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=OR/A\ACAO YOGA * CARLO GUARAGNA AIJL AA O estudo do Yoga Sutra de Patanjali é uma andlise que parte de um texto que tem, primeiramente, o objetivo de transcender 0 préprio texto; ndo estudamos 0 texto como um fim e sim como um indicador de algo que ele quer expor na realidade. E segundo, que este hdbito intelectual de transcender o texto é em si uma descompactagéo de pequenas frases que compdem 0 yoga sutra [que sao pequenos aforismos} e esse movimento de descompactacaio, é a andlise visando a obtencao de um conhecimento real. Onosso esforco no Yoga Sutra é justamente este, de maneira que, muitas vezes, cada uma das palavras que compée © texto, por exemplo, na aula passada aprendemos um pouco sobre 0 vairagya, falamos um pouco sobre [que é o desapego, desprendimento, renUncia) e essa simples palavra, contém toda uma: tradigao de debate e compreensdo a respeito de como o praticante deve ser portar interiormente para que ele aja de acordo com a recomendagao do vairagya. Nao apenas as frases devem ser descompactadas para que se vislumbre todo © conhecimento que existe dentro delas, mas também as préprias palavras, que sao tidas com diferentes significados, do significado real de que quem compés esta escritura estava projetando nela. Por exemplo, quando lemos a palavra vairagya, podemos entender como o desprendimento, no ocidente, principalmente hoje em dia, a gente relaciona isso com dar sapates velhos, doar foupas que néo queremos mais usar, mas isso transcende imensamente o desapego que o Patanjali cita. Vairagya esta relacionado a todo completo mundo real manifestado. E o desprendimento do mundo fisico para a compreenséio do mundo metafisico. Perceba como a compreensdo real de um termo permite a compreensdo correta do texto, entdo alguns podem estranhar as aulas serem baseadas em textos, mas este texto é justamente o mote para que a gente entenda que esté além dele. Amanifestagdo, ou seja, tudo que existe fisicamente, a existéncia no formato em que a entendemos, de certa forma sempre existiv. Alguma coisa existe para que possa haver a inexisténcia. A “dualidade” entre o inexistente e o existente, entre a consciéncia (“eu real”] € aquilo que é manifestado, um depende do outro para existir. A consciéncia existe, mas depende de algo existir também para que ela existo, se ndo, ela nao tem como existir, ela nao tem como se contrapor a um objeto. E como imaginar 0 nada, o “nada” existe na medida em que a gente tira, objetos dele, ou seja, os objetos so necessariamente excluidos para que onada exista, Nao conseguimos imaginar 0 “nada” de nada, Para que vocé perceba esta emanacao inicial, vamos usar o exemplo do big ben. O big ben é 0 nada, néo tinha nada, mas para que pudesse haver alguma coisa, jé existia alguma coisa, alguma possibilidade, jé deve existir alguma matéria ou forga que se desequilibra em algum momento, para que possa gerar todo 0 universo. A explosdo do big ben, por exemplo, que deu origem a todo universo [na teoria cientifical, esta explosdo jd existia como possibilidade na consciéncia, ja existia algo, jd existiam possibilidades. A existéncia da possibilidade, jé é a existéncia de algo. Quando Patanjali cita que todo 0 universo & uma manifestagao do “eu", 0 “eu” que ele se refere, lembrem-se sempre, 6 a consciéncia, é tudo, é a consciéncia que vai além do corpo e mente. A partir da emanagao do “eu reat’, surge 0 universo e a existéncia material. Perceba que 0 seu corpo, a sua mente, os seus pertences, fazem parte daauilo que vocé chama de “eu”, mas o que vocé chama de “eu” ao longo do tempo da pratica, voi abrangendo outros aspectos, cada vez mais sutis, que vocé nao percebe a evidéncia deles, por exemplo: com o seu olhar, tato, paladar, vocé nao pode perceber desta forma, mas aos poucos perceberd que os fenémenos existem. A ideia de “eu” cada vez mais transcende 0 préprio corpo e mente, de maneira que com 0 tempo vocé comeca a perceber que 0 seu corpo e mente sao apenas a ponta do iceberg daquilo que vocé chama de “eu”, o mais evidente, o mais visivel, 6 uma concretizagéo de uma parte de algo muito maior que compéem aquilo que vocé chama de “eu” e da mesma forma, todo o universo, todas as coisas que existem sdo a concretizagio breve, pobre de todo um movimento, de uma consciéncia que existe e nao é perceptivel a nés mesmos. Tente imaginar que 0 universo & uma manifestago do “eu reat" da consciéncia. Oque é este “eu real” e “consciéncia”? Sao aqueles 95% do universo que nés nao sabemos e nao podemos dizer, mas é aquilo que a fisica quantica considera para que posse existir os célculos mateméticos que nos dao um breve conhecimento sobre os 5% que a gente pode conhecer. Observe que o universo concreto, est boiando dentro de 95% de matéria informe e desconhecida, porém esta matéria é necesséria para compreensao desses 5% de matéria conhecida. O conhecimento da matéria densa (concreta), vocé como corpo e mente, s6 faz sentido integral, caso ela seja complementada por um conhecimento de experiéncia, de percepcao de 95% de outras coisas que vocé nunca vai poder expressar, mas vocé tem que saber que elas existem. Aconcretude do ser, é uma amostra material de algo muito mais profundo, amplo € universal do que 0 individuo. Veja o exemplo do mecéinico, vocé leva seu automével ao mecénico pois esté com problema e ele com uma chave de fenda aperta um parafuso no motor e cobra R$ 300. E vocé se pergunta: mas R$ 300, por qué? Por tudo que ele estudou, tudo que ele sabe, as experiéncias que agregou durante anos de trabalho para poder apertar aquele parafuso para seu carro voltar a funcionar. Essa relacio entre o invisivel e o visivel & a relagdo que existe entre a emonagéo do seu individuo com relacdo ao “eu real”. E como se vocé fosse um resultado palpavel para vocé mesmo, de tudo aquilo que vocé é, e nem sabe que 6. E como se tivesse apertado 0 parafuso do motor, mas sem saber por que fez aquilo. Vocé tem muitas informagées atras de vocé, das quais ndo se recorda, mas vocé consegue apertar o parafuso. E entao fazemos um paralelo e compreendemos por que 0 yoga tem como principal meta e objetivo o rememorar de quem vocé é, © reconectar com a sua verdadeira esséncia, o que era antes de ser concreto € fisico. O yoga presume uma existéncia atemporal, e presume uma presenca atemporal da prépria manifestagdo do universo. A simbologia descreve 0 universo como uma manifestagao informe, invisivel, de diversos mecanismos que fogem da nossa compreensdo e que tem como simbolos de toda esta existéncia imaterial, a existéncia material. Vocé comeca a compreender a metafisica, estaré acima do mundo fisico, através do mundo fisico. Entéio vocé deve se compreender através da sua concretude, o inicio é esse. O yoga inicia com um mergulho, observando, sentindo e entrando em contato com a sua concretude, com a sua condicao humana. E posteriormente, esta condigdo humana, como um simbolo daquilo que vocé ¢, vai the ampliando a percepcGo sobre aquilo que vocé é, em termos transcendente, aquilo que ndo pode perceber, mas entende a partir da percepgao concreta do ser humano. Quando lemos que o universo é uma manifestacdo do “eu”, eu posso entender também que vocé fisica e mentalmente, aquilo que vocé percebe, é uma manifestacao de algo muito maior e mais profundo que também tem a sua individualidade que é também vocé, mas que por algum motivo se esqueceu disso. Vocé nao consegue aferir isso, mas a pista para perceber este “eu” que the envolve, que transcende 0 seu corpo e mentee, 6 0 que 0 seu corpo e mente, a sua intengdo, © seu coragdo, as suas vontades espontaneas e profundas, a sua personalidade representam simbolicamente. Isto 6 comparavel como somde um instru mento, Quando o ser humano criouo instrument, ele jé sabia o som que ele aueria, ninguém pega um pau e bate em uma chaleira querendo tirar o som de um viola. O seu corpo, a sua mente, « manifestagao do universo como um todo, é como 0 simbolo de um som. O seu corpo tem uma forma que permite com que voce compreenda 0 som que é para ser tirado do seu préprio corpo, como se o seu corpo fosse um instrumento, vocé néo pode ser um violao tentando tirar um som de atabaque, se vocé é um violdo, a sua missdo universal é soar como violao. Existe uma aco preliminar, antes de vocé ser feito carne e osso, existe um “eu” que transcende essa carne e osso e que de certa forma, formaele também, como simbolo daquele “eu” transcendente. Por isso dizemos que © universo é uma manifestagdo do “eu", e quem é este eu que reproduz todas as almas e todos os individuos? No hinduismo € brahma, o criador. Estes individuos também tém uma nogao individual de si mesmos, sao emanagées do criador, da fonte principal. Mesmo vocé achando que é um individuo corpéreo, vocé é um individuo transcendente em termos individuais, a sua alma ¢ individual em termos transcendente também. Mas esta alma individual, em termos transcendentes, que gerou 0 seu corpo, também é uma parte daquilo que entendemos como a criagdo. A reabsorcéo na sua natureza original € 0 criader. Imagine a sequéncia como uma escadinha: o criador (a consciéncia que emana a criagao do universo], cria as almas individuais que se concretizam em corpos e mentes, se esquecendo previamente da sua natureza individual. Essa relagdo, entre a concretizagéo do corpo e mente, que é inspirada pelas caracteristicas da sua alma, que é muito mais ampla do que vocé mesmo, & gerada pelo préprio criador {consciéncial. Entdo vocé pode me questionar: existe uma consciéncia poderosa que cria tudo? Nao, esta consciéncia cria a partir de simesmo, Ela"é" parte e esta emvocs, ela se faz. Por isso dizem que o atman (alma universal) é um brincando de varios, por isso que vocé lé aqui “tendo em mente que todo o universo é uma manifestacéo do eu". Quem é este “eu"? E 0 transcendente, 6 brahma, é a consciéncia criadora que faz a manifestagao de si mesmo. Nao é uma criagao como se vocé fosse fazendo coisas aparecerem, este é 0 entendimento que esta dentro da filosofia. Ao perceber que o seu corpo e sua mente sGo apenas faiscas temporais daquilo que o seu individuo (sua esséncia individual] realmente é, e que esta esséncia individual esté e se perfaz de uma consciéncia que ainda a transcende, vocé pensa: entdo, as coisas que sao compostas materialmente pelos gunas, nao so tudo o que existe, ndo sdo a realidade com inicio, meio e fim. A realidade transcende o mundo material, transcende a vida terrestre e aquilo que chamamos de “mortais” e por isso cria uma certa indiferenca a vida concreta. Essa indiferenga néo é negativa no sentido de desdenhar a vida concreta. A vida concreta e terrestre, faz parte da sua existéncia eterna. Esta condigéo humana deve ser aceita e a transcendéncia desse medo de que a existéncia seja um fim, que 6 a transcendéncia do medo da morte, € a transcendéncia do primeiro chakra que é o primeiro nivel de consciéncia sobre eu. Quando vocé transcende o nivel da morte é porque entendeu que a morte néio 60 fim e sim uma passagem para uma percepcao muito mais clara e nitida sobre quem vocé realmente &. Vocé desbloqueara este esquecimento. Ao vir para este mundo, vocé jé esqueceu, esta é a pena da existéncia terrestre, vocé entra aqui e esquece. As criangas tém muito mais facilidade de admitir que a percepgao deltas transcende infinitamente o corpo e mente delas. Um amigo meu ao levar sua filha a0 colégio, ela disse para ele: “pai, vocé sabia que eu escolhi vocé e a mae, né?”, @ ele que estuda ha muito tempo, ele respondeu: “sim, eu sei”. Portanto, a existéncia terrestre esté muito mais vinculada com a compreensao e percepcao da prépria existéncia terrestre, mas nao anula o transcendente. Aquelas pessoas que entendem a existéncia concreta, como a Unica e a suprema existéncia, esto fadadas ao desespero, pois cada dia a mais é um dia a menos também, cada segundo que passa, vocé se aproxima da morte, que é 0 que vocé mais foge. Cada vez que vocé comete um ato, o tempo passa, e sua vida estd diretamente relacionada ao tempo. Entao o desespero para aqueles que se entendem como 0 préprio corpo € mente apenas, é inevitével. A verdadeira filosofio, a verdadeira metafisica, quer informar vocé através de uma vivéncia, como, por exemplo, a meditagdo no yoga, através de uma compreensao intelectual e que vocé ndo é apenas 0 corpo, que vocé nao é apenas a mente e muito menos ndo é os estados que esas substancias podem adauirir ao longo do tempo. Achar que € 0 corpo e a mente, muitas vezes é vantagem de pessoas que acham que sao os estados. Por exemplo, vocé agora esté desempregado, acontece. Este nao é seu estado eterno e muito menos um estado eterno terreno, 6 apenas um momento. £ claro que vocé vai trabalhar e se esforcar para resolver este estado para que ele se modifique, masisto nao é a sua definigdo. Aquele que acha que ¢ 0 seu proprio estado, esta pessoa esté profundamente arraigada em uma possibilidade de sofrimento profundo, aquele que acha que é 0 corpo e a mente também esté, mas muito menos do que os que acham que sdo o estado. E aquele que tem a nogéio de que 0 “eu” é composto de 95% ou talvez mais de algo que ele nao pode experienciar na concretude, mas sim no silenciamento desta concretude e na percepgao de algo a mais, este sim esté liberto. O nivel de percepcio que vocé tem de vocé mesmo e na medida que este nivel voi mudando, a realidade se modifica na sua perspectiva diferente. E por isso que ass pessoas enxergam 0 mundo de diferentes maneiras, porque elas se enxergam de diferentes maneiras, por terem um nivel de percep¢do sobre o “eu” diferentes umas das outras e consequentemente o mundo vai tamando uma forma diferente a cada ver que este nivel de consciéncia se modifica. Samprajnata Samadhi é estado, ou a técnica que atinge na meditagéo com continuidade e comeca a ter lapsos de percepcao daquilo que transcende o Sbvio, a existéncia corpérea e a partir dessa tecnica, vocé comecaré a ter uma percepgao de quem vocé é muito mais completa. Isto surge pelas impress6es criadas pela disciplina do yoga. Portanto o samadhi & conquistado por um periodo de acimulo de impressdes de condicionamento ao siléncio. O praticante que pratica apenas uma vez na vida e diz que néo sentiv resultado, é claro que nao ird atingir este estado de consciéncia de primeira, isto 6 um actmulo, é condicionar-se. Vocé passou durante 30 anos pensando com o tico e teco funcionando o dia inteiro de ld e pra cd, ent&o nao conseguird do dia para a noite frear este motor. A prética aos poucos diminui a velocidade da sua mente, deixando de pisar no acelerador para que, quando parar de pisar no acelerador, a velocidade va diminuindo mais rapido, mas isso ¢ co longo do tempo, de meses, talvez anos de pratica. Em um determinade momento, vocé perceberd, através da velocidade mais lenta deste carro, um mundo de forma diferente, Em outra proporgao, em outra velocidade, em outra escala. Observer como é importante, para obtengéo dessa experiéncia, que permite com que vivenciem a nogdo de “eu” que é maior do que o corpo, que é composta por uma alma individual, que se expressa simbolicamente no corpo e na mente, mas que todos eles sdo frutos de uma expresso ainda mais universal que é a consciéncia, Af 6 uma palavra extremamente incompreendida, a fé hoje esté reduzida & uma crenga em algo do qual vocé nada sabe. Para vocé ter f6, para acreditar em uma experiéncia que vocé teve, e que se desvanece, porque vocé nao pode viver © tempo todo, toda experiéncia do mundo. Se vive uma coisa de cada vez, pois, esté no tempo e espaco. Vocé experimenta primordialmente ou através do corpo ou através da meditacao, do nao corpo. Como é ter certeza de que vocé 6 algo muito maior do que 0 seu corpo e sua mente, se neste momento ndo esta percebendo isso? Tem que ter {6 de que é assim, pois as experiéncias espirituais que tenho certeza que todos vocés ja tiveram, das quais lembram de coisas que nao conseguem explicar. Por que depois dessas experiéncias espirituais vocés agem como se elas nao tivessem existido? Como se tudo aauilo que vocés aprenderam nestas experiéncias, vocés ignoram todo 0 conhecimento e lucidez que obtiveram naquele momento. Or ememorar das experiéncias espirituais e acreditar que mesmo que vocés nao as vivenciam agora, mesmo assim elas existem, esta ali. Aquele eu que voce percebeu, umavez que seja, ainda esté ali, 60 seu eu. Esta ¢ a verdadeira fé, voce tem que ter fé em algo que vocé sabe, mas nao se apresenta agora. Vocé sabe, pois testemunhou isso em primeira pessoa. Por que é importante a préitica? Para que todos tenham experiéncias do “eu” real, experiéncias de cutoconhecimento, e a partir dessas experiéncias e se conectando a elas, e a este tipo de aula, a uma leitura de um shastra, vai conector vocé a essas experiéncias que jé teve. Na auséncia do conhecimento, em primeira pessoa, neste momento, vocé tem que ter f6, que este conhecimento é real, existe mesmo nao estando evidente agora no corpo e espago para vocé - este é 0 significado de fé. A fé em alguma coisa que vocé nao sabe 0 que 6, uma imagem que vocé nao tem conexdo nenhuma, em algo que vocé sé sabe através de palavras- mas essas palavras nao the revelam nenhum tipo de experiéncia, isto € nada. Nao representa nada. Vocé nao necessariamente precisa estar em meditagao 24 horas por dia para saber quem é, mas apenas ter fé naquelas experiéncias que jd teve em meditacao. A libertagéio das suas opinides, daquilo que vocé acha, a libertagéo das expectativas que podem ser geradas sobre uma imagem e uma condigéo de liberto, pois muitas vezes vocé pensa: “quando meditar serd assim, deve ser assim, ou eu acho que eu consegui..” Isto nao vai levar vocé a lugar algum. A dedicacao e inquietude para atingir este estado é simplesmente a entrega profunda de todos os seus achismos e simplesmente a percep¢ao que vai além de tudo aquilo que pode dar forma com as suas palavras. Tem que se abrir para uma percepgdo de algo que jamais vai poder comunicar. Vocé saberé quem voce 6, mas isso nao significa que poderd descrever quem vacé é, Pois vai além das palavras, do tempo, do espaco, da sua perspectiva. No yoga € muito mais a respeito da sua atitude interna de entrega e de humildade, de compreensao real, através da experiéncia, do que do seu avanco no asana. A sua percepcio é mais importante, a técnica é um meio, um instrumento, come ter uma caixa de ferramentas e cada uma delas funcionam muito bem: uma chave de fenda, uma chave philips, um prego, etc, essas ferramentas depois que elas cumprem a sua utilidade dentro da obra, elas néo tém mais utilidade. Estudar sobre os ferramentas e se aprimorar sobre elas é um aspecto que ocupa, um tamanho minimo, comparando ao entendimento de qual ferramenta usar, para que serve cada uma, e o que o uso daquela ferramenta vai the fa pratica depois na sua vida. Hoje em dia, os praticantes estdo excitados pelo estudo das ferramentas, mas qual ferramenta usar, para que ela serve, o que ela facilitaré na sua vida, quando, que serve e quando que nao serve, isso ninguém td muito curioso. As técnicas sao, 86 técnicas que vao causar um efeito positive. Temos que saber a causa, quando usar elas, 0s efeitos que trardo, mas a supervallorizagao da técnica vai fechar vocé na técnica. E como um mecénico, que sabe tudo sobre ferramentas, mas nao sabe como usd-las, néo sabe como aplicd-las nos melhores casos, ndo sabe os efeitos que a utilizagcio dessas ferramentas causardo no que esté operando. O estudo da ferramenta, do instrument, da técnica, é muito pequeno. Temos que estudar também 0 ambiente nos quais vamos operar isso. A partir do momento que vocé experiencia algo inexplicavel, algo que percebe uma forga transcendente, que nao sabe de onde vem e essa forga atua sobre vocé de uma forma completamente inexplicdvel, surpreendente, incompreensivel, vocé comega simplesmente a ter fé e a acreditar que existe algo transcendente. Muitas pessoas tém uma sensibilidade muito grande, sao abertas naturalmente, e se expdem a forgas que ndo so compreensiveis. Mas que os fenémenos existem e isto basta para entender e acreditar que existem, Quando passa por uma experiéncia inexplicdvel e se detém nessa experiéncia, medita sobre isso, vocé comeca a ter fé que este fendmeno aconteceu por um impeto, uma vontade que nao foi a sua e que nao esté no seu dominio. O inconsciente & saber que existe alguma coisa, mas que nao sei nada sobre aquilo. E nisso que ev acredito. Quando comeca a perceber que existem forgas que operam dentro da realidade que nao estao submissas ao padrao normal da natureza, vocé comeca a se apavorar. Sao fatos reais, sdio evidéncias concretas e muitas vezes acontecem com anossa prépria vida, Eu conheco pessoalmente uma pessoa que teve uma experiéncia que um amigo estava indo fazer uma cirurgia que tinha um certo risco, € ela nao poderia estar presente na hora da cirurgia deste amigo, e no momento ave ela sabia que entraria na sala de operacao, ela porou para fazer uma meditagao, desejou boa sorte e se entregou aquela experiéncia. Durante essa projecdo de energia, este agradecimento e desejo de boa sorte, ela teve uma vivancia de que estava perto dessa pessoa, segurando a cabega dela, fazendo carinho. Uma semana depois ela ligou perguntando como foi a cirurgia, ele disse gue tinha sido tudo bem, que estava em casa, se recuperando. Entao ela contou da experiéncia que teve, descreveu as cores, posigdes das pessoas, quantas pessoas viv na sala e a pessoa que fez a cirurgia disse: tudo isso ¢ extremamente real, era assim mesmo 0 ambiente que eu estava. Ou seja, essa pessoa, ao se projetar para fazer um agradecimento sincero, um desejo de boa sorte, ela simplesmente se projetou dentro disso. Ao perceber este tipo de fendmeno acontecendo, vocé entrega a sua vida, compreende, entrega e aceita que existe algo além daquilo que vocé percebe. Cada vez mais a sabedoria vai mostrando que no final das contas, vocé nao sabe muita coisa. Os dizeres “eu sé sei que nada sei” é muito real. A desconstrucdo das certezas algo importante. Quantas certezas que vocé tem, que em Um debate ou conversa com os amigos, jé foi questionada, destruida, mas que vocé ainda continua abragada nessas certezas, por elas serem partes de vocé, pois se identifica como a mente. Abra mao dessas certezas, e opinides, coloque-as para serem destruidas, e verd que todas serdio destruida: As Unicas coisas que néo serdo destruidas sdo as vivéncias concretas que vocé tem. E por isso que o yoga é um meio de obtengao da sabedoria, pois the expde a niveis de experiéncia cada vez mais sutis e profundos. Este curso pretende, na pratica, colocar a sua percepgao como testemunha direta daquele conhecimento que vocé terd certeza que é assim, e que este conhecimento vai compor o seu ser. Entdo, 0 que vocé é é aquilo que vocé sabe, e vocé 56 sabe aquilo que voce testemunhou em primeira pessoa. Chao funergaa

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