em livre prática em um território aduaneiro está apta a ser exportada temporariamente,
para a sua transformação, elaboração ou reparo no exterior e, obrigatoriamente, é reim-
portada com o pagamento de impostos aduaneiros de importação sobre o valor agregado.

2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EXPORTAÇÃO


Agora, caro acadêmico, feito esse relato das características da exportação no
âmbito brasileiro, não poderia ficar de fora o planejamento estratégico para as empresas
com perfil exportador.

Sabe-se que o comércio mundial assumiu importância até então desconhecida


à comunidade ou aldeia global. Nas últimas décadas, o comércio tem sido conduzido
internacionalmente, mas o impacto dele sobre nações, empresas ou indivíduos nunca
foi tão extenso e simultâneo como é hoje. Dessa forma, um dos processos mais
importantes e complexos que uma empresa pode enfrentar é analisar a viabilidade para
ultrapassar as fronteiras de seu próprio país com o objetivo de competir, assim, em
um novo mercado. Desse modo, ao assumir essa decisão, muitos aspectos devem ser
levados em consideração.

Um plano de exportação, com certeza, te ajudará a entender os principais fatores,


restrições e finalidade em torno de seu esforço de conquistar o mercado internacional.
Sugerimos, a você, acadêmico, criatividade e inovação para criar objetivos específicos;
estabeleça cronogramas a todas as fases de implementação. A motivação da equipe,
certamente, contribuirá muito para o atingimento das metas.

93
Os planos estratégicos de exportação têm um objetivo principal: colocar e man-
ter nas exportações em um ou vários mercados selecionados, um produto específico.

Para fins desses planos, as exportações são definidas como o conjunto de


atividades necessárias para entrar, estabelecer, consolidar e crescer nos mercados
mundiais, por meio do uso otimizado de todos os recursos humanos, tecnológicos,
financeiros, produtivos, administrativos e de marketing com pelos quais uma empresa
é responsável.

O plano estratégico pode criar a intenção de uma cultura de exportação à em-


presa, partindo da vontade de exportar, projetar e coordenar as atividades necessárias
para atingir, de maneira ideal, um produto no mercado de um ou vários países previa-
mente selecionados.

Esse plano estratégico é capaz de criar, também, a intenção de uma cultura


de exportação à empresa, partindo da vontade de exportar, projetar e coordenar as
atividades necessárias para atingir, de maneira ideal, um produto no mercado de um ou
vários países, previamente selecionados.

Para complementar, algumas dicas importantes são:

• Seja realista, o próprio esforço de planejamento inicial gera, gradualmente, mais


informações e insights. À medida que você aprender mais sobre exportação e a
posição competitiva de sua empresa, o plano de exportação ficará mais detalhado.
Lembre-se que os objetivos para medir o sucesso de diferentes estratégias devem
ser comparados com os resultados reais. Não hesite em modificar o plano à medida
que informações adicionais e experiência forem adquiridas.
• Procure criar uma ferramenta de gerenciamento flexível e mantenha-se sempre
informado de como está o seu nicho de mercado e a conjuntura político-econômica
do país de destino. Um plano detalhado é recomendado às empresas as quais
pretendem exportar diretamente, ou seja, vender para um usuário final em outro país.
Se optar por operações de exportação indireta ou vender por meio do seu site ou por
site de terceiros/revendedores, você poderá utilizar planos estratégicos de negócios
de exportação menos elaborados e mais simples. 
       
O planejamento de exportação é a etapa fundamental para toda boa transação
de comércio exterior. É nessa hora que você tenta antever os principais obstáculos que
poderão surgir no seu caminho e de alguma forma se preparar para contorná-los.

De acordo com o Siscomex, “a primeira tarefa de uma empresa que pretende se


engajar no processo de exportação é refletir sobre os possíveis resultados decorrentes
da decisão de exportar” (DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA..., 2022, s. p.).

94
Ainda segundo o Siscomex, há algumas considerações importantes para quem
deseja começar a exportar, pois, a fim de ter vantagens, é necessário planejamento
(DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA..., 2022). Dessa forma, é necessário questionar-se: por
que exportar? O que exportar? Como fazer isso? Para onde?

Figura 3 – Planejamento no processo de exportação

Fonte: https://shutr.bz/3ZCWIW9. Acesso em: 31 ago. 2022.

A partir desses questionamentos, começaremos a procurar as respostas, mas,


antes, um fator muito importante a ser abordado é a internacionalização das empresas.
O que seria isso?

A internacionalização é o caminho que as empresas utilizam para realizar ativi-


dades de negócios no exterior, com vistas a complementar as vendas do mercado in-
terno. Tradicionalmente, para abordar os mercados internacionais, as empresas seguem
uma perspectiva baseada em processos. A internacionalização é um processo cada vez
mais importante na economia.

Na perspectiva de Magdin (2021), as exportações dão início a esse processo ao


colocarem em marcha a primeira fase da internacionalização dos negócios das empresas,
esperando tanto o crescimento quanto o desenvolvimento deles. Padrões precisam

95
ser cumpridos, métodos de produção aplicados, práticas de gestão e contabilidade
evoluídas, tudo para cumprir os acordos de parceiros e garantir que os produtos sejam
competitivos no mercado externo.

A internacionalização não afeta exclusivamente as grandes empresas, pois


as pequenas e médias também precisam fazê-lo. A internacionalização é crucial ao
crescimento e à sobrevivência delas, pois evita a concorrência doméstica e prossegue
na expansão do mercado, no entanto a internacionalização das PMEs em relação às
grandes empresas é diferente? Qual é a sua opinião sobre isso?

É importante lembrar que o tamanho das empresas não é decisivo para descartar
o desafio. Existem diferentes fórmulas para a internacionalização de negócios, no
entanto é uma decisão cujas questões, como maturidade do negócio ou conhecimento
intensivo do mercado que você quer entrar, são realmente importantes.

Existem diferentes tipos de entrada em mercados estrangeiros que também se


ajustam às particularidades dos diferentes tipos de sociedades. Ao embarcar em uma
aventura dessa magnitude, as empresas devem saber qual fórmula melhor adapta-se
aos seus objetivos e circunstâncias. As diferentes maneiras de internacionalizar são as
seguintes:

• Exportação: exportações indiretas, cooperativas e diretas.


• Acordos de associação ou cooperação: licenças e franquias.
• Investimento direto: subsidiárias de produção ou vendas por meio de joint ventures.

Seguir uma estratégia bem estabelecida é altamente recomendável para


que a internacionalização de uma empresa seja bem-sucedida. Uma boa estratégia,
normalmente, é dividida em três etapas: estudo preliminar, escolha de mercados e
execução da internacionalização.

Lembre-se, porém, que a internacionalização é mais do que uma expansão do


negócio do seu mercado local para o mercado externo. Levar produtos ao exterior não
é algo para ser feito de ânimo leve ou subestimado, na verdade, a internacionalização é
um processo que exige convicção, empenho e força de vontade.

A decisão de internacionalizar é uma das estratégias com mais impacto


em qualquer organização, bem como em todas as operações internas e externas e,
especialmente, na gestão. Os empresários, na crescente tendência exportadora, viram
ser um caminho de crescimento que abre portas. Nesse sentido, é interessante analisar
a exportação como sendo a primeira e mais fácil opção.

De acordo com o Connect Americas (2017), são inúmeras as razões pelas quais
uma empresa decide inserir os seus produtos no mercado internacional. Não é uma
tarefa difícil, mas como qualquer negócio requer preparação e treinamento para ser
bem-sucedido.

96
Um plano de negócios de exportação é uma ferramenta útil que permite ao
empresário saber como se posicionar frente ao mercado externo. Isso serve como um
instrumento para analisar antecipadamente quais os riscos que pode encontrar e mon-
tar um plano de contingência sob medida.

Esse plano permitirá, também, compreender melhor os mercados de destino,


desenvolver uma estratégia de exportação e ajudar a melhorar as relações com forne-
cedores e agentes de vendas ou entidades financeiras.

Um plano de exportação não tem uma estrutura predeterminada, pois varia


de acordo com os produtos, serviços e características particulares de cada empresa.
Segundo Connect Americas (2017, s. p., tradução e grifos nossos), todo plano de
exportação deve ter alguns pontos-chave, por exemplo:

• A descrição do negócio: é importante expor informações


detalhadas sobre a empresa. Em particular, uma descrição de sua
capacidade, experiência e habilidades para implementar o projeto.
Conforme é detalhado no seu negócio, também é recomendado
definir os pontos fortes e fracos da empresa e, além disso, incluir
os objetivos em longo e curto prazo, se houver histórico de um
plano de negócios de exportação, a estratégia de inserção no
mercado-alvo e a descrição do produto ou serviço. Este último
ponto deve abranger desde classificações tarifárias, descrição
dos segmentos de consumo e mercado, principais produtos
concorrentes, tecnologias, padrões de qualidade, adaptações
de produtos, custos e preços para o cliente até a pesquisa e o
desenvolvimento de novos produtos.
• Análise de mercado: qualquer plano de exportação deve
incluir para onde você deseja exportar e as características desse
mercado, o que inclui aspectos políticos, legais, econômicos e
socioculturais. É importante incluir uma descrição da indústria no
mercado a ser exportado, análise da concorrência, segmentação
de mercado e barreiras tarifárias.
• Recursos humanos: é de grande valia expor o capital humano
que a empresa tem para enfrentar o projeto de exportação. Qual-
quer informação relacionada às experiência e competitividade nos
diferentes aspectos do comércio exterior, estrutura organizacional
da empresa e área internacional é benéfica. Além disso, é impor-
tante detalhar se a sua empresa possui assessores externos na
área de comércio internacional bem como alianças estratégicas.
• Plano operacional: esta é a parte principal do plano de expor-
tação. Nesta seção, é definida uma estratégia de penetração no
mercado-alvo compatível com os objetivos em longo prazo da
empresa. Deve-se afirmar que é viável realizar a operação do pon-
to de vista administrativo, técnico, financeiro e comercial.

Há a necessidade de incluir tudo que é relacionado aos aspectos internacionais


das operações e da produção, conforme descrito no Quadro 2.

97
Quadro 2 – Aspectos internacionais das operações e da produção

ASPECTOS
ASPECTOS INTERNACIONAIS
PRODUTIVOS

• Preço de exportação e logística internacional. • Matérias-primas.


• Exigências formais para exportação/importação. • Qualidade e padrões.
• Barreiras tarifárias e não tarifárias. • Capacidade.
• Cotações (Incoterms). • Instalações.
• Contratos, formas de pagamento, negociações. • Localização.
• Embalagens, seguros – Promoção – Distribuição. • Mão de obra.
• Atividades de desenvolvimento de mercado – • Fornecedores.
Contatos no exterior. • Tecnologia.

Fonte: adaptado de Connect Americas (2017)

Sem sombra de dúvida, um plano de exportação é uma ferramenta fundamental


para que as empresas consigam inserir-se e integrar-se, cada vez mais e melhor, no co-
mércio exterior. No Brasil, muitas empresas possuem a maioria dessas informações, no
entanto a desorganização e a falta de experiência podem levar à expansão malsucedida
no mercado externo, porém o planejamento prévio e a elaboração adequada de um pla-
no não só ajudarão do ponto de vista comercial, mas também permitirão que a empresa
se autoavalie, gerando mais participação e conhecimento da operação. Como qualquer
instrumento de gestão, o planejamento estratégico para exportação deverá ser tanto
flexível quanto adaptável, permitindo a sua revisão à medida que as operações avancem.

INTERESSANTE
Todas as exportações contribuem como um todo ao
desenvolvimento do país, pois aumentam a entrada
de divisas, a criação e conservação de emprego e
renda, melhorando o aprimoramento do capital
humano, o desenvolvimento e crescimento das
empresas. Então, quer fazer uma reflexão a respeito
desse tema? Acesse o QR Code para acessar o site
Por que Exportar?, lá você encontrará um jogo sobre
o tema. Aprenda se divertindo!

98
3 EXPORTAÇÃO: CONHECENDO O MERCADO EXTERNO
Tornar-se um exportador poderá colocar as empresas no caminho certo à
sustentabilidade dos negócios, porém também arrisca ser um grande desafio começar e
alcançar o sucesso. Por meio dessa perspectiva, faz-se necessário analisar uma série de
fatores, desde a escolha do mercado-alvo certo até a logística bem como a adaptação
do produto, preços, questões alfandegárias e marketing.

Uma questão relevante que deve ser feita é: a sua empresa – ou a empresa
para a qual você trabalha – está pronta para exportar? Pois, não basta querer
vender os produtos internacionalmente, a organização também deve estar preparada a
esse novo empreendimento.

Embora os negócios de exportação sejam diferentes, todos compartilham certas


características, incluindo uma equipe de gerenciamento comprometida, capacidade de
produção e financeira. Assim, a longa lista de desafios parece intimidante, mas você e a
sua empresa terão a capacidade de a enfrentar por meio de medidas para preparar os
negócios e adotar uma abordagem estratégica.

De acordo com Bora (2021, s. p.), o mercado certo para exportar é aquele que ofe-
rece margens mais altas e conectividade perfeita. Ainda segundo a autora, os exportado-
res precisam garantir que a demanda seja consistente e que o mercado esteja crescendo.

É importante pensar em longo prazo. Ao invés de focar no principal país


importador, faz-se necessário considerar um país com um mercado comparativamente
menor, mas com potencial de mais crescimento. Existem diversos países para escolher
e encontrar o melhor mercado, mas tal ação requer uma séria consideração.

Independentemente de as empresas terem experiência anterior em exportação,


ou estarem entrando no mercado pela primeira vez, há riscos envolvidos na atividade.
É crucial que as empresas estabeleçam metas claras e estudem o mercado desejado,
antes de iniciar novas atividades de crescimento das vendas de exportação.

Veja o que esclarece o Siscomex a respeito da exportação e de conhecer o


mercado externo:

• A correta identificação de seu mercado-alvo é uma das eta-


pas mais importantes caso você deseje exportar de forma susten-
tável e segura. Esta etapa envolve outras questões que vão além
do preço praticado.
• A existência de barreiras comerciais: o risco comercial apre-
sentado pelo país em questão, o custo do frete, a perspectiva de
estabelecer relações comerciais duradouras e não só uma ven-
da eventual, as condições que podem contribuir para consolidar
o seu produto e marca no referido mercado, dentre outros, são
aspectos importantes a serem pensados.

99
• A pesquisa de mercado é um instrumento que capaz de
te ajudar no processo de identificação de seu mercado-alvo
(IDENTIFICANDO MERCADOS, 2022, s. p.).

Para que a entrada em um novo mercado seja interessante a uma empresa,


deve-se considerar os custos que tal ação representará, não apenas em curto prazo,
mas também em médio e longo prazos. Evidentemente, antes de iniciar uma política de
penetração comercial, é necessário encontrar um método de seleção de mercados que
permita minimizar os custos mencionados.

As empresas que decidem entrar no mercado externo encontram-se, do ponto


de vista teórico, diante de 180 possibilidades diferentes, ou seja, o número de países
os quais compõem a economia mundial. O primeiro problema sobre o qual empresa
deve refletir é decidir quais desses mercados atendem aos requisitos mínimos e têm
demanda suficiente para serem considerados interessantes e, assim, serem alvo de
uma investigação mais profunda.

Existem muitos fatores a serem considerados no momento de realizar um


projeto de exportação de sucesso, alguns são gerais para todos os negócios e outros
dependem do produto ou serviço, no entanto o certo é: devem estar disponíveis bases
de conhecimento que só podem ser obtidas por meio de rigorosa pesquisa de mercado.

Você poderia supor quais os fatores possíveis de serem detectados em uma


pesquisa mercadológica voltada ao mercado externo? Posso te adiantar que um desses
fatores se chama “distância cultural”, você sabe o que é isso?

A palavra “cultura” pode ser interpretada de muitas maneiras e, portanto, é im-


portante enfatizar o contexto a que se refere quando falamos de cultura. A interpretação
no comércio exterior sobre tal tema está baseada nos efeitos dele sobre as parcerias
comerciais. A cultura, portanto, representará crenças, normas e valores compartilhados
que dois parceiros comerciais possuem.

A distância cultural tem desempenhado um papel cada vez mais significativo no


comércio internacional. Na falta de informações sobre culturas de outros países, as em-
presas, muitas vezes, acham difícil entender o ambiente social, por exemplo, as crenças
e regras predominantes de determinada nação.

De acordo com Tonon (2020, s. p.), “a forma como nos comunicamos e inte-
ragimos com nossos fornecedores e clientes internacionais, bem como nosso com-
portamento diante deles, está diretamente ligada ao sucesso ou fracasso de uma ne-
gociação”. A autora ainda afirma: “no comércio internacional encontramos diferenças
culturais ‘gritantes’ entre países, e para que uma negociação possa ser bem-sucedida é
preciso fazer uso da Inteligência Cultural” (TONON, 2020, s. p.).

100
Observe, na Figura 4, algumas dicas e conceitos acerca da inteligência cultural
no comércio internacional.

Figura 4 – Inteligência cultural e comércio internacional

Fonte: adaptada de Tonon (2020, s. p.).

A figura apresenta um infográfico com cinco retângulos azuis interligados. No topo,


como título, está o retângulo cujo interior traz a expressão “Inteligência cultural e o
comércio internacional”. Ele liga-se, por meio de uma linha reta, a um retângulo à
esquerda que apresenta a frase “Utilizando do conhecimento para conquistar novos
mercados, novos fornecedores, novos clientes e novas parcerias”. Este retângulo,
assim como o do título, interliga-se a outros três retângulos que estão posicionados
lado a lado. O primeiro, à esquerda, apresenta a frase “Inteligência cultural nada mais
é do que conhecer as características de cada cultura e suas particularidades...”. O
segundo retângulo, no centro, apresenta a frase “... compreendendo e respeitando
as diferenças existentes entre um país e outro e o seu povo, seus valores, crenças,
tradições e costumes”. O terceiro retângulo, à direita, mostra a frase “É a capacidade
de se adaptar a tantas diferenças existentes, desenvolvendo, assim, habilidades de
interação e comunicação necessárias para conduzir uma negociação em qualquer
ambiente cultural”.

Porém, como se resguardar desses entraves? Segundo Tonon (2020, s. p.), a


inteligência cultural poderá ser desenvolvida por meio de:

• Conhecimento: conheça a cultura do país com quem está


negociando. Procure saber detalhes dos lugares, da política do país,
da religião, das normas, condutas, restrições, comportamentos
comerciais etc. Não tente negociar às cegas porque você poderá
correr alto risco de ser mal interpretado. Atente-se para as
particularidades de cada povo, de cada país.

101
• Consciência: em se tratando de uma negociação internacional,
você precisa ter consciência de que as diferenças culturais
influenciam as negociações internacionais e que precisa estar
atento ao seu comportamento, à sua comunicação e à forma
como toma decisões importantes em um ambiente diferente do
seu, em situações inusitadas. Atente-se para as características
e traços das pessoas com quem esteja fazendo contato e tenha
consciência que uma negociação é uma via de mão dupla. Você
não poderá nem ser firme demais em suas convicções, nem ceder
demais. O que precisará é ter consciência das diferenças, aceitá-
las, respeitá-las acima de tudo e ter o famoso “jogo de cintura”.
Simplesmente analisar o contexto como um todo e conduzir a
negociação de forma inteligente e perspicaz.
• Habilidade: tenha a habilidade em usar o conhecimento adquirido
para um benefício maior. Não coloque tudo a perder por uma
atitude ou gesto impensado ou um tom de voz ríspido. Tenha a
capacidade de fazer algo em situações críticas, de modo a não
comprometer o seu negócio. Nunca desrespeite ou ofenda o
modo de pensar e agir do outro. Fique atento a certas sutilezas
existentes no comportamento e no modo de se comunicar, pois
essas sutilezas costumam fornecer informações preciosas e
decisivas em uma negociação.

Por isso, uma boa pesquisa é fundamental para conhecer o país de destino,
bem como as suas características.

Veja, no Quadro 3, dois exemplos práticos de como é importante conhecer o


mercado externo. Os selos/certificações halal e kosher são frequentemente
utilizados no contexto de carnes e laticínios. Esses termos referem-se ao que é
permitido pelas leis religiosas islâmicas e judaicas, respectivamente.

Quadro 3 – Selo islâmico Halal

CERTIFICAÇÃO HALAL O QUE É?

Halal é uma palavra árabe que significa


“permitido”. Um produto com a certificação
halal indica ser permitido ou aceitável se-
gundo as leis islâmicas. Para que os produ-
tos recebam essa certificação, eles devem
ser de origem aceitável, como vaca ou fran-
go, e abatidos de acordo com essas leis.

Oferecer produtos certificados halal per-


mite que os consumidores muçulmanos
tenham certeza de que os produtos os
quais consomem estão alinhados com as
Fonte: https://cutt.ly/K4RlhWt. Acesso em: 31
ago. 2022. suas cultura e crenças.

Fonte: o autor

102
Quadro 4 – Selo Judaico Kosher

CERTIFICAÇÃO KOSHER O QUE É?

A palavra kosher significa apropriado ou acei-


tável e entrou informalmente no idioma in-
glês com esse significado, mas as leis kosher
têm sua origem na Bíblia e são detalhadas no
Talmud bem como nos outros códigos das
tradições judaicas. Eles foram aplicados, ao
longo dos séculos, às situações em constan-
te mudança, essas regras, antigas e moder-
nas, regem a certificação kosher.

A Bíblia lista as categorias básicas de alimen-


tos que não são kosher. Estes incluem certos
animais, aves e peixes (como porco e coelho,
águia e coruja, peixe-gato e esturjão), a maio-
ria dos insetos e qualquer marisco ou réptil.
Além disso, as espécies kosher de carne e
aves devem ser abatidas de maneira prescrita,
Fonte: https://cutt.ly/x4Rl3Qi. Acesso em: 31
carne e produtos lácteos não podem ser fabri-
ago. 2022. cados ou consumidos juntos.

Fonte: o autor

No caso do selo Halal – cujo nosso país é um dos principais exportadores – de


acordo com o Siscomex, “é um documento fiel de garantia emitido por uma instituição
certificadora Halal reconhecida por países islâmicos, para atestar que a empresas,
processo e produtos seguem os requisitos legais e critérios determinados pela
jurisprudência islâmica (Sharia)” (CERTIFICAÇÃO HALAL, 2022, s. p.).

Veja a importância desse selo/certificação para quem deseja inserir-se no


mercado islâmico:

Atualmente a população islâmica no mundo situa-se em torno


de 1,6 bilhão de habitantes, correspondentes a cerca de 22% da
população mundial.
Estima-se que será a religião com maior crescimento nas próximas
quatro décadas, devendo atingir cerca 2,8 bilhões fiéis em 2050 e
cerca 30% da população mundial.
Um percentual considerável da população dos países da União
Europeia atualmente é composto por muçulmanos como, por
exemplo, 5,8% da população da Alemanha, 7,5% da população da
França, 4,8% da população do Reino Unido.
Ao contrário do que muitos pensam, a maior parte da população
islâmica do mundo não está situada no Oriente Médio. Atualmente,

103
o maior país islâmico do mundo é a Indonésia, com cerca de 250
milhões de habitantes, dos quais cerca de 90% são muçulmanos.
Após a Indonésia, os maiores países islâmicos são Bangladesh,
Paquistão, Turquia e Irã e Egito. Entre os países citados, o único que
é um país árabe é o Egito.
Os países que integram a Liga dos Estados Árabes são 22 países,
situados predominantemente no Oriente Médio e Norte da África,
com uma população total que supera 380 milhões de habitantes, em
sua maioria, muçulmanos.
Trata-se de um vasto mercado a ser conquistado e está certificação
agrega ao produto vantagens competitivas tanto no curto como no
longo prazo, quando se considera o crescimento projetado deste
mercado (CERTIFICAÇÃO HALAL, 2022, s. p.).

A cultura de um país é o conhecimento, as crenças, os valores, os compor-


tamentos e as formas de pensar compartilhados pelos membros de uma sociedade.
Ela também é intangível, difundida, mas difícil de aprender, portanto as organizações
devem respeitá-la e compreendê-la. As culturas evoluem e mudam, o que é mais um
motivo para se manter em constante atualização em relação a elas.

Como as empresas exportadoras aprendem a conviver com outras culturas?


Simples, o primeiro passo é entender que existem culturas diferentes das suas, então,
as organizações precisam dar um passo além e aprender essas características, a fim de
se adaptar a elas.

DICA
Olá, caro acadêmico! Que tal uma pausa na leitura?
Preparamos um podcast bem interessante, especialmente
para você, no qual falaremos de distância cultural. Para
ouvir, basta acessar o QR Code e apertar o play!

3.1 EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS


Agora, você é capaz de perceber que, antes de dar o salto para o exterior, toda
empresa precisa conhecer a fundo o mercado o qual deseja atender. Visando a garantir
o sucesso do produto em um país específico, informações de mercado precisas e
atualizadas devem estar disponíveis, o que permitirá a melhor análise de investimento.
A exportação envolve múltiplos fatores que devem se unir para entregar um produto
competitivo em condições ideais.

104
Reforçando, sempre, o seguinte: para entrar, com sucesso, em um novo mercado,
é importante considerar os custos em curto, médio e longo prazos. Faz-se necessário en-
contrar um método de seleção dos mercados que permita minimizar os custos e esforços.

A internacionalização é uma grande oportunidade ao crescimento do negócio,


mas também é um grande desafio, portanto uma estratégia bem-sucedida bem como
informações do mercado-alvo são essenciais à inserção no comércio exterior.

As exportações representam uma das mais antigas maneiras de transferência


econômica, ocorrendo em larga escala entre as nações. A exportação, se atingir novos
mercados, pode aumentar as vendas e os lucros e, até mesmo, representar uma
oportunidade de conquistar uma fatia significativa do mercado global.

As exportações de produtos reduzem a dependência do mercado interno,


além de protegê-lo das sazonalidades de mercado, no entanto, o que deve ser levado
em consideração para exportar um produto? Você precisará considerar os seguintes
fatores, a fim de analisar e priorizar os potenciais mercados de exportação:

• Características do mercado: tamanho, crescimento, setores, tendências sazonais


e questões de qualidade.
• Ambiente competitivo: quem são os seus concorrentes, são locais ou estrangeiros?
Qual será o desafio de distribuir o seu produto? Ou existem barreiras para os recém-
chegados ao mercado?
• Condições financeiras e econômicas: práticas de preços, condições de pagamento,
tarifas e outras barreiras ao comércio, além do impacto de situações geopolíticas. A
taxa de câmbio e a estabilidade da moeda também são fatores que, obviamente,
precisam ser considerados.
• Fatores culturais, políticos e legais: o idioma é uma consideração cultural
fundamental, mas a estabilidade política e o sistema legal local também devem ser
considerados bem como a legislação ambiental do consumidor e o investimento
estrangeiro, os procedimentos de registro e licenciamento, as leis trabalhistas locais
e a proteção de propriedade intelectual.

Segundo Bueno (2023, s. p.), “para exportar é preciso estar atento no mercado
internacional e a empresa precisa estar dentro da legalidade, além disso a empresa
precisa estar habilitada no Portal Siscomex, para que a Receita Federal possa acompanhar
como a empresa está dentro do Comércio Internacional”. Mais do que isso, afirma a
autora, a empresa necessita conhecer fortemente todas as etapas de exportação e,
assim, estar bem-preparada para realizar tal atividade.

De acordo com Bueno (2023, s. p., grifo nosso), as etapas para exportação de
produtos devem seguir este passo a passo:

105
• Juntar a documentação necessária.
• Elaborar uma estratégia integrada.
• Fazer cadastro no Siscomex.
• Conhecer os Incoterms.
• Explorar os incentivos fiscais.
• Diferenciar o produto.
• Realizar follow-up após o embarque.

INTERESSANTE
As exportações de produtos influenciam o fluxo comercial
de um país e podem impactar a economia dele e toda a
economia global. Se você estiver interessado em saber
mais acerca do sistema de comércio exterior (Siscomex)
brasileiro, basta acessar o QR Code . No comércio exterior,
o tamanho de uma empresa não é mais tão significativo.
De fato, ela deve assumir sérios compromissos para
atingir esse objetivo, assim como pesquisar e explorar
novos mercados, planejar cuidadosamente e seguir uma
estratégia de vendas clara.

Deve-se notar, aqui, que exportar requer o mesmo esforço de qualquer outra
iniciativa comercial, a diferença é: o seu mercado potencial, acadêmico, está crescendo,
mas os concorrentes e as exigências de qualidade e preço dos produtos também estão.

Vale ressaltar que os exportadores nunca terão um produto perfeito, afinal,


os produtos estarão sempre à mercê de pressões competitivas, de mudanças nas
preferências do mercado e de novas tecnologias emergentes. O sucesso depende tanto
da compreensão quanto da antecipação da mudança, pela melhoria contínua.

Figura 5 – Novos mercados

Fonte: https://shutr.bz/3yqNFvx. Acesso em: 26 ago. 2022.

106
O desenvolvimento de produtos para novos mercados internacionais é um pro-
cesso contínuo. Manter-se competitivo e aumentar as vendas no comércio internacio-
nal significa investir no desenvolvimento, assim como na adaptação de novos produtos.
Esse investimento garante que os produtos atendam às regulamentações, necessida-
des e expectativas dos novos mercados, posicionando melhor o empreendimento em
direção ao sucesso.

Desenvolvimento e adaptação de produtos é o processo permanente de trazer


mercadorias a um novo mercado à medida que elas se movem ao longo do ciclo de vida,
por exemplo: substituir produtos descontinuados por novos ou adaptados. Diferentes
tipos de produtos podem servir a diferentes propósitos, bem como produtos inovadores
são um meio de entrar em um mercado existente.

A exportação é a forma mais tradicional e consolidada de estratégias de entrada


no mercado. Simplificando: refere-se à comercialização de bens produzidos em um país
para outro. Embora a exportação não exija fabricação direta em um país estrangeiro,
a exportação bem-sucedida garante a necessidade de investimentos significativos.
Segundo o Siscomex:

Para exportar, a empresa eventualmente precisará realizar ade-


quações ao seu produto, que podem ser necessárias para atender
exigências técnicas do mercado, condições de transporte, agregar
valor e vantagens competitivas, proporcionar uma melhor comuni-
cação com o consumidor e, assim, obter maior acesso ao mercado,
acompanhar a elevação dos padrões técnicos em constante evo-
lução, manter-se à frente da concorrência, dentre outros fatores
(PROMOVENDO OS PRODUTOS 2022, s. p.).

Há considerável redução da carga tributária para quem exporta produtos, sendo


possível compensar o pagamento de tributos nacionais por meio das operações de
exportação. Sabe o porquê? Segundo Sebrae-BA ([20--], p. 8), os motivos são:

• Receitas obtidas por meio de atividades relacionadas à exporta-


ção ficam isentas da contribuição com o Programa de Integração
Social (PIS) e com o Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PASEP).
• Qualquer produto ou serviço exportado não terá nenhum tipo de
incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
• Receitas advindas de atividades de exportação de produtos
industrializados, prestação de serviços, produtos primários ou
produtos semielaborados ficam isentas do Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
• Receitas provenientes de exportação também ficam isentas
na determinação da base de cálculo da Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

107
De acordo com a International Trade Administration (ITA, 2016), selecionar e
preparar o seu produto à exportação requer não apenas conhecimento do produto, mas
também conhecimento das características únicas de cada mercado-alvo. Pesquisas de
mercado e contatos com parceiros estrangeiros, compradores, clientes e outros devem
dar à sua empresa uma ideia de quais produtos podem ser vendidos e onde.

Antes que a venda possa ocorrer, a sua empresa, talvez, precisaria modificar de-
terminado produto para satisfazer os gostos do comprador, as necessidades em mer-
cados estrangeiros ou os requisitos legais do destino estrangeiro, no entanto, até que
ponto a sua empresa estará disposta a modificar os produtos vendidos para os mercados
de exportação, é uma questão política fundamental a ser abordada pela administração.

Alguns exportadores acreditam que os seus produtos domésticos podem ser


exportados sem mudanças significativas. Outros procuram desenvolver consciente-
mente produtos uniformes aceitáveis ​​em todos os mercados. É muito importante fazer
pesquisas e ter certeza da estratégia certa a ser seguida. Por exemplo, você pode pre-
cisar reprojetar um produto elétrico, a fim de que ele funcione em uma voltagem espe-
cífica em determinados países ou reprojetar a embalagem para atender aos padrões de
rotulagem ou às preferências culturais.

Então, nunca esqueça que a adaptação do produto é o processo de modificação


de uma mercadoria existente para que ela seja adequada a diferentes clientes ou
mercados. Uma estratégia de adaptação é particularmente importante às empresas as
quais exportam os seus produtos, porque ela garante que a mercadoria atenderá aos
requisitos culturais e regulatórios locais.

Figura 6 – Estratégias para modificação de produto

Fonte: https://shutr.bz/3YDJHdq. Acesso em: 26 ago. 2022.

108
A adaptação também é fundamental a empresas que desejam lançar novos
produtos, mas não têm recursos ou fundos para desenvolver itens completamente
novos. Existem quatro fatores principais que costumam exigir a adaptação do produto:
cultura, desenvolvimento de mercado, concorrência e legislação.

As atividades de exportação proporcionam oportunidades significativas de


crescimento para as empresas, pois, além de produzir/vender ao mercado domésti-
co, começarão a produzir e a vender para o mercado exterior, o que, por conseguinte,
provocará o aumento da produção bem como a expansão das maneiras de produção e
comercialização.

Pense sempre na competição! Pois a adaptação do produto também é


uma estratégia importante para lidar com ameaças competitivas. Se os concorrentes
lançarem novos produtos que superem a sua oferta, eles serão capazes de tirar a sua
participação de mercado.

Para definir prioridades à adaptação do produto, você deve equilibrar as neces-


sidades do cliente e do mercado com o custo de desenvolvimento e com o provável
retorno do seu investimento. Uma empresa precisa sempre utilizar de uma estratégia
voltada a adequar rapidamente os produtos existentes a diferentes mercados, ajudando
a reduzir os custos de desenvolvimento e a acelerar a introdução de novos produtos.

3.2 EXPORTAÇÕES DE SERVIÇOS


O que são serviços e como ele são exportados? Não existe uma definição
universal de comércio de serviços. Eles são as partes não físicas e intangíveis da nossa
economia, em oposição aos bens, os quais podemos tocar ou manusear.

Devido, contudo, à ausência de uma definição universal, afirma González


(2021), a OMC (Organização Mundial do Comércio) estabelecida no Acordo Geral sobre
o Comércio de Serviços (GATS), em 1995, definiu quando acontece uma transação
internacional de serviços. Dessa forma, os países que fazem parte da OMC chegaram
a um conceito que, desde então, está sendo aceito internacionalmente e que, depois,
formou a base das negociações da OMC.

Essa organização estabeleceu o seguinte: o comércio exterior de serviços ocor-


re de forma radicalmente diferente do comércio de mercadorias e, também, as restri-
ções e barreiras que o afetam são substancialmente diferentes do comércio exterior de
bens físicos.

A esse respeito, a OMC estabeleceu que, ao contrário do comércio de mercado-


rias, o comércio de serviços envolve muito mais do que uma simples passagem “física”
de fronteiras, porque compreende mais de uma forma ou modo pelo qual é possível

109
prestar serviços em um ambiente internacional (GONZÁLEZ, 2021). De acordo com o Mi-
nistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a Secretaria de Comércio
e Serviços:

No sentido mais abrangente, adotado pela Organização Mundial do


Comércio – OMC, a exportação de serviços compreende diferentes
situações envolvendo a transposição de fronteiras, seja do serviço,
seja do consumidor ou da pessoa física prestadora do serviço,
seja mediante estabelecimento de presença comercial no exterior
da própria empresa prestadora do serviço. Estas situações são
denominadas modos de prestação de serviços (BRASIL, 2014, p. 7).

As quatro formas pelas quais um serviço pode ser prestado ou comercializado


internacionalmente – os modos de prestação dele – estão descritas no Quadro 5.

Quadro 5 – Modos de prestação de serviços

MODO CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS

• Serviço vendido via internet por em-


presa brasileira à empresa domiciliada
no exterior.
1 COMÉRCIO TRANSFRONTEIRIÇO

• Serviços de corretagem de ações pres-


tados a cliente residente ou domiciliado
no exterior efetuados por empresa cor-
Serviço prestado do ter-
retora domiciliada no Brasil.
ritório de um país ao ter-
• Serviços de projeto e desenvolvimento
ritório de outro país por
de estruturas e conteúdo de páginas ele-
residente ou domiciliado
trônicas realizados no Brasil para cliente
no Brasil a residente ou
residente ou domiciliado no exterior.
domiciliado no exterior.
• Serviços de transporte internacional de
cargas prestados por empresa domiciliada
no Brasil à empresa domiciliada no exterior.
• Serviços de transporte internacional de
passageiros prestados por empresa domi-
ciliada no Brasil a residentes no exterior.
2 CONSUMO NO BRASIL

• Serviços educacionais presenciais pres-


tados no Brasil a residente no exterior.
Serviço prestado por re-
• Capacitação no Brasil de funcionários de
sidente ou domiciliado no
pessoa jurídica domiciliada no exterior.
Brasil e consumido no terri-
• Envio de equipamento de empresa es-
tório brasileiro por residente
trangeira para reparo no Brasil.
ou domiciliado no exterior.
• Serviços médicos especializados pres-
tados no Brasil a residente no exterior.

110
• Filial de empresa brasileira de construção

COMERCIAL NO
Consiste na prestação de estabelecida no exterior para execução
3 PRESENÇA

EXTERIOR
serviço por pessoa jurídica de obra.
domiciliada no exterior re- • Filiais bancárias, no exterior, de banco
lacionada a uma pessoa ju- brasileiro.
rídica domiciliada no Brasil. • Controlada de empresa brasileira de
comércio varejista no exterior.
4. MOVIMENTO TEMPORÁRIO

• Arquiteto residente no Brasil desloca-se


para desenvolver projeto de arquitetura
DE PESSOAS FÍSICAS

Residentes no Brasil des- no exterior.


locam-se por tempo limi- • Empreiteiras domiciliadas no Brasil en-
tado ao exterior com vis- viam trabalhadores que mantêm vínculo
tas a prestar um serviço a empregatício no Brasil para construção
residente ou domiciliado de uma rodovia no exterior.
no exterior. • Advogado residente no Brasil desloca-se
para o exterior, a fim de prestar consul-
toria jurídica.

Fonte: adaptado de Brasil (2014).

De acordo com a OECD (SERVICES TRADE..., 2023), os serviços são uma parte
importante da economia global, gerando mais de 2/3 do Produto Interno Bruto (PIB)
global, atraindo mais de 3/4 do investimento estrangeiro direto nas economias avan-
çadas ao empregar a maioria dos trabalhadores e criar, globalmente, a maioria dos
novos empregos.

A Organização Mundial do Comércio (SERVICES TRADE, 2023) afirma que os


recentes avanços tecnológicos facilitaram a prestação de serviços além-fronteiras,
abrindo, assim, novas oportunidades para as economias nacionais e para os indivíduos.
Embora cada vez mais comercializados por direito próprio, os serviços também servem
como insumos cruciais à produção de bens e mais:

• Variando de comunicações a transporte, finanças, educação, turismo e serviços


ambientais, o setor de serviços tornou-se a espinha dorsal da economia global e o
componente mais dinâmico do comércio internacional.
• Em termos de valor acrescentado, os serviços representam cerca de 50% do
comércio mundial.
• As políticas de comércio de serviços são um importante determinante do investi-
mento estrangeiro direto, da participação nas cadeias globais de valor, da produtivi-
dade e das exportações de produtos manufaturados (SERVICES TRADE, 2023).

111
As exportações de serviços são uma importante tendência emergente no
comércio global. Muitas exportações de produtos manufaturados tradicionais contêm
cada vez mais tecnologia que requer instalação, solução de problemas, manutenção e
reparos. O aumento dessas exportações é resultado natural do crescimento contínuo da
economia, assim, não existe um setor de serviços, mas muitos serviços com diferentes
modelos de negócios, desafios de concorrência e marcos regulatórios (SERVICES
TRADE..., 2023).

IMPORTANTE
No Brasil, a formulação e a execução das políticas de
comércio exterior são de competência do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Existe na estrutura do MDIC uma Secretaria para tratar
de assuntos relacionados especificamente ao setor de
serviços, a Secretaria de Comércio e Serviços – SCS. A
SCS possui, dentre outras, a incumbência de formular,
coordenar, implementar, avaliar políticas públicas e
estabelecer normas para o desenvolvimento do sistema
produtivo nas áreas de comércio e de serviços, tanto
no mercado doméstico quanto no mercado externo.
Está interessado em saber mais do assunto? É simples:
acesse o QR Code para se aprofundar .

3.3 EXPORTAÇÕES TEMPORÁRIAS


De acordo com o conceito estabelecido pela Associação Latino-Americana de
Integração, trata-se de regime aduaneiro destinado a facilitar a reimportação total ou
parcialmente isenta de direitos e taxas de importação de mercadorias exportadas com
suspensão, se for o caso, de taxas e impostos de exportação (EXPORTACIÓN TEMPO-
RAL, 2023). Há a possibilidade de exigir que as mercadorias sejam exportadas para uma
finalidade específica e reimportadas dentro de um prazo determinado.

Conceituando a exportação temporária, segundo a Convenção de Quioto (2006),


estabelece que a exportação temporária (de mercadorias) para aperfeiçoamento pas-
sivo é um regime aduaneiro segundo o qual as mercadorias em livre prática em um
território aduaneiro podem ser exportadas temporariamente para fabricação, proces-
samento ou reparo no exterior e, depois, reimportadas com isenção total ou parcial de
direitos de importação e impostos.

Sendo assim, é possível definir que se trata de um tipo de regime aduaneiro


destinado a facilitar a reimportação de mercadorias anteriormente exportadas em
caráter temporário, sem o pagamento total ou parcial dos direitos aduaneiros e demais
tributos que lhes corresponderiam, caso fossem importados sob o regime normal.
112
No Brasil, “considera-se a exportação temporária a saída do País de mercadoria
nacional ou nacionalizada, condicionando à reimportação em prazo determinado, no
mesmo estado ou após submetida a processo de conserto, reparo ou restauração”
(EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA, 2022, s. p.), onde esse regime pode ser aplicado em:

• Mercadorias destinadas a feiras, competições esportivas ou exposições, no exterior.


• Produtos manufaturados e acabados, inclusive para conserto, reparo ou restauração
ao seu uso ou funcionamento.
• Animais reprodutores para cobertura, em estação de monta, com retorno cheia, no
caso de fêmea, ou com cria ao pé bem como animais para outras finalidades.
• Veículos para uso de seu proprietário ou possuidor.
• Podendo ainda ser concedido, em caso de conveniência ao país, a:
◦ minérios de metais a fins de recuperação ou beneficiamento;
◦ matérias-primas ou insumos para fins de beneficiamento ou transformação.

Ainda conforme o Siscomex, existe outra possibilidade de exportação tempo-


rária cuja finalidade é o aperfeiçoamento passivo das empresas e que se constitui em:

Um sistema que permite a saída do País por tempo determinado, de


mercadoria nacional ou nacionalizada, para ser submetida à operação
de transformação, elaboração, beneficiamento ou montagem
no exterior e sua reimportação na forma de produto resultante
dessas operações, com pagamento do imposto incidente sobre o
valor agregado, quer dizer, são exigíveis os tributos incidentes na
importação dos materiais e serviços empregados naquelas operações
(EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA, 2022, s. p.).

Nesse regime, o bem permanece no exterior por determinado período de tem-


po e retorna ao território nacional. Esta alternativa implica uma série de formalidades
que devem ser conhecidas para evitar qualquer contratempo e, por isso, são imedia-
tamente colocadas como questões a serem ser consideradas.

Em ambos os casos, porém, não podemos deixar de averiguar quais são os


parâmetros legais da Receita Federal. Então, veja o que preconiza este órgão federativo
a respeito das exportações temporárias:

O regime de exportação temporária é o que permite a saída, do


País, com suspensão do pagamento do imposto de exportação, de
mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada à reimportação
em prazo determinado, no mesmo estado em que foi exportada
(Decreto-lei nº 37, de 1966, art. 92, caput; Regulamento Aduaneiro,
art. 431; IN RFB nº 1.600, de 2015, art. 90);
O regime será aplicado aos bens relacionados em ato normativo
da RFB e aos exportados temporariamente ao amparo de acordos
internacionais. (Regulamento Aduaneiro, art. 432);
A IN RFB nº 1.600, de 2015, disciplina a aplicação e o controle do regime
aduaneiro especial de exportação temporária, definindo as hipóteses
de aplicação do regime e os procedimentos para a concessão,
prorrogação, extinção e controle (Regulamento Aduaneiro, art. 448)
(BRASIL, 2020, p. 1).

113
Com relação à suspensão do pagamento do imposto de exportação, de acordo
com o “Manual de Exportação Temporária”,

As exportações amparadas pelos regimes aduaneiros especiais de


exportação temporária e exportação temporária para aperfeiçoamento
passivo encontram-se dentro do campo de incidência dos tributos
sobre o comércio exterior, não obstante a exigibilidade do pagamento
dos tributos permaneça suspensa
Ressalte-se que, embora não seja comum, as exportações de
determinadas mercadorias estão sujeitas à incidência do Imposto de
Exportação (Decreto-Lei nº 1.578, de 1977, art. 1º, caput).
Imposto de Exportação incidente sobre as exportações de tais
mercadorias fica com sua exigibilidade suspensa.
Outro incentivo do regime é o retorno ao país dos bens ou mercadorias
na condição de não incidência, ou seja, sem o pagamento dos tributos
incidentes na operação de importação, desde que bens retornem no
mesmo estado em que foram exportados (BRASIL, 2020, p. 1) .

DICA
Enquanto não for publicada a nova versão do “Manual de
Exportação Temporária” da Receita Federal do Brasil, cujas
alterações foram promovidas pela Instrução Normativa RFB
nº 1.989 de 2020, acesse o QR Code para ter acesso ao
manual simplificado .

114
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• A importância do planejamento estratégico nas comercializações internacionais.

• O planejamento estratégico para exportação deverá ser tanto flexível quanto


adaptável, permitindo a sua revisão à medida que as operações avancem.

• A internacionalização é o caminho que as empresas utilizam para realizar atividades


de negócios no exterior com vistas a complementar as vendas do mercado interno.

• As diferenças culturais, hábitos e comportamentos devem ser respeitados

115
AUTOATIVIDADE
1 O Brasil tem sido, tradicionalmente, mais orientado para a exportação do que a
maioria dos outros países latino-americanos por causa de seu tamanho, da sua
vantagem comparativa decorrente da produção de bens primários e, em períodos
selecionados, da política econômica (BONELLI; PINHEIRO, 2015). Algumas vantagens,
no contexto brasileiro, são estratégicas, sendo elas produtivas ou não. A partir desse
embasamento, assinale V para verdadeiro e F para falso.

Fonte: BONELLI, R.; PINHEIRO, A. C. New export activities


in Brazil: comparative advantage, policy or self-discovery?
Washington, DC: Inter-American Development Bank, 2015.

( ) O Brasil tem um mercado interno com alto poder aquisitivo, pronto para consumir
assim que as pessoas adquirem um bom conhecimento dos produtos chineses.
( ) Não tem problemas étnicos ou religiosos sensíveis bem como não tem problemas
de fronteira.
( ) Tem um setor agropecuário e do agronegócio considerado um dos melhores do
mundo. Terra, sol e água em abundância para produzir alimentos.
( ) É uma democracia constitucional consolidada com diversas fluências de idioma
cuja predominância é o inglês americano.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – F – V – F.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – V – V – F.
d) ( ) V – F – V – F.
e) ( ) F – F – F – V.

2 São inúmeras as razões pelas quais uma empresa decide inserir os seus produtos
no mercado internacional. Não é uma tarefa difícil, mas, como qualquer negócio,
requer preparação e treinamento para ser bem-sucedido. Os planos estratégicos de
exportação têm um objetivo principal, ou seja, colocar e manter nas exportações em
um ou vários mercados selecionados, um produto específico. A partir desse contexto,
e para fins desses planos, as exportações são definidas como sendo o conjunto de
atividades necessárias para:

a) ( ) Se inserir no comércio internacional por meio de bens e serviços comprados pe-


los residentes de um país que são produzidos por uma nação estrangeira, onde
a combinação com as importações compõem a balança comercial de um país.

116
b) ( ) Que a maioria dos países aumentem as suas vendas por meios das indústrias
nacionais e, dessa forma, adquiram experiência na produção de bens e
serviços, ganhando os conhecimentos necessários a respeito de como vender
a mercados estrangeiros.
c) ( ) Melhorar o processo pelo qual empresas de um país vendem os seus bens e
serviços para empresas ou consumidores em um país diferente, trocando
energia e recursos naturais, matérias-primas (como alimentos ou têxteis) e
produtos de consumo acabados (como eletrônicos).
d) ( ) Entrar, estabelecer, consolidar e crescer nos mercados mundiais, por meio do uso
otimizado de todos os recursos humanos, tecnológicos, financeiros, produtivos,
administrativos e de marketing pelos quais uma empresa é responsável.
e) ( ) Descobrir quais países têm maior potencial para vender os seus produtos, o
que significa entender quais tipos de produtos os consumidores de um país
estrangeiro estão interessados bem como qual a concorrência existente no
mercado internacional.

3 A palavra “cultura” pode ser interpretada de muitas maneiras e, portanto, é importante


enfatizar o contexto a que se refere quando se fala nela. Ao discutir a cultura,
a interpretação dela no comércio exterior está baseada em seus efeitos sobre as
parcerias comerciais. De acordo com o exposto, a distância cultural/cultura:

a) ( ) São medidas adotadas pelos países com o objetivo de proteger as economias


nacionais e que bloqueiam, de certa forma, as importações de outros países.
b) ( ) Representa crenças, normas e valores compartilhados que dois parceiros
comerciais possuem.
c) ( ) São restrições temporárias às importações de determinado produto que os
países podem aplicar para proteger uma indústria doméstica específica.
d) ( ) Representa proteção da população em termos de saúde, de forma a garantir a
qualidade e a segurança dos alimentos e apoiar o exportador nacional.
e) ( ) São proteções à segurança pública, por meio da regulamentação ou proibição
da entrada de produtos que representem um perigo e permitindo a arrecadação
de receitas.

117
118
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
TRIBUTAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES

1 INTRODUÇÃO

Nem tudo é um problema quando a decisão de ir para o exterior é tomada.


Aprender a trilhar o caminho da exportação não significa a inexistência de incentivos
e aspectos positivos que impliquem um impulso, como é o caso das vantagens fiscais.

Embora os incentivos fiscais variem consideravelmente, de forma mais ou menos


vantajosa, em função das políticas fiscais existentes, a exportação de mercadorias,
dentre outros efeitos jurídicos, produz uma série de direitos ao exportador que se
traduzem em incentivos fiscais para as empresas.

Conceitualmente, os incentivos destinados à exportação são instrumentos de


política econômica para estimular a exportação de determinados bens e/ou serviços.
Tais incentivos são contrários às barreiras tarifárias e não tarifárias. De fato, em muitos
casos, consistem em remover essas barreiras a fim de estimular o livre comércio.

Com relação às barreiras tarifárias e não tarifárias, vale a pena fazer uma
pequena ressalva, pois, no panorama atual de uma sociedade global e hiper conectada,
com mercados cada vez mais rápidos e eficientes voltados a satisfazer às necessidades
dos consumidores, é contraditório, em certa medida, que continuem existindo barreiras
ao comércio internacional de mercadorias, como as tarifas, no entanto essas medidas
também protegem as economias nacionais frágeis contra a concorrência desleal de
outros países e, como consequência, impulsionam a indústria nacional, bem como
apoiam os exportadores, além de serem a melhor forma de proteger os cidadãos – em
termos de saúde, ambiente e segurança – do contrabando de produtos perigosos.

Assim sendo, as barreiras tarifárias são o imposto sobre as mercadorias que


são comercializadas de/para o exterior. Pelo contrário, as barreiras não tarifárias são os
obstáculos ao comércio exterior, além das tarifas. São medidas administrativas imple-
mentadas pelo governo para desencorajar mercadorias trazidas de países estrangeiros
e promover itens produzidos internamente.

2 INCENTIVOS FISCAIS PARA EXPORTAÇÃO


Voltando aos incentivos fiscais, podem assumir muitas formas, dependendo
da visão estratégica da política econômica. De maneira geral, eles são divididos nas
seguintes categorias:

119
• Tarifas e impostos: este segmento inclui medidas relacionadas a direitos aduaneiros.
• Não tarifário: estes incentivos são correlacionados nas flexibilizações ou na elimi-
nação das restrições legais.

A legislação brasileira prevê vários incentivos e benefícios fiscais em favor dos


exportadores de bens produzidos internamente, a fim de evitar impostos de exportação e
melhorar a competitividade da indústria nacional. Alguns dos objetivos que os governos
querem alcançar com este tipo de política são:

• Promover o crescimento e o desenvolvimento econômico por meio da internaciona-


lização da economia.
• Melhorar a eficiência e promover a modernização da indústria local a favor da dinami-
zação da competitividade das empresas nacionais.
• Promover o investimento privado tanto nacional quanto internacional.
• Promover o aumento da qualidade dos produtos para mais satisfação das necessida-
des dos consumidores.

DICA
O tratamento fiscal das exportações brasileiras segue a
prática mundial, portanto, ele busca a desoneração dos
tributos indiretos sobre as exportações. A Constituição
Federal de 1988 definiu que não incidem sobre as
exportações brasileiras o IPI, o ICMS e as Contribuições
Sociais e de Intervenção no Domínio Econômico, tais como
o Programa de Integração Social e o PIS/Pasep, inclusive
a Cofins. Quer saber mais a respeito da desoneração das
exportações no Brasil? Basta acessar o QR Code .

De acordo com a Orbe (2021, s. p.), o Brasil é o “14º país do mundo com maior
tributação por porcentagem do PIB, ou seja, é de grande importância conhecer quais
tributos o exportador tem direito à isenção e, dessa forma, utilizar tais incentivos du-
rante o processo”. Nesse contexto, saiba um pouco mais acerca dos principais incen-
tivos fiscais relacionados à carga tributária brasileira pertinentes aos incentivos fiscais
para a exportação:

• ICMS: o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é


um imposto estadual, cabem às unidades federativas e ao Distrito
Federal definir a sua alíquota para cada mercadoria e serviço
dentro do limite previsto na Constituição.
• IPI: o Imposto sobre Produtos Industrializados é federal e aplicado
sobre a grande maioria dos produtos industrializados no país. Este
imposto funciona de forma semelhante ao ICMS, ou seja, qualquer
produto industrializado destinado à exportação está isento de
incidência do IPI.

120
• PIS e Cofins: o PIS (Programas de Integração Social) e a Cofins
(Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) são
calculados de formas bem similares. Basicamente, ambos os
tributos são contribuições a serem pagas, com algumas exceções
por pessoas jurídicas, com o objetivo de ajudar a financiar a
seguridade social. Os seus respectivos valores são calculados com
base no faturamento da empresa.
• Regimes aduaneiros especiais. alguns deles são: drawback,
drawback integrado, Recof e Recof Sped, admissão temporária,
depósito afiançado, entreposto aduaneiro.
• Acordos bilaterais: são de suma importância quando falamos
de incentivos à exportação no Brasil, pois eles oferecem alguns
benefícios específicos de país para país ou dentro de um bloco
de países, como no caso do Mercosul. A participação do Brasil
em um mercado comum com os seus vizinhos latino-americanos
beneficia a exportação em diversos sentidos: custo de logística
mais em conta, Tarifa Externa Comum (TEC), livre circulação de
bens e serviços (ORBE, 2021, s. p.).

Os incentivos à exportação são certos benefícios que os exportadores recebem


do governo como reconhecimento por trazer divisas e, também, como compensação
pelos custos incorridos no envio de bens e serviços para fora do país, todavia é bom
ficar atento, pois isso significa, às vezes, que os exportadores, devido a esse subsídio,
podem vender a preços inferiores ao custo de produção, ação conhecida como dumping
internacional, uma prática considerada ilegal.

Tais benefícios também poderiam ser considerados incentivos às exporta-


ções, mas são vistos como negativos devido aos efeitos de distorção que causam no
mercado. Por esta razão, os governos são muito rígidos com o desenvolvimento de
medidas antidumping.

Caro acadêmico, chegamos ao final da nossa unidade onde, como foi dito no
início de nossa trajetória, seria cheia de novas descobertas e de assuntos de extrema
relevância inerentes às operações de exportação.

Agora, você está lembrado dos questionamentos iniciais? Pois bem, foi indagado
o porquê de, nos últimos anos, ter sido notório o desenvolvimento de determinados
locais no país, não só como geradoras de emprego, mas também de investimento
estrangeiro, e a quem se destina a criação desses ambientes produtivos.

A resposta está clara: são regimes com obrigações e controles tributários


diferenciados dos regimes aduaneiros comuns, ocorrem com isenção, suspensão
parcial ou total de tributos, em alguns casos, mediante garantia de tributos, e se
destinam àquelas organizações as quais atuam no mercado internacional e que têm
essa disponibilidade para, dessa forma, competir internacionalmente.

121
Quais seriam os objetivos desses locais e qual o interesse do governo neles?
A resposta você já sabe: levantar novos investimentos de capital, ser um polo de
desenvolvimento para promover a competitividade das regiões, desenvolver processos
industriais altamente produtivos e competitivos, promover a geração de economias de
escala e simplificar os procedimentos de comércio de bens e serviços, a fim de facilitar
a comercialização deles.

122
LEITURA
COMPLEMENTAR
A CULTURA ANTICORRUPÇÃO E O COMÉRCIO EXTERIOR

Diego Luiz Silva Joaquim

Com anos de atraso em relação aos países desenvolvidos, e após pressão


internacional para regularização e maior transparência em negociações - além da
pressão popular interna -, hoje em dia podemos contar com uma lei que dispõe sobre
a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pelas práticas de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira, em nosso ordenamento jurídico.
A chamada "Lei Anticorrupção".

São diárias as notícias relacionadas com corrupção no Brasil, e isso se dá pela


divulgação instantânea dos acontecimentos em nosso país. Vejamos, nesse contexto,
os julgamentos ocorridos no caso "Mensalão", as investigações ocorridas na operação
"Lava Jato", ou, ainda, a Operação "Zelotes", que deflagrou corrupção no Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais.

Ora, uma vez que o CARF – a mais alta corte administrativa para as matérias
tributárias e aduaneiras  – se viu investigado por atos de corrupção, não nos parece
incoerente a importância que se dá à Lei Anticorrupção nas operações de comércio
exterior e, por conta disso, buscamos endereçar alguns comentários a respeito da
relevância da legislação para as empresas importadoras e exportadoras e a mudança
de cultura que esta tem trazido para as operações.

"A ocasião faz o ladrão?" É sabido, pelos intervenientes do comércio exterior,


que o ambiente burocrático de importação e exportação e o constante relacionamento
entre empresa e poder público possibilita - para aqueles que veem esse fato como
oportunidade - a prática de atos ilícitos ou corruptos. Seja a pessoa jurídica ou seus
representantes. Aqueles que atuam no comércio exterior, com certeza, já ouviram
termos como "taxa de urgência" ou "cafezinho". Infelizmente o solo de corrupção ainda
é fértil em nosso país.

Não concordamos com isso e temos visto que o cenário, ou melhor, a  cultu-
ra está mudando – o que é digno de aplausos. Talvez pela necessidade em apresentar
uma nova perspectiva aos países estrangeiros e garantir a continuidade dos investi-
mentos em nosso país, mas é possível notar que há programas aduaneiros buscando
pela transparência, relacionamento e assertividade nas operações de comércio exterior

123
brasileiro, tais como: Portal Único de Comércio Exterior e Operador Econômico Autori-
zado, mas, nesse contexto, qual é a importância da Lei Anticorrupção para as em-
presas importadoras?

Tema trazido pela  Lei nº 12.846/2013, teve seu Regulamento publicado após
dois anos, com a promulgação do  Decreto nº 8.420/2015, na busca de instituir o
comportamento empresarial íntegro, ético e responsável, baseado nas boas práticas
e na cultura da prevenção. Resta evidente, em nossa opinião, que a transparência nas
operações é uma tendência na legislação aduaneira.

Temos percebido que as empresas - principalmente de pequeno e médio


porte – ainda olham com desconfiança para a aplicação da Lei Anticorrupção em suas
operações e a consideram distante de sua realidade, todavia, uma vez que a legislação
e seu respectivo Regulamento estejam em vigor, não será surpresa, em um futuro
próximo, que se iniciem os Processos Administrativos de Responsabilização (PAR) no
comércio internacional, responsabilizando de forma objetiva - que independe de dolo
ou culpa - aquelas pessoas jurídicas que praticarem um dos tipos infracionais descritos
pela Lei Anticorrupção.

Vale a ressalva que as condutas tipificadas como atos lesivos à administração


pública foram definidas de forma bastante ampla e, ainda que se veiculem notícias
sobre corrupção em licitações, pode atingir qualquer operação entre particular e
administração pública, inclusive no comércio exterior. Vejamos o disposto no artigo 5º
da Lei nº 12.846/2013:

Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional


ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas
pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º, que
atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra
princípios da administração pública ou contra os compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, van-
tagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele
relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou
de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos
previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física
ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou
a identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer
outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório
público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de
procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;

124
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para
participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento,
de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos
contratos celebrados com a administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de
órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua
atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos
órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.

Ora, uma vez que as empresas importadoras e exportadoras são sempre


representadas por funcionários ou terceiros em suas operações, não é incomum vermos
procedimentos desconhecidos pela diretoria e podem resultar em uma penalidade
severa trazida pela Lei Anticorrupção. Dessa forma, o risco a ser gerenciado se torna
grande, considerando que a multa pode atingir 20% sobre o faturamento bruto do último
exercício da empresa, sem contar a publicação extraordinária da decisão condenatória.
Evidente que o valor da multa poderá ser tão expressivo e a exposição tão devastadora
que a condenação poderá encerrar a atividade de empresas.

Ademais disso, analisando atentamente o Regulamento trazido pelo Decreto nº


8.420/2015, vemos que o disposto no artigo 3º estabelece a instauração e o julgamento do
Processo Administrativo de Responsabilização (PAR) como competência da autoridade
máxima da entidade em face da qual foi praticado o ato lesivo ou, no caso da Receita
Federal, do seu Ministro de Estado ou a quem for delegada. Ou seja, uma vez praticado
ato lesivo à administração pública, na pessoa da Secretaria da Receita Federal, esta
poderá ser responsável pela instauração, lavratura e julgamento do processo, fazendo
às vezes de juiz e parte.

Dessa forma, como podem as empresas importadoras reagir às penali-


dades aplicáveis? As palavras que podem responder a essa pergunta são discipli-
na, prevenção e treinamento. A partir daí, ganha ênfase a necessidade do chamado
"Programa de  Compliance" às empresas importadoras e exportadoras, o que, em li-
nhas gerais, pode ser descrito como "conjunto de normas internas para fazer a em-
presa agir de acordo com as regras vigentes". Ressaltamos que a legislação chama de
"Programa de Integridade", o que repercute a necessidade de atos praticados com
ética e responsabilidade.

Sua importância não está somente na prevenção, mas, também, na atenuante


prevista na lei. Uma vez concluído o PAR com a aplicação da penalidade à empresa, o
efetivo "Programa de  Compliance" poderá garantir maior atenuante à multa prevista
na legislação - "um por cento a quatro por cento  para comprovação de a pessoa
jurídica possuir e aplicar um programa de integridade". Tal medida preventiva pode
reduzir até 4% (!) da multa a ser aplicada, desde que o programa seja efetivo e praticado
por meio de procedimentos internos, auditoria das operações, incentivo à denúncia de

125
irregularidades, constantes treinamentos das equipes e real aplicação de código de
ética e conduta, como medidas que impeçam a realização de atos corruptos por parte
de seus representantes.

É claro que, por conta disso, o comércio exterior brasileiro verá mudanças em
sua cultura e, por consequência, na cultura interna das empresas que atuam nessa área,
deixando estas de serem reativas, e se tornando proativas na luta contra a corrupção.

Concluímos, para tanto, que a mudança da cultura nas operações de importação


e exportação começa a se caracterizar quando há normativas que se caracterizam pela
importância dada à transparência, ao relacionamento e comportamento ético, íntegro e
responsável por parte dos intervenientes no comércio exterior.

Daí surge a necessidade e a relevância da prevenção, dos constantes


treinamentos de equipe e mapeamentos das operações que deverão ser realizados
pelas empresas importadoras –  frisamos, aqui, independentemente do tamanho de
suas operações  – para que seja utilizado como mitigação dos riscos às penalidades.
Mudança de cultura dá-se por consequência da mudança de atitude, e essa, espera o
Poder Público, que ocorra por conta das pessoas jurídicas particulares.

Fonte: JOAQUIM, D. L. S. A cultura anticorrupção e o comércio exterior. Aduaneiras, São Paulo, 10 ago.
2015. Disponível em: https://bit.ly/3T3kIPP. Acesso em: 6 mar. 2023.

126
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Os países se protegem por meio de barreiras tarifárias e não tarifárias que são
estabelecidas no momento da entrada de produtos estrangeiros.

• As barreiras tarifárias são traduzidas por meio do aumento das alíquotas do imposto
de importação, aumentando o custo do produto e assim inviabiliza o produto
estrangeiro no mercado.

• Dumping é a prática de preços no mercado externo abaixo dos seus custos e/ou de
seu preço de venda no mercado de origem, buscando conquistar o mercado.

• Os incentivos fiscais promovem o crescimento e o desenvolvimento econômico do país.

127
AUTOATIVIDADE
1 Diversas medidas e ações formam as políticas comerciais que norteiam as
transações comerciais do nosso país com o mundo. O Governo Federal sanciona as
medidas e os ministérios e órgãos competentes responsáveis pelo gerenciamento.
As políticas comerciais determinam a abertura de mercado que pode ser maior ou
menor dependendo do período e situação do país. Com relação aos instrumentos
e ações desenvolvidos para os acordos comerciais, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) São desenvolvidos subsídios para estimular as exportações.


( ) São desenvolvidos tarifas e cotas tarifárias.
( ) São desenvolvidas ações de liberdade cambial.
( ) São desenvolvidas barreiras não tarifárias para proteger a indústria nacional.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – V – V – V.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – F.

2 A exportação é uma operação na qual um produto que se encontra em determinado


país é levado para outro local ou país, ultrapassando as barreiras físicas e alfandegá-
rias. Sobre a exportação, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As exportações ocorrem de forma exclusiva com o pagamento de mercadorias


e serviços e de forma definitiva.
b) ( ) As exportações proibidas requerem procedimentos especiais, dependendo da
análise prévia de algum órgão ou observar algum procedimento especial.
c) ( ) As exportações que não podem ser operacionalizadas, sejam em razão de acordo
interno ou internacional, são chamadas de exportações sujeitas a limitações.
d) ( ) Em razão de políticas aplicadas para regular o mercado interno ou em razão de
algum compromisso internacional que a nação brasileira tenha assumido, as
exportações podem ser suspensas.

3 As grandes organizações globais buscam locais para produzir com custo baixo,
principalmente de mão de obra, e com legislação ambiental mais branda. Para isso, é
comum escolherem países em desenvolvimento que apresentam essas características
para instalar suas plantas industriais, produzir e distribuir seus produtos pelo mundo.

128
Essa estratégia, no entanto, se apresenta como um desafio do ponto de vista social
e ambiental, a ser equacionado com o possível desenvolvimento que possa trazer
para a região. Considerando o contexto apresentado e os tipos de dumping, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) O termo dumping ambiental refere-se à geração de empregos pelas empresas


globais nas localidades onde se instalam e trazem equilíbrio ambiental.
b) ( ) A produção em países em desenvolvimento que possuem grandes reservas de
recursos naturais evita políticas antidumping entre os países desenvolvidos.
c) ( ) O dumping social ocorre quando as empresas globais remuneram pouco a
mão de obra em países em desenvolvimento para obterem baixos custos na
sua produção.
d) ( ) O dumping ambiental e o social ocorrem nos países desenvolvidos, onde a
demanda por produtos é maior que a oferta.

129
REFERÊNCIAS
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Economia, Rio de Janeiro, 4 jan. 2022. Disponível em: http://glo.bo/3ytc4Ao. Acesso
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BIN, L. W. Brazil free zones in 2023. Healy Consultants, [s. l.], c2023. Disponível em:
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BONELLI, R.; PINHEIRO, A. C. New export activities in Brazil: comparative advantage,


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BORA, G. Global trade: how to determine the best market for your export product. The
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Comércio e Serviços Guia básico para exportação de serviços. Brasília, DF: Ministério
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BUENO, S. Exportação no Brasil: quais os principais produtos exportados? Fazcomex,


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CONNECT AMERICAS. ¿Qué debe contener un plan de exportación? Conexión Intal,


Washington DC, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2Mptc2Z. Acesso em: 11 jan. 2023.

CONVENÇÃO DE QUIOTO: directivas relativas ao anexo específico D. Capítulo 1 – Zonas


Francas. Bruxelas: OMA, mar. 2006. p. 1-12. Disponível em: https://bit.ly/3ZtkPXe. Acesso
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130
CONVENÇÃO DE QUIOTO: anexo geral directivas. Capítulo 1 – princípios gerais. Bruxelas:
OMA, dez. 2010. p. 1-15. Disponível em: https://bit.ly/3IZWEsx. Acesso em: 13 jan. 2023.

DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA das exportações. Siscomex, Brasília, DF, 8 jun. c2022.


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MORELLA, P. D. P.; PAMPLONA, P. G. G. Exportação de serviços: novas ações


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POTENCIAL EXPORTADOR do Brasil é destaque no Global Agribusiness Forum 2018.


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bit.ly/2kEUi7l. Acesso em: 12 jan. 2023.

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Sebrae-BA, [20--]. Disponível em: https://bit.ly/3Lb2ycM. Acesso em: 16 jan. 2023.

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comércio internacional de lácteos. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, dez. 2011.
Disponível em: https://bit.ly/3T0NkZW. Acesso em: 10 jan. 2023.

TONON, A. Inteligência cultural e o comércio internacional. Andrea Tonon, [s. l.], 28 jan.
2020. Disponível em: https://bit.ly/3mFUYNe. Acesso em: 11 jan. 2023.

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Disponível em: https://bit.ly/3Fdn1Kh. Acesso em: 16 jan. 2023.

UNCTAD. World investment report 2019: special economic zones. New York:
United Nations Publications, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3ZyR8E1. Acesso em:
12 jan. 2023.

132
UNIDADE 3 —

DESPACHO DE IMPORTAÇÃO
E EXPORTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender que as tecnologias digitais facilitaram o desenvolvimento de cadeias


de abastecimento internacionais complexas para a produção de bens físicos;

• entender que as mercadorias estão sujeitas a parâmetros de importação definidos


pelos canais fiscais;

• identificar que o despacho de importação é um procedimento necessário antes que


as mercadorias possam ser importadas ou reexportadas internacionalmente;

• um licenciamento de importação e a sua respectiva autorização representam o ato


de cumprir os regulamentos de importação de um país importador;

• compreender que a exportação é um dos principais componentes dos negócios


internacionais e envolve a movimentação de bens e serviços entre as nações, bem
como a troca de moedas estrangeiras entre as partes envolvidas

• identificar a infração aduaneira como qualquer violação ou tentativa de violação das


disposições legais ou regulamentares fornecidas por órgão aduaneiro;

• compreender o papel do despachante aduaneiro como representante de uma pessoa


ou empresa, exercendo as funções de exportador de mercadorias.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PROCEDIMENTOS NA IMPORTAÇÃO


TÓPICO 2 – PROCEDIMENTOS NA EXPORTAÇÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

133
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

Acesse o
QR Code abaixo:

134
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
PROCEDIMENTOS NA IMPORTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Seja bem-vindo à Unidade 3 da disciplina de Legislação
Aduaneira de Importação e Exportação. Em mais uma etapa da sua trajetória na busca de
conhecimento e aperfeiçoamento profissional, entraremos no contexto do despacho de
importação no Brasil e, por conseguinte, no dinâmico mundo do comércio internacional.

Os benefícios do comércio exterior para o desenvolvimento de um país e


as oportunidades que são geradas às empresas, principalmente nas operações de
exportação, tendo em vista que essas constituem uma maneira de aumentar as vendas,
conquistando novos mercados e consumidores, no entanto não podemos nos esquecer
que as importações também fazem parte do comércio além-fronteiras das nações e são
tão importantes quanto as exportações.

Serão vários assuntos que permeiam esse tema, os quais enriquecerão o seu
aprendizado, porque há novos assuntos, principalmente sobre a proposta de Novo
Processo de Importação e o Programa Portal Único de Comércio Exterior. Afinal, é por
isso que estamos aqui, não é mesmo? Bons estudos!

2 INTEGRAÇÃO ECONÔMICA
A enorme expansão do comércio exterior nas últimas décadas foi impulsionada
por três fatores: a globalização da tecnologia, a política governamental e a geopolítica.
As tecnologias digitais tornaram muito mais serviços comercializáveis e, ​​ juntamente
com a queda dos custos de transporte, facilitaram o desenvolvimento de cadeias de
abastecimento internacionais complexas para a produção de bens físicos. Os governos
abriram mercados e liberalizaram regulamentações, tanto unilateralmente quanto por
meio de acordos comerciais bilaterais, regionais e multilaterais.

A globalização e o progresso tecnológico até agora aumentaram a prosperi-


dade material em todas as economias participantes, esta medida pelo Produto Interno
Bruto (PIB). Isso é positivo aos cidadãos porque mais prosperidade material é a base
para mais prosperidade imaterial, como: melhores oportunidades educacionais e maior
expectativa de vida.

135
Dentro de uma economia, no entanto, a divisão internacional do trabalho e o
progresso tecnológico também levaram ao declínio nas oportunidades de emprego e
renda para certos grupos de pessoas. Nas economias industriais desenvolvidas, tratam-
se, principalmente, de trabalhadores pouco qualificados e, com o objetivo de proteger
esses indivíduos, as nações industrializadas estão recorrendo, cada vez mais, a medidas
protecionistas, colocando o comércio internacional sob pressão.

Nesse contexto, você poderá se perguntar: como o comércio exterior poderá


se desenvolver no futuro? Como terei a oportunidade de me destacar nesse
cenário? Quais são os benefícios que terei? De que forma posso saber mais
sobre o despacho aduaneiro?

2.1 OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO


Além do Banco Central do Brasil (Bacen), do Ministério da Economia, da Secretaria
Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secex) e da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB), existem outros órgãos, como a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), o Departamento de Polícia Federal (PF) e o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que também estão envolvidos no
processo de importação, dependendo do tipo de produto e da classificação fiscal.

Embora exista um sistema informatizado integrado chamado Siscomex, o


qual gerencia e registra todas as informações relacionadas às operações de comércio
exterior, o processo de importação de produtos para o mercado brasileiro ainda é uma
tarefa complexa devido à miríade de leis, decretos e instruções normativas a respeito
do assunto. Certos procedimentos devem ser adotados mesmo antes da compra, da
colocação do pedido junto ao fornecedor até a expedição, já que mercadorias específicas
requerem licenças mesmo antes de todo esse processo.

O importador ou a entidade que encomenda o produto deve registrar a sua


capacidade fiscal e financeira no Siscomex, no Sistema de Registro e Rastreamento das
Atividades dos Agentes Aduaneiros (Sistema Ambiente de Registro e Rastreamento da
Atuação dos Intervenientes Aduaneiros – Radar). As licenças de importação são obtidas
junto à Secex, esta, por sua vez, verifica as condições estabelecidas na Fatura Proforma.

A licença emitida pela Secex determina o tratamento fiscal aduaneiro, assim


como o tratamento cambial dado pelo Bacen. No momento da nacionalização, são
necessários vários documentos e ações, ou seja, ações que acontecem no curso do
despacho aduaneiro. Uma vez a declaração de despacho aduaneiro apresentada, a
mercadoria procederá pelo despacho aduaneiro.

136
No Brasil, além do registro dessa declaração, as mercadorias estão sujeitas a
parâmetros de importação definidos pelos canais fiscais (verde, amarelo, vermelho e
cinza). O despachante aduaneiro será notificado pelo Siscomex quando a mercadoria
tiver sido liberada, então, a prova de liberação é o Certificado de Importação (CI),
impresso por meio do Siscomex, pelo importador.

O importador precisa estar atento às mudanças nas leis e regulamentos, tendo


em vista o grande número de emendas que ocorrem na legislação brasileira. Um erro
operacional pode ser bastante dispendioso, uma vez que o Brasil é um país de dimensões
continentais. Assim, o planejamento logístico é muito importante para a distribuição
mais eficaz do mercado.

O governo brasileiro anunciou o lançamento de um novo módulo piloto de


seu Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), abrangendo determinadas
operações de importação sujeitas a requisitos de licenciamento, concebido como forma
de avançar no novo processo de importação anunciado pelas autoridades brasileiras em
outubro de 2018.

Espera-se que o “novo” módulo, eventualmente, permita aos importadores reali-


zar, de forma eletrônica, por meio do Siscomex, todas as operações de importação sujei-
tas a licenciamento e demais requisitos de licenciamento administrados pela Secretaria
de Comércio Exterior (Secex), embora o piloto concentre-se, inicialmente, em importa-
ções inscritas sob várias cotas tarifárias bem como importações de certos bens usados.

DICA
Outras operações de importação, incluindo operações
que requerem a intervenção de outros órgãos
governamentais, devem ser adicionadas ao piloto, ao
longo do ano. Ficou interessado? Quer saber um pouco
mais da proposta de Novo Processo de Importação
(NPI) e do Programa Portal Único de Comércio Exterior?
Então, leia o Item 3 – Proposta do Novo Processo de
Importação – 3.1 Introdução, páginas 25 a 29. Acesse o
QR Code para ter acesso ao conteúdo.

O governo também anunciou algumas mudanças no sistema de Pagamento


Centralizado de Comércio Exterior (PCCE) que devem facilitar o processamento de
operações de importação – sob a forma de Declaração de Importação (DI) ou Declaração
Única de Importação (Duimp) – as quais exigem o pagamento do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

137
No caso de um Duimp, por exemplo, o sistema atualizado não exigirá mais o
envio de determinada documentação adicional. Além disso, foi adotada uma nova rotina
para o pagamento dos impostos de comércio exterior, com base no Documento de Arre-
cadação da Receita Federal (DARF) numerado, rotina esta que as autoridades brasileiras
aconselham para simplificar o processo de pagamento e proporcionar mais segurança.

Por fim, foram feitas várias melhorias no módulo que auxilia os operadores
comerciais na classificação tarifária de importação e exportação. Dentre outras coisas,
funcionalidades adicionais permitirão aos usuários pesquisar eletronicamente as Notas
Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias.

3 O DESPACHO NAS OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO


Você sabe que uma importação é um produto ou serviço trazido de um país para
outro. As importações permitem a compra bens e recursos que, por diversos motivos,
não podem ser produzidos internamente.

Figura 1 – Operações de importação

Fonte: https://shutr.bz/3JfsNfQ. Acesso em: 3 nov. 2022.

Às vezes, um país até produz um bem, contudo é mais barato importá-lo, o


que geralmente ocorre quando o custo do trabalho é mais acessível no exterior do que
no mercado interno. Por exemplo, os EUA terceirizam grande parte de seu trabalho de
fabricação para a China, graças aos custos trabalhistas mais baixos no país asiático. Em
seguida, os produtos acabados são importados para os EUA.

Em outros casos, certos países podem produzir bens específicos de forma


muito eficiente, seja porque investiram mais em determinado setor, seja porque têm
algum tipo de vantagem produtiva, como a abundância de determinado recurso natural.
Lembra-se das vantagens comparativas? Esta teoria foi desenvolvida baseada nas
nações, mas queira ou não, reflete nas empresas.

138
As empresas, hoje, precisam manter-se competitivas em escala global, é por
isso que a importação é mais importante do que nunca no mercado atual. Você conhece
os principais motivos para importar mercadorias? As principais razões são diversas,
porém mencionaremos algumas, como:

• Atendimento à demanda do cliente.


• Fornecimento de produtos que não existem nas fronteiras do país.
• O custo de importação é menor do que o custo de fabricação.
• A qualidade do produto é melhor quando importado.

Com tantos motivos para importar mercadorias, você descobrirá que trazer
produtos ao país costuma ser um benefício às empresas. As nações necessitam fazer
importação de bens ou serviços quando eles são:

• Primordiais ao seu desenvolvimento econômico.


• Não estão disponíveis no mercado interno.
• Fabricados a um custo mais barato em outro lugar.
• Vendidos a preços mais baixos quando produzido em outro país.

Você tem noção de quais os principais produtos importados pelo Brasil?


Lembrando que importar significa trazer um bem, um produto ou serviço de outro país
para o mercado interno, de maneira definitiva ou temporária.

De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC),


o Brasil é o 29º maior importador do mundo (BUENO, 2022a), e os produtos que mais
compramos de outros países estão descritos no Quadro 1.

Quadro 1 – Os dez principais produtos importados pelo Brasil em 2021

Valor FOB
PRODUTOS IMPORTADOS PELO BRASIL
US$

1º Adubos ou fertilizantes. 13,4 bilhões

2º Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos. 12,1 bilhões

3º Demais produtos – Indústria de transformação. 8,9 bilhões

4º Medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários. 7,3 bilhões

5º Válvulas e tubos termiônicos. 7,1 bilhões

6º Equipamentos de telecomunicações. 7,0 bilhões

7º Partes e acessórios dos veículos automóveis. 6,7 bilhões

139
8º Compostos orga-inorgânicos. 5,9 bilhões

9º Gás natural, liquefeito. 3,9 bilhões

10º Motores e máquinas não elétricos. 3,8 bilhões

Fonte: Bueno (2022a, s. p.).

O comércio exterior é fundamental para o desenvolvimento econômico brasileiro.


Com o arrefecimento da demanda interna, o mercado internacional é fundamental à
revitalização da indústria nacional, tornando-se um elemento central na geração de
emprego e renda.

Veja, no Quadro 2, quais são os principais parceiros comerciais do Brasil.

Quadro 2 – Principais origens das importações para o Brasil

Origem de
RANKING % Valor FOB
importações

1º China 21% 35,3 bilhões

2º Estados Unidos 18% 30,1 bilhões

3º Argentina 6% 10,6 bilhões

4º Alemanha 6% 10,3 bilhões

5º Coreia do Sul 3% 4,7 bilhões

6º Índia 3% 4,3 bilhões

7º México 3% 4,2 bilhões

8º Japão 2% 4,1 bilhões

9º Itália 2% 4 bilhões

10º Rússia 2% 3,7 bilhões

Fonte: adaptado de Bueno (2022a, s. p.).

140
NOTA
Analisando o termo mercadoria, no campo do Direito Aduaneiro, ele se
define como tudo aquilo que poderá ser comercializado. Dessa forma, a
mercadoria, dentro dessa legislação, é o objeto da relação aduaneira e,
necessariamente, deverão ser aplicados os controles que o Estado tem à
disposição (TAVARES, 2011).

Quando você observa os dados nos quadros demonstrados, não pense que é o
país Brasil, mas entenda que são importações de matéria-prima, bens de produção ou
insumos para abastecer o parque industrial brasileiro, ou seja, as empresas nacionais.

Muitas empresas esforçam-se para se tornarem mais competitivas em seu


mercado local e muitas também estão competindo em escala global. A fim de iniciar o
crescimento e a expansão, são necessárias decisões criativas que, muitas vezes, incluem
importação temporária ou definitiva. O crescimento dos negócios está, muitas vezes,
ligado à sustentabilidade e, assim que eles começam a operar internacionalmente, há
muitos fatores adicionais que podem ter um enorme impacto no seu sucesso.

A importação de matérias-primas ou insumos é um dos caminhos para


aumentar as margens de lucro das empresas. Há uma série de benefícios na importação
de mercadorias, como: alta qualidade, preços baixos, introdução de novos produtos no
mercado e redução de custos, tornando tais empresas líderes no setor.

Um dos principais benefícios em importar é a redução dos custos de fabricação.


Diversas empresas, atualmente, ponderam a respeito da importação de produtos
acabados ou semiacabados, dos insumos/componentes, bem como das matérias-
primas mais acessíveis. Há diversos casos cujas empresas conseguem encontrar
produtos de excelente qualidade com valor menor, mesmo quando os custos da
importação estão incluídos.

O importador é aquele empresário ou empresa que se dedica a comprar


produtos de clientes estrangeiros e, depois, vendê-los no mercado local, ou seja,
importador é aquela empresa ou pessoa que adquire a mercadoria do exterior. Mais
tarde, ele os vende em seu país, a fim de obter lucro. Deve-se notar que, quando falamos
em importador, há a possibilidade de nos referirmos a uma nação.

141
INTERESSANTE
No dia 29 de outubro é comemorado o dia do importador,
data que teve início em 1992, quando foi suspensa a lei
de reserva do mercado, a qual limitava as importações
brasileiras a fim de estimular a indústria nacional. Quer
saber um pouco mais do importador e as suas funções?
Então, acesse o QR Code .

Assim, em vez de investir na criação de máquinas e equipamentos para um


novo processo ou setor produtivo, os gestores escolhem a importação como uma ma-
neira de reduzir os seus custos. Na maioria dos casos, encomendam grandes quantida-
des para obter um preço melhor e minimizar os custos.

Outro benefício da importação está relacionado à viabilidade de comercializar


produtos com melhor padrão de qualidade. Muitos empreendedores de sucesso viajam
ao exterior, visitam fábricas e outros vendedores altamente profissionais, visando a
encontrar produtos de alta qualidade e importá-los ao seu próprio país.

Se uma organização optar por basear o seu negócio na importação de produtos,


é provável que obtenha produtos de alta qualidade. Isso se deve ao fato de que as
empresas de manufatura estão muito conscientes de que a sua reputação depende,
em grande parte, da qualidade dos itens que produzem. Este é mais um motivo para
considerar a importação a essência do seu novo negócio.

Outro fator benéfico da importação de produtos é a oportunidade de a empresa


se tornar líder de mercado no setor de interesse, o seja, o seu nicho de mercado. Com
a fabricação de produtos novos e aprimorados, muitas organizações em todo o mundo
aproveitam a chance de importar produtos novos e exclusivos antes que os concorrentes
o façam. Ser a primeira a apresentar uma nova mercadoria pode, facilmente, levar uma
empresa a tornar-se líder em determinado setor.

As operações de importações são um componente essencial ao comércio


exterior, proporcionando ao mercado nacional mais diversificados, além de abastecer os
insumos e as matérias-primas necessárias à produção interna.

NOTA
Um termo muito importante no processo de importação é o import
clearance que, em português, significa despacho de importação. Sem
saber o conceito e os procedimentos operacionais corretos, você, como
agente do comércio exterior, corre o risco de perder tempo e não cumprir
o prazo de entrega de um produto/mercadoria.

142
Toda mercadoria que entra no Brasil deve passar pelo processo de despacho de
importação, que a permite ser liberada para sair do local no qual será recebida. Isso é um
processo que deve ser sempre realizado. Vamos saber mais sobre ele?

O despacho de importação é um procedimento necessário antes que as merca-


dorias possam ser importadas ou reexportadas internacionalmente. Se uma remessa for
liberada, o remetente fornecerá a documentação confirmando os direitos alfandegários
pagos, assim, a remessa está apta a ser processada. Isso é necessário para permitir que
mercadorias sejam transportadas para um país.

Dentro desse processo, há também informações sobre embarques com importa-


dor com as partes envolvidas no processo. De forma genérica, as etapas que compõem
esse processo são:

• Contato com o agente: o cliente que deseja importar e exportar contrata um


despachante para enviar e/ou receber determinada mercadoria de ou/para um país.
• Sincronização entre o despachante e a alfândega: inicia-se todo o trâmite
burocrático para a mercadoria passar pela alfândega de suas respectivas medidas e
controles estabelecidos por cada estado.
• Autorização aduaneira de desembarque: as autoridades aduaneiras autorizam o
desembarque de mercadorias, a fim de iniciar a sua saída ao destino de exportação.
• Transporte – fluxo de mercadorias: o trânsito de mercadorias por via aérea,
marítima e/ou terrestre inicia-se para que cheguem ao seu destino.
• Recepção da mercadoria: após tramitação da burocracia pelo despachante
aduaneiro local, as embalagens são encaminhadas aos pontos de armazenagem das
empresas solicitantes.

Figura 2 – Despacho de mercadoria

Fonte: https://shutr.bz/3ZURp42. Acesso em: 3 nov. 2022.

143
O que acontece na alfândega ao importar? Como dissemos, o despacho
consiste em uma série de atos e formalidades que devem ser cumpridos perante a
estância aduaneira, com o intuito de conseguir a introdução legal da mercadoria de
origem estrangeira no país. Para tanto, o despacho inicia-se assim que a mercadoria
entra no território nacional e está protegida em um entreposto controlado pelas
autoridades aduaneiras, denominado recinto fiscal.

É a partir desse momento, quando a empresa transportadora notifica o impor-


tador ou o seu despachante aduaneiro indicado da chegada da mercadoria ao território
nacional, que o agente autorizado se desloca às instalações, visando verificar que as
informações em sua posse sobre a mercadoria – a invoice (fatura do fornecedor), a lista
de embalagem e o documento de transporte – correspondem à mercadoria recebida.

Confirmada pelo agente autorizado que a mercadoria ingressou no território


nacional e, se for o caso, esclarecida qualquer divergência com o importador, o res-
ponsável procede à elaboração da petição aduaneira indicando os seguintes dados da
mercadoria: a fração tarifária, o regime aduaneiro ao qual ela será apresentada, o valor,
as contribuições e os benefícios que devem ser pagos.

Quando o pedido é autorizado pelo importador, o agente procede ao pagamento


das contribuições para, posteriormente, deslocar-se às instalações e recolher as mer-
cadorias, com o apoio de um transportador autorizado pelo SAT (Serviço de Atendimen-
to ao Transportador) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a fim de
as conduzir até os módulos de reconhecimento aduaneiro para validação do pedido e
posterior retirada da mercadoria da alfândega e embarque ao entreposto do importador.

4 PROCEDIMENTOS ADUANEIROS DE IMPORTAÇÃO


NO BRASIL
Os procedimentos de importação abrangem um conjunto de ações que devem
ser seguidas em todas as suas etapas, envolvendo critérios relacionados às questões
tarifárias e alfandegárias. Nesta parte do conteúdo de nossa unidade, seguiremos esses
conceitos, critérios e etapas baseando-se nos aspectos legais que regem as operações
de importação no Brasil.

A importação é a entrada e, por conseguinte, a nacionalização de um produto


provindo do exterior no território aduaneiro. “Em termos legais, a mercadoria só é
considerada importada após sua internalização no país, por meio da etapa
de desembaraço aduaneiro e do recolhimento dos tributos exigidos em lei”
(OPERACIONALIZANDO A EXPORTAÇÃO, 2022, s. p., grifo nosso).

Em nosso país, o procedimento aduaneiro na importação divide-se em três


fases, de acordo com o Siscomex (OPERACIONALIZANDO A EXPORTAÇÃO, 2022):

144
• Fase administrativa: refere-se aos procedimentos e exigências de órgãos de
governo prévios à efetivação da importação e variam de acordo com o tipo de
operação e de mercadoria, ou seja, trata-se do licenciamento das importações.
• Fase fiscal: compreende o tratamento aduaneiro, por meio do despacho de importa-
ção, procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo
importador em relação às mercadorias importadas, aos documentos apresentados e
à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro. Esta etapa ocorre
em recintos próprios, logo após a chegada da mercadoria ao Brasil, e inclui o reco-
lhimento dos tributos devidos na importação. Feita a conclusão do desembaraço, a
mercadoria é considerada importada e pode ser liberada para o mercado interno.
• Fase cambial: refere-se à operação de compra de moeda estrangeira destinada
à efetivação do pagamento das importações (quando há esse pagamento) sendo
processada por entidade financeira autorizada pelo Banco Central do Brasil a operar
em câmbio.

Acadêmico, veja o infográfico, na Figura 3, que apresenta os aspectos gerais na


importação.

Figura 3 – Aspectos gerais na importação

IMPORTAÇÃO DEFINITIVA
A importação definitiva envolve regras de comércio
brasileiras, internacionais e do país de origem,
devendo ser efetuada via nacionalização do produto
ou serviço, que ocorre a partir de procedimentos
burocráticos ligados à Receita do país de destino,
bem como da alfândega, durante o desembaraço e
entrega, que pode se dar por via aérea, marítima,
rodoviária ou ferroviária. Quando mais de um tipo de
transporte é utilizado para entrega, chamamos de
transporte multimodal.

ASPECTOS
GERAIS NA
IMPORTAÇÃO

IMPORTAÇÃO NÃO DEFINITVA NACIONALIZAÇÃO


As importações não definitivas são A nacionalização são procedimentos
aquelas em que não ocorre a burocráticos que transfere a
nacionalização. Temos como exemplo
mercadorias importadas sob o Regime mercadoria da economia estrangeira
Aduaneiro Especial de Admissão para a economia nacional, por meio
Temporária que é a entrada no País de da Declaração de Importação (DI).
certas mercadorias, com uma
finalidade e por um período de tempo
determinados, com o compromisso
de serem reexportadas.

Fonte: o autor

145
A Receita Federal faz algumas considerações antes do despacho de importa-
ção, “que se inicia com o registro da declaração de importação, o importador deve ha-
bilitar-se para operar no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), procedi-
mento regido pela Instrução Normativa RFB nº 1.603/2015” (CONSIDERAÇÕES GERAIS,
2021, s. p.).

Logo depois de a empresa ser habilitada, o representante legal dela poderá ca-
dastrar, pelo Portal Habilita, novos representantes para operar no exercício das ativida-
des com o despacho aduaneiro.

DICA
O Portal Habilita constitui-se em um novo canal da
Receita Federal do Brasil, permitindo que as empresas
possam solicitar, por meio da web, a habilitação/
autorização para operarem no comércio exterior. O
seu acesso é feito pelo Portal Único Siscomex, com a
utilização de um certificado digital. Quer saber mais
sobre esse portal? Então, acesse o QR Code .

Os controles de importação geralmente concentram-se na segurança dos


cidadãos ou da economia nacional, servem para​​ regular quais produtos e tecnologias
podem circular livremente pelo mundo. Os controles econômicos de importação são,
com frequência, usados para​​ impedir a ampla penetração no mercado interno de
produtos perigosos ou nocivos. Tais procedimentos são usados com o intuito de evitar
riscos, controlando, assim, com quais indivíduos ou empresas realizamos negócios.

A importação poderá ser submetida ao Controle Administrativo da Secretaria de


Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, nos termos da Portaria Secex nº
23/2011. A Portaria nº 23, de 14 de julho de 2011, visa a:

Art. 1º Consolidar, na forma desta Portaria, as normas e procedimentos


aplicáveis às operações de comércio exterior.
Art. 2º As operações no Sistema Integrado de Comércio Exterior
(SISCOMEX) poderão ser efetuadas pelo importador ou exportador,
por conta própria, mediante habilitação prévia, ou por intermédio de
representantes credenciados, nos termos e condições estabelecidos
pela Receita Federal do Brasil (RFB).
[...]
Art. 4º Os órgãos da administração direta e indireta que atuam como
intervenientes no comércio exterior serão credenciados nos módulos
administrativos SISCOMEX para se manifestarem acerca das
operações relativas às suas áreas de competência, quando previsto
em legislação específica. Parágrafo único. Consideram-se módulos
administrativos do SISCOMEX os módulos Importação, Exportação
Web e Drawback Web, relativamente ao registro, acompanhamento e
controle dos seguintes documentos gerados pelo Sistema:

146
I - Licenças de Importação;
II - Registros de Exportação;
III - Registros de Crédito; e
IV - Atos Concessórios de Drawback.
[...]
Art. 7º Para fins de alimentação no banco de dados do SISCOMEX,
os órgãos anuentes deverão informar ao Departamento de
Competitividade no Comércio Exterior os atos legais que irão
produzir efeito no licenciamento das importações e no registro das
exportações, indicando a finalidade administrativa, com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias de sua eficácia, salvo em situações de
caráter excepcional (BRASIL, 2011a, p. 3-5).

Figura 4 – Controle de mercadoria

Fonte: https://shutr.bz/41WZhE5. Acesso em: 3 nov. 2022.

O despacho aduaneiro é o processo administrativo que permite a entrada,


trânsito e saída de mercadorias de um território aduaneiro. Esse processo baseia-se na
declaração de determinadas informações relacionadas com a importação ou exportação
perante a autoridade aduaneira correspondente, como os dados da mercadoria e das
pessoas ou empresas encarregadas de as enviar ou as receber.

Veja, no Quadro 3, quais são os tipos de despachos permitidos no Brasil.

Quadro 3 – Tipos de despacho aduaneiro


DESPACHO

O registro da DI é realizado após a chegada da mercadoria no recinto


NORMAL

alfandegado de zona primária ou secundária, onde é processado o


despacho de importação, conforme previsto no inciso III do Art. 15 da IN
SRF nº 680/2006.

147
Na modalidade "Registro Antecipado", da DI relativa à mercadoria que
proceda diretamente do exterior, poderá ser registrada antes da sua
descarga na unidade da RFB de despacho nas seguintes situações (Art.
17 da IN SRF nº 680/2006):
• Mercadoria transportada a granel, cuja descarga deva se realizar
diretamente para terminais de oleodutos, silos ou depósitos próprios
ou veículos apropriados.
• Mercadoria inflamável, corrosiva, radioativa ou que apresente
DESPACHO ANTECIPADO

características de periculosidade.
• Plantas e animais vivos, frutas frescas e outros produtos facilmente
perecíveis ou suscetíveis de danos causados por agentes exteriores.
• Papel para impressão de livros, jornais e periódicos.
• Órgão da administração pública direta ou indireta, federal, estadual
ou municipal, inclusive autarquias, empresas públicas, sociedades de
economia mista e fundações públicas.
• Mercadoria transportada por via terrestre, fluvial ou lacustre.
• Mercadoria importada por meio aquaviário, quando o importador for
certificado como operador econômico autorizado (OEA), na modalidade
OEA - Conformidade Nível 2, conforme disciplinado em ato da Coana.
• Outras situações ou mercadorias a serem definidas pelo chefe da
unidade da RFB de despacho, mediante justificativa, ou pela Coana,
mediante ato normativo próprio, quando relativas ao combate da
doença provocada pelo coronavírus identificado em 2019 (Covid-19),
enquanto perdurar a Espin.

Fonte: adaptado de Despacho de Importação (2022)

Esses documentos declaram a solvência do proprietário da remessa e são


complementares à declaração aduaneira. Tais procedimentos geralmente são realizados
pelo despachante aduaneiro, profissional que representa uma das partes (importador ou
exportador) perante a autoridade aduaneira, é responsável pela comunicação entre seu
cliente e alfândega e pelo pagamento de impostos e taxas em nome do representado.

Observe o que estabelece a Receita Federal acerca do despacho de importação:

Procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados


declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos
documentos apresentados e à legislação específica, com vistas ao
seu desembaraço aduaneiro (Art. 542 do Regulamento Aduaneiro);
Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título definitivo
ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto de importação,
deverá ser submetida a despacho de importação, que será realizado
com base em declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo
controle estiver a mercadoria.
O despacho aduaneiro de importação encontra-se basicamente
disciplinado pelas IN SRF nº 680/2006 e IN SRF n° 611/2006.

148
O despacho aduaneiro de importação é processado com base em
declaração. A declaração de importação, regra geral, é processada
no Siscomex, por meio de Declaração de Importação (DI), Declaração
Única de Importação (Duimp) ou Declaração Simplificada de
Importação (DSI eletrônica).
No entanto, existem exceções, em razão da natureza da mercadoria,
da operação e da qualidade do importador, em que o despacho de
importação é processado sem registro no Siscomex por meio de
Declaração Simplificada de Importação (DSI formulário).
O despacho de importação poderá ser efetuado em zona primária ou
em zona secundária. Tem-se por iniciado o despacho de importação
na data do registro da declaração de importação. O registro da
declaração de importação consiste em sua numeração pela RFB, por
meio do SISCOMEX.
O despacho de importação deverá ser iniciado em (Art. 546 do
Regulamento Aduaneiro):
Até 90 (noventa) dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto
alfandegado de zona primária.
Até 45 (quarenta e cinco) dias após esgotar-se o prazo de permanência
da mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária ou
Até 90 (noventa dias), contados do recebimento do aviso de chegada
da remessa postal.
Para alguns produtos sujeitos à selagem na importação, o importador
terá o prazo para registro da declaração de importação contado a
partir da data de fornecimento do selo de controle pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil.
Caso o importador não registre a declaração de importação no prazo
de 90 (noventa) dias, a contar do fornecimento dos selos de controle,
ficará sujeito às penalidades previstas na legislação aplicáveis às
hipóteses de uso indevido de selos de controle (Art. 586 do Decreto
nº 7.212/2010).
Está dispensada de despacho de importação a entrada, no País,
de mala diplomática, assim considerada a que contenha tão
somente documentos diplomáticos e objetos destinados a uso
oficial (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, Art. 27,
promulgada pelo Decreto nº 56.435/1965)
(DESPACHO DE IMPORTAÇÃO, 2022, s. p.).

5 LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO
O licenciamento de importação é a apresentação de todos os documentos ne-
cessários por uma empresa à autoridade responsável para aprovação da importação
de tipos específicos de mercadorias. Os requisitos a esse licenciamento são influencia-
dos, principalmente, pelo GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), em português,
Acordo Geral de Tarifas e Comércio.

O Art. VIII do GATT (OMC, 1994), intitulado “Taxas e Formalidades Relacionadas à


Importação e Exportação”, trata, de forma não específica, dos procedimentos de licen-
ciamento de importação. O parágrafo 1º (c), estabelece uma obrigação geral relativa às
formalidades pelas quais os membros reconhecem a necessidade de minimizar a in-
cidência e complexidade das formalidades de importação e exportação e de di-
minuir e simplificar os requisitos de documentação de importação e exportação.

149
Já o parágrafo 2º exige que cada membro reveja a operação de suas leis e
regulamentos à luz das disposições no artigo) mediante solicitação de outro membro. O
parágrafo 3º proíbe os membros de impor sanções substanciais por pequenas violações
de regulamentos alfandegários ou requisitos processuais.

Os principais objetivos do acordo são: simplificar e trazer transparência


aos procedimentos de licenciamento de importação, garantir as suas aplicação e
administração justas e equitativas e evitar que os procedimentos aplicados para
concessão de licenças de importação tenham, por si mesmos, efeitos restritivos ou
distorcidos nas importações.

Já a Organização Mundial do Comércio (OMC) afirma que o licenciamento de


importação pode ser definido como os procedimentos administrativos que exigem a
apresentação de um pedido ou outra documentação – diferentemente dos exigidos
para fins aduaneiros – ao órgão administrativo competente como condição prévia à
importação de mercadorias (TECHNICAL INFORMATION..., 2023).

O acordo da WTO sobre procedimentos de licenciamento de importação


(Acordo de Licenciamento de Importação) estabelece regras a todos os membros
em relação ao uso de sistemas de licenciamento de importação para regular o seu
comércio (TECHNICAL INFORMATION..., 2023). Além do próprio licenciamento, o acordo
também abrange procedimentos associados a uma série de práticas que atendem a
essa definição, incluindo aprovações, permissões ou autorizações de importação e
licenças de atividade necessárias. As disposições do acordo incluem diretrizes para o
que constitui uma aplicação justa e não discriminatória de tais procedimentos, com o
objetivo de proteger os membros de exigências ou de atrasos não razoáveis ​​associados
a um regime de licenciamento.

Essas obrigações visam garantir que os procedimentos de licenciamento de


importação não criem barreiras adicionais ao comércio além das medidas políticas
implementadas por meio do licenciamento. Além disso, o acordo estabelece requisitos
para notificações periódicas que descrevem quaisquer sistemas de licenciamento
aplicados às importações, juntamente com cópias da legislação pertinente, a fim de
aumentar a transparência e a previsibilidade dos regimes de licenciamento dos membros.

As disposições do Acordo de Licenciamento de Importação disciplinam os


procedimentos de licenciamento e não tratam diretamente da consistência da OMC
sobre as medidas subjacentes implementadas por meio dele. Os membros são obrigados
a ter justificativa da OMC para quaisquer requisitos de licenciamento estabelecidos.

Esse acordo abrange tanto os sistemas de licenciamento “automáticos” – os


quais se destinam apenas a monitorar as importações e não a regulá-las – quanto os
sistemas de licenciamento “não automáticos”, sob os quais certas condições devem ser
atendidas antes da emissão da licença. Os governos costumam usar o licenciamento não

150
automático para administrar restrições de importação, como cotas e cotas tarifárias, ou
para administrar segurança ou outros requisitos, por exemplo, a mercadorias perigosas,
armamentos ou antiguidades.

Os requisitos para permissão de importação que funcionam como licenças de


importação, certificação de normas e regulamentos sanitários e técnicos também estão
sujeitos às regras do Contrato de Licenciamento de Importação.

Figura 5 – Licença de importação

Fonte: https://shutr.bz/3FhtLaa. Acesso em: 3 nov. 2022.

Nas operações do comércio exterior, a licença de importação é um dos docu-


mentos oficiais mais relevantes quando nos referimos a todo o tipo de operações rea-
lizadas no domínio das importações e comércio internacional. Assim, esse documento
torna mais fácil para qualquer empresa ou organização realizar importações de acordo
com as suas necessidades e sob condições legais.

Nesse sentido, enfatizaremos a relevância de importar mercadorias, cumprir as


normas internacionais e de ter um conjunto de documentos os quais comprovem que
estamos importando de acordo com as normas as quais, nessa situação, especificam o
caso da LI, ou seja, da Licença de Importação.

Como enfatizado, anteriormente, o processo de importação é dividido em três


fases: administrativa, fiscal e cambial. De acordo com Campos (2020), o processo admi-
nistrativo das importações no Brasil envolve as seguintes modalidades ou licenciamentos:

151
• Importações não sujeitas a Licenças, Permissões, Certificados e Outros Docu-
mentos (LPCO): a Declaração Única de Importação (Duimp) é registrada no Siscomex.
• Importações sujeitas a Licenças, Permissões, Certificados e Outros
Documentos (LPCO): é o tipo de registro que não necessita de anuência de qualquer
órgão brasileiro, ele é efetivado automaticamente no Sistema Integrado de Comércio
Exterior – Siscomex, caso os pedidos de registro tenham sido apresentados de forma
adequada e completa.
• Importações sujeitas à emissão de nota no Controle de Carga e Trânsito
(CCT) pelo depositário.

Antes, explicamos a definição de licença de importação, para que você tivesse


conhecimento desse termo em um sentido mais abrangente, ou seja, em nível mundial,
no entanto, devemos ter em mente a existência de diferentes economias com diferentes
restrições comerciais. Há, por exemplo, um conjunto de economias e mercados cujas
restrições são maiores e possuem uma série de vetos às exportações; no lado oposto,
encontramos aquelas as quais apresentam menos restrições ou são menos restritivas
em relação ao comércio exterior.

Então, nos voltemos, agora, ao cenário brasileiro das questões relacionadas ao


licenciamento de importação. Observe o que afirma o Ministério da Economia a respeito
do assunto:

Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de


licenciamento, devendo o importador apenas providenciar o registro
da Declaração de Importação (DI) no SISCOMEX, quando da chegada
da mercadoria em território nacional.
Em alguns casos, no entanto, exige-se o licenciamento, que poderá
ser automático ou não automático, conforme o produto ou operação
de comércio exterior realizada (Portaria SECEX nº 23/2011), sendo
necessária uma Licença de Importação (LI) com autorização prévia
de um ou mais órgãos anuentes.
A LI é um documento eletrônico registrado pelo importador no
SISCOMEX, que contém informações acerca da mercadoria a ser
importada e da operação de importação de maneira geral, tais como
importador, exportador, país de origem, procedência e aquisição,
regime tributário, cobertura cambial, dentre outras.
Para saber se a importação pretendida requer LI, é necessário
consultar o módulo “Tratamento Administrativo” da mercadoria no
SISCOMEX. Esse módulo tem o propósito de informar se a importação
pleiteada está sujeita a licenciamento de importação e, em caso
positivo, quais órgãos do governo são responsáveis pela anuência da
LI (vide “Órgãos Anuentes na Importação”).
Além disso, o importador deve verificar se a operação pretendida
está enquadrada nos termos dos artigos 14 e 15 da Portaria SECEX
nº 23/2011, que disciplinam as situações em que há licenciamento
automático e não automático (LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO,
2023, s. p.).

152
DICA
Nas importações, o tratamento administrativo corres-
ponde a um conjunto de procedimentos aplicados às
mercadorias pela RFB, onde deverá ser analisado e cum-
prido antes do seu embarque, mas, veja bem, quando
nos referimos a esse tipo de tratamento, não devemos
relacioná-lo ao tratamento tributário, ainda que, em vá-
rias situações, ambos possam ser aplicados, juntos, em
determinada mercadoria. Quer saber mais a respeito
do tratamento administrativo nas importações? Acesse
o QR Code.

De acordo com o Siscomex, “cada órgão anuente possui sua própria legislação.
A norma que contém as regras de importação no âmbito desta Secretaria de Comércio
Exterior é a Portaria SECEX nº 23/2011” (IMPORTAÇÃO, 2020, p. 1). Ainda segundo essa
entidade, caso a operação tenha dispensa de licenciamento, mesmo assim, o importador
“deve apenas registrar a Declaração de Importação (DI), que é de competência exclusiva
da RFB. Tanto para o registro da LI quanto da DI, o importador deve estar previamente
habilitado no SISCOMEX e tal habilitação deve ser obtida junto à RFB” (IMPORTAÇÃO,
2020, p. 1).

Preparamos um quadro que resume as principais informações relacionadas às


operações de importação no Brasil.

Quadro 4 – Conceitos gerais sobre importação


1. Como proceder para realizar

Para realizar a importação de uma mercadoria ao Brasil, em primeiro


lugar, deve-se verificar a classificação fiscal do produto (código NCM –
Nomenclatura Comum do Mercosul). A consulta inicial pode ser feita na
uma importação?

lista da Tarifa Externa Comum (TEC) no seguinte endereço eletrônico:


www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br » Comércio
Exterior » Tarifa Externa Comum – TEC (NCM).
Nessa lista também consta a alíquota do imposto de importação de
cada produto. Caso haja dúvida em relação ao código NCM do produto
ou aos tributos federais envolvidos, orientamos encaminhar consulta à
Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, o órgão responsável por
classificação fiscal e tributação.

Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de


2. Para importar um

há necessidade de

licenciamento, não sendo necessária uma Licença de Importação (LI)


produto, sempre

licenciamento?

com autorização prévia de órgãos anuentes.


Neste caso, o importador deverá, apenas, providenciar o registro
da Declaração de Importação (DI) no Siscomex, em regra quando da
chegada da mercadoria em território nacional.
Em alguns casos, no entanto, exige-se o licenciamento, o qual poderá
ser automático ou não automático, conforme o produto ou operação de
comércio exterior realizado (Portaria Secex nº 23/2011).

153
3. Como verificar se determinada
Para saber se a importação pretendida requer licenciamento, é
necessário consultar o “Tratamento Administrativo” do produto no
importação requer ou não
Siscomex ou no “Simulador de Tratamento Administrativo – Importação”
no endereço eletrônico www.siscomex.gov.br.
licenciamento?
Por meio dessa consulta, o interessado verifica se a importação pleiteada
está sujeita a licenciamento de importação e, em caso positivo, quais
órgãos do governo são responsáveis pela anuência da LI. Além disso,
o importador deve verificar se a operação pretendida está enquadrada
nos termos dos Art. 14 e 15 da Portaria Secex nº 23/2011, os quais
disciplinam as situações em que há licenciamento automático e não
automático. Vale lembrar: uma LI tem a possibilidade de ser composta
por uma ou mais anuências.
licenciamento, embora haja
tratamento administrativo
haja a necessidade de
operação em que não

para o produto a ser


4. Existe alguma

Existem algumas operações nas quais não há a necessidade de


importado?

licenciamento, embora haja tratamento administrativo para o produto


a ser importado: as importações amparadas pelos regimes aduaneiros
especiais nas modalidades de loja franca, depósito afiançado, depósito
franco e depósito especial (Portaria Secex n° 23/2011, Art. 13, § 1°, III).

Primeiramente, vale lembrar que tanto no licenciamento automático


automático e licenciamento não automático?

quanto no não automático faz-se necessário registrar uma Licença


5. Qual é a diferença entre licenciamento

de Importação (LI) no Siscomex. O licenciamento automático pode ser


efetuado após o embarque da mercadoria no exterior, mas antes do
despacho aduaneiro de importação.
Neste caso, o deferimento da anuência será realizado sem restrição à
data de embarque. Por sua vez, o licenciamento não automático é prévio
ao embarque da mercadoria no exterior, salvo nas exceções previstas
na Portaria Secex nº 23/2011.
Nesta situação, o importador deve aguardar o deferimento da anuência
antes de embarcar a mercadoria, sendo esse deferimento com restrição
à data de embarque. Além da diferença em relação à restrição de
embarque, há diferença, também, em relação ao prazo que o órgão
anuente possui para se manifestar no Siscomex, ou seja, para dar o
resultado da análise em sua anuência na LI.
Enquanto no licenciamento automático o prazo à manifestação do
anuente é de até dez dias úteis, no licenciamento não automático, esse
prazo é de até 60 dias corridos.

Para realizar a importação de uma mercadoria ao Brasil, em primeiro lugar, deve-se verificar a
classificação fiscal do produto (código NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul). A consulta
inicial costuma ser feita na lista da Tarifa Externa Comum (TEC).

Fonte: adaptado de NCM (2021)

154
A mera existência de restrições ao livre comércio tem forte impacto na economia
de qualquer país. Como consequência disso, é possível afirmar que, apenas naquelas
sociedades totalmente abertas ao comércio internacional, documentos como a licença
de importação, por exemplo, dentre muitos outros, não seriam necessários.

Certamente, gostemos ou não, devemos reconhecer que cada economia e,


claro, cada país, tem um sistema político diferente dos outros, exatamente o mesmo
acontece no caso de variáveis ​​que influenciam a economia de alguns e de outros países.
Isso deve-se, em especial, à existência de diferentes motivações ou interesses para
controlar, de uma forma ou de outra, toda uma série de serviços e bens, o que implica
o desenvolvimento de uma série de regulamentos legais com impacto substancial nas
restrições a todos esses tipos de bens e serviços.

6 DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO
Um licenciamento de importação e a sua respectiva autorização representam o
ato de cumprir os regulamentos de importação de um país importador. De maneira geral,
os países exigem determinado tipo de DI (Declaração de Importação). Dependendo do
país e do produto, há a necessidade de documentação de apoio adicional, por exemplo,
os certificados de origem, a documentação consular e os certificados de saúde e
segurança relacionados ao produto.

Uma declaração de importação é um documento oficial no qual você específica


detalhes sobre as mercadorias que importa. As declarações são usadas pelos impor-
tadores, ou despachantes aduaneiros licenciados que atuam em seu nome, a fim de
liberar mercadorias importadas do controle aduaneiro.

De acordo com a American Chamber of Commerce for Brazil (AMCHAM BRASIL,


2022), a declaração de importação é um documento essencial ao processo de despa-
cho e deve conter a identificação do importador, assim como a identificação do produto,
a classificação, a origem e o valor alfandegário. O registro da DI consiste em sua nume-
ração pela Receita Federal, por meio do Siscomex, quando o processo de despacho de
importação é considerado iniciado.

A legislação brasileira estipula prazos para iniciar o processo de encaminha-


mento de até 90 dias a partir da descarga, se a mercadoria estiver em zona primária al-
fandegada, de até 120 dias a partir da entrada da mercadoria em zona secundária alfan-
degada e de até 90 dias a partir do recebimento do aviso de chegada da remessa postal.

A declaração de importação deve ser incluída com a cópia original do conhe-


cimento de embarque ou documento equivalente; a fatura comercial original, assinada
pelo exportador; o comprovante de pagamento dos impostos, se exigido; e outros docu-
mentos exigidos como resultado de acordos internacionais ou sob a lei, o regulamento
ou ato normativo.

155
Os impostos aduaneiros (II, IPI, PIS-Importação e Cofins-Importação) devem ser
pagos até o momento do registro da declaração de importação. Normalmente, o IVA
estadual (ICMS) também é pago antes de completar o processo de despacho aduaneiro.

No âmbito do Novo Processo de Importação, em 2018, a RFB (Receita Federal


do Brasil) iniciou a implementação da fase piloto da Declaração Única de Importação
(Duimp), no Portal Único de Comércio Exterior (Siscomex), um canal que reúne
informações relacionadas ao controle aduaneiro, fiscal e administrativo da operação
de importação, este último realizado concomitantemente ao controle aduaneiro. Uma
considerável inovação em relação à atual sistemática “licença de importação-declaração
de importação” (LI-DI).

O projeto-piloto que institui o NPI – Novo Processo de Importação foi divulgado


por meio da Importação nº 80 da Siscomex (2018, s. p.), a qual declara:

No âmbito do Portal Único de Comércio Exterior (Portal Siscomex),


entra o projeto-piloto do Novo Processo de Importação. Os
benefícios esperados são a simplificação e a desburocratização dos
procedimentos aduaneiros, com a decorrente redução de tempo e
custo para os operadores privados e órgãos de controle, num esforço
conjunto entre Administração Pública e sociedade em busca do
aperfeiçoamento do ambiente de negócios, o qual proporciona mais
competitividade às empresas brasileiras no cenário internacional.
Durante o piloto, as operações serão acompanhadas pela Secretaria
da Receita Federal do Brasil (RFB) e poderão participar empresas
certificadas pela RFB como Operador Econômico Autorizado (OEA)
– nas categorias Pleno e Conformidade Nível 2 – ou importadores
que operem por conta e ordem dessas empresas. As operações serão
limitadas ao modal aquaviário, com recolhimento integral dos tributos
federais incidentes e com controle exclusivamente aduaneiro, ou
seja, sem anuência de outros órgãos.
A Declaração Única de Importação (Duimp) é o novo documento
eletrônico do processo de importação e possui informações
de natureza aduaneira, administrativa, comercial, financeira,
fiscal e logística que caracterizam a operação de importação. Os
procedimentos relativos ao despacho aduaneiro das importações
abrangidas pelo projeto-piloto foram disciplinados na Instrução
Normativa RFB n° 1.833 e na Portaria da Coordenação-Geral de
Administração Aduaneira (Coana) n°.77, publicadas no Diário Oficial
da União em 27 e 28 de setembro de 2018, respectivamente.
O Novo Processo de Importação segue o desenvolvimento e a
implantação gradual com entregas progressivas no Portal Siscomex.
Essa estratégia permite agregar valor às operações de forma mais
rápida a partir da implantação de funcionalidades do novo sistema
que tiveram o seu desenvolvimento concluído, além de possibilitar
intensa participação do setor privado e frequente atualização da
ferramenta para que atenda às novas necessidades e tecnologias.

O Duimp substituirá a Declaração de Importação (DI), a Declaração Simplificada


de Importação (DSI), a Licença de Importação (LI) e a Licença Simplificada de Importação
(LSI), estas duas últimas com relação às inspeções. A expectativa é de as mudanças

156
proporcionarem redução de 40% no tempo médio de processamento à liberação das
mercadorias importadas, caindo de 17 para dez dias, o que reduzirá os custos na cadeia
logística das empresas.

A prova de importação é um documento utilizado como prova da operação de


importação, emitido após o desembaraço aduaneiro do produto cuja declaração foi re-
gistrada no Siscomex. O desembaraço é a ação por meio da qual é registrada a conclu-
são do escrutínio aduaneiro. Após o desembaraço alfandegário, a entrega do produto ao
importador será autorizada.

O governo brasileiro continua a avançar no processo de aplicação da Declara-


ção Única de Importação (Duimp) nas suas alfândegas. Na sua essência, o Duimp será
o único documento que a alfândega necessitará para importar e ele fará parte do Portal
Único de Comércio Exterior.

Desde 2014, o governo brasileiro tem trabalhado para simplificar os procedi-


mentos e formalidades do comércio exterior. Esse programa centra-se na melhoria das
intervenções e fluxos de informação entre todos os intervenientes envolvidos na impor-
tação, exportação e trânsito de mercadorias.

Figura 6 – Mercadorias em trânsito

Fonte: https://shutr.bz/3ytTHeJ. Acesso em: 3 nov. 2022.

A menos que beneficiem de uma isenção, as importações comerciais devem


ser declaradas no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), o qual foi
redesenhado para se tornar um sistema consolidado.

157
Além disso, esse programa incluirá um módulo de catálogo para produtos
importados, no qual as suas características serão descritas por meio de folhas de
dados, desenhos e catálogos, por exemplo. Da perspectiva do governo brasileiro, tal
programa permitirá rever melhor as classificações tarifárias corretas durante o processo
de desalfandegamento.

A proposta do Novo Processo de Importação enfatiza o seguinte:

Conforme previsto no Art. 551 do Regulamento Aduaneiro (Decreto


nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009), “a declaração de importação é o
documento base do despacho de importação”. Ela deve conter:
• a identificação do importador; e
• a identificação, a classificação, o valor aduaneiro e a origem da
mercadoria.
O mesmo artigo prevê ainda que a Secretaria da Receita Federal do
Brasil poderá:
• exigir, na declaração de importação, outras informações, inclusive
as destinadas a estatísticas de comércio exterior; e
• estabelecer diferentes tipos de apresentação da declaração de
importação, apropriados à natureza dos despachos, ou a situações
específicas em relação à mercadoria ou a seu tratamento tributário.
Será criada a Declaração Única de Importação (Duimp), que é o
documento balizador do novo processo de importação, substituindo
as atuais DI/DSI e diretamente integrada ao novo módulo de
licenciamento de importação. Ao atender também a outras exigências
administrativas além do despacho aduaneiro, a Duimp terá seu
escopo ampliado em relação a atual DI.
Assim, quando a mercadoria estiver sujeita à inspeção física em
recinto alfandegado a cargo de algum órgão distinto da RFB, a Duimp
substituirá as atuais LI no Siscomex. Nesse caso, o controle desses
órgãos anuentes 30 passará a ser efetuado no curso do despacho
de importação; o importador deverá registrar a Duimp para que
esses controles sejam realizados e sua operação concluída (PORTAL
SISCOMEX, 2017, p. 29).

A existência de múltiplos sistemas individuais, uma estrutura complexa e buro-


crática, um número excessivo de stakeholders e a gestão manual de riscos, que levam ao
aumento de custos e tempo de importação, são alguns dos motivos que levaram à criação
do Novo Processo de Importação. Além da celeridade, ou seja, da redução no lead time
de importação, podemos destacar outros benefícios: gerenciamento eletrônico de riscos,
menores custos de estoque e armazenamento com maior previsibilidade operacional.

INTERESSANTE
Olá, caro acadêmico! Que tal uma pausa na
leitura? Preparamos um podcast bem interessante,
especialmente para você. Falaremos da proposta
do Novo Processo se Importação, e o foco será o
Programa Portal Único de Comércio Exterior. Para ouvir,
basta acessar o QR Code e apertar o play!

158
7 DESEMBARAÇO ADUANEIRO
A entrada de diversos produtos importados no Brasil está sujeita a autorizações
emitidas pelas respectivas autoridades brasileiras que regulamentam tanto a entrada
quanto a comercialização desses bens. Estes, por sua vez, exigem licença de impor-
tação, portanto, requerem aprovação de uma ou mais das 16 autoridades, compostas,
principalmente, por ministérios ou agências reguladoras. Normalmente, essas licenças
devem ser solicitadas antes do embarque, mas, em certos casos, podem ser obtidas
após o embarque da mercadoria, porém antes do desembaraço aduaneiro.

Como falamos anteriormente, o despacho aduaneiro é a operação de declarar


mercadorias antes de passar pela alfândega. Refere-se ao procedimento que as mer-
cadorias devem sofrer para entrar ou sair legalmente do território brasileiro. Esse pro-
cedimento aduaneiro é realizado por prestadores de serviços externos ou pela própria
empresa e envolve a realização de certas formalidades de informações, dentre outras
coisas, da natureza das mercadorias exportadas/importadas e o seu valor bem como a
identidade do expedidor e do destinatário das mercadorias.

Qual seria a diferença entre desembaraço e despacho aduaneiro?


Embora as semelhanças possam confundir, o conceito começa pelos termos, pois
tanto o desembaraço aduaneiro quanto o despacho aduaneiro têm diferenças. A
fundamental delas é: o desembaraço corresponde a uma etapa posterior ao despacho,
pois constitui-se no ato em que é registrada a conclusão das conferências dos dados,
isto é, conclui-se a conferência aduaneira e, a partir de então, autoriza-se a entrega da
mercadoria ao importador.

Para melhor compreensão, veja, no Quadro 5, as principais diferenças entre


desembaraço e despacho aduaneiro.

Quadro 5 – Diferenças entre desembaraço e despacho aduaneiro

O que é desembaraço aduaneiro? O que é despacho aduaneiro?

• No geral, é uma fase do processo de


despacho. É durante o desembara- • De acordo com a Receita Federal, é o pro-
ço que há a liberação de entrada das cedimento fiscal realizado para qualquer
mercadorias (operação de importação) carga e mercadoria proveniente de outro
ou saída, no caso das exportações. país ou destinada a ele.
• É no desembaraço aduaneiro que, • O objetivo é verificar se todos os docu-
por exemplo, são verificados os do- mentos declarados estão regulares e de
cumentos relacionados à carga e acordo com a natureza da mercadoria
todas as declarações exigidas pelas transportada.
autoridades do país.

159
• O conceito moderno da declaração adua-
neira foi delimitado pelo Protocolo de Revi-
• Sendo atestada a inexistência de irre-
são da Convenção Internacional para a Sim-
gularidades, a fiscalização aduaneira
plificação e a Harmonização dos Regimes
realiza a liberação das mercadorias.
Aduaneiros – Convenção de Kyoto, concluí-
do em Bruxelas, em 26 de junho de 1999.

Etapas do desembaraço aduaneiro Etapas do despacho aduaneiro

• Registro de declaração: a primeira eta-


pa do despacho aduaneiro. Ocorre quan-
do são submetidos e discriminados os
• Segundo o regulamento aduaneiro dados e informações sobre o embarque, a
do Governo Federal, o desembaraço natureza da mercadoria, o exportador e o
é conceituado como o momento importador, os responsáveis pelos trâmi-
em que é concluído o processo de tes, o regime de transação local e outros.
conferência alfandegária, o qual é • Distribuição: a segunda etapa do des-
realizado nas seguintes etapas: pacho. Começa com a escolha da autori-
dade fiscal que providenciará a conferên-
1. chegada da mercadoria: a carga
cia física/liberação. Acompanhará todas
chega até a autoridade alfandegária
as etapas até o fim.
em porto e aeroportos e entra na fila
• Parametrização: momento no qual há
de espera para ser avaliada;
a primeira conferência, de maneira au-
2. cadastro da carga: após a avaliação,
tomatizada, das informações, com base
a mercadoria é cadastrada no portal
nos parâmetros do Siscomex (Sistema
do Siscomex;
Integrado de Comércio Exterior). Nela,
3. emissão do comprovante: o último
haverá a definição da regularidade dos
estágio do desembaraço é a emissão
dados submetidos e, depois, dos proce-
do documento que comprova a re-
dimentos necessários.
gularidade da carga está, deixando-a
• Reentrega de documentos: no caso do
seguir o seu destino.
canal vermelho, o processo volta ao início,
então, são necessárias a adequação e a
• É no desembaraço aduaneiro que,
reentrega de toda documentação.
por exemplo, são verificados os do-
• Conferência aduaneira: logo após a
cumentos relacionados à carga e
parametrização, se a verificação e as aná-
todas as declarações exigidas pelas
lises dos documentos estiverem corretas,
autoridades do país.
a autoridade responsável estipula a data
para a conferência final física e de docu-
mentação do despacho.

160
• Desembaraço aduaneiro: última etapa
• Sendo atestada a inexistência de irre- do processo e pelo qual é registrada a
gularidades, a fiscalização aduaneira conclusão da conferência aduaneira. A
realiza a liberação da mercadoria. mercadoria, a partir daí, está liberada para
transporte e entrega na alfândega.

Fonte: adaptado de Mendes (2022, s. p.).

Conforme estabelecido no Art. 571 do Regulamento Aduaneiro, “o desembaraço


aduaneiro na importação é o ato pelo qual é registrada a conclusão da conferência
aduaneira” (BRASIL, 2009). Após a conferência, a mercadoria é, no mesmo momento,
desembaraçada, conforme disposto no Art. 48 da Instrução Normativa SRF nº 680
(BRASIL, 2006).

Como esclarece a Receita Federal, são condições para o desembaraço aduaneiro:

• A apresentação do Certificado de Origem quando sua entrega foi


postergada com base em Termo de Responsabilidade nos termos
do § 2º do Art. 19 da IN SRF nº 680/2006 nas importações de
produtos a granel ou perecíveis originários dos demais países
integrantes do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
• Na entrega fracionada, o desembaraço será registrado no
Siscomex por ocasião do despacho do último lote relativo à DI (§
4º do Art. 61 da IN SRF nº 680/2006).
• Em se tratando de entrega antecipada de mercadoria, nas
hipóteses previstas no Art. 47 da IN SRF nº 680/2006, o
desembaraço aduaneiro será realizado após 5 (cinco) dias úteis
da realização da entrega, ou do fim do prazo para a entrega dos
documentos de instrução da DI. Havendo exigência fiscal não
cumprida, será formalizado auto de infração e, depois da ciência do
auto pelo importador, a DI será desembaraçada (DESEMBARAÇO
ADUANEIRO, 2022, s. p.).

Já a proposta de Novo Processo de Importação – a qual abordamos anteriormente


– afirma que,

O desembaraço aduaneiro, ato privativo do Auditor-Fiscal da RFB, é


o ato pelo qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira.
A legislação institui que não deverá ser desembaraçada a mercadoria:
I. Cuja exigência de crédito tributário no curso da conferência adua-
neira esteja pendente de atendimento, salvo nas hipóteses auto-
rizadas pelo Ministro de Estado da Fazenda, mediante a prestação
de garantia; e
II. Enquanto não apresentados os documentos instrutivos da decla-
ração, conforme previsto no Art. 553 do Regulamento Aduaneiro.
O Regulamento Aduaneiro, em seu Art. 574, prevê: Não serão desem-
baraçadas mercadorias que sejam consideradas, pelos órgãos com-
petentes, nocivas à saúde, ao meio ambiente ou à segurança pública,
ou que descumpram controles sanitários, fitossanitários ou zoossa-
nitários, ainda que em decorrência de avaria, devendo tais mercado-
rias ser obrigatoriamente devolvidas ao exterior ou, caso a legislação

161
permita, destruídas, sob controle aduaneiro, às expensas do obrigado.
Pretende-se, com a implantação do novo processo de importação,
estabelecer o paralelismo entre os procedimentos de controle adua-
neiro e os procedimentos administrativos dos órgãos competentes.
Desta forma, não mais será necessário aguardar a atuação dos ór-
gãos anuentes para se iniciar o despacho aduaneiro, contudo, caso
haja a conclusão da conferência aduaneira antes das autorizações a
cargo dos demais órgãos anuentes, o desembaraço ficará sobrestado
até sua manifestação favorável. De toda sorte, a competência pelo
desembaraço aduaneiro permanecerá com a autoridade responsá-
vel, o Auditor-Fiscal da RFB.
Caso a Duimp seja indicada para o canal verde pelo gerenciamento de
riscos aduaneiros, o sistema registrará o desembaraço automático das
mercadorias após a concessão das eventuais autorizações por parte
dos demais órgãos anuentes (PORTAL SISCOMEX, 2017, p. 68-69).

As importações são monitoradas por leis aplicadas pelo departamento de


alfândega de um país, seguindo as políticas governamentais. Esse departamento –
órgão nomeado pelo governo – cobra direitos e tarifas sobre importações e tem o seu
próprio sistema de inteligência bem como métodos de investigação, infraestrutura para
patrulhamento, fiscalização e outras medidas preventivas. A alfândega de um país tem o
poder de confiscar mercadorias, eliminá-las conforme necessário ou fazer apreensões.

Todas as mercadorias importadas devem ser declaradas à alfândega. Para


importar mercadorias, o imposto aduaneiro especificado deve ser pago ao departamento
aduaneiro, a fim de obter a liberação das mercadorias. Até que esse pagamento
seja efetuado e a mercadoria desembaraçada, esta será mantida em depósito pelo
departamento aduaneiro.

8 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO NA IMPORTAÇÃO


O imposto de importação é cobrado sobre importações e algumas exportações
pelas autoridades alfandegárias de um país. O valor de uma mercadoria e a sua
classificação determinam esse imposto. Dependendo do contexto, o direito de importação
também pode ser conhecido como direito aduaneiro, tarifa, imposto de importação ou
tarifa de importação.

ATENÇÃO
Os direitos de importação têm dois propósitos distintos: aumentar a ren-
da do governo local e dar uma vantagem de mercado a bens produzidos
localmente que não estão sujeitos a impostos de importação. Um ter-
ceiro objetivo relacionado é, às vezes, penalizar determinada nação por
meio da cobrança de altas taxas de importação sobre os produtos dela.

162
Em todo o mundo, diversas organizações e tratados têm impacto direto nas
tarifas de importação. O valor do imposto a pagar varia muito, pois depende da mercadoria
importada, do país de origem e de vários outros fatores. Os direitos aduaneiros sobre as
importações de mercadorias são chamados de tarifas. Elas conferem uma vantagem
de preço aos bens produzidos localmente em relação aos bens similares importados e
aumentam as receitas para os governos (TARIFFS, 2023).

O sistema tributário brasileiro é muito complexo, pois engloba diversos tribu-


tos em diferentes níveis: federal, estadual e municipal. Além disso, o fisco também
criou muitas obrigações acessórias, o que traz mais complexidade a todo o sistema
tributário no Brasil.

A quantidade de tributos também agrega custos a determinadas transações


que, em alguns casos, dão origem a reajustes de preços ou, até mesmo, à implantação
de estruturas alternativas. Um bom exemplo de alta carga tributária é a importação de
serviços do Brasil.

De acordo com o site Invest & Export Brasil, o Tratamento Tributário na


Importação,

Refere-se à tributação incidente sobre a entrada de mercadorias


estrangeiras no território aduaneiro. Os tributos incidentes na
importação são:
• Imposto de Importação – II.
• Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI.
• Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
• Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante – AFRMM.
• CIDE – Combustíveis.
• Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS.
• Taxa de Utilização do Siscomex.
Para a base de cálculos dos impostos incidentes na importação, faz-
se necessário conhecer o valor aduaneiro da mercadoria estrangeira.
De acordo com o Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759, de 5 de
fevereiro de 2009), toda mercadoria submetida a despacho aduaneiro
de importação está sujeita ao controle do valor aduaneiro, de acordo
com as regras estabelecidas no Acordo Sobre Valoração Aduaneira
do GATT (TRATAMENTO TRIBUTÁRIO..., 2023, s. p.).

Sob a perspectiva de Bueno (2022b, s. p.), “os maiores custos da compra de


mercadorias do exterior residem nos tributos na importação. Dessa forma, é importante
observar os tributos que são cobrados sobre cada mercadoria, pois eles exercem impacto
sobre os valores finais da operação”. Observe, no Quadro 6, os regimes tributários na
importação e as suas respectivas legislações.

163
Quadro 6 – Regimes tributários na importação

• O Regime de Tributação Simplificada (RTS) permite o pagamento


do imposto de importação quando são importados bens contidos
REGIME DE TRIBUTAÇÃO SIMPLIFICADA (RTS)

em encomenda internacional, destinada a pessoa física ou jurídica,


mediante a aplicação da alíquota única de 60%. Os bens contidos
em encomenda internacional deverão ter valor total de até US$ 3
mil ou o equivalente em outra moeda.
• No caso da importação por encomenda internacional, por pessoa
física para uso próprio ou individual, de produtos acabados
pertencentes às classes de medicamentos no valor de até US$ 10
mil ou o equivalente em outra moeda, a alíquota do imposto de
importação será de 0%, desde que cumpridos todos os requisitos
estabelecidos pelos órgãos de controle administrativo.
• Saliente-se que, embora os valores do frete e do seguro integrem
o valor tributável dos bens, estes não devem ser considerados para
fins de cálculo dos limites acima estabelecidos.
• As importações efetuadas por meio do RTS estão sujeitas ao
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
(ICMS), conforme legislação de cada unidade da federação, cabendo
a sua cobrança aos Correios (ECT) ou às empresas de courier.
REGIME DE TRIBUTAÇÃO ESPECIAL (RTE)

• Os bens tributáveis de bagagem desacompanhada que chegarem


ao país como encomenda internacional poderão, caso haja opção
pelo contribuinte, se submeter ao Regime de Tributação Especial
(RTE), desde que os bens estejam de acordo com os requisitos
previstos na norma específica de bagagem e que não tenha ocorrido
o desembaraço da declaração de importação em outro regime.
• O despacho ocorrerá mediante o registro de DSI no Siscomex
Importação.
• O destinatário deverá indicar aos Correios (ECT) ou à empresa de
courier a sua intenção de utilizar o RTE, mediante a comunicação
na forma prevista pelo serviço de atendimento ao cliente da res-
pectiva empresa.

164
• Poderá ser aplicado aos bens contidos em encomenda internacional:
REGIME COMUM DE a) quando não forem cumpridos os requisitos para utilização do RTS
IMPORTAÇÃO ou do RTE; ou b) por opção do destinatário, enquanto não ocorrido
o desembaraço da declaração de importação em outro regime.
• O regime comum de importação será aplicado mediante o registro
de Declaração de Importação (DI) ou Declaração Simplificada de
Importação (DSI) no Siscomex Importação e com observância das
regras gerais do despacho aduaneiro de importação, afastando-se
os benefícios próprios do RTS ou do RTE.

• Decreto-Lei nº 1.804/1980.
• Decreto nº 6.759/2009.
LEGISLAÇÃO

• Portaria MF nº 156/1999.
• IN RFB nº 1.737/2017.
• Portaria Coana nº 81/2017.
• Portaria Coana nº 82/2017.
• Convênio ICMS nº 60/2018.

Fonte: adaptado de Tributação (2022)

INTERESSANTE
No Brasil, todas as tributações de mercadorias
importadas são baseadas pela Nomenclatura Comum
do Mercosul (NCM) e, assim sendo, como o Brasil é
país-membro do Mercosul, utiliza a Tarifa Externa
Comum (TEC), que possui todas as alíquotas de
imposto de importação dos produtos. Caso queira
saber mais acerca da NCM e da TEC, basta acessar os
QR Codes, a seguir:
• NCM.
• TEC.

Lembre-se, sempre, que o Imposto de Importação (II) é um imposto federal


devido no desembaraço aduaneiro de mercadorias estrangeiras. No momento do registro
Declaração de Importação (DI), o valor aduaneiro da mercadoria deve ser declarado de
acordo com o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT).

165
Independentemente do modelo de importação, o contribuinte é o importador
que promove a entrada de mercadorias em território brasileiro. A alíquota II varia de
acordo com a classificação das mercadorias importadas segundo o Código Tarifário Ex-
terno Brasileiro (Tarifa Externa Comum – TEC), que inclui o mesmo sistema de classifi-
cação do Sistema Harmonizado (SH) determinado pela Organização Mundial de Adua-
nas (OMA). A taxa do imposto de importação é um imposto não recuperável, portanto, é
um custo ao importador.

Prezado acadêmico, com sucesso e esforço, você finalizou este tópico, no qual
abordamos o despacho na importação, mas, lembre-se que, no início, fizemos alguns
questionamentos a respeito de como o comércio exterior poderá se desenvolver
no futuro? Para essa questão, a resposta está no âmbito do Novo Processo de Im-
portação que, desde 2018, faz a implementação da Declaração Única de Importação
(Duimp), no Portal Único de Comércio Exterior (Siscomex). Este canal, futuramente, será
interativo e indispensável para os operadores de comércio exterior.

Como terei a oportunidade de me destacar nesse cenário? As suas


oportunidades serão infinitas, pois, com as ferramentas tecnológicas e processos
enxutos do Novo Processo de Importação no Portal Único de Comércio Exterior do
Siscomex, você terá muito mais tempo para fazer negócios e gerenciar melhor os
trâmites de suas importações.

Quais são os benefícios que terei e como saber mais sobre o despacho
aduaneiro? Acerca desta questão, você terá um canal que reunirá informações
relacionadas ao controle aduaneiro, fiscal e administrativo da operação de importação,
este último realizado concomitantemente ao despacho aduaneiro, uma considerável
inovação em relação à atual sistemática “Licença de Importação-Declaração de
Importação” (LI-DI).

Como dissemos, o Duimp substituirá a Declaração de Importação (DI), a De-


claração Simplificada de Importação (DSI), a Licença de Importação (LI) e a Licença
Simplificada de Importação (LSI), estas duas últimas com relação às inspeções. Com
isso, a expectativa é que as mudanças proporcionem a redução de 40% no tempo
médio de processamento à liberação das mercadorias importadas, caindo de 17 para
dez dias, reduzindo, assim, os custos na cadeia logística das empresas. Fique sempre
atento às alterações normativas e legais no Siscomex, pois, dessa forma, você será
um profissional dinâmico e atualizado em um mercado competitivo. Lembre-se: quem
tem mais informações está a um ou, talvez, vários passos à frente da concorrência.

166
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Todas as mercadorias importadas devem ser declaradas à alfândega.

• As importações são monitoradas por leis aplicadas pelo departamento de alfândega


de um país, seguindo as políticas governamentais.

• O licenciamento de importação é a apresentação de todos os documentos necessários


por uma empresa à autoridade responsável para aprovação da importação de tipos
específicos de mercadorias.

• Um dos principais benefícios em importar é a redução dos custos de fabricação.

167
AUTOATIVIDADE
1 O despacho de importação é um procedimento necessário antes que as mercadorias
possam ser importadas ou reexportadas internacionalmente. Se uma remessa for
liberada, o remetente fornecerá a documentação confirmando os direitos alfandegários
que foram pagos e a remessa pode ser processada. Isso se faz necessário para
permitir que mercadorias sejam transportadas a um país. Dentro desse processo,
há também informações sobre embarques com importador e as partes envolvidas
no processo. A partir desse contexto, correlacione as etapas a seguir e as suas
respectivas descrições.

I- Transporte – fluxo de mercadorias.


II- Recepção da mercadoria.
III- Contato com o agente.
IV- Autorização aduaneira de desembarque.
V- Sincronização entre o despachante e a alfândega.

( ) Inicia-se todo o trâmite burocrático para a mercadoria passar pela alfândega de


suas respectivas medidas e controles estabelecidos por cada Estado.
( ) O trânsito de mercadorias por via aérea, marítima e/ou terrestre inicia-se para que
elas cheguem ao seu destino.
( ) O cliente que deseja importar e exportar contrata um despachante para enviar e/
ou receber determinada mercadoria de ou/para um país.
( ) As autoridades aduaneiras autorizam o desembarque de mercadorias, a fim de
iniciar a sua saída ao destino de exportação.
( ) Após tramitação da burocracia pelo despachante aduaneiro local, as embalagens
são encaminhadas aos pontos de armazenagem das empresas solicitantes.

Assinale a sequência CORRETA:


a) ( ) IV, I, III, V, II.
b) ( ) IV, I, II, V, III.
c) ( ) V, I, III, II, IV.
d) ( ) V, I, III, IV, II.
e) ( ) V, II, I, IV, III.

2 Os governos costumam usar o licenciamento não automático para administrar


restrições de importação, como cotas e cotas tarifárias, ou para administrar
segurança ou outros requisitos, por exemplo, a mercadorias perigosas, armamentos
ou antiguidades. Os requisitos para permissão de importação que funcionam como
licenças de importação, certificação de normas e regulamentos sanitários e técnicos,
também estão sujeitos às regras do:

168
a) ( ) Despacho aduaneiro automático.
b) ( ) Desembaraço aduaneiro pelo Siscomex.
c) ( ) Pagamento dos tributos das mercadorias.
d) ( ) Contrato assinado pelo agente aduaneiro.
e) ( ) Contrato de licenciamento de importação.

3 A quantidade de tributos também agrega custos a determinadas transações que,


em alguns casos, dão origem a reajustes de preços ou, até mesmo, à implantação de
estruturas alternativas. Um bom exemplo de alta carga tributária é a importação de
serviços do Brasil. De acordo com o site da Receita Federal, o tratamento tributário
na importação “refere-se à tributação incidente sobre a entrada de mercadorias
estrangeiras no território aduaneiro” (DESPACHANTE ADUANEIRO, 2023). Com relação
ao tributo que não incide sobre o processo de importação, assinale a alternativa
CORRETA:

Fonte: DESPACHANTE ADUANEIRO. Ministério da


Economia, Receita Federal, Brasília, DF, 2023.Disponível
em: https://bit.ly/3Ldh03V. Acesso em: 20 jan. 2023.

a) ( ) Imposto de Importação – II.


b) ( ) Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI.
c) ( ) Contribuição para o sindicato dos despachantes.
d) ( ) Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante – AFRMM.
e) ( ) CIDE – Combustíveis.

169
170
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
PROCEDIMENTOS NA EXPORTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Nesta etapa final do seu processo de aprendizagem, estudaremos o despacho
de exportação. As exportações são de suma importância para as economias dos países,
tendo em vista que oferecem às empresas potenciais mercados aos produtos delas.

Exportar se constitui em um dos principais pilares do desenvolvimento econô-


mico de um país. Quando nos referimos a um “país”, saiba que o termo engloba as em-
presas, as indústrias ou qualquer outro tipo de organização que negocia com mercados
internacionais e busca alcançar maior capilaridade de seus negócios.

Você conhecerá os aspectos legais e os principais conceitos que regulamentam


o comércio exterior no Brasil e no mundo. Aprenderá o que é necessário para se apro-
fundar em tudo relacionado à exportação e ao comércio internacional, te permitindo,
assim, a aplicar os regulamentos legais na exportação de mercadorias bem como as-
sessorar e gerir operações aduaneiras.

2 CONDIÇÕES LEGAIS
As exportações representam os produtos e/ou serviços produzidos em uma
nação que são vendidos aos importadores de outra nação. As exportações, juntamente
com as importações, formam o comércio internacional de um país e fomentá-lo é uma
das funções centrais do comércio exterior, por meio do incentivo às exportações em
benefício de todas as partes comerciais.

O despacho aduaneiro, também conhecido como desembaraço aduaneiro, é um


dos termos essenciais no âmbito do comércio internacional. É um processo administrati-
vo que facilita, com as suas respectivas condições legais, a distribuição de mercadorias.

Sob essa perspectiva, te pergunto: você está ciente da importância do de-


sembaraço aduaneiro envolvido nos negócios internacionais? Para que serve um
despacho aduaneiro na exportação? Ou qual seria o seu papel no desembaraço?

171
2.1 REQUISITOS DE EXPORTAÇÃO
Os requisitos de exportação são as leis e normas pelas quais um país regula a
transação de bens e serviços. São burocracias necessárias para manter a segurança,
estabelecer padrões de qualidade e estimular a concorrência leal entre empresas
nacionais e estrangeiras. Além disso, eles são fundamentais à missão de estruturar os
dados gerais do comércio, encontrar lacunas nos processos e tecnologias à disposição
e garantir que os processos alfandegários sejam tão otimizados quanto ágeis. Conhecer
mais profundamente tais requisitos bem como pesquisar informações específicas pode
economizar dinheiro, mas também ajudar a encontrar diferentes oportunidades.

Existem diversos motivos para as empresas exportarem os seus produtos e


serviços. A principal delas é: com as exportações, as empresas poderão majorar as suas
receitas, caso os seus produtos consigam abrir novos mercados ou, então, expandir os
que já existem, com a possibilidade de, até mesmo, ter a oportunidade de conseguir
uma parte significativa do mercado mundial. As empresas que exportam, espalham o
risco do negócio, diversificando-se em vários mercados, e a exportação para mercados
estrangeiros, muitas vezes, reduz os custos por unidade, expandindo as operações e,
assim, atender ao aumento da demanda.

Dessa forma, o despacho compreende todos os serviços e atividades profissio-


nais relacionados à alfândega exportação, ou seja, é o processo burocrático com o qual
se produz a saída de mercadorias de determinado país para outros países.

Especificamente, estamos a falar do conjunto de formalidades e controles


pelos quais as mercadorias passam, tendo como principal objetivo que as autoridades e
órgãos competentes determinem o processo como legal e controlado.

Recentemente, o governo brasileiro centralizou os procedimentos de exporta-


ção e desenvolveu uma nova plataforma on-line para processar as operações de expor-
tação, a fim de as tornar mais eficientes e, em última análise, impulsionar a economia.

O novo “sistema unificado de exportação” é o primeiro aplicativo desenvolvido


como parte do projeto Portal Único do Brasil, iniciado em 2014, que visa a integrar
todos os processos de Tecnologia da Informação (TI) existentes atualmente, os quais
são utilizados pelos órgãos de fronteira para gerenciar os fluxos comerciais, permitindo
melhores coordenação e controles, ao mesmo tempo em que facilita a geração de
relatórios de dados aos comerciantes.

Com o objetivo de solucionar muitos dos problemas identificados e racionalizar


os procedimentos, uma plataforma do Portal Único foi projetada com a abordagem
preconizada pelo Centro das Nações Unidas para Facilitação do Comércio e Negócios
Eletrônicos (UN/CEFACT).

172
DICA
Ficou curioso em conhecer a plataforma do Portal Único?
Acesse o QR Code e conheça todas as funcionalidades do site.

A referida abordagem considera o ambiente desse tipo de portal como uma


medida chave de facilitação, juntamente com as orientações da OMA (Organização
Mundial de Aduanas) e a sua recomendação sobre a desmaterialização de documentos
comprovativos.

DICA
Ficou interessado? Quer saber um pouco mais da Proposta
de Novo Processo de Exportação (NPE)? Então, agora, leia
este documento e faça um resumo do Item 2 – Fluxo Geral
do Novo Processo de Exportação e do Item 3 – Licenças,
Permissões, Certificados e Outros Documentos Necessários
à Exportação (LPCO – Exportação) localizados das páginas 4 a
6. Para isso, basta acessar o QR Code.

Com o Projeto Janela Única Nacional, todos os requisitos, licenças ou autoriza-


ções diretamente aplicáveis às operações comerciais devem ser exigidos dos operadores
por meio do Sistema Janela Única – Portal Único Siscomex. Assim, ao acessar o Portal
Siscomex, os operadores privados em operações de comércio exterior terão conheci-
mento de todos os requisitos que devem cumprir a fim de concluir as suas operações.

Ao disponibilizar todas as informações necessárias em um único local, seus


custos de obtenção são reduzidos. Além de construir a plataforma propriamente dita,
os procedimentos de exportação foram agilizados para trazer benefícios reais aos
exportadores, atender às necessidades dos stakeholders e reduzir os tempos e pro-
cessos dessas operações. No centro do novo sistema, está a Declaração Única de
Exportação (DU-E).

173
DICA
As informações mais relevantes da Declaração Única de
Exportação — que está no decorrer de todo o Capítulo 4 –
intitulado 4. Declaração Única de Exportação – DU-E, da
página 9 até a 14, do Novo Processo de Exportação (NPE).
Para isso, basta acessar o QR Code.

3 O DESPACHO NAS OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO


Nos aprofundaremos nas operações de exportação, tendo em vista que expor-
tar se constitui em um dos principais pilares do desenvolvimento econômico de um
país. Quando nos referimos a um “país”, saiba que o termo engloba as empresas, as
indústrias ou qualquer outro tipo de organização que negocia com mercados interna-
cionais e busca alcançar maior capilaridade de seus negócios.

Agora, começaremos a nossa viagem pelas exportações e elaboraremos um


manual que será muito útil a você. Assim, gostaríamos de fazer algumas considerações
antes de falarmos do despacho de exportação. Garantimos que será de grande valia no
seu processo de aprendizagem e vivência nessa área.

Figura 7 – Operações de exportação

Fonte: https://shutr.bz/3JbjugV. Acesso em: 28 nov. 2022.

IMPORTANTE
Exportar é o meio mais comum pelo qual as empresas iniciam as suas
atividades internacionais, ou seja, as empresas que entram na exportação o
fazem, principalmente, com o intuito de aumentar a sua receita de vendas,
alcançar economias de escala na produção e diversificar os locais de venda .

174
Exportar é, simplesmente, vender no amplo mercado global, isto é, realizar a
venda de bens e serviços produzidos internamente em um país e consumidos em outro.
Como isso pode ser feito? De duas maneiras:

• Exportação direta: é determinada quando a empresa, movida por vários motivos,


toma a iniciativa de buscar uma oportunidade de exportação. Os motivos mais im-
portantes são a contração do mercado interno, a percepção do empresário em
relação à importância de certos mercados, fazendo-o considerar importante
assumir riscos comerciais pela exportação.
• Exportação indireta: utilizada por empresas que não têm muita experiência ou
que estão apenas começando a fazer negócios em mercados internacionais. Em
outras palavras, é a utilização, por um exportador, de outro exportador, mas como
intermediário. Dessa forma, há uma oportunidade, por meio de um distribuidor ou
intermediário, de entrar nos mercados internacionais, o que, por si só, constitui uma
vantagem competitiva, pois é utilizada toda a estrutura e expertise de um agente
para a detecção de novos negócios.

As empresas devem ser claras sobre as razões de buscar a internacionalização,


dentre elas: diversificar produtos e mercados, ganhar competitividade, vender em maio-
res volumes, tirar proveito de acordos preferenciais.

Veja, a seguir, algumas opções com chances de ajudar as empresas a identifi-


carem os fatores motivadores dessa decisão:

• Diversificar os produtos e mercados para enfrentar a concorrência internacional e a


situação da economia nacional.
• Ganhar competitividade pela aquisição de tecnologia, know-how e capacidade
gerencial obtida no mercado externo.
• Fazer alianças estratégicas com empresas estrangeiras visando a reduzir custos,
melhorar a eficiência e diversificar os seus produtos.
• Reduzir o risco de pertencer a um único mercado.
• Maximizar o volume de vendas e, assim, utilizar mais a sua capacidade de produção,
obtendo economias de escala.
• Explorar vantagens comparativas e expandir oportunidades de mercado por meio de
acordos preferenciais.
• Necessidade de se engajar no mercado mundial devido à globalização da economia.
• Buscar maior rentabilidade nos mercados internacionais e garantir a existência da
empresa em longo prazo.

Muitos dos erros cometidos por empresas que começam a exportar ou que
decidem expandir as suas operações para mercados estrangeiros foram o resultado da
falta de experiência e de conhecimento dos operadores, portanto, é necessário que os
exportadores estejam cientes desses erros e façam uma avaliação deles.

Você, como profissional do comércio exterior, deverá ficar sempre em alerta em


relação a tais equívocos. Aí vão alguns dos principais erros cometidos na exportação:
175
• Não ter um despachante aduaneiro especializado em seu produto.
• Falhar em avaliar a capacidade de internacionalização.
• Não considerar as diferenças culturais entre os países.
• Não realizar pesquisa de mercado do país para o qual se pretende exportar.
• Selecionar o parceiro comercial/agente errado.
• Selecionar errado o mercado-alvo.
• Elaborar de contratos sem considerar a legislação do país de destino.
• Não ter uma estrutura interna adequada para administrar a exportação.
• Não ter um plano de exportação e não procurar aconselhamento.
• Atrasar ou falhar no envio de cotações, ofertas e amostras.
• Não ter conhecimento e não utilizar os mecanismos existentes de apoio à exportação.
• Não enviar a documentação necessária exigida pelas autoridades alfandegárias e
sanitárias no mercado de destino.
• Não cumprir os acordos feitos na cotação ou negociação.
• Exportar produtos diferentes das amostras enviadas.

Uma empresa que produz e comercializa um conjunto de produtos localmente


pode querer vendê-los no exterior, no entanto, nem todos os produtos estão em
condições de serem comercializados em outro mercado. As razões são diversas e
estão ligadas, dentre outras coisas, às preferências dos consumidores, o grau deles de
conhecimento do produto, preço, condições de qualidade, assim como o cumprimento
de certos requisitos à entrada das autoridades do mercado de destino.

É necessário que a empresa identifique quais de seus produtos se adaptam me-


lhor às condições impostas pelo mercado de destino, ou seja, qual dos produtos ofereci-
dos melhores se adaptam às exigências da demanda e, portanto, está em condições de
ser exportado. Esta tarefa não é fácil e, muitas vezes, exige a ajuda de profissionais, no
caso, você, como profissional de comércio exterior, bem como de agências de promoção
de exportação, tanto locais quanto nacionais. As câmaras de negócios de determinado
setor também podem ajudar o empresário a avaliar as possibilidades de cada produto.

As atividades de promoção comercial são indispensáveis para que uma empresa


torne as características de seu produto conhecidas no mercado e devem estar ligadas
à estratégia de marketing ou à penetração de mercados externos. Dentre as atividades
mais comuns estão a participação em feiras e missões comerciais e em rodadas de
negócios, assim como a publicidade em diferentes canais.

Dito isso, temos a plena certeza de que você utilizará muito bem essas informa-
ções e se destacará, com excelência, no seu ambiente de trabalho.

Agora, iniciaremos outro assunto muito importante: o processo de exporta-


ção. Como faremos isso? Vamos nos atualizar por meio do Novo Processo De Expor-
tação (NPE), que o governo lançou com o objetivo de aumentar competitividade dos
produtos e das empresas brasileiras, por meio da criação do Programa Portal Único de
Comércio Exterior, que:

176
[...] é uma iniciativa de reformulação dos processos de importação,
exportação e trânsito aduaneiro e licenciamento. Com essa refor-
mulação, busca-se estabelecer processos mais eficientes, harmoni-
zados e integrados entre todos os intervenientes públicos e privados
no comércio exterior. Da reformulação dos processos, o Programa
Portal Único passa ao desenvolvimento e integração dos fluxos de
informações correspondentes e dos sistemas informatizados encar-
regados de gerenciá-los (PORTAL SISCOMEX, 2019, p. 3, grifo nosso).

Começaremos pelo início! O regime de exportação é um regime aduaneiro e isso


significa que, a menos que existam outros regulamentos específicos para as exportações,
os regulamentos gerais dos procedimentos aduaneiros também se aplicam ao procedi-
mento de exportação. Esse regime regula a saída das mercadorias do território aduaneiro.

A exportação é um dos principais componentes dos negócios internacionais


e envolve a movimentação de bens e serviços entre as nações, bem como a troca de
moedas estrangeiras entre as partes envolvidas. Este cenário torna a exportação um
processo complexo, por isso o exportador é obrigado a seguir as formalidades legais e
obrigatórias impostas pelo país exportador.

A exportação é basicamente a saída da mercadoria do território


aduaneiro, decorrente de um contrato de compra e venda
internacional, que pode ou não resultar na entrada de divisas. A
empresa que exporta adquire vantagens em relação aos concorrentes
internos, pois diversifica mercados, aproveita melhor sua capacidade
instalada, aprimora a qualidade do produto vendido, incorpora
tecnologia, aumenta sua rentabilidade e reduz custos operacionais.
A atividade de exportar pressupõe uma boa postura profissional,
conhecimento das normas e versatilidade (BRASIL, [2023], s. p.).

Nenhum país do mundo, hoje, quer entregar bens e serviços ilegais ou de má


qualidade a outras nações, pois, agora, o comércio internacional é regido pelas regras
estritas da Organização Mundial do Comércio, portanto, uma série de procedimentos
rigorosos devem ser seguidos pelo exportador antes que as mercadorias saiam das
fronteiras do país de origem.

O despacho de exportação é um procedimento aduaneiro que você deve


realizar caso venda no exterior qualquer produto ou mercadoria. Esse controle docu-
mental deve ser feito, seja você uma empresa, seja você um indivíduo e, para fazer
um despacho de exportação, é necessário apresentar as documentações necessárias
pela alfândega. Despacho de mercadorias significa o cumprimento das formalidades
aduaneiras necessárias para permitir que as mercadorias entrem no consumo, sejam
exportadas ou submetidas a outro regime aduaneiro.

O despacho aduaneiro inclui a preparação dos documentos necessários para


facilitar a exportação ou importação ao país. Se você está pensando em expandir seus
negócios no exterior, deve conhecer as etapas do desembaraço aduaneiro, antes de
enviar os produtos. Sempre se informe a respeito das regras de desembaraço/despacho
aduaneiro antes de exportar a sua mercadoria, porque, de acordo com a Wilson Sons:

177
O despacho aduaneiro é um processo obrigatório exigido pela Receita
Federal para realizar qualquer tipo de importação ou exportação de
produtos e bens.
Além de cumprir um papel de fiscalização e conferência desses itens,
o procedimento legal é realizado com objetivo de desembaraço de
mercadorias na chegada e na saída de nações diferentes, tornando
essas etapas mais padronizadas em cada ponta do transporte.
Por meio dessa visão simplificadora, o despacho aduaneiro concentra
todas as ações necessárias para resolver, em uma linha única,
as exigências e demandas inerentes a qualquer processo do tipo
(DESPACHO ADUANEIRO, 2019, s. p.).

Lee (2022, s. p.) enfatiza, também, ser possível conceituar o despacho adua-
neiro como o “procedimento fiscal realizado para qualquer carga e mercadoria que é
proveniente ou destinada para outro país e com o objetivo de verificar se todos os docu-
mentos declarados estão regulares e de acordo com a natureza do bem transportado”.

Agora, enveredaremos pelo Novo Processo de Exportação (NPE). Com


o intuito de enfrentar muitos dos desafios ao comércio eficiente, o Brasil iniciou, em
2013, discussões que levaram à criação de um Portal Único. Lançado formalmente em
abril de 2014, por meio de um decreto presidencial, o Portal Único tem como principal
tarefa tornar o Brasil mais competitivo nos procedimentos comerciais, aumentando a
transparência para todos os interessados.

O nosso país vem trabalhando para facilitar o comércio exterior. A meta é reduzir
o tempo médio de exportação em 38% (para oito dias de 13). Com um sistema integrado,
o Brasil reduziria a burocracia e os requisitos de papel, simplificaria os procedimentos e
tornaria o processo amigável (BAIN & COMPANY; ITC, 2015).

Por que essa mudança? De acordo com o estudo Doing Business, do Banco
Mundial, uma exportação de mercadorias conteinerizadas no Brasil demorava, em mé-
dia, 13 dias para ser concluída, com custos médios da ordem de US$ 2.200 por contê-
iner. Estes números colocaram o Brasil em 124º lugar no ranking do Doing Business de
comércio internacional (WORLD BANK GROUP, 2020).

No modelo antigo, para exportar, a empresa precisava registrar-se na Receita


Federal do Brasil (RFB). O registro deu acesso ao Sistema Integrado de Comércio Exterior
(Siscomex), plataforma de informática desenvolvida na década de 1990 como parte do
esforço da RFB em implementar procedimentos e controles informatizados. No sistema
antigo, o exportador ou o despachante aduaneiro tinha que apresentar, inicialmente, via
Siscomex, um “registro de exportação”. Este documento possibilitava que os órgãos de
controle governamentais relevantes avaliassem o cumprimento das regulamentações
especificamente responsáveis ​​por fazer cumprir questões nucleares e cotas tarifárias,
assim como as relacionadas a questões sanitárias, segurança, fauna e flora.

Quando necessário, uma licença ou certificado também deveria ser obtido e


adicionado à documentação de exportação. Esses documentos foram emitidos como
formulários em papel ou por meio de sistemas eletrônicos independentes, significando
178
que o organismo em causa tinha de emitir, primeiro, os documentos solicitados pelo
comerciante com base nas informações fornecidas e, posteriormente, verificar se os
papéis emitidos justificavam, adequadamente, o pedido de exportação.

Concluída essa etapa, só então o exportador poderia, de fato, apresentar à RFB


a declaração de exportação juntamente com quaisquer outros documentos necessários
para dar início ao despacho aduaneiro. Dentre os papéis a serem apresentados, estavam:
a fatura comercial (contendo informações sobre a efetiva transação comercial), o
packing-list (com a quantidade de embalagens e o seu conteúdo) e o conhecimento de
embarque, ou seja, o contrato de transporte emitido por uma transportadora.

Conforme informa o Siscomex, “a partir de 2 de julho de 2018, o sistema Novoex


foi desligado para a maior parte das operações. Conforme Notícia Siscomex nº 54, de
27/06/18, alguns códigos permaneceram disponíveis para inclusões de novos registros
até 31 de julho de 2018” (OPERACIONALIZANDO A EXPORTAÇÃO, 2022, s. p., grifo nosso).

Você pode observar, na Figura 8, os aspectos principais do processo de exportação.

Figura 8 – Aspectos principais do processo de exportação

DU-E - Declaração
Única de
Exportação

Nota Fiscal Controle de


PROCESSO
Eletrônica Carga e Trânsito
DE EXPORTAÇÃO
(SPED) (CCT)

LPCO (Licença,
Permissão, Certificado
e Outros Documentos),
para mercadorias e
operações sujeitas a
tratamento
administrativo.

Fonte: adaptada de DU-E (2020)

179
A figura apresenta, por meio de círculos e setas, os principais aspectos do Novo
Processo de Exportação. No centro, tem-se um círculo com o título da figura no seu
interior, “Processo de exportação”, dele saem setas em direção aos quatro pontos
cardeais: norte, sul, leste e oeste. Os pontos cardeais são pontos de referência
estabelecidos para a orientação. Nesses quatro pontos, há quatro círculos que
indicam os principais assuntos do processo de exportação. Posicionado à frente da
figura, está, na posição norte, o círculo com a expressão “DU-E Declaração Única de
Exportação”, essa declaração é um documento eletrônico que contém informações de
natureza aduaneira, administrativa, comercial, financeira, tributária, fiscal e logística,
informações as quais caracterizam a operação de exportação dos bens por ela
amparados e definem o enquadramento dessa operação. A DU-E servirá de base ao
despacho aduaneiro de exportação. A oeste está o círculo com o termo “Nota Fiscal
de Serviços Eletrônica (NFS-e)”, este é um documento de existência digital, gerado
e armazenado eletronicamente em Ambiente Nacional pela RFB, prefeitura ou outra
entidade conveniada, para documentar as operações de prestação de serviços. Ao
sul, localiza-se o círculo com o texto “LPCO (Licença, Permissão, Certificado e Outros
Documentos) para mercadorias e operações sujeitas a tratamento administrativo”.
Por fim, a leste, vê-se o círculo com o termo “Controle de Carga e Trânsito – CCT”. Uma
das premissas dele é a adoção de uma única solução e um único fluxo para qualquer
tipo de carga e qualquer modal de transporte. As diversas mercadorias de um mesmo
despacho estarão vinculadas entre si pela DU-E, assim, comporão determinada carga
a ser submetida a despacho.

Embora o “velho modelo” brasileiro fosse uma inovação na época em que foi
criado, é evidente que esse modelo de exportação não era mais capaz de atender,
com eficiência, às necessidades dos atores privados e órgãos governamentais do país,
especialmente, diante da crescente globalização que levou ao fluxo mais intenso do
comércio mundial moderno.

Conforme afirma o Siscomex, a DU-E constitui-se na Declaração Única de


Exportação, que foi instituída pela Portaria Conjunta RFB/Secex nº 349/2017, e:

• Consiste em um documento eletrônico que define o enquadramen-


to da operação de exportação e subsidia o despacho aduaneiro de
exportação. Compreende informações de natureza aduaneira, ad-
ministrativa, comercial, financeira, fiscal e logística, que caracteri-
zam a operação de exportação dos bens por ela amparados.
• A Instrução Normativa nº 1.702, de 21 de março de 2017, disciplina
o despacho aduaneiro de exportação processado por meio de
Declaração Única de Exportação (DU-E) e estabelece, dentre
outros, que a Declaração Única de Exportação (DU-E) é um
documento eletrônico que:
◦ contém informações de natureza aduaneira, administrativa, co-
mercial, financeira, tributária, fiscal e logística, que caracterizam
a operação de exportação dos bens por ela amparados e defi-
nem o enquadramento dessa operação; e

180
◦ servirá de base para o despacho aduaneiro de exportação. Pa-
rágrafo único. As informações constantes da DU-E servirão de
base para o controle aduaneiro e administrativo das operações
de exportação.
• No que se refere à elaboração da DU-E, a referida Instrução Nor-
mativa define que a DU-E será formulada em módulo próprio do
Portal Siscomex e consistirá na prestação, pelo declarante ou seu
representante, das informações necessárias ao controle da opera-
ção de exportação, de acordo com:
◦ a forma de exportação escolhida pelo exportador;
◦ os bens integrantes da DU-E; e
◦ as circunstâncias da operação.
• A DU-E terá como base a nota fiscal que amparar a operação de
exportação, exceto nas hipóteses em que a legislação de regência
dispensar a emissão desse documento e nas hipóteses de expor-
tação com base em nota fiscal em papel ou sem nota fiscal, todos
os dados necessários à elaboração da DU-E deverão ser forneci-
dos pelo declarante.
• O exportador poderá optar por uma destas três formas de realizar
sua exportação por meio de DU-E:
◦ exportação própria;
◦ exportação por meio de operador de remessa expressa ou
postal; ou
◦ exportação por conta e ordem de terceiro (DECLARAÇÃO
ÚNICA..., 2022, s. p.).

INTERESSANTE
Os controles aduaneiro e administrativo de uma exporta-
ção realizada por meio de DU-E são efetuados por intermé-
dio de módulos especializados do Portal Siscomex. Para ter
acesso ao manual de preenchimento da Declaração Única
de Exportação, basta acessar o QR Code .

A exportação exige atenção especial ao processo administrativo e aos docu-


mentos solicitados pelas autoridades locais. Segundo o Siscomex, o Novo Processo de
Exportação, efetivado pela Declaração Única de Exportação (DU-E), “busca adequar o
controle aduaneiro e administrativo ao processo logístico das exportações, de maneira
a realizá-los de maneira eficaz e segura, porém sem causar atrasos desnecessários ao
fluxo das exportações” (DECLARAÇÃO ÚNICA..., 2022, s. p.).

Ainda de acordo com a Siscomex, a DU-E e o Novo Processo de Exportação


substituíram:

• O registo de exportação.
• O registro de crédito.
• A Declaração Simplificada de Exportação (DSE).
• A Declaração de Exportação (DE) (DECLARAÇÃO ÚNICA..., 2022, s. p.).

181
A consolidação do registro e da declaração de exportação em um único
documento, assim como as integração e reutilização de várias informações da Nota
Fiscal-e (classificação e descrição de mercadorias e quantidades, dentre outras)
reduziram drasticamente os dados a serem preenchidos pelos exportadores.

Com a integração das ações dos órgãos anuentes, surgiram várias oportunida-
des à automatização das etapas processuais, com significativa economia de tempo. A
mudança dos fluxos procedimentais do modelo sequencial atual para um modelo para-
lelo trouxe novos ganhos de tempo, pois etapas independentes podem ser realizadas ao
mesmo tempo, em vez de manter a conclusão de uma para iniciar outra.

Além disso, o novo Sistema de Controle de Carga e Trânsito também está


sendo desenvolvido, independentemente do modo de transporte que controlará o
inventário do pavilhão da alfândega, o registro baseado nos volumes transportados,
dentre outros.

Com relação ao CCTO, o Portal Siscomex (2019, p. 15) afirma:

O módulo de Controle de Carga e Trânsito (CCT) terá como uma de


suas premissas a adoção de uma única solução e um único fluxo para
qualquer tipo de carga e qualquer modal de transporte.
As diversas mercadorias de um mesmo despacho estarão vinculadas
entre si pela DU-E e comporão determinada carga a ser submetida a
despacho. Um dos elementos identificadores dela será a Referência
Única da Carga (RUC), a qual atenderá as recomendações da
Organização Mundial de Aduanas para a Unique Consignment
Reference. A RUC poderá ser criada pelo próprio exportador, segundo
regras específicas de formatação, ou ser criada, automaticamente,
pelo sistema, quando do registro da DU-E. A maior parte dos
controles realizados pelo CCT ocorrerá por meio da RUC. Além disso,
a RUC facilitará o rastreamento de dada carga até o seu destino final,
assim como facilitará o intercâmbio de informações entre a aduana
brasileira e as aduanas estrangeiras que utilizem esse mesmo
conceito. No futuro, a RUC permitirá, também, que dados de uma
DU-E sirvam de base à elaboração de uma declaração de importação
no exterior e, consequentemente, facilitará os controles bem como
agilizará a entrada dos produtos brasileiros em outros países. Na
eventualidade de haver consolidação de duas ou mais cargas, ela
deverá ser registrada no CCT pelo consolidador. Essa operação
gerará uma RUC master (MRUC), a qual atenderá às mesmas regras
de formatação aplicáveis à RUC.
O CCT conterá registros de todas as movimentações de cargas
despachadas para exportação, armazenadas ou não em recintos
aduaneiros, até o seu embarque ao exterior, inclusive quando
submetidas a trânsito aduaneiro, sendo os dados relevantes dessa
movimentação compartilhados entre esse módulo e a DU-E.

Haverá, também, a possibilidade de obter licenças, certificados e permis-


sões para mais de uma operação, o que torna possível reduzir os controles a cada
embarque de mercadorias, pois, de acordo com o Portal Siscomex (2019, p. 4):

182
[...] o Fluxo Geral de Exportação inicia-se com a intenção de um ope-
rador privado em realizar uma exportação e finaliza com o embar-
que da mercadoria para o exterior. Nesse ínterim, além de tratar com
seus parceiros comerciais e da cadeia logística, o exportador deverá,
mediante uma declaração específica, informar ao governo a opera-
ção a ser realizada. Ademais, a depender das características de sua
exportação, o exportador deverá atender a exigências oriundas de
legislação nacional, normas internacionais ou aquelas impostas pelo
país importador de sua mercadoria.
Essas exigências, em sua maioria, materializam-se pela obtenção de
licenças, autorizações, certificados, dentre outros documentos. No
sistema que abarca o Novo Processo de Exportação, será desenvol-
vido um módulo específico para essas necessidades, denominado Li-
cenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos (LPCO). Esse
módulo estará pronto para receber solicitações de análise e emissão
de documentos de forma paralela e independente do registro de de-
claração sobre uma exportação, a qual também será efetivada em
novo módulo específico e denominada Declaração Única de Exporta-
ção (DU-E). Apesar de independentes, tais módulos, dentre outros do
sistema, darão suporte a um fluxo centralizado de informações bem
como guardarão relações de complementaridade e validação.

Caro acadêmico, observe, no Quadro 7, algumas considerações relativas ao LPCO.

Quadro 7 – Considerações sobre LPCO na exportação

LPCO – EXPORTAÇÃO

• Refere-se a Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos


Necessários à Exportação (LPCO-Exportação).
• Além das formalidades aduaneiras, administradas pela Receita Federal, é possível
incidir sobre as exportações outras exigências, como a obtenção de licenças, auto-
rizações, certificados, dentre outros documentos que devem amparar a exportação
de certas mercadorias.
• Essas exigências podem ter origem na legislação nacional, em normas internacio-
nais ou serem impostas pelo país importador.

• Como exemplos, há os produtos controlados pela Polícia Federal, os certificados


CITES para mercadorias derivadas de espécies ameaçadas de extinção, os
certificados sanitários e fitossanitários internacionais, a autorização ao exercício da
atividade de exportação de petróleo, a autorização de exportação de substâncias
controladas pela Anvisa, o certificado do processo de Kimberley* para diamantes,
dentre outros.
• Visando ao cumprimento das exigências necessárias à obtenção de cada um
desses documentos, há, atualmente, mecanismos distintos de solicitação aos
órgãos responsáveis.

183
• Essas demandas ocorrem mediante formulários em papel ou sistemas eletrônicos
independentes. Como a maioria das formalidades presentemente é externa ao
Siscomex, esse sistema funciona apenas como ferramenta eletrônica de liberação
de mercadorias para o início do despacho aduaneiro.

• Devido à independência de sistemas em relação ao Siscomex, a atuação dos


órgãos competentes encontra-se, muitas vezes, duplicada. Isso ocorre porque há
a emissão, previamente à operação de exportação, de autorização, certificado ou
de outro documento semelhante.
• Posteriormente, no momento do registro da exportação, ocorre a segunda inter-
venção do órgão, a fim de verificar se a operação efetiva está devidamente ampa-
rada pelos documentos antes por ele emitidos.

• Com a implementação do Módulo de Licenças, Permissões, Certificados e Outros


Documentos de Exportação (LPCO-Exportação) do Portal Único de Comércio
Exterior, as solicitações aos órgãos de governo passam a ser feitas por meio de um
único ponto na internet, sendo possível, também, o envio de dados via web service.

*Processo que visa a certificar a origem de diamantes, a fim de evitar a compra de pedras
originárias de áreas de conflito. Foi criado em 2003 com o objetivo de evitar o financiamento
de armas em países africanos em guerra civil. Esse processo é retratado no filme Diamante
de Sangue (2006).

Fonte: adaptado de Oliveira (2021)

A disponibilidade oportuna de informações de qualidade aos órgãos governa-


mentais envolvidos no comércio exterior permitirá que os controles atualmente realiza-
dos com antecedência ou durante as operações migrem a momentos posteriores. Nes-
se sentido, com relação ao tratamento administrativo das exportações realizadas
por meio do Portal Único de Comércio Exterior, Oliveira (2021, p. 145) esclarece: “com a
inauguração do novo processo de exportação, os exportadores passaram a contar com
ferramentas acessíveis para identificar as eventuais restrições ou exigências especiais
de incidentes sobre determinada exportação”.

A respeito desse critério, o site Efficienza diz:

Consideram-se como tratamento administrativo das exportações


todos os procedimentos e exigências administradas por órgãos e
entidades da Administração Pública Federal, de cumprimento por
parte dos exportadores, como requisito para a realização de uma
operação de exportação.
Tal atividade será processada por meio do módulo de Licenças,
Permissões, Certificados e Outros Documentos de Exportação – LPCO,
integrado ao Portal Único de Comércio Exterior. Para exportações

184
que necessitarem de tratamento administrativo, o exportador, por
meio do LPCO, terá acesso, em um único lugar, a formulários de
pedidos de documentos referentes aos tratamentos administrativos
de competência de cada órgão anuente na exportação.
Além disso, também será disponível no módulo LPCO um formulário
específico para financiamento às exportações, de acordo com
a modalidade da operação de financiamento. Esse formulário
substituirá o Registro de Operações de Crédito (RC) nas operações
de exportação processadas por meio da DU-E e financiadas com
recursos do Programa de Financiamento às Exportações (Proex).
É vedado o embarque de mercadoria para o exterior quando não
estiver vinculada à DU-E a autorização, permissão ou licença de
exportação emitida por meio do LPCO, caso a legislação imponha
a obrigatoriedade da sua obtenção para a saída da mercadoria do
território aduaneiro (TRATAMENTO..., 2018, s. p.).

INTERESSANTE
Dentre as principais ferramentas disponíveis no Portal
Único de Comércio Exterior, há a Consulta sobre Incidência
de Tratamento Administrativo, a qual possibilita que
os operadores de exportação, sem que haja nenhuma
habilitação prévia e, com base nos parâmetros que
distinguem uma exportação (como a NCM), o país de
destino e o enquadramento, verifiquem se há a incidência
de um ou mais tratamentos administrativos, de acordo com o fluxo do
processo de exportação e LPCOs para exportação. Para saber mais, acesse
o QR Code e consulte a tabela do tratamento administrativo da exportação,
assim como demais tabelas com códigos para serem preenchidos na DU-E.

Agora, veremos o quesito de despacho de exportação a partir da nova


perspectiva do Novo Processo de Exportação do Portal Único do Siscomex. O despacho
é uma etapa importante no transporte de mercadorias ou produtos, bem como uma
parte essencial do processo de embarque que permite a entrada ou saída de bens e
serviços dentro ou fora de um país.

Esse processo é relativamente semelhante em todas as nações, contudo pode


haver diferenças variadas em relação ao processo de avaliação dos produtos e ao
pagamento de impostos de importação de um país para outro.

Afinal, o que é Despacho de Exportação?

• É o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos


dados declarados pelo exportador em relação à mercadoria, aos
documentos apresentados e à legislação específica, com vistas ao
seu desembaraço aduaneiro e à sua saída para o exterior.
• Toda mercadoria destinada ao exterior, inclusive a reexportada,
está sujeita a despacho de exportação, com as exceções estabe-
lecidas na legislação específica.

185
• O Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009 regulamenta a ad-
ministração das atividades aduaneiras, a fiscalização, o controle e
a tributação das operações de comércio exterior (DESPACHO DE
EXPORTAÇÃO, 2022, s. p.).

DICA
Recomendamos a leitura das Orientações Gerais sobre o
Novo Processo de Exportação e do conteúdo relacionado
à Declaração Única de Exportação (DU-E). O novo processo
oferece trâmites simplificados às vendas externas de
produtos brasileiros devido à eliminação de documentos e
etapas. Para acessar o material, basta acessar o QR Code.

De acordo com o Novo Processo de Exportação, um despacho de exportação


“se iniciará pelo registro de uma DU-E. Via de regra, o registro da DU-E independerá de
eventuais autorizações ou licenças ou apresentação de documentos não exigidos para
a fiscalização aduaneira” (BRASIL, 2019, p. 11).

Conforme estabelecido pelo NPE, “esses poderão ser obtidos ao longo do


processo de despacho de exportação, em princípio, até o embarque da mercadoria,
quando a apresentação desse documento for exigência impeditiva à saída da mercadoria
do País” (PORTAL SISCOMEX, 2019, p. 11).

A fim de que você entenda melhor, veja a explicação de Oliveira (2021, p. 142,
grifos nossos):

O fluxo do processo de exportação inicia-se com a intenção de


um operador privado em realizar uma exportação e termina com o
embarque da mercadoria ao exterior.
Além de tratar com os seus parceiros comerciais e falar acerca da
cadeia logística, o exportador deverá, mediante declaração específica,
informar ao governo a operação a ser realizada.
Dependendo das características da mercadoria, o exportador deverá
atender às exigências de legislação nacional, normas internacionais
ou normas impostas pelo país importador.
Tais exigências materializam-se pela obtenção de licenças,
autorizações, certificados, dentre outros documentos. No Siscomex,
existe um módulo específico para essas necessidades, denominado
Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos (LPCO).
Esse módulo recebe solicitações de análise e emissão de documentos
de forma paralela e independente do registro de declaração sobre
uma exportação, a qual é, também, efetivada em módulo específico,
ela é denominada Declaração Única de Exportação (DU-E).
Esses módulos, por sua vez, dão suporte ao fluxo centralizado de
informações e têm relações tanto de complementariedade quanto
de validação. A movimentação da carga de exportação, desde a sua

186
entrada em recinto aduaneiro até o seu embarque para o exterior, é
controlada pelo Módulo de Controle de Carga e Trânsito de Exportação
(CCT) que trabalha integrado ao da DU-E.
Após o registro da declaração, a mercadoria poderá ser selecionada
ou não à conferência aduaneira, por meio de gerenciamento de
risco ou por interferência manual da fiscalização aduaneira. Esta
última é realizada por meio do módulo de conferência aduaneira.
Eventuais inspeções físicas por parte de órgãos anuentes ocorrem
conjuntamente com a verificação física da RFB.
Não havendo outras pendências, como a necessidade de análise de
pedido e emissão de documento LPCO por órgão anuente, a operação
é automaticamente desembaraçada, em seguida, o embarque é
autorizado. Havendo pendências, a operação aguarda a conclusão
para que se dê o desembaraço.

Caro acadêmico, veja a Figura 9, a qual apresenta o fluxo básico da exportação.

Figura 9 – Fluxo básico da exportação

 
 
 



(quando o 
   

Tratamento  (Controle
Administrativo indica de Carga e Trânsito)
a necessidade)

(Apresentação
 de Carga para
 Despacho)



  
 
 (Receita
Federa)


 
 

­  
 
  (deferimento  
da Licença)


   
  
 
   ­€
    
  
 
 
     
‚ 

  

 

 
  
 E faz a
­      manifestação

  da carga

Fonte: adaptada de Tributação (2022)

187
A figura apresenta, por meio de um infográfico, o fluxo básico de exportação, Ele inicia-
se com exportador, que é o agente principal do processo. O fluxo tem início com esse
agente e, sendo assim, ele realiza as três primeiras etapas com um fluxo duplo, que
são: o “LPCO” uma licença, permissão, certificado ou outro documento necessário
em função do produto, e a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) ou de outras
características da operação (país de origem ou de aquisição, fundamento legal). O
importador deverá providenciar o seu pedido por meio do módulo próprio quando
o tratamento administrativo indicar a necessidade. A licença pode ser solicitada
antes ou depois do registro da DU-E. Concomitantemente, deve haver a recepção
da nota no CCT (Controle de Carga e Trânsito) a qual, na maioria dos casos, quem
recebe é o depositário. Após o registro da DU-E, ocorre a Apresentação de Carga
para Despacho (ACD), na sequência, o crivo do gerenciamento de risco RFB (Receita
Federa do Brasil). O fluxo segue com as etapas RFB e do controle administrativo e
deferimento da licença que deverão estar finalizados e concluídos. Agora, inicia-
se um fluxo único e linear com a DU-E desembaraçada, onde, nesta fase, a licença
que impede o desembaraço precisa estar deferida, bem como vinculada na DU-E, a
fim de ocorrer o desembaraço. Nesta fase, cabe uma ressalva: as licenças que não
impedem desembaraço podem ser vinculadas à DU-E em qualquer momento. As
etapas seguintes são: o depositário entrega a carga ao transportador, este a leva ao
exterior, realizando, assim, a manifestação da carga.

Finalmente, a disponibilidade oportuna de informações de qualidade para


os órgãos governamentais envolvidos no comércio exterior permitirá aos controles
realizados, atualmente, com antecedência ou durante as operações migrarem para
momentos posteriores.

Mesmo com o Novo Processo de Exportação totalmente operacional desde


outubro de 2018, há um trabalho permanente com vistas a melhorar o sistema, bem
como os processos, garantindo, assim, a melhor utilização das soluções já entregues.
Existem ambientes de treinamento e produção para o Novo Processo de Exportação
do Sistema Janela Única disponíveis aos operadores brasileiros de comércio exterior. O
processo de exportação foi reformulado, simplificado e desenvolvido com a participação
do setor privado.

INTERESSANTE
Caro acadêmico! Que tal uma pausa na leitura? Preparamos
um podcast bem interessante, especialmente, para você.
Nele, falaremos sobre o Novo Processo de Exportação.
Para ouvir, basta acessar o QR Code e apertar o play!

188
4 INFRAÇÕES E PENALIDADES
Desde o início da década de 1990, devido aos avanços tecnológicos e intelec-
tuais na luta contra a evasão fiscal e à vontade política de aumentar a arrecadação de
impostos, as autoridades fiscais têm tido uma presença cada vez mais importante na
vida dos contribuintes.

A Administração Pública tem procurado aumentar a receita dos cofres fiscais por
meio da aplicação de multas e outras penalidades fiscais sobre o descumprimento repe-
tido por parte dos contribuintes. Da mesma forma, o objetivo de qualquer sanção é punir
o contribuinte sem precisar transformar o sistema repressivo em um meio de cobrança.

A preocupação da Administração Tributária reside na questão: qual seria a for-


ma mais eficiente de evitar a evasão e melhorar a cobrança, mas sem impor penalidades
pelo não cumprimento das obrigações fiscais? A preocupação por parte dos contribuin-
tes é: quais seriam as consequências do não cumprimento?

As infrações e penalidades no comércio exterior, assim como as suas conse-


quências, a exemplo de qualquer outro tipo de sanção, são a resposta negativa a de-
terminada situação. Obrigam quem comete um erro a pagar uma quantia em dinheiro
destinada a corrigir qualquer violação da lei.

A infração é um ato praticado em desacordo com a lei vigente e que resulta


em advertência. Veja o que preconiza o Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009,
responsável por regulamentar a administração das atividades aduaneiras, a fiscalização,
o controle e a tributação das operações de comércio exterior:

Art. 673 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou


involuntária, que importe inobservância, por parte de pessoa física
ou jurídica, de norma estabelecida ou disciplinada neste Decreto ou
em ato administrativo de caráter normativo destinado a completá-
lo. Parágrafo único. Salvo disposição expressa em contrário, a
responsabilidade por infração independe da intenção do agente
ou do responsável e da efetividade, da natureza e da extensão dos
efeitos do ato;
Art. 674 Respondem pela infração:
I - conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma,
concorra para sua prática ou dela se beneficie;
II - conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do
veículo, quanto à que decorra do exercício de atividade própria do
veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes;
III - o comandante ou o condutor de veículo, nos casos do inciso II,
quando o veículo proceder do exterior sem estar consignado a pessoa
física ou jurídica estabelecida no ponto de destino;
IV - a pessoa física ou jurídica, em razão do despacho que promova,
de qualquer mercadoria;
V - conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de
mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação
realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica
importadora); e

189
VI - conjunta ou isoladamente, o importador e o encomendante
predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira
de pessoa jurídica importadora. Parágrafo único. Para fins de
aplicação do disposto no inciso V, presume-se por conta e ordem
de terceiro a operação de comércio exterior realizada mediante
utilização de recursos deste, ou em desacordo com os requisitos e
condições estabelecidos na forma da alínea “b” do inciso I do § 1º do
Art. 106 (BRASIL, 2009, grifos nossos).

Uma infração aduaneira é qualquer violação ou tentativa de violação das disposi-


ções legais ou regulamentares fornecidas por órgão aduaneiro. Essas infrações são trata-
das pelas autoridades aduaneiras de acordo com os procedimentos estabelecidos na lei.

Já o Art. 675 afirma que as infrações estão sujeitas às seguintes penalidades,


aplicáveis separada ou cumulativamente: “I - perdimento do veículo; II - perdimento da
mercadoria; III - perdimento de moeda; IV – multa e; V - sanção administrativa” (BRASIL,
2009). E, ainda:

Art. 676 A aplicação das penalidades a que se refere o Art. 675 será
proposta por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil;
Art. 677 Compete à autoridade julgadora (Decreto-Lei nº 37, de 1966,
Art. 97):
I - determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator ou a quem
deva responder pela infração; e
II - fixar a quantidade da pena, respeitados os limites legais.
Art. 678 Quando a multa for expressa em faixa variável de quantidade,
a autoridade fixará a pena mínima prevista para a infração, só a
majorando em razão de circunstância que demonstre a existência
de artifício doloso na prática da infração, ou que importe agravar
suas consequências ou retardar seu conhecimento pela autoridade
aduaneira (Decreto-Lei nº 37, de 1966, Art. 98).
Art. 679 Apurando-se, no mesmo processo, a prática de duas ou
mais infrações diferentes, pela mesma pessoa física ou jurídica,
aplicam-se cumulativamente, no grau correspondente, quando for o
caso, as penalidades a elas cominadas.
Art. 680 Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais
pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração
que houver cometido (BRASIL, 2009, grifos nossos).

INTERESSANTE
Entrou em vigor um novo procedimento destinado
a prevenir fraudes aduaneiras no Brasil, conforme
instrução normativa RFB nº 1986, de 29 de outubro
de 2020. A Receita Federal do Brasil indica que a nova
regulamentação traz mais transparência às ações das
agências, para evitar fraudes alfandegárias. Quer mais
informações? Acesse o QR Code .

190
4.1 PERDIMENTO DE VEÍCULO
O transporte de carga pode ser definido como as etapas e meios implementa-
dos no transporte de mercadorias. As etapas incluem logística implantada, transporte
ou os recursos usados para
​​ chegar ao destino de entrega. O seu papel notável tem
influência direta nas trocas comerciais dentro de um país ou em escala internacional e
o impacto na economia mundial é, portanto, real.

Dependendo das infraestruturas existentes, o transporte de mercadorias é


possível por meio de vários meios e canais, incluindo o transporte rodoviário e ferroviário
bem como os canais marítimos e aéreos.

Deve-se notar que transporte multimodal consiste na realização de uma opera-


ção de transporte de mercadorias por meio de várias soluções de transporte, nomeada-
mente, hidrovias. Ao basear o seu espírito empreendedor no princípio do frete e enca-
minhamento, o objetivo é otimizar os prazos de entrega e reduzir os custos. O transporte
de carga é, geralmente, descrito em seis pontos principais:

• As características de vários stakeholders: transportadores não marítimos, subcontra-


tados, comissários, locadores de veículos.
• Os tipo e volume de mercadorias a serem transportadas.
• O meio de transporte considerado.
• A localização dos locais de carga e descarga.
• A coordenação entre os diversos stakeholders e as etapas logísticas.
• Os regulamentos relativos ao transporte nacional ou global.

Segundo a Receita Federal, “durante a operação de trânsito aduaneiro, aplica-


se a pena de perdimento do veículo quando o veículo terrestre utilizado no trânsito de
mercadoria estrangeira desviar-se de sua rota legal, sem motivo justificado” (TABELA DE
PENALIDADES, 2015, s. p.). Nesse sentido, Costa (2021, s. p.) esclarece que:

• O perdimento costuma ser conceituado como uma perda a favor


do Fisco, pois corresponde à sentença de apreensão de um bem
cuja propriedade deixa de ser de seu antigo proprietário e passa a
ser do Estado. O perdimento pode ser aplicado somente nos casos
previstos em lei.
• A pena de perdimento, por ser considerada a pena mais severa do
Direito Aduaneiro, deve ser aplicada somente quando o dano ao
erário tiver sido efetivamente comprovado pela Receita Federal e
não presumido. Caso seja aplicado em casos não previstos ou seja
aplicado de forma presumida, será considerado confisco.
• Diferenciando perdimento e confisco: o perdimento é uma pena
aplicada apenas nas circunstâncias especificadas em lei e por
meio de sentença. Já o confisco consiste na adjudicação forçada
de algum bem ou coisa em proveito do fisco, todavia sem previsão
legal. Em suma, o confisco de bens é uma ação ilegal do Fisco e
não pode ocorrer.

191
Confisco, do latim confiscatio, que significa despachar para o fiscus, ou
seja, transferir ao tesouro, é uma forma legal de apreensão por um governo ou outra
autoridade pública. A palavra também é usada, popularmente, para espoliação sob
formas legais ou qualquer apreensão de bens como punição ou cumprimento da lei.

O confisco, no direito de propriedade, é ato de apropriação de


propriedade privada para uso estatal ou soberano. “O perdimento é a penalidade mais
grave aplicável a veículos e a mercadorias, e decorre de infrações consideradas em
lei como danos ao Erário, conforme disposições do Decreto-Lei nº 1.455/1976” (TABELA
DE PENALIDADES, 2015, s. p., grifo nosso), e mais:

I. O Regulamento Aduaneiro disciplina os procedimentos cabíveis nas


hipóteses de perdimento em decorrência de danos ao Erário, com
fundamento no Art. 23 do Decreto-Lei nº 1.455/1976, e no Art. 65 da
Lei nº 9.069, de 1995, distinguindo-os dos aplicáveis aos casos de
simples abandono de mercadorias, tutelados pela legislação civil -
Código Civil Brasileiro, Art. 1.275, III;
II. A penalidade de perdimento de bem estabelecida no Decreto-Lei
nº 1.455/1976, pode ser convertida em multa de valor equivalente
ao de tal bem, no caso de transporte multimodal, se provada a
responsabilidade do Operador de Transporte Multimodal, sem prejuízo
da responsabilidade que possa ser imputável ao transportador - Lei
no 9.611/1998, Art. 29). No caso de pena de perdimento de veículo,
a conversão em multa não poderá ultrapassar três vezes o valor da
mercadoria transportada, à qual se vincule a infração; e
III. A pena de perdimento também pode ser convertida em multa
equivalente ao valor aduaneiro nos casos em que a mercadoria não
seja localizada ou que tenha sido consumida, devendo a fiscalização
caracterizar na autuação a impossibilidade de apreensão (TABELA DE
PENALIDADES, 2015, s. p.).

O Decreto nº 6.759/2009 que regulamenta a administração das atividades


aduaneiras e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de
comércio exterior, no Título II (Da pena de perdimento), Capítulo I, sobre o perdimento
do veículo, afirma:

Art. 688 Aplica-se a pena de perdimento do veículo nas seguintes


hipóteses, por configurarem danos ao Erário:
I - quando o veículo transportador estiver em situação ilegal, quanto
às normas que o habilitem a exercer a navegação ou o transporte
internacional correspondente à sua espécie;
II - quando o veículo transportador efetuar operação de descarga
de mercadoria estrangeira ou de carga de mercadoria nacional ou
nacionalizada, fora do porto, do aeroporto ou de outro local para isso
habilitado;
III - quando a embarcação atracar a navio ou quando qualquer
veículo, na zona primária, se colocar nas proximidades de outro, um
deles procedente do exterior ou a ele destinado, de modo a tornar
possível o transbordo de pessoa ou de carga, sem observância das
normas legais e regulamentares;
IV - quando a embarcação navegar dentro do porto, sem trazer escrito,
em tipo destacado e em local visível do casco, seu nome de registro;
V - quando o veículo conduzir mercadoria sujeita a perdimento,

192
se pertencente ao responsável por infração punível com essa
penalidade;
VI - quando o veículo terrestre utilizado no trânsito de mercadoria
estrangeira for desviado de sua rota legal sem motivo justificado; e
VII - quando o veículo for considerado abandonado pelo decurso do
prazo referido no
Art. 648.
§ 1º Aplica-se, cumulativamente ao perdimento do veículo, nos casos
dos incisos II,
III e VI, o perdimento da mercadoria (Decreto-Lei nº 37, de 1966, Art.
104, parágrafo único, este com a redação dada pela Lei nº 10.833, de
2003, Art. 77, e Art. 105, inciso XVII; e Decreto-Lei nº 1.455, de 1976,
Art. 23, inciso IV e § 1º, este com a redação dada pela Lei nº 10.637,
de 2002, Art. 59).
§ 2º Para efeitos de aplicação do perdimento do veículo, na hipótese
do inciso V, deverá ser demonstrada, em procedimento regular, a
responsabilidade do proprietário do veículo na prática do ilícito.
§ 3º A não-chegada do veículo ao local de destino configura desvio de
rota legal e extravio, para fins de aplicação das penalidades referidas
no inciso VI deste artigo e no inciso XVII do Art. 689.
§ 4º O titular da unidade de destino comunicará o fato referido no §
3º à autoridade policial competente, para efeito de apuração do crime
de contrabando ou de descaminho (BRASIL, 2009).

Como punição, difere de uma multa, pois não se destina a, principalmente,


corresponder ao crime, mas atribui os espólios ilícitos do criminoso, o que, muitas
vezes, constitui um complemento à punição real pelo crime em si, ainda comum em
vários tipos de contrabando.

4.2 PERDIMENTO DE MERCADORIAS


Quando as regras que regulam a legislação aduaneiras não são cumpridas,
ocorrem infrações administrativas ou crimes, dependendo da gravidade das condutas
observadas, as quais recebem a denominação genérica de contrabando, ou seja,
importar ou exportar, secretamente, em desacordo com a lei e, em especial, sem pagar
taxas impostas pela legislação.

No conceito de Pereira (2015, s. p.), o perdimento de mercadoria “se caracteriza


como uma pena administrativa às operações de comércio exterior, quando realizadas
em desacordo com a legislação vigente. De modo geral, consiste na apreensão da
mercadoria em questão pelas autoridades brasileiras”. A partir desse contexto, uma
mercadoria pode ser confiscada. Então, confisco é a ação e o efeito de confiscar. Este
verbo “confiscar” refere-se a apreender algo ou punir com a privação de bens, os quais
passam a fazer parte do erário público. Para a lei, portanto, o confisco é o poder do
Estado de privar uma pessoa, física ou jurídica, de bens/mercadorias sem indenização.
Esses bens ou mercadorias passam para o poder do Estado.

193
As formas de implementação do confisco variam de acordo com a legislação.
Geralmente, alguma autoridade competente, como a Polícia Federal, no caso do Brasil,
tem o poder de confiscar bens ilegais, por exemplo, o contrabando ilegal de mercadorias.
Assim, o Estado tem o poder de polícia. Segundo o Código Tributário Nacional – CNT
(BRASIL, 2012, p. 72, grifo nosso):

Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade da administração


pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes,
à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se
regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do
processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como
discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Bertuol (2020, s. p.) considera o perdimento da mercadoria uma das sanções ad-
ministrativas mais rigorosas dentro do Direito Aduaneiro: o “Decreto 6.759/2009, conhe-
cido como o Regulamento Aduaneiro, delimita uma série de possibilidades onde pode ser
aplicada tal pena. Elas vão desde o abandono da mercadoria até os casos mais graves
onde é constatada fraude”. Esse decreto estabelece, no Art. 689, que se aplica a pena de
perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem danos ao erário:

I. Em operação de carga ou já carregada em qualquer veículo, ou dele


descarregada ou em descarga, sem ordem, despacho ou licença, por
escrito, da autoridade aduaneira, ou sem o cumprimento de outra
formalidade essencial estabelecida em texto normativo;
II. Incluída em listas de sobressalentes e de provisões de bordo quando
em desacordo, quantitativo ou qualitativo, com as necessidades do
serviço, do custeio do veículo e da manutenção de sua tripulação e
de seus passageiros;
III. Oculta, a bordo do veículo ou na zona primária, qualquer que seja
o processo utilizado;
IV. Existente a bordo do veículo, sem registro em manifesto, em
documento de efeito equivalente ou em outras declarações;
V. Nacional ou nacionalizada, em grande quantidade ou de vultoso
valor, encontrada na zona de vigilância aduaneira, em circunstâncias
que tornem evidente destinar-se a exportação clandestina;
VI. Estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se
qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço
tiver sido falsificado ou adulterado possuída a qualquer título ou para
qualquer fim;
VII. Estrangeira, que apresente característica essencial falsificada ou
adulterada, que impeça ou dificulte sua identificação, ainda que a
falsificação ou a adulteração não influa no seu tratamento tributário
ou cambial;
VIII. Estrangeira, encontrada ao abandono, desacompanhada de
prova do pagamento dos tributos aduaneiros;
IX. Estrangeira, exposta à venda, depositada ou em circulação
comercial no País, se não for feita prova de sua importação regular;
X. Estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham

194
sido pagos apenas em parte, mediante artifício doloso;
XI. Estrangeira, chegada ao País com falsa declaração de conteúdo;
XII. Transferida a terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros
e de outros gravames;
XIII. Encontrada em poder de pessoa física ou jurídica não habilitada,
tratando-se de papel com linha ou marca d’água, inclusive aparas;
XIV. Constante de remessa postal internacional com falsa declaração
de conteúdo;
XV. Fracionada em duas ou mais remessas postais ou encomendas
aéreas internacionais visando a iludir, no todo ou em parte,
o pagamento dos tributos aduaneiros ou quaisquer normas
estabelecidas para o controle das importações ou, ainda, a beneficiar-
se de regime de tributação simplificada;
XVI. Estrangeira, em trânsito no território aduaneiro, quando o ve-
ículo terrestre que a conduzir for desviado de sua rota legal, sem
motivo justificado;
XVII. Estrangeira, acondicionada sob fundo falso, ou de qualquer
modo oculta;
XVIII. Estrangeira, atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde
ou à ordem públicas;
XIX. Importada ao desamparo de licença de importação ou documento
de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou
suspensa, na forma da legislação específica;
XX. Importada e que for considerada abandonada pelo decurso do
prazo de permanência em recinto alfandegado; e
XXI. Estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na
hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador
ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação,
inclusive a interposição fraudulenta de terceiros (BRASIL, 2009).

INTERESSANTE
Você sabia que é de competência do Ministro de Es-
tado da Fazenda autorizar a destinação de mercado-
rias abandonadas, entregues à Fazenda Nacional ou
objeto de pena de perdimento, e que a administração
de mercadorias apreendidas compreende o controle,
o gerenciamento e a guarda fiscal das mercadorias?
Quer saber mais a respeito? Então, acesse o QR Code
e leia a Portaria RFB nº 200, de 18 de julho de 2022,
que dispõe sobre a administração e a destinação de
mercadorias apreendidas.

As irregularidades/infrações deverão ser apenadas com multa corresponden-


te ao preço aduaneiro da mercadoria, nas operações de importação, ou ao valor defi-
nido na nota fiscal respectiva ou outra documentação que a equipare, nas operações
de exportação, no caso de a mercadoria não ter sido encontrada ou ter sido revendida
ou consumida.

195
Ainda, será aplicada a pena de perdimento da mercadoria provinda do exterior
que se encontre na zona secundária, a qual tenha sido, em caráter clandestino, intro-
duzida no Brasil ou importada de forma fraudulenta e/ou irregular. Faz-se necessário
ter um controle bem determinado com relação ao prazo de permanência da mercadoria
dentro do ambiente alfandegado, para que, dessa forma, não seja elemento de perdi-
mento pelo decurso de prazo.

4.3 PERDIMENTO DE MOEDA


Moeda é um sistema de dinheiro de uso geral em determinado país em um
momento específico. A moeda representa um meio de troca à aquisição de bens e/ou
serviços. O dinheiro em espécie é emitido pela casa da moeda de um governo dentro de
sua jurisdição e, por conseguinte, aceito pelo seu valor face como meio de pagamento.

NOTA
Os termos “dinheiro” e “moeda” são, muitas vezes, pensados ​​para significar
a mesma coisa, no entanto, embora relacionados, eles têm significados dife-
rentes. Dinheiro é um termo mais amplo e refere-se a um sistema de valor
intangível que torna possível a troca de bens e serviços, agora e no futuro. A
moeda é, simplesmente, uma forma tangível de dinheiro. O dinheiro é usado
de várias maneiras, todas relacionadas ao seu uso futuro em algum tipo de
transação, por exemplo, o dinheiro é uma reserva de valor, ou seja, ele tem e
mantém um certo valor que suporta trocas contínuas.

Nesse aspecto, sobre o perdimento de moeda, o Decreto nº 6.759/2009, que


regulamenta a administração das atividades aduaneiras, a fiscalização, o controle e a
tributação das operações de comércio exterior, preconiza:

Art. 700. Aplica-se a pena de perdimento da moeda nacional ou


estrangeira, em espécie, no valor excedente a R$ 10.000,00 (dez
mil reais), ou o equivalente em moeda estrangeira, que ingresse no
território aduaneiro ou dele saia;
§ 1º Para fins de aplicação do disposto neste artigo, considera-se
moeda nacional ou estrangeira, em espécie, somente o papel-
moeda, não compreendidos os títulos de crédito, cheques ou
cheques de viagem;
§ 2º Na hipótese de moeda encontrada em zona secundária,
o perdimento referido no caput somente se aplica quando as
circunstâncias tornarem evidente a tentativa de saída do País ou o
ingresso no País, da moeda, por qualquer forma não autorizada pela
legislação específica;
§ 3º Aplica-se o perdimento à totalidade da moeda que ingressar no
território aduaneiro ou dele sair não portada por viajante;

196
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica na hipótese em que o ingres-
so ou a saída de moeda esteja autorizado em legislação específica; e
§ 5º O perdimento de moeda não exclui a aplicação das sanções
penais previstas para a hipótese (BRASIL, 2009, grifo nosso).

É legal transportar qualquer quantidade de moeda ou outros instrumentos


monetários para dentro ou para fora do Brasil, no entanto, se você transportar, tentar
transportar ou fazer com que seja transportado, inclusive por correio ou outros meios,
moeda ou outros instrumentos monetários em um valor combinado superior a R$ 10
mil, de uma só vez, a qualquer país, haverá a necessidade de declaração desse valor.
Oficialmente, a Receita Federal afirma:

Aplica-se a pena de perdimento da moeda nacional ou estrangeira,


em espécie, no valor excedente a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou
o equivalente em moeda estrangeira, que ingresse no território
aduaneiro ou dele saia. Esta disposição não se aplica na hipótese em
que o ingresso ou a saída de moeda esteja autorizado em legislação
específica (PERDIMENTO DE MOEDAS, 2020, s. p.).

Em complemento, declara que:

Considera-se moeda nacional ou estrangeira, em espécie, somente o


papel-moeda, não compreendidos os títulos de crédito, cheques ou
cheques de viagem - Art. 700, § 1º, do Regulamento Aduaneiro.
Na hipótese de moeda encontrada em zona secundária, o perdimento
somente se aplica quando as circunstâncias tornarem evidente
a tentativa de saída do País ou o ingresso da moeda no País por
qualquer forma não autorizada pela legislação específica - Art. 700, §
2º, do Regulamento Aduaneiro;
Aplica-se o perdimento à totalidade da moeda que ingressar no
território aduaneiro ou dele sair não portada por viajante - Art. 700, §
3º, do Regulamento Aduaneiro.
O ingresso no País e a saída do País de moeda nacional e estrangeira
devem ser realizados exclusivamente por meio de instituição
autorizada a operar no mercado de câmbio, à qual cabe a perfeita
identificação do cliente ou do beneficiário - Art. 65, § 1º, da Lei nº
9.069/1995 com redação dada pela Lei nº 12.865/2013 (PERDIMENTO
DE MOEDAS, 2020, s. p.).

O valor de qualquer moeda flutua constantemente em relação a outras mo-


edas, afinal, ela é uma forma tangível de dinheiro que, por sua vez, é um sistema de
valor intangível. Muitos países aceitam o dólar americano para pagamento, enquanto
outros atrelam o valor de sua moeda diretamente a ele.

5 DESPACHANTE ADUANEIRO
Caro acadêmico, estamos chegando ao final da nossa unidade. Para finalizarmos,
falaremos do despachante aduaneiro. A figura desse profissional refere-se ao serviço
específico, dentro do setor de comércio exterior, encarregado de aplicar os regulamentos
aduaneiros e controlar as diferentes leis e regulamentos que afetam esse setor.
197
É um serviço dinâmico devido às constantes mudanças e, também, complexo,
pois, para cada mercadoria embarcada, é necessário realizar uma classificação tarifária
levando em consideração as cotas, restrições, controles aplicados a cada caso, além de
conhecer as possíveis variações.

IMPORTANTE
Os despachantes aduaneiros são definidos, na Convenção de Kyoto Revisada
(RKC), como “terceiros” no seguinte sentido: qualquer pessoa a qual lida
diretamente com as alfândegas, por e em nome de outra pessoa, relacionada a
importação, exportação, movimentação ou armazenamento de mercadorias.

Fonte: UNITED NATIONS. Custon broker. Trade Facilitation Implementation Guide,


Geneva, c2023. Disponível em: https://bit.ly/3T7uT5C. Acesso em: 10 mar. 2023.

De acordo com a Organização do Comércio (WCO, 2018), os despachantes adu-


aneiros, geralmente, atuam como intermediários entre os comerciantes e a alfândega,
nos processos de desembaraço aduaneiro. O conhecimento dos despachantes acerca
das leis e processos aduaneiros, além de sua experiência de trabalho na cadeia de abas-
tecimento comercial, pode ser útil tanto para os comerciantes quanto para a alfândega.

Enquanto os despachantes apoiam as empresas, fornecendo toda a


documentação necessária ou transmissão eletrônica e realizando as formalidades
relacionadas ao desembaraço da carga, espera-se que os despachantes aduaneiros
também mantenham os interesses do governo, assegurando o cumprimento das
exigências da alfândega e de outras regulamentações bem como a cobrança de taxas,
impostos e impostos apropriados (WCO, 2018).

O despacho aduaneiro é realizado pelo despachante aduaneiro, profissional que


representa uma das partes (importador ou exportador) perante a autoridade aduaneira,
é responsável pela comunicação entre seu cliente e alfândega e pelo pagamento de
impostos e taxas em nome do representado. Assim, a Receita Federal afirma:

O Despachante Aduaneiro é um dos intervenientes do Comércio


Exterior. Ele pode representar o Importador, o Exportador ou outro
interessado nas atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de
mercadorias, bem como em outras operações de comércio exterior.
O exercício da profissão de Despachante Aduaneiro somente é
permitido à pessoa física inscrita no Registro de Despachantes
Aduaneiros pela RFB (DESPACHANTE ADUANEIRO, 2023, s. p.).

Existem vários modelos de licenciamento e regulamentação adotados pelas


administrações alfandegárias para autorizar pessoas jurídicas e/ou físicas a atuarem
como despachantes aduaneiros. Muitas administrações têm requisitos específicos de

198
licenciamento que permitem que uma parte atue como despachante, enquanto outras
simplesmente permitem que qualquer pessoa estabeleça um negócio livre e assuma o
trabalho de um agente alfandegário em nome de outros.

Veja o que preconiza a Instrução Normativa RFB nº 1209 das atividades


relacionadas ao despacho aduaneiro:

Art. 1º exercício das profissões de despachante aduaneiro e de


ajudante de despachante aduaneiro somente será permitido à
pessoa física inscrita, respectivamente, no Registro de Despachantes
Aduaneiros e no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros,
mantidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), e
obedecerá às disposições desta Instrução Normativa. Parágrafo
único. A competência para a inscrição nos Registros a que se refere
o caput será do titular da unidade da RFB com jurisdição aduaneira
sobre o domicílio do requerente;
Art. 2º São atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de
mercadorias, inclusive bagagem de viajante, na importação, na
exportação ou na internação, transportadas por qualquer via, as
referentes a:
I - preparação, entrada e acompanhamento da tramitação e
apresentação de documentos relativos ao despacho aduaneiro;
II - subscrição de documentos relativos ao despacho aduaneiro,
inclusive termos de responsabilidade;
III - ciência e recebimento de intimações, de notificações, de autos de
infração, de despachos, de decisões e de outros atos e termos pro-
cessuais relacionados com o procedimento de despacho aduaneiro;
IV - acompanhamento da verificação da mercadoria na conferência
aduaneira, inclusive da retirada de amostras para assistência téc-
nica e perícia;
V - recebimento de mercadorias desembaraçadas;
VI - solicitação e acompanhamento de vistoria aduaneira; e
VII - desistência de vistoria aduaneira.
§ 1º Somente mediante cláusula expressa específica do mandato po-
derá o mandatário subscrever termo de responsabilidade em garantia
do cumprimento de obrigação tributária, ou pedidos de restituição de
indébito, de compensação ou de desistência de vistoria aduaneira.
§ 2º A RFB poderá dispor sobre outras atividades relacionadas ao
despacho aduaneiro de mercadorias.
§ 3º Na execução de suas atividades, o despachante aduaneiro
poderá contratar livremente seus honorários profissionais.
Art. 3º O despachante aduaneiro poderá representar o importador,
o exportador ou outro interessado no exercício das atividades
relacionadas acima; e
Art. 4º O exame de qualificação técnica consiste na avaliação da
capacidade profissional do ajudante de despachante aduaneiro para
o exercício da profissão de despachante aduaneiro. Parágrafo único.
O exame a que se refere o caput será realizado sob a orientação da
Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana) (BRASIL,
2011b, grifos nossos).

Dentre as principais funções do despachante aduaneiro estão: preparar a docu-


mentação alfandegária e garantir que os embarques cumpram todas as leis aplicáveis,
com vistas a facilitar a importação e exportação de mercadorias, de calcular as taxas

199
e impostos a pagar e processar pagamentos em nome do cliente, assinar documentos
sob uma procuração, representar clientes em reuniões com funcionários aduaneiros,
solicitar reembolsos de impostos e reclassificações tarifárias, coordenar o transporte e
armazenamento de mercadorias importadas.

Devido à complexidade envolvida na importação e exportação de mercadorias,


muitas empresas utilizam despachantes aduaneiros para atuar como seus agentes. A
demanda por esses profissionais decorre do fato de importadores e exportadores terem
que lidar com muita burocracia no desembaraço de mercadorias. Os despachantes
aduaneiros existem para promover o comércio internacional e gerenciar os negócios
de maneira tão econômica quanto eficiente. São importantes, pois garantem que as
regras e regulamentos comerciais sejam seguidos, além de fornecerem aos clientes
orientações sobre o que fazer para seguir os procedimentos adequados.

DICA
Os procedimentos aduaneiros são realizados por despa-
chantes aduaneiros, profissionais especializados no pro-
cesso de importação e exportação de mercadorias. Nesse
sentido, atuam perante a autoridade portuária em nome
do importador ou exportador, permitindo que os proces-
sos sejam mais fluidos. Para saber um pouco mais dessa
profissão, veja a Instrução Normativa RFB nº 1209, de 7 de
novembro de 2011. Ela estabelece requisitos e procedimen-
tos ao exercício das profissões de despachante aduaneiro e
seu ajudante. Acesse o QR Code .

Caro acadêmico, parabéns por finalizar a unidade da disciplina de Legislação


Aduaneira de Importação e Exportação. No início da unidade, levantamos algumas
questões as quais, agora, conseguiremos responder.

A importância do desembaraço aduaneiro é imprescindível nas operações


de exportação, afinal, as mercadorias devem passar por essa etapa para serem li-
beradas. Você descobriu os procedimentos necessários à liberação da remessa no
processo de exportação.

Como todos sabemos, cada país tem as suas leis que, muitas vezes, são regidas
por diferentes autoridades em determinado país. O profissional que atua nesse segmen-
to alfandegário deve ser experiente e manter-se sempre atualizado, a fim de realizar o
seu trabalho com mais qualidade e segurança.

A função do despacho aduaneiro no processo de exportação envolve a prepa-


ração e apresentação da documentação. A conformidade do despacho aduaneiro de
exportação é essencial para que uma mercadoria seja exportada internacionalmente.

200
Quando qualquer tipo de embarque é realizado, as autoridades devem verificar
toda a documentação e, dentre as principais formalidades está o pagamento dos tributos.
Assim, o despacho aduaneiro é tanto um processo quanto uma série de formalidades
que você deverá seguir para exportar a mercadoria até o local de destino.

A importância dos serviços desse despacho é observada quando você precisa


de suporte no transporte de mercadorias de um destino a outro, sem problemas. As suas
competências te ajudarão durante a transição, tornando a exportação de mercadorias
menos desafiadora.

Consideramos fundamental ressaltar que os diversos procedimentos aduaneiros


devem ser realizados por um profissional apto e qualificado a essas funções. Além disso,
há a necessidade de estar preparado quanto ao processo de exportação de mercadorias.

Por vezes, você poderá atuar com as autoridades alfandegárias como represen-
tante de uma pessoa ou empresa, exercendo, assim, as funções de exportador de mer-
cadorias, o que facilitará muito todo o processo de exportação, tornando-o mais fluido.

201
LEITURA
COMPLEMENTAR
CONFERÊNCIA ADUANEIRA: LIMITES DA FISCALIZAÇÃO NA IMPORTAÇÃO

Márcio Ladeira Ávila


Antônia Tavares Santos

A conferência aduaneira é uma das etapas do despacho aduaneiro que mais


atrai a atenção de importadores e exportadores em função da possibilidade de ques-
tionamento, pelo Fisco, acerca da mercadoria ou da própria pessoa jurídica, motivo pelo
qual o tema do presente artigo merece aprofundamento.

A parametrização é o nome que se dá ao procedimento de seleção a um dos


canais de conferência aduaneira e tem seu fundamento maior na própria Constituição
Federal de 1988, segundo a qual "a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior,
essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério
da Fazenda" (Art. 237). O controle das operações de comércio exterior é essencial para
o combate à importação de produtos falsificados, à classificação fiscal incorreta, à
subvaloração das mercadorias, dentre outros interesses a serem protegidos, daí porque
se dá assento constitucional à matéria.

Em nível infraconstitucional, o Art. 50 do Decreto-Lei nº 37/66 prevê a adoção


de critérios de seleção e amostragem, de conformidade com o estabelecido pela então
Secretaria da Receita Federal do Brasil, atual Secretaria Especial da Receita Federal do
Brasil (no mesmo sentido, o Art. 568 do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009).

Inicialmente previstas pela IN SRF nº 69/1996, as regras relativas aos canais de


parametrização na conferência aduaneira são atualmente disciplinadas pela IN SRF nº
680/2006. Nos termos de seu Art. 21, I, II, III e IV, são 4 (quatro) canais: (i) canal verde,
pelo qual se dá desembaraço automático da mercadoria importada; (ii) canal amare-
lo, em que se realiza o exame documental, e, não sendo constatada irregularidade, é
efetuado o desembaraço aduaneiro; (iii) canal vermelho, onde a mercadoria importada
somente será desembaraçada após a realização do exame documental e da verificação
da mercadoria; e (iv) canal cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verifi-
cação da mercadoria e, eventualmente, a apuração de elementos indiciários de fraude.

A toda evidência, portanto, a escala de rigidez fiscalizatória parte de um extremo


(canal verde), no qual a mercadoria é desembaraçada sem qualquer verificação, para o
outro, no qual há maior rigor na inspeção da empresa, da mercadoria e da importação
como um todo (canal cinza). Nada obstante, embora haja uma definição clara a respeito
dos canais de parametrização e das medidas que podem ser tomadas pela autoridade

202
aduaneira em cada um deles, a própria dinâmica aduaneira traz à baila os limites da
fiscalização na etapa de conferência aduaneira.

Independentemente de sua natureza, fato é que os limites jurídicos à fiscaliza-


ção nos canais de parametrização devem ser respeitados, seja em virtude da legislação
em vigor, seja em função da jurisprudência pátria.

O primeiro limite merecedor de destaque é que o gerenciamento de riscos feito


pela Receita Federal não autoriza que o procedimento de fiscalização de determinada
importação implique em discriminação arbitrária ou injustificável ou restrição disfarçada
ao comércio internacional (Art. 7º, item 4.2 do Decreto nº 9.326/2018, que internalizou o
Acordo de Facilitação do Comércio).

Nesse sentido, o comando legal impõe que, uma vez concluída a conferência
aduaneira, a mercadoria deve ser imediatamente desembaraçada pelo Auditor-Fiscal
responsável (IN SRF nº 680/2006, Art. 48, caput), isto é, a regra reitora do despacho
aduaneiro impõe que o desembaraço seja feito de maneira célere. Assim, a tendência
mundial de agilização do desembaraço aduaneiro, refletida no ordenamento jurídico
brasileiro, causa o fortalecimento da revisão aduaneira.

Noutro giro, é possível que uma importação do canal verde seja redirecionada
para os canais amarelo ou vermelho durante a análise fiscal caso sejam identificados
potenciais irregularidades na importação (IN SRF nº 680/2006, Art. 21, § 2º). Inclusive, no
jargão do comércio exterior, é conhecido o chamado "canal melancia" de importação, no
qual a mercadoria inicialmente é parametrizada no canal verde e, posteriormente, passa
a ser analisada no canal vermelho de conferência aduaneira, diante da necessidade de
seu exame físico e documental.

Já os indicativos de fraude constatados nos canais verde, amarelo e vermelho


poderão instruir eventual ação fiscal, que pode ser deflagrada inclusive no curso da
conferência aduaneira (IN SRF nº 680/2006, Art. 23, caput), oportunidade na qual deverá
haver redirecionamento para o canal cinza, sendo ônus do Fisco fundamentar eventual
suspeita da fraude. Isso porque apenas neste canal são, de fato, apuradas fraudes (IN
SRF nº 680/2006, Art. 21, IV).

Para ser viabilizado o Procedimento de Fiscalização de Combate às Fraudes


Aduaneiras (IN SRF nº 680/2006, Art. 23, parágrafo único) importa a existência de indício
de fraude e a retenção da mercadoria, seja antes do início do despacho aduaneiro, seja
no curso da conferência aduaneira (até o desembaraço) ou mesmo na revisão aduaneira
(IN RFB nº 1.986/2020, Art. 2º, I, II e III). Estarão dispensadas de tal procedimento
especial de fiscalização as mercadorias que, até o desembaraço, não forem retidas
(IN RFB nº 1.986/2020, Art. 1º, parágrafo único). Assim, a mercadoria parametrizada
para o canal cinza, por exemplo, apenas será submetida ao referido procedimento de
fiscalização caso também tenha sido objeto de retenção (TRF4, Apelação nº 5023432-
67.2017.4.04.7000).

203
Se a suspeita de fraude se der antes do início do despacho aduaneiro, haverá
duas hipóteses: (i) direcionamento ao canal cinza ou (ii) aplicação de procedimento
especial de fiscalização, cuja pertinência será avaliada pelo setor competente, no en-
tanto, diante do fato de que, no canal cinza, há uma maior exigência fiscalizatória, a
seleção automática da importação para este canal é ilegal, porque não há disposição
legal que assim determine. Ainda, a teoria da motivação dos atos administrativos é
mandatória no canal cinza de conferência aduaneira e traz ao Fisco o ônus de fun-
damentar a parametrização diante da suspeita de fraude. Nessa medida, a seleção
automática para o canal cinza implica em sérios prejuízos ao desenvolvimento das
atividades habituais do importador (TRF4, Processo nº 5002398-62.2010.4.04.7200) e
afronta a necessidade de análise individualizada de cada operação de importação (IN
SRF nº 680/2006, Art. 21, caput).

No canal cinza, também constitui abusiva a aplicação de pena de perdimento


em face da configuração de subfaturamento. Isso porque trata-se de infração que su-
jeita o importador à multa administrativa de 100% (cem por cento) sobre a diferença en-
tre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço
declarado e o preço arbitrado (Medida Provisória nº 2.158-35/2001, Art. 88, parágrafo
único), mostrando-se desproporcional o perdimento da mercadoria importada (TRF4,
Processo nº 50257828720154047100 e TRF4, Processo nº 50105449220154047208).
Desta forma, fica o Fisco limitado à aplicação de multa e impossibilitado a proceder a
apreensão da carga no canal.

Contudo, se o indício de fraude for constatado após o desembaraço das mer-


cadorias, em sede de revisão aduaneira (IN RFB nº 1.986/2020, Art. 2º, III), necessaria-
mente incidirá o procedimento especial de fiscalização, respeitado o prazo decadencial,
já que não será mais possível o redirecionamento para outro canal de conferência adu-
aneira (IN SRF nº 680/2006, Art. 23, caput c/c parágrafo único).

A respeito do tema, entende-se que, na ausência de disposição legal específica


sobre prazo para o desembaraço aduaneiro nos canais verde, vermelho e amarelo, deve
ser aplicado, por analogia, o de 8 (oito) dias previsto no Art. 4º do Decreto nº 70.235/72, que
regula o processo administrativo fiscal (TRF4, Processo nº 5009536-41.2019.4.04.7208;
TRF4, Processo nº 5017192-54.2016.404.7208, dentre outros). Vale dizer que, de acordo
com a jurisprudência, este parâmetro temporal delimita a necessidade de conclusão
do despacho aduaneiro, contudo faz-se necessário estabelecer critério de contagem
temporal objetivo, que privilegie a razoabilidade. Assim, sugere-se que, nos canais
amarelo e vermelho, este prazo seja compreendido no contexto da última manifestação
do contribuinte em relação a alguma exigência específica feita pelo Fisco, sob pena
de caracterização de ato ilícito violador de direito líquido e certo. Já no canal verde, tal
prazo deverá ser contado a partir do dia da chegada da mercadoria à zona aduaneira
primária (Decreto nº 6.759/2009, Art. 3º, I), eis que, neste momento, a mercadoria já

204
estará sob o controle aduaneiro do Fisco. Este lapso de tempo não se aplica para os
casos atinentes ao canal cinza, onde a legislação estabelece, para tanto, o termo máximo
de 60 (sessenta) dias, contado da ciência do respectivo Termo de Retenção, prorrogável
por 60 (sessenta) dias em situações justificadas (IN RFB nº 1.986/2020, Art. 11).

Aliás, é criticável o entendimento segundo o qual "para ser possível revisão adu-
aneira de mercadorias desembaraçadas em canal amarelo e vermelho de parametri-
zação, necessário que a fiscalização suporte o lançamento em informação (e não em
prova) que não dispunha no momento do desembaraço, sob pena de violação do quanto
disposto no artigo 146 do CTN" (CARF, Processo nº 10909.003996/2007-10, Decisão nº
3401-009.920), afinal, é o lançamento que se submete à homologação tácita, e não o
poder fiscalizatório em si. O fato de a mercadoria se encontrar em canal amarelo ou ver-
melho não representa um privilégio odioso para o importador, inclusive em homenagem
ao princípio da isonomia.

Em reforço, o desembaraço aduaneiro das mercadorias parametrizadas para


os canais verde, amarelo e vermelho não homologa os atos já praticados, uma vez que
nesta etapa há uma análise meramente perfunctória das mercadorias. A homologação,
em verdade, apenas ocorre com a revisão aduaneira (STJ, REsp nº 1.826.124/SC; CARF,
Processo nº 10074.001255/2010-60), a chamada homologação expressa, ou com o de-
curso do prazo decadencial de 5 (cinco) anos, a dita homologação tácita (STJ, REsp nº
1.656.572/RS e REsp nº 1.201.845/RJ; CARF, Processo nº 11075.720472/2012-77, Deci-
são nº 3402-007.089).

Por outro, é vedado ao Fisco proceder à verificação do valor aduaneiro da mer-


cadoria durante a conferência aduaneira, mas pode fazê-lo apenas após desembaraço
aduaneiro, com a liberação da mercadoria (Art. 25, caput da IN RFB nº 2.090/2022), o
que, inclusive, já foi enfrentado em sede de contencioso administrativo (CARF, Processo
nº 12466.003723/2002-42; Decisão nº 303-31.799).

Vê-se, portanto, que os limites à atividade fiscalizatória em sede de conferência


aduaneira na importação carecem de sistematização jurídica que, simultaneamente,
garanta o exercício da fiscalização, respeite os direitos dos importadores e, em última
análise, promova a facilitação do comércio exterior.

Fonte: ÁVILA, M. L.; SANTOS, A. T. conferência aduaneira: limites da fiscalização na importação. Aduaneiras,
São Paulo, 31 ago. 2022. https://bit.ly/3ZYZk0d. Acesso em: 6 mar. 2023.

205
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• O desembaraço aduaneiro é um processo administrativo que facilita, com as suas


respectivas condições legais, a distribuição de mercadorias.

• Os procedimentos aduaneiros são realizados por despachantes aduaneiros, profis-


sionais especializados no processo de importação e exportação de mercadorias.

• A importância do desembaraço aduaneiro.

• Despacho aduaneiro de exportação é essencial para que uma mercadoria seja


exportada internacionalmente.

206
AUTOATIVIDADE
1 O Programa Portal Único de Comércio Exterior é uma iniciativa de reformulação dos
processos de importação, exportação, trânsito aduaneiro e licenciamento. Com essa
reformulação, busca-se estabelecer processos mais eficientes, harmonizados e
integrados entre todos os intervenientes públicos e privados no comércio exterior. A
partir da reformulação dos processos, o Programa Portal Único passa:

a) ( ) A ser monitorado por leis aplicadas pelo departamento de alfândega de um país,


seguindo as políticas governamentais.
b) ( ) A encontrar fornecedores de qualidade, transportadoras de mercadorias em um
mercado de frete volátil, entre uma série de outros fatores.
c) ( ) Ao desenvolvimento e integração dos fluxos de informações correspondentes e
dos sistemas informatizados encarregados de gerenciá-los.
d) ( ) A proteger os consumidores por certificar que os padrões dos produtos sejam
respeitados e, assim, os produtos alimentícios sejam seguros ao consumo.
e) ( ) A proteger e salvaguardar as fronteiras de contrabandistas e terroristas que
usariam a cadeia de suprimentos global para prejudicar as exportações.

2 A DU-E constitui-se na Declaração Única de Exportação, a qual foi instituída pela


Portaria Conjunta RFB/Secex nº 349/2017. Consiste em um documento eletrônico
que define o enquadramento da operação de exportação e subsidia o despacho
aduaneiro de exportação, o qual:

a) ( ) Envolve preparar e enviar os documentos necessários ao desembaraço


aduaneiro, organizar uma inspeção, pagar as taxas alfandegárias e reunir todos
os documentos das mercadorias.
b) ( ) Compreende informações de natureza aduaneira, administrativa, comercial,
financeira, fiscal e logística que caracterizam a operação de exportação dos
bens por ela amparados.
c) ( ) Corrige as classificações incorretas das mercadorias ou erros de cálculo dos
tributos dos departamentos alfandegários, o licenciamento da exportação e
pagamento de taxas e impostos alfandegários.
d) ( ) Contém a fatura comercial, um documento comercial detalhado que registra os
produtos ou serviços entregues ao cliente, o valor total devido e o método de
pagamento preferido.
e) ( ) Especifica o processo de desembaraço aduaneiro descrevendo as diversas
etapas que podem ser alteradas ou realizadas em outra etapa, dependendo da
modalidade de exportação escolhida.

207
3 Bertuol (2020) considera o perdimento da mercadoria uma das sanções administra-
tivas mais rigorosas dentro do Direito Aduaneiro. O Decreto nº 6.759/2009, conhecido
como Regulamento Aduaneiro, delimita uma série de possibilidades cuja pena pode
ser aplicada e elas vão desde:

Fonte: BERTUOL, D. Hipóteses para o perdimento da


mercadoria no comércio exterior. Efficienza Negócios
Internacionais, Caxias do Sul, 4 mar. 2020. Disponível em:
https://bit.ly/3ZXVMLS. Acesso em: 20 jan. 2023.

a) ( ) A retenção de produtos por questões comerciais prioritárias até a prisão


em flagrante.
b) ( ) A não liberação imediata da mercadoria até o bloqueio do desembaraço
aduaneiro urgente.
c) ( ) O abandono da mercadoria até os casos mais graves nos quais é constatada fraude.
d) ( ) O acréscimo de 100% de multa no valor da mercadoria até o banimento definitivo
do produto.
e) ( ) A advertência ao despachante aduaneiro licenciado até a suspensão dos seus
direitos profissionais.

208
REFERÊNCIAS
AMCHAM BRASIL. How to import into Brazil. 9th ed. São Paulo: Cisa Trading, 2022.

BAIN & COMPANY; INTERNATIONAL TRADE CENTRE (ITC). Enabling trade: catalyzing
trade facilitation agreement implementation in Brazil. Geneva: WEF, 2015. Disponível em:
https://bit.ly/3YEJbfc. Acesso em: 19 jan. 2023.

BERTUOL, D. Hipóteses para o perdimento da mercadoria no comércio exterior.


Efficienza Negócios Internacionais, Caxias do Sul, 4 mar. 2020. Disponível em:
https://bit.ly/3ZXVMLS. Acesso em: 20 jan. 2023

BRASIL. Instrução Normativa SRF nº 680, de 2 de outubro de 2006. Disciplina o


despacho aduaneiro de importação. Brasília, DF: Secretaria da Receita Federal, 2006.
Disponível em: https://bit.ly/3T4PPu8. Acesso em: 18 jan. 2023.

BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a administração


das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de
comércio exterior. Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível em: https://
bit.ly/400Kg2h. Acesso em: 18 jan. 2023.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de


Comércio Exterior. Portaria nº 23, de 14 de julho de 2011. Dispõe sobre operações
de comércio exterior. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, 2011a. Disponível em: https://bit.ly/3JEf5od. Acesso em: 17 jan. 2023.

BRASIL. Instrução Normativa nº 1209, de 7 de novembro de 2011. Estabelece


requisitos e procedimentos para o exercício das profissões de despachante aduaneiro
e de ajudante de despachante aduaneiro. Brasília, DF: Secretaria da Receita Federal,
2011b. Disponível em: https://bit.ly/3l3NGm2. Acesso em: 20 jan. 2023.

BRASIL. Código Tributário Nacional. 2. ed. Brasília, DF: Senado Federal; Subsecretaria
de Edições Técnicas, 2012. Disponível em: https://bit.ly/425F6E6. Acesso em: 20 jan. 2023.

BUENO, S. Importação no Brasil: conheça os principais produtos importados.


Fazcomex, São Leopoldo, 17 out. 2022a. Disponível em: https://bit.ly/3J9jT35. Acesso
em: 17 jan. 2023.

BUENO, S. Saiba mais sobre quais são os tributos incidentes na importação. Fazcomex,
São Leopoldo, 17 out. 2022b. Disponível em: https://bit.ly/3J8g5zf. Acesso em: 18 jan. 2023.

CAMPOS, P. M. da S. Cartilha de importação. Belo Horizonte: Sebrae-MG, 2020.

209
CONSIDERAÇÕES GERAIS. Ministério da Economia, Receita Federal, Brasília, DF, 18
jan. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3LizwIx. Acesso em: 17 jan. 2023.

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