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Pensando A Diáspora Stuart Hall 20221004 0001
Pensando A Diáspora Stuart Hall 20221004 0001
Este livro, ou pârte dele, não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita do Editor.
IMAGENS DA CAPA Stuart McPhail Hall, díptico de Dawoud Bey, acervo da l,,,rru)',u(', tl,, llr':tsil tlc "ltsttrdos culturais e seu legâdo teórico", e
National Portrait Gallery, Lôndres. ,l, Ir rrrr.r ( ,,rnt s t'rrr "( lrtlificrrção/l)ecodificação".
ATUALIZAÇÃO 2" REIMPRESSÃO 2020 cássio Ribeiro
PRoDUÇÃo GRÁFICA §íarren Marilac I r r ,,1,r r I.rlrcz livt'sst'rratrÍr,tgatlo rlã() Fossc a disposição de Stuart
IMPRESSÃO E ACABAMENTO Imprensa Universitária UFMG
I Lll ,1, ,r),,( rr r( \l()\ ( vcr-ptrhlic,rd() llo l]resil um livro unicamente
.1, , | ,rr(,rr,r, (()ls.r r':tt';1. S('tt ltlloio tttl Pr()ieto, suâ generosidade
EDITORA UFMG
6.í,27 (.Âl) ll / llloco lll
Av. Antônio Clarlos,
, ,1' !"|! ilr,lr .r ,rl)t( s( lll.lç.1() ( stl.l (()rl(s1lorltlôrlcie precisil e bem-
CJampus ['emptrlhr l]clo Ilorizorrtt/N'1( i I l-ll0 ')0 I 1,,,,,,,,r r,lr,lr1.1tl( ()\tl,,ts.lttt,s('lll(lrl('t'slt'livroioi gcstacltl,f<lr:lm
'Ii'1.: +.5.5 (.l l ) .],+09 46 t0
www.r'ilitot,t.ttlrrtli.lrr I r'rlitor.t(,"rrlrtrJl.l,r | ,, r,r.,'. ilr( r'illl\()\.1() lr.tll:tllr() t :tt, l,,rltt ltttttt«rr-
PENSANDO A DIASPORA
Reflexões s0bre o terro n0 exterior
e tentado ,'""ã' uma "identidade cultural" i l,r r('n( i,rs tlirtspóricas. Sentem-se felizes por estar em casa'
=,
os
por pesquisas rcahzadas entre \ l r . .r lrt';lot irt, clc algunra forma, interveio irrevogavelmente'
Esse quadro é confirmado
Unido' o que sugere
;;;"r;t caribenhos em geral no Reino ét-"it1:. na Grã-Bretanha'
| ,t.r r' ,r st'ltslrçào farlriliar e profundamente moderna de
que, entre u' t[nt"'a" Li"o'i" ,lr',l,r,lrrr'rllrl. lt clrtltl - parccc cada vez majs - não precisa-
"identificação associativa"
aquilo q," poat'ámos denominar *1,, \ rll.lr rrrtrit«r l.rrgc ,rtrrt cx1-rcrillrctltirr. TalVeZ tOdOS nóS
pc.râucce f.rte, mcsnr() llil scÍlllll- -r l.riil, r',, ll{)t1 l('llll)()s ttr«rclcrtl«rs - apírs lt li'xptrlsã<l cl<l Paraíso'
com as curturars cre .rigcnr
clrt ott tcrcci'tt *;;';t;'
t"'l""tt «rs lottrtis clc origcnt rrã() sciirrrr
()
.)
oportunidades - os legados do Império em toda parte podem
o que o filósofo Heidegger chamou
de unheimlicheit -
digamos - forçar as pessoâs a migrar, o que câusa o espalhamento - a
Como Iain Chambers
- literalmente, "não estamos em casa"' dispersão. Mas cada disseminação carrega consigo a promessâ
eloquentemente o expressa: do retorno redentor.
Essa interpretação potente do conceito de diásp ora é a
Não podemos iamais it paracasa'
voltar à cena primária enquan-
mais familiar entre os povos do Caribe. Tornou-se parte do
e "autenticidade"' pois
to momento esquecido de nossos começos rlosso recém-construído senso coletivo do eu, profundâmente
retornar a umâ
há sempre algo no meío lbetweez]' Não podemos inscrita como subtexto em nossas histórias nacionalistas. É
conhecer o passado' a memória'
unidade passada, pois só podemos rrodelada na história moderna do povo judeu (de onde o termo
isto é' quando este é trazido
o inconsciente através de seus efeitos' "cliáspora" se derivou), cujo destino no Holocausto um dos
numa (interminável) -
para dentro da linguagem e delâembarcamos P()ucos episódios histórico-mundiais comparáveis em barbárie
(Baudelaire)' nos encon-
ut"r"-. Diante da "floresta de signos" r'().r a escravidão moderna - é bem conhecido. Mais significa-
nossâs histórias e memórias
tramos sempre na encruzilhada' com l iv,, entretanto) paÍa os caribenhos é a versão da história
no
o colecionador' as
("relíquias secularizadas", como Benjamin' Vt'lh«r Testamento. Lá encontramos o análogo, crucial para
que esquadrinhamos a constelação
descreve) ao mesmo tempo em ,r r)()ssa história, do "povo escolhido", violentamente levado
de nós' buscando a linguagem'
cheia de tensão que se estende diante ,r t'scravidão no "Egito"l de seu '.sofrimento,, nas mãos da
e dar-lhe forma' Talvez seia
o estilo, que vai dominar o movimento "ll:rhilônia"; da liderança de Moisés, seguida pelo Grande
em casa aqui' no único momento
mais uma questão de buscar estar I r,rtlo - "o movimento do povo de Jah,,_ que os livrou do
e contexto que temos"'6 , ,rrivt'ir-<r, e do retorno à Terra Prometida. Esta é a wr-origem
r l,rt;rrt'lrr grande narrativa de libertação,
esperança e redenção
da diáspora lança sobre as ,l,r Novo Mundo, repetida continuamente ao longo da escra-
Que luz, então, a experiência -[á
esta é uma
qr.io", da identidade c"ltural no Caribe? que o que a , r,l,r,r <, Êxodo e o Freedom Ride.7 Ela tem fornecido sua
ôgtca'além de empírica'
[o.rtao conceitual e epistemol rrrr r,rírr.:l rl«rminante a todos os discursos libertadores negros
nossos modelos de identidade
experiência da diáspora causa a ,l, , Nr rvo Mundo. Muitos creem que essa narcatíva do
Velho
ou imaginar a identidade' I .r,rIIr{'rtlo st.jrr muito mais potente parâ o imaginário popular
cultural? Como poà""'o' conceber
a diáspora? Jâ que "a
a diferença e o pertencimento, após '1,,, l)()v()s ncÍlros do Novo Mundo do que a assim chamada
tantos traços de unidade ,.t,,1,t rlo Nrrtlrl. (De fato, naquela mesma semana em que
identidade cultural" caÍÍegaconsigo
essencial, unicidade primàrdiaf
indivisibilidade e mesmice' ,.1 l,.rlr.slr';r loi çrroferida no campus Cave Hill da U§7I, o
inscritas nas relações
como devemos "pt"Jut" as identidades l' 't tt rl ll,t,l,,rtlrs Aduocate - antecipando âs comemorações da
e disjuntura?
de poder, construídas pela diferença' ,r,lr 1,.rrl.rrt i;r - rrtribuiu os títulos honorários de "Moisés" e
a identidade cultural seia \ r r r, , " r,s '" Prr is irrnrlrrrlorcs" da independência de Barbados,
Essencialmente, presume-se que ,
il
Aqui então situa-se o paradoxo. Agora nossos males co-
a) Íepara cada fenda através desse retoÍno'
Essa
rrrrlrt ruptur meçam. Um povo não pode viver sem esperança. Mas surge
em urta
,'r,',"rr.i, foi condensada, para o povo caribenho' um problema quando interpretâmos tão literalmente as nossas
,'spécie â. *ito fundador' Pelos
pad'ões usuais' trata-se de
metáforas. As questões da identidade cultural na diáspora
,,,r.,, grurd. visão. Seu poder -
mesmo no mundo moderno -
não podem ser "pensadas" dessa forma.s Elas têm provado
..1., montanhas jamais deve ser subestimado'
,"tor.. ser tão inquietantes e desconcertantes pâra o povo caribenho
fechada de "tribo"'
Trata-se, é claro,de uma concepção justamente porque, entre nós, a identidade é irrevogavelmente
cultural nesse
cliáspora e pâtria. Possuir uma identidade uma questão histórica. Nossas sociedades são compostas não
em contâto com um núcleo
sentido é estar primordialmente de um, mas de muitos povos. Suas origens não são únicas, mas
passado o futuro e o pre-
imutável e atemporâl' ligando ao cliversas. Aqueles aos quais originalmente a terra pertencia, em
Esse cordão umbilical é o que
sente nllma linha ininterrupta' gcral, pereceÍam há muito tempo - dizimados pelo trabalho
é o de sua fideliclade às
chamamos áe "ffadrçáo", cujo teste pcsado e a doença. A terra não pode ser "sagrada", pois foi
origens, sua pÍesençaconsciente
diante de si mesma' sua "au- "violada" - não vazia, mas esvaziada. Todos que estão âqui
rodo o porencial real
,.ni,.,a'ra".,. E,.lrro, um mito - com pcrtcnciam originalmente a outro lugar. Longe de constituir
dos nossos mitos dominantes de
moldar nossos imaginários'
rrrrrrr continuidade com os nossos passados, nossa relação com
às nossas vidas
influenciar nossas ações, conferir significado lssrr história está marcada pelas rupturas mais aterradoras,
e dar sentido à nossa história' violcntas e abruptas. Em vez de um pâcto de associação civil
transistóricos:
os mitos fundadores são, por definição, It'ntrrrncnte desenvolvido, tão central ao discurso liberal da
mas são fundamentalmente
não apenas estão fora da história' rrr,,rlcrnidade ocidental, nossa "associação civil" foi inaugu-
a estrutura de uma dupla
a-históricos. São anacrônicos e têm r,r(lrr l)or- um ato de vontade imperial. O que denominamos
no futuro' que ain-
inscrição. Seu poder redentor encontra-se t ,uilrt' rcnasceu de dentro da violência e através dela. A via
da está por vir. Mas funcionam
atribuindo o que predizem à
1,,u,r rr n«>ssrr modernidade está marcada pela conquista, expÍo-
do que era no princípio'
sua descrição do que já aconteceu' llr r,r(iro, l3crnocídio, escravidão, pelo sistema de engenho e pela
do Tempo' é sucessiva'
Entretanto, a histária, como a flecha l,rrr1,,,r trrtclrr cla dependência colonial. Não é de surpreender
dos mitos é cíclica' Mas
senão linear. A estrutura flafratrva ,lil( lt,t l;rrrosrr gravura de van der straet que mostra o encontro
é frequentemente transfor- ,l.r l'rrrr)l)ir con-r a América (c. 1600), Américo Vespúcio é a
dentro da história, seu significado
exclusiva de pátria que lrlirrr,r rrr,rscrrlit'u-t dominante, cercado pela insígnia do poder,
mado. É iustam.t'te essa concepção
levou os sérvios a se recusarem a
compartilhar seu território ,11, rr'rr, rlr. tl«r conhecimento e da religião: e a "América" é,
com seus vizinhos muçulmanos ,,,rrí) ,,('nllrrr', alcgot'izada como uma mulher, nua, numâ
- como têm feito há séculos -
étntca em Kosovo' E uma r , r lr , r ,,,1,',tr.1't pclos cmble mas de umâ - ainda não violada -
na Bósnia e justificou a hmpeza
judia e de seu anunciado
versão dessa concepção da diá'po" i,rr !t'.r nl ( \(lllttl-'l
disputa com seus ,,.,,,
"retorno" a Israel que constitui a origem da l)()\'()s li'rtt sttlrs rrtízcs lt()s - ()Ll' rnais precisâmente,
vizinlrosdoorienteMéclio,pelaqualopovopalestinotem 1,,,1, rn tr.r(..u \u:ls t'()t:ls ll llltrfir cl<ls - tltlatro Cantos do glo-
coÍIl sua expulsãtr 1,,, ,1, ,,1, .r I rrrop:r, Álr-iclr, Ási,r; torlttrl torçeclos a se iuntar
pago Lllll preço tão alto, paradoxalmente'
ó stltt' ,!.i {lr r rr) (.url(), ttil "tt'ttrt pritttrir-ilr" tlo Nov«l ]\4tttlclo. Suas
clc ttntlt tcrrll (lLlc, nfittill' tlrtlrbén-r
"rotas" são tudo, menos "puras". A grande maioria deles é de empreendimento profundamente desigual, mas "global", e
descendênc ia " aÍricana" - mas, como teria dito Shakespeare,
fez do povo caribenho aquilo que David Scott recentemente
"norte pelo noroeste".1o Sabemos que o tefmo "-Lfrtca" é, descreveu como "os recrutas da modernidade".l3
i5
i.l
parisiense, atravessado pela transgressão do "estilo" negro e é apreensível na plenitude de sua presença a si mesma. Como
as complexas afiliações ao "ser francês" de Fanon e Césaire' argumentaram Bakhtin e Volochínov:
Em Barbados, como esperado, senti maior aproximação com
a Inglaterra e sua disciplina social implícita - como cefta vez A plurivalência social do signo ideológico é um traço da maior
ocorreu, incidentalmente, mâs não mais, na Jamaica' Contudo, importância (...) na verdade, é este entrecruzamento dos índices de
os hábitos, costumes e a etiqueta social específicos de Barbados valor que torna o signo vivo e móvel, capaz de evoluir. O signo, se
são claramente umâ tradução, através da escravidão africana, subtraído às tensões da luta social (...) irá infalivelmente debilitar-se,
daquela cultura do engenho, íntima e de pequena escala, que clegenerará em alegoria, tornar-se-á objeto de estudo dos filólogos.15
reconfigurou a paisagem barbadiana. sobretudo em Trinidad,
as complexas tradições do "Ocidente" e do "Oriente " - das Nessa concepção, os polos binários do "sentido" e do "não
Rainhas do Carnaval Indiano, das barraquinhas de roti, pão scntido" são constantemente arruinados pelo processo mais
indiano, no local do carnaval, e das velas Diwali brilhando na rrberto e fluido do "fazer sentido na tradução".
escuridão de são Fernando, e o ritmo nitidamente hispânico- Essa lógica cultural foi descrita por Kobena Mercer como
-católico de pecado-contrição-absolvição (o baile da tetça-Íeira rr rnll "estética diaspórica" :
caribenha requerem a noção derridiana de différance - úma ,l,,rrlrrio linguístico do "inglês" - a língua-naçáo lnation-langwage]
diferença que não funciona através de binarismos, fronteiras ,1,, rrrt lrrrliscurso - através de inflexões estratégicas, novos índices
veladas que não sepâram finalmente, mas são também places ,lr r',rlor' (' oLrtros movimentos performativos nos códigos semântico,
de passage, e significados que são posicionais e relacionais, .illt,rlr( () t' lí'xicct.16
sempre em deslize ao longo de um espectro sem começo nem
fim. A diferença, sabemos, ó essencial ao significado, e o signi- \ , r rlr r r .r t :l'iltcrrha é cssencialmente impelida por uma esté-
ficado é crucial à cultura. Mas num movimento profundamente rr, r ,lr.r.,por.it'rr. l,}n tenn()s antropológicos, suas culturas são
contraintuitivo, a linguística moderna pós-saussuriana insistc ,,,,, rr'( l r,r i «'l rrrt'rrtc " intpuras". H,ssa impureza, tão frequen-
que o significado não pode ser fixado definitivamente' Semprc r, ,i,i nrr r ()nSll.Uítllt coltr<l cltrgâ e perda, é em si mesma uma
..deslize,, inevitável do significado na semiose aberta clc
há o ,
',r, lr, .r, ' n('( (' siir-i.l à sua nr<lclcrnicladc. Como observou certa
uma Cultura, enquânto aquil<l que parece fixo ctttltintlll il \cr . ,' r(,nr.rrrt ist:r Srrlrrr:rn l{ushrlic, "o hrbriclislno, ll impureza,
dialogicamente reepropriaclo. A farltasiir clc r.rm sigrriiicrlcl11 firrrrl r ,,,r rur,r,.t tr'.rrrsÍ()flilllç-lio rltrt.vCrl1 rlC n()vlts c ilrrrsitadas
contintre,rss<tntltracllt 1'rcl,t "i,rlt,r" <l(t "crCcss()"r lllils llLlllcil
lí,
(()nrl)inllç()('s (l()s s(^l'('s llutltittt()s, r:ullttl'lts, i(l('i:ls, lroltlrt ,rs, tonsltlrritttlo lunl;ls urtr rlos rrlrrr,rs ltrrrtl;urrt'rrt;ris tlos pritrrci
filnrcs, crtrtç'«lcs" c "corn«r a rr«rvirlarlc crltrll n() rttttttrl,,".' r os sisl('nlils ( rrPil;rlistrrs rrrrrrrtli,rrs.r" ( ) ( lrrrilrt' loi Ltrr rl«ls scr,rs
Nào se r.[ucr suÍ]cril ilÇui (luc. r'rurrríl lortttaçào sittcrtitiert. t,s (( n:rr.i()s e lr,rvt', rlt'rrtr'«r rlo ry trrrl lrrlorr-sc pcllr cstaltilização do
elementos diferentes estabelecem uma relação de igualdade sistt'rrrrr ('rtr()l)('u
tlc lislrrclos-rraçlio, rrlcançado em uma série
uns com os outros. Estes são sempre inscritos diferentemente tlc rrr'orclos irrrpcriais. () rrpogcr-r do imperialismo no final do
pelas relações de poder - sobretudo âs relações de dependên- sticul<l clczcrrovcr, as duirs guerÍas mundiais e os movimentos
cia e subordinação sustentadas pelo próprio colonialismo. Os ;,t'lrr irrricpcrrclência nacional e pela descolonização no século
momentos de independência e pós-colonial, nos quais essas virrtc nrrrrcaram o auge e o término dessa fase.
histórias imperiais continuam a ser vivamente retrabalhadas, Ag«rr:r ela está rapidamente chegando ao fim. Os desen-
são necessariamente, portanto, momentos de luta cultural, de v.lvirrrcntos globais acima e abaixo do nível do Estado-nação
revisão e de reapropriação. Contudo, essa reconfiguração não nrirrrrraru o alcance e o escopo de manobra da nação e, com
pode ser representada como uma "volta ao lugar onde estáva- isso. rr escala e a abrangência - os pressupostos pan-ópticos -
mos antes", já que, como nos lembra Chambers, "sempre existe tlc scu "imaginário". Em qualquer caso, as culturas sempre se
algo no meio".18 Esse "algo no meio" é o que torna o próprio r('cusrrârn a ser perfeitamente encurraladas dentro das frontei-
Caribe, por excelência, o exemplo de uma diáspora moderna. rirs nrrcionais. Elas transgridem os limites políticos. A cultura
A relação entre as culturas caribenhas e suas diásporas ..,rribcnha, em particular, não foi bem servida pelo referencial
não pode, portanto, ser adequadâmente concebida em termos rlrci«»ral. A imposição de fronteiras nacionais dentro do sis-
de origem e cópia, de fonte primária e reflexo pálido. Tem tt'rrr;r irnperial fragmentou a região em entidades nacionais e
de ser compreendida como a relação entre umâ diáspora lrrrgrrísticas separadas e alheias, algo de que ela nunca mais se
e outra. Aqui, o referencial nacional não é muito útil. Os r( ( Ul)('r-olr. A estrutura alternativa O Atlantico negro,proposta
Estados-nação impõem fronteiras rígidas dentro das quais se 1,,,r' l'rrul Gilroy, é uma potente contranarrativa à inserção dis-
espera que as culturas floresçam. Esse foi o relacionamento ( ur\ivil do Caribe nas histórias nacionais europeias, trazendo à
primário entre as comunidades políticas nacionais soberanas l( )nil :rs trocas laterais e as "semelhanças familiares" na região
e suas "comunidades imaginadas" na era do domínio dos ( ()nro Lnrr todo que "a história nacionalista obscurece".20
Estados-nação europeus. Esse foi também o referencial ado- A nova fase pós-1970 da globalízação está ainda profun-
tado pelas políticas nacionalistas e de construção da nação tl.urrcnte emaizada nas disparidades estruturais de riqueza e
após a independência. A questão é se ele ainda constitui uma l,,,rlcr'. Mas suas formas de operação, embora irregulares, são
estrutura útil para a compreensão das trocas culturais entre rrr,ris "globais", planetárias em perspectivâ; incluem interesses
as diásporas negras. t ll t'nl[)resâs transnacionais, a desregulamentação dos mercados
A globalização, obviamente, não é um fenômeno novo. Sua rrrrrrrtliiris e do fluxo global do capital, as tecnologias e sistemas
história coincide com a era da exploração e da conquista eu- rlc r'onrurlicação que transcendem e tiram do jogo â antigâ
ropeias e com a formação dos mercados capitalistas mundiais. .r,tlulrrra do Estado-nação. Essa nova fase "transnacional" do
As primeiras fases da dita história global foram sustentadas ',r,,t('nrrr tem seu "centro" cultural em todo lugar e em lugar
pela tensão entre esses polos de conflito - a heterogeneidade r rt rrlr u r-r. Está se tornando "descentrada". Isso não significa que
r
do mercado global e a força centrípeta do Estado-nação -, I r I I r rr cla poder ou que os Estados-nação não têm função nela.
. ;
It 39
Mrts cssa lrrttçrio lcttt cstrtclo, cttt tttttit«rs as[)ccl()s, sttllortlirr.rtl.r t,t.t\.t(.r,,, 1,)r.ll,, (l( .lt,,rrt, lt.t I t,l.t ,l.r,, til.t'. ( ,/()lt,ts,l,'1lt'l.l!,tl
às operações sistêmicas glolrais rnais amplas. O surgirncrlttr ,1,, n,,rt, rlr'l()n(lr(\. ,\s ltr's 1,,:lt()l,t:, /,/,(,(r/, stt:ts ltt'l-oittrls,
das formações supranacionais, tais como a União Europeia, é r rriltl)r.uil slr,l\ r'()ul)it\ ( \()lrL.ls ('ilr()utr,r sUlrttt-[rio tlc [,<llrdrcs,
testemunha de uma erosão progressiva da soberania nacional. , (rolrtlr,rll, rlrrc t l,rrrrrli;u nl('nt('r'onltccitlo cont<l l)ccluena Índia.
A posição indubitavelmente hegemônica dos Estados Unidos |',',.t., 'lrf f t'rrl//( {'.ç nil() rlt'ir,rrrr rlt'tcr cfcitos rciris. Ao contrári«r
nesse sistema está relacionada não a seu status de Estado-nação, , Ir r irrt r ,r\ r'( l)r'('s,('r)t;rÇ'irt's clrissicrts cl<t tlttnccha//, esse filme traça
mas â seu papel e ambições globais e neoimperiais. ,.r rr.rl),1 tl:rs lrr(lrs rllrs tri's grrotrrs plrra se tornarem DJs de
Portanto, é importante ver essa perspectiva diaspórica t,t,,'1,.,t ,lt ss:r lonn:t trltzcnclo piirit o centro da narrativa a
da cultura como uma subversão dos modelos culturais tra- , ,,rtr{ rr t'r titl:r rlrrcstrio cla política serual na cultura popular
dicionais orientados paÍa a nação. Como outros processos | ilil.1t(.rrr:r, ()rrtlr'()Utrlls vcrs(')cs aindir a escondem atrás de um
globalizantes, a globahzação cultural é desterritorializante Lr,,rrrl,r, rr,rr iorr:rlistlr ctrlturrrl. O documentário de IsaacJulien,
em seus efeitos. Suas compressões espaço-temporais, im- I l,, l t,rt l;t'r ,\irlt' of llltck, f«ri filnrado ern três locais - Kingston,
pulsionadas pelas novas tecnologias, afrouxam os laços ' ,.r.r l,r(lu( (' L«lrrcllcs.'falvez seia essa relativa liberdade de
entre a cultura e o "lugar". Disjunturas patentes de tempo l,rr',u ,1rrc o 1r1'1'111i1rr conir«lnti.lr a profunclir homofobia comuln
e espaço são abruptâmente convocadas, sem obliterâr seus , ,lr'.rrrl.r\ \'irrirurtcs tl<t gangsta rttp ser;r cair na linguagen-r
ritmos e tempos diferenciais. As culturas, é claro, têm seus ,1, 1,., rrr r,r,l.r ,l.r "r,iolônci:r inata das galeras negras" clue hcljc
"locais". Porém, não é mais tão fácll dízer de onde elas se ,l, ,l.,,rr,r () trrrrrlisrrro cl«inrinictll britânico.
originam. O que podemos mapear é mais semelhante a um \ .rrr..rr t ,l,rtrcclttll ó hoje urma forma musical diaspór:ica
processo de repetição-com-diferençâ, ou de reciprocidade-sem- r r, , ,r l), ,r ,r(l.t rrrrr,r tllls viirias rnúsicr,ts negras que conquista,m
-começo. Nessa perspectivâ, as identidades negras britânicas ,, , ,,r.r(.,,,.r r1,. ,rliirrrrs garotos irrancos "quero-ser" de I-ondres
não são apenas um reflexo pálido de uma origem "verdadeira- , r,, ( , "(llr('ro so'rrc{rr«r"!), clue falam uma mistura pobre cle
mente" caribenha, destinada a ser progressivamente enfraque- t it,,t \ l, I rcrrt lr l orvrr, bip hop nova-iorquino e inglês do leste
cida. São o resultado de sua própria formação relativamente | 1 ,,1s,11(,,, ( l);u';t os cytlris <t "estilo negro" é simplesmente
autônoma. Entretanto, a lógica que as governa envolve os ,,,,lrri rl.rrl, rrrrrlrolico clc urn moclerno prestígio urbano. (É
mesmos processos de transplante, sincretização e diasporização 1,r,, ,1r,, ,1,., n.t() s,t{, ,t rntictt cs1-tcicie comum da juventude
que ântes produziram as identidades caribenhas, só que, agora, I rrr rrrrr .r I rr.,tr'ltr lrrrrrlr«rtn os sÀir-/.teaclsrtatuados de suástica.
operam dentro de uma referência diferente de tempo e espaço, i r,, r r, n r r, l( )r ( ., .l,,s srr lrrrrbios lrrlrncos abandonados tais corllo
1
.
um cronotopo distinto - no tempo da différance. I rl, rr (lu(' l.urrlrt'rrr prltticatrr "globalrnel-lte" suas manobras
Assim, a música e a subcultura dancehall (salão de baile) r,,l rrr r rr,., l(,1,,,,s,1,'lLrtcbol intr:rtracioniris, cinco dos quais
na Grã-Bretanha se inspiraram na música e na subcultura da . L,;rr, r,rn ,rr( .r nr()t't(',r,rrlolcsccntc ltegro Stephen Lawrence
.|amaica e adotaram muito de seu estilo e âtitude. Mas agora ,,,|,,|| l, rr.r(l.r ,l, ,,rrrllus rro srrl tlc l,rlnclrcs, sinrplesmentepor-
têm suas próprias formas variantes negro-britânicas e seus i,, ' l, ,rrr,,rir tr,t.rr.rlt irrrilrrrs no "tcrritírr-r<t" cleles.)lt O que
próprios locais. O recente filme sobre dancehall, Babymother, 1,, r, ,,,,rrlr((( ((rntr, 1trtr.ql,'tttttsic cnrl.<lnclrcséoutr()crllza-
se localiza "autenticamente" na zota de mistura racial drr ,, rr,, ,'rr1,,rr,rl" (lr,,rrvc rnrrilos, rlt'stlt' lrs vc't-sõt's britâr-ricas
centro pobre de Harlesden, nrls ruas e clubes, rros estúdios clc 1,, i t ,l r rrrrr..rt ,t .,,,ttl n( t',til1 ,.lo 1,,,q.q,1,,, ntttsir.t ltt,rt-lrtttc
,Í0 lt
trt ll', (lll.l(ll()1,
t'rlc "r'rrízt's") ('ntr'('(t tlrrlt yrnrtt(';ln(), () ltrlt ltolt rlc Atl,rrrtrr ilr()(l( t ilt',nro lr(r', 1',U( ll,l l,l ll.llll( o r ( lllolit ll,
tttbrlc lct'brro (assinr c()nro <» ltiltr,qt ,r
Avcr.rurc, o gLtngstLt rdl) c it ,lr.,.tlr.ilil (.il.r( l( r I/.r(.()(',. ',( l.l ',tltt1,l1',11t( lrl( (l() lll)() r:ll i
e o tabld-dnd-bass são cr uzamcntos ertre o rdp, a techno e a 1,, rrlr,, ,,rr lrtrl.ulr(o. I ss,ts lt l,ts t tirr,url('s. ('\ltlosir,:ttltt'tltc
tradição clássica indiana). ,,,1,,r rtl.rs, ( ()nr su:r\ l()r'rrl.ls (()srllrrils (' tt-ilç-()s ittciistiltttls
Nas trocas vernaculares cosmopolitas que permitem às ,lI l,rr rllils ( lir,,til rts l( illr( \. tll.l\ \ltgr'\tiVltlltctltc crn[lutidils
tradições musicâis populares do "Primeiro" e do "Terceiro" il.r\ \U l)('r'l r( i('s rr l)sl rirtirs, cluIllnlc'ntc pcrtellcelr à histór:ia
Mundo se fertilizarem umas às outras, e que têm constrlrído (,..,( n( i;ll tlo "rrrorlt'r'nisnl() britânico", sclll irtrttais terem sido
um espâço simbólico onde â chamada tecnologia eletrônica ,,lrt i.rlrrrr'rrl('r'('c()nlrccitlas cotrro parlc clela. Sem dúvida, seu
avançada encontra os chamados ritmos primitivos - onde ,.rn()r'() (()nl rl rrtrisicrr c rr rrbstraçãcl europeias, na mente de
Harlesden se tornâ Trench Town -, não há mais como traçar r lrir rr rr, rr rorlil itlr r-lr nl sulls crcclenciais como pilltor "caribenho".
umâ oÍigem, exceto ao longo de uma cadeia tortuosa e des- ( ( )nru(l(). si<l «rs rlois irnpr.rlsos funcionando ern conjLrnto, sua
contínua de conexões. A proliferaÇão e a disseminação de |,( ,',r(..ro rlt' lrrrrltrçio entre dois munclos, várias estéticas, muitas
novâs formas musicais híbridas e sincréticas não pode mais lrrrr,,rr.rr,,t'rrs. (luc o estabelecem c()mo um artiste excepcionâl,
ser apÍeendida pelo modelo centro/periferia ou baseada sim- ,,r r1:rr.rl t' lolrrriclavelnrentc moclel:no.
plesmente em uma noção nostálgica e exótica de recuperação N, r t rrtrilou() procluziclo palil 11 retrospectiva de'§íilliar-ns, cr
de ritmos antigos. É a história da produção da cultura, de , I rl r( ( ) tlt' rtt-tc Ciuy Brett Colllerttl:
músicas novas e inteiramente modernas da diáspora - é claro,
aproveitando-se dos materiâis e formas de muitas tradições I ,l.rrr) (lu('rl sLltilezâ da cluestão - a complcxidade da história
musicais fragmentadas. ,lrr, rrrr,l,rt'stri porsc,t-escrita-éqr-re irobracleAubrey\üTilliarnsteria
Sua modernidade necessita, sobretudo, de ser enÍatiza- r
l,(,r r,,,rrsirlcrlrcla cm três contextos clifererrtes: o da Gi-riana, o da
da. Em L998, o Instituto de Artes Visuais Internacionais ,1,r.1,,,r,r r,,rri;rncnsc e câribenha na Grã-Brctallhe, e o clrr sociedi'rde
e a Galeria §Thitechapel organízaram a primeira grande l,r rt rrrrt .r. l.sscs c()nte\tr)s rcrtltll qLlc scr considerados Llnl tanto
retrospectiva da obra de um grande artista visual cari- , l, rr.r(l,un( nte c crn seLrs inter-relacionamcntos colrplcxos, afeta-
benho, Aubrey §Tilliams (1926-1990). §Tilliams nasceu ,1,, t,, l r', r, do poder. E todos tcriam qlle scr aiustados ctx
'rlitlrrcles
e trabalhou por muitos anos como agrônomo na Guiana. I r, r,, .r, ) l)r.()l)r'io clcscjo de \X/illiams de ser sin'rplesmente um artista
Subsequentemente, viveu e pintou, em diferentes estágios ,,, ,, l, r rrr ). ( ( )nt('lnpoÍâneo, o par cle qualclue r outro. Num momenttr
de sua caÍÍeira, na InglaterÍà) na Guiana, na Jamaica e nos , 1 1,.rlr'rr,r ,lizt'r: "Não gâstei mLritn energi.t nessc nepiócio de raízes.
Estados Unidos. Seus quadros incluem uma variedade de I'r r ',rt r .rlt'rrç-io err Lula ce ntellir de coisas (...) pot cluc c'levo isolar
estilos do século vinte, desde o figurativo e o iconográfico até ,,,, r iri,,,.,,lr.r?" [:rrr outrcl tnomento: "O cerne da qtrestão inerentc:t
a abstração. Suas obras mais importantes demonstram uma ,,,,,1,r ,,lrr,r tlt'srlc r.nenino foi a condição humrrna, espccificamentc
variedade ampla de influências formais e de fontes de inspira- ,, ,, I r, .r,, .r sitrrtção gtrianense."za
ção - os mitos, artefatos e paisagens guianenses, os motivos,
a vida selvagem, os pássaros e os animais pré-colombianos e (),lrrt'tlizer então sobre todos aqueles esforços de recons-
maias, o muralismo mexicano, as sinfonias de Shostakovitch r u, ,ri ) ,l:rs itlcntidades caribenhas por um retorno â suas fontes
e as formas clo expressionismo abstrato características do ,,1,rr.rr r,rs? As lutas pela recuperação cultural foram em vão?
4Z 43
l,ortgc tlisso. l(t'tr-ltlrllhltt-lt ÁÍ'r"ic,r nlr Ir-:lnlil c:rribcnhrr Ít'rrr srtlo N,,r',r Nlutr,l,,, lr() lurl,lllr,r,, r 1,,1, ttl,, ,1,, ',rn( l( lt\ttt(, ,,,l,,ttt.tl
o elcnrcnto nrais poclcroso c subvcrsivo clc nossa política cLrlÍ u tr'l.t ;.trl.r rr.r l,,r rr.tÍlt.r tl,, lr.trr, l.t,,,,,l,,nt.tl
ral no século vinte. E sua capacidade de estorvar: o "âcord<-r" ll,,tr.tlrrrt rtlt '.tt,,rulr(.rlr\'.r.('rrl,l().t .t lol tn.r(()rrr()( s.r ",'\ltrt.t"
nacionalista pós-independência ainda não terminou. Porém, lorrrt't c r'('( ursos ..l.. solrr'..'r,ivi'rt.i:r lrojt'. lristor-i:ts :tltt't-rt:ttivrts
isso não se deve principalmente âo fato de estârmos ligados .rrlu( l.r\ ilril)()\l.ts |1 l1,.l,,tttttttt,r.,,l,,ttt.tl ('.1\ ttt.tlt'li,ts 1,11111.1''
ao nosso passado e herança africanos por umâ cadeia inque- l),u ir r.('trrtlrrtllrri-l;ts rlt' lot'tnlts r' 1.r;tclr'õcs cLrltrrrrtis ttovos t' tlis
brantável, ao longo da qual uma cultura africana singular fluiu Iltlr )\. Nt ss.t 111 l's[t't tit,t. .ts "r,,lrrcvivuttt'i.ts" ( t't t \tt;ls lot'ttt.ls
imutável por gerações, mas pela forma como nos pÍopusemos ,,r'rrlin:ris sio nr:rciçlnre nfc sobrcpu j:rrlrrs pcl<l pr()ccss() rlc trlt
(lu\':r() ctrltrrral. (lrnro Sarrt Mlhirraj nos Ienrbra:
a produzir de novo a " AÍrrca" ,dentro da narrativa caribenha.
Em cada conjuntura - seja no garveyismo, Hibbert, rastafa-
,\ lr-rrtlrrç-io, conro 1)e rriclrr rr coloc:-r, é nruito cliferente cle conrl-rr',tr,
rianismo ou a nova cultura popular urbana - tem sido uma
r lrrrlt'r, Ir()crrr - nrr«r irnportrl o quânto ela tenhir sido cot'rvcttciort,tl
questão de interpretar a " -LÍrica", reler a " ÃÍrica" , do que a
rr( lll(' r-('lrlrfll(llr ncsscs terntos. Não se trata de transportar- flrti:ts
" Ãfrica" poderia significar para nós hoje, depois da diáspora.
,u( rrl( ntils rlc scrrticlo rle um laclo cla barreira de unra língLrir l)ru':l il
Antropologicamente, essa questão foi frequentemente
,,Ilr.r c()f il() econtece com os pacotes de fast fctod embrulhetlos rrr,t
abordada em termos de "sobrevivências". Os sinais e traços
l,.ri,,,,s,lt.r,rrrrcllpltr:tvilgertt.Osrgrrilieadortàovr'rttl)r()nl().n.r('('
dessa presença estão, é claro,por toda parte. A "África" vive,
.rlri,, por'lrltil rlLre se pocle "carregar através" do divisor. O traclrrtol t'
não apenas na retenção das palavras e estruturas sintáticas
, ,1,, rr,,,rtlo :r construir o significadcl na língua original e depois irrrrrgirr.i
africanas na língua ou nos padrões rítmicos da música, mas
l,,, rrrotlt'lri-lountascg;undaveznosn1:1teriâisdaiíngu:lcortterlrr,tl
na forma como os jeitos de falar africanos têm estorvado,
, 1, ,,u t l:r o está transn'ritinclo. As lealclirdes do tradutor: são assint
modulado e subvertido o falar do povo caribenho, a forma
,1,' r,lril:rs c partidas. Ele ou elil tem que ser leal à sir-rtaxe, sensaçio
como eles apropriaram o "inglês", a língua maior. Ela "vive"
, , ,rrrlrrrrr rlrr iíngua-fonte e fiel àqLrelas da língua da traclução. (...)
na forma como cada congregação cristã caribenha, mesmo l .Í rr r, rs tlientc clc uma clupla escrita, aquilo qr-re pocleria ser clescriro
famlliarizada com cada frase do hinário de À4oody e Sankey, , ,,,r() rnrrl "pérficl:r fidelidade". (...) Sonros cclnduzid«rs ao "cfcito
aÍrasta e alonga o compasso de "Avante Soldados de Cristo" , l, ll rl,r'1" tle l)errida.26
44 45
tlt' rrosslr sot rt'tl;ttlt' t' ltislolirt (ltre Í()i r)litaiç';ltltctttt' srrpt ttttt,l.t, st;r'ulo ,t . lr,tttt,rtl;t t t'volttç-rto r. ttll ttl',tl tlos rttlos (r0 L'()ltl()
sistcntrtticanrclrtc rlcsottrltcllt c' ittct'sslltttctllctltc ltcgltclrt t' ir's,,- lrrrrrlrí'rrt rl Ír»tnt,tç'rio rlo srrjt'it«t t'rtt'ilrt'ttlto tlcÍll'(). Ntr .larrllti-
apesâr cle tudo qLre ocorrcLt, perranece assim. Essa dimensã<r ( it, l)()l' r'rt'ttt;tl«r, s(^tls trilç:()s lt itttllt Poclctl-r scr cncol-ltl:âdoS
constitui aquilo que Frantz Fanon denominou "o fato da negri- crrr nrilharr:s clc l«rcitis ttrio irtvcstigaclos - nâs collgregações
tude".27 A raça permânece, apesar de tudo, o segredo culposo, rcligiosas clc toclos os tiptts, lormais e irregulares; nas vozes
o código oculto, o trauma indizível, no Caribe. É a " Africa" rrrrrrginalizaclas clos pregadores e profetas populares de rua,
que â tem tornado "pronunciável", enquanto condição social rrruifos clelcs loucos cleclarados; nas histórias folclóricas e
e cultural de nossa existência. Íirnnas narrativas orais; nas ocasiões cerimoniais e ritos de
Na formação cultural caribenha, traços,brancos, europeus, l)ilsslrÍlern; rra nova linguagem, na música e no ritmo da cultura
ocidentais e colonizadores sempÍe foram posicionados como popLrlar urbana, assim como nas tradições políticas e inte-
elementos em ascendência, o aspecto declarado: os traços ne- It'ctultis - no gârveyismo, no "etiopismo", nas renovações
gros, "africanos", escravizados e colonizados, dos quais havia rt'ligi«rsas e no rastafarismo. Este , sabemos, rememorou aquele
muitos, sempre foram não ditos, subterrâneos e subversivos, ('s[)lrço mítico, a "Etiópia", onde os reis negros goYernarâm
governados por uma "lôgica" diferente, sempre posicionados por nril anos, local de uma congregação cristã estabelecida
em termos de subordinação e marginalização. As identidades stictr l<rs antes da cristianização da Europa Ocidental. Mas,
formadas no interior da matriz dos significados coloniais r'orrro movimento social, ele nasceu realmente, como sabemos,
foram construídas de tal forma a barrar e rejeitar o engaja- rrrrrlucle "local" fatídico mas ilocalizável mais próximo de casa,
mento com as histórias reais de nossa sociedade ou de suas orrtlc o retorno de Garvey encontrou a pregação do Reverendo
"rotas" culturais. Os enormes esforços empreendidos, através I Iibhcrt e os delírios de Bedward,levando ao recolhimento na
dos anos, não apenas por estudiosos da academia, mas pelos r,,rrruniclade rastafari, Pinnacle, e à dispersão forçada desta.
( ) r'rrstafarismo se destinava àquele espaço politizado mais
próprios praticantes da cultura, de juntar âo presente essas
"rotas" fragmentárias, frequentemente ilegais, e reconstruir ;rnl)lo, de onde poderia falar por aqueles - que me perdoem
suas genealogias não ditas, constituem a preparação do terre- ,r lr':rsc - "despossuídos pela independência"!
( l«rnro todos esses movimentos, o rastafarismo se represen-
no histórico de que precisamos para conferir sentido à matriz
interpretativa e às autoimagens de nossa cultura, para tornar o l( )lr ( ()r)ro um "Íetorno". Mas aquilo a que ele nos "retornou"
invisível visível. Em outras palavras, o "trabalho" de tradução lrrr rr n<is mesmos. Ao fazê-lo, produziu "a AÍrrcanovamente"
que o significante africano rcaliza e o trabalho de "fidelidade rr,r tlirispora. O rastafarismo aproveitou muitas "fontes per-
pérfida" que devem assumir os artistas caribenhos neste mo- ,lr,l,rs" rlo passado. Mas sua relevância se fundava na prâtica
mento pós-nacional ista. ,'t I r';rr »rclinariamente contemporânea de ler a Bíblia através de
As lutas por redescobrir as "rotas" africanas no interior das ',rr,r tlrrclição subversiva, sua não ortodoxia, seus apócrifos;
complexas configurações da cultura caribenha e{alar, atrâvés l,'rrt lo rr ao revés, de cabeça para baixo, voltando o texto contra
desse prisma, das Íupturâs do navio, da escravidão, coloni- ',r nr('sr)ro. A "Babilônia" de que ele Íalava,onde as pessoas ain-
z.ação, exploração e racialização produziram não somente â ,l,r ,,olr-irrur, não era o Egito, mas I(ingston - e depois, quando
rilricn "revolução" bem-sucedida no Caribe anglófono neste ,, nr )nr(' liri sintagmaticamente estendido para incluir a Polícia
;l (, 47
Mr-'lropolitrul:lJ ()s [r:rilros tlt'lirixlorr, I Irrrrtlswor-l lr, Nloss l.rtlt. ttr",lt lr,,.tl ,lt.t,l,,rr(().. Ni::r'',tttlttl. t',1rirtlt,,, ;,r,',',,, lt,l.tt ,,,ltt
c Nottirrg llill. () rrrstrrlrrr-isrrr() L'\L't'LLLt urrr ltatrtcl cl-ucirrl rrr» ,, ".rlr,r i,rt rlrcrrlr." (.. ) tr.r:, r),ri) (llr.rr(l(, , 1, , us.til,) (()ttt(, irrtlit't'
movimento moderno qLre tonlou "negras", pela primeiÍayeze 1,rviltr,,t.r,lo,l,rlr,rtt()r (llr( lir,t t'tcttlrirl()(l,tsits()ulltsltistori<lgrafias
irremediavelmente, a Jamaica e outrâs sociedades caribenhas. ,.rrrlrt'rrlrrrs sulr;rlltln;rs solr turtrr :rÍr'olilirr clo (laribc aclui na Grã-
Numa tradução ulterior, essa doutrina e discurso estÍanhos llrct:rrrlrrr... I lirritlrrtl tcvc r.nnr historirr rlc scrtricscr:,-rvidão de indianos
"salvarâm" as jovens almas negras da segunda geração de ( r)r r-('rlinr(';rprrrtlrcitl n()s crunpos rlc traba[ho clue clurou tanto quanto
migrantes caribenhos nas cidades britânicas nos anos 60 e 70 .r t'sr'r-lr vrtl:to "rlrgart izarlrr"...ls
e deu-lhes orgulho e autoconhecimento. Nos termos deFrantz
Fanon, eles descolonizaram as mentes. () rlLrc esses exemplos sugerem é que acultura não é apenas
Ao mesmo tempo, vale lembrar o fato embaraçoso de trrrrr virrgern de redescobertâ, uma viagem de retorno. Não
que a "naturalização" do termo descritivo "negro" para tl rrrrrl "arclueologia". A cultura é uma produção. Tem sua
todo o Caribe, ou o equivalente "afro-caribenho" parâ to- rrrrtórirr-primâ, seus recursos) seu "trabalho produtivo". De-
dos os migrantes caribenhos no exterior, opera sua própria pt'rrrlc cle um conhecimento da tradição enquanto "o mesmo
forma de silenciamento em nosso mundo transnacional. O t'rrr nrtrtação" e de um conjunto efetivo de genealogias.2e Mas o
jovem artista de Trinidad, Steve Ouditt, viveu e trabalhou (lu('('sse "desvio através de seus passados" Íazénos capacitar,
nos Estados Unidos, na Inglaterra e descreve algo que ele :rtr':rvós da cultura, a nos produzir anôs mesmos de novo, como
chama de "Sucrotopia" de Trinidad. Ele se descreve como n()v()s tipos de sujeitos. Portanto, não é uma questão do que
"um artista do sexo masculino creole caribenho trinida- .rs lrrrtlições fazem de nós, mas daquilo que nós fazemos das
diano indiano cristão de educação anglo-americana pós- r r( )ssirs tradições. Paradoxalmente, nossas identidades culturais,
-independência", cuja obra - em forma de escrita e arte âm- ,'rrr tlrrrrlcluer forma acabada, estão à nossa frente. Estamos
biental * "navega o difícil terreno entre o visual e o verbal". ',('nrl)r'c crr processo de formação cultural. A cultura não é uma
Ele aborda de frente esse assunto em uma recente peça que ,1rrt'sl:i«r cle ontologia, de ser, mas de se tornar.
compõe seu diário online, "O enigma da sobrevivência": lr,rrr suas formas atuais, desassossegadas e enfáticas, a globa-
lrz,rçrio vem ativamente desenredando e subvertendo cadavez
Afro-caribenho é o termo genérico para qualquer caribenho na rrr.rr:r scus próprios modelos culturais herdados essencializantes
Inglaterra. De verdade. Assim como quando muita gente bem-educada , lr,rrrogcrleizantes, desfazendo os limites e, nesse processo,
aqui diz para mim: "Você é do Caribe, como é que pode, nem negro , lrr.. itlrurdo as trevas do próprio "Iluminismo" ocidental. As
você é, parece asiático"... Creio que o termo "afro-caribenho" é uma r,l.ntitl:rclcs, concebidas como estabelecidas e estáveis, estão
designação britânica e talvez se espere que ele represente a imagem ,,.rrrlr,rr,,rrnclo nos rochedos de uma diferenciação que prolifera.
da maioria dos migrantes caribenhos que vieram para cá no período l', ,r 1,,,1,, o elobo, os processos das chamadas migrações livres
pós-guerra. E é usado para marcar e lembrar no passado deles as , 1,,r,.:rtlrls estão mudando de composição, diversificando as
políticas e os horrores da escravatlrra) a classificação europeia dos , rrlrrrr.rs t'pluralizando as identidades culturais dos antigos
africanos como ultrainferiores. A fragmentação ea perda da "culturâ", l ,t.r,los nação dominantes, das antigas potências imperiais,
mas com vontade de negociar uma nova "africanidade" fAfronessf , ,l, l;rto, clo próprio globo.3o Os fluxos não regulados de
48 49
l)()v()s ('(ulll[rrs sil() l,r():trrll)l()s t'l:to ittcllt':tvt'is (ltr.rrrl() (,.' Io.'lrl .'los t'lt'rlr,s t'sst'nt irtltttt'ttlt'tilolrlus, nlirs l)()t(lu('t,ttl,t trttt
l'Írrxos prttr-<lcirrrtrlos tlo crtpitrrl c rle tt'crrologirt. Atltrt'lt'irr.ru ,',r r,,rrrli,,,ro tlt' t'rrsli'rrri:r tlo t»trlt-o- Alttt's, lt "rtttitlcrrtitla-
gllra ulrr rl()vo ploccsso clc "nrillol izirção" deutro das :utigas ..it'" t'r'rr tr-rrrrsrrritirlrr clc'rrrn rinico ccrrlro. Ilojc, cla não possui
sociedades metropolitanas, cuja honrogeneidade cultur:al tem urrr tlrl ccntr(). As "rrt«lclcrniclitclcs" cstão por tocla parte; mas
sido silenciosamente presumida. Mas essas "tninorias" não :rssrrrrrirlrrrr Lrrlr ônfltsc vcrnácula. O destino e a sorte do mais
são efetivamente "restritas aos guetos"; elas não permanecem sirrrplcs c pobrc agricultor no rnais remoto canto do mundo
por muito tempo como enclaves. Elas engajarl uma cultura .lt'pcnclc clos cleslocamentos não regulados do mercado global
dominante em uma frente bem ampla. Pertencem, de fato, a ('i l)()r cssa razão, ele (ou ela) é hoje um elemento essenciaL
um movimento trânsnacional, e suas conexões são múltiplas ..lt'crrcirr cálculo global. Os políticos sabem que os pobres não
e laterais. Marcam o fim da "modernidade" definida erclusi- st'r-io cxcluídos dessa "modernidade" ou definidos fora dela.
vamente nos termos ocidentais. l',slt's nã<r estão preparados para ficar cercados paÍa sempre
De fato, há dois processos opostos em funcionamento nas ('nr unlr.l tradição imutável. Estão determinados a construir
formas contemporâneas de globalização, o que é em si mesmo ,,r'us pr(rprios tipos de "modernidades vernáculâs" e estas são
algo fundamentalmente contraditório. Existem âs forças do- rr'prt'scntativas de um novo tipo de consciência transcultural,
minantes de homogeteização cultural, pelas quais, por causâ rIif r)snrrcional, até mesmo pós-nacional.
de sua ascendência no mercado cultural e de seu domínio do Lssrr "rrarrativa" não tem garantia de um finalfeliz. Muitos
capital, dos "fluxos" cultural e tecnológico, a cultura ocidental, rros rurtigos Estados-nação, que estão profundamente vincula-
mais especificamente, a cultura americana, ameaça subjugar ,1,,:; rrs krrrnas mais puras de autoconhecimento nacional, estão
todas as que aparecem, impondo uma mesmice cultural homo- ',, rr.lo litcr:almente levados à loucura por sua erosão. Eles sen-
geneizante - o que tem sido chamado de "McDonalcl-ização" l( nr (luo todo o seu universo está sendo ameaçado pela mudança
ou "Nike-zação" de tudo. Seus efeitos podem ser vistos em , rrrirrrlo. "A diferença cultural" de um tipo rígido, etnicizado e
todo o mundo, inclusive na vida popular do Caribe. Mas bem r r r,
1i, ,t irÍ vel substituiu a miscigenação sexual enquânto fantasia
iunto a isso estão os processos que vagarosa e sutilmente estão 1,,,, ..olonial primordial. Um "fundamentalismo" de impulso
descentrando os modelos ocidentais, levando a uma dissemi- r,r, i;rl vcio à tona em todas essas sociedades da Europa oci-
nação da diferença cultural em todo o globo. , l, rrt ;r l c rla América do Norte, um novo tipo de nacionalismo
Essas "outras" tendências não têm (ainda) o poder de , I. t'r rsi vrr c racializado. O preconceito) a injustiça, a discrimi-
I
confrontar e repelir as anteriores. Mas têm a capacidade, em r,r(.,r() r' a violência em relação ao "Outro", baseados nessa
todo lugar, de subverter e "traduzir", negociar e fazer com , lr lt'r t'rrç:â cultural" hipostasiadâ, passou a ocupar seu lugar - o
que se assimile o assalto cultural global sobre as culturas mais ,1rrr S.rr':r[ l\4aharaj chamou cle um tipo de "sósia-assombração
fracas. E já que o novo mercado consumiclor global depende rlr, ,rl):r'thcicl" - junto com racismos mais antigos, fundados
precisamente de sua assimilação para ser eficaz, há certa van- , r ( ()r rlrr pcle ou na diferença fisiológica - originando como
tagem naquilo que pode parecer a princípio como merarlente r , ,l)( ),itil unra "política de reconhecimento", ao lado das lutas
"local". Hoje em dia, o "meramerte" local e o global estão ' ,lilrI,t rI r-rrcismo e pela justiça social.
atados um ao outro, não porque este último seja o maneio
.50 .51
lirrr pr-irrrí1li()i ('sst's tlt'stlol,r'rtrtrt'ttlos potlt'lll l)rlrt'(('l r.ltrl,lrr 1oltl(ltl,tt o lJr)\o(,lttl,,ttlt,,.
,,,lrlr " \,lrr, l,
1,r)\()(lll( (:,1.1 il.1
tcs clas prcocLt.plrÇõcs (l1rs ll()vils nitçõcs c cgltgras cpt('t'll('nl('s , I\ rlr,,.t(,r,, ()( r(l, rrl.rÍ, (llt( 1 t( .,( ( il tt, l,r. tti.r., ilrrt l0l ,,lrt itl.ttlrl
da "per:iíeria". Mns cotrlo sttgt'ritltos. o vcllro rnodelo Lelrtl'() r ',( ,( il1il ( (lt'l.rlt, rt ..t illt'l()t,r ,l,'1,f , t( ilt ililt.1 L('illl)t-(.(.n\.i()
-periferia, cultura-nacionalista-nação é. exatamente aquilo l il tt( ,t ,,(,lrt , ..U.t s,,. ir'tl:ttl..'. " ''
internacionalismo nas artes e cultura] é apenas a mais recente numa t ,, .1,'ttr //,/,'.s ('r-ilnr unra ação de desobediênciir civil clc I961 nos Estados
t,,,1,,.,(rr(lu( ônibusdcilirnifest:rntesbrancoscitcgrosatrayessaramos
história de tentativas tais como esta de estabelecer um diálogo entre
1 ,,1,,. ,1,, \rrl. i\ nruito cLlsto, os
freedom rldes desrnontaram o sistema
as culturas que foram apagadas das "narrativas oficiais da prática l, , I r,1i.r,,r() rrrci:rl nos ônibus interestadr-rais na região, pois levaram à
cultural na Grã-Bretanha [e que não foram capazes] de dominar as ,i,,', r, r()(llunlillci fcderal qLrevet:1va:trescrvadoslugaresnafrentedos
,,1,r1.1,.11,r lrnrrcos,osdetráspârâncgroseasegr:egaçãor:acialdosserviços
estruturas profundamente arraigadas e firmes que nós interrogamos"
l,,,,rlli r!r()nirsrocloviárias.Alómclessavitór:japontual,oslreedc»nrides
(Oguibe).31 r! , r .r.r,n ohrigar o governo federal a se envolver na luta pela igualcladc
,,rlill)
I I \ I I . \ (.rrltural ldentity arrd Diaspora. tn: RUTHLltFORD,.fonathan
O que temos em mente aqui é algo bem diferente - aquele
I I r Ll, tttrt\,: Oomrnunity, CultLrre, Difference. London: Lawrence
"outro" tipo de modernidade que levou C. L. R. James a \\ r lr.rrl, 1990 IHALL, S. Identidade cultural e cliáspora. Reuista do
52 53
,,1,,1'rrrrl.rl, ll,.t',r.t,,,,,1,.tt,,, .rrr(,,1,r,, ,1, ,1,,r 1,,'1,,",1,,1rrr1,,rr,,,
l',tlttttr,,trr,,lll lt)ttt,,, \tlt,/r,,'i!r,.t'lt'tl.tt. '1,1' r'li '- l'r'/í' ' ll\ll
()11v1I1ttti',,f\trIItrt'tII,|'titi','. |'I') ,,( i l( (rillt.lt [[ r lt l,,rr,lr,
\.'I)II(,,\\ I'.fL|.1 I''ri'|''rr:\'II',(
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