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Prevalência de Disfunção Temporomandibular e

Níveis de estado de ansiedade em bailarinos
Um estudo transversal
Priscila Brenner Hilgenberg-Sydney, DDS, MSc, PhD, Julia Michalach Wilhelm, DDS,
Giovanna Pimentel, DDS, Ricardo Petterle, MSc, and Daniel Bonotto, DDS, MSc, PhD

Abstrato os aspectos psicológicos podem ser

Este estudo avaliou a prevalência de (DTMs) têm um fator multifatorial influenciados, por exemplo, pelo período
disfunções temporomandibulares (DTMs) disfunções temporomandibulares
etiologia, incluindo elementos sazonal das apresentações. Além disso, o
em bailarinas e explorou sua associação funcionais, anatômicos e psicossociais. A sistema inibidor da dor descendente mediado
com níveis de ansiedade. Participaram 51 associação das DTMs com fatores pela serotonina pode ser modulado pela
bailarinos de ambos os sexos com idade
psicossociais é bem descrita na literatura. dança, prazer, exercício físico e outros
média de 31,5 ± 12,6 anos. O diagnóstico Tais distúrbios interferem nas atividades fatores.3,4 Assim, uma ferramenta importante
de DTM foi feito de acordo com o Research
diárias, levando a um efeito negativo na para os dançarinos é o prazer associado à
Diagnostic Criteria for Temporo Mandibular
função social, saúde emocional e nível de apresentação de uma dança para o público.
Distúrbios (RDC/TMD).
energia.1 Simplesmente mover-se e ouvir música
Todos os indivíduos completaram a parte
do estado de um questionário de ansiedade De acordo com a Associação enquanto dança também pode influenciar
(IDATE). Os dados foram coletados e Internacional para o Estudo da Dor, “A dor os componentes emocionais da dor, como
analisados por meio do software estatístico é uma experiência sensorial e emocional ansiedade e depressão.3,5-8
R (versão: 3.4.0.) com nível de significância desagradável associada a um dano tecidual Sabe-se que as lesões mais comuns
de 5%. A prevalência de todas as DTMs na real ou potencial ou descrita em termos de associadas à dança, distensões, entorses e
amostra foi de 78%; ou seja, dos 51 tal dano”. A experiência de dor está ligada tendinites são causadas por uso excessivo
participantes, 39 tiveram pelo menos um a um contexto individual, podendo variar de e falhas técnicas.9,10
diagnóstico positivo. Os dois diagnósticos acordo com o tipo de estímulo recebido e Além disso, sabe-se que DTMs, dores faciais
de maior prevalência foram deslocamento
os fatores emocionais envolvidos. Uma rede e dores de cabeça podem aumentar a
do disco com redução e artralgia. Indivíduos
complexa é responsável pela coordenação sensibilidade à dor em outras partes do corpo.11
com DTM apresentaram escore médio de
ansiedade de 42,55 ± 9,92 no IDATE, de estímulos que interferem no alcance do Isso é de particular interesse para dançarinos
limiar da dor, envolvendo o sistema límbico porque, se eles tiverem lesões junto com
enquanto para aqueles sem DTM foi de
44,27 ± 11,89, sem diferença estatisticamente e chamando a atenção para os aspectos DTMs, a dor intensificada pode afetar seu
significativa (p = 0,53). Conclui-se que a emocionais dessa experiência.1 A dor é desempenho físico.
prevalência geral de DTM em bailarinas é muito afetada por fatores emocionais que Ao entender a prevalência e o padrão
maior do que na população em geral. podem influenciar o disparo de neurônios das DTMs desenvolvidas, a prevenção e o
Deslocamento de disco com redução e de transmissão de dor do corno dorsal.2 No tratamento podem ser direcionados a essa
artralgia são as DTMs mais comuns, e a balé, esses população específica.
presença de DTMs não parece afetar os níveis de estado de ansiedade nessa população. Portanto, os objetivos deste estudo foram
avaliar a prevalência de DTM em bailarinas
da Escola de Dança do Teatro Guaíra e
Priscila Brenner Hilgenberg-Sydney, DDS, MSc, PhD, Julia Michalach Wilhelm, DDS,
verificar sua associação com a ansiedade.
Giovanna Pimentel, DDS, e Daniel Bonotto, DDS, MSc, PhD, Universidade Federal do
Paraná, Faculdade de Odontologia, Curitiba, Brasil. Ricardo Petterle, MSc, Universidade
Federal do Paraná, Faculdade de Medicina, Setor de Ciências da Saúde, Curitiba,
Brasil.
Material e métodos
Este estudo observacional transversal foi
Correspondência: Priscila Brenner Hilgenberg-Sydney, DDS, MSc, PhD, Av.
aprovado pelo Comitê de Pesquisa da
Prefeito Lothário Meissner, 632. Jardim Botânico, Curitiba, Paraná, 80210-170 Brasil;
Universidade Federal do Paraná
priscilabhs@me. com.
Comitê de Ética, sob protocolo

88 Direitos autorais © 2020 J. Michael Ryan Publishing, Inc.

https://doi.org/10.12678/1089-313X.24.2.88
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#1.938.038. Os participantes foram recrutados
na Escola de Dança do Teatro Guaíra,
Curitiba-PR. Eles foram convidados
verbalmente e para participar deveriam ler,
concordar e assinar o termo de consentimento
livre e esclarecido.
Os critérios de inclusão foram bailarinas
de ambos os sexos com idade mínima de 18
anos. Por fim, a amostra foi composta por
51 indivíduos, sendo 31 (61%) do sexo
feminino e 20 (39%) do sexo masculino, com
idade média de 31,5 ± 12,6 anos.
A diferença de idade entre mulheres 33,48 ±
13,67 e homens 28,35 ±
10,38 não foi estatisticamente significativo
(p = 0,216).
Os participantes foram submetidos a
anamnese e exame físico da região orofacial.
O exame consistiu na avaliação dos dentes
e dos movimentos mandibulares e palpação
dos músculos da mastigação e das
articulações temporomandibulares (ATMs).
Um questionário autoaplicável foi usado para
avaliar o nível de estado de ansiedade.
Ambas as análises clínicas e físicas
foram realizadas de acordo com os Critérios
de Diagnóstico de Pesquisa para Disfunções
Temporomandibulares (RDC/TMD) por um
único examinador treinado e experiente.
Trata-se de uma ferramenta validada que
permite padronizar e replicar os resultados
entre os pesquisadores, classificando
objetivamente os participantes de acordo
com um diagnóstico específico de DTM em
um dos três subgrupos:
I. Diagnóstico muscular a.
dor miofascial
b. Dor miofascial com limitação da
abertura da boca
II. Deslocamento do disco
a. Deslocamento de disco com
redução
b. Deslocamento do disco sem
redução, com abertura limitada
c. Deslocamento do disco sem
redução, sem abertura limitada
III. Artralgia, artrite, artrose
a. artralgia
b. Osteoartrite da ATM
c. Osteoartrose da ATM12
O RDC/TMD é composto por dois
instrumentos. O eixo I é um exame físico
Journal of Dance Medicine & Science • Volume 24, Número 2, 2020 89
nação que inclui palpação dos músculos da 5% foi sempre mantido. A estatística
mastigação e ATM e avaliação e medição descritiva também foi realizada.
da amplitude de abertura da boca e
Resultados
movimentos mandibulares. O segundo
instrumento, Eixo II, avalia os fatores Conforme observado anteriormente, a
emocionais do participante. Para este prevalência de DTM foi determinada de
estudo, foi aplicado apenas o Eixo I, pois o acordo com os critérios RDC/TMD, e os
examinador tinha pouco tempo com as percentuais de idade são apresentados na
bailarinas e o questionário de ansiedade Tabela 1. A prevalência geral de DTM na
serviu como um substituto adequado. amostra estudada foi de 78%; portanto, dos
51 participantes, 39 tiveram pelo menos um
O Inventário de Ansiedade Traço-Estado diagnóstico de DTM.
(IDATE) é um questionário autoaplicável Os grupos com e sem DTM foram então
que consiste em duas partes. comparados quanto às características de
A primeira parte avalia o nível do estado de idade e sexo, conforme Tabela 2. Observou-
ansiedade do paciente e seus traços de se que não houve diferença estatisticamente
ansiedade.13 Para o presente estudo, significativa entre a idade dos participantes
apenas esta primeira parte foi aplicada para de cada grupo (p = 0,52), nem diferença
obter uma pontuação do estado de ansiedade entre o número de homens e mulheres nos
para cada participante. É composto por 20 dois grupos (p = 0,23).
itens com respostas pontuadas como
“nenhuma” = 1, “um pouco” = 2, “muito” = 3 ou “totalmente” = 4.
Uma pontuação de 20 a 40 representa um Os resultados obtidos do escore do
baixo nível de ansiedade, 41 a 60 um nível estado de ansiedade dos dois grupos
médio e 61 a 80 um nível alto.14 também são apresentados na Tabela 2. Nela
Os dados foram coletados e analisados pode-se observar que não houve associação
usando o software estatístico R versão 3.4.0. significativa entre a ansiedade e a presença
(The R Project for Statistical Computing, de DTM. Ambos os grupos foram classificados
Viena, Áustria) e aplicação do qui-quadrado com nível médio a baixo de ansiedade;
para associações entre DTM e sexo; teste surpreendentemente, o grupo sem DTM
de Mann Whitney para associações de apresentou mais ansiedade do que o grupo
DTM com idade, abertura máxima da boca com DTM.
(MMO) e nível de estado de ansiedade; teste Além disso, não houve associação
de Pearson para correlações entre idade, significativa entre nível de estado de
MMO e ansiedade; e teste de Spearman ansiedade e intensidade da dor (p = 0,70),
para correlações entre ansiedade e sexo, duração da dor (p = 0,96), sexo (p = 0,32) ou
dor em tensão, MMO, artralgia e deslocamento idade (p = 0,10).
de disco. Um nível de significância de A Tabela 3 mostra as correlações entre
o nível do estado de ansiedade e a presença
de cada subtipo específico de
Tabela 1 Prevalência de DTM para cada subgrupo segundo RDC/TMD
Critério
N
Dor miofascial (Ia) 10 (20%)
Dor miofascial com abertura limitada (Ib) 3 (6%)
29 (57%)
Deslocamento do disco com redução (IIa)
Deslocamento do disco sem redução, com abertura limitada (IIb) 3 (6%)
Deslocamento do disco sem redução, sem abertura limitada (IIc) 4 (8%)
Artralgia (IIIa) 18 (35%)
Osteoartrite da articulação temporomandibular (IIIb) 5 (10%
Osteoartrose da articulação temporomandibular (IIIc) 1 (2%)
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90 Volume 24, Número 2, 2020 • Journal of Dance Medicine & Science
Tabela 2 Idade, sexo e nível de estado de ansiedade (IDATE) de pacientes com e
Sem Disfunção Temporomandibular (DTM)
com DTM Sem DTM
valor P
(N = 40) (N = 11)
Idade 32,27 ± 13,33 28,54 ± 9,60 0,528
Feminino (N) 26 5 0,239
Masculino (N) 14 6
STAI 42,55 ± 9,92 44,27 ± 11,89 0,53
Tabela 3 Associação entre o nível do estado de ansiedade (IDATE) e cada um
Subgrupo de Desordens Temporomandibulares de acordo com RDC/
DTM
valor P
Dor miofascial (Ia) 0,16
Dor miofascial com abertura limitada (Ib) 0,08
Deslocamento do disco com redução (IIa) 0,09
Deslocamento do disco sem redução, com abertura limitada (IIb) 0,45
Deslocamento do disco sem redução, sem abertura limitada (IIc) 0,99
Artralgia (IIIa) 0,07
0,95
Osteoartrite da articulação temporomandibular (IIIb)
Osteoartrose da articulação temporomandibular (IIIc) n/D
DTMs. Não foram encontrados valores músicos.16,17 Os bailarinos são um grupo
estatisticamente significativos. Para o interessante para estudar porque podem
grupo IIIc a análise estatística não foi ter muitos fatores etiológicos relacionados
viável, pois apenas um indivíduo às DTMs: hipermobilidade articular,
apresentou esse diagnóstico. problemas emocionais decorrentes da
Para avaliar a mobilidade da ATM, a apresentação para uma platéia,
MMO foi medida em todos os insatisfação corporal, exercícios físicos
participantes, com média de 54,39 ± 7,91 diários de alta intensidade, entre outros .
mm. Não houve associação A escassez de publicações que relacionem
estatisticamente significativa entre OMM as DTMs em bailarinos reforça a
e sexo (p = 0,18), diagnóstico de importância do presente estudo. Além
deslocamento de disco com redução (p = disso, seus resultados podem ajudar a
0,20), diagnóstico de artralgia (p = 0,32) alertar o odontopediatra para a importância
ou nível de estado de ansiedade (p = 0,74). das DTMs em bailarinos e auxiliar no
diagnóstico, compreensão e prevenção
Discussão dessas disfunções.
Até onde sabemos, não há nenhum Não houve diferença significativa entre
estudo científico prévio na literatura que a porcentagem de homens e mulheres
estime a prevalência de DTMs, com com DTM. Historicamente, a prevalência
critérios validados, entre bailarinos. de DTM é geralmente maior em mulheres
Existem numerosos estudos de dor em do que em homens,1 mas os resultados
bailarinos, mas eles não incluem a dor de nosso estudo não confirmam isso. Por
proveniente das estruturas outro lado, achados recentes do estudo
temporomandibulares. Existem estudos OPPERA mostram que, em adultos entre
que verificam a prevalência de DTM e 18 e 44 anos, o primeiro aparecimento de
seus sinais e sintomas, mas em outras DTM ocorre quase na mesma proporção
populações específicas, como atletas15 e entre homens e mulheres e que a
diferença entre os sexos aparece
mais tarde na vida, quando as mulheres
desenvolvem mais dor crônica do que os
homens.18 Esses dados estão mais de
acordo com o presente estudo. A idade
média de nossos participantes foi entre
18 e 44 anos, e nenhum deles apresentava
dor crônica. Sabe-se que a etiologia da
DTM é multifatorial e pode estar associada
a fatores predisponentes e perpetuantes
que variam de um indivíduo para outro.1
Os fatores etiológicos das DTMs que
podem estar presentes em bailarinos
ainda precisam ser elucidados. No
entanto, podemos citar algumas ideias,
como o perfeccionismo19 e hábitos
parafuncionais (como apertar ou ranger
os dentes ou contrair e projetar a
mandíbula)20 durante o treinamento, que
são involuntários e ocorrem muito
comumente durante uma atividade que
exige concentração intensa, como a
dança. A ausência de diferença
estatisticamente significativa entre o
percentual de homens e mulheres, bem
como entre a média de idade de cada grupo, dem
A prevalência geral de DTM na amostra
deste estudo foi de 78%, valor alto quando
comparado à prevalência de DTM na
população em geral, que é cerca de 3% a
15%.21 A alta prevalência de DTM
encontrada em bailarinos, principalmente
de origem articular, pode ser explicada
por sua predisposição a maior mobilidade
e flexibilidade das articulações,22 o que é
extremamente comum e quase necessário
para sua ocupação.23
Os resultados do nosso estudo
mostraram que as DTMs musculares
(grupo I) não foram as mais prevalentes,
mas sim deslocamento de disco com
redução (grupo IIa) e artralgia (grupo IIIa).
Esse resultado está de acordo com o
encontrado por Sanches et al.,22 em
cuja amostra total de 145 bailarinos um
percentual significativo apresentou os
sinais clínicos mais frequentes de
síndrome de hipermobilidade articular,
artralgia (41 participantes) e deslocamento
de disco ( 25 participantes). Isso
representa 28% dos bailarinos com dor
articular e 17% com deslocamentos
recorrentes, enquanto no presente estudo
os resultados mostraram que 57% dos
bailarinos apresentaram deslocamento de
disco com redução e 35% com dor articular.
É importante enfatizar que este
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não é uma comparação de resultados
padronizados ou de articulações das
mesmas partes do corpo. Porém, o que
chama a atenção é que bailarinos
apresentam alto índice de disfunções de
origem articular. Outro ponto interessante
é que o movimento da dança ou ouvir
música, neste caso durante a dança, pode
ser uma possível explicação para o fato de
nossas bailarinas apresentarem baixa
frequência de dor facial de origem muscular.4,6,7catastrofizante .
Segundo Ögren et al.24 a presença de
hipermobilidade articular sistêmica pode
ser um fator etiológico para o
desenvolvimento de deslocamentos
discais. Medir a abertura máxima da boca
pode indicar alguma hipermobilidade
articular. No presente estudo, a média de
MMO pode ser considerada moderada.25
No entanto, esse achado único não é
suficiente para diagnosticar uma
hipermobilidade articular (HA) sistêmica.
Uma limitação do presente estudo foi a não
aplicação do escore de Beighton para
diagnosticar a HA. Além disso, não foram
encontradas associações estatisticamente
significativas entre MMO e níveis de
ansiedade, portanto, não é possível
confirmar que a hipermobilidade esteja
associada a níveis de ansiedade, conforme
discutido por Sanches et al.26
Não houve diferença significativa nos
níveis de ansiedade entre dançarinos com
e sem DTM; os níveis de ansiedade foram
considerados de médio a baixo para ambos
os grupos. Em populações de pacientes
com DTM, os níveis de ansiedade são
geralmente mais altos do que os de
controles saudáveis.27 Por causa disso, é
possível que bailarinos possam ter uma
resposta emocional diferente à presença
de DTMs. Sabe-se que a dança pode
melhorar não apenas a saúde física, mas
também a saúde mental e emocional.28
Talvez ensaios intensos, apresentações
sazonais e feedback do público sejam
determinantes mais importantes do estado
emocional nesse caso. Além disso, o
subtipo de DTM mais frequente em nossa
amostra foi o deslocamento de disco com
redução, que não é primariamente uma
condição dolorosa e, portanto, não deve
estar ligada a níveis elevados de ansiedade.
Fernandez Aze vedo et al.29 constataram
que o deslocamento do disco e a artralgia
foram os diagnósticos mais frequentes de
DTM entre
Journal of Dance Medicine & Science • Volume 24, Número 2, 2020
estudantes de odontologia e, em seu
estudo, os resultados do IDATE para os
níveis de ansiedade também não foram
associados à presença de DTMs. Assim,
a ansiedade pode estar associada a outros
subtipos de DTM, como a dor muscular
crônica em idosos.1,18 Para entender
melhor isso, estudos futuros com dançarinos
devem avaliar outros fatores psicossociais,
como depressão, qualidade de vida e dor
Segundo McCormack et al.30
a flexibilidade aprimorada é um elemento-
chave na performance de dança, pois está
associada à versatilidade do movimento.
Como a presença de hipermobilidade não
é incomum em bailarinos, ela pode muito
bem contribuir para um diagnóstico mais
frequente de deslocamento de disco com
redução. Bailarinos com hipermobilidade
tendem a sofrer mais lesões do fator
estressor do que outros indivíduos, o que
transforma uma aparente vantagem em um
potencial desastre.22 Fatores de estresse
da rotina diária estão relacionados a hábitos
não funcionais, como ranger e apertar os
dentes, que geram pain.1 Oliveira et al.31
observaram que a dor em pacientes com
DTM repercutia negativamente nas
atividades laborais e escolares, no sono e
no apetite, reduzindo a qualidade de vida.
Bonotto et al.15 compararam a
prevalência de DTM em atletas de artes
marciais de alto rendimento, praticantes
de artes marciais recreativas e não
praticantes (controles). Observou-se que
os atletas de alto rendimento apresentaram
maior prevalência de DTM do que os
praticantes de artes marciais recreativas. É
importante ressaltar que atletas de alto
rendimento passam por uma rotina de
treinamento de alta intensidade e duração
semelhante à rotina de treinamento das
bailarinas participantes do nosso estudo.
No estudo de Bonotto et al., o deslocamento
do disco foi observado em 11 (45,8%)
atletas do grupo I (seleção brasileira de
caratê), número significativamente maior
do que o apresentado nos grupos II
(karatecas amadores, p = 0,021) e IV (não
praticantes de artes marciais, p = 0,013).
Cinco (38,5%) integrantes do grupo III
(atletas de alto rendimento de artes marciais
mistas) também tiveram diagnóstico de
deslocamento de disco,
91
novamente significativamente maior do que
o grupo IV (p = 0,012). A artralgia foi mais
freqüentemente diagnosticada nos grupos
I (48,8%, p = 0,013) e III (38,5%, p = 0,012)
do que no grupo IV (7,1%).
Esses resultados estão de acordo com o
presente estudo, com prevalência de
deslocamento de disco em 57% e artralgia
em 35% das bailarinas.
É importante ressaltar que há uma
eventual sobreposição de diagnósticos em
um mesmo indivíduo em nosso estudo. Por
exemplo, 78% da amostra deste estudo
apresentou pelo menos um diagnóstico de
DTM, mas se calcularmos separadamente
cada diagnóstico haveria uma prevalência
superior a 100%. Isso se explica pelo fato
de alguns indivíduos deste estudo terem
mais de um diagnóstico. Os diagnósticos
que mais se sobrepõem são deslocamento
de disco com redução e artralgia e
deslocamento de disco com redução junto
com artralgia e dor miofascial.
Ramel e Moritz32 constataram que os
principais locais de dor em bailarinas são a
região lombar (70%), tornozelos e pés
(65%) e pescoço (54%).
Esses cálculos podem indicar que os
dançarinos estão em constante dor com a
qual eles se acostumaram, e nossa hipótese
é que a presença de DTM é uma
preocupação de dor secundária em
comparação com outras partes do corpo.
Provavelmente, por esse mesmo raciocínio,
a ansiedade está relacionada a outras
questões, como performance, horas de
ensaio ou insatisfação corporal, não apenas DTM.
Outro fato relevante pode ser que a
lombalgia, freqüentemente observada em
bailarinos,32 é considerada uma condição
comórbida e sobreposta à DTM.33
Como mencionado anteriormente,
existem várias limitações no presente
estudo, portanto, os resultados devem ser
interpretados com cautela. A literatura
carece de informações sobre a associação
das DTMs com o balé, e o presente estudo
se propõe a preencher parte dessa lacuna.
Devido à maior prevalência de disfunção
da articulação temporomandibular em
bailarinas em comparação com a população
em geral, pode-se pensar em estabelecer
uma campanha educativa de orientação
Machine Translated by Google
92 Volume 24, Número 2, 2020 • Journal of Dance Medicine & Science
e prevenção desta condição nesta
população específica, a fim de evitar
mais desconforto e aumentar a procura
de tratamento.
Conclusão
Os resultados do presente estudo
indicam que o deslocamento do disco
com redução e a artralgia são as
DTMs mais prevalentes entre as
bailarinas. Além disso, a presença de
DTM não afeta o nível do estado de
ansiedade dessa população.
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