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(20231000-PT) Exame
(20231000-PT) Exame
Entre inflação Peter Villax fala sobre Conheça o impacto Publicação Mensal
A N A F IG UE IR E DO
C OM O E L A Q U E R V I RAR
A PÁ GI N A N A AL T I CE
Aos 48 anos, a presidente e CEO de uma das maiores empresas nacionais enfrenta a polémica
da “Operação Picoas” e foca-se no negócio, que continua a crescer. Uma longa conversa sobre
o caso em investigação, o setor, o País e como liderar em tempos conturbados
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10
A NOVA HISTÓRIA DA ALTICE
Na ressaca do escândalo da
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 3
E Editorial
Proprietária/Editora:
TRUST IN NEWS, UNIPESSOAL LDA.
Sede: Avenida Jacques Delors, Edifício Inovação 3.1
Espaço nº 511/512 2740-122 Porto Salvo.
NIPC: 514674520
Gerência da TRUST IN NEWS: Luís Delgado e Cláudia Serra Campos
POR Composição do Capital da Entidade Proprietária: 10 000,00 euros
TIAGO FREIRE Principal acionista: Luís Delgado (100%)
Diretor
Exame
www.exame.pt
Revista Mensal
Mais Teodoras
Revisão Rui Carvalho e Teresa Machado
Colaboradores de revisão Margarida Robalo e Sónia Graça
Secretariado Sofia Vicente (direção) e Ana Paula Figueiredo
REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS COMERCIAIS
Avenida Jacques Delors, Edifício Inovação 3.1
Espaço nº 511/512 2740-122 Porto Salvo
Tel.: 21 870 5000
Delegação Norte: Rua Santos Pousada 441- sala 206/208, 4000-486 Porto
O
Telefone: 22 099 0052
nome fora do sentava, porque conjugava al- Marketing e Publicidade
Vânia Delgado (diretora) vdelgado@trustinnews.pt
comum per- gumas dessas suas melhores Marketing
Joana Hipólito (gestora de marca) jhipolito@trustinnews.pt
mitia-lhe características: conhecimen- Publicidade
ser imedia- to técnico, frontalidade sem Tel.: 21 870 5000
Manuel Geraldes (diretor coordenador de publicidade)
tamente re- conflitualidade gratuita, in- mgeraldes@trustinnews.pt
Mariana Jesus (gestora de marca) mjesus@trustinnews.pt
conhecida apenas por uma dependência e um sentido de Rita Roseiro (gestora de marca) rroseiro@trustinnews.pt
palavra, “Teodora”. Teodora missão pública. Tiago Garrido (gestor de marca) tgarrido@trustinnews.pt
Florbela Figueiras (assistente comercial Lisboa) ffigueiras@trustinnews.pt
Cardoso, a economista que ga- Teve, naturalmente, atritos Elisabete Anacleto (assistente comercial Lisboa) eanacleto@trustinnews.pt
Delegação Norte – Tel.: 22 099 0052
nhou protagonismo sobretudo com este ou aquele governante, Margarida Vasconcelos (gestora de marca) mvasconvelos@trustinnews.pt
Digital e Parcerias
com a criação do Conselho das mas nunca deixou o ego tomar Hugo Lourenço Furão (coordenador) hfurao@trustinnews.pt
Finanças Públicas, deixou-nos conta e desequilibrar as suas Branded Content
Carolina Almeida (coordenadora) cmalmeida@trustinnews.pt
aos 81 anos. Autocrítica e insa- funções. E, num País radical- Tecnologias de Informação
João Mendes (diretor)
tisfeita, talvez não conseguisse mente encostado aos partidos Produção, Circulação
admiti-lo, mas devemos dizê- – ainda mais nas pessoas com Vasco Fernandez (diretor)
Pedro Guilhermino (coordenador de produção)
-lo: partiu com a missão cum- protagonismo público e me- Nuno Carvalho, Nuno Gonçalves e Paulo Duarte (produtores)
Isabel Anton (coordenadora de circulação)
prida e com um grande exem- diático –, nunca ficou marcada Assinaturas
Helena Matoso (coordenadora de assinaturas)
plo dado a todos nós. por ser deste ou daquele. Era, Serviço de apoio ao assinante. Tel.: 21 870 5050 (Dias úteis das 9h às 19h)
Foram vários os fatores que simplesmente, por aquilo que Custo de chamada para a rede fixa, de acordo com o seu tarifário
apoiocliente@trustinnews.pt
a distinguiram. Uma voz na lhe parecia ser a verdade – con- Impressão Lisgráfica – Estrada de São Marcos n.º 27
São Marcos – 2735-521 Cacém
economia, quando as mulhe- vicção que lhe vinha do estudo, Distribuição VASP – MLP, Media Logistics Park, Quinta do Grajal,
res ainda eram uma vista rara da análise e da experiência. Venda Seca, 2739-511, Agualva-Cacém, Tel.: 21 433 7000
Pontos de Venda contactcenter@vasp.pt
nessa área; um cuidado técni- Teodora Cardoso faz-nos Tel.: 808 206 545 – Fax: 808 206 133
Tiragem 5 500 exemplares. Registo na ERC
co e um bom senso à prova de falta, como falta nos faz que com o n.º 113 709, de 14/04/1989
Depósito Legal n.º 24 202/89
bala, e uma dedicação à causa tenhamos mais figuras destas, Estatuto Editorial disponível em visao.sapo.pt/
pública, que, apesar do reco- que sejam excelentes e sérias informacaopermanente/2018-01-01-Estatuto-editorial-da-EXAME
“A TRUST IN NEWS, UNIPESSOAL, LDA. não é responsável pelo
nhecimento que lhe trouxe, nos seus campos, que culti- conteúdo dos anúncios nem pela exatidão das características
e propriedades dos produtos e/ou bens anunciados. As respetivas
nunca resvalou para a vaida- vem mais o conhecimento que veracidade e conformidade com a realidade são da integral
de ou para tentações de poder o protagonismo, que sirvam o e exclusiva responsabilidade dos anunciantes e agências
ou empresas publicitárias.” Interdita a reprodução, mesmo parcial,
e de protagonismo excessivo. País e as suas instituições, de de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para
quaisquer fins, inclusive comerciais.
Todo o seu caminho, como forma serena e sem alardes,
a própria o admitiu, foi feito resistindo aos cantos de se-
tendo em vista a autossufi- reia dos holofotes mediáticos.
ciência e a independência. Que o seu exemplo seja
Quando assumiu o desafio de apontado nas universidades e
criar o Conselho das Finan- sirva de inspiração para toda
ças Públicas, encontrou um a sociedade. Precisamos mui-
dos fatos que melhor lhe as- to disso. E
NOTÍCIAS . FOCO
99
Número de projetos
36
Número de projetos
4,2%
Peso total de
73%
Dos investidores inquiridos
estrangeiros de tecnologias alemães de IDE que vieram Portugal na captação desejam investir em
de informação que para Portugal, no ano de IDE em toda a Portugal ao longo do
apostaram em Portugal no passado. A Alemanha é o Europa. Em 2018, esta próximo ano, mais seis
ano passado, 76 dos quais maior investidor em percentagem pontos percentuais do que
estabeleceram-se, pela território nacional, ascendia a apenas a média de intenções de
primeira vez, no nosso país ultrapassando os EUA 1,2% investir na Europa
29%
2º atraem mais IDE.
Reino Unido A França continua
929 a ser o país que mais
-6% projetos capta para
Dos investidores consideram 10º
que Portugal está acima da
o seu território
Irlanda
média europeia em termos 184 9º
de disponibilidade e 8º
21% Bélgica
qualidade de talento no Polónia
mercado de trabalho 234
-4% 237
3º 23%
Alemanha
1º 832
6º França -1%
1 259
6,4%
Portugal
3%
248 5º
24%
7º
Itália Turquia
4º 321
Percentagem que Portugal Espanha
243
representa nos postos de 17% 22%
324
trabalho criados, em toda -10%
a Europa, por projetos
de IDE
Created
from theby popcornarts
Noun Project
Resiliência dos mercados domésticos 26%
Políticas de sustentabilidade e de combate
às alterações climáticas 25%
EM RECUPERAÇÃO
A Europa recebeu, no ano passado, quase
seis mil novos projetos de investimento
direto estrangeiro, mais 1% do que no
ano anterior, mas ainda 7% menos do que
em 2019, antes da pandemia, criando um EUROPA
total de 343 mil novos postos de trabalho INVESTE…
NA EUROPA
A grande maioria dos investimentos
Número Postos estrangeiros feitos em países
de projetos de trabalho europeus é oriunda de outros países
2010 3 758 147 357 europeus. Já em termos individuais,
2011 3 909 158 036 os EUA são o país que mais projetos EUA
coloca em solo europeu 21%
2012 3 797 170 434
2013 3 957 166 283
2014 4 448 186 348 Outros
2015 5 083 217 666 6% Europa
China
2016 6 041 272 625 60% 4%
2017 6 653 353 469
2018 6 356 275 955 Coreia Japão
2019 6 412 274 935 do Sul
Austrália 3%
2020 5 578 213 536 1% Índia
1% Canadá
2021 5 877 394 280 2%
2022 5 962 343 634
2%
45%
40%
36% 35% 34%
29% 28% 28%
Mercado Dificuldades 22%
Inflação Subida de trabalho com as Crescimento Subida Persistência
Subida das e impacto da dívida em certas cadeias de económico Guerra dos custos dos efeitos
taxas de juro na procura pública regiões abastecimento reduzido na Ucrânia da energia da pandemia
Fonte EY Attractiveness Survey Infografia MT/EXAME
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 7
Enter
T
eodora Cardo- Aí assumiu a responsabili-
so nasceu em dade de criar e dirigir uma or-
Estremoz, filha ganização independente, que
única e tardia, permitisse escrutinar tecnica-
de pai comerci- mente a evolução das contas
ante e de mãe doméstica. Aos 3 públicas nacionais. Foi isso que
anos, a família vem para Lisboa. fez, insistindo em ter membros
Teodora afirmou-se, desde sem- internacionais de elevada com-
pre, uma aluna exemplar, tendo petência na equipa, garantindo
à sua frente o caminho das Letras sempre uma imagem de inde-
ou das Ciências. Acaba por esco- pendência e de rigor técnico,
lher a área da Economia, quando em todos os momentos, mesmo
se deixou seduzir pelas matemá- aqueles em que os pareceres do
ticas, no final do liceu, como re- CFP causavam mais embaraço
latou numa entrevista ao Jornal e incómodo aos governantes.
de Negócios, em 2007. É dessa Saiu da instituição quando esta
altura outra área que lhe seria já estava consolidada, em 2019,
muito útil, a aprendizagem do e foi sucedida por Nazaré da
Inglês, numa geração predomi- Costa Cabral.
nantemente de raiz francófona. Além destes cargos, teve in-
Licenciou-se em Economia, tervenção direta em vários dos-
pelo Instituto Superior de Ciên- siers fundamentais: fez parte,
cias Económicas e Financeiras, nos anos 80, da negociação dos
e o seu primeiro emprego foi na termos da intervenção do FMI
Gulbenkian, na área de investi- em Portugal e, no seio do BdP,
gação económica. Esteve aí du- participou em vários projetos,
rante cinco anos. Em 1973, entra nomeadamente na elaboração
para o Banco de Portugal (BdP), a da Lei Orgânica do Banco Cen-
convite de Ernâni Lopes, seu co- tral (1975) e na reformulação
lega de curso. Era mais um sinal geral das estatísticas monetári-
de que seria precursora em vári- as (1976-1977).
as coisas. Numa instituição com No momento da sua morte,
poucas mulheres, foi a primeira as homenagens foram incontá-
a usar calças no trabalho e não veis, destacando-se as do Con-
a costumeira bata, conforme re- selho das Finanças Públicas, do
latou na já citada entrevista. En- Banco de Portugal, do governo
trou como técnica do Departa- e do Presidente da República.
mento de Estatística e Estudos Este, que atribuiu a Teodora
Económicos, que veio a dirigir. Cardoso a segunda distinção
TIAGO MIRANDA
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Entrevista
ANA FIGUEIREDO
“ESTA CASA
JÁ PASSOU
POR OUTROS
CHOQUES.
IREMOS
RESISTIR”
No rescaldo da “Operação Picoas”, que investiga
a alegada corrupção envolvendo executivos e até
um dos fundadores da Altice, a CEO e presidente
da empresa em Portugal quebra o silêncio. Numa
extensa entrevista, aborda o polémico caso,
o momento do setor, o seu estilo de liderança
e a economia do País. E deixa uma mensagem:
a consolidação nas telecomunicações é inevitável
Texto Tiago Freire Fotografia Luís Barra
Q
Qual foi o impacto deste último abalo
da “Operação Picoas” sobre a empresa
e sobre si?
É, de facto, uma situação que estamos a en-
carar com grande nível de seriedade e que
implicou tomarmos uma série de medidas,
que tornámos públicas: seja de reavaliação
dos fornecedores, afastamento de alguns
executivos da companhia não apenas em
Portugal mas também noutras geografias;
e temos, neste momento, ainda uma audi-
toria interna a decorrer, liderada por enti-
dades internacionais credenciadas. Acho
que esta empresa, e esta casa, que conheço
DE VOLTA A CASA
muito bem porque já estou cá há 20 anos –
> NOME
apesar de ter estado fora nos últimos oito Ana Figueiredo
anos –, tem uns fundamentos muito sóli-
dos. Anunciei, em fevereiro, o plano estraté- > V I DA
gico da empresa, definimos para onde que- Nascida em Lisboa, em 1974,
remos caminhar e, apesar dos abalos, esses Ana Figueiredo é licenciada em
planos são feitos para conseguirem manter- Administração e Gestão de Empresas,
-se mesmo apesar dos obstáculos. Apesar pelo Instituto Superior de Economia
dos impactos, muito mediáticos, que têm e Gestão (ISEG), e tem um MBA pela que é salvaguardar os interesses dos nos-
sempre um reflexo, isso não nos afasta do Universidade Católica e Nova Business sos stakeholders, dos colaboradores obvia-
School (Lisbon MBA). A primeira
nosso plano e do nosso curso. Reforça-nos mente, mas fundamentalmente dos nossos
experiência profissional foi em 1996,
a coesão dentro da equipa, de querer fazer clientes, que são a nossa métrica e o nosso
como estagiária na Portugal Telecom,
e de sermos bem-sucedidos. Se olhar para antecessora da Altice Portugal padrão. E, aí, acho que estamos totalmente
os resultados de como fechámos o mês de descansados.
julho – que foi quando ocorreu o evento –, > CARREIRA
o mês de agosto e como eu vejo a evolução Em 1999 entrou para a Galp como Imagino que, nesse caso, o desafio tenha
do mês de setembro, a nossa performance auditora, a que se seguiu a consultora sido interno, de motivar as pessoas, focá-
continua robusta, acelerámos em alguns EY, de 2001 a 2003. É nesse ano que -las e não deixar que o ruído as desfoque.
KPI (key performance indicators) opera- vai para a PT, da qual não mais saiu. Houve muito ruído mediático e, se nos fo-
cionais, e isso obviamente vai ter um reflexo Desempenhou vários cargos e, entre cássemos só no ruído mediático, parecia
positivo na performance financeira. E, na 2016 e 2018, foi responsável pela área que a empresa era um Titanic. Dois ou três
interna de auditoria do grupo, mudan-
semana passada, anunciámos algumas no- dias depois, reuni todos os colaboradores,
do-se para a Suíça. Já na República
vidades que já estavam a ser trabalhadas há uns presencialmente, outros remotamente,
Dominicana liderou a operação local
muito tempo. Não nos afastamos do nosso da Altice, com sucesso. Regressa a e disse: é óbvio que é um tema sério, sobre
rumo e de para onde queremos ir. É óbvio Portugal em 2022, assumindo, em abril o qual consideramos estar a tomar todas as
que são momentos de resiliência, em que desse ano, o cargo de CEO da Altice medidas necessárias, e iremos reforçar, se
eu, como líder, tenho de manter a equipa Portugal, que passou recentemente for preciso, algumas medidas, mas devemos
mobilizada, focada no que é importante, a acumular com o de presidente estar mobilizados e focados, porque a nos-
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 13
Entrevista
IMAGEM DO PAÍS 2023 vs '22 vs '21 2023 vs ‘22 vs ‘21 2023 vs ‘22 vs ‘21 2023 vs ‘22 vs ‘21 2023 vs ‘22 vs ‘21 2023 vs ‘22 vs ‘21
FORÇA E REPUTAÇÃO 62,5 -0,2 -0,8 61,3 -0,8 -2,4 63,7 -1,3 -2,1 64,1 0,5 -0,5 62,6 0,4 0,5 60,8 0,3 0,6
Notoriedade e Familiaridade 100,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0
Admiração 64,1 -1,2 -3,5 64,7 -1,7 -6,6 69,2 -2,9 -7,6 64,8 0,3 0,6 57,2 -1,7 -0,2 64,5 -0,1 -3,6
&RQÀDQoD 60,2 0,4 -0,7 62,0 -0,3 -4,7 68,1 -0,9 -4,2 60,5 3,2 2,9 55,4 -0,4 0,2 54,9 0,5 2,4
Ambiente Político 42,5 -4,0 -5,3 36,2 -5,3 -7,8 38,3 -8,1 -13,3 46,2 -4,5 -6,2 44,1 -0,5 0,6 47,8 -1,4 0,1
Ambiente Económico 51,9 -2,0 -5,0 54,3 -2,8 -9,6 56,7 -4,9 -8,5 52,7 -0,7 -4,1 48,3 1,4 2,3 47,6 -3,2 -5,0
Governo e Ética 45,8 -0,7 2,4 38,8 -1,8 7,6 50,4 -3,4 -2,0 47,1 0,5 5,0 45,8 1,3 1,1 47,0 -0,3 0,2
Liderança e Visão 48,0 -1,2 -2,7 42,5 -4,2 -12,7 50,6 -1,9 -0,4 50,7 0,5 -3,0 48,9 -0,5 0,6 47,2 0,1 1,8
Qualidade de Produtos e Serviços 65,1 -0,6 -3,2 64,6 0,4 -2,6 64,5 -4,2 -8,2 66,4 0,4 -2,5 66,3 0,0 -2,3 63,7 0,2 -0,2
Inovação e Diferenciação 63,5 0,6 0,6 63,9 0,9 0,6 65,0 -0,8 -0,1 67,6 0,5 -0,4 66,7 0,1 0,2 54,1 2,2 2,7
Estilo de Vida e Ambiente Social 67,6 -0,7 -1,8 64,1 -0,7 -3,7 69,9 -2,3 -5,0 68,8 -1,1 -1,7 71,6 -0,4 -1,5 63,7 1,0 2,7
Educação e Tecnologia 64,4 0,8 2,9 61,2 0,3 2,5 68,8 1,5 5,3 68,0 0,2 2,7 67,5 0,4 0,7 56,5 1,5 3,3
Segurança e Apoio Médico 53,8 -1,0 -7,8 51,5 -1,9 -12,9 55,2 -3,1 -10,9 55,5 -0,1 -9,7 56,1 -0,1 -5,2 50,5 0,0 -0,1
Valores, Cultura e Tradições 86,5 0,0 0,1 88,0 -0,1 0,8 82,4 1,8 5,2 86,5 0,2 -2,1 86,9 -0,3 -2,0 88,8 -1,7 -1,3
Beleza 86,2 0,7 1,2 87,6 0,3 2,5 81,9 1,5 2,9 86,4 0,5 0,6 86,4 0,9 1,2 88,6 0,4 -1,3
Exposição e Comunicação Internacional 55,2 2,5 4,9 54,4 4,0 7,4 50,3 1,8 6,7 58,3 1,7 2,9 57,5 2,8 3,9 55,4 2,1 3,7
Relevância Internacional 45,2 3,7 5,5 46,3 0,1 0,8 48,5 4,4 6,7 46,1 6,6 7,4 43,0 3,7 7,6 42,3 3,6 4,8
IMAGEM DO PAÍS 2023 vs '22 vs '21 2023 vs ‘22 vs ‘21 2023 vs ‘22 vs ‘21 2023 vs ‘22 vs ‘21 2023 vs ‘22 vs ‘21 2023 vs ‘22 vs ‘21
FORÇA E REPUTAÇÃO 60,1 2,2 3,1 59,4 1,5 1,8 59,3 2,1 3,7 60,0 3,1 3,7 57,9 2,3 3,0 64,0 2,2 3,1
Notoriedade e Familiaridade 65,6 1,6 1,9 60,2 0,5 -1,0 63,2 3,1 6,0 68,1 1,9 2,1 66,4 1,1 0,6 70,0 1,5 1,6
Admiração 63,5 1,9 2,8 63,3 1,1 3,2 63,1 2,8 8,0 62,8 2,1 1,5 61,0 1,2 -1,2 67,2 2,2 2,7
&RQÀDQoD 64,2 1,4 3,4 62,8 0,3 1,1 65,6 5,6 9,3 64,4 0,8 3,2 60,2 -1,0 -0,8 68,1 1,2 4,0
Ambiente Político 61,0 4,3 6,7 61,5 1,4 3,7 62,7 4,1 5,3 59,3 7,9 9,6 55,6 7,1 10,5 65,8 1,2 4,2
Ambiente Económico 54,4 3,3 3,3 55,4 3,8 4,1 57,8 2,1 3,3 52,2 4,1 3,6 49,8 4,4 4,9 56,6 2,3 0,4
Governo e Ética 56,9 2,9 3,6 56,6 1,3 -2,1 58,3 3,5 2,7 55,6 5,6 6,8 50,7 3,1 6,7 63,2 1,0 3,9
Liderança e Visão 52,2 3,7 4,5 55,1 0,1 -1,9 54,4 2,2 3,7 49,0 4,2 5,5 47,4 5,3 5,8 55,3 6,6 9,5
Qualidade de Produtos e Serviços 60,4 0,7 0,4 61,7 0,3 0,1 60,5 0,0 0,7 56,7 0,8 0,3 56,1 1,4 1,6 66,9 0,8 -0,8
Inovação e Diferenciação 49,8 2,9 3,8 49,0 2,2 2,1 50,9 4,5 6,9 46,9 3,6 4,0 43,9 1,3 2,6 58,4 2,7 3,4
Estilo de Vida e Ambiente Social 75,9 0,9 0,8 75,5 -0,4 -2,6 68,6 1,6 2,7 78,5 1,0 0,7 77,3 0,6 0,6 79,7 1,9 2,8
Educação e Tecnologia 60,0 3,0 3,5 53,9 3,8 3,5 62,0 0,1 0,5 64,3 4,2 5,2 61,5 2,6 4,3 58,5 4,2 4,2
Segurança e Apoio Médico 57,9 1,7 2,4 56,6 2,6 4,1 57,2 1,1 2,3 58,8 1,2 1,5 58,6 0,8 1,2 58,1 2,7 2,9
Valores, Cultura e Tradições 77,2 1,7 2,6 77,4 2,3 3,2 68,7 0,4 2,1 80,6 2,7 2,9 78,2 0,8 2,4 80,9 2,1 2,5
Beleza 81,3 0,6 1,0 80,3 0,7 2,2 75,1 0,7 2,9 82,5 0,8 0,1 81,7 0,5 -0,8 87,0 0,3 0,4
Exposição e Comunicação Internacional 41,9 2,8 5,5 40,2 2,9 7,5 40,0 0,8 1,2 42,9 4,5 7,4 41,4 3,3 6,3 45,1 2,6 5,0
Relevância Internacional 39,3 2,4 2,8 40,1 0,9 1,2 40,8 0,3 1,6 37,0 4,2 4,4 35,8 4,2 3,4 42,6 2,3 3,6
100-80 EXCELENTE 79-70 ROBUSTO 69-60 MODERADO 59-40 VULNERÁVEL 39-0 FRACO
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 17
Entrevista
Ou seja, já vendíamos tecnologia para países gital interna, por forma a conseguir baixar
africanos e para o Brasil. A Altice Labs vende o cost of service e tornar a nossa interação
equipamento, fiber optics, em que temos com os clientes cada vez mais digital. O que
vantagens competitivas mundiais, e a Altice procuramos também é diversificar, mesmo
Labs é, mundialmente, reconhecida nessa no setor de consumo, aventurarmo-nos na
matéria do ponto de vista da qualidade. São energia e complementamos a nossa ope-
também áreas em que temos maior número ração de telco com a operação energética,
de patentes registadas ao nível internacio- dando, vá, um 6 P aos nossos clientes. Há
nal. A Altice Labs permite aquilo que a par- outra coisa que também temos como nosso
te core telco não permite. Se portugal não melhor ativo, que é a nossa base de clien-
crescer em população… nós já somos líderes tes. Alguma pessoa, em algum momento, foi
com 42% ou 44% de market share tanto na nosso cliente, e esse tem sido o nosso grande
parte residencial como na parte móvel; por- ativo e também na manutenção de quota de
tanto, não há muito mais por onde crescer. mercado e crescimento do ponto de vista de
E a população também não cresce. Pode ha- receita. Tendo este conhecimento dos nos-
ver maior consumo, e o que temos tentado sos clientes, estamos também a explorar ou-
é a maior sinergia de produtos. Portanto, a tras sinergias com serviços complementa-
Altice Labs permite que não fiquemos cir- res que podemos oferecer. A energia foi um
cunscritos ao mercado português. Desen- caso, o MEO Care – um conjunto de serviços
volvemos tecnologia que pode ter o mundo que oferecemos dentro e fora de casa –, que
como limite e, neste momento, a Altice Labs lançámos já eu cá estava. Depois, há uma
exporta, destes 80%, para mais de 60 países terceira componente que também trabalha-
e para os cinco continentes. mos, que é a Altice Labs. Se pudermos ven-
der os routers que os clientes MEO têm em
É verdade que aquilo que está a crescer sua casa para todo o mundo, criamos aqui
mais é o segmento de negócio e interna- um potencial de receita enorme e, com isso,
cional? Os drivers vão continuar a ser estamos a colocar tecnologia portuguesa lá
esses? fora, e, muitas vezes, os componentes desses
Penso que, no consumo, ainda temos um produtos são também vindos de indústria
caminho. E, até com a oferta que lançámos portuguesa. Essa é uma componente inter-
de 10 GB, estamos a preparar a infraestru- nacional. Uma outra é a Geodésia, aprovei-
tura daquilo que, hoje, pode parecer uma tando o facto de termos conhecimento no
autoestrada grande demais, mas que, no roll-out de fibra ótica – e havendo alguns
futuro, eventualmente, pode ser pequena. países nesse caminho, como é o caso da
Lembro-me quando lançámos a nossa ofer- Alemanha e do Reino Unido –, utilizar esse
ta de convergência, o M4O, há 12 anos, lan- conhecimento para podermos ganhar con-
çámos com 100 MB, e era extraordinário… O tratos. Isso permite diversificar, obviamente.
que procuramos sempre é colocar, desen-
volver soluções e serviços em cima dessas Como se concilia esta dificuldade, que as Como venho
plataformas. Acho que a aposta no 5G pode operadoras têm estado a sentir, de conse- de um
trazer, tanto para o segmento empresarial guir uma rentabilidade superior com as
como para o de consumo, soluções que nos necessidades de investimento? background
permitam crescimento de receita. Senão, One million-dollar question. O que temos de auditoria,
não fazíamos o investimento, naturalmen- feito é diversificar o nosso portefólio, como devo dizer-lhe
te. As competências digitais dos portugue- a questão da Altice Labs, de que falámos
ses têm vindo a aumentar, e ainda somos há pouco… algo que esta indústria tem fei- que a pior coisa
um País que está atrás da média europeia. to também é olhar para a sua estrutura de que se pode
E acredito que, com a evolução da literacia custos e tentar baixar aquilo a que chama- perguntar
digital, vamos trazer mais consumidores mos cost of service, sem degradar a quali-
para este mercado. Havendo mais consu- dade de serviço. Uma terceira componen- a uma auditora
mo, conseguiremos monetizar as nossas te que as telcos também têm usado nesta é quando é que
infraestruturas. Isso é uma vertente. E criar indústria é a venda de ativos não core e, ela vai terminar,
uma experiência cada vez mais digital para por outro lado, uma quarta componente é
nossos clientes, também do lado do nosso que os operadores estão mais disponíveis que sente logo
modelo operacional. Estamos ainda a fazer para fazer coinvestimentos. Portanto, te- que está a ser
um processo grande de transformação di- mos vendido os nossos ativos “não-core” pressionada”
1 8 . EXAM E . OUTUBRO 2023
para libertar cash flow para investir naqui-
lo que é qualidade de serviço, moderni-
zação das nossa plataformas e mantendo
infraestruturas que são críticas para nós e
diferenciadoras em termos de competitivi-
dade. Mas há algo que vamos ter de fazer,
sim ou sim – e o que nos tem impedido de
o fazer é a regulação, sobretudo a europeia
– que é consolidação. Não vai haver forma.
Somos indústria de capital intensivo e so-
mos indústria de escala. Nenhum país com
dez milhões de habitantes comporta cin-
co, sete ou dez operadoras. Alguma coisa se
vai perder no final do dia: ou qualidade de
serviço ou capacidade de investimento em
redes de última geração. Se as operadoras
de telecomunicação ao nível mundial não
conseguirem rentabilizar o 5G, provavel-
mente estarão menos disponíveis para in-
vestir no 6G. E, portanto, há um prejuízo
para todos, para a sociedade e para o de-
senvolvimento socioeconómico da Europa.
Na Europa, temos um problema, porque
efetivamente somos um mercado extrema-
mente fragmentado. Se eu comparar um
mercado de 300 milhões de habitantes na
Europa com 300 milhões de habitantes nos
EUA… nos EUA, temos quatro operadores.
Aqui, temos talvez 40. Vários movimentos
de consolidação têm sido obstaculizados
pelas instituições. Porque não é possível
compaginar o investimento que é preciso
fazer para cumprir metas europeias com
o custo de capital, que é cada vez maior,
e não se perspetiva uma diminuição. Por
isso é que fiz parte de um grupo de CEO
que teve uma reunião, em junho, com al-
guns comissários europeus, a Margrethe
Vestager, e também com o Thierry Breton,
em que estavam representadas a Orange, a
Vodafone, a Telecom Itália…
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 19
Entrevista
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 21
Entrevista
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Entrevista
Fico muito irritada se não faço desporto, é por semana em que volto a jogar. Lá está,
uma coisa que adoro. E, obviamente, estar com aquele meu instinto de que ainda tenho
com os meus amigos e com a minha família 15 anos e conseguia controlar mais os pon-
também é fundamental. É importante esse tos e, agoro, tenho de estar mais adaptativa,
tempo, termos os nossos momentos, estar- ouvindo o corpo e percebendo que, se ca-
mos sozinhos também. Dada a minha fun- lhar, a minha mente queria fazer uma coisa
ção, lido com muitas pessoas, muitas inte- mas o meu braço amanhã vai queixar-se.
rações de telemóvel, de WhatsApp, pessoas
a entrarem pelo gabinete. E eu gosto de estar A sua primeira experiência profissional
sozinha. Tenho o privilégio de ter uma pro- foi aqui, nesta empresa, quando saiu da
priedade no Alentejo e, quando posso, fujo universidade. O que gostaria de dizer a
para lá, para ouvir as ovelhas. Olhar para a essa Ana de 1996, se pudesse agora falar
Natureza dá uma sensação de mindfulness, com ela?
estarmos conscientes de que somos peque- Essa pergunta é interessante. Diria a essa
nos e de que os problemas que temos – por Ana para, no fundo, confiar nos seus ins-
muito relevantes que possam parecer – ga- tintos, ter a coragem de aceitar desafios e de
nham irrelevância perante a Natureza. Tento Tenho fazer coisas novas. E de acreditar que, man-
ter esses momentos porque acho que são o privilégio tendo um conjunto de princípios e ética de
importantes. É importante sair, estar fora, de ter uma trabalho, o resultado pode não vir no curto
ter outras perspetivas, viajar também, ver prazo mas vem no médio/longo prazo. Diria
outros mundos e culturas. propriedade isso. Porque a Ana que entrou aqui tinha 21
no Alentejo anos, e os jovens são normalmente impaci-
E ainda vai jogando ténis? e, quando posso, entes e apressados por natureza. E também
Menos do que gostaria. Até porque os meus que se rodeasse de bons mentores ao longo
colegas todos estão a mudar-se para o padel fujo para lá, para da sua carreira, que vão dar bons conselhos.
[risos]. Mas tento, religiosamente, ter um dia ouvir as ovelhas” Ouvi-los e aprender com eles. E
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inglesa de responsabilidade limitada por garantia. Todos os direitos reservados.
Opinião
POR
PEDRO AFONSO
A ambição que
temos de construir
Para que a expressão “ambição” não seja
vazia, o que deve estar lá dentro? Comecemos
por consistência, disciplina, busca de sucesso,
confiança e criatividade > CEO da VINCI Energies Portugal
L
e mb ro - me, step at a time, inspirando-se é diferente de pessoa para pes- 5. CRIATIVIDADE
como se fos- em desenvolver uma melhor soa. É difícil afirmar que há o Muitas vezes, alguns estu-
se hoje, do versão de si próprio, enquan- bom ou o mau sucesso. Ou en- dantes universitários per-
momento em to corredor-amador. A tese é tão o pequeno ou o grande su- guntam-me se gosto mais de
que um clien- a de que a consistência é de- cesso. O sucesso é assegurar- empresas com mais discipli-
te, durante uma apresentação terminante na transformação mos que cumprimos, antes de na ou com mais criatividade.
corporativa a vários parceiros, das nossas capacidades, para mais, connosco próprios. Neste A disciplina e a criatividade
disse a seguinte frase: “A ambi- potenciarmos o nosso poten- sentido, se entrego a mim pró- não são antagónicas, mas an-
ção, desde que controlada pela cial e atingir a excelência em prio o compromisso de evoluir tes faces diferentes da mes-
ética, é um excelente valor.” qualquer domínio. Faz depois – como pessoa ou profissional ma moeda. Uma organização
A ambição de fazer aconte- o paralelo com esta forma de –, então esse compromisso em que a disciplina não exis-
cer coisas – muitas ou poucas estar, em contexto organizacio- deve ser visível na forma como te tem habitualmente menos
– também não escolhe idade. nal, para o desenvolvimento de desenho a agenda, como entre- meios, recursos e até dispo-
Temos jovens com espírito de pessoas – do indivíduo e depois go o meu tempo a cada tema nibilidade para permitir que
pessoas mais velhas, e temos do coletivo, da organização –, da vida. a criatividade se evidencie.
pessoas mais velhas com es- tendo em vista o compromis- Quase sempre, o método ga-
pírito jovem, sem tempo para so de gerar confiança e atingir 4. CONFIANÇA nha à anarquia. Equipas com
fazer mais. Ao longo de anos de resultados consistentes de lon- Um valor complexo de entre- um nível adequado de disci-
execução na vida das empresas go prazo. gar, uma vez que demora uma plina e organização tendem a
fui constatando que a capaci- vida a construir, e pode ruir libertar tempo e disponibili-
dade de fazer acontecer não é 2. DISCIPLINA em 10 segundos. É aquele valor dade mental – e meios – para
condicionada pela nossa ida- A disciplina começa pela dis- que, para ser de verdade, tem a inovação e criatividade.
de, mas sim pela nossa vonta- ciplina do próprio – em vez da de ter três coisas alinhadas: o A consistência permite-
de. A ambição, quando existe, disciplina dos outros. A disci- que sentimos, o que dizemos e -nos desenvolver uma me-
tem de se ver e de se sentir. Não plina, só por si – como um fim o que fazemos precisam de es- lhor versão de nós próprios.
chega dizer que se é ambicio- em si mesmo –, tem um valor tar no mesmo comprimento de A disciplina permite assegu-
so, nem individualmente, nem limitado. Já a disciplina como onda [alinhados]. A consistên- rar que somos capazes de, no
coletivamente. A ambição tem uma ferramenta – ou um valor cia e a disciplina deste alinha- longo prazo, progredir. A cria-
de se ver em ações e comporta- de comportamento humano –, mento são muito desafiantes. tividade é essencial no empre-
mentos, que são consequência que nos permite ser autodisci- Ainda não há muito tempo – endedorismo que nos falta, e
de um sistema mental que se plinados, é um conceito muito aconteceu comigo –, um colega o sucesso é conseguir – de
vai desenvolvendo ao longo da poderoso. Disciplina é diferen- ouviu-me dizer algo em rela- forma visível e quantificada
vida. Alguns valores, compor- te de obediência, e mais dife- ção a um tema que não condiz – entregar o que nos propo-
tamentos ou decisões delibera- rente ainda de obediência cega com o que sinto, nem com o mos. A ética – individual, com
das podem contribuir melhor [um tema a desenvolver com que faço quando confrontado enorme impacto no coletivo –
para desenvolvermos pessoas, profundidade um dia destes…]. com esse assunto. Fiquei tran- deve ser o elemento charneira
organizações e sociedades mais quilo, porque o que senti e o para “controlar a ambição”.
ambiciosas: 3. SUCESSO que fiz estavam lá: bastou pe- Esta é a ambição que te-
Ter sucesso não é ter potencial dir desculpa, corrigir a palavra, mos de construir, em vez de
1. CONSISTÊNCIA para ter sucesso. Ter sucesso é e seguir em frente. A confiança apenas se falar.
O meu amigo Pedro Veloso – entregar – fazer acontecer –, de consistente é a alavanca para a Esta é a ambição em que
empreendedor – escreveu The forma visível e factual, aquilo a construção de uma robusta re- acredito. Esta é a ambição que
Power of Consistency: one que nos propomos. O sucesso putação. nos falta! E
É NA PREVENÇÃO
QUE ESTÁ O FUTURO
Atualmente, tanto gestores como empre- existe a valorização de resíduos/subprodu- Pessoas. A iniciativa inclui diversos bene-
sas percecionam a prevenção e a segu- tos de outras indústrias, assim como da fícios, como um cartão de descontos para
rança como pilares fundamentais em própria indústria (incorporação de 80% a todos os trabalhadores e familiares em es-
qualquer negócio. Esta visão reflete-se 90%). Esta unidade incorpora uma estação tabelecimentos locais, oferta de kits bebé
num propósito maior que vai muito além de tratamento de águas industriais (ETA- a todas as futuras mães, gratificações de
do mero cumprimento da legislação, é RI) e um forno contínuo mais eficiente, do assiduidade, acompanhamentos médicos
um fator essencial e que se encontra di- mais tecnologicamente avançado, já com semanais, e ainda a realização de eventos
retamente ligado à Sustentabilidade e ao pré-instalação de sistema para hidrogénio. motivacionais todos os meses.
sucesso das empresas e das suas Pessoas.
Consciente da especial importância da EDENRED PORTUGAL, S.A CATEGORIA Nesta terceira edição do Prémio Inovação
prevenção e da gestão de risco em con- PATRIMÓNIO em Prevenção, destacam-se ainda as em-
texto empresarial, a Ageas Seguros, mar- A Edenred Portugal, S.A, foi reconhecida na presas que receberam uma menção hon-
ca do Grupo Ageas Portugal, investe, categoria Património pelo seu trabalho de rosa, como a Sociedade de Empreitadas
anualmente, no Prémio Inovação em desenvolvimento de um conjunto de ini- e Trabalhos Hidráulicos S.A, de Queijas,
Prevenção, que tem o propósito de pre- ciativas de proteção do seu negócio, quer na categoria Ambiente, e a PRK Atlantic
miar as melhores práticas empresariais, ao nível da segurança das suas instalações Hotel Lisboa S.A. e PHC – Software, S.A,
incentivando o tecido empresarial portu- e ativos, quer ao nível de cibersegurança. ambas de Lisboa, na categoria Pessoas.
guês a uma cultura de Prevenção – com- Como exemplo, evidencia-se a elaboração
portamento mais seguro e preventivo de um plano de continuidade de negócio, a Acreditar no futuro é apostar na preven-
quer ao nível de acidentes, quer ao nível aposta na cibersegurança e na proteção de ção e na segurança e é com este compro-
de uma cultura de maior segurança para instalações e, ainda, a constante manuten- misso em mente que a Ageas Seguros, em
as Pessoas, Património e Ambiente. ção preventiva e corretiva do edifício. conjunto com a Exame, abraçam esta ini-
Com mais 40 candidaturas do que no ano ciativa, desde a primeira edição, lançada
anterior, a 3.ª edição da iniciativa ascendeu TWINTEX INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES, em 2020, comprometendo-se a dar palco
a mais de 160 candidaturas recebidas, com LIMITADA CATEGORIA PESSOAS a histórias de sucesso, que inspirem ou-
a maioria das empresas a pertencer ao setor A empresa da região do Fundão lançou um tras empresas a seguirem o mesmo cami-
do fabrico e do comércio. Registou-se, ainda, projeto de Responsabilidade Social, para nho. Prevenir comprova-se ser uma gestão
uma percentagem de adesão bastante signi- todos os seus Colaboradores e familiares, mais eficiente de negócios e com impacto
ficativa de empresas do norte de Portugal, no qual é visível a importância e o cuida- no retorno direto de resultados de natureza
mas houve adesão um pouco por todo o país. do da entidade para com as suas Pessoas diversa, desde índices motivacionais e de
De modo a continuar a inspirar para a im- e que lhe valeu a distinção na categoria produtividade, a financeiros.
plementação de boas práticas, a Ageas Se-
guros relembra os três vencedores e projetos
que se evidenciaram durante a 3.ª edição do
Prémio Inovação em Prevenção deste ano:
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 33
Micro
O
Os mais desatentos passarão, sem gran-
de dificuldade, pela grande casa senhori-
al que agora responde por Hotel Valverde
Santar mas que até há poucos meses era a
conhecida [dos locais] por Casa das Fidal-
gas. Uma propriedade que, consta, rece-
beu o nome graças a três irmãs que lá vi-
veram durante muitos anos. A ausência de
descendentes diretos em várias gerações
da família acabaria por colocar a casa e os
sete hectares de terreno nas mãos da Casa
de Bragança, mais concretamente de D.
Miguel de Bragança, irmão de D. Duarte
Pio e último residente da casa.
A fachada discreta que se vê na estra-
da principal de Santar, freguesia de Nelas,
em plena região vitivinícola do Dão, es-
conde uma imponente construção onde
BRUNO BARBOSA
escadarias, colunas de granito, tetos al-
tos, soalhos encerados e pinturas a óleo se
vão revelando em frente dos nossos olhos.
“Estava muito degradada, muito degrada-
da”, dir-nos-á Pedro Mendes Leal, CEO do Hotel Valverde, na Avenida da Liberdade,
grupo Valverde. que abriria portas em 2014 e cuja marca
Mendes Leal gosta pouco de holofo- chegou agora ao Dão.
tes, mas na hotelaria não há quem não Antes desta dedicação quase exclusiva
o conheça. O empresário foi responsável O alargamento à hotelaria – Mendes Leal detém ainda o
pela abertura do Bairro Alto Hotel – que da marca antigo Veneza Hotel, que abrirá em breve
construiu em sociedade com Tavares da com outra marca e está quase a inaugurar
Silva, cuja família é hoje proprietária úni- permite um novo projeto no Porto –, o empresário
ca –, projeto do qual se desligou em 2009 e consistência dedicou-se com sucesso à gestão de par-
unidade à qual nunca mais voltou. “Nun- e conquistar ques de estacionamento, tendo sido CEO
ca mais. Custou-me muito desfazer-me da Emparque (agora Empark) durante
da minha parte mas, por razões de negó- recursos duas décadas. Mas, diz, a hotelaria era
cio, teve de ser”, conta à EXAME, à enor- humanos” quase uma inevitabilidade. Filho de João
me mesa de refeições do Valverde Santar, Mendes Leal, um dos mais proeminentes
inaugurado este verão. À nossa frente es- Pedro Mendes Leal diretores hoteleiros do País, Pedro cresceu
CEO do Valverde
tão umas pataniscas com arroz de feijão, em unidades que lhe deixaram a semente
que acompanham com vinhos Santar Vila que hoje quer claramente fazer germinar
Jardim – dos quais falamos umas páginas em várias regiões do País.
mais à frente. O Valverde Hotel, que entretanto já
O negócio que fez Pedro vender a sua duplicou o número de quartos e cujo res-
quota no Bairro Alto Hotel foi a aposta no taurante tem sido distinguido pela crítica
BRUNO BARBOSA
Santar, devido à cedência Caruncho, nasceu um projeto do qual hoje
da propriedade
também faz parte o Valverde Santar – que
8
surge assim como a unidade hoteleira de
luxo que dá resposta à tentativa de requa-
lificação da região.
E é também das vinhas presentes nos
vários jardins que compõem o Santar Vila
Jardim que nascem as referências com o
mesmo nome, que privilegiam as castas
autóctones e que têm ajudado a elevar a
MILHÕES
notoriedade do Dão.
PORQUÊ SANTAR?
Investimento
“Eu gosto da região. E naturalmente hou-
O projeto representa um investimento
ve aqui uma oportunidade”, resume o CEO
global de €8 milhões e usufruiu de €1,9
milhões em fundos comunitários do agora grupo Valverde. Ainda que só haja
duas unidades a operar sob a marca, o res-
21
ponsável não afasta o surgimento de novos
projetos para juntar ao portefólio. A oportu-
nidade era a Casa das Fidalgas que, devido à
BRUNO BARBOSA
325
lugar à Avenida da Liberdade. Consta que ponsável. O que significa que a Casa de Bra-
no século XII era esse curso de água que gança, sócia de Mendes Leal neste projeto,
alimentava as chamadas hortas de Valver- detém uma posição de aproximadamente
de, que abasteciam a cidade. 25%. Houve também “um importante in-
O crescimento da marca para Santar centivo por parte do COMPETE 2020, que
acontece de forma orgânica, e pela liga- nos apoiou através do FEDER” no âmbito
ção que o empresário já tinha à região, de do Sistema de Incentivos à Inovação Em-
onde é natural parte da família. “O alar- presarial, que resultou num apoio de €1,9
gamento da marca permite consistência
e conquistar recursos humanos”, refere
ainda Mendes Leal. “Faz sentido, como
euros milhões. O restante capital foi garantido por
Pedro Mendes Leal e um conjunto de outros
sócios minoritários.
Preço por noite
marca, crescer e estabelecer-se com coe- A diária, com alojamento e pequeno- “Mantivemos praticamente todo o re-
rência e solidez, o que facilita também -almoço, começa atualmente nos €325 cheio da casa, o que resultou num espó-
pensar na nossa estratégia numa lógica por quarto. É possível que o preço suba lio maravilhoso”, continua o responsável
de serviço” de excelência. com o aumento da procura enquanto olha de relance para a enorme
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 35
Micro
BRUNO BARBOSA
JOEE WONG
BRUNO BARBOSA
BRUNO BARBOSA
mais baixas. Por outro lado, a tranquilidade Mendes Leal no início da nossa conversa.
do staff – e o ritmo com que as pessoas de Para o CEO do Valverde, a sua presença não
Santar levam a vida, ao sabor do que manda pode nunca ofuscar o trabalho que é feito
a Natureza e não do que parecem mandar pela equipa que, em redor da nossa mesa e
as cidades – reduz também o passo dos que Não são pelas divisões do hotel, faz com que a ex-
vieram até aqui para passar uns dias. as pessoas periência de quem passa por aqui seja es-
Entre a piscina exterior aquecida, o SPA, pecial. É por isso, justifica, que prefere ser
a piscina interior ou as diversas atividades mas as parco em palavras enquanto espera que os
que podem ter lugar em redor da proprie- instituições projetos que desenvolve falem por si. E se,
dade, é fácil esquecer que há ponteiros de que têm até agora, Mendes Leal tem surpreendido
relógio a girar rápida e ininterruptamente. pelas apostas nem sempre óbvias e pela ele-
Claro que convém lembrar a hora da reser- de valer vada qualidade do que oferece – que se tem
va no restaurante Memórias, onde o chefe por si” traduzido também num negócio com ele-
Luís Almeida, natural de Viseu e com cartas vada solidez –, o responsável deixa antever,
dadas em alguns renomados restaurantes Pedro Mendes Leal com um brilho nos olhos, que pode não fi-
CEO do Valverde
internacionais, dá à gastronomia portu- car por aqui no que a projetos diferentes diz
guesa o palco que ela merece. Sem grandes respeito. “Mas isso fica para depois”, atira
invenções, mas com uma técnica elegante com uma gargalhada. “Assim que houver
e cuidada, privilegia os ingredientes da re- novidades, conto-lhe. Mas agora vou traba-
gião e muitos deles crescem em redor do lhar para as poder ter”, diz sem acrescentar
Valverde Santar. outra palavra e abandonando a sala com um
“Não são as pessoas, mas as instituições, sorriso divertido.
que têm de valer por si”, dir-nos-ia Pedro Haverá outro Valverde à espreita? E
“O que lidera
a prosperidade
de um País
é o seu trabalho”
O presidente da Associação de Empresas Familiares
falou à EXAME sobre os desafios – e as soluções
– que o País e as empresas enfrentam, no arranque
das comemorações do 25º aniversário da AEF
Texto Margarida Vaqueiro Lopes Fotografia José Carlos Carvalho
A
redução de impostos é iniciativas, que querem ajudar a pensar o
desejável, admite Peter tecido empresarial e o País, com um con-
Villax, mas não é a solu- gresso que já tem a presença confirmada
ção mágica para um País de Marcelo Rebelo de Sousa e do ministro
mais próspero. O CEO da da Economia, António Costa Silva.
Mediceus e chairman da Bionova Capital
for Health, que preside também à Associ- As empresas familiares continuam a ter
ação de Empresas Familiares, acredita que muito peso no nosso país, mas, por ve-
o sucesso de Portugal passa pela simplifi- zes, parece que há uma dissociação en-
cação das leis e pelo aumento da previsi- tre o que elas fazem e o que as pessoas
bilidade jurídica, pela melhoria da gestão pensam delas – que são pequenas, pouco
dos dinheiros públicos e pelo aumento da relevantes… No entanto, temos exemplos
eficácia dos serviços e ainda pela capaci- como a Delta e a Jerónimo Martins, que
dade de o Governo olhar para as empresas estão entre as maiores e as melhores de
como parceiros, e não como adversários, Portugal. Sente esta dissociação? Mas temos empresas como a Bial...
reconhecendo as que melhor pagam, cres- Falou da Delta, que é a empresa familiar Ainda não cheguei à Bial ou à Hovione [ri-
cem e as que mais inovam. portuguesa com a melhor comunicação, sos], que não são características das em-
Muitas delas, recorda, são organizações não apenas como empresa familiar mas presas familiares portuguesas, as quais
familiares, que recorrentemente dão pro- também como empresa de excelência. efetivamente costumam estar em setores
vas de resiliência, agilidade e capacidade Afirma-se enquanto empresa familiar com bastante tradicionais, e isso tem que ver
de inovação, sobretudo em tempos de cri- orgulho de o ser. Sobre a dissociação... As com a necessidade de capital. Quando
se. No arranque das comemorações dos 25 empresas familiares não se dão a conhecer. eu começo uma empresa, se recorrer ao
anos da Associação de Empresas Famili- Normalmente os respetivos gestores não capital da família, consigo arrancar com
ares (AEF), Peter Villax quer o executivo gostam de falar com a comunicação social, uma empresa muito mais facilmente. Isso
e as empresas a trabalhar juntos, rumo a e como não gostam, não aprendem a falar é comum em setores tradicionais. Mas vol-
um crescimento sustentado do PIB de, pelo com ela. Portanto, a imagem que existe na tando à dissociação: a Jerónimo Martins é
menos, 4%. “Se a Irlanda consegue, nós opinião pública é multifacetada: a empresa claramente vista como uma empresa fami-
também conseguimos, porque o aumen- familiar é a mercearia da esquina, que tem liar, a Sonae também – são ambas dirigidas
to do PIB é a solução, não para todos, mas lá o pai, a mãe e o filho; é a PME do Norte por filhos de grandes presidentes. Nenhum
para grande parte dos nossos problemas e ou de qualquer distrito do Interior do País, deles fundador, mas tanto o eng. Belmiro
do mal-estar, que temos no País”, garante. que está a crescer, que opera num setor não Azevedo como o sr. Alexandre Soares dos
No final deste mês, a 19 e 20 de outubro, necessariamente de tecnologia, mas, pelo Santos transformaram as empresas, que já
a AEF dá o pontapé de saída num ano de contrário, num setor tradicional... existiam, em colossos.
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 39
Micro
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 41
Micro
MERCADO
Madeira:
sem travão
no imobiliário
A JLL expandiu a sua presença no mercado
nacional e inaugurou a mais recente loja em pleno
centro do Funchal. Um mercado que já é o quarto
mais caro do País e cuja dinâmica os responsáveis
políticos garantem que não irão refrear
Texto Marta Marques Silva
É
mais um ponto no ma- tugal, acredita que a tendência não esta- consultores e mediadores –, mas que é na
pa-mundo que cobre a rá esgotada: “É um mercado que vem de habitação que residem as principais ex-
parede lavada do novo níveis de preços mais baixos e, portanto, pectativas: “Onde sinto uma maior vonta-
escritório da JLL. A bi- poderá existir ainda alguma margem para de de investir por parte dos nossos clien-
centenária empresa de subir”, salientando que, na última década, tes é no residencial. Pela escassez de novos
construção e imobiliário, que tem sede praticamente não se construiu na Madeira projetos, mas também pela vontade, não
em Chicago, chegou este mês à Madeira, – “É um mal nacional”. só do mercado doméstico, mas também
seduzida por um mercado dinâmico, que Esta é a 8ª loja da marca em Portu- do mercado internacional, de investir em
não foge à tendência do continente. O úl- gal, cinco das quais foram inaugura- imobiliário residencial na Madeira.”
timo ano foi de recordes absolutos, tan- das desde o início de 2021, à medida Uma procura alavancada nos últimos
to em número de fogos vendidos quan- que a empresa alargava a sua aposta a um anos pelo boom turístico na região. Eleita,
to em valor. O preço do metro quadrado mercado residencial em ebulição. A imo- em 2022, pelo 8º ano consecutivo, como
nesta Região Autónoma atingiu, no pri- biliária, que tem representação física em Melhor Destino Insular do Mundo, pelos
meiro trimestre do ano, os €1 582, supe- Lisboa, Porto, Cascais, Oeiras, Comporta, World Travel Awards, a região atingiu, em
rado apenas pelas áreas metropolitanas Algarve e, agora, também em pleno cen- 2017, o recorde de dormidas que, nesse
de Lisboa e Porto e pelo Algarve. Ainda tro do Funchal, assume que haverá uma ano, superou os 8,3 milhões – subiu 43%
assim, Pedro Lancastre, CEO da JLL Por- aposta em projetos turísticos – enquanto em dez anos. À pressão do turismo, com
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Micro
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em valor. “Há um ajustamento que con- de rentabilidade para os proprietários: “Na em cima da tributação que já existia, é um
sideramos perfeitamente natural, na Ma- Madeira, os imóveis afetos ao alojamento desastre. Nós não vamos aplicar estas me-
deira e no País como um todo. Hoje quem local aumentaram cerca de mil unidades, didas aqui no Funchal. Julgo que na região
compra são as pessoas com mais capacida- só este ano. Não é possível existir uma res- também será esse o caminho.”
de económica e com menor tendência para posta com esta dimensão por parte da ho- Miguel Albuquerque confirma: “So-
recurso ao crédito, ou ao crédito total.” telaria. A opção mais imediata é aproveitar mos contra a interferência do Estado no
o stock já existente, que permite rentabili- mercado de arrendamento e no mercado
MERCADO LIVRE dades maiores para os seus proprietários, imobiliário. Somos contra o excesso de tri-
Apesar da conjuntura, foram vendidos 4 o que atrai pessoas para a sua aquisição, butação sobre as transações imobiliárias
142 fogos na Madeira em 2022, no valor aumentando o preço.” e sobre todas as componentes do inves-
total de €841 milhões – mais 16% e 38%, Uma dinâmica onde os responsáveis timento imobiliário. E, por conseguinte,
respetivamente, face ao ano anterior – e políticos da região não querem interferir. entendemos que a falta de habitação em
Pedro Calado, presidente da Associação de Na condição de presidente da Câmara Mu- Portugal não resulta da prosperidade do
Municípios da Região da Madeira, assegu- nicipal do Funchal, Pedro Calado assegu- setor imobiliário, nem do alojamento lo-
ra que há espaço para mais crescimento. ra: “Não vamos acabar com o alojamento cal, resulta de uma insuficiência do Estado
“Só no setor do Funchal, temos previsto, local, nem de perto nem de longe.” Sus- em colocar casas acessíveis no mercado.”
nos próximos quatro a cinco anos, um tenta que, das dez freguesias que com- Diz, por isso, que as recentes medidas de
crescimento muito acentuado, em todos põem o concelho do Funchal, apenas uma controlo do mercado imobiliário apresen-
os segmentos. Não só no segmento mé- tem um rácio, de número de alojamen- tadas pelo executivos de António Costa –
dio, médio/alto, mas também no segmen- tos sobre o número de fogos residenciais, como o fim dos vistos Gold, os limites à
to mais baixo, criando oportunidades para superior a 25%, ficando a média abaixo atualização dos preços de arrendamento,
os jovens e jovens casais, com rendimen- dos 7%, além do importante papel que novas licenças de alojamento local mais
tos mais baixos.” este segmento tem desempenhado na re- restritas ou a sua tributação adicional –
Paulo Pereira, presidente da Ordem qualificação urbanística, nomeadamente não serão replicadas na Madeira. “Neste
dos Economistas da Madeira, salienta que do centro histórico, e do impacto econó- momento, o que nos interessa é manter
o imobiliário é um ativo de preservação de mico na região. “Há centenas de famílias o crescimento do imobiliário, que espe-
valor face ao impacto da inflação na des- com postos de trabalho que estão criados ramos que atinja os €1 000 milhões este
valorização da moeda, além do importante e constituídos no alojamento local. Acho ano, e que contribua para o maior PIB al-
papel que tem desempenhado em termos que esta tributação acrescida, de mais 15% guma vez registado na região.” E
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F I L I PA PAT O & W I L L I A M W O U T E R S
Os vinhos
puros da agricultura
biodinâmica
É no meio do campo, que se sente feliz. A engenheira química,
que se tornou enóloga e viticultora, quer também ser agricultora,
contribuindo para a biodiversidade e a harmonia entre terra
e cosmos. Dá nova vida às vinhas velhas e recupera as castas
tradicionais da região, onde a Baga é rainha
Texto Cesaltina Pinto Fotografia Lucília Monteiro
F
ilipa Pato colhe uma uva nos conduz, num pequeno todo-o-terre-
de um cacho e prova: “Hu- no, por entre as suas pequenas parcelas
uummm! Já estão boas. de vinha, que, distribuídas, aqui e ali,
Esta baga, criada desta somam já, no total, cerca de 20 hectares.
forma, tem um aroma e Cada vez mais apostada em fomentar
uma fruta fantásticos. Neste ano, a pro- a biodiversidade, conta como usa “o ver-
dução até é boa. Vamos começar a vindi- gueiro”, “um ótimo antifúngico”, para atar
mar já para a semana. Amadureceu mui- a videira ou fazer infusão para aplicar na
to cedo...” Estávamos na segunda semana vinha; como utiliza os rebentos de cana,
de agosto, quando a fomos encontrar nas que, por passarem por entre as rochas, ali
leiras de vinhas velhas, em Casal Comba, têm muito silício; como pretende “plantar
Bairrada, numa zona que fica apenas a 15 aveia, porque é boa para tirar a grama”, ou
km do mar. A folha da videira apresentava recolher muitas sementes, como o funcho,
um aspeto esbranquiçado. “Pusemos, por que hão de ter utilidade. “Uso muitas in-
causa do calor, um caulino, uma espécie de fusões de várias plantas. Dá mais trabalho,
pó talco, que funciona como protetor solar. mas costumo dizer que fazer biodinâmica ná-las. Fazem uma boa descava. Assim, o
Por isso é que estão brancas”, explica. Nada é como fazer um estrela Michelin: tem de solo não ganha frechas, e as videiras ficam
de pesticidas, herbicidas ou inseticidas in- haver um mise en place, a preparação an- mais protegidas das doenças. Além disso,
dustriais, portanto. tes da aplicação”. Depois da vindima, vai comem as ervas à volta, mas não comem
O que impera aqui é a agricultura bi- mesmo plantar favas e tremoços. “Estou a as cepas.”
odinâmica, um modo de produção agrí- plantar também figueiras e macieiras tra- O barulho do motor de um pequeno
cola, fundada pelo cientista austro-ale- dicionais, até porque os porquinhos tam- trator anuncia a chegada do João, “o ma-
mão Rudolf Steiner, no início do século bém gostam muito de maçãs”, diz, com nager dos porquinhos”. Vem deitar água
XX. Neste processo, a exploração agrícola enorme entusiasmo. nos bebedouros, que também servem de
deve ser autossustentável, proveniente da E os porquinhos – assim mesmo, com banheira. E é vê-los a rebolarem-se, fazen-
harmonia do solo, das plantas e dos ani- diminutivo, porque são pequenos – ali es- do lama. Filipa até fez um curso de pro-
mais, conjugados com os ciclos da terra e tão, felizes, a focinhar na terra, e ela a olhá- dução de leitão, para melhor cuidar deles.
do cosmos e usando recursos da própria -los, embevecida e divertida. “Tenho vári- São já uma dúzia. Os brancos são um cru-
zona geográfica. “Reparem, esta videira as famílias de porquinhos. Como veem, o zamento de vietnamita com bísaro da re-
sobe pela oliveira. Estamos a plantar cada solo está supermobilizado, até parece que gião, precisamente para serem pequenos.
vez mais oliveiras, nestas vinhas velhas. passou aqui um trator.” Num solo com ar- Os pretos são bísaros serranos. Duas porcas
Estão a ver aí as camadas de argila cal- gila calcária, compacto e duro, difícil de estão grávidas, o que significa que a famí-
cária? É fantástico. Também há por aqui cavar, o focinhar dos porquinhos ganha à lia vai aumentar. Também andam por ali
algumas nogueiras, porque os pássaros enxada. “Como não conseguem focinhar ovelhas e a estas juntar-se-ão uma vaca e
as apanham, e são eles que fazem a se- mais do que dez centímetros, não afetam um boi. “É uma forma de limpar e purifi-
menteira”, descreve Filipa Pato, enquanto as raízes das videiras e até ajudam a oxige- car. Os terrenos que tenho comprado, até
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LEICA
Foram-se
os alemães, ficaram
os portugueses
O percurso de Pedro Oliveira, que entrou como estagiário curricular
e ascendeu à administração, é um bom testemunho de como
a unidade produtiva da marca alemã em Famalicão tem evoluído
nestes 50 anos. À herança de “rigor e tradição” juntou-se “inovação
e desenvolvimento” das novas gerações. Maior conquista: o rótulo
“made in Portugal” nos binóculos e miras telescópicas
Texto Cesaltina Pinto Fotografia Lucília Monteiro
Q
uando Pedro Olivei- A coisa foi tão marcante, que nunca
ra entrou pela pri- mais se esqueceu da data. Nem da primei-
meira vez na Leica, ra sensação que teve: “Ei pá, nem chove cá
em Famalicão, para dentro, nem há sol nem vento…”, pensou.
um estágio curricu- “Foi um choque grande e positivo, porque
lar, sentiu que “tinha chegado ao paraí- era muito menos duro do que a realidade
so”. Tinha 23 anos e uma licenciatura em a que estava habituado. Isso deu-me um
Engenharia de Materiais da Universidade imput diferente.” E alguma incapacidade
do Minho. Mas, tão importante quanto para perceber porque raio havia ali colegas
isso, levava na bagagem “uma experiên- a queixarem-se de algumas situações labo-
cia de vida enorme”. Natural de Cabecei- rais, como confessou. Porque este foi o seu
ras de Basto, que traça a fronteira entre o “primeiro emprego com ótimas condições
Minho e Trás-os-Montes, o jovem Pedro de trabalho”.
vivia “num mundo rural” e “num am- Em 2000, esta empresa já contava 27 fotográfica portátil de pequeno formato,
biente duro”. Filho de comerciante, teve anos de presença em Portugal – este ano criada, em 1923, pela dupla Oskar Barnack
de trabalhar e estudar ao mesmo tempo, comemora o seu 50º aniversário. De uma (corpo) e Max Berek (lente), que todos am-
ainda mais quando o pai ficou doente. pequena unidade para montar microscó- bicionavam.
“Estava habituado a andar de sol a pios, em 1973, passou a montar integral- Depois da devastação originada pela
sol, com o meu pai, a carregar caixas mente, em 1977, a Leica R3, assim como II Guerra Mundial, a construção da Lei-
de melões e sacos de castanhas e bata- binóculos. Nesta altura, tinha 180 empre- ca passou, em 1952, a ser feita no Canadá.
tas. A vida de comerciante é lidar com gados e a marca desta máquina fotográfica Foi no início da década de 70 que os três
o público em geral, com reclamações a andava na boca de toda a gente, impulsi- netos de Ernest Leitz, que há mais de dez
toda a hora. A linguagem é rude e bruta onada pela criação, em 1947, da Magnum, anos tinham assumido a gestão da empre-
e, por isso, eu também era um bocado a primeira agência fotográfica do mundo, sa, começaram a procurar uma alternativa
bruto”, conta à EXAME, num dos largos lançada por grandes fotógrafos profissio- na Europa. Os custos na indústria alemã
corredores da fábrica, o agora diretor- nais, como Henri Cartier-Bresson, Robert estavam no auge e muitas empresas opta-
-executivo e administrador da unidade Capa, David Seymour e George Rodger. Ali- vam por deslocalizar recursos, poupando
produtiva da marca alemã em Portugal. ás, a empresa alemã que a concebeu, com nos custos de produção. Procuravam “um
“Estava na vender melões quando me li- sede em Wetzlar, ainda nem se chamava país de mão de obra barata” e que tivesse
garam para vir à entrevista. Carreguei- Leica, mas Leitz, o nome de um dos sócios, “qualificação, competência e capacidade”
-os logo na camioneta, fui para Cabe- Ernest Leitz, mecânico. Só em 1986 é que a para trabalhos finos, minuciosos e de gran-
ceiras de Basto, tomei um banho rápido, empresa, fundada em 1849, pelo também de precisão.
vesti-me e vim para Famalicão. Era uma mecânico Carl Kellner como instituto óti- Entre a instabilidade dos países de
quinta-feira e comecei a trabalhar na se- co para produzir lentes de grande precisão Leste e o país pacífico, trabalhador e bem-
gunda-feira seguinte, 3 de abril do ano para óculos e microscópios, é que assume -mandado da ditadura que encontraram
2000, às 7h15.” a designação de Leica, a marca da câmara em Portugal, a escolha era óbvia. E o Nor-
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A V I D A P O U C O S E C R E TA D A S M A R C A S
Do “Nipplegate”
ao nome da fruta
Nas marcas e nos negócios, as motivações nem sempre
são as mais óbvias. Duas histórias sobre uma ideia nascida
da necessidade e sobre a necessidade de mudar o nome
de uma fruta, para não ferir suscetibilidades
Texto João Barros
A REVOLUÇÃO
DO CONHECIMENTO:
TODOS OS DADOS
NUM SÓ SÍTIO
A nova Lei dos Dados entrou em vigor em setembro, e a Comissão
Europeia prevê que gere €270 000 milhões de PIB adicional, em 2028.
Maria da Graça Carvalho foi relatora deste e de outros documentos
que visam colocar a Europa na dianteira do digital. À EXAME,
a eurodeputada fala das novas possibilidades e do caminho
normativo que tem sido trilhado
Texto Marta Marques Silva Fotografia Marcos Borga
É
É a mais recente peça do puzzle legislati-
vo que quer colocar a Europa na diantei-
ra da economia digital. Publicado em ju-
nho deste ano, o Data Act entrou em vigor
em setembro, mas só produzirá efeitos em
maio de 2025. Até lá, empresas e Estados
têm 20 meses para se adaptarem a uma
nova lógica, que tem como principais no-
vidades a definição da propriedade dos
dados – será que poderá vender os seus
dados no futuro? – e a criação de repositó-
rios comuns, e agregados a nível setorial,
para benefício da investigação e inovação.
O documento – cujas normas deverão
gerar €270 000 milhões de PIB adicional,
em 2028, prevê a Comissão Europeia –
surge na senda de um pacote legislativo
alargado, que materializa a estratégia da
política comum para a “Década Digital da
Europa”. O seu início foi proclamado por
Ursula von der Leyen, durante o primeiro
discurso do estado da União Europeia, em
2020, com o objetivo de atingir a “sobe-
rania digital e tecnológica” do bloco, em
2030. Desde então, o digital tem sido uma Ilustrativa de ambos foi a recente aqui-
componente central no esforço legislativo sição de sete supercomputadores para a
da Comissão, que, no último ano, publi- Europa – um dos quais, inaugurado este
cou o Regulamento dos Mercados Digitais mês de setembro, em Portugal –, ao abri-
e o Regulamento dos Serviços Digitais, a Não entrámos no go da Empresa Comum Europeia para a
lei do regulamento geral, que dá forma à pormenor, que depois Computação de Alto Desempenho, um
estratégia digital para 2030, e agora a Lei programa conjunto entre a UE, países
dos Dados. Prestes a ser ultimado está ain- deve ser gerido europeus e parceiros privados. A inicia-
da o documento que irá reger o desen- por contratos. Mas tiva é estratégica para a soberania digi-
volvimento e a aplicação da Inteligência os dados têm valor, tal europeia, mas, paradoxalmente, estas
Artificial na Europa. Um espaço digital se- máquinas, capazes de processar 10 000
guro, respeitador dos direitos fundamen- e podemos cedê-los biliões de cálculos por segundo, tiveram
tais, aberto, disputável e equitativo, um face a contrapartidas de ser adquiridas fora do bloco. “Existiam
conjunto de valores que está na genéti- económicas” muito poucos fornecedores europeus com
ca deste rol de normas, que não esconde capacidade para apresentarem propostas.
também os objetivos económicos e sugere Maria da Graça Carvalho Percebemos que teríamos de comprar es-
preocupações de segurança geopolítica. Eurodeputada tes supercomputadores fora da Europa”.
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 59
Macro
DÉCADA DIGITAL
Maria da Graça Carvalho é eurodeputada, DA EUROPA coisas”, ou a capacidade de ligar objetos,
eleita pelo PSD, e uma das relatoras de quotidianos – como veículos, eletrodo-
grande parte destes documentos. Em con- Objetivos do Plano de Transição mésticos, edifícios ou até roupa e acessó-
90%
versa com a EXAME, afirma que a Euro- Digital europeu até 2030 rios – em rede, capaz de reunir e transmi-
pa perdeu grande parte da sua cultura de tir dados. Já cunhados como petróleo do
produção, “em geral, mas particularmen- século XXI, os dados são a matéria-prima
te no digital, que é dominado pelos blocos desta nova sociedade do conhecimento,
fora da Europa. E, se temos a ambição de alavancada pelo desenvolvimento da In-
ser líderes mundiais na área digital, temos teligência Artificial, e por uma parte da
de ter essa capacidade de construir”. moldura normativa europeia há muito
A Comissão Europeia acabou por in- aguardada.
troduzir neste pacote incentivos à in- Entre as principais novidades, o Data
Empresas
vestigação científica para a produção de Act define a questão da propriedade: “De
Até 2030, três em cada quatro empresas
supercomputadores “dentro de portas” europeias deverão usar serviços início, antes de sair esta legislação, existia
e assume querer reduzir a dependên- de computação em nuvem, de megadados um conflito. Pense na aviação, por exem-
cia digital face aos EUA e à China. Mais e de Inteligência Artificial; mais de 90% plo: os dados [produzidos pelo avião] são
“musculado” é o Chips Act, aprovado em das PME deverão atingir, pelo menos, da Airbus ou são da companhia aérea?”
20
abril deste ano, que prevê o investimen- o nível básico de intensidade digital O princípio adotado tem sido coerente ao
to de €43 000 milhões para fomentar a longo da estratégia digital europeia – os
produção e o desenvolvimento de micro- dados são de quem os produz, ou seja, “de
processadores em território europeu, ale- quem está a utilizar. Portanto, aqui, são
gando os recentes constrangimentos das da companhia aérea”. Com os necessários
cadeias de produção e de fornecimento, limites reclamados pelos grandes produ-
cujos efeitos ainda se fazem sentir. Para tores, nomeadamente de maquinaria, à
isso, “tem de haver matérias-primas, e proteção da propriedade industrial. “Ti-
algumas delas são matérias-primas críti-
cas, e tem de haver know-how”, aponta
a relatora. “Há pouco tempo, encontrei-
MILHÕES nham receio que fosse possível, por enge-
nharia dedutiva, descobrir os desenhos de
fabricação.” Já os dados do seu automóvel
Qualificações
-me com uma pessoa que esteve presente Pelo menos 80% de todos os adultos serão seus, e não do fabricante. O que lhe
no início da estratégia de Taiwan para os deverão possuir competências digitais permitirá, a prazo, poder dirigir-se a qual-
microprocessadores. Não aconteceu por básicas e deverá haver 20 milhões quer mecânico, e não forçosamente di-
20%
acaso eles serem um dos líderes do mer- de especialistas em TIC a trabalhar na UE retamente à marca, e entregar-lhe os da-
cado de microprocessadores. Existiu uma dos do seu veículo. Ou, na área da saúde,
estratégia, que começou pela capacitação a possibilidade de levar consigo todos os
dos seus investigadores”, enviados para as seus dados médicos e de partilhá-los com
melhores universidades norte-america- qualquer profissional da área que enten-
nas, britânicas e europeias, nas respetivas da. Significa isto que, no futuro, será pos-
áreas. Além dos fundos europeus. “Tem sível vender os seus dados? “Ah sim. Não
de existir uma estratégia em toda a cadeia entrámos no pormenor, que depois deve
de valor, para que seja possível a produção Infraestruturas ser gerido por contratos. Mas os seus da-
ser feita cá e sermos líderes de mercado, A Europa deverá produzir 20% dos têm valor, e poderá cedê-los com con-
que é importantíssimo neste momento.” dos semicondutores de ponta e sustentá- trapartidas económicas.”
100%
veis, fabricados ao nível mundial Mas se uma vez definida a propriedade
A PEÇA QUE FALTAVA dos dados está aberto um mercado poten-
No centro de toda esta cadeia de valor es- cial, já uma verdadeira economia dos da-
tão os dados. Estima-se que, só nos últi- dos, capaz de gerar a vantagem competiti-
mos dois anos, tenhamos gerado 90% dos va da inovação e do conhecimento, só será
dados existentes no mundo, a um ritmo possível a partir de dados agregados. A lei
atual de 2,5 triliões de bytes de dados pro- prevê-o: um repositório comum de dados
duzidos por dia – 80% dos quais não es- setoriais, disponível para instituições de
tarão a ser utilizados. Um fluxo gigante Serviços públicos
investigação e algumas instituições públi-
de informação, alimentado por redes so- Até 2030, todos os serviços públicos cas, mediante a área de atuação, como seja
ciais, motores de pesquisa, pela digitaliza- essenciais deverão estar disponíveis a saúde pública ou a prevenção de aciden-
ção de negócios e serviços, mas também, online; todos os cidadãos terão acesso aos tes e catástrofes naturais. Para isso, estão
cada vez mais, pela chamada “internet das respetivos registos médicos eletrónicos agora a ser gerados os regulamentos seto-
riais – o da área da saúde, entretanto, já foi dominantes, não podem ter o mercado fe-
publicado –, numa tentativa de harmoni- chado. (…) Estão a surgir empresas mais pe-
zar procedimentos e a respetiva compati- quenas na área da nuvem, principalmente
bilização dos dados. “Um dos objetivos é francesas e alemãs, mas não só, e temos de
que as regras sejam harmonizadas, para Temos criar as condições para que elas cresçam.”
que haja um repositório único para cada de aprender Livre concorrência ou protecionismo? A
um dos setores. Porque a ideia é termos eurodeputada defende que o caminho é de
uma facilidade de partilha de dados. Não com quem alianças – “temos de aprender com quem
só no País mas também a nível europeu.” já fez. Com já fez. Com protecionismo vamos andar
Central nesta lei é ainda a questão do o protecionismo muito devagar e não sei se chegamos lá”.
alojamento dos dados. Maria da Graça Car- Já quanto às questões de segurança geopo-
valho nota que 85% dos dados europeus vamos andar lítica, reconhece que “alguns colegas têm
estão armazenados em três grandes em- muito devagar, essa preocupação”, mas, pessoalmente,
presas, “todas elas norte-americanas” – e não sei se descarta essa visão. “Vejo os EUA como
Google, Microsoft e Amazon. Ora, a partir um aliado e, num mundo digitalizado, o
de maio de 2025, será mais fácil mudar de chegamos lá” facto de os dados não estarem armazena-
fornecedor. O documento elimina a possi- Maria da Graça Carvalho
dos na Europa, para mim, não constitui um
bilidade de cobrar uma taxa de saída – tal Eurodeputada
problema.” Anui, no entanto, ao facto de
como acontece hoje –, assim como a impo- também as políticas poderem mudar – “e
sição de quaisquer barreiras artificiais aos nessa altura, se as políticas mudarem, te-
princípios da livre concorrência. “Além de remos de atuar”. E
P O L Í T I C A M O N E TÁ R I A
Entre
a inflação
e a recessão,
BCE espera
para ver
A tendência de aumento de preços
não dá sinais convincentes
de ceder, mas os alarmes
soam cada vez mais alto
– e a contestação política
– nas principais economias
do bloco. A esta
quadratura do círculo,
o BCE responde com
juros recorde e possível
travão nas subidas
Texto Marta Marques Silva
O
dilema não é exclusivo que a inflação – ou a recessão – dite o ca- em -0,5%. A taxa de juro das operações
do Banco Central Euro- minho. Sem excluir novas subidas de ju- principais de refinanciamento, que forne-
peu (BCE). Um pouco ros, o BCE afirmou que, “com base na atu- cem liquidez ao sistema bancário, passa
por todo o mundo, os al avaliação, o Conselho do BCE considera para 4,5%, enquanto a taxa de facilida-
bancos centrais deba- que as taxas de juro diretoras atingiram os de permanente de cedência de liquidez,
tem-se com a questão how much is too níveis que – se forem mantidos, durante que oferece crédito overnight aos ban-
much? Para já, a instituição liderada por um período suficientemente longo – da- cos, aumenta para 4,75% – todas acima
Christine Lagarde parece depositar espe- rão um contributo substancial para o re- dos anteriores máximos históricos, em
ranças no tratamento de choque a que torno atempado da inflação ao objetivo”. 2001, quando os responsáveis pela fixa-
submeteu as economias do euro, no úl- Em conferência de Imprensa, Lagar- ção de juros subiram os custos dos em-
timo ano, à medida que os responsáveis de reconheceu a existência de divisões no préstimos para fazer aumentar o valor do
políticos pedem “cautela e caldos de gali- seio do Conselho, embora garanta que a recém-lançado euro.
nha”, sob pena de se estar a matar o “paci- decisão de aumentar os juros em 0,25% A espelhar a existência de opiniões di-
ente” com o excesso de terapêutica. A re- foi suportada por “uma maioria sólida”. vergentes no seio do Conselho, alguns mi-
união de setembro trouxe nova subida de Com esta última subida, a taxa de depó- nistros das Finanças reagiram com críticas.
juros, a décima consecutiva, para o valor sito do BCE, que é paga sobre os depó- “Já é suficiente!”. A exclamação pertence
mais elevado, desde o lançamento da mo- sitos dos bancos comerciais, ascende aos ao ministro das Finanças francês, Bruno
eda única, em 1999, e assim deverá ser até 4% – quando há apenas 15 meses estava Le Maire, numa reação à chegada para a
EURODÓLAR PRESSIONADO
Evolução da cotação mensal do euro-dólar
2
1,5
1
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0,5
01102004 20092023
Fonte: Yahoo Finance
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 65
Macro
12 INFLAÇÃO PERMANECE
LONGE DO OBJETIVO DOS 2%
10
Evolução mensal da taxa de inflação na Zona Euro
2
JAN 2000 AGO 2023
Fonte: Comissão Europeia
lador, em detrimento de uma recessão – CORTES SÓ EM 2024 do de um novo aumento parece ser alto.
risco, aliás, refletido naquilo que apelidou Para a maioria dos 70 economistas con- Um em cada cinco especialistas conside-
de uma “revisão significativa em baixa” sultados pela Reuters, esta terá sido a úl- ra, no entanto, a probabilidade de haver
das previsões de crescimento até 2025. tima subida das taxas de juro por parte do uma subida adicional ainda neste ano, se
As estimativas dos especialistas do BCE BCE, que as deixará inalteradas até, pelo o crescimento dos salários e o nível de in-
apontam para um crescimento de 0,7%, menos, julho de 2024. “Poderá demorar flação não derem sinais de abrandamento
neste ano, o que fica abaixo dos 0,9% das algum tempo até que o BCE a descreva até dezembro.
previsões de junho. Já em 2024 e 2025, como tal, mas 4% será provavelmente a A nova vaga na subida dos preços da
a economia europeia deverá crescer 1% e taxa terminal”, comentava Mark Wall, energia pode baralhar as contas do BCE,
1,5%, respetivamente, aquém das anteri- economista-chefe do Deutsche Bank, em que, num cenário alternativo, vê a inflação
ores estimativas de 1,5% e 1,6%. declarações à agência, alegando que o far- escalar mais 0,7 e 0,5 pontos percentuais,
Isto num momento em que crescem em 2024 e 2025, respetivamente, por conta
os sinais de apreensão nas principais eco- da fatura energética. Note-se que o preço
nomias do euro, com Alemanha, França, do barril de crude bateu, em setembro, a
Espanha e Itália a registarem uma con- barreira dos $95, máximos de 10 meses,
tração da atividade no setor dos serviços, em resposta à decisão russa e saudita de es-
em agosto, apesar do forte contributo do tenderem os cortes voluntários na produ-
Turismo nas economias mais a sul. Já na ção até ao final do ano. Citado pelo Politico,
Alemanha – que deverá ser o único país Mark Wall, economista do Deutsche Bank,
da moeda única a contrair em 2023 –, a referia que “está a ser sinalizada uma pausa
produção industrial, fortemente expos- prolongada, mas é uma pausa com baixa
ta às exportações, tem sido severamen- convicção. (…) Não existe uma declaração
te atingida com a redução da procura de vitória sobre a inflação”.
global, nomeadamente por parte No cenário central, os econo-
da China. Não obstante os alar- mistas do BCE reveem ligeira-
mes, Lagarde considera que o mente em baixa a trajetória
bloco está a atravessar um longo da subida de preços, exclu-
período de “crescimento muito indo os produtos energéti-
lento”, e não uma recessão, e cos e alimentares, para uma
diz estar “confiante” de que o média de 5,1% em 2023, 2,9%
crescimento irá acelerar, no em 2024 e 2,2% em 2025. Já a
próximo ano. taxa de inflação global é re-
GETTYIMAGES
vista em alta, para 2023 e 2024, e em bai- por Christine Lagarde, que voltou a apelar pesam as perspetivas de um crescimento
xa relativamente a 2025, para 5,6%, 3,2% à supressão destas, sob pena de intensifi- económico frágil, pressionado pelo au-
e 2,1%, respetivamente. carem as pressões inflacionistas a médio mento dos custos dos combustíveis e pela
Se o consenso do mercado não anteci- prazo, o que “exigiria uma resposta ainda elevada exposição à desaceleração da pro-
pa grandes probabilidades de ocorrer um mais forte da política monetária”. cura chinesa. Já após a última decisão do
novo aumento de juros ainda neste ano, BCE, a Reserva Federal norte-americana
também não prevê um primeiro corte das TEMPOS DIFÍCEIS decidiu deixar inalterada a taxa de juro no
taxas antes do segundo semestre de 2024. Há um ténue equilíbrio de forças, em que intervalo de 5,25% a 5,5% e reviu em alta
“Um corte antecipado implicaria o resva- pesam também as perspetivas do merca- as perspetivas de crescimento para 2023 e
lar para uma recessão significativa, e esse do. Em reação ao último aumento de ju- 2024. Jerome Powell sinalizou ainda a pos-
não é o nosso cenário-base”, notava o res- ros, o euro caiu para $1,064, o valor mais sibilidade de mais um aumento das taxas
ponsável pela análise macroeconómica do baixo registado desde março. A fraqueza de juro, até dezembro, e respetiva manu-
Intesa Sanpaolo, Luca Mezzomo, em decla- do euro torna as importações do bloco em tenção no valor mais elevado em 22 anos
rações à Reuters. Para isso têm contribuí- moeda estrangeira mais caras, ampliando por um período mais alargado. A taxa de
do as políticas orçamentais de apoio social, os efeitos da inflação. “Isto é o mercado a inflação é mais baixa nos EUA, 3,7% em
que têm procurado amortecer o fardo da dizer ao BCE que está a apertar demasiado agosto, quando comparada com a Europa,
inflação e das elevadas taxas de juro. Uma e que estas subidas são contraproducen- embora tenha acelerado pelo segundo mês
semana após a última subida de juros, Fer- tes”, comentava nas redes sociais Robin consecutivo – 3,2% em julho.
nando Medina apresentava ao País o mais Brooks, economista no Instituto de Finan- Com as forças G no máximo, a política
recente pacote de ajuda, desta vez dirigido ças Internacionais, uma associação global monetária das principais economias entrou
aos mutuários de crédito à habitação e que da indústria financeira. numa nova fase. Após o sprint inicial – com
inclui, entre outras medidas, um indexante Enquanto atualmente o dólar oferece um ano de subidas consecutivas das taxas
no valor de 70% da taxa Euribor. As me- uma combinação única de fundamentos de juro –, é agora tempo de testar a força
didas de apoio orçamental têm merecido económicos sólidos, taxas de juro elevadas e a resiliência dos blocos. Nas palavras de
reparos por parte da instituição liderada e qualidades de ativo-refúgio, sobre o euro Lagarde: “Os tempos difíceis são agora”. E
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
CHEGOU À ADVOCACIA
O cenário jurídico está a mudar, fruto da evolução da sociedade e da automação digital a que nenhum sector de atividade
consegue escapar. Os desafios são imensos, desde a atração de talento à inteligência artificial generativa, mas os escritórios
de advocacia estão a mostrar a sua capacidade de reinvenção.
inanças, mercado vironmental, Social and Go- dado provas da sua capaci- o onboarding de candidatos
F de capitais, cor-
porações, tran-
sações, litígios,
vernance). Ano após ano, os
desafios escalaram no univer-
so da advocacia, já que, além
dade de inovação também no
domínio tecnológico. E aqui
tem contado com a parceria
estrangeiros a empregos em
Portugal e que alia de forma
inovadora as áreas da advoca-
família, crime, proprieda- dos aspetos legais que têm de das chamadas legaltech, ge- cia e da tecnologia. Ou ainda
de intelectual e tecnologia, dominar, juntaram-se ago- ralmente startups (pequenas o exemplo da Contractuall,
sector público, real estate, ra “novos mundos”, que têm empresas) que usam tecno- uma plataforma que desbu-
eis algumas das muitas áreas necessariamente de acom- logia e software para apoiar rocratiza a realização de con-
de expertise das sociedades panhar, sob pena de ficarem o sector jurídico. As áreas de tratos, ou da LegalVision, uma
de advogados nos dias de para trás na oferta que dispo- intervenção são inúmeras, e solução all-in-one que per-
hoje. Áreas mais ou menos nibilizam ao mercado, às em- vão desde a desburocratização mite ganhos de produtivida-
tradicionais, a que se junta- presas e aos cidadãos. de processos até à contrata- de com a automatização dos
ram nos últimos anos, fruto ção de profissionais. Veja-se processos jurídicos (de forma
da modernidade, outros do- LEGALTECH CONQUISTA o exemplo, entre muitos ou- adaptada a cada gabinete de
mínios, como a ciberseguran- ESPAÇO tros que já existem no merca- advocacia). A plataforma cria
ça, inteligência artificial, ma- Tradicionalmente conotada do português, da Move, uma formulários personalizados
chine learning, e-commerce, como uma área conservadora, legaltech nacional que lançou que automatizam o processo,
proteção de dados ou ainda a atividade de advocacia, e o uma plataforma que facilita a desde a recolha à validação e
políticas como as ESG (En- sector jurídico em geral, tem seleção, contratação, gestão e à garantia de informação ne-
R
econhecida por
prémios brasilei-
ros e internacio-
nais, Brasil Salo-
mão traça oportunidades de
negócios, desenvolve atendi-
mento multidisciplinar e apri-
mora soluções jurídicas aos
seus clientes – estabelecendo
uma ponte segura entre o Bra-
sil e o mercado europeu a par-
tir de Portugal.
Com 54 anos de história e 10 Marcelo Salomão Fernando Senise Gabriel Prata
unidades no Brasil, o escri-
tório Brasil Salomão atua há
cinco anos em Portugal, após cado português e europeu. tribuíram para a abertura das Direito da Universidade de
a instalação das suas unidades Para Gabriel Prata, advogado unidades, como a estabilidade Lisboa (FDUL). E acrescenta
no país – em Lisboa e no Porto. e sócio responsável pela uni- política e económica, o facto que “é crescente a quantida-
A rota para o mercado euro- dade Brasil Salomão em São de Portugal ser membro da de de investidores brasileiros
peu seguiu as diretrizes de um Paulo [e mestre em Tributa- Comunidade Europeia, a re- em Portugal e a fazer negó-
plano estratégico de expansão ção Internacional pela Queen cetividade aos brasileiros e os cios entre os dois países. É
internacional. Atualmente, as Mary (Universidade de Lon- incentivos fiscais e financeiros uma tendência irreversível”,
unidades portuguesas atuam dres) e em Direito Tributário para pessoas singulares e cole- destaca. Por sua vez, Marcelo
nas áreas de direito societário, pela PUC/SP], “o escritório tivas, entre outros. Salomão, sócio presidente da
imobiliário, contratual, fiscal, propicia uma visão conjuga- Fernando Senise, sócio gestor Brasil Salomão, mestre em Di-
laboral, imigração e prestam da das jurisdições portuguesa dos escritórios Brasil Salomão reito Tributário pela PUC-SP
orientação jurídica abrangen- e brasileira e com isso conse- em Portugal, esclarece que e presidente do Lide Portugal,
te, visando oferecer atendi- gue assessorar os seus clientes os serviços prestados dão su- refere que a intenção é ofere-
mento personalizado para as brasileiros nas suas necessida- porte integral aos investido- cer para investidores interna-
mais variadas procuras jurí- des em Portugal e em toda a res brasileiros em Portugal, cionais todo o know-how de
dicas, com soluções específi- Europa, sem perder de vista além de assessorar empresá- experiências no mercado bra-
cas para cada tipo de negócio. eventuais reflexos jurídicos rios portugueses que procu- sileiro e, para os brasileiros, a
Tem uma equipa formada de no Brasil”. Essa atuação mul- ram fazer negócios no Bra- segurança de uma assessoria
mais de 200 advogados nos tinacional foi projetada para- sil. “Aproveitamos a presença presencial, lado a lado, tam-
dois países. Trata-se de um lelamente aos efeitos da glo- do escritório Brasil Salomão bém na Europa. “Vemos as
escritório full service e que, balização e à intensa relação em todo o território nacional nossas unidades em Portugal
como exemplo da sua atuação entre Brasil e Portugal, após brasileiro para garantir tam- como uma porta para empre-
reconhecida no Brasil, presta mapeamento de uma rede de bém aos investidores portu- sários nos dois mercados, que
suporte a investidores e a em- negócios para empresários gueses e europeus segurança são expoentes no cenário in-
presários portugueses e euro- brasileiros. Com essa visão, o jurídica, plena perceção da ternacional.” O jurista, que
peus de forma geral, que já te- escritório Brasil Salomão deci- legislação local e compatibi- também é advogado no Bra-
nham ou pretendam levar os diu instalar-se definitivamente lização cultural entre os dois sil e em Portugal, destaca ain-
seus negócios para o mercado em Portugal. A localização es- países”, explica Senise, que é da que o crescimento da base
brasileiro, bem como a em- tratégica do país foi um ponto advogado no Brasil e em Por- portuguesa é um dos princi-
preendedores brasileiros que inicial atrativo, mas uma série tugal, com licenciatura reco- pais pilares do planeamento
veem o real potencial do mer- de condições e sinergias con- nhecida pela Faculdade de estratégico do escritório.
A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
JURÍDICA PORTUGUESA JAI
É mentação de uma
inteligência arti-
ficial articulada,
Nos EUA e países da Europa
(Espanha, incluída), a JAI já
está à frente em aprendiza-
exclusiva do mundo jurídi- gem computacional jurídica,
co português (JAI). Portu- com ROSS, LawGeex, Kira,
gal é conhecido pela redun- Neota Logic, Henchman, etc.
dância legislativa. Um tema é Precisamos de articular, no
tratado em leis de diferentes nosso território jurídico, toda
áreas. Exemplo: o branquea- a informação e de dar forma-
mento de capitais aparece em ção aos colaboradores dos ju-
direito fiscal, criminal, civil ristas e a estes, para saberem
e bancário. Outro exemplo, como se colocam as questões
quando notificado, a quem à AI. Formar engenheiros de
dirigir-me, legislação, sen- prompt. Mas é uma batalha
tenças sobre o tema. Com a na qual a nossa Ordem talvez
prolificação legislativa apa- nos possa ajudar.
receram nas grandes cidades A JAI que a TMA&CC procura
profissionais do direito que precisa de personalizar res-
se dedicam a áreas definidas. postas, criar avatares jurídi-
Não é raro, em julgamentos e cos dos membros da nossa
em negociações de contratos, equipa; nós, humanos, cor-
comparecerem equipas mul- rigimos e melhoramos o tra-
tidisciplinares. A JAI facilita- balho final. O futuro é este.
ria a articulação. Túlio Machado Araújo, da TMA&CC – Sociedade de Advogados RL Sem termos JAI perpetua-se
Na TMA&CC, no diálogo com a desarticulação legislativa
a JAI, estamos na fase da e de jurisprudência e a fal-
aprendizagem de engenha- de formulários, sentenças e Obtida a informação, cada ta de produtividade. Além
ria de prompt (formulador de leis: https://www.pgdlisboa. um de nós tem uma perso- da qualidade, precisamos de
questões à JAI), para simpli- pt/leis/lei_main.php, https:// nalidade própria, que nos di- rapidez. Daqui a necessida-
ficar a intervenção humana diariodarepublica.pt/dr/ ferencia. Dentro dela temos a de de criar a pessoa digital,
no final. Por outro lado, au- home e http://www.dgsi.pt/. nossa zona de conforto. Diz- a somar à pessoa singular (a
mentou a exigência na velo- Mas nós não carecemos de -se: onde há dois advogados, pessoa humana) e à pessoa
cidade de respostas jurídicas motores de busca. há quatro pareceres diferen- coletiva (empresas e institui-
fundamentadas e específicas. Precisamos de uma JAI que tes. Mas gostar de ler o gran- ções). É necessária uma pes-
Já não conseguimos respon- auxilie os profissionais a de tribuno romano Túlio Cí- soa digital responsável pelos
der com a urgência que nos articular toda a informação, cero não é querer plagiá-lo. seus atos. A sua aprendiza-
exigem. Memória humana e externa e interna, dos nos- Na TMA&CC começamos gem computacional decor-
velocidade a ler e escrever são sos escritórios, trabalhos an- pelo ChatGPT (já desatualiza- re de si e do seu engenheiro
limitadas. A novidade legisla- tigos, memórias passadas e do, dados de setembro 2021) de prompt, e não do criador
tiva é diária. Ao “pedirmos” a situação presente, perso- para o esqueleto base de um da JAI.
à JAI para minutar um texto, nalizar ao utilizador, anteci- contrato, um parecer, uma Finalmente, haverá que ar-
vemo-lo a ser escrito em se- par, ajudar a corrigir textos e petição. Já ultrapassámos a ticular as leis da robótica e
gundos, à nossa frente. documentação de suporte e fase em que a AI respondia as necessidades jurídicas de
Para testar a quantidade de automatizar procedimentos “deve consultar um jurista”; defesa de atos ilícitos. JAI es-
informação, acede-se a sites internos. criamos abas de prompt e a tamos atrasados.
2023’24
PORTUCALENSE
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O DIREITO ADMINISTRATIVO
E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
m dos âmbitos do capaz de “pensar” como um
U direito adminis-
trativo consiste
na regulação das
ser humano, consegue, nas
decisões administrativas que
venha a tomar, assegurar os
relações entre a Administra- princípios basilares da rela-
ção Pública e os particulares ção entre uma Administra-
(sejam pessoas singulares ou ção Pública democrática e os
pessoas coletivas). Desde o particulares que com a mes-
aparecimento do direito ad- ma interagem, como sejam
ministrativo, após a Revolu- os princípios da igualdade,
ção Francesa, que o mesmo da não discriminação, da im-
se tem vindo a adaptar à evo- parcialidade, da proporcio-
lução própria de cada tempo nalidade e da transparência
histórico. Neste nosso tempo (seguramente que será tare-
temos uma realidade incon- fa desafiante a criação de al-
tornável com a qual o direito goritmos que, a todo o mo-
administrativo vai ter de vi- mento, salvaguardem estes
ver e conviver: a inteligência princípios). Outra dimensão
artificial (IA). E se há ramo interessante prende-se com
do direito no qual o algorit- o controlo (administrativo e
mo convida a uma reflexão judicial) das decisões toma-
séria o direito administrati- das pela IA, que se podem
José Luis Esquível, advogado
vo é seguramente um deles. reportar à questão de saber
Basta pensarmos que as de- como se desenha o modelo
cisões da Administração Pú- de impugnação e de recurso
blica no futuro (e em alguns gula que modelo de IA deve de que, neste caso, não existe das decisões administrativas
casos já no presente) são to- a Administração Pública uti- uma relação formal de hie- tomadas pela IA. Recorde-se
madas pela IA. Esta realidade lizar. Na medida em que a IA rarquia, de competência de- que a justiça administrativa
coloca questões relevantes e possa participar ou mesmo legada que permita o con- ao longo da história já conhe-
de resposta não necessaria- criar decisões administrati- trolo ou a supervisão efetiva ceu vários modelos, e uma
mente fácil ou imediata. É vas, uma base legal inexis- da prática de tal ato. Outra justiça administrativa para a
certo que o impacto da IA tente ou deficiente tem, no particularidade da IA reside IA ou até moldada pela pró-
no direito administrativo plano do direito administra- no facto de a Administração pria IA, a que poderíamos
depende, naturalmente, do tivo, uma consequência ime- Pública (na quase totalidade chamar “justiça do algoritmo
sistema de IA utilizado, uma diata e fatal: a ilegalidade da dos casos) ter acesso à mes- ou da engenharia informáti-
vez que existem sistemas decisão administrativa to- ma através de parceiros pri- ca”, deixa pelo menos a dúvi-
de IA de raciocínio simpli- mada pela IA. Outro ângulo vados, que concebem, forne- da de saber se o ser humano
ficado, mas existem outros de análise prende-se com a cem e mantêm soluções de não deve já ponderar, no que
mais complexos, com ca- posição da IA no quadro da IA, o que gera aquilo a que ao direito administrativo diz
pacidade de aprendizagem organização da Administra- poderemos chamar de “ati- respeito, uma “reserva admi-
e de elaboração de soluções ção Pública. Não sendo a IA vidade administrativa fora da nistrativa humana” dentro da
não predefinidas. Regendo- um funcionário da Adminis- Administração Pública”, com qual a IA não pode entrar.
-se a Administração Pública tração Pública, sempre que a todos os riscos que tal pode Admirável e estimulante o
pelo princípio da legalidade, mesma produza uma decisão comportar, por melhores, tempo em que vivemos.
cabe saber como se articula a administrativa a situação as- mais seguros e mais redun-
IA com este princípio, desde semelha-se àquilo que algu- dantes que sejam as soluções
logo porque à data de hoje a ma doutrina chama de “de- que alojam a IA. Um quarto
legislação não prevê nem re- legação de facto”, com a nota desafio está em saber se a IA,
C evolução tecno-
lógica, a socieda-
de exige cada vez
Porém, há que reconhecer
os benefícios efetivos na uti-
lização destas ferramentas.
por exemplo, a pesquisa de
doutrina e jurisprudência,
a elaboração e revisão de
intervenientes nos processos
e aplica recursos de automa-
ção que proporcionam gan-
mais soluções simplificadas Recursos anteriormente alo- instrumentos contratuais, a hos significativos em produ-
e rápidas. No sector jurídi- cados à realização de tarefas análise documental em pro- tividade e controlo, de forma
co, em especial, também se simples e segura. Permite, por
torna premente acompanhar exemplo, que as notificações
esta evolução, sobretudo re- constantes do Citius e do Sitaf
lativamente a processos e sejam automaticamente dis-
procedimentos, e acompa- tribuídas.
nhar o mercado na sua ve- Está em soft opening na RSA
locidade, sob pena de perda um programa de gestão de co-
de competitividade e de agi- nhecimento que permitirá o
lidade. acesso a vários documentos.
Paradoxalmente, com o cres- Através deste programa se-
cimento dos meios tecno- rão ainda fornecidas minutas
lógicos surgem ameaças a preenchidas automaticamen-
valores vitais, como é o da te com os dados do cliente em
confidencialidade. A ado- questão. Já no seguimento da
ção de medidas de cariz tec- Lei n.º 93/2021, de 20 de de-
nológico, em concreto nas zembro, foi implementado na
sociedades de advogados, RSA o chamado Whistlebot,
implica, obrigatoriamente, que facilita o acesso a canais
à implementação de fortes de denúncia. Além disto, a
medidas de segurança, que RSA participa e apoia diversas
garantam a proteção dos da- conferências que fomentam o
dos de clientes e informação debate relativo às novas tec-
dos processos. nologias e IA, procurando es-
Rita Montalvão,
Inerente a esta evolução tar sempre na vanguarda den-
managing partner da RSA – Raposo Subtil e Associados
tecnológica, a inteligência tro do seu sector profissional
artificial (IA) tem, paula- quanto a estas matérias. A
tinamente, ocupado maior IA deve ser vista como uma
terreno em muitas áreas. repetitivas são hoje alocados cessos de due D«diligence, oportunidade, pela mudança
Existe, no entanto, alguma a outras de maior comple- a análise da viabilidade de que provocará no mercado,
desconfiança dirigida à IA, xidade intelectual ou com sucesso pela via contenciosa abrindo portas a sociedades
nomeadamente no sector maior foco na relação com o e até mesmo chatbots. com menor peso em recur-
jurídico. A regulação destas cliente e nas suas necessida- Na RSA são já muitas as ini- sos humanos.
tecnologias, nomeadamen- des. ciativas tecnológicas e de A RSA mantém, no entan-
te da IA, deve ser tida como A “eficiência de processos” automação adotadas que fa- to, a consciência de que um
prioritária, de modo que a é o maior dos benefícios da cilitam o trabalho dos seus excelente advogado vai mais
sua utilização seja feita de evolução tecnológica reco- profissionais, aumentando além de um texto gerado por
forma responsável, ética e nhecido e alcançado nos úl- a sua eficácia e eficiência. um algoritmo preditivo avan-
segura. A prudência e as re- timos anos. O programa de software ju- çado, continuando a destacar
gras de ética e deontológicas No sector jurídico a IA tem, rídico utilizado diariamen- as capacidades humanas de
impedem que estes instru- cautelosamente, criado raí- te na RSA por todos os seus empatia, confiança, equilí-
mentos sejam utilizados com zes, existindo já escritórios colaboradores, cada vez mais brio e justeza dos seus pro-
a mesma abertura, por com- de advocacia em Portugal sofisticado, possibilita a inte- fissionais, que serão sempre
paração com áreas de menor com sistemas de automação gração de informações prove- insubstituíveis.
NAS RELAÇÕES contratos com um novo projeto centrado numa plataforma online
que permite celebrar qualquer tipo de contrato criado por advogados.
A
inovação tecnológica é um aspeto fundamental da minutas personalizáveis e com assinatura digital.
estratégia de uma organização virada para o futuro e O utilizador tem apenas de selecionar o contrato do seu interesse
a relação advogado-empresa passa, necessariamente, no site da empresa e ativar as cláusulas que se enquadram no seu
pelo crescente recurso a tecnologia. A prestação de
caso específico para personalizar as áreas que pretende, garantindo
serviços jurídicos com recurso a tecnologia proporciona, entre
a adequação do contrato às necessidades das partes envolvidas.
outros aspetos, ganhos de
A plataforma oferece a flexibilidade de escolher entre a assinatura
eficiência, elevados padrões
de qualidade, otimização de digital ou impressa, de acordo com as preferências do utilizador. As
processos e de custos, com cláusulas disponíveis são inúmeras, tal como as variantes do mesmo
claros benefícios para os clientes contrato, o que possibilita criar contratos exclusivos para cada caso.
e libertação dos advogados para De acordo com os responsáveis da plataforma, as minutas são
tarefas de maior complexidade desenvolvidas por advogados, garantindo a legalidade do documento.
e valor acrescentado. Esta é já Porém, a celebração de um contrato na Contractuall não dispensa a
uma realidade e uma aposta Mónica Moreira, managing consulta de um advogado, particularmente nos casos mais complexos.
clara para a CTSU, em linha partner da CTSU, a Deloitte A criação da empresa foi motivada pela necessidade de celebrar
com a rede internacional legal practice
em que nos inserimos. Neste contratos, a maioria deles com cláusulas complexas, com que as
sentido, dispomos de um conjunto de ferramentas tecnológicas, pessoas se deparam ao longo da vida, bem como reduzir a morosidade
nomeadamente de gestão do conhecimento (KM), de análise e os custos envolvidos nestes processos. A Contractuall procurou
documental para due diligence (o Kira – software patenteado que desenvolver uma solução que ajudasse a resolver estes problemas.
identifica, extrai e analisa conteúdos em contratos e documentos O facto de permitir ativar várias cláusulas torna a experiência
com grande eficiência), de automatização de contratos e personalizável e mais transparente, já que ficam definidas as
documentos com base em modelos, entre outras, que proporcionam obrigações e os direitos de cada parte envolvida no contrato. Por
os referidos ganhos. Dispomos igualmente de soluções inovadoras
exemplo, ao emprestar um imóvel a um amigo, existem inúmeras
que envolvem o uso de tecnologia de forma interativa com os nossos
combinações possíveis de cláusulas, permitindo a criação de um
clientes e que lhes permitem, por exemplo, ter acesso direto às
principais informações e ao estado atual de diferentes processos, tais contrato quase único para cada situação. Em contratos como o de
como processos judiciais, contratos e a documentação societária, arrendamento, a plataforma pode ainda submeter fotos da habitação
bem como soluções de apoio aos departamentos jurídicos e como anexo. No documento fica claro o que cada um tem de fazer e as
de compliance internos das empresas. Em complemento às suas penalizações em caso de incumprimento.
inovações e soluções tecnológicas já mencionadas, a inteligência
artificial generativa será, naturalmente, um dos maiores desafios
e oportunidades no futuro da prestação de serviços jurídicos. É
fundamental o acompanhamento da evolução desta tecnologia, que
será seguramente um acelerador das transformações já em curso na
relação entre os advogados e as empresas e na definição do perfil
de competências do advogado do futuro, afetando cadeias de valor,
custos, gestão de riscos e ofertas de serviços. O facto de, na CTSU,
nos inserirmos numa rede internacional com presença global e com
uma aposta clara em inovação e tecnologia permite-nos ter uma
equipa focada na identificação de soluções, no investimento em
novas ferramentas e ofertas de serviços suportadas em tecnologia
e no acompanhamento próximo dos todos os temas relacionados
com os desafios e oportunidades da inteligência artificial generativa.
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Macro
INVESTIMENTO
G rl
Talk D E BATE . R E F L EXÃO
A
s mulheres, que há sé-
culos ficam responsáveis
pela gestão dos orçamen-
tos familiares, perdem
toda a confiança quando
há montantes maiores envolvidos em ope-
rações. Mais avessas ao risco e com o peso
de uma cultura, que ainda vê com maus
olhos mulheres que sabem muito de di-
nheiro, em Portugal, 72,7% admitem só ter
conhecimentos básicos de literacia finan-
ceira. Um número preocupante, sobretu-
do se tivermos em conta que “elas ganham
menos do que os homens, vivem por mais
tempo, os períodos de licença de materni-
dade não contam para efeitos de reforma e MADAM C.J. > ORÇAMENTOS E CORAGEM
ficam muito limitadas [em termos de de- WALKER Sarah Breedlove foi a pri-
cisão e de liberdade], em situação de di- meira na família a nascer em
vórcio, por exemplo”, atira Emília Vieira. Sabe quem foi liberdade, pouco depois da
A responsável pela Casa de Investimen- a primeira mulher abolição da escravatura nos
tos é uma ativista da literacia financeira. negra milionária EUA. Tornar-se-ia Madam C.J.
Única mulher à frente de uma gestora de dos EUA? Walker por casamento, e mi-
ativos em Portugal, faz questão de ir a es- lionária por dedicação e muito
trabalho. Órfã aos 7 anos, cabelos das mulheres Walker, lançou a sua marca deviam ter. Foi uma impor-
começou aos 10 a fazer lim- negras. Madam C.J. Walker e empregou milhares de tante filantropa e ativista,
pezas ou a ser lavadeira. No aprendeu na empresa e mulheres que vendiam dando nome a bolsas de
início do século XX, passou com os irmãos barbeiros, e para si. Ensinou-as a fazer estudo e a prémios. A
a trabalhar para a marca criou a própria fórmula de orçamentos, poupanças e a marca, então detida pela
Poro Company, como agen- produtos de cuidado para montar os próprios negóci- tetraneta, foi comprada pela
te de vendas – fundada por os cabelos das congéneres. os, para alcançar a liberdade gigante Sundial Brands,
Anne Malone, comerci- Com a ajuda do marido, o financeira que acreditava em 2013, e continua a ser
alizava produtos para os publicitário Charles Joseph que todas as mulheres comercializada.
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 83
Macro
EMÍLIA
VIEIRA
> CARGO
Cofundadora, chairman e CEO
da Casa de Investimentos
> V I DA
Entre 1995 e 2010, lecionou
e prestou consultoria, na área
da Engenharia Financeira
Quantitativa, e trabalhou com
instituições financeiras
de topo, em todo o mundo.
É a única mulher em Portugal
à frente de uma gestora
de ativos e tem-se destacado – e aos quais esperava chegar aos 50. “Sem-
pelo trabalho em prol pre que invisto tenho medo, mas invisto na
da literacia financeira. Vive em mesma”, atira com uma gargalhada. Em
Braga, tem uma filha e uma imobiliário, em ações, em produtos que
energia inesgotável. conheça bem e lhe deem segurança. “Aci-
ma de tudo, o segredo está em entender
Sempre aquilo em que estamos a investir”, avisa.
que invisto Para isso, é preciso ler, perguntar, pe-
tenho medo, dir informação a quem mais sabe – “cui-
dado, existe muita gente a falar de literacia
mas invisto financeira em Portugal sem saber do que
na mesma” fala”, alerta Emília. Há que olhar para as
taxas de rentabilidade e para os resultados
Rita Piçarra ao longo dos anos e tomar decisões infor-
RITA PIÇARRA Ex-CFO da Microsoft Portugal madas, sem ir apenas atrás do que dizem
os bancos, ou os amigos ou os familiares.
> CARGO
Ex-CFO da Microsoft Portugal A conversa entre as duas executivas,
colas falar com os mais novos, para ten- que durou mais de uma hora e, mais uma
> V I DA tar reduzir os níveis de desconhecimento vez, aconteceu no Martinhal Chiado, par-
Licenciou-se no ISCAL, e de desinformação. E salienta que os in- ceiro da EXAME nesta iniciativa, vai estar
passou pela Deloitte, mas foi vestimentos feitos por mulheres são, por em breve disponível na versão completa no
na Microsoft que fez carreira norma, mais rentáveis – tal como são mais nosso site. Para já, guarde estes dois conse-
internacional, tendo vivido seguras as contas que os homens detêm lhos: prepare a reforma com uma poupança
em cinco países. Reformou- em conjunto com elas, mostram alguns da- (feita de investimento), que lhe garanta a
se, aos 44 anos, por opção, dos vindos dos EUA, ou as rentabilidades rentabilidade e a tranquilidade necessárias
antecipando em seis anos
de empresas do S&P geridas por senhoras. para tomar decisões, e procure inspiração
o seu objetivo maior: ganhar
“Tenho imenso medo”, admite, por seu nas pessoas que admira e que gostava de ser.
dinheiro suficiente para não ter
de trabalhar até à idade legal lado, Rita Piçarra. A ex-CFO da Microsoft Como a Rita, que decidiu deixar de partilhar
da reforma. Emigrou, poupou Portugal tem estado sob os holofotes, de- o seu tempo com uma empresa, porque fez
e investiu, e agora pretende pois de ter anunciado que iria parar de tra- uma série de escolhas que lho permitiram.
usar o seu tempo como balhar aos 44 anos, por ter atingido os ob- “E tudo pode começar com uma poupança
bem lhe apetecer. jetivos financeiros a que se tinha proposto de 2% do salário!”, sublinham. E
após boa cobrança. Os produtos incluídos nesta oferta são da exclusiva responsabilidade do fabricante.
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INFORMÁTICA
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Juros
Entre inflação
e recessão, o BCE
Entrevista
Peter Villax fala sobre
os desafios e as soluções
Europa
Conheça o impacto
da nova lei
Outubro 2023
Publicação Mensal
474
Portugal
A NOVA
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daa “Operação
p e CEO de um
p ç Picoas” e foca-se no neg
o caso em investigação,
uma das maiores empresas nacionais
g ç o setor
g
negócio,
acionais enfrenta a polémica
r. Uma longa
que continua a crescer.
setor, o País e como liderar em tempos
p
g conversa sobre
p conturbados
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da Mercer Portugal da Allianz
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TA L E N T O E M AÇ ÃO in/vania-filipa-silva/ in/joana-moniz-52575b143
Licenciada em Ciências da Joana Moniz integrou a
A
municação. Quatro anos depois, de responsável por esta nova
empresa responsável pelo desenvolvimen-
foi nomeada responsável desta área criada na Allianz Portugal,
to do Projeto Lítio do Barroso tem na lide-
área e agora assume a mesma integrando também o comité
rança, desde o passado dia 18 de setembro, função na Mercer. executivo da seguradora.
o português Emanuel Proença. Licenciado
em Engenharia Industrial e com um MBA
no INSEAD, Proença é especialista na transição energética
na mobilidade. O executivo tem um bom historial de gestão
da transformação e crescimento em setores, que incluem a
produção e desenvolvimento do mercado de combustíveis ver-
des, eletrificação da mobilidade, coberturas de risco, logística
e retalho de combustíveis líquidos, bem como a digitalização.
Até agora, e durante os últimos sete anos, ocupou o cargo de
TANIA SALGUERO PEDRO RIBEIRO
presidente-executivo dos negócios industriais da PRIO e sem- COO e diretora de Transformação Diretor de Marketing
pre se mostrou um defensor da aceleração da transição ener- do BNP Paribas Portugal e e Vendas do Grupo Vila Galé
gética. Em comunicado enviado às redações, o novo CEO da Espanha www.linkedin.com/
www.linkedin.com/ in/pedroribeiro3/
Savannah, que sucede a Dale Ferguson no cargo, diz-se muito
in/taniasalguero/ Pedro Ribeiro foi, até recen-
motivado com o desafio. “Estou entusiasmado por me juntar à
Engenheira industrial, é cer- temente, diretor comercial
Savannah como CEO, para ajudar a empresa a atingir o objeti- tificada em Metodologias da na Dom Pedro Hotels & Golf
vo de se tornar um produtor responsável de lítio em Portugal Qualidade, Coach Ontológico e Collection, rede em que
e um elemento fundamental da cadeia de valor das baterias Estudos de Alta Gestão. Iniciou anteriormente tinha também
de lítio e da mobilidade elétrica, em rápido crescimento na a sua carreira na Allianz Insu- liderado o departamento de
Europa”, explica. “Estou satisfeito com a qualidade do projeto rance (Colômbia), em 1998, e, Vendas e Marketing do Dom
e a robustez do trabalho realizado até ao momento, mas estou em 2009, juntou-se à BNP Pa- Pedro Laguna, no Brasil, e a
ciente de que o projeto preocupa algumas partes interessa- ribas Cardif Colômbia, na qual área de vendas em Portugal.
das. Por isso, no meu mandato, empenhar-me-ei em que o chegou a deputy CEO. Desde Formado em Gestão Hoteleira,
entendimento entre as partes envolvidas seja uma prioridade, 2021 que é COO Regional para acumula várias distinções ao
a Latam da BNP Paribas Cardif. longo da carreira. Assumiu, no
à medida que aceleramos um projeto que será essencial para
Agora, passa a responsável por mês passado, a função de di-
o desenvolvimento da região, para a capacidade de atração de
toda a área operacional, de IT e retor de Marketing e Vendas do
valor para o País e para a aceleração de uma transição ener- de organização da BNP Paribas grupo nacional, que continua a
gética responsável e muito necessária à Europa e ao mundo”, Cardif, no mercado ibérico. crescer dentro e fora do País.
afirma Emanuel Proença. E
Para quê?
Uma reflexão acerca do nosso desejo e dos esforços atuais
para viver mais tempo ou até atingir a imortalidade. Mesmo
que a atingíssemos, quais os custos do desaparecimento
da “escassez do tempo”?
E
stou sentado
num quar-
os ricos, que até tem um nome:
biohacking. O que me levou a
O que estamos surge depois. A morte é o gran-
de nivelador, o destino que nos
to de hotel perguntar: porquê? Não porque a fazer com espera a todos, independente-
no Algarve, ele (ou qualquer um de nós) a nossa vida mente da riqueza, estatuto ou
a pensar no
que devo escrever para este
possa querer viver para sem-
pre, mas o que estamos a fazer
atual para lhe realização. Viver para sempre
significa escapar deste destino,
mês. Como sempre, há mui- com a nossa vida atual para lhe dar significado enganar o jogo cósmico e de-
tas ideias concorrentes. Nor- dar significado suficiente para suficiente para clarar-se seu mestre. Mas esse
malmente, os meus escritos
relacionam-se com a minha
desejar ter uma vida muito mais
longa, e até mesmo a imortali-
desejar ter uma desejo de controlo sobre a nos-
sa mortalidade é um reflexo de
área de interesse em investi- dade? Vou então neste ensaio vida muito uma vida plenamente vivida,
gação, que é tipicamente sobre divergir um pouco mais, e ir a mais longa, ou é um sintoma de uma vida
o crescimento e a estratégia de
empresas, startups e inovação.
uma questão mais fundamen-
tal, talvez. Aqui vai...
e até mesmo não totalmente compreendida?
O medo da morte muitas vezes
Ocasionalmente, os meus lei- A busca pela imortalida- a imortalidade? ofusca a questão mais premen-
tores mais atentos podem no- de é tão antiga quanto a pró- te: Qual é a qualidade da vida
tar que me desvio para temas pria Humanidade, frequente- que tão ansiosamente procura-
mais sociais, incluindo, recen- mente entrelaçada no tecido mos estender? O que estamos
temente, uma reflexão sobre o dos nossos mitos e religiões. Sócrates, o filósofo grego anti- a fazer que é tão importante e
que significa, para uma nação, O desejo de viver para sem- go, corria pelas ruas de Atenas satisfatório, para nós, para de-
ter uma estratégia. Aí, pergun- pre cativa-nos, tentando-nos perguntando às pessoas qual a sejarmos mais disso?
tei (de forma algo hesitante) com a promessa de eterna ju- maneira correta de viver. De- À medida que navegamos
qual é a estratégia de Portugal ventude, sabedoria infinita e safiava as noções convencio- nas complexidades da existên-
em relação à imigração, pois um cronograma para realizar nais de sucesso e moralidade, cia diária, com cada dia por ve-
não vejo evidências disso, mas todos os sonhos. Mas com os de forma a instigar um exa- zes repleto de escolhas e opor-
preocupo-me com as implica- avanços científicos tornando a me mais profundo da exis- tunidades, encontramo-nos,
ções a longo prazo para o País. extensão da vida humana não tência humana. Tal como Só- alguns de nós, a questionar o
Curiosamente, lembrei-me apenas possível mas provável, crates, talvez nos devêssemos propósito de tudo isso. Cor-
de um artigo que li esta manhã devemos fazer uma pausa para perguntar não apenas quanto remos atrás do sucesso (ou de
sobre como um bilionário da perguntar: Porque queremos tempo queremos viver, mas publicações, no caso dos in-
tecnologia, que vendeu a sua viver tanto tempo? como queremos viver. vestigadores), acumulamos ri-
empresa, agora tem uma nova É interessante notar que a O desejo de longevidade queza material e procuramos
missão: viver para sempre. Faz questão sobre o significado e o muitas vezes vem do medo da relacionamentos, talvez na es-
parte duma nova moda entre propósito da vida não é nova. morte e do desconhecido que perança de que essas coisas da-
rão significado às nossas vidas. ao adicionar-lhe mais anos? Se lutamos para encon-
No entanto, mesmo quando es- A quantidade de vida não trar um propósito nas nossas
ses objetivos são alcançados, se traduz automaticamente vidas finitas, a perspetiva de
um sentimento de vazio mui- em qualidade de vida. A ironia viver para sempre apresenta
tas vezes permanece. A intrin- da condição humana é que as um dilema existencial ainda
cada conexão entre motiva- nossas limitações muitas vezes maior. Uma vida infinita exigi-
ção, satisfação e a busca pelo definem-nos mais do que as ria um propósito infinito, uma
sucesso forma a espinha dor- nossas capacidades. A escas- busca interminável por signi-
sal da nossa experiência huma- sez de tempo alimenta o nosso ficado que poderia levar-nos
na e é muitas vezes o que nos impulso para alcançar, amar às profundezas do desespero
dá “propósito”. O sucesso, em e criar. Saber que temos ape- existencial. O filósofo Albert
todas as suas formas ‒ sejam nas um tempo limitado para Camus postulou que a questão
vitórias menores ou grandes deixar a nossa marca obriga- Se a vida que fundamental da filosofia é se a
realizações ‒, atende ao nosso -nos a agir, a fazer cada dia atualmente vida vale a pena ser vivida. Se
desejo inato por satisfação. contar. Um cronograma infi- vivemos se sente estendermos essa vida indefi-
Esta sede de triunfo e a sa- nito poderia aliviar-nos dessa nidamente, também estende-
tisfação resultante geram um urgência, substituindo a emo- insatisfatória, mos o seu valor, ou diminuí-
ciclo contínuo e insaciável de ção da realização pelo tédio da o que esperamos mo-lo? Mas o mais importante
anseio por gratificação. eterna monotonia. Numa vida ganhar ao ‒ o que estamos a fazer com
Se a vida que atualmente sem fim, o que nos motivaria a a vida que temos, ainda que
vivemos se sente insatisfató- levantar todos os dias e a en- adicionar-lhe seja curta, para querer mais
ria, o que esperamos ganhar frentar o mundo? anos? do mesmo?! E
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 89
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OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 91
Exit
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COLLECTION
O Dão que 2019
junta famílias
> R E G I ÃO
Dão
> O N D E E N CO N T R Á LO ?
No site do produtor,
O projeto Santar Vila Jardim Wines nasce por €52 a garrafa
da junção de várias famílias, que reuniram
esforços para revitalizar e valorizar a região. > O VINHO
O resultado são três vinhos muito curiosos Assim que o cheiramos,
percebemos que o queremos
Texto Margarida Vaqueiro Lopes experimentar daqui a muito
mais tempo: frutos vermelhos,
algum couro, ligeiros aromas
É
sob nuvens Tudo começou com o vinho vegetais. Na boca, destaque
carregadas Memórias – agora Memórias de para a madeira impecavel-
e o chilrear Santar Collection –, que Pedro mente integrada e para um
ligeiro fumado, mas com tani-
animado dos de Vasconcellos e Souza fez, pela
nos persistentes. Perfeito para
pássaros que primeira vez, com uvas de uma
pratos bem condimentados,
nos sentamos à mesa com Pe- parcela muito particular e pe- como guisados ou estufados.
dro de Vasconcellos e Souza, o quenina do jardim da casa de Final de boca longo, equilibra-
enólogo do projeto Santar Vila família, a dos Condes de Santar do e muito saboroso, com
Jardim Wines. Com o jardim e Magalhães. O projeto, explica à um ligeiro e interessante
da Casa dos Condes de Santar EXAME, era acima de tudo uma toque a pimenta.
e Magalhães aos nossos pés e atividade da família. Produzido
o enorme cão Merlot a passear a partir da casta Merlot, “foi > N OTAÇ ÃO
com um desinteresse que se feito e vinificado pelos ne- AA
reflete na cauda irrequieta, fa- tos”, por vontade da mãe de
zemos uma breve viagem pela Pedro, que gostava que os
história de uma ideia que uniu mais novos percebessem
as famílias Ibérico Nogueira, como se faz perdurar a
Vasconcellos e Souza, e Carun- Natureza.
cho, além da Santa Casa da Mi- Hoje, o Memórias
sericórdia de Santar. Collection é o topo de
Aquilo que começou por gama do projeto Santar
ser uma união de jardins – to- Vila Jardim, que agrega
das as grandes casas senhoriais as várias vinhas presen-
tinham um, e os desta pequena tes nos jardins senho-
vila do concelho de Nelas são riais, já aqui referidas,
particularmente bonitos, com bem como as do agora
inspirações em vários mode-
los europeus – transformou-
Criámos uma escala
-se num projeto de vinhos, que
inspirada nas
acaba por contar a história das
famílias. Os jardins, agora liga-
agências de rating.
dos graças ao trabalho de Fer- Boas provas!
nando e de Francisco Carun-
> N OTAÇ ÃO
cho, estão abertos a todos os
AAA ..........................................Fabuloso
que quiserem visitá-los (mas AA ........................................ Muito bom
não estranhe se encontrar os A .......................................................... Bom
proprietários a dar um mergu- BBB .................................... Satisfatório
lho na piscina ou a conversar à BB .................................................... Mau
volta da mesa). C ............................................... Não beba!
MOMENTOS ÚNICOS
DE PRAZER
Quem está na Quinta Vale D. Maria e saboreia os seus
vinhos sente, de perto, como é bom viver o Douro
ASSISTIR:
A SS I S TA E M E X A M E . P T
OIÇA EM :
Exit
S KO D A E N YA Q I V C O U P É R S
A
venda de carros elétricos da corrida. Enquanto algumas vão lan-
continua a subir de for- çando mais modelos, outras optam
ma sustentada, um pou- por alargar a gama dos veículos
co por todo o mundo. Na já existentes e com provas dadas.
Europa, um dos princi- É o caso da Skoda que, depois de
pais motores deste novo mercado, estes apresentar o Enyaq, o seu pri-
veículos já representaram 15,1% das ven- meiro SUV 100%, criou agora a
das de carros novos em julho deste ano, versão coupé, que integra um
mais cinco pontos percentuais do que em modelo RS, a insígnia despor-
igual período de 2022. Nesse mesmo mês, tiva da marca.
as vendas de elétricos ultrapassaram, pela A avaliar pelos dados de
primeira vez, as de carros a gasóleo. vendas, a solução parece estar
O mercado está agora a consolidar-se a dar frutos. Em abril, o Enyaq
e nenhuma das marcas quer ficar de fora foi o quarto modelo 100% elétrico
OUTUBRO 20 2 3 . EXAM E . 97
Exit
E S TA N T E
Desassossegos,
reflexões e emoções
Texto Rui Barroso
BLOQUEIOS E
DESASSOSSEGOS UMA BOLSA
Uma conversa sobre
DE RAZÕES
os problemas estruturais E EMOÇÕES
da economia portuguesa Um guia sobre as forças
que influenciam
Num tom coloquial, Luís os mercados financeiros
Valadares Tavares e João
César das Neves passaram a li- UM POUCO Neste manual, os profes-
vro as reflexões sobre as ambi- DE CORAÇÃO sores do ISCTE, Emanuel
ções e os bloqueios do País. Os Leão e Ricardo Barradas, ana-
autores fazem um diagnóstico PODE FAZER lisam os fatores que influen-
da economia nacional e apon- A DIFERENÇA ciam os mercados financei- AS VIVÊNCIAS
tam possíveis soluções para ros e demonstram que nem
que Portugal possa fazer pro-
Os resultados sempre a razão prevalece. O E REFLEXÕES
gressos nos rendimentos dos de se liderar com livro está organizado em duas DE CATROGA
trabalhadores, nas infraestru- criatividade e propósito partes. A primeira, explicita
As memórias do gestor
turas, na saúde, na educação as forças que fazem mover o
e nas finanças públicas. Para John Baird e Edward Sulli- preços das ações, obrigações e e antigo ministro
isso, defendem que é necessá- van são executive coaches do mercado cambial e dá ain- de Cavaco Silva
rio resolver bloqueios não só no e, ao longo das suas carreiras, da pistas sobre como construir
Estado mas também na produ- já viram gestores com carac- uma carteira de ativos. A se- Vivências, projetos empre-
tividade, lei laboral e mercado terísticas muito semelhan- gunda, é mais técnica e inci- sariais e missões cívicas.
de capitais. O livro conta com tes terem resultados opostos. de sobre a forma de calcular e Neste livro, Eduardo Catroga
um prefácio de Marques Men- No meio das competências de tirar partido dos rácios de ava- recorda as experiências mais
des e também com uma entre- gestão, técnicas e do estilo de liação e os indicadores que se marcantes naqueles campos,
vista aos economistas, condu- comunicação há um grande devem ter debaixo de olho. desde os tempos em que era
zida por Nicolau Santos. detalhe que pode fazer a dife- TÍTULO: Mercados financeiros
estudante até à passagem pela
TÍTULO: Portugal: Porquê
rença: liderar com o coração. – emoção e razão CUF e pela EDP, passando pelas
o País do Salário Abaixo Os autores mencionam casos missões como ministro das Fi-
AUTORES: Emanuel Leão
de Mil Euros? de empresas que tiveram sor- e Ricardo Barradas
nanças e na elaboração do pro-
AUTOR: Luís Valadares Tavares
tes distintas, devido ao estilo EDITORA: Edições Sílabo
grama de governo do PSD, du-
e João César das Neves de liderança dos seus CEO, e, PVP: €21,00 rante a intervenção da troika.
EDITORA: DOM QUIXOTE
no meio do que defendem ser O gestor de 80 anos recorda os
PVP: €16,60 uma crise de liderança, deixam episódios mais marcantes do
pistas sobre como se pode usar seu percurso académico e pro-
mais o coração na liderança e fissional e deixa algumas refle-
de que forma isso pode melho- xões sobre os grandes desafios
rar os resultados das empresas. nas áreas da política, economia
TÍTULO: Liderar com Coração
e gestão.
AUTORES: John Baird TÍTULO: Gestão, Política e Economia
e Edward Sullivan AUTOR: Eduardo Catroga
EDITORA: Vogais EDITORA: Bertrand
PVP: €19,90 PVP: €19,90
Descubra tudo em
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