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Por que estudar sobre a criança?

- parte 1

Introdução
Olá! Vamos começar nossos estudos com uma pergunta que, às vezes,
é vista como desnecessária, já que sua resposta parece óbvia. Achamos rele-
vante, no entanto, fazer essa reflexão, pois eventualmente o óbvio deixa de
ser veiculado (justamente por sua obviedade) e acaba se perdendo em meio a
tantas exigências e práticas diárias.

PARA PENSAR
Pense, em poucas palavras, uma possível resposta para a seguinte pergunta:
por que um professor de inglês deve estudar sobre a criança? Depois de pensar,
caso ache necessário anote sua resposta, para que possamos (re)analisá-la
ao fim desse módulo.

É costume dizermos que o ensino de inglês para crianças carrega uma


inversão das prioridades e dos valores humanos. Ora, de que adianta termos
vasto conhecimento de Língua Inglesa, de didática e de ensino, se não sabe-
mos como a criança aprende?
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Quando falamos sobre ensino de inglês para crianças, devemos pensar
primeiro no sujeito (crianças), e depois no objeto de conhecimento. Essa pers-
pectiva, porém, não é explorada no curso de Letras e ainda está bem incipiente
nos cursos de atualização de professores. Viemos de uma graduação focada na
língua, nas metodologias de ensino, na criação de propostas didáticas – geral-
mente baseadas em textos, leitura e escrita, e não voltadas para o sujeito, para o
aprendiz, e menos ainda para a criança não alfabetizada. Esse fato denuncia a
urgência de se falar sobre a infância e sobre como a criança aprende – já que na
graduação já se abordou exaustivamente de que maneira um professor ensina.

Dito isso, é com muito prazer e entusiasmo, que a/o convidamos para
explorar, nesse módulo, um dos períodos mais importantes da vida do ser hu-
mano: a infância.

O que é a infância?
O entendimento da sociedade sobre a infância vem se modificando ao longo
dos séculos, de modo que nem sempre esse período da vida foi considerado importan-
te. Houve épocas, conforme demonstra Ariès (1981), em que a infância se misturava
ao que compreendemos hoje como adolescência e juventude, significando apenas um
período de transição para a vida adulta (essa, sim, relevante socialmente).
A criança aprendiz: interesses e características gerais

Observe algumas pinturas da Idade Média e preste atenção nas características


das crianças retratadas:

Bacanal de Andros (entre 1523 e 1526), de Tiziano Vecellio di Gregorio

Fonte: La bacanal de los andrios (2022).

“A cena transcorre na ilha de Andros, tão favorecida por Baco que o vinho
emanava de um arroio. Deuses homens e crianças se unem para celebrar os efeitos do 02
vinho, cujo consumo, nas palavras de Filóstrato, torna as pessoas ricas, dominantes
em meio a um grupo de pessoas, caridosas com os amigos, bonitas e de quatro côva-
dos de altura (BACANAL DE LOS ANDRIOS, 2022, texto digital, tradução nossa).

Almoço na casa do prefeito Rockox, de Frans Francken II (entre 1630 e 1645)

Fonte: Francken II (2011).


Por que estudar sobre a criança? - parte 1

As Meninas, de Diego Velázquez (1656)

Fonte: Velázquez (2012).

As crianças da família Lara, de José Roldán y Martínez (1832)

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Fonte: Los niños de la familia Lara (2022).

As crianças, na arte medieval, não têm feições de crianças, mais parecem adultos
em miniatura. A única coisa que as diferencia dos adultos é seu tamanho, sendo repre-
sentadas por pessoas com a estatura mais baixa. Essa (falta de) visão da infância deve-se
a características sociais e históricas da Idade Média. Segundo Pereira (2011, p. 17),

“adultos e crianças estavam sempre juntos, compartilhando da mesma lingua-


gem, dos mesmos espaços, das mesmas vestimentas, que eram exatamente idênticas.
Havia uma alta taxa de mortalidade entre as crianças no mundo medieval, e por esse
motivo, os adultos não tinham tanto vínculo emocional com a criança, pois o futuro
desta era ainda incerto”.
A criança aprendiz: interesses e características gerais

Na Idade Moderna (período que compreende os séculos XV a XVIII) já come-


çam a aparecer diferenças no tratamento entre crianças e adultos. Pinturas angelicais
retratam a visão inocente e ingênua dada às crianças, que já não participam mais de
conversas e festividades grosseiras dos adultos. Conforme resume Pereira (2011, p. 63),
“nesse período tem início uma renovação quanto aos costumes morais diante das crian-
ças e, essas agora passam a vestir-se com trajes apropriados aos seus tamanhos e idades”.

É nessa nova perspectiva histórica e social que começam a surgir os primeiros


estudiosos da educação da infância. Comênio, Rousseau, Pestalozzi e Froebel são con-
siderados os pioneiros da Educação Infantil, já que suas análises apresentavam as ne-
cessidades e especificidades das crianças, vendo-as de maneira diferente dos adultos.

A partir do século XIX, criaram-se os primeiros Estatutos da Criança, com


marcos e metas para o desenvolvimento infantil. As pesquisas e estudos sobre as apren-
dizagens da infância também aumentaram, e essa fase da vida que parecia ignorada na
Idade Média passou a ser muito valorizada. Hoje em dia, já é vasto o conhecimento
que se tem sobre a arquitetura cerebral da criança, sobre a influência do meio e das
experiências na sua aprendizagem e sobre os requisitos essenciais para que se promova
seu adequado desenvolvimento.

Depois de ler este texto, acesse e interaja com os demais materiais dis-
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postos no Ambiente Virtual. Bons estudos!
Por que estudar sobre a criança? - parte 1

Referências
FRANCKEN II, Frans. Almoço na casa do prefeito Rockox. Wikimedia Commons, 4 jun.
2011. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frans_Francken_(II)_-_Su-
pper_at_the_House_of_Burgomaster_Rockox_-_WGA8209.jpg. Acesso em: 19 abr. 2022.

LA BACANAL de los andrios. Museo del Prado, 2022. Disponível em: https://www.muse-
odelprado.es/coleccion/obra-de-arte/la-bacanal-de-los-andrios/c5309744-5826-48ac-890e-
038336907c52. Acesso em: 19 abr. 2022.

LOS NIÑOS de la familia Lara. Museo del Prado, 2022. Disponível em: https://www.
museodelprado.es/coleccion/obra-de-arte/los-nios-de-la-familia-lara/25cce33c-3a80-45a1-ba-
5b-5b04182625f4. Acesso em: 19 abr. 2022.

PEREIRA, Renata M. O ser criança na sociedade atual: reflexões sobre o trabalho peda-
gógico do professor. Monografia (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, 2011. Disponível em: http://www.uel.br/ceca/pedagogia/pages/arqui-
vos/2011%20RENATA%20MARCONDES%20PEREIRA.pdf. Acesso em: 19 abr. 2022.

VELÁZQUEZ, Diego. As meninas. Wikimedia Commons, 9 nov. 2012. Disponível em:


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Las_Meninas,_by_Diego_Vel%C3%A1zquez,_ 05
from_Prado_in_Google_Earth.jpg. Acesso em: 19 abr. 2022.

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