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[uJ Estrategia CONCURSOS Aula 01 Direito Empresarial p/ Magistratura Federal (Curso Regular) Leake) o) pa aU EIU aT} ‘eo! Aula 04 - Prof. P: Auta 01 NoME EMPRESARIAL. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL. Sumario 1 - Consideragées Iniciais. 2 - Nome Empresarial. 2.1, Aspectos introdutorios .. 2.2. Espécies de nome empresarial 1 2 2 12 5 2.3. Principios relacionados a formag&o do nome empresarial e sua protecao 9 2.4. Alienabilidade do nome empresarial ... 2.5. Perda do nome .... 3 - Estabelecimento Empresarial .. 3.1, Aspectos introdutérios ... 3.2. Natureza juridica do estabelecimento empresarial..... 3.3. Contrato de trespasse.. 3.4. Sucesso empresarial .. 3.5. Cldusula de no concorréncia 3.6. Ponto de negécio.. 4 - Questées . 4.1. Questdes sem comentarios 4.2. Gabarito 2... 4.3. Questdes comentadas.... 5 - Resumo da Aula ... 6 - Jurisprudéncia Aplicavel 7 - Consideracées Finais.. Aula 04 - Prof. P: AULA O01 - Nome EMPRESARIAL. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL. 1 - Consideracées Iniciais Olé, futuro magistrado! Na aula de hoje estudaremos temas importantissimos para as provas de Direito Empresarial. Os temas nome empresarial e estabelecimento empresarial aparecem com muita frequéncia em todos os tipos de provas de concurso que cobram conhecimento em Direito Empresarial. Chamo sua atencdo especialmente para os detalhes acerca do estabelecimento empresarial, como a ag&o renovatéria de contrato de locacéio, a locagao sui generis em shopping center, entre outros aspectos. Se tiver alguma considerag&o nao deixe de me procurar, ok!? @ Bons estudos! 2 — Nome Empresarial 2.1. Aspectos introdutérios N&o hd uma definic&o legal de nome empresarial, mas para esclarecer nosso entendimento podemos buscar a definigéo adotada pelo Departamento de Registro Empresarial e Integraco (antigo Departamento Nacional de Registro do Comércio), que estabelece, no art. 1° de sua Instrugéo Normativa n. 15/2013, que “nome empresarial é aquele sob o qual o empresério individual, a empresa individual de responsabilidade limitada - EIRELI, as sociedades empresérias, as cooperativas exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes”. E uma nog&o bem simples, mas podemos tragar um paralelo entre o nome empresarial e o nome civil: da mesma forma que cada um de nés tem um nome, pelo qual somos conhecidos e com base no qual negociamos, o empresério (seja empresério individual, EIRELI ou sociedade empreséria) também precisa ser conhecido por um nome. A importancia do nome empresarial é téo grande, que a Doutrina o reconhece como um direito personalissimo’. Além disso, o STJ ja decidiu que a mudanga no nome empresarial torna necessaria a outorga de nova procurac&o aos mandatérios da sociedade, t&o importante o nome empresarial para a identidade do empresario. * RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 6. Ed. Sao Paulo: Método, 2016, p. 97. A protecéo do nome (tanto civil quanto empresarial) é assegurada pelo Codigo Civil em seus arts. 16, 52 e 1.164. Aula 04 - Prof. P: (GRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. NOVA DENOMINACAO. FALTA DE COMPROVACAO DA ALTERACAO SOCIAL. FALTA DE _ INSTRUMENTO PROCURATORIO. SUMULA 115/STJ. i 1. Havendo alteragdo na denominagao social da pessoa juridica antes da interposicéo do ecurso, compete & parte trazer aos autos documentos comprobatérios da mudanca social, assim como instrumento de mandato com poderes outorgados pela nova denominacao social. Precedentes, 2. € cedigo nesta Corte Superior que o recurso apresentado por advogado sem poderes de | ‘epresentar a parte recorrente é inexistente (Simula 115/STJ). 3. Além disso, é firme o entendimento de que a regularidade de representacao processual deve ser aferida no instante da interposigo do recurso, sendo incabivel, apés esse momento, qualquer diligéncia para suprir a falta de instrumento de procuraggo. Isso porque ndo se aplica o art. 13 do CPC, nesta insténcia especial. 4, Agravo regimental ndo conhecido. AgRg no AREsp 557063 SC 2014/0193205-0, Rel. Min. Luis Felipe Salomao, DJ 11,2014. O nome empresarial possui basicamente duas funcées: a primeira, de ordem subjetiva, é a de identificar 0 empresario enquanto sujeito capaz de titularizar direitos e obrigagdes. A segunda, de ordem objetiva, é garantir a0 empresério fama, renome e reputacao. E importante ainda esclarecer que 0 nome empresarial nao € 0 Unico elemento identificador do empresario. A Doutrina aponta ainda mais alguns elementos, que vocé deve tomar cuidado para nao confundir com o nome empresarial. Nome de fantasia, titulo! de estabelecimento ou ELEMENTOS DE insignia IDENTIFICACAO DO EMPRESARIO Nome de dominio Sinais de propaganda feoria Aula 04 - Prof. P: Explicarei, @ grosso modo, o que é cada um desses elementos, e como vocé pode diferencid-los do nome empresarial. A marca é um sinal distintivo que identifica os produtos e servicos do empresério. Ela é composta basicamente por elementos visuais que sao criados, no Ambito do design, para “representar” a empresa em diversas ocasides, a exemplo das campanhas publicitérias e das embalagens de produtos. O nome de fantasia é a expressdo que identifica 0 titulo do estabelecimento’. Alguns autores dizem que poderia ser algo semelhante ao que representa o apelido em relacSo ao nome civil. Eu particularmente considero essa ideia um tanto exagerada, j4 que a grande maioria das pessoas naturais é conhecida pelo seu nome, e ndo por um apelido. O empresério, por outro lado, na esmagadora maioria dos casos, é conhecido entre seus stakeholders pelo nome de fantasia, apesar de, nas relagdes formais, utilizar sempre o nome empresarial’. O nome de dominio < 0 endereco eletrénico do sitio do empresdrio na internet. Nos Ultimos anos esses ambientes virtuais adquiriram grande importancia, de forma que ha empresdrios que hoje trabalham exclusivamente por meio de sitios eletrénicos, e lé contratam fornecedores, oferecem seus produtos, fazem suas vendas, etc. Cabe aqui mencionar deciso do STJ, segundo a qual o fato de empresario ou sociedade empresdria ter registrado um nome empresarial que contenha determinada expressaio nao significa que ele tenha automaticamente o direito exclusivo de usar essa expressao como nome de dominio. DIREITO” EMPRESARIAL. RECURSO ESPECIAL. COLTDENCIA ENTRE MARCAS. DIREITO DE EXCLUSIVA. LIMITAGOES. EXISTENCIA DE DUPLO REGISTRO. IMPUGNACAO, AUSENCIA. TITULO DE ESTABELECIMENTO. DIREITO DE PRECEDENCIA. INAPLICABILIDADE. NOME DE DOMINIO NA _ INTERNET. PRINCIPIO "FIRST COME, FIRST SERVED". INCIDENCIA. 1. Demanda em que se pretende, mediante oposicio de direito de exclusiva, afastar a | utilizagéo de termos constantes de marca registrada do recorrente. i 2. 0 direito de precedéncia, assegurado no art. 129, § 19, da Lei n. 9.729/96, confere a0 | utente de marca, de boa-fé, 0 direito de reivin lar apresentada a ! registro por terceiro, situacdo que nao se amolda a dos autos, i 3. 0 direito de exclusiva, conferido ao titular de marca registrada sofre limitagdes, | impondo-se a harmonizacio do principio da anterioridade, da especialidade e da territorialidade. ® Fabio Ulhoa Coelho diz que o titulo do estabelecimento identifica 0 ponto, e nao exatamente o empresario (COELHO, Fébio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito de empresa. 28 ed. Séo Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 83. > No nosso ordenamento nao ha previsdo especifica de protecdo do nome de fantasia, o que é lastimavel, pois este nome em geral representa verdadeiro patriménio para a empresa. Para evitar situagées de mau uso de titulo de estabelecimento, a conduta terminou sendo criminalizada pela Lei n. 9.279/1996 (Lei de Propriedade Industrial). Come, First Served’, segundo 0 qual € concedido © dominio ao primeiro requerente que | satisfizer as exigéncias para 0 registro". Precedentes. 5. Apesar da legitimidade do registro do nome do dominio poder ser contestada ante a utilizagéo indevida de elementos caracteristicos de nome empresarial ou marca devidamente registrados, na hipétese ambos os litigantes possuem registros vigentes, aplicando-se integralmente o principio "First Come, First Served". 6. Recurso especial desprovido. i REsp 1238041 SC 2011/0035484-1, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze, Terceira Turma, DJe ; 17.04.2015. Por fim, temos os sinais de propaganda, que néo se destinam propriamente a identificar 0 empresdrio, mas exercem a importante fungéo de chamar a atengdo dos consumidores para o produto ou servico oferecido’. Na maioria das vezes, opta-se, por conveniéncia econémica ou estratégia mercadolégica, pela adocéio de expressdes idénticas ou semelhantes, Do ponto de vista juridico, isso néo tem nenhuma relevancia, pois cada um dos elementos de identificacéio continuam distintos, recebendo tratamentos juridicos diferentes, sob diferentes niveis de protecao legal. 2.2. Espécies de nome empresarial © Cédigo Civil, em seu art. 1.155, faz distingéo entre duas espécies de nome empresarial: a firma e a denominacao. Art. 1.455. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominagéo adotada, de conformidade com este Capitulo, para 0 exercicio de empresa. A firma pode ser individual ou social, E uma espécie de nome formada pelo nome civil do préprio empresdrio (no caso da firma individual), do titular (no caso de EIRELI), ou de um ou mais sécios (no caso da firma social). O importante aqui é lembrar que o nticleo da firma é sempre um nome civil. Art. 1.156. O empresario opera sob firma constituida por seu nome, completo ou abreviado, aditando-Ihe, se quiser, designag3o mais precisa da sua pessoa ou do género de atividade. * A legislacao anterior permitia o registro desses sinais junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), mas essa possibilidade nao existe na redacéo da Lei n 9.2789/1996, como existe para o caso da marca, por exemplo. De qualquer forma, a lei ainda prevé uma proteco penal especifica para os sinais de propaganda. ‘eori Aula 04 - Prof. P: Perceba que a parte final do art. 1.156 autoriza ainda que seja adicionada a firma a designagaio do género de atividade. Imagine, por exemplo, que este humilde professor resolvesse operar empresa de consultoria empresarial. A firma poderia ser Paulo Guimarées Consultoria Empresarial, ou, ainda P. Guimares Consultoria Empresarial. Lembre-se de que isso é uma faculdade, é n&o uma obrigatoriedade, ok!? A denominagao, por sua vez, pode ser usada por certas sociedades ou, ainda, pela EIRELI, j4 que o empresério individual somente pode operar sob firma. A denominagdo pode ser formada por qualquer expressdo lingulstica (que alguns doutrinadores chamam de elemento fantasia), e neste caso a mengio ao objeto social é obrigatéria, conforme regra do art. 1.158, §2°, bem como pelos arts. 1.160 e 1.161 do Cédigo Civil. Séo diversos dispositivos porque cada um deles trata de uma espécie diferente de sociedade empreséria. Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominagao, integradas pela palavra final “limitada" ou a sua abreviatura. § 1A firma seré composta com o nome de um ou mais sécios, desde que pessoas fisicas, de modo indicativo da relacéo social. § 2° A denominacao deve designar 0 objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar 0 nome de um ou mais sécios. Ce] Art. 1.160. A sociedade anénima opera sob denominacéo designativa do objeto social, integrada pelas expressées “sociedade anénima" ou "companhia’, por extenso ou abreviadamente. Pardgrafo tinico. Pode constar da denominagéo 0 nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom éxito da formacso da empresa. Art, 1.161. A sociedade em comandita por agées pode, em lugar de firma, adotar denominacao designativa do objeto social, aditada da expresso "comandita por acoes". O entendimento da Doutrina dominante, portanto, é no sentido de que a firma é privativa de empresérios individuais ¢ sociedades de pessoas, enquanto a denominagao é privativa de sociedades de capital. A excecdio fica por conta da EIRELI, que é por exceléncia um tipo empresarial mais flexivel, e que pode adotar tanto firma quanto denominagao. Em outras palavras, a firma é usada, em regra, pelos empresarios individuais e pelas sociedades em que haja sécios com responsabilidade ilimitada (sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedade em comandita por ac6es), enquanto a denominagao é usada, em regra, pelas sociedades em que todos os sécios respondem de forma limitada (sociedade limitada e sociedade anénima). Facultativamente, a sociedade limitada também pode usar firma social, conforme previsao do art. 1.158. Aula 04 - Prof. P: Ainda em relagio @ sociedade anénima, perceba que ela deve usar denominasao, e, além disso, seu nome deve conter as expressdes "sociedade anénima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Normalmente as que utilizam a expresséo “S.A.” 0 fazem ao final do nome, enquanto as que usam “companhia” preferem colocar no inicio da denominagéio. A seguir um quadro esquematico contendo as principais informagées acerca das espécies de nome empresarial, que vocé precisa conhecer para a sua prova. Vocé pode estar sentindo falta da sociedade em conta de participacdo, nao é mesmo? Isso ocorre porque, de acordo com a regra do art. 1.162 do Cédigo Civil, a sociedade em conta de participac&o nao pode ter firma ou denominacao. Empresério Individual Sociedade em nome coletivo Sociedade em comandita simples. Sociedade limitada (somente firma’ Firma ou ocial) Denominacgao Sociedade em comandita por acées EIRELI Sociedade em conta de participacao De acordo com a regra do art. 1.162 do Cédigo Civil, a sociedade em conta de participacdo nao pode ter firma ‘ou denominacao. NOME EMPRESARIAL Uma questo que jé levantou alguma polémica diz respeito ao nome adotado pelas sociedades simples, lembrando que neste caso é inadequado falar em nome empresarial, j4 que nao estamos nos referindo a sociedades empresérias. A polémica gira em torno do disposto no inciso II do art. 997 do Cédigo Civil. Art, 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou ptiblico, que, além de cidusulas estipuladas pelas partes, mencionara: [on] IT - denominacdo, objeto, sede e prazo da sociedade; Aula 04 - Prof. P: Houve época em que se dizia que o dispositivo levava & concluséo de que a sociedade simples n&o poderia utilizar firma, mas a doutrina aponta equivoco, tendo sido aprovado inclusive Enunciado 213 da Jornada de Direito Civil do GIF, segundo o qual “o art. 997, II, ndo exclui a possibilidade de sociedade simples utilizar firma ou razéo social”. Hé ainda mais uma distinc&o acerca das espécies de nome empresarial que merece ser feita. A firma, além de identificar quem exerce a atividade econémica, tem também a funcdo de assinatura do empresario ou da sociedade empreséria. A denominac&o, por outro lado, nao exerce essa funcdo, servindo apenas como elemento identificador. A firma, além de identificar quem exerce a atividade econémica, tem também a fungéo de assinatura do FURBO! empresério ou da sociedade empresaria. A denominagio, por outro lado, ndo exerce essa fungao, servindo apenas como elemento identificador. Por essa razéo 0 empresério individual deve assinar a sua firma individual quando estiver tratando das suas relagdes empresariais (por exemplo, P. Guimaraes Consultoria Empresarial), e n&o o seu nome civil (Paulo Guimaraes simplesmente). Por estranho que pareca, a mesma légica se aplica ao administrador de sociedade que adota firma social. Este deve assinar a firma social como descrita no ato constitutivo. Se a sociedade utiliza denominag&o, o administrador assina seu nome civil sob a denominag&o social impressa ou escrita. DENOMINACAO Deve conter o nome Pode adotar o nome civil do empresario civil ou qualquer ou dos sécios outra expresso Pode conter o ramo Deve designar 0 de atividade objeto da empresa Nao serve como assinatura do empresario Serve de assinatura do empresario ‘eori Aula 04 - Prof. P: 2.3. Principios relacionados a formagaéo do nome empresarial e sua protegao Voltamos aqui a mencionar a Lei n. 8.934/1994, que trata do registro de empresas. | Art 34, 0 nome empresarial obedeceré aos principios da veracidade e da novidade. Enxergo esse dispositivo com especial interesse para questées de concurso. Se eu fosse o examinador, elaboraria uma questo cobrando o conhecimento desses principios aplicveis especificamente a formac&o do nome empresarial, talvez até numa questio discursiva em que pediria ao candidato para explicar do que se trata cada um desses principios. O principio da veracidade é aquele segundo 0 qual o nome empresarial nao poderé conter informacées falsas. Esse é um fator importante para dar seguranga as negociagdes feitas com aquele empresario. Ha dispositivos no Cédigo Civil que determinam, por exemplo, que a auséncia da palavra “imitada” na firma ou denominag&o importa na responsabilidade solidaria e ilimitada dos administradores que assim empregarem a forma ou denominacéio da sociedade (art. 1.158, §3° do Cédigo Civil), e que o nome do sécio que falecer, for excluido da sociedade ou dela se retirar ndo pode ser mantido na firma social (art. 1.165 do Cédigo Civil). Por outro lado, também ha algumas situagées legalmente previstas em que a alterago do nome empresarial € obrigatéria: a) Quando se provar, posteriormente ao registro, a coexisténcia do nome registrado com outro que ja exista nos assentamentos da Junta Comercial; b) Quando ocorrer a morte ou a saida de sécio cujo nome conste da firma da sociedade; c) Quando houver transformag&o, incorporacéo, fuséo ou ciséo da sociedade, entre outras situagées especificas. © principio da novidade, por sua vez, esta relacionado a proibicdo de registrar um nome empresarial idéntico ou muito parecido com outro que jé tenha sido registrado. Ocorrera a identidade de nomes ocorrera quando forem homégrafos. Quando forem homéfonos sera o caso de semelhanca’. 5 Este € 0 entendimento de Waldo Fazzio Junior acerca de identidade e semelhanga: FAZZIO Junior, Waldo. Manual de Direito Comercial - 17 ed. Sao Paulo: Atlas, 2016, p. 64. Aula 04 - Prof. P: - a io nome empresarial no podera| Principio da veracidade ‘conter informagées talsas, PRINCIPIOS. APLICAVEIS AO NOME EMPRESARIAL no pode ser registrado um ancipi ‘ nome empresarial idéntico ou Principio da novidade wuito parecido com outro que ja| tenha sido registrado, Aqui vale lembrar o art. 5°, XXIX da Constituig&0, que estabelece a protegao ao nome empresarial, bem como alguns dispositivos do Cédigo Civil. CF, art. 5°, XXIX - a lei asseguraré aos autores de inventos industriais privilégio temporério para sua utilizacéo, bem como protecao as criagées industriais, & propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnoldgico econémico do Pais; No dispositivo que trata da protecdo a propriedade intelectual, a Constituig&o também menciona o nome empresarial, apesar de, neste caso, a protego ser assegurada pelo registro na Junta Comercial, ndo sendo necessério o procedimento junto ao INPI. Veja o que diz 0 Cédigo Civil sobre o assunto. Art. 1.163. O nome de empresario deve distinguir-se de qualquer outro jé inscrito no mesmo registro. [on] Art. 1.166. A inscricéo do empresério, ou dos atos constitutivos das pessoas juridicas, ou as respectivas averbacées, no registro préprio, asseguram 0 uso exclusive do nome nos limites do respectivo Estado. Paragrafo Unico. O uso previsto neste artigo estender-se-d a todo 0 territério nacional, se registrado na forma da lei especial. Perceba, porém, que a protecdo do art. 1.163 apenas se estende “ao mesmo registro”, enquanto o art. 1.166 € ainda mais claro no sentido de que a protegéo ao nome empresarial no que se refere ao principio da novidade é restrita ao territério do Estado da Junta Comercial em que o empresério se registrou. © pardgrafo Unico do art. 1.166 traz uma excegdo a essa regra restrita, prevendo a possibilidade de um registro especial que asseguraria ao empresério ‘eori Aula 04 - Prof. P: a exclusividade no uso do nome empresarial em todo o territério nacional. Essa protec&o nacional podera ser requerida pelo empresario ao DREI nos termos de instrugéo normativa prépria. A inscrigéo no registro préprio assegura o uso exclusiva RESUMINDO do nome empresarial nos limites do respectivo Estado. Essa exclusividade pode ainda estender-se-4 a todo o territério nacional, se o nome empresarial for registrado na forma da lei especial. Ainda no que tange a protegdo ao nome empresarial, temos um interessante julgado do STF, segundo o qual tal protecéo ndo é absoluta, visando apenas, diante da semelhanca ou identidade de nomes, prevenir prejuizos para quem detém o registro. Ainda que se trate de uma decisdo bastante antiga, vale a pena conhecer. NOME COMERCIAL. EXCLUSIVIDADE. ART. 153, PAR. 24, DA C.F. DE 1967/1969. 1. Segundo o disposto no paragrafo 24 do art. 153 da e.c. n. 1/69, a lei assegurara a : exclusividade do nome comercial. 2. N&o incide em ofensa direta a essa norma da constituicio, acérdao que, interpretando a lei infraconstitucional nela referida, conclui que a protege ao nome comercial néo e absoluta, mas relativa, pois 0 que visa e, diante da semelhanca ou identidade de nomes competidores, evitar prejuizos para quem tem o registro, os quais, todavia, na jipétese, no teriam ficado demonstrados, operando, quanto a esse ponto, a simula 279. Rie. no conhecido, RE 115820, Relator(a) Min, SYDNEY SANCHES, Primeira Turma, julgado em 26/02/1991, | EI S80 muito comuns nos tribunais as disputas judiciais acerca do uso de nomes empresariais. Trago aqui alguns exemplos que aparecem em obras de autores conhecidos, e servem para ilustrar alguns entendimentos desenvolvidos principalmente pelo ST). Um dos julgados diz respeito & semelhanca entre os nomes Best Way Importago e Exportacao Ltda. e The Best Way Informética Ltda. Neste caso 0 STJ decidiu que os nomes so colidentes, assegurando o direito de uso & primeira sociedade registrada. COMERCIAL E” PROCESSUAL CIVIL" ACORDAG ESTADUAL.” NULIDADE NAO CONFIGURADA, NOME COMERCIAL. REGISTRO. ANTERIORIEDADE. CONJUGACAO ~ DE PALAVRAS INGLESAS ("BEST WAY"). ATIVIDADES SEMELHANTES. AUSENCIA DE EXPRESSAO COMUM. IDENTIFICACAO PROPRIA. USO DESAUTORIZADO. PROTECAO LEGAL. LEI N. 8.934/1994, ARTS, 33 E 35, V. . A conjugagge de palavras corriqueiras, mas que, conjugadas, criam expressdo que traz significado préprio e identificago especifica para quem a emprega em seu nome (“Best | feoria Aula 04 - Prof. P: Way”), constitui marca a que a lei confere protegao a partir do registro da empresa na! Junta Comercial, de sorte que se afigura ilegitima a utilizacdo, por outra, da mesma ; denominagdo, notadamente quando ainda exercem atividades sociais semelhantes, caso dos autos. IL. Recurso especial conhecido e provid. REsp 267.541 - SP (2000/0071836-0). Rel Min. Aldir Passarinho Junior, 4° Turma. 22.08.2006, D} 16.10.2006, p. 376. A tese aqui, como vocé pode observar, é no sentido de que a conjugag&o das duas palavras ("Best Way") possui identidade propria, permitindo a individualizag&o do titular do nome, no se podendo afirmar que se trata de nome corriqueiro e comum. Em outra oportunidade o STJ julgou disputa referente ao uso do nome Odebrecht. EMBARGOS DE DECLARACAO - OMISSAO - CARACTERIZAGAO — EFELTO! MODIFICATIVOS - POSSIBILIDADE - PRIMEIROS ACLARATORIOS - OMISSAO E CONTRADICAO EM ARESTO DESLINDADOR DE AGRAVO REGIMENTAL NO = PRECURSO ESPECIAL - CONFIGURACAO - SOCIEDADES COMERCIAIS - DENOMINAGOES SOCIAIS - EXCLUSIVIDADE - LIMITACAO GEOGRAFICA - MARCAS - PATRONIMICO DOS FUNDADORES DE AMBAS AS LITIGANTES - PRINCIPIO DA ESPECIFICIDADE - APLICACAO - CONFUSAO AO CONSUMIDOR ! AFASTADA PELAS INSTANCIAS ORDINARIAS - REEXAME DE PROVAS - VALIDADE DO REGISTRO DAS MARCAS DA EMBARGANTE - DECLARATORIOS ACOLHIDOS — RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. L.] 4. A protegdo legal da denominagao de sociedades empresarias, consistente na proibicéo de registro de nomes iguais ou andlogos a outros anteriormente inscritos, ! Testringe-se ao territério do Estado em que localizada a Junta Comercial encarregada do | arquivamento dos atos constitutivos da pessoa juridica. 5. Nao se ha falar em extensdo da protegio legal conferida as denominagies de sociedades empresérias nacionais a todo 0 territério patrio, com fulcro na Convencéo da Unigo de Paris, porquanto, conforme interpretacao sistematica, nos moldes da lei nacional, mesmo a tutela do nome comercial estrangeiro somente ocorre em mbito nacional mediante registro complementar nas Juntas Comerciais de todos os Estados- membros. 6. A anélise da identidade ou semelhanca entre duas ou mais denominagées integradas por nomes civis (patronimicos) e expressdes de fantasia comuns deve considerar a composicao total do nome, a fim de averiguar a presenca de elementos diferenciais | suficientes a torna-lo inconfundivel. : 7. A protegao de denominacao social e nome civil em face do registro posterior de marca | idéntica ou semelhante encontra previsdo dentre as vedagées legals previstas a0 registro | marcério (art. 65, V e XII, da Lei n° 5.772/71, aplicavel, in casu). : 8. Conquanto objetivando tais proibigées a protes#o de nomes comerciais ou civis, ! mencionada tutela encontra-se prevista como tépico da legislacao marcaria, pelo que o exame de eventual colidéncia nao pode ser dirimido exclusivamente com base no critério da anterioridade, subordinando-se, em atencao a interpretacao sistematica, aos preceitos | legais condizentes a reproducao ou imitacao de marcas, é dizer, aos arts, 59 e 65, XVII, | patronimico) como marca, © verifica-se a absoluta desnecessidade de autorizacdo reciproca entre homénimos, além da | wiabilidade de exigéncia, ante a auséncia de previsdo legal, de sinais distintivos a marca | do homénimo que proceder posteriormente ao registro, também submetendo-se eventual ! conflito ao principio da especificidade. 10. Consoante 0 principio da especificidade, o INPI agrupa os produtos ou servicos em classes e itens, segundo o critério da afinidade, de modo que a tutela da marca registrada | é limitada aos produtos e servigos da mesma classe e do mesmo item. Outrossim, sendo ! tal principio corolério da necessidade de se evitar erro, divida ou confusao entre os usuarios de determinados produtos ou servicos, admite-se a extensao da andlise quanto & imitagdo ou & reproducéo de marca alheia ao ramo de atividade desenvolvida pelos respectivos titulares. 11. A caracterizacdo de “marca notéria® (art. 67, caput, da Lei n° 5.772/71), a gozar de tutela especial impeditiva do registro de marcas idénticas ou semelhantes em todas as demais classes e itens, perfaz-se imprescindivel a declaracéo de notoriedade pelo INPI, com a concessao do registro em aludida categoria especial. 12. Diversas as classes de registro e 0 mbito das atividades desempenhadas pela embargante (comércio e beneficiamento de café, milho, arroz, cereais, frutas, verduras e | legumes, e exportacéo de café) e pela embargada (arquitetura, engenharia, geofisica, - quimica, petroquimica, prospeccdo e perfuracao de petrdleo), e nao se cogitando da configuragao de marca notéria, no se vislumbra impedimento ao uso, pela embargante, | da marca Odebrecht como designativa de seus servigos, afastando-se qualquer afronta, | seja 4 denominacao social, seja as marcas da embargada. Precedentes. 13, Possibildade de confusdo a0 publico consumidor dos produtos e servicos das Itigantes | expressamente afastada pelas instancias ordinarias, com base no exame do contexto - fatico-probatério, do qual séo absolutamente soberanas. Inviabilidade de revisdo de | mencionado entendimento nesta seara especial, nos termos da Siimula 07/ST). Precedentes [...]. EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 653.609/RJ, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 4° Turma, j. | 19.05.2005, DJ 27.06.2005, p. 408. A controvérsia aqui, como vocé pode observar, girou em torno do uso do nome Odebrecht para a famosa construtora da Bahia (Odebrecht S/A), e para outra sociedade chamada Odebrecht Café, oriunda do Parand. Vale ressaltar que neste caso n&o havia ocorrido a extenséo da protegdo do nome para todo o territério nacional. Considerando esse fato e a distingdo feita em razo do uso de palavras que individualizam as denominagées sociais e os ramos em que cada uma das sociedades atua, o STJ afastou a possibilidade de confusdo neste caso. Com esses dois exemplos vocé deve ter percebido que a principal questo enfrentada pelo Poder Judiciério diz respeito a possibilidade de os diferentes nomes empresariais causarem confuséo entre consumidores. ‘eori Aula 04 - Prof. P: 2.4. Alienabilidade do nome empresarial Em relac& a alienabilidade do nome empresarial, diante do principio da veracidade, é claro que, tratando-se de firma ou razo social, se 0 nome for constituido pelos nomes civis dos sécios, nao seré possivel sua alienacdo. A regra geral do Cédigo Civil, porém, € no sentido de proibir a alienacao de qualquer nome empresarial. Art. 1.164. O nome empresarial nao pode ser objeto de alienacao. Pardgrafo unico. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se 0 contrato 0 permitir, usar 0 nome do alienante, precedido do seu proprio, com a qualificagao de sucessor. Parte da doutrina defende que, quanto denominag&o, nada impede que seja transmitida a outra pessoa, seja como elemento integrante da empresa, seja de forma auténoma®. © paragrafo Unico do art. 1.166 prevé a possibilidade de alienag&o do nome empresarial juntamente com o estabelecimento, o que ocorre por meio do contrato de trespasse. Seguindo essa légica, a alienagdo sé serd possivel por ato inter vivos. 2.5. Perda do nome Voltamos aqui a mencionar a Lei n. 8.934/1994, mais precisamente seu art. 59 e seguintes. Art. 59. Expirado 0 prazo da sociedade celebrada por tempo determinado, esta perder a protecdo do seu nome empresarial. Art. 60. A firma individual ou a sociedade que ndo proceder a qualquer arquivamento no periodo de dez anos consecutivos deveré comunicar 4 junta comercial que deseja manter- se em funcionamento. No caso da sociedade celebrada por tempo determinado, esta perderd a proteg3o ao seu nome empresarial. Outra hipétese de perda da protecdo ao nome é a que atinge a empresa que passa 10 anos consecutivos sem fazer qualquer arquivamento. Neste caso a empresa deve informar a Junta Comercial que deseja manter-se em funcionamento, caso contrério sera notificada pela Junta e, se ficar omissa, seré © Para fins de concurso piiblico, este posicionamento & adotado claramente por André Santa Cruz Ramos, mas a imensa maioria das questées de prova nao cobra nada além do contetido do art. 1.164 do Cédigo Civil. Aula 04 - Prof. P: considerada inativa. A Junta Comercial ent&o promoveré o cancelamento do registro, com a perda automatica da protecdo ao nome empresarial. Por fim, extingue-se 0 nome empresarial pela cessacdo do comércio (por qualquer causa), pela liquidaséo (no caso da sociedade empreséria) ou peal transformacao societaria. 3 — Estabelecimento Empresarial 3.1. Aspectos introdutérios Se vocé perguntar a um leigo o que € 0 estabelecimento empresarial, provavelmente essa pessoa responderia, intuitivamente, que se trata do local onde o empresdrio desenvolve suas atividades. Essa nocao, obviamente, nao corresponde ao sentido técnico-juridico que precisamos conhecer aqui. Na definic&o de Oscar Barreto Filho, estabelecimento empresarial “é 0 complexo de bens materiais e imateriais que constituem o instrumento utilizado pelo comerciante para a exploracio de determinada atividade mercantil’. Essa é basicamente a mesma definic&o trazida pelo art. 1.142 do Cédigo Civil. Art, 1.142, Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercicio da empresa, por empresério, ou por sociedade empreséria. O estabelecimento empresarial é o complexo de bens, nove materiais e imateriais, que o empresério utiliza no exercicio ‘ATENTO! de sua atividade. Podemos dizer que o estabelecimento é a projecdo patrimonial da empresa. Voltando & nocao geral e intuitiva, portanto, podemos dizer que o local onde o empresdrio exerce suas atividades € um dos elementos que compoe o estabelecimento comercial, mas no 0 Unico ou necessariamente o principal deles. Por outro lado, o estabelecimento ndo se confunde com a empresa. Lembre-se sempre de que empresa é atividade, enquanto estabelecimento é um conjunto de bens, Da mesma forma, o estabelecimento também no se confunde com o empresério, j4 que este é a pessoa natural ou juridica que explora a atividade empresarial. feoria Aula 04 - Prof. P: Pessoa que explora a BT et atividade empresarial Atividade em si Sees euid empresarial Complexo de bens materiais e imateriais E importante ainda fazer uma disting’o importante, entre o estabelecimento empresarial e o patriménio do empresdrio. Veja bem, o patriménio é composto por quaisquer bens que pertengam a uma pessoa fisica ou juridica e seja suscetivel de apreciacéo econémica. Para que seja considerado parte do estabelecimento empresarial, porém, esse bem deve guardar relacéo com o exercicio da atividade empresarial. A doutrina italiana aponta dois elementos importantes na nocgado de estabelecimento empresarial: o complexo de bens e a organizagéo. O estabelecimento é composto por bens que assumem um carter marcadamente instrumental para o exercicio da atividade empresarial, e essa instrumentalidade esta relacionada justamente a organizagéio, ou seja, esses bens constituem um todo articulado pelo empresdrio para o exercicio de sua atividade. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Mercadorias Instalagdes Veiculos etc. Marcas ~ ~ Patentes, Bens incorpéreos Direitos Ponto etc. ‘eori Aula 04 - Prof. P: 3.2. Natureza juridica do estabelecimento empresarial Das teorias j4 mencionadas para explicar o estabelecimento empresarial, merecem destaque as chamadas teorias universalistas, O que essas teorias tém de comum é que consideram o estabelecimento empresarial como uma universalidade, que nada mais 6 do que um conjunto de elementos que, quando reunidos, podem ser concebidos como coisa unitaria, ou seja, algo novo e distinto que n&o representa a mera jung3o dos elementos componentes. © ponto de divergéncia entre essas teorias diz respeito a natureze dessa universalidade, seria uma universalidade de direito ou uma universalidade de fato. Na universalidade de direito a reunido dos bens que a compéem é determinada pela lei (a exemplo da massa falida e do espdlio), enquanto na universalidade de fato a reunido dos bens é determinada por um ato de vontade (a exemplo de uma biblioteca ou rebanho de animais). A doutrina brasileira majoritéria é no sentido de que o ' soouas _eStabelecimento empresarial é uma universidade de fato, j FUNDO! que os elementos formam uma coisa em razéo da destinag&o que o empresério Ihes da. 3.3. Contrato de trespasse Este é um tema que aparece com muita frequéncia em provas de concursos publicos. O contrato de trespasse é um tipo especifico de relagdo por meio da qual se pode negociar a alienacéo do estabelecimento empresarial como conjunto. Vamos comegar analisando o art. 1.143 do Cédigo Civil. Art, 1.143, Pode o estabelecimento ser objeto unitdrio de direitos e de negécios juridicos, translativos ou constitutivos, que sejam compativeis com a sua natureza. Neste dispositive 0 Cédigo Civil prevé a possibilidade de o estabelecimento empresarial ser negociado como uma universalidade de fato, ou seja, como um todo unitdrio. O contrato de trespasse, portanto, nada mais é do que o contrato oneroso de transferéncia do estabelecimento empresarial. © contrato de trespasse é © contrato oneroso de TOMENOTA! transferéncia do estabelecimento empresarial. ‘eori Aula 04 - Prof. P: Art, 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienago, 0 usufruto ou arrendamento do estabelecimento, s6 produziré efeitos quanto a terceiros depois de averbado & margem da inscri¢o do empresério, ou da sociedade empresaria, no Registro Publico de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. © registro do contrato de trespasse na Junta Comercial, 4 margem do registro do empresério ou da sociedade empresaria, é condicéo de eficacia do contrato perante terceiros. Existe ainda uma peculiaridade do contrato de trespasse que diz respeito & relacéo do empresario que esté alienando o estabelecimento com seus credores. Art. 1.145. Se ao alienante no restarem bens suficientes para solver 0 seu passivo, 2 eficacia da alienaco do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tacito, em trinta dias a partir de sua notificagao. Simplificando a redag&o do dispositivo, podemos dizer que o empresério que pretende alienar 0 estabelecimento tem duas opgdes: conservar bens suficientes para pagar todas as suas dividas perante terceiros, ou obter o consentimento dos credores. Esse consentimento, porém, pode ser expresso ou tacito. Cabe ao empresério notificar os credores e, se estes ndo se manifestarem no prazo de 30 dias, haverd consentimento tacito e a venda poderd ser realizada. Este fator é téo importante que a Lei n. 11.101/2005, conhecida como Lei de Faléncias e Recuperacéo Judicial, considera a alienac&o irregular do estabelecimento empresarial como ato de faléncia, fundamentando 0 pedido para decretag&o da “quebra” do empresério. 3.4. Sucessdo empresarial Agora falaremos sobre os efeitos do trespasse em relacio a sucessdio empresarial. Art. 1.146. 0 adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores 4 transferéncia, desde que regularmente contabllizados, continuando 0 devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicaco, e, quanto aos outros, da data do vencimento, Do dispositive podemos depreender que o adquirente do estabelecimento empresarial responde pelas dividas existentes, desde que devidamente contabilizadas. Isso significa que quem compra 0 estabelecimento assume as dividas, desde que estas tenham sido regularmente escrituradas, pois a ‘eori Aula 04 - Prof. P: escriturag&o € 0 que dé seguranca a quem decide adquirir um estabelecimento empresarial. Normalmente 0 trespasse ¢ precedido por uma fase em que s&o levantadas diversas informages sobre o estabelecimento, conhecida como due diligence, que 6, na realidade, uma ampla investigacdo sobre a real situag&o econémica do empresério alienante. Mas tenha muita atengéo com essa regra, pois, embora o adquirente assuma essas dividas devidamente contabilizadas, o alienante fica solidariamente responsdvel por elas durante o prazo de 1 ano. Se a divida ja estiver vencida, esse prazo serd contado a partir da publicacdo do contrato de trespasse; se a divida for vincenda, o prazo seré contado de seu vencimento. Embora o adquirente do estabelecimento empresarial come a8SuMa todas as dividas devidamente contabilizadas, o FUNDO! alienante fica solidariamente responsavel por elas durante o prazo de 1 ano. Se a divida ja estiver vencida, esse prazo sera contado a partir da publicag&o do contrato de trespasse; se a divida for vincenda, 0 prazo ser contado de seu vencimento. Ateng&o! Estamos falando sobre a sucesséo empresarial, e essa légica de assunc&o de dividas se aplica as obrigagdes assumidas em relacées diretamente ligadas ao exercicio da atividade empresarial. Dividas trabalhistas e tributdrias, por exemplo, esto sujeitas a regramento proprio. Vale ainda mencionar nova regra trazida pela Lei n. 11.101/2005, segunda a qual a alienac&o de estabelecimento empresarial feita em processo de faléncia ou recuperagéo judicial de empresas ndo acarreta nenhum 6nus para o adquirente. Neste caso especifico, portanto, o adquirente néo responder pelas dividas anteriores, inclusive as tributérias e trabalhistas. Nesses termos, 0 produto da alienag&o seré usado para saldas as dividas, ao mesmo tempo em que a regra deixa mais facil e mais atrativa a venda dos ativos da empresa falida ou em recuperacéo. 3.5. Clausula de nao concorréncia O art. 1.147 do Cédigo Civil trouxe para a legislacao brasileira a chamada cléusula de n&o concorréncia, também chamada de cldusula de nao restabelecimento ou cldusula de interdicéio da concorréncia, sempre muito cobrada em concursos ptblicos. Art. 1.147, N3o havendo autorizacdo expressa, 0 alienante do estabelecimento nao pode fazer concorréncia ao adquirente, nos cinco anos subsequentes transferéncia. feoria Aula 04 - Prof. P: A cldusula de n&o concorréncia foi construida na jurisprudéncia brasileira j4 desde o inicio do século XX, no sentido de que, mesmo na auséncia de clausula contratual expressa, o alienante tem a obrigacdo contratual implicita de nao fazer concorréncia ao adquirente do estabelecimento empresarial. Essa mesma légica foi positivada pelo dispositive do Cédigo Civil de 2002, como decorréncia da aplicacao do principio da boa-fé objetiva as relagées contratuais. Se alguém adquire o estabelecimento comercial de outrem, deve-se ao menos supor que a clientela da empresa “venha junto”. Se o alienante desvia essa clientela, estaré agindo de ma-fé. A obrigago estabelecida pelo Cédigo Civil se estende pelo prazo de 5 anos a partir da transferéncia do estabelecimento, durante os quais o alienante no deve fazer concorréncia ao adquirente. A unica excecéo é a possibilidade de autorizagéo expressa no contrato, que inverte a légica da autonomia da vontade, estabelecendo uma presung&o que somente pode ser elidida por disposigao contratual expressa. A discusso entdo se move adiante, passando da dimensdo tempo a dimensaio espaco. Qual seria o Ambito territorial de aplicacéo da cldusula de nao concorréncia!? De acordo com a melhor doutrina, essa questo no comporta uma resposta genérica e plenamente aplicdvel a qualquer caso. O julgador devera, analisando as circunstancias faticas do caso concreto, verificar se © eventual restabelecimento do alienante configura, de fate, concorréncia ao adquirente. Essa deciséo dependeré, por exemplo, na envergadura do negécio objeto do trespasse. Se estivermos falando de um negécio online de alcance nacional, por exemplo, o alienante ndo poderia estabelecer empreendimento semelhante que também funcionasse nos mesmos termos. NAPROVA! alienante do estabelecimento empresarial nado pode fazer concorréncia ao adquirente nos 5 anos subsequentes & transferéncia. Nao ha previsdo legal, porém, acerca da abrangéncia territorial dessa proibicao. & a Se n&o houver autorizagéo expressa no contrato, o Art. 1,148. Salvo disposicio em contrério, a transferéncia importa a sub-rogacao do adquirente nos contratos estipulados para exploracao do estabelecimento, se nao tiverem cardter pessoal, podendo os terceiros rescindir 0 contrato em noventa dias a contar da publicacéo da transferéncia, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, 2 responsabilidade do alienante. O art. 1.148 prevé a sub-rogaciio do adquirente nos contratos firmados com o alienante, com exceg&o daqueles que tenham carater pessoal. Os contratos pessoais so aqueles em que a prestac&o pessoal é parte essencial do acordo de vontades. Se um conhecido consultor empresarial especialista em feoria Aula 04 - Prof. P: determinada matéria decide alienar seu estabelecimento, é razodvel imaginar que haja contratos com ele firmados em razdo de seu curriculo e experiéncia, e no faria sentido que tais contratos fossem assumidos pelo adquirente do estabelecimento, néo é mesmo!? Uma discuss&o interessante a esse respeito é a que diz respeito ao contrato de locagdo. Grande parte da doutrina entende (e jé entendia mesmo antes do Cédigo Civil de 2002) que este tipo de contrato se mantém vigente apds a realizag3o do trespasse, mas hd polémica acerca do cardter pessoal ou ndo desse tipo de contrato. Mais recentemente o entendimento que parece dominar & 0 de que o contrato de locac&o é contrato de carater pessoal, e por isso depende de anuéncia do locador do imovel para que o adquirente do estabelecimento suceda o alienante na condic&o de locatario. Art. 1.149. A cessSo dos créditos referentes 20 estabelecimento transferido produziré efeito em relagéo aos respectivos devedores, desde 0 momento da publicag3o da transferéncia, mas o devedor ficaré exonerado se de boa-fé pagar ao cedente. Da mesma forma que 0 adquirente assume as dividas do alienante, assume também todo 0 ativo contabilizado. Por isso, a partir do registro do trespasse, cabe aos devedores pagar ao adquirente do estabelecimento. Por outro lado, caso esses devedores paguem de boa-fé ao antigo titular do estabelecimento, ficaréo livres da responsabilidade pela divida, cabendo ao adquirente, neste caso, cobrar do alienante, que recebeu os valores de forma indevida. 3.6. Ponto de negécio A definigéo de ponto de negécio é muito simples: © ponto é o local onde o empresdrio exerce sua atividade, onde se encontra sua clientela. Essa definic&io nao deve ser restrita ao ambiente fisico, j4 que hoje hd diversos negécios que funcionam principalmente, ou mesmo apenas, em ambientes virtuais. O ponto, portanto, pode ser um local fisico ou mesmo um website por meio do qual os clientes possam encontrar 0 empresério. © ponto de negécio é um dos mais relevantes elementos do estabelecimento empresarial, influenciando MUITO 0 desenvolvimento dos negécios do empresdrio. Por essa razdo 0 ordenamento juridico assegura especial protec&o a esse elemento, notadamente quando as instalacées so alugadas. Basicamente a legislac&o confere ao empresério a possibilidade de permanecer no imével locado mesmo contra a vontade do locador. Trata-se da renovagéo compulséria do contrato de aluguel. O tema é tratado pela Lei n. 8.245/1991. ‘eori Aula 04 - Prof. P: Art. 51. Nas locagées de imdveis destinados ao comércio, o locatario terd direito a renovacio do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: 1-0 contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; II - 0 prazo minimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; III - 0 locatario esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo minimo e ininterrupto de trés anos, O art. 51 confere ao locatario © direito de renovar o contrato, quando forem preenchidos trés requisitos: um formal (contrato escrito’ e por prazo determinado), um temporal (minimo de 5 anos de relago contratual continua) e outro material (minimo de 3 anos na exploracgo de atividade no mesmo ramo). Quanto ao requisito temporal, o periodo de 5 anos exigido pela legislag&o nao precisa necessariamente ter sido obtido por meio de um Unico contrato, podendo ser alcancado também pela soma dos prazos de varios contratos escritos, desde que a relacdo contratual no tenha sofrido interrup¢ao. Aqui vale mencionar ainda a Sumula 482 do STF. ‘SUMULA 482 DO STF 0 locatério, que nao for sucessor ou cessionario do que o precedeu na locacdo, néo pode | somar os prazos concedidos a este, para pedir a renovacdo do contrato, nos termos do _ Decreto n° 24.150. Perceba que subsiste a protegdo ao sucessor do locatério, mas ele nao pode, para fins de atendimento ao requisito temporal, somar seu tempo de locacéio ao do anterior, para fins de renovagao de contrato. Voltando a renovagéo compulséria do contrato de locagéo imobilidria, é importante saber que a ac&o renovatéria deve ser ajuizada nos 6 primeiros meses do ultimo ano do contrato de aluguel. No ultimo ano do contrato deve o empresério procurar o titular do imével para negociar a renovagao da relacéo contratual. Caso 0 locador manifeste o desejo de retomar o imével, o locatario deverd tomar as providéncias para propositura da aco.

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