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Características das Obrigações

1- Patrimonialidade
A suscetibilidade da obrigação ser avaliável em dinheiro, portanto, conteúdo
económico
A doutrina antiga entendia que a obrigação não se podia formar se não fosse
suscetível de avaliação pecuniária. Argumentos:

 A execução só se pode exercer sobre o património do devedor


 Estaria excluída a ressarcibilidade dos danos morais causados pelo
incumprimento da obrigação
Windscheid e Jhering rejeitavam a Patrimonialidade como característica da obrigação
No Código de 1867, a doutrina discutia o art.º 671, nº2- norma que se pudesse inferir
que a prestação tivesse valor económico.

Código Português atual- a prestação não necessita de valor pecuniário, mas deve
corresponder a um interesse do credor, digno de proteção legal (art.398CC). Por
exemplo, a obrigação de não fazer barulho. Duas posições
Professor Antunes Varela- esta norma pretende excluir as prestações que
correspondem a simples manias ou caprichos do devedor. E a prestações que
correspondem a situações tuteladas por outras ordens normativas, ou seja, de trato-
social, moral religião.

Professor Menezes Cordeiro- não há obstáculos a obrigações que se refiram a meros


caprichos ou manias, desde que se refiram a situações jurídicas. Sendo também esta a
posição do professor Menezes Leitão, que dá o exemplo da tatuagem.

Galvão Telles- a questão é destruída de interesse prático, já que a obrigação revestirá


natureza patrimonial na maioria dos casos. Logo, será incorreto excluir a
Patrimonialidade do art.º. 398, nº2
Justiçar-se-á falar como o professor Menezes Cordeiro em Patrimonialidade indireta
2- Mediação ou Contribuição devida
O credor não pode exercer direta ou indiretamente o seu direito necessitando sempre
da colaboração do devedor para a satisfação do seu interesse
A doutrina afirma que como uma das qualidades das obrigações permite fazer uma
distinção dos direitos reais.
Perante a recusa do devedor em prestar, o credor pode obter a satisfação do seu
direito à prestação por via coerciva- execução especifica (art.º 827 e seguintes)
Já a doutrina personalista afirma que não é possível realizar essa distinção.

3- Relatividade
Prisma estrutural- o direito de crédito estrutura-se com base numa relação entre o
credor e o devedor
Prisma de eficácia- o direito de crédito apenas é eficaz contra o devedor.

Doutrina tradicional- defendem que os direitos de crédito só poderiam ser violados pelo
devedor, não tendo o terceiro qualquer responsabilidade pela sua frustração- Professor
Cunha Gonçalves, Ribeiro Faria, e Mota Pinto

Doutrina- o dever geral de respeito que todos tem de não que todos têm de não lesar os
direitos alheios também abrangeria os direitos de crédito, que consequentemente teriam
tutela delitual (art.483CC) - professor Guilherme Moreira, José Tavares, Gomes da
Silva, Galvão Telles, Pessoa Jorge, Menezes Cordeiro, Rita Amaral Cabral e Santos
Júnior

Doutrina intermédia- não aceita a existência de um dever geral de respeito


O professor Menezes Leitão defende também a posição intermédia. Em situações aos
princípios da boa-fé, dos bons costumes ou da função socioeconómica da autonomia
privada, justificar-se estabelecer a responsabilização, para o que se poderá invocar o
abuso do direito (art.334), sendo que eu defendo esta tese

4- Autonomia
Pela expressão autonomia considerar-se-ia como característica da obrigação o facto de
ser regulada pelo direito das obrigações. Assim, não podiam ser consideradas
obrigações aquelas situações que embora estruturalmente obrigacionais viessem a ser
reguladas por outros ramos de direito. O obrigação de pagar imposto é
estruturalmente obrigacional, mas é regulada pelo direito fiscal.
Professo Menezes Leitão considera ser uma autonomização errada, uma vez que a
autonomização da obrigação não impede a sua relação pelo direito das obrigações nas
partes não sujeitas ao seu regime especifico.

Características da obrigação para o professor Antunes Varela:

1. A obrigação como poder do credor sobre a pessoa do devedor


2. A obrigação como poder do credor sobre os bens do devedor
3. A obrigação como relação entre patrimónios
4. A obrigação como relação complexa integrada por dois elementos: o débito e
a responsabilidade

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