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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

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Sergio Peixoto Silva

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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

ÍNDICE
APRESENTAÇÃO ................................................................................ 6
O que é uma “Arma Secreta”?

CAPÍTULO I ....................................................................... 8
A Busca pela Arma Suprema

CAPÍTULO II .....................................................................15
Alemanha - Na Vanguarda Tecnólogica
Milhares de ideias ............................................................... 15
Acesse nosso
Ural Canal
Bomberno Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
............................................................................19
Amerika Bomber .................................................................. 21
Aviões Secretos Alemães ............................................... 24
Exército Alemão ...................................................................37
Tanques Alemães .............................................................. 42
As Armas VIngadoras ....................................................... 46

CAPÍTULO III ....................................................................51


Japão - O Pequeno Notável
CAPÍTULO IV ..................................................................... 61
Rússia - A Simplicidade
CAPÍTULO V ..................................................................... 67
Inglaterra - Soluções Criativas
CAPÍTULO VI .................................................................... 73
Estados Unidos‚ Recursos Ilimitados

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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

APRESENTAÇÃO

O que é uma “Arma Secreta”?

A
lguns anos atrás, numa grande feira dos fabricantes e
importadores de brinquedos no Brasil, estava à venda um “kit
de espionagem” para crianças com alguns “brinquedos” bem
impressionantes: óculos com visão infravermelha (permite
enxergar no escuro), relógio com visor e câmera embutidos
e um cabo de fibra ótica com lente para filmar escondido em esquinas, um
mini-helicóptero a controle remoto com câmera e capaz de filmar por meia
hora (podendo transferir a gravação para qualquer computador caseiro).
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Agora, pense: se isto é o que as crianças de hoje têm para brincar, o que os
espiões e soldados de verdade devem estar usando? O quanto armas ainda
secretas estão desenvolvidas ou ainda em desenvolvimento para se permitir
que os equipamentos e tecnologias de 15 anos atrás, de uso exclusivo do
exército norte-americano, se tornassem brinquedos inofensivos atualmente?
Estes novos armamentos ainda em teste nós só veremos daqui muitos anos,
pois são considerados secretos – como um dia os brinquedos de nossas
crianças também já foram.
Essa é a essência de uma arma secreta: uma tecnologia, equipamento ou
armamento desenvolvido em segredo para, dependendo de sua função,
despistar, detectar, localizar, observar, seguir e, enfim, destruir um alvo
inimigo com a maior precisão possível. A pesquisa, desenvolvimento e teste
de tais armamentos precisam ser feitos em segredo, pois tais armamentos
darão, mesmo que por pouco tempo, uma vantagem estratégica sobre os
países considerados rivais ou inimigos. Quando uma arma secreta se torna
conhecida – em geral por ser usada em alguma guerra –, acontece um efeito
imediato: outras nações começam a desenvolver – em segredo, é claro –
uma contra-arma para neutralizá-la ou, pelo menos, se equiparar a ela e se
começa novamente o desenvolver de novas armas secretas. É uma corrida
sem fim em busca da supremacia tecnológica e militar definitiva, algo que
nunca será alcançado. Pois para cada nova arma, será sempre criada uma
contra-arma.

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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

Mas estas armas, apesar de terem por objetivo destruir o inimigo, acabam
tendo algum uso civil ou comercial algum dia. Por exemplo: a internet, tão
necessária e vital, era uma tecnologia ultrassecreta criada para garantir a
comunicação militar entre os computadores de estações de radar, quartéis
e bases aéreas dos EUA chamada ARPANet (Advanced Research Projects
Agency Network – Rede de Agências para Projetos de Pesquisa Avançada).
Desenvolvida durante os tensos anos da Guerra Fria, ela começou a operar
em 1969 e fornecia uma rede de comunicações interligada e sem uma central
de controle, tornando-se praticamente impossível destruí-la no caso de uma
guerra nuclear. A internet atual surgiu apenas em 1983, mas a tecnologia
inicial de comunicação sem um controle centralizado é herança direta do
ARPANet.
E em nenhum outro momento da história humana houve uma corrida maior
para a criação e desenvolvimento de armas secretas como na Segunda Guerra
Mundial. Graças a todos os armamentos e tecnologias desenvolvidos visando
derrotar o inimigo, fosse por qualquer meio, quando a guerra terminou
em 1945, tínhamos o radar, os primeiros computadores, penicilina, aviões
a jato, foguetes teleguiados, visores infravermelhos, navegação por rádio,
novos tipos de plásticos e a bomba atômica, entre dezenas de outras criações
notáveis e terríveis. Em seis anos de guerra, a tecnologia em quase todos os
Acesse
campos nosso Canal
da ciência avançouno20Telegram:
anos ou mais!t.me/BRASILREVISTAS
Muitos poderão questionar que
o preço em vidas pago para se conseguir tal salto científico foi muito caro,
mas sem ele não teríamos tantas comodidades, ou elas demorariam mais
para chegar.
Apesar do custo em vidas e destruição, a Segunda Guerra foi uma época de
ouro para homens com imaginação e criatividade projetarem e construírem
armas fantásticas, estranhas ou, em alguns casos, ridículas e inúteis. Mas
valia tentar tudo para vencer o inimigo, então havia espaço para tentativa e
erro até se chegar a resultados impressionantes, que em muitos casos foram
decisivos para alterar o rumo da guerra. Nas páginas a seguir, apresentaremos
as principais armas secretas desenvolvidas pelas cinco maiores nações
que participaram do mais sangrento conflito da história da humanidade:
Alemanha, Japão, Inglaterra, Rússia e Estados Unidos. Foram estas nações
as que mais investiram em pesquisa, desenvolvimento e fabricação de novas
armas, monopolizando os avanços tecnológicos da época. Prepare-se para
descobrir o quanto a imaginação humana pode ser inventiva quando o
assunto é destruir e matar.

Boa leitura!

Sergio Peixoto Silva


Jornalista, pesquisador e redator.

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A BUSCA PELA ARMA SUPREMA

A BUSCA PELA
ARMA SUPREMA

U
ltima ratio regum (O Último Argumento dos Reis) é o que
está escrito em todos os canhões fabricados durante o reinado
do rei francês Luis XIV (1638-1715). A mensagem é clara: os
canhões são a arma suprema e a guerra, o último recurso dos
reis para impor sua vontade ou resolver uma disputa. Estes
canhões que Luis XIV dispunha eram os mais avançados da sua época, criados
por um novo e secreto sistema de fundição, e lhe garantiram muitas vitórias
nas guerras que travou em seu reinado. É um exemplo entre vários outros que
a história nos mostra de como uma arma avançada faz a diferença no campo
de batalha. E é para garantir tal vantagem que ela é desenvolvida em segredo...
até atingirem o inimigo de surpresa! Mas e se alguém avisa o inimigo sobre
uma arma secreta – ou, pior ainda, sobre muitas armas secretas? Isso de fato
aconteceu na Segunda Guerra e fez toda a diferença nos destinos das nações
que dela participaram.
Quando a Segunda Guerra Mundial começou, em setembro de 1939, ingleses
e franceses estavam cientes de que os alemães tinham muitas armas avançadas
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em desenvolvimento – mas eles nem imaginavam o quanto adiante Hitler
estava em tecnologia bélica, até receberem um relatório anônimo dois meses
depois do começo do conflito.

O Relatório de Oslo
Em 04 de novembro de 1939, o Capitão Hector Boyes, Adido Naval na
Embaixada Britânica em Oslo, Noruega, recebeu uma carta anônima de “um
cientista alemão amigo dos britânicos”, oferecendo-lhe um relatório secreto

Canhões
da época
de Luis XIV
construídos
por volta de
1700, com a
frase “ Ultima
Ratio Regum”
(O Último
Argumento dos
Reis) gravada
no cano.

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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

sobre os últimos desenvolvimentos técnicos alemães. Para receber o relatório,


ele deveria fazer o anúncio usual da transmissão de rádio em língua alemã
do Serviço Mundial da BBC ser alterado para “Hullo, hier ist London” (Olá,
aqui é Londres). Isso foi feito e uma semana depois Hector recebeu um pacote
que continha um documento datilografado, um tipo de tubo de vácuo (uma
válvula avançada) e um sensor para espoleta de proximidade a ser implantado
em bombas.
Nas sete páginas do documento, conhecido atualmente como “O Relatório
de Oslo”, eram descritos avanços e pesquisas tecnológicas dos alemães
que, em alguns pontos, pareciam na época pura ficção científica: bombas
telecomandadas (as BV 143 e Henschel Hs 293), piloto automático para
aviões e/ou foguetes (que foi de fato usado nas bombas V-1 e V-2), balas
de canhão guiadas a controle remoto (pesquisa posteriormente abandonada
por ser impraticável), radares operacionais na Alemanha (informando até o
comprimento de onda de rádio utilizada), navegação aérea através de ondas
de rádio – o que permitiria bombardeiros atacarem uma cidade mesmo com
nuvens cobrindo-a –, torpedos guiados por rádio que explodiam embaixo
dos navios usando espoletas magnéticas de proximidade (como a que foi
entregue junto com o documento), a construção de um porta-aviões (mas que
nunca foi concluído), um aumento absurdo na produção dos bombardeiros
Acesse
Junkers nosso Canal no
88 e a localização dosTelegram:
laboratórios dat.me/BRASILREVISTAS
Luftwaffe (Força Aérea Alemã)
e centros de pesquisa que ficavam na cidade de Rechlin – indicando o local
como um “ponto interessante de ataque” para bombardeiros, entre outras
informações.

%RPEDIRJXHWHWHOHJXLDGDDQWLQDYLR+HQVFKHO+VTXHGXUDQWHDJXHUUDDIXQGRXRXGDQL¿FRX
seriamente mais de 30 navios aliados, incluindo cruzadores e destróieres. O relatório de Oslo alertou
sobre seu desenvolvimento.

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A BUSCA PELA ARMA SUPREMA

Começa a corrida
Recebidas a princípio com
ceticismo, as informações foram
examinadas por cientistas britânicos
ligados ao serviço secreto MI-6. Eles
concluíram que, apesar de algumas
imprecisões, os detalhes técnicos
estavam corretos, com todos os
sistemas eletrônicos descritos sendo
viáveis em curto prazo – e como
uma amostra desta tecnologia veio
anexada ao documento, era difícil
não acreditar!
O Relatório de Oslo ainda é
considerado o mais importante
documento de informações enviado
por uma única pessoa em toda a
Segunda Guerra e disparou um
alarme dentro do alto comando
britânico, alertando-os de que os
Acesse
alemães nosso
estavamCanal no Telegram:
desenvolvendo rapidamentet.me/BRASILREVISTAS
e em grande variedade armas
e dispositivos eletrônicos que lhes dariam grande vantagem tecnológica e
militar. A partir do Relatório de Oslo, os britânicos e, quando entraram na
guerra, os russos e norte-americanos, deixaram a lerdeza intelectual de lado e
criaram e/ou ampliaram seus centros de pesquisa e desenvolvimento de armas
e eletrônicos visando tirar o atraso em relação a seus inimigos, dando início a
uma corrida armamentista tecnológica que durou toda a guerra.
Os cinco principais países envolvidos no conflito – EUA, Rússia, Inglaterra,
Alemanha e Japão – não pouparam dinheiro ou recursos para desenvolver
armas cada vez mais avançadas e letais, para criarem medidas e contramedidas
eletrônicas para superar as do inimigo. Foi uma luta travada nos laboratórios,
centros de pesquisa, oficinas e campos de teste onde as mentes mais brilhantes
de cada nação colocaram seu intelecto para elevar a um novo patamar a arte de
matar em batalha. E desta corrida em busca da Arma Suprema, centenas de aviões,
navios e armas experimentais de todos os calibres foram construídos e testados,
sendo os melhores deles usados nos campos de batalha, com resultados variados.

O limite é a imaginação
E assim, ao longo dos anos sangrentos da guerra, as armas foram se tornando
cada vez mais eficientes e letais. Em 1939, os aviões de caça tinham velocidade
máxima de até 480 km/h e podiam voar até um teto de nove mil metros de
altitude. No final da guerra, caças já voavam a mais de 640 km/h, com tetos

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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

de 12 mil metros. Mas o principal avanço aéreo foram os caças a jato, capazes
de voar a quase 900 km/h. Além dos jatos, os alemães criaram os temíveis
foguetes V-1 e V-2, bombas teleguiadas, armas com visor infravermelho,
torpedos precisos, submarinos avançadíssimos, tanques e canhões enormes;
os japoneses criaram submarinos porta-aviões, capazes de dar a volta ao
mundo sem reabastecer, e um caça excepcional – o Zero; os russos criaram um
tanque fenomenal – o T-34, supertanques enormes e uma submetralhadora
fabricada aos milhões e tão boa que até os alemães usavam; os ingleses, além
de um radar mais avançado, criaram uma forma genial para cegar os radares
alemães, trouxeram a penicilina, que salvou a vida de milhares de feridos e
criaram toda uma divisão de tanques excêntricos – mas que foram vitais no
dia-D; e os americanos, além de superbombardeiros, computadores e a bazuca
antitanque para a infantaria, criaram a arma mais destruidora de todas até
hoje: a bomba nuclear, fruto de três anos de pesquisa e mais de dois bilhões de
dólares em gastos, que culminou na destruição de duas cidades japonesas e a
rendição incondicional do Japão. Foi uma arma secreta, então, que causou a
maior destruição da guerra e também decretou o fim dela.
E o nome do cientista alemão que iniciou esta corrida tecnológica em busca
de armamentos avançados e culminou na bomba nuclear ao enviar o Relatório
de Oslo era Hans Ferdinand Mayer (1895-1980), matemático e físico alemão
antinazista.
Acesse nossoQuando Canal a guerra
no começou, ele decidiu
Telegram: informar aos ingleses sobre
t.me/BRASILREVISTAS
quão avançados estavam os projetos para novas armas. Seu nome permaneceu
em segredo até 1989 – nove anos
após a sua morte, conforme o próprio
Hans havia solicitado –, quando
finalmente o autor do Relatório de
Oslo foi divulgado ao mundo. Raras
vezes na história humana a simples
decisão de um homem desencadeou
tantos eventos, invenções e mortes. Se
Hans Ferdinand não tivesse enviado
o Relatório de Oslo, os aliados teriam
demorado muito mais para notar o
quanto estavam atrás dos nazistas
e tal atraso poderia ter permitido a
Hitler vencer a guerra! Sem dúvidas,
esta carta escrita por um alemão que
estava ciente do quão terrível seria uma
vitória nazista ajudou muito os aliados
Hans Ferdinand Mayer (1895-1980), físico e
matemático alemão, autor do Relatório de Oslo, a vencerem a guerra e a tornar o nosso
que acelerou entre os Aliados a pesquisa e
desenvolvimento de armas avançadas e secretas.
mundo o que ele é hoje. De fato, armas
secretas fazem muita diferença.

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ALEMANHA
JAPÃO

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A BUSCA PELA ARMA SUPREMA

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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

ALEMANHA
NA VANGUARDA
TECNOLÓGICA
Milhares de ideias

A
Alemanha Nazista poderia ter vencido a guerra. Esta é uma
verdade que poucos aceitam, pois as possibilidades que se abrem
diante desta probabilidade são tão assustadoras, que gelam o
sangue. Imagine Hitler emergindo como o vencedor supremo,
com várias nações a seus pés e ninguém capaz de enfrentar
sua vontade. Citando apenas uma das possibilidades no caso de uma vitória
nazista: o extermínio industrial e sistemático dos judeus e outros povos vistos
como “raças inferiores” continuaria, despovoando, assim, territórios inteiros
que seriam entregues a colonos alemães “genuinamente arianos”, e em várias
nações surgiriam governos semelhantes ao nazismo – o que disseminaria ainda
mais o racismo no mundo – e mais extermínio de grupos étnicos rotulados
como “raças inferiores”. Se Hitler tivesse sido menos impulsivo, brincando
de general ao querer comandar cada soldado no front, se tivesse deixado o
comando
Acesse da guerra
nosso para no
Canal os generais,
Telegram: e não t.me/BRASILREVISTAS
começado novas guerras (como
invadir a Rússia e declarar guerra aos Estados Unidos) antes de vencer as que
já haviam começado, a Alemanha Nazista teria vencido facilmente a Segunda
Guerra. Para a sorte da humanidade, Hitler era muito astuto em política, mas

Hitler era um incompetente


consumado quando o assunto
eram decisões estratégicas no
campo militar. Tivesse deixado
a guerra na mão de seus
generais,
teria vencido facilmente.

15
ALEMANHA

em estratégia militar era um idiota completo. Se fosse o contrário, o mundo


atualmente seria completamente diferente do que conhecemos – pois os meios
para vencer estavam com a Alemanha, sem nenhuma dúvida.
Hitler tinha os soldados mais bem treinados e disciplinados do mundo,
generais de talento, armamentos mais modernos e – principalmente – investiu-
se pesado em pesquisas de armas secretas. Isso se devia a um efeito colateral
e inesperado do Tratado de Versalhes, que impôs à Alemanha depois de sua
rendição no final da Primeira Guerra Mundial severas restrições às suas forças
armadas: apenas 100 mil soldados de infantaria, sem artilharia ou tanques
e sem um QG supremo, nada de força aérea, a marinha foi reduzida a uma
dúzia de navios e o alistamento militar compulsório foi abolido. Apesar de
ficarem praticamente indefesos, nem por isso os militares alemães aceitaram
estas condições humilhantes de cabeça baixa. O QG supremo foi dissolvido
“oficialmente”, mas funcionava clandestinamente. Pilotos eram treinados em
escolas de planadores (que não foram proibidos pelo Tratado) e a aviação
comercial desenvolvia aviões “esportivos” cada vez mais modernos e velozes.
O treinamento de pilotos de combate e paraquedistas durante os anos
1920/1930 era feito às escondidas na Rússia, em troca de tecnologia. Tudo isso
era realizado à espera do dia em que a Alemanha pudesse novamente ter suas
forças armadas no tamanho e quantidade que quisesse.
E esse nosso
Acesse dia chegou em 1935
Canal no–Telegram:
dois anos depois que Hitler se tornou o ditador
t.me/BRASILREVISTAS
supremo da Alemanha. Ele simplesmente ignorou o Tratado de Versalhes e
reintroduziu o alistamento militar obrigatório e numa canetada só criou a
Kriegsmarine (Marinha de Guerra) e a Luftwaffe (Força Aérea) em fevereiro de
1935. Ao contrário das demais nações do mundo que tinham tantos tanques,

De uns poucos
veículos
experimentais
em 1935, a
Alemanha
tinha mais
de três mil
tanques
quando invadiu
a Polônia em
setembro de
1939.

16
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

canhões, navios e aviões de combate quantos quisessem, a Alemanha Nazista


estava de mãos vazias e precisava começar do zero. Mas o que parecia uma
fraqueza na verdade deu uma enorme vantagem quando iniciou a Segunda
Guerra Mundial. Sem ter equipamentos ou doutrinas obsoletas para lhe travar
o desenvolvimento, as forças armadas alemãs puderam pesquisar, desenvolver
e fabricar os armamentos mais modernos da época em todos os campos da arte
de matar em combate: tanques, metralhadoras, canhões, bombas, aviões, navios
e submarinos – tudo que os soldados germânicos recém-alistados e treinados
recebiam era novo, moderno e eficiente. Os soldados, oficiais e pilotos estavam
supermotivados, orgulhosos de ver sua nação novamente armada sem ter que
pedir permissão para outros países. Independente de Hitler, toda a Alemanha
participou entusiasticamente dos anos de rearmamento.
E, assim, quando a Polônia foi invadida, em setembro de 1939, após quatro
anos e meio de um trabalho gigantesco, o Heer (Exercito)” tinha 98 divisões
(nove delas de blindados), totalizando um milhão e meio de soldados e três mil
tanques; a Luftwaffe tinha 1.750 bombardeiros e 1.200 caças, e a Kriegsmarine,
40 navios de encouraçados a destróieres, mais 59 submarinos ultramodernos.
Em especial nos tanques, canhões, aviões e navios, os melhores do mundo em
1939 sem dúvida eram de origem germânica, e os franceses e ingleses logo
descobririam isso da pior forma possível, ao enfrentá-los em batalha.
Porém,nosso
Acesse mesmoCanal
com todo
noeste poderio, o alto
Telegram: comando alemão não estava
t.me/BRASILREVISTAS
satisfeito e investia cada vez mais na pesquisa e desenvolvimento de armas
inovadoras, revolucionárias e secretas. Diferentemente de fabricar armas
convencionais, pesquisar uma nova arma toma muito tempo, trabalho e
dinheiro. É preciso construir protótipos, testá-los e quando falham nos testes,
voltam à prancheta de desenho para corrigirem os defeitos, até estarem prontos
para serem produzidos em massa nas fábricas. Trata-se de um processo longo,
Focke Achgelis Fa 223 “Drache” (Pipa).
Desenvolvido entre 1938 e 1941, foi um dos
primeiros helicópteros funcionais do mundo.

17
ALEMANHA

caro, às vezes frustrante e que demora anos para apresentar resultados práticos.
O projeto da bomba-foguete teleguiada V-1, por exemplo, começou em 1936 –
mas a primeira delas atingiu Londres apenas em 13 de junho de 1944.
A quantidade de armas secretas que os alemães criaram entre 1939 e 1945
é impressionante – apenas nos aviões, foram quase 60 modelos diferentes,
alguns deles bem conhecidos e outros que ficaram apenas nos protótipos ou
apenas no papel. Foram centenas de projetos e citar todos eles neste livro seria
impossível. Mas tantas criações, por mais eficientes que fossem, não mudaram
o rumo da guerra e, de certa forma, ajudaram na derrota da Alemanha.
Explicando: para desenvolver tantas armas avançadas, é preciso muitos
cientistas, engenheiros, físicos, químicos e funcionários especializados. É uma
mão de obra de alto nível que acaba fazendo falta no esforço de guerra e tantos
projetos e pesquisas sendo realizados ao mesmo tempo, no final das contas,
atrasam o desenvolvimento de todos eles. Se os alemães tivessem se concentrado
em, digamos, metade das centenas de projetos em andamento, teriam prontas
para combate bem mais cedo muitas das armas fantásticas que apresentaram
apenas no último ano da guerra, quando já era tarde demais. Mas pelo próprio
modo do governo nazista, cheio de facções internas lutando pelo poder e cada
uma apoiando este ou aquele projeto de uma “superarma”, diminuir a quantidade
de pesquisas era impossível. E Hitler, sempre se metendo em tudo, definia o que
Acesse nosso
achava ser ou nãoCanal no Telegram:
vital, acelerando, atrasando,t.me/BRASILREVISTAS
vetando ou mesmo inutilizando
armas espetaculares, como veremos nas próximas páginas.
Como os alemães desenvolveram a maioria das armas secretas da Segunda
Guerra – mais da metade de tudo que foi criado –, é justo darmos a ela
metade deste livro, mas mesmo assim tivemos que fazer uma seleção. A seguir,
apresentamos as armas mais famosas, eficientes e curiosas. Mas esteja ciente,
caro leitor, de que é apenas uma fração de tudo o que os alemães desenvolveram.
A criatividade germânica para armas destruidoras foi insuperável. E para
começar, apresentaremos dois programas secretos que se fossem adotados pela
Alemanha, teriam sido decisivos para o rumo da Segunda Guerra na Europa.
À esquerda:
Nebelwerfer 41 (lança-
foguetes) e à direita,
garoto da Juventude
Hitlerista operando um
Panzerfaust (foguete
antitanque). Duas
H¿FLHQWHVDUPDVFULDGDV
pelos alemães.

18
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

URAL BOMBER
Quando o Generalleutnant Walther Wever tornou-se Chefe do Estado
Maior da Luftwaffe logo após a sua criação, em fevereiro de 1935, seu objetivo
principal era dotar a Alemanha de um avião bombardeiro de longo alcance,
capaz de ir e voltar até os Montes Urais na Rússia (distante de Berlim quase
três mil quilômetros). Por isso, chamou seu projeto de Ural Bomber. Foi, então,
aberto um concurso entre as fabricantes alemãs de aviões pesados. E, assim,
foram construídos e testados dois protótipos de bombardeiros pesados, ambos
quadrimotores:

• Dornier DO 19 – 1.600 km. de alcance – apenas protótipo um voou.

• Junker JU 89 – 2.980 km. de alcance – dois protótipos voaram.

Sozinho em sua cruzada por dotar a


Alemanha de uma frota de bombardeiros “Para o General Wever,
pesados, o desenvolvimento do Ural uma esquadra de
Bomber foi adiante apenas por seu bombardeiros capazes
empenho pessoal. Wever morreu num de alcançar as fábricas
acidente aéreo em junho 1936 e os russas além do Montes
Acesse
esforçosnosso Canal no
para construir umaTelegram:
força de Urais era vital para vencer
t.me/BRASILREVISTAS
bombardeiros estratégicos morreram uma guerra de longa
com ele. Seu substituto, Albert Kesselring, duração.”

Dornier Do-19 num teste de


voo em 1938.

19
ALEMANHA

Junkers Ju 89, o segundo protótipo


do Ural Bomber.

não via necessidade de um superbombardeiro e estava muito mais interessado


na construção de um número maior de aeronaves para ataque direto na frente
de batalha.
Acesse Ele cancelou
nosso Canalonoprograma em 29 det.me/BRASILREVISTAS
Telegram: abril de 1937. No mesmo dia da
morte de Wever, o Ministério da Aeronáutica do Reich abriu outro concurso
para selecionar um bombardeiro de longo alcance e o vencedor seria o Heinkel
HE 177 Greif (Grifo), com 5.600 km de autonomia. Hermann Göring, Ministro
da Aviação, teria dito quando o programa Ural Bomber foi abandonado: “O
Führer nunca vai me perguntar o quão grande são nossos bombardeiros,
mas quantos nós temos.” E foi assim que a Alemanha abriu mão desta arma
estratégica vital. Mas houve uma segunda chance.

Heinkel He 177 “Greif”, único bombardeiro de longo alcance usado pela


Alemanha. Chegou tarde demais para mudar o rumo da guerra.

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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

AMERIKA BOMBER
Albert Speer, arquiteto de Albert Speer, arquiteto
pessoal de Hitler e depois
Hitler e depois Ministro dos Ministro dos Armamentos.
Armamentos, disse em seu Seus livros mostram várias
facetas da personalidade
livro Spandau: Os Diários instável de Hitler.
Secretos que Adolf Hitler era
fascinado com a ideia de ver
Nova York em chamas e não
escondia isso de ninguém. Em
1937, Willy Messerschmitt,
na esperança de ganhar um
contrato lucrativo, mostrou
a Hitler um protótipo do
Messerschmitt Me 264, que
poderia alcançar a América
do Norte decolando da
Europa e era capaz de voar
15 mil quilômetros – 30
horas – sem reabastecer! O
programa Amerika Bomber
Acesse
começou nosso Canal nodeTelegram: t.me/BRASILREVISTAS
em novembro
1940 após Hitler apontar a
necessidade de “preparar
bombardeiros de longo
alcance contra cidades americanas a partir dos Açores” (cerca de quatro
mil quilômetros até Nova Iorque). Nesta época, os submarinos alemães
eram reabastecidos nestas ilhas por um acordo com o governo português,
mas que seria cancelado em 1943.
O projeto Amerika Bomber foi concluído em abril de 1942 e submetido ao
Reichsmarschall Göring no mês seguinte. Sabe-se deste projeto por uma cópia
dele descoberta em Potsdam após a guerra. O plano menciona usar os Açores
como um campo de pouso de trânsito e o resultado esperado era forçar os
Estados Unidos a usarem parte de seus recursos para sua própria defesa em
vez de cedê-las à Grã-Bretanha, permitindo, assim, que a Luftwaffe atacasse
a Inglaterra com menos resistência. Foi preparada também uma lista de 21
fábricas de aviões nos Estados Unidos como alvos prioritários do Amerika
Bomber, visando desmantelar a gigantesca produção dos norte-americanos.
Os pedidos de projetos foram feitos para os principais fabricantes de aviões
alemães, que resultaram em cinco propostas:

• Messerschmitt Me 264 (o primeiro construído e voando, apresentado em


maio de 1942);

21
ALEMANHA

• Junkers Ju 390 (dois protótipos construídos e voando, apresentado em


maio de 1942 – um monstro com seis motores e raio de alcance de 9.700 km);

• Focke-Wulf Fw 300 (baseado no já existente FW 200, mas não saiu da


prancheta);

• Focke-Wulf Ta 400 (mal saiu da prancheta e foi abandonado);

• Heinkel He 277 (também não passou da prancheta).

Bombardeiro Messerschimtt Me 264, com alcance teórico de 15.000 km, acabou cancelado.

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Bombardeiro Junkers Ju 390, o vencedor na disputa


pelo Amerikabomber, apesar de ter um alcance de
9.700 km, bem menor que o Me 264. A escassez de
recursos impediu que fosse produzido em serie.

22
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

Apesar de todos os esforços de Messerschmitt, o modelo aprovado foi o Ju


390. Dizem que o Ju 390 decolou da França no começo de 1944, fazendo um
voo transatlântico com 32 horas de duração, chegando a 19 quilômetros de
Nova York e tirando fotos da costa de Long Island antes de voltar. Mas após a
guerra, nenhuma foto ou documento foram encontrados que confirmassem
tal voo.
Em fins de 1942, o rumo da guerra já estava decidido, e a Alemanha, atacada
por todos os lados e com recursos cada vez mais escassos, não tinha como
fabricar em larga escala um bombardeiro com seis motores. O programa
Amerika Bomber não foi oficialmente cancelado, mas andou em passo lento
até o fim da guerra. Se Hitler tivesse investido mais tempo e recursos desde
1936 para construir uma esquadra de superbombardeiros, a história da
Segunda Guerra na Europa seria bem diferente, com as fábricas russas e norte-
americanas sendo bombardeadas, diminuindo sua gigantesca produção de
armas, que foi o fator determinante para a vitória aliada.

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O Bombardeiro Focker Fw Ta-400 só teve


construido uma maquete para teste em túneis de
vento.

O Bombardeiro Heinkel
He 277, outro candidato
para o Amerika Bomber,
Vy¿FRXQRSDSHO

23
ALEMANHA

AVIÕES SECRETOS ALEMÃES


• Messerschmitt Me 262 Schwalbe (Andorinha)
O primeiro caça a jato operacional da história, conhecido devido à sua
forma inconfundível: 870 km/h de velocidade (os caças norte-americanos
chegavam a 700 km/h), armado com dois ou quatro canhões de 30 mm –
o bastante para abater qualquer avião aliado. Seu projeto começou em
1939, fazendo o primeiro voo com motores a jato em 1942, entrando em
combate em abril de 1944. Já poderia ser produzido em série desde 1942,
mas Hitler simplesmente ignorou os pedidos dos comandantes de caças.
Apenas quando as cidades alemãs estavam sendo arrasadas pelos enxames de
bombardeiros aliados em 1943 foi que ele se lembrou do “avião milagroso”.
Mas para desespero de todos, Hitler exigiu que o ME-262 fosse usado como
bombardeiro, e não como caça de interceptação! Para ele, a única maneira de
impedir a destruição das cidades alemãs era retribuir com mais bombardeio.
Além disso, proibiu que a produção de caças a hélice fosse diminuída para
aumentar a de ME-262, atrasando ainda mais o seu uso. Mesmo assim, 1430
deles foram construídos até o final da guerra. Quando a ordem estúpida de
usar um caça a jato como bombardeiro foi retirada em fins de 1944, era tarde
demais. Nem mesmo o caça mais veloz e bem armado do mundo poderia
vencer lutando numa proporção de um para 50.
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Me 262 em versão caça,


com 4 canhões de 30mm.

Me 262 na sua estúpida versão bombardeiro.


A carga limitada de bombas e o curto raio de
DOFDQFHOLPLWDYDPVXDH¿FLrQFLDSDUDHVVH
tipo de tarefa.

24
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Messerschmitt Me 163 Komet (Cometa)


Foi o único caça-foguete a ser usado em combate na história. Seu projeto
começou em 1940 e, após testes e aprimoramentos, estava pronto para combate
em 1943, mas só foi designado a uma unidade de combate em janeiro de 1944,
tendo seu primeiro combate em maio do mesmo ano. Era um avião instável,
perigoso e pouco confiável, mas revolucionário em vários campos – alcançava
mais de mil quilômetros por hora e chegava a 10 mil metros de altura em pouco
mais de três minutos depois da decolagem. Seu combustível era uma mistura de
dois propelentes que, ao se juntarem, entravam em combustão. Por isso, tinham
que ser colocados separadamente, sendo o chão lavado antes de abastecer
o segundo propelente. Em voo, seu combustível durava apenas oito minutos;
findo isso, o ME-163 planava (alvo fácil para os caças aliados) até pousar de
barriga no chão. Mas neste tempo, ele alcança altitude suficiente para atacar
os bombardeiros aliados com seus dois canhões de 30 mm. Apesar de todas as
inovações, como arma o ME-163 foi um fracasso: construíram-se 370 unidades
e apenas de nove a 16 bombardeiros aliados foram derrubados por ME-163.
O caça-foguete Me
163 tinha 2 canhões de
30mm.

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Apesar de pequeno
e bojudo, alcançava
velocidades de 1.000
km/h.

25
ALEMANHA

• Messerschmitt Me 323 Giant


Este monstro voador foi o
resultado de um pedido da
Luftwaffe em 1940, quando
ainda se cogitava uma invasão
da Inglaterra. Era necessário
um grande planador, capaz
de transportar cargas pesadas
como caminhões e tanques. De um planador, a ideia se desenvolveu até se
tornar, em 1942, o maior transportador aéreo da Segunda Guerra, capaz de
carregar até 12 toneladas de equipamentos ou 130 soldados graças aos seis
motores. Era um avião lento, mas capaz de suportar grandes danos quando
atacado. E por ser lento, o ME 323 não podia operar sem cobertura aérea e isso
o fez ter uma vida operacional bastante curta, pois os céus da Europa foram
dominados por enxames de caças aliados, e sua produção foi encerrada em
1944 com apenas 200 unidades construídas.

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Vista das asas do Me 323, com duas


metralhadoras para defesa.

O Me 323 podia transportar 130 soldados


completamente equipados, ou um tanque pesado.

26
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Arado Ar 234
O primeiro bombardeiro a jato do mundo, usado pelos alemães como avião
de reconhecimento. Em 1940, paralelo com o desenvolvimento dos caças a
jato, a Luftwaffe queria um avião a jato para reconhecimento de longo alcance.
A única empresa que apresentou um projeto foi a Arado, com o modelo AR
234, com quatro motores, apenas um tripulante e autonomia para 1.556 km.
Mesmo com o projeto aprovado, demorou até o primeiro voo-teste acontecer,
em junho de 1943, e a primeira unidade operacional foi entregue apenas em
setembro de 1944, quando a guerra já estava perdida. Foram produzidas 210
unidades, poucas delas usadas em combate, pois sua capacidade de bombas
era limitada a uma tonelada e meia, carregadas externamente. Se o AR 234
estivesse operacional como bombardeiro em fins de 1942, teria dado muita
dor de cabeça aos aliados, pois era impossível interceptá-lo com seus 750 km/h
de velocidade. Foi o último avião alemão a sobrevoar a Inglaterra em abril de
1945, antes da rendição.
Ar 234 capturado pelos
DPHULFDQRVQR¿QDOGD
guerra.

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Ar 234 em exibição no National Air


and Space Museum em Washington,
Estados Unidos.

27
ALEMANHA

• Horten Ho 229
Um dos projetos mais exóticos, avançados e revolucionários produzidos pelos
alemães na Segunda Guerra Mundial. Durante os anos 1930, a empresa Horten
desenvolveu o planador H.IV, com asas em formato de bumerangue. Em 1943,
o Reichsmarschall Göring exigiu que fosse desenvolvido um bombardeiro
chamado “Projeto 3 x 1000”: 1.000 km de raio de alcance, 1.000 km/h de
velocidade e capaz de levar 1.000 kg de bombas. As turbinas a jato davam a
velocidade, mas consumiam muito combustível. A Horten teve a genial ideia
de colocar jatos em seu planador H.IV. O resultado foi um bombardeiro com
um tripulante, velocidade de 977 km/h, capaz de planar a maior parte do tempo
economizando combustível, armado com quatro canhões de 30 mm e 1.000
kg de bombas. E novidade para a época: possuía assento de ejeção. Por seu
IRUPDWR~QLFRUHÀHWLDSRXFRQRVUDGDUHVVHQGRSRULVVRFRQVLGHUDGRRSULPHLUR
bombardeiro “stealth” do mundo. Mesmo sendo aprovado, o HO 229 só fez
seu primeiro voo-teste em fevereiro de 1945, quando tudo já estava perdido.
Foram construídos apenas três protótipos, sendo que apenas um sobreviveu e foi
levado para os Estados Unidos após a rendição. Apesar das altas expectativas,
nas poucas vezes em que voou o HO 229 apresentou sérios problemas de
estabilidade, já que não possuía cauda. Mas se estivesse operacional em 1944
pelo menos, seria outra arma secreta alemã potencialmente letal.
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O Ho 229 é considerado
uma das fontes de
inspiração para o
desenvolvimento de
bombardeiros invisíveis
ao radar que os norte-
americanos usam
atualmente.

28
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Focke-WXOI7ULHEÀJHO
Com enxames de bombardeiros aliados destruindo as cidades alemãs
em 1944, projetos de caças com rápida decolagem para derrubá-los foram
desenvolvidos às pressas. O 7ULHEÀJHOMlJHU (literalmente, caça com
propulsão nas asas) era a essência desta pressa, com a vantagem de poder usar
qualquer espaço plano para decolagem. As três pás do rotor seriam montadas
num anel suportado por rolamentos, permitindo a rotação livre em torno da
fuselagem. Na ponta de cada um deles havia um propulsor a jato. No primeiro
estágio da decolagem totalmente vertical, seriam usados foguetes simples. À
PHGLGD TXH D YHORFLGDGH DXPHQWDVVH R ÀX[R GH DU VHULD VX¿FLHQWH SDUD RV
MDWRVWUDEDOKDUHPHTXDQGRRDYLmRDWLQJLVVHDOWLWXGHVX¿FLHQWHSRGHULDVHU
posicionado em voo nivelado. A inclinação das pás poderia ser variada com o
efeito de alterar a velocidade e a ascensão. A empenagem cruciforme na parte
traseira da fuselagem era composta por quatro caudas equipadas com ailerons
que também funcionariam como lemes e elevadores combinados. O armamento
seria quatro canhões de 30 mm. Nenhum protótipo do 7ULHEÀJHOMlJHU chegou
a voar, pois a guerra acabou quando havia somente uma maquete para teste em
túneis de vento. Testes virtuais recentes provaram que a ideia não daria certo:
quando as asas girassem, o corpo do avião giraria descontroladamente.

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Apesar do design revolucionário,


já se provou que este caça seria
impraticável. O corpo giraria
impulsionado pelas asas.

29
ALEMANHA

• Heinkel He 162
Chamado também de Salamander (Salamandra) e Spatz (Pardal), foi o
vencedor do projeto 9RONVMlJHU (caça popular), competição aberta pela
/XIWZDIIHSDUDFULDomRGHXPFDoDDMDWRVLPSOL¿FDGRHFDSD]GHVHUSURGX]LGR
em grandes quantidades, numa tentativa desesperada de superar o domínio
aéreo absoluto dos aliados. O requerimento da competição foi feito em setembro
de 1944, o 6DODPDQGHU foi anunciado como vencedor em outubro, começando
a ser produzido em janeiro de 1945, entrando em combate experimental em
fevereiro. Um dos aviões que mais rápido pulou da prancheta para a batalha
GXUDQWHDJXHUUD0XLWRVSLORWRVRFODVVL¿FDUDPFRPRXPFDoDGHSULPHLUD
classe, armado com dois canhões de 20 mm ou 30 mm e alcançando até 900
km/h – um dos mais velozes da guerra! Apesar de ter lutado efetivamente
a partir do mês de abril de 1945, o He 162 assustou os pilotos aliados que
o enfrentaram. Seu maior ponto fraco era o alto consumo de combustível,
fazendo-o voar por apenas 30 minutos – e também certa instabilidade em
voo, o que exigia pilotos experientes. Até rendição em maio de 1945, 120
He 162 foram entregues a esquadrilhas de combate, 200 estavam prontos e
mais 600 estavam em vários estágios de montagem. Se tivesse começado a
ser construído nesta quantidade em janeiro de 1944, pelo menos 1.500 deles
estariam disponíveis quando os aliados desembarcaram na Normandia em
Acesse
junho denosso
1944 e Canal no Telegram:
talvez a história t.me/BRASILREVISTAS
tivesse seguido um rumo diferente.

Se tivesse começado a ser fabricado em série


um ano antes, o He 162 teria dado muita dor de
cabeça aos aliados.

30
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Fieseler Fi 103R5HLFKHQEHUJ
Foi um dos projetos mais desesperados da Alemanha. O 5HLFKHQEHUJ
era apenas uma bomba-foguete V1 pilotável, mas não seria usada como
um interceptador similar ao He 163: deveria ser guiado por seu piloto até
se chocar contra o alvo! Em outras palavras, era um caça suicida, a versão
alemã dos Kamikazes japoneses! Um esquadrão foi formado com cerca de
70 pilotos – jovens nazistas fanáticos – em fevereiro de 1944 com o nome
“Leônidas”. Os testes com a V1 5HLFKHQEHUJ durante o verão de 1944 tiveram
vários acidentes e pouca evolução, até que em março de 1945 o projeto foi
abandonado, felizmente. Mas o (VTXDGUmR/H{QLGDV realmente atuou quase
QR ¿QDO GD JXHUUD GHVWUXLQGR FRP PHUJXOKRV VXLFLGDV DOJXPDV SRQWHV
usadas pelas tropas russas, usando caças convencionais cheios de explosivos.
O resultado foi apenas atrasar um pouco o avanço soviético, o que não fez
diferença no resultado da guerra.

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Uma bomba-foguete V-1 dirigida por um piloto


suicida. Era o desespero da Alemanha nazista
QR¿QDOGDJXHUUDTXHUHQGRLPLWDURVNDPLND]HV
japoneses.

31
ALEMANHA

• Heinkel Lerche (Cotovia)


Era o nome de um conjunto de estudos de projetos revolucionários feitos
pelo designer alemão Heinkel para um avião de caça com decolagem vertical.
O /HUFKH decolaria e pousaria sentado em sua cauda, voando horizontalmente
como um avião convencional, com o piloto deitado no nariz. O caça seria
impulsionado por duas hélices contrarrotativas contidas em um anel em
forma de rosca. O design extremamente futurista foi desenvolvido a partir
de 1944 e concluído em março de 1945. Os princípios de aerodinâmica de
uma asa anular eram interessantes, mas a proposta foi confrontada com uma
série de problemas não resolvidos, que teriam deixado o projeto altamente
impraticável, mesmo se não fosse a escassez de materiais na Alemanha. E
dois meses depois do projeto concluído no papel, houve a rendição sem sequer
um protótipo ser construído. Se o /HUFKH era viável como caça de combate, a
dúvida permanece até hoje.

Outro projeto
intrigante, o
Lerche era mais
uma ideia que
um conceito
praticável
Acesse nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS quando a
guerra acabou.

32
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Heinkel HE 177 Greif (Grifo)


Foi o único bombardeiro de longo alcance a combater pela Luftwaffe
durante a Segunda Guerra Mundial. Foi o mais perto que a Alemanha teve de
conseguir os Ural Bomber tão desejados por Walther Wever.
Vencedor do concurso da Luftwaffe em 1936 para o chamado “Bomber
A”, que deveria ser capaz de carregar muitas bombas com um grande
raio de alcance e velocidade de pelo menos 500 km/h. Para alcançar estas
HVSHFL¿FDo}HVMiTXHQmRKDYLDPRWRUHVFRPDSRWrQFLDQHFHVViULDQDpSRFD
a Heinkel usou no Greif uma complexa combinação de dois motores em uma
só hélice, transformando-o num bombardeiro quadrimotor com duas hélices!
Mas tal combinação gerou mais problemas do que soluções. As tripulações da
Luftwaffe apelidaram o Greif de “Luftwaffenfeuerzeug” (Caixão Flamejante),
devido aos graves problemas de refrigeração nas versões iniciais, que nunca
foram completamente resolvidos. O primeiro voo de teste foi em novembro
de 1939, mas entrou em combate apenas em abril de 1942, num total de seis
DQRVSDUD¿FDUPLQLPDPHQWHRSHUDFLRQDO)RUDPSURGX]LGDVXQLGDGHV
até a rendição da Alemanha, com um pesado armamento defensivo formado
por metralhadoras e canhões de 20 mm, podendo carregar até sete toneladas
de bombas por 5.600 km a uma velocidade de 560 km/h. Muitos comparam o
Greif ao B-29 norte-americano, que levou dois anos para se tornar plenamente
Acesse nosso
operacional. Canal no
A diferença Telegram:
entre ambos é quet.me/BRASILREVISTAS
quando o Greif superou seus
SUREOHPDVHP¿QVGHDJXHUUDMiHVWDYDSHUGLGD

Se a Alemanha tivesse uma boa


quantidade de He 177 em 1940, o
rumo da guerra poderia ser bem
diferente.

33
ALEMANHA

• Silbervogel (Pássaro de Prata)


O mais ousado, original e avançado projeto de arma secreta da Alemanha.
Também conhecido como Raketenbomber – bombardeiro-foguete –, foi um
bombardeiro suborbital planejado por Eugen Sänger e Irene Bredt, apresentado
em dezembro de 1941. O Silbervogel deveria voar longas distâncias como
uma pedra quicando sobre a água. Ele decolaria de um trilho com 3 km de
comprimento impulsionado por foguetes até atingir 800 km/h. Uma vez no
ar, dispararia seus próprios foguetes e continuaria a subir até uma altitude de
145 km, a cerca de 5.000 km/h. Ele desceria gradualmente para a estratosfera,
onde a densidade do ar geraria pressão contra a parte plana do avião, fazendo
com que ele “quicasse”, ganhando altitude novamente, repetindo esse padrão
algumas vezes. Por causa do arrasto, cada salto seria mais raso do que o anterior,
mas calculou-se que o Silbervogel seria capaz de atravessar o Atlântico, soltar
uma bomba de 4.000 kg sobre os Estados Unidos para, em seguida, continuar
o voo até pousar no Japão, finalizando uma jornada de 19.000 km a 24.000 km.
No Japão, ele seria reabastecido, armado novamente e voltaria à Alemanha da
mesma forma, sem que nenhum caça ou arma antiaérea pudesse alcançá-lo. O
projeto não foi além de uma maquete de teste no túnel de vento porque o custo
de fabricação seria altíssimo e o comando da Luftwaffe preferiu investir nos
bombardeiros convencionais de longo alcance (os Amerika Bomber).
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O Silbervogel foi o primeiro


projeto da história para um
bombardeiro estratosférico.
Mas seu alto custo não
permitiu ir além de uma
maquete no túnel de vento.

34
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

1 - Cabine pressurizada
2 - Tanques de oxidantes
3 - Tanques de combustível
4 - Câmara de combustão de alta pressão – empuxo de 100 toneladas
5 - Foguetes auxiliares
6 - Asa em cunha
7 - Trens de pouso retráteis
8 - Bomba de queda livre

EXÉRCITO ALEMÃO

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35
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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Sturmgewehr 44 (Rifle de Assalto 44)


O primeiro fuzil de assalto moderno da história, que após a rendição alemã
foi copiado descaradamente pelos russos com o AK-47 e serviu de base
para parte do M-16 norte-americano. Apesar da óbvia urgência por armas
semiautomáticas com mais poder de fogo para a infantaria desde o começo
da guerra, Hitler mais uma vez empacou um projeto vital. Em abril de 1942, o
MKb-42 (primeira versão do StG 44) já havia sido usado em combate, quando
35 das 50 armas-teste feitas foram usadas por uma unidade paraquedista,
que repeliu com elas um ataque russo no bolsão de Kholm. Mesmo com os
excelentes relatórios, Hitler ordenou a suspensão de todos os projetos de
armas de fogo, visando aumentar a produção das armas já existentes. Para
burlar sua ordem, o Escritório de Armamentos renomeou a MKb-42 para MP-
43 (Machinenpistole 43), anunciando-a como uma atualização da conhecida
submetralhadora MP-42. Quando Hitler descobriu o engodo, ficou furioso
e proibiu terminantemente o desenvolvimento do projeto, só permitindo a
retomada dos testes em março de 1943. E mais tempo se perdeu tentando fazer
com que todas as funções do Kar-98k fossem possíveis no agora MP-43 (e,
depois, de sua versão final de 1944 – o MP-44), o que era impossível devido
à diferença nas munições. Tudo mudou em julho de 1944, numa reunião dos
generais da Frente Oriental. Quando Hitler perguntou o que eles precisavam,
um general
Acesse nossoexclamou:
Canal“Mais
no destes novos rifles”.
Telegram: Então, Hitler foi ver o teste
t.me/BRASILREVISTAS
de fogo da MP 44 e ficou impressionado, dando-lhe o título de Sturmgewehr.
E, assim, o MP-44 se tornou StG-44, sendo finalmente produzido em massa
com DOIS anos de atraso. E, mais uma vez, outra arma vital chegou tarde
demais para mudar o rumo da guerra, apesar das 425.977 unidades fabricadas.
Se o StG-44 estivesse nas mãos dos soldados alemães em fins de 1942, todas a
batalhas terrestres teriam resultados muito diferentes.

• Sturmgewehr 44 Kummlauff (Cano Cu


Curvo)

O Stg-44 foi copiado quase inteiramente


pelos russos quando desenvolveram
o AK-47. E se não fosse Hitler, os
VROGDGRVDOHPmHVMiRWHULDPHP¿QV
de 1942.

37
ALEMANHA

A arma mais malandra criada pelos alemães. Era apenas um StG-44 com
um cano extra e curvo em 30 graus acoplado a um periscópio, permitindo ao
soldado atirar de uma esquina ou qualquer esconderijo sem ter que se expor ao
fogo inimigo. Devido ao desgaste no cano curvado, ele tinha que ser trocado
a cada 300 tiros e foi tão eficiente, que foram feitas versões para os canhões
autopropulsados, mas em apenas 91 deles, e os russos fizeram sua própria
versão para a submetralhadora PPSh-41.

Na versão Kummlauf para


atirar em esquinas, apenas
a parte curva do cano era
trocada a cada 300 tiros, sem
prejudicar a arma principal.

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• Zielgerät 1229 (Dispositivo de Mira)


Também chamado Vampir (Vampiro), era um projetor infravermelho ativo
(detecta apenas iluminação em infravermelho) desenvolvido para uso noturno
acoplado ao StG-44. Ele permitia aos soldados alemães combater na mais
completa escuridão – a primeira arma com mira infravermelha do mundo!
Um combatente usando este tipo de arma era chamado Nachtjäger (Caçador
Noturno). O Vampir pesava 2,25 kg e a lanterna de tungstênio convencional
brilhava através de um filtro que permitia apenas a luz infravermelha, montado
sobre a mira telescópica especial do StG-44. A bateria pesava 13,5 kg e ficava
dentro de uma mochila de madeira nas costas do soldado e uma segunda
bateria, dentro do contêiner da máscara de gás (aquela “marmita” redonda que
todo soldado alemão usava presa na cintura), para alimentar o conversor de
imagem. E, mesmo assim, ela só fornecia 15 minutos de iluminação! O Vampir
foi usado em combate pela primeira vez em fevereiro de 1945. No entanto,
versões de teste já haviam sido usadas no início de 1944. No total, 310 unidades
foram entregues para a Wehrmacht (Exército Alemão) nos estágios finais da
guerra. Relatórios de soldados russos falavam de snipers atirando à noite com
a ajuda de “tochas com brilhos peculiares colados a enormes miras óticas
montadas em seus rifles”. O Vampir foi usado também nas metralhadoras.

38
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

MG34 e MG42 e em alguns veículos de combate.

• Fallschirmjägergewehr 42 (rifle de paraquedista 42)


As primeiras armas para combate
noturno foram desenvolvidas
pelos alemães. Novamente,
chegaram tarde demais para
fazer alguma diferença no rumo
da guerra.

Como o nome diz, foi uma arma desenvolvida especificamente para o uso dos
Fallschirmjäger, os paraquedistas alemães, tornando-se operacional em 1942.
Ela combinava as características e poder de fogo de uma metralhadora, com
Acesse
peso nãonosso
maior doCanal
que um norifle
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Kar-98k. É considerada um dos projetos mais
avançados de armas individuais da Segunda Guerra Mundial, influenciou o
desenvolvimento de armas no pós-guerra e ajudou a moldar o conceito moderno
de fuzil de assalto. Ela foi projetada e criada entre 1941 e 1942, após as primeiras
operações bem-sucedidas dos Fallschirmjäger, como a tomada de Creta em maio
de 1941, onde sofreram pesadas baixas, entre outras razões, por falta de poder
de fogo adequado. A resposta foi o FG-42, mas sua produção ficou limitada a
cinco mil unidades durante toda a guerra, por usar o raro aço de cromo-níquel
em vários componentes importantes. Por isso, foi pouco usada em combate,
sendo reservada para operações de importância estratégica, como o resgate de
Mussolini no Hotel Campo Imperatore, em setembro de 1943.

• Fliegerfaust (Punho Voador)

39
ALEMANHA

Também chamado “Luftfaust” (“punho de ar”), era uma bazuca antiaérea


multicano, projetada para destruir aviões inimigos de ataque ao solo. Projetado
por HASAG (Hugo Schneider AG), de Leipzig, em 1944, o Luftfaust tinha duas
versões: a “A”, com quatro canos, e a “B”, com nove canos – ambos disparavam
foguetes calibre 20 mm. Tinha um comprimento total de 150 cm e pesava
6,5 kg. A sequência de tiro era de 0,1 segundo entre cada disparo, para evitar
danificar os próprios projéteis pelos gases de escape dos foguetes e interferir
com seus cursos. A estabilização do foguete em voo não era por meio de
aletas, mas por quatro pequenos buracos perfurados em ângulo ao redor do
escapamento. Uma pequena proporção do impulso dos foguetes foi convertida
em impulso de rotação girando o míssil ao longo de seu eixo. O Fliegerfaust
não foi bem sucedido por causa de seu pequeno alcance efetivo causado
por demasiada dispersão dos projéteis. Embora grandes encomendas para a
arma fossem feitas em 1945 (10 mil lançadores e quatro milhões de foguetes),
apenas 80 foram usadas em combate. No entanto, uma fotografia de 1945 do
Hotel Adlon, em Berlim, mostra claramente pelo menos três Fliegerfaust “B”
nos escombros.

• Panzerwurfmine

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A criar o Fliegerfaust, os alemães queriam


armar sua infantaria com uma arma
antiaérea portátil, capaz de abater caças de
ataque ao solo. Se iria funcionar na prática,
nunca se saberá.

40
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

Outra arma exótica surgida da necessidade. Era uma granada antitanque


de arremesso com aletas. Para uma granada antitanque ser eficaz, ela deve
acertar “de cabeça” a blindagem, para que o jato de alta velocidade causado
pela detonação fure o casco e atinja a tripulação. Uma maneira de fazer isso é
colocar a carga sobre a blindagem com a mão, mas o soldado fica exposto ao
fogo defensivo do tanque. O Panzerwurfmine é projetado para alcançar um voo
estável graças às grandes barbatanas de lona na parte de trás, estabilizando a
trajetória da granada, fazendo contato no ângulo desejado. O Panzerwurfmine
Lang (“longo”) pesava 1,36 kg e tinha 53,3 cm de comprimento. Era estabilizado
por aletas na parte traseira do tubo que saltavam para fora quando arremessado.
Foi introduzido em maio de 1943, com 203.800 produzidos. Foi suspenso em
favor do Panzerwurfmine Kurz (“curto”), estabilizado por uma faixa de lona
que desenrolava quando arremessado.
Ambos tinham ogivas com um diâmetro de 11,4 cm, com carga de 500 g de
explosivos que poderiam penetrar aproximadamente 150 mm de blindagem
a zero grau. No entanto, o Panzerwurfmine não fez jus às expectativas devido
ao curto alcance e também aos poucos impactos bem-sucedidos de 90 graus.

TANQUES
ANQUES ALEMÃES
• Panzerkampfwagen
Panzerk
kampfwagen VIII Maus
Acesse
am nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
mundongo)
(Camundongo)

O soldado americano (à direita)


está lançando a Panzerwurfmine
de maneira errada. O modo
correto de arremessá-la está
ilustrado abaixo.

41
ALEMANHA

Foi o maior tanque construído até hoje, pesando 188 toneladas e armado
com um canhão de 128 mm e outro paralelo de 75 mm e uma metralhadora.
Seu nome “Camundongo” era para despistar os aliados, fazendo-os acreditar
que estava sendo criado um tanque leve. Ferdinand Porsche apresentou o
projeto para Adolf Hitler em junho de 1942 e ele se apaixonou pela ideia,
mas exigiu que um canhão de 75 mm fosse colocado ao lado do de 128 mm.
Em maio de 1943, foi apresentado a Hitler apenas o casco montado, mas ele
aprovou de imediato sua produção em massa. E o projeto foi adiante, com um
desenvolvimento muito lento. O principal problema do Maus era encontrar
um motor poderoso o suficiente para movimentar tanto peso, o que também
tornava impossível para ele atravessar a maioria das pontes. Foram feitos até
fins de 1944 apenas três protótipos, sendo apenas um com torre e canhão, antes
de serem capturados pelas tropas soviéticas. O terceiro tanque incompleto foi
capturado pelos britânicos. O único protótipo completo está atualmente em
exposição no Museu de Tanques de Kubinka, na Rússia.

• Panzer E-100
O projeto básico foi ordenado pelo Waffenamt (Agência de Armas Alemã)

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O Maus nunca passou do protótipo, e o


único exemplar completo virou peça de
Museu, na Rússia.

42
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

como um desenvolvimento paralelo ao Maus em junho de 1943. Foi o projeto


mais pesado da série Entwicklung (E) de tanques, destinado a usar tantos
componentes já existentes quanto possível. Em dezembro de 1942, a Krupp
sugeriu um tanque pesando 130 toneladas, com um canhão de 128 mm, que
usaria muitos dos mesmos componentes que os tanques Tiger e Maus – sendo
chamado por isso de “Tiger-Maus”. O primeiro e único protótipo nunca foi
concluído, sendo o projeto cancelado no final de 1944 em favor do Maus.
O veículo parcialmente concluído foi capturado e removido pelo exército
britânico para avaliação e, em seguida, foi desmantelado.

• Landkreuzer P1000 Ratte (Rato)


Projeto para um tanque superpesado que, se construído, teria mais de cinco

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Todas as imagens que existem do E-100 são ilustrações


ou fotomontagens com miniaturas. A única foto real é a do
chassi sendo levado para a Inglaterra.

43
ALEMANHA

vezes o peso do Maus – mil toneladas! Em junho de 1942, Krupp Grotte


propôs a Hitler um tanque que chamou corretamente de “Landkreuzer”
(cruzador terrestre), pois ele seria armado com dois canhões navais de 280
mm montados numa torre de cruzador, um de 128 mm, oito de 20 mm e duas
metralhadoras, com uma tripulação entre 20 e 40 homens! Este colosso teria
35 metros de comprimento por 14 de largura e 11 de altura e incluiria até
mesmo um pequeno banheiro. Para mover esta fortaleza sobre esteiras, seriam
usados dois motores de submarino, com 8.400 HP de potência cada um, o que
permitiria a velocidade teórica de 40 km/h. Hitler encantou-se com o conceito
de Grotte e ordenou a Krupp para iniciar o desenvolvimento ainda em 1942.
Em dezembro, alguns desenhos preliminares tinham sido concluídos, época
em que o conceito tinha sido nomeado Ratte (Rato), para novamente despistar
os aliados. Albert Speer, ministro dos armamentos, cancelou o projeto em
1943, antes que qualquer parte fosse construída. Nenhuma estrada, nenhuma
ponte e poucos solos no mundo aguentariam o peso desta montanha blindada,
que seria a isca perfeita para ataques aéreos.

• Landkreuzer P1500 Monster (Monstro)

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O Ratte era um projeto de tanque absurdamente


grande, do tamanho de um castelo. Somente Hitler com seu ego
descomunal e apaixonado por coisas grandes gostou dele.

44
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

Um supercanhão autopropulsado que representa o ápice dos projetos dos


tanques alemães extremos. Após a aprovação do Ratte, em dezembro de
1942, Krupp projetou um tanque ainda maior, de 1.500 toneladas – o P1500
Monster. Este novo “cruzador terrestre” era uma plataforma automotriz para
transportar o canhão de 800 mm Schwerer Gustav, peça de artilharia também
feita por Krupp – a maior peça de artilharia já construída. Seus projéteis de
sete toneladas tinham alcance de até 37 km e foram projetados para uso contra
alvos fortificados. Se construído, o Monster teria 42 metros de comprimento
com blindagem frontal de 250 mm e quatro motores a diesel usados em
submarinos, precisando de uma equipe com mais de 100 homens para operar.
Além do canhão principal, haveria armamento secundário com dois obuses
de 150 mm e múltiplos canhões de 15 mm antiaéreos. O armamento principal
seria montado sem uma torre rotativa, tornando Ratte tanto uma peça de
artilharia como um canhão autopropulsado. Mas como no desenvolvimento
do Maus, os problemas associados ao peso de grandes tanques, tais como a
destruição de estradas, a sua incapacidade de usar as pontes e a dificuldade
de transporte por via rodoviária ou ferroviária, eram ainda maiores – bem
maiores! Assim, em 1943, Albert Speer, Ministro dos Armamentos, cancelou
os dois projetos de Landkreuzers.

AS ARMAS
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Á esquerda, bala do canhão de 800mm Gustav, que seria instalado no


Monster caso ele fosse construído. Abaixo, posicionamento do Monster
para atirar e andar, com o Panzer Tiger II ao lado para comparação de
tamanho.

45
ALEMANHA

9HUJHOWXQJVZDIIHQ (armas de retaliação) foi o nome dado às armas de


longo alcance projetadas para bombardeio estratégico e de terror. A ideia do
bombardeio de terror já era discutida pelo alto comando alemão desde 1940
– quando Londres foi pesadamente bombardeada. Nessa época, já estava
em desenvolvimento o foguete A4 (o futuro V-2). Após o relativo fracasso
dos Reides Baedeker contra a Grã-Bretanha em abril e junho de 1942 como
retaliações pelo bombardeio de Lübeck em 28/29 de março do mesmo ano,
o desenvolvimento das chamadas “bombas voadoras” foi acelerado, com a
Grã-Bretanha designada como alvo. Em 29 de setembro de 1943, Albert Speer
prometeu publicamente vingança contra o bombardeio em massa de cidades
DOHPmVSRUXPD³DUPDVHFUHWD´(QWmRRDQ~QFLRR¿FLDOHPGHMXQKRGH
1944 pelo Ministério da Propaganda do Reich anunciava a “9HUJHOWXQJVZDIIH
1” como um míssil guiado e deixava implícito que haveria outros tipos de
armas.

• V-1
Desde 1936, eram feitos testes e estudos para desenvolver um avião a
controle remoto. Em novembro de 1939, foi apresentada uma proposta formal
ao Ministério da Aeronáutica de um avião de controle remoto capaz de levar
uma carga de mil quilos de explosivos. Houve altos e baixos até que o V-1
¿]HVVHRSULPHLURYRRGHWHVWHHPRXWXEURGHHP3HHQHPQGH$LQGD
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houve muitos ajustes até que estivesse pronto para ser produzido em série,
e rampas para lançamento começaram a ser construídas. Em 13 de junho de
1944, o primeiro V-1 atinge Londres, e a partir do dia 15, eles eram lançados
a uma média de 100 por dia. Vinte e cinco por cento destas bombas atingiram
Londres, sendo que as restantes erravam ou eram abatidas pelos caças, pela
barragem de balões ou pelas baterias antiaéreas. Era uma arma terrível e
H¿FLHQWHTXHYRDYDDNPKFDUUHJDQGRNJGRH[SORVLYR$PDWRO
Cerca de 30 mil V-1 foram fabricados e lançados de junho de 1944 até 29 de
março de 1945. Os ataques só cessaram quando todas as rampas de lançamento
acabaram destruídas ou capturadas pelos aliados. Foram 6.184 mortos e
17.981 feridos vítimas do V-1 e mais de um milhão de prédios destruídos ou
GDQL¿FDGRVDSHQDVQD,QJODWHUUDSRLV%pOJLFD)UDQoDH+RODQGDWDPEpPVH
tornaram alvos após serem libertados pelos aliados.

46
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

As V-1 literalmente choveram sobre Londres


DWpTXDVHR¿PGDJXHUUD)RLDSULPHLUDDUPD
de pilotagem automática bem sucedida da
história.

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• V-2
Também chamado de A-4, foi o primeiro foguete balístico de longo alcance
da história. Atingia uma altura de 88 km na atmosfera a uma velocidade de
5.760 km/h antes de descer rumo ao alvo. Tinha raio de alcance de 320 km e um
H¿FLHQWHVLVWHPDDXWRPiWLFRGHSLORWDJHP2QGHFDtDR9FULDYDXPDFUDWHUD
com 20 metros de diâmetro e oito de profundidade. O primeiro V-2 que atingiu
Paris em 08 de setembro de 1944 era o resultado de quase 15 anos de trabalho de
vários cientistas com foguetes balísticos e mais de 200 lançamentos-testes entre
março de 1942 e agosto de 1944, criando a arma perfeita, que não podia ser
alcançada por caças ou baterias antiaéreas. As únicas defesas contra os V-2 eram
ou destruir suas fábricas – difíceis de achar por estarem em cavernas profundas
– ou avançar por terra, colocando os alvos fora de seu raio de alcance. Qualquer
VXSHUItFLHSODQDH¿UPHGHDOJXQVPHWURVTXDGUDGRVVHUYLDSDUDFRORFDUR9
em pé. Bastavam 110 minutos para abastecer e disparar, pois os 0HLOOHUZDJHQ

47
ALEMANHA

(carreta de transporte dos V-2) podiam erguê-los em qualquer lugar. Cerca de


5.200 V-2 foram construídos até a rendição da Alemanha, sendo Londres a
cidade mais visada (1.358 impactos), mas a Bélgica foi a mais atingida (1.402
impactos). Os dois últimos V-2 caíram sobre a Inglaterra em 27 de março de
1945. Cerca de quatro mil pessoas foram mortas pelos V-2 – número menor do
que nos V-1, mas devido à impotência das armas aliadas em detê-los, seu dano
no moral da população foi muito maior.

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Qualquer espaço aberto podia ser convertido num local de lançamento
para uma V-2. Isso e seu sistema de pilotagem são o que a tornava
uma arma de destruição impossível de ser interceptada.

48
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• V-3
Diferente dos V-1 e V-2, o V-3 – também chamado +RFKGUXFNSXPSH (bomba
de alta pressão) –, era um supercanhão que usava o princípio de multicargas
como propulsores secundários para adicionar velocidade ao projétil. A arma
usava múltiplas cargas propulsoras colocadas ao longo do comprimento do
cano e programadas para disparar assim que o projétil passasse por eles, para
proporcionar um impulso adicional. Devido à sua maior adequação e facilidade de
uso, propulsores de foguetes de combustível sólido foram usados em vez de cargas
explosivas. Eles foram dispostos em pares simétricos ao longo do comprimento do
cano e inclinados para projetar a sua pressão de encontro à base do projétil quando
passava. Este layout gerou o codinome alemão 7DXVHQGI‰OHU (centopeia). A arma
disparava um projétil estabilizado e apontado diretamente para Londres. O calibre
era de 150 mm, pesava 140 kg com raio de alcance até 165 km. A velocidade
GHGLVSDURIRLFDOFXODGDHPWLURVSRUKRUDRTXHSRGHULDVLJQL¿FDUWUrVPLO
bombas sobre Londres em 10 horas, sem nenhuma chance de defesa.
Os locais onde as 7DXVHQGI‰OHU foram montadas eram dois grandes bunkers
na região de Pas-de-Calais, no norte da França, mas foram inutilizadas por
bombardeios aliados antes da conclusão. Duas armas similares foram usadas para
bombardear Luxemburgo a partir de dezembro de 1944 até fevereiro de 1945.

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À direta: maquete da V-3 usada para bombardear


Luxemburgo. À esquerda: planta e esquema de
funcionamento de disparo da “Centopeia”.

49
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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

JAPÃO
O PEQUENO NOTÁVEL

N
as escolas do exército japonês, os alunos não foram muito
bem treinados em ciência e tecnologia. A infantaria ainda era
a espinha dorsal do Exército Imperial e “força espiritual” era
considerado o elemento principal para conseguir a vitória.
Confiantes por causa das vitórias fáceis durante os anos 1930
contra a China, mais a crença de que nunca seriam derrotados por pertencerem a
uma “raça divina” dirigida por um imperador-deus, os comandantes japoneses
não deram a devida importância ao desenvolvimento de novas armas. Apenas
quando a tecnologia e a gigantesca produção industrial norte-americana
começaram a esmagar seus soldados, aviões e navios é que eles acordaram,
tarde demais.
Com a deterioração da situação de guerra, havia um desejo crescente para
aperfeiçoar armas milagrosamente eficazes. No entanto, tornou-se claro que o
baixo nível científico da nação não poderia produzir armas elaboradas. Assim,
durante o curso da guerra, a diferença entre o exército japonês e o potencial
científico americano para a defesa nacional cresceu cada vez mais. Quando as
Acesse
derrotasnosso Canal
começaram a se no Telegram:
acumular, houve um t.me/BRASILREVISTAS
esforço dedicado e sincero na
criação de novas armas, mas a escassez de recursos e o tempo não permitiram
que nenhuma destas ideias gerasse algum resultado que pudesse reverter ou
evitar a derrota.

Armas de infantaria
• Hyaku-shiki Kikan-tanjuu (Submetralhadora Tipo 100) 00)
Foi a única submetralhadora produzida pelo Japão em
quantidades significativas. Foi projetada e construída
pela Fábrica Nambu, sob um contrato militar de baixa
prioridade. Era a típica submetralhadora simples e de
baixo custo, o que facilitava sua produção em grandes
quantidades. É uma versão simplificada da Bergmann
MP18 alemã, modificada para usar munição Nambu 8
mm. Atuava apenas em fogo automático, refrigerada a
ar. Ela foi entregue ao Exército Imperial em 1942, que,
ainda agarrado a conceitos românticos e antiquados
como cargas de baioneta, não via necessidade de
prover suas tropas com grandes quantidades de
submetralhadoras. Apenas depois dos massacres em
Guadacanal, se percebeu a importância de um maior
poder de fogo para os soldados e, mesmo assim, já

51
JAPÃO

era tarde demais para recuperar o tempo perdido. Foram produzidas 27


mil unidades da Tipo 100 até o fim da guerra, contra um milhão e meio de
submetralhadoras Thompson pelos norte-americanos no mesmo período.

A Tipo 100 fez muita


falta à infantaria
japonesa, armada
com fuzis antiquados.
E nunca foi fabricada
nas quantidades
necessárias.

• Shi sei 4 shiki 7 sen chi Funshin Hou (Lança-foguetes Antitanque de 70 mm


Tipo 4)
Em 1944, os norte-americanos usavam a Bazuca M1 com notável sucesso. Em
resposta, os japoneses começaram o desenvolvimento de sua própria bazuca.
A principal diferença é que os foguetes japoneses não usavam barbatanas.
Em seu lugar, havia furos laterais num ângulo de 20 graus na saída dos jatos
propulsores, fazendo-o girar para manter a estabilidade.
O lançador era feito em duas partes que se encaixavam no meio, facilitando
o transporte
Acesse nosso e podendo
Canalser nodisparado por um
Telegram: soldado deitado, e outro como
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municiador. A arma tinha um bipé similar ao da metralhadora leve Tipo
99. Foram construídas 3.500 unidades entre fins de 1944 e o fim da guerra,
mas nenhuma delas saiu do Japão. Todas foram poupadas para uso contra o
esperado desembarque de tropas norte-americanas, quando se acreditava que
seriam vitais para destruir os tanques Sherman. Mas tal desembarque nunca
aconteceu, porque as bombas atômicas forçaram a rendição do Japão, e as 4
shiki nunca foram usadas em combate.

A 4-shiki era pura e simplesmente uma cópia da bazuca


DPHULFDQD0DVVXDH¿FLrQFLDFRQWUDWDQTXHV6KHUPDQQXQFD
pôde ser comprovada.

52
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• San-shiki Chuusensha Chi-nu (Tanque médio Chi-nu Tipo 3)


Sem tempo para desenvolver novos projetos e com as derrotas se acumulando
em todas as frentes, os japoneses optaram pela solução mais rápida no
desenvolvimento: copiaram as armas do inimigo. O Chi-nu é uma versão
japonesa mais leve do Sherman, desenvolvido para enfrentá-lo em termos
de igualdade. Até o armamento principal é igual – um canhão de 75 mm –,
mas a blindagem era um pouco mais fina (máximo de 50 mm contra 76 mm
do Sherman). Tinha uma grande torre hexagonal, sendo um dos melhores
tanques produzidos pelo Japão durante a guerra. Se o Chi-nu poderia lutar
bem contra um Sherman, nunca saberemos. Foram construídas apenas 144
unidades e todas ficaram no Japão esperando o desembarque americano que
nunca veio, porque a rendição aconteceu antes. O Chi-nu foi outra arma que
nunca entrou em combate e atualmente só existe um exemplar guardado numa
escola militar japonesa.

Após uma década usando


tanques lentos e obsoletos, os
japoneses desenvolveram e
construíram o Chi-nu apenas
quando a derrota batia na
porta.

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• Yonshiki Chuusensha Chi-To (Tanque médio Chi-To Tipo 3)


Este foi o tanque de guerra japonês mais avançado. Começou a ser
desenvolvido em 1943 como um sucessor dos ultrapassados Tipo 97, similar
na aparência com ele, mas bem maior. Era em tudo igual ou superior ao
Sherman: mesmo peso, mesma blindagem, mais autonomia e mais velocidade
e com um novo canhão de 75 mm cano longo, que lhe permitiria atingir seu
rival de uma distância maior. Um “pega” entre os dois seria muito interessante
de ver, mas tal duelo nunca aconteceu. O primeiro protótipo foi entregue em
1944 pela Mitsubishi e estava prevista a produção de 25 unidades por mês,

53
JAPÃO

mas a escassez de material e os bombardeios americanos tornaram essa meta


inviável. Em 1945, apenas seis chassis tinham sido produzidos, dos quais
apenas dois Chi-To foram concluídos antes do fim da guerra. E como o Chi-nu,
os que conseguissem ser construídos permaneceriam no Japão, aguardando o
desembarque americano. Outro excelente tanque japonês que nunca combateu.

O Chi-to foi um dos melhores


tanques da guerra, mas apenas
dois foram construídos antes da
rendição. Outra arma que chegou
atrasada.

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• I-yon-hyaku-gata Sensuikan (Submarino Classe I-400)
Chamados também de Sen-Toku, foram os maiores submarinos da história até
a construção dos submarinos com mísseis balísticos nucleares na década de 1960.
Eram submarinos-porta-aviões capazes de transportar dentro de si três caças-
bombardeiros/torpedeiros Aichi M6A Seiran. Eles podiam subir à superfície,
lançar seus aviões e, então, rapidamente mergulhar antes de serem descobertos.
A Classe I-400 foi criação do Almirante Isoroku Yamamoto, comandante em
chefe da frota combinada japonesa. Ele teve, em dezembro de 1941, a ideia
de atacar os Estados Unidos fazendo reides aéreos contra cidades ao longo
das costas do país, utilizando aviões lançados de submarinos. Yamamoto
apresentou a proposta em janeiro de 1942, exigindo uma frota com 18 grandes
submarinos capazes, cada um, de levar dois ou três aviões-bombardeiros/
torpedeiros e fazer três viagens de ida e volta até a costa oeste dos Estados
Unidos sem reabastecimento, ou uma viagem de ida e volta a qualquer ponto
do globo. Em março de 1942, os planos gerais foram finalizados e a construção
do I-400 começou nas docas de Kure em janeiro de 1943.
Yamamoto morreu quando o bombardeiro que o transportava foi abatido numa
viagem de inspeção nas Ilhas Salomão em abril de 1943. Sem ele, o projeto de
atacar os Estados Unidos usando submarinos foi esquecido e apenas os I-400,
I-401 e I-402 foram completados. Um dos alvos que Yamamoto desejava atingir

54
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

com os I-400 era o Canal do Panamá, destruindo as comportas de elevação e


interrompendo a movimentação de navios aliados entre o Pacífico e o Atlântico.
Mas a única missão que os I-400 e I-401 receberam (o I-402 ficou pronto em julho
de 1945, transformado em submarino de reabastecimento) foi fazer um ataque
kamikaze com seus aviões contra os navios americanos estacionados no atol de
Ulithi. Mas antes de chegarem próximo ao ponto de decolagem, o Japão se rendeu e
a tripulação lançou os aviões ao mar, rendendo-se a um destróier norte-americano.
Os marujos ianques ficaram atordoados com o tamanho daqueles monstros – 122
metros de comprimento. Os I-400 e I-401 foram levados em segredo para o Havaí,
onde foram examinados e testados e, por fim, afundados em junho de 1946, para
impedir que os russos tivessem acesso a esta tecnologia única.
A Classe I-400 foi em tudo um dos submarinos
mais espetaculares da história

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• Yokosuka MXY7 Ohka (Flor de Cerejeira)


Com o sucesso relativo dos ataques kamikaze a navios americanos, começaram
a surgir outros projetos de armas suicidas: torpedos pilotados, lanchas,
minissubmarinos e o projeto mais ousado de todos – um avião-foguete armado

55
JAPÃO

com uma ogiva explosiva de 1.200 kg. A Ohka, apelidada pelos americanos “baka”
(tola, idiota), deveria ser levada até perto do alvo (35 km) por um bombardeiro,
quando então seria solta e o piloto ativaria os foguetes, viajando a 800 km/h
até atingir seu alvo. Em março de 1945, as primeiras Ohkas foram usadas,
atacando a frota de invasão em Okinawa. Percebendo o grande perigo desta
nave suicida, que não podia ser alcançada pelos caças e era difícil de ser abatida
pelas baterias antiaéreas, a única solução foi criar uma barreira de caças bem
distante dos navios e abater os bombardeiros antes que soltassem suas Ohkas.
Devido a isso, o projeto fracassou, pois apenas um navio foi afundado e outra
dezena foi danificada, contra a perda de mais de 20 bombardeiros, muitos deles
abatidos sem soltar sua carga. Foram construídas cerca de 800 Ohkas e menos
de 50 foram usadas em combate. As demais foram guardadas para serem usadas
quando a frota americana desembarcasse no Japão, mas isso nunca aconteceu.

• Torpedos Tipo 93, 95 e 97


Foram os mais avançados e velozes da Segunda Guerra mundial, capazes de
atingir entre 61 e 93 km/h de velocidade com um alcance de 22 km a 40 km,
armados com ogivas explosivas de 350 kg a 500 kg, dependendo do modelo.
Começaram a ser desenvolvidos em 1928, sempre mantidos em segredo quanto a
seu real poder. Os americanos só descobriram sua capacidade mortífera quando
Acesse nossoafundados
tiveram navios Canal de nodistâncias
Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
impossíveis (para eles) de serem atingidas
por torpedos. Os três modelos funcionam no mesmo sistema: uma câmara cheia
de oxigênio puro comprimido alimentando o motor do torpedo, gerando altas
velocidades. Entretanto, eles necessitavam de manutenção cuidadosa. Navios
de guerra (Tipo 93) e submarinos (Tipo 95) equipados com os Sanso Gyorai
(torpedos a oxigênio) exigiam um sistema gerador de oxigênio. O Tipo 97 era o
menor de todos, disparado por minissubmarinos e caças-bombardeiros.

Acima: Tipo 95 (submarinos). À esquerda: Tipo 97 (para


caças torpedeiros). Abaixo: Tipo 93 versão “Kaiten”
(torpedo kamikaze).

56
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Fusen Bakudan (Bomba Balão)


A arma mais inusitada e curiosa que o Japão utilizou na guerra. O FU-GO
era um balão de hidrogênio com 10 metros de largura que levava uma carga de
explosivos variando de 12 kg a 20 kg, dependendo da configuração. Uma vez
solto, subia até 10 quilômetros de altura, onde pegava carona nas “correntes
de jato” que existem nesta altitude no sentido oeste para leste, viajando de
cinco mil a oito mil quilômetros em três dias rumo aos Estados Unidos, onde
um temporizador liberava sua carga mortal, que podia consistir de bombas
incendiárias ou de alto poder explosivo. Os japoneses não esperavam grandes
resultados destrutivos com esta forma de ataque, até porque a carga de bombas
de cada balão era bem pequena, mas acreditavam que elas gerariam medo e
insegurança na população, abalando o moral. Entre novembro de 1944 e abril
de 1945, o Japão lançou mais de 9.300 FU-GO. Cerca de 300 deles foram
encontrados ou observados na América do Norte e causaram a morte de
seis pessoas, causando poucos danos. Mas os militares ficaram preocupados
quando capturaram alguns balões e compreenderam o que os japoneses
estavam fazendo. Como não havia um modo eficaz de combater diretamente
esta ameaça, a única arma utilizada foi o silêncio. Nenhuma notícia sobre
estes balões mortais foi publicada pela
imprensa, que concordou em colaborar
Acesse nosso Canal no Telegram: com o governo. Os japoneses souberam
t.me/BRASILREVISTAS
que apenas uma bomba havia caído nos
Estados Unidos e menos de seis meses
depois do início dos ataques, o projeto
foi cancelado por acreditarem que era
um completo fiasco. Mas, por garantia,
os bombardeiros B-29 destruíram
duas das três fábricas de hidrogênio
necessário ao projeto.

57
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URSS
IN G L A T E R R A
EUA

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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

RÚSSIA
A SIMPLICIDADE

S
em tantos institutos tecnológicos quanto a Alemanha, os russos não
desenvolveram muitas armas secretas. Com uma boa parte do seu
território ocupado pelos alemães em menos de seis meses de avanço
fulminante, não havia tempo para gastar com projetos de longo prazo.
Tudo tinha que ser rápido de desenvolver e rápido de fabricar em
grandes quantidades. O resultado foi armas simples, baratas e muito eficientes.

• Cães Antitanque
Desde os anos 1930, havia escolas de treinamento para cães com fins militares,
como mensageiros, farejadores de minas, transporte de medicamento ou munição
e outros. Mas o uso mais cruel foi treina-los como minas antitanque vivas! Eles
eram condicionados a buscar comida em baixo dos tanques, carregando uma
carga explosiva nas costas. Assim que esbarrassem na antena ou alavanca que
ficava acima da carga explosiva na parte de baixo do tanque, os explosivos eram
detonados, destruindo o tanque e o cão. Quando a Rússia foi invadida pelos
panzers alemães, um primeiro esquadrão com 30 cães antitanque foi utilizado,
Acesse nosso
resultando Canal
num fiasco noMotivo:
total. Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
eles foram treinados com tanques russos,
movidos a diesel. Os tanques alemães eram movidos à gasolina, assustando os
cães com o cheiro diferente. Corrigido isso, outras tentativas foram feitas, com
poucos resultados efetivos.
O uso de cães antitanque só
resultou em duas coisas: a
propaganda alemã começou
a chamar os russos de
covardes que preferiam
mandar cães combaterem
no lugar deles. E os soldados
alemães receberam ordem de
atirar em qualquer cachorro
que vissem! Milhões de cães
foram mortos nos quase
quatro anos de ocupação da
Rússia... por nada!

A propaganda russa fazia parecer


que os cães antitanque eram uma
arma bem sucedida, mas na verdade
foram poucos os tanques destruídos
por eles.

61
UNIÃO SOVIÉTICA

• Tanque KV-1
O blindado pesado Kliment Voroshilov 1 foi uma das surpresas desagradáveis
que os alemães encontraram quando invadiram a Rússia em junho de 1941.
Sua blindagem de 90 mm era resistente a quase todos os canhões alemães,
enquanto seu canhão de 76,2 mm podia destruir qualquer tanque alemão em
distância de batalha. O desenvolvimento de tanques alemães maiores como o
Tiger e instalação de canhões maiores nos MK-IV foi por necessidade direta
de combatê-lo. Apesar de construídas apenas 5.219 unidades, ele foi muito
importante nos primeiros dois anos depois da invasão da Rússia e serviu como
base para o desenvolvimento do tanque IS-1, usado no último ano da guerra.

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• Tanque T-34
Implantado em 1940, tem sido muitas vezes descrito como o projeto mais
eficaz, eficiente e influente da Segunda Guerra. O T-34 possuía o melhor
equilíbrio entre poder de fogo, mobilidade, proteção e robustez. Seu canhão de
alta velocidade de 76,2 mm era muito eficaz e sua blindagem inclinada de 47
mm era impenetrável por armas antitanque padrão. Apesar de estar superado
no final da guerra, quando combateu pela primeira vez em 1941, os generais
alemães o chamaram de “o tanque mais mortal do mundo”. O segredo para
sua agilidade estava no motor diesel de liga leve e nas largas esteiras que o
impediam de afundar na lama, enquanto os blindados germânicos atolavam
até a barriga por usarem esteiras estreitas. Apesar de as primeiras versões serem
toscas, ao longo da guerra ele foi sendo ajustado e refinado e em fins de 1943,
surgiu sua versão mais poderosa: o T-34/85, com um canhão de 85 mm capaz
de enfrentar os panzers Tiger e Pantera. Cada tanque alemão destruído custava
cinco tanques russos, mas o T-34 era mais simples e rápido de construir: 35.119

62
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

do modelo T-34/76 e 29.430 do modelo T-34/85, num total de 64.549 unidades


fabricadas entre 1941 e 1945 (sem contar outros modelos)! Em comparação, a
Alemanha fabricou quase 50 mil tanques de todos os tipos de 1939 até 1945.
Não há como vencer enfrentando tamanha quantidade!

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Uma das fábricas que
produziram milhares de
T-34 em poucos anos.

Apesar de inferior em alguns


aspectos aos panzers, o
T-34 era produzido mais
rapidamente que os alemães
podiam destruí-los

63
UNIÃO SOVIÉTICA

• Katyusha
Uma das armas mais aterrorizantes da Segunda Guerra. Este lançador
múltiplo de foguetes de fácil manejo montado em um caminhão é uma
arma tão boa, que continuou em uso até 2011, na Guerra Civil Líbia. O silvo
medonho que os foguetes faziam quando estavam voando parecia o urro
de um animal enlouquecido e assustava qualquer um que ouvisse. Pelo seu
barulho e formato, os alemães a apelidaram de “órgão de Stalin”. Ela começou
a ser desenvolvida em 1938, sendo aprovada em 1939. Quando os exércitos
alemães invadiram a Rússia, ainda era considerada uma arma ultrassecreta.
Após sua eficiência em combate ser provada, partiu-se para a produção em
massa, fabricando mais de 10 mil lançadores de vários calibres até o fim da
guerra. Seu nome original era BM-13, mas o apelido surgiu porque os foguetes
vinham marcados com a letra “K” (Fábrica do Comitê – Komintern, em russo
– de Voronezh), então as tropas deram a ela o nome de uma canção de guerra
popular de Mikhail Isakovsky, “Katyusha”, sobre a saudade que uma garota
sente do amado, desaparecido na guerra. Katyusha é o equivalente russo de
Katie, uma forma diminutiva carinhosa do nome Katherine: Yekaterina →
Katya → Katyusha.

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Quando foi usado


pela primeira vez, o
urro dos foguetes do
Katyusha assustou
até os soldados
russos, que fugiram
das trincheiras
aterrorizados!

64
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• PPSh-41
A Pistolet-Pulemyot Shpagina (submetralhadora automática Shpagin) foi
projetada por Georgi Shpagin como uma versão simplificada de um modelo
anterior, a PPD-40. Os soldados russos a chamam Papasha (pai, em russo).
Como todas as armas produzidas pelos russos, ela era simples, robusta,
resistente, fácil de usar, limpar, consertar e fabricar. Feita basicamente de aço
estampado, era municiada por carregador com 35 balas 7,62 mm x 25 mm ou
por tambor com 71 balas. Fazia mil disparos por minuto e apesar do enorme
consumo de munição, a Papasha foi uma das principais armas de infantaria das
forças armadas soviéticas durante a Segunda Guerra, com regimentos inteiros
armados apenas com ela. Foram fabricadas mais de seis milhões de Papasha
durante a guerra. Os alemães, impressionados com sua eficiência, sempre que
possível as retiravam dos soldados russos mortos ou capturados e as usavam
para si. Houve também um programa de conversão das Papashas capturadas,
adaptando-as para usar a munição 9 mm parabellum alemã.

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• Tanque KV-6 Behemot


Apesar de este tanque nunca ter existido (nem mesmo como projeto), o
colocamos aqui para desfazer todos os boatos e histórias falsas que rolam pela
internet, principalmente em fóruns e blogs de fãs. O Behemot é apenas uma
lenda urbana, pois é tecnicamente impossível ele se movimentar por conta
das longas esteiras, que se partiriam facilmente, e em qualquer depressão ou
terreno mais inclinado, ele encalharia. Não acreditem em tudo que veem na
internet. Pesquisem sempre!
O Behemot surgiu de uma
PRQWDJHPIRWRJUi¿FD DEDL[R 
mas nunca existiu de fato.

65
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ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

INGLATERRA
SOLUÇÕES CRIATIVAS

A
pós as incríveis informações do Relatório de Oslo, o comando
britânico entendeu que tinha que correr contra o tempo se
quisesse pelo menos igualar os avanços tecnológicos alemães. E
com a rendição da França, em junho de 1940, seguida da batalha
da Inglaterra – o maior embate aéreo da história –, este tempo
parecia cada vez mais curto. Assim como os russos, muitas das armas secretas
desenvolvidas foram para solucionar necessidades imediatas. E como havia mais
cientistas e mentes criativas entre os britânicos, eles desenvolveram muito mais
equipamentos eletrônicos, táticas e armas “científicas” do que armas físicas.

• Radar
Apesar de existir operacionalmente desde 1934 e os alemães possuírem sua
própria versão, foram os britânicos que souberam explorar plenamente o radar
como defesa contra ataques aéreos. O Ministério da Aeronáutica desejava ter
um “raio da morte” capaz de derrubar aviões e pediu aos cientistas britânicos em
1934 para investigar a viabilidade de tal arma. Após estudos, eles concluíram que
Acesse
um raio nosso
da morteCanal no Telegram:
era impraticável, t.me/BRASILREVISTAS
mas a detecção de aeronaves era viável. Em
agosto 1940, quando os aviões alemães começaram a atacar, já havia uma cadeia
de radares cobrindo todo o sul e oeste da Grã-Bretanha, ligados a uma central
de comando que era informada sobre a velocidade, altura e rumo dos aviões
germânicos antes de eles atravessarem o Canal da Mancha. A central de comando
podia, então, designar as esquadrilhas de caças mais próximas para interceptar
o ataque alemão. Deste complexo e eficiente sistema de defesa aérea fazia parte
também uma enorme esquadra de aviões civis, usada para reconhecimento. Foi
desta forma que os pilotos britânicos puderam defender a Inglaterra e obrigar
Hitler a adiar sua invasão chamada Operação Leão Marinho.

2UDGDUMXQWDPHQWHFRPXPFRPSOH[RHH¿FLHQWH
sistema de vigilância, posicionamento e controle
dos caças, permitiu aos britânicos interceptar os
ataques aéreos alemães durante a Batalha da
Inglaterra.

67
INGLATERRA

• Rat Bomb (Bomba de Rato)


Carcaças de ratos mortos foram recheadas com explosivos plásticos para
serem colocadas perto das caldeiras de trens alemães pela resistência dos
países ocupados. Quando os alemães jogassem os ratos mortos nas caldeiras
(era um hábito dos maquinistas fazer isso), eles explodiriam, destruindo
junto a locomotiva. Os Rat Bomb nunca foram utilizados, pois o primeiro
carregamento foi interceptado pelos alemães, que os exibiram nas escolas
militares superiores e realizaram pesquisas sobre como evitar este tipo de
ataque. Como gastaram muito tempo, soldados e recursos vigiando as estações
de trem para evitar que Rat Bombs fossem parar nas caldeiras de locomotivas,
os britânicos concluíram que “o problema causado foi um sucesso muito maior
para nós do que se os ratos tivessem sido usados”.

Esperava-se que o “rato-bomba” fosse uma arma de efeito


psicológico, destruindo algumas locomotivas e assustando os
Acesse nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
alemães.

• De Havilland Mosquito
Também chamado de “A Maravilha de Madeira” e apelidado pelos seus
pilotos “Mossie”, foi um bombardeiro ligeiro bimotor multiuso com dois
pilotos. Quando entrou em produção em 1941, era um dos aviões mais rápidos
do mundo (670 km/h), sendo usado em 1942 como avião fotográfico de
reconhecimento de grande altitude. Daí por diante foi adaptado para as mais
diversas funções, especialmente ataque à baixa altitude destruindo alvos que
deviam ser atingidos em cheio. Serviu também como batedor de incursões de
bombardeiros, largando balizadores sobre os alvos com grande precisão e às
vezes bombardeando também. Com sua estrutura quase toda feita de madeira
balsa, era extremamente veloz, preciso e aguentava o castigo das antiaéreas.

68
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

Foram construídos 7.781 Mosquitos em 16 variantes diferentes na Inglaterra,


Canadá e Austrália. Hermann Göring, comandante da Luftwaffe, anunciou que
cada Mosquito derrubado contaria como duas vitórias aéreas para o piloto que
conseguisse tal façanha. Em abril de 1943, em resposta à “humilhação política”
causada pelo Mosquito, Hermann Göring ordenou a formação de unidades
especiais da Luftwaffe para “caçar Mosquitos”, usando caças com motores
“turbinados”. Nenhum Mosquito foi abatido por estas unidades.

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Inicialmente usado como avião de reconhecimento,


o Mosquito provou ser um valioso “pau para toda
obra” da Força Aérea Britânica, realizando milhares
de missões bem-sucedidas.

69
INGLATERRA

• Window (Janela)
Graças ao Relatório de Oslo, os britânicos sabiam que os radares alemães
usavam o comprimento de onda de 50 cm. No início de 1942, um técnico
do Centro de Pesquisa de Telecomunicações chamado Joan Curran sugeriu
um esquema para despejar pacotes de tiras de alumínio de aeronaves para
gerar uma nuvem de ecos falsos nos radares. Verificou-se que a versão mais
eficaz eram as tiras de papel preto com suporte de folha de alumínio, medindo
exatamente 27 cm x 2 cm (metade do comprimento de onda do radar alemão) e
embaladas em pacotes pesando uma libra cada (0,45 kg). O Chefe do CPT, AP
Rowe, deu ao dispositivo o codinome Window. Enquanto isso, na Alemanha,
uma pesquisa semelhante levou ao desenvolvimento do Düppel (palha), que
usava pequenas tiras de alumínio com a metade do comprimento de onda
do radar alvo. Ao saber que os radares podiam ser cegados tão facilmente, o
comandante da Luftwaffe, Hermann Göring, ordenou silêncio absoluto sobre
o tema, com penas severas até para quem utilizasse a palavra Düppel.
Os britânicos também temiam usar o Window, pois sabiam que os alemães
rapidamente copiariam. Seu uso foi liberado apenas em julho de 1943, depois
de os novos radares ingleses provaram que não seriam afetados pelo truque.
Assim, quando 300 bombardeiros britânicos e americanos atacaram a cidade de
Hamburgo na noite de 24 de julho de 1943, dando início à Operação Gomorra,
Acesse
um grupo nosso
menorCanal no Telegram:
de bombardeiros t.me/BRASILREVISTAS
foi à frente, soltando tufos de Windows a
cada minuto. O resultado foi espetacular: os holofotes guiados pelos radares
vagaram sem rumo; as armas antiaéreas dispararam aleatoriamente para o céu
e os caças noturnos se perdiam por não receberem as coordenadas certas. Uma
vasta área de Hamburgo foi devastada, resultando em mais de 40 mil mortes,
com a perda de apenas 12 bombardeiros.

Acima: folhas de Window espalhadas no ar.


Direita, acima: um pacote de Window antes
de ser lançado. Direita, abaixo: o efeito das
Window nos radares alemães, distorcendo todo
o circulo de rastreamento.

70
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Hobart Funnies (As Gracinhas de Hobart)


Em março de 1943, foi criada na Inglaterra a 79ª Divisão Blindada. Mal
foi criada, já estava prestes a ser dissolvida por falta de recursos. Foi quando
$ODQ%URRNH, Chefe do Estado Maior Geral, previu a necessidade de veículos
blindados especializados, e a 79ª foi transformada numa divisão de tanques
experimentais. O comando foi oferecido ao Major General Sir Percy Hobart,
XPR¿FLDOH[FrQWULFR±DSHVVRDFHUWDSDUDRSRVWR(OHDEUDoRXDFDXVDFRP
HQWXVLDVPRGDQGRGLUHomR¿UPHDRSURMHWR(PEUHYHWDQTXHVGHDSDUrQFLD
estranha começaram a surgir, sendo apelidados de +REDUW )XQQLHV. Estas
“gracinhas” incluíram tanques anfíbios, que limpavam campos minados,
destruíam bunkers, transportavam e colocavam pontes em questão de minutos,
atuavam como poderosos lança-chamas e tudo mais que a imaginação de Hobart
e seus homens criasse. O modelo de maior sucesso foi sem dúvida o Sherman
anfíbio, que tanta diferença fez nas praias da Normandia ao desembarcar
junto com a infantaria. A 79ª atuou em pequenos grupos espalhados entre as
divisões que desembarcaram no Dia-D destruindo bunkers, abrindo caminho
em campos minados e dando apoio imediato aos soldados aliados. O Dia-D
poderia ter custado muito mais vidas se não fossem os estranhos tanques da
divisão blindada mais pitoresca que existiu na Segunda Guerra.

Acesse nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

Hobart era mal visto por sua


excentricidade, mas soube ser
criativo no desenvolvimento de
tanques únicos e valiosos para o
Dia-D.

71
Acesse nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

ESTADOS UNIDOS
RECURSOS ILIMITADOS

C
om suas fábricas e centros de pesquisas distantes dos campos de
batalha, os norte-americanos puderam se dedicar tranquilamente
a inúmeros projetos de armas secretas. Algumas foram completos
fracassos, mas as que foram muito bem sucedidas salvaram o
mundo da tirania nazista, do imperialismo japonês e mudaram
os rumos da humanidade até hoje.

• Bat Bombs (Bombas-morcego)


Não foram apenas os russos que usaram animais como bombas vivas. Neste
projeto, pequenas bombas incendiárias foram anexadas a morcegos que seriam
largados pelos bombardeiros sobre as cidades ou centros industriais japoneses
em compartimentos freados na queda por paraquedas e carregando dentro mil
morceguinhos. Estes contêineres abririam a mil metros do solo e os morcegos
voariam livres, procurando abrigo em qualquer lugar escuro. Todas as bombas
detonariam ao mesmo tempo, criando milhares de focos de incêndios pequenos.
Quatro fatores biológicos faziam parecer tal projeto viável:
Acesse nosso existem
1 - Morcegos Canal em no grande
Telegram:
númerot.me/BRASILREVISTAS
(quatro cavernas no Texas são
ocupadas por milhões de morcegos);
2 - Morcegos podem carregar um peso igual ao seu
quando voam (fêmeas carregam seus filhotes – às vezes
gêmeos);
3 - Morcegos hibernam, não necessitando de
alimento ou manutenção complicada;
4 - Morcegos voam na escuridão e procuram lugares
escuros como forros de casas para se esconder quando
amanhece.
A ideia morcego-bomba foi criada pelo cirurgião-
dentista Lytle S. Adams, que o enviou para a Casa Branca
em janeiro de 1942, onde foi aprovado pelo Presidente
Roosevelt. Foram feitos testes entre 1942 e 1943, sendo
desenvolvidas minibombas que os morcegos podiam
carregar. Apesar dos resultados otimistas, o projeto foi
cancelado em 1944. Os bombardeiros B-29, soltando
centenas de pequenas bombas incendiárias sobre
Tóquio, mostraram-se mais eficientes.

Esquerda, acima: bomba-container capaz de levar mil morcegos. Esquerda,


abaixo: morcego carregando sua minibomba incendiária.

73
ESTADOS UNIDOS

• Projeto Orcon
Outra ideia usando animais – desta vez, pombos como pilotos de mísseis.
Orcon vem da junção das palavras “Organic Control”, também chamado
“Projeto Pombo”. O criador de tal ideia foi B.F. Skinner, que acreditava ser
possível desenvolver um míssil guiado por pombos. O pombo ficaria preso na
ponta do míssil, onde seria projetada uma imagem do alvo para uma tela no
interior. O pombo treinado por condicionamento operante para reconhecer
o alvo bicaria na imagem. Bicando no centro da tela, o míssil voaria em linha
reta; bicadas fora do centro fariam o míssil se inclinar. Três pombos eram
necessários para controlar a direção do míssil.
Embora cético quanto à ideia, o Comitê de Investigação da Defesa Nacional
contribuiu com US $ 25.000 para a pesquisa. Contudo, os planos de Skinner
para usar pombos em mísseis eram muito radicais para o militares. Apesar de
ter algum sucesso com o treinamento, ninguém importante levou sua ideia a
sério e o programa foi cancelado em 08 de outubro de 1944, sob a alegação
de que “dar seguimento neste projeto atrasaria seriamente outros que têm
promessa mais imediata de aplicação em combate”. O Projeto Orcon seria
revivido em 1948 pela Marinha até que, finalmente, foi cancelado em 1953.

Acesse nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS

Acima: pombo sendo treinado


para “pilotar” a bomba. Esquerda:
a “cabine” dos pombos-pilotos.
Abaixo: a bomba-foguete Pelicano,
que seria “pilotada” pelos pombos.

74
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Who Me? (Quem, eu?)


Era o curioso nome de uma arma altamente secreta desenvolvida pelo
Escritório Americano de Serviços Estratégicos para ser usada pela Resistência
Francesa contra oficiais alemães. O Who Me libera um forte cheiro de fezes,
guardado em sprays de bolso para ser discretamente pulverizado sobre um
oficial alemão e assim humilhá-lo e, por extensão, desmoralizar as forças
alemãs de ocupação. O experimento teve vida curta, pois o Who Me tinha
uma alta concentração de compostos de enxofre extremamente voláteis que
eram muito difíceis de controlar. Na maioria das vezes, a pessoa que fazia a
pulverização acabava cheirando tão mal quanto o pulverizado. Bastaram duas
semanas de testes para se concluir que o Who Me era uma arma químico-
psicológica impraticável. Pam Dalton, um psicólogo cognitivo do Monell
Chemical Senses Center, na Filadélfia, descreve o cheiro de Who Me como
semelhante “ao pior lixo deixado na rua por muito tempo no meio do verão
mais quente possível”.

Os garbosos
R¿FLDLVDOH-
mães seriam o
alvo da arma
de mau cheiro,
Acesse nosso Canal no Telegram: t.me/BRASILREVISTAS
desmoralizan-
do-os diante
dos franceses.

75
ESTADOS UNIDOS

• Philadelphia Experiment (Experimento Filadélfia)


Foi um experimento realizado pela Marinha dos Estados Unidos no Estaleiro
Naval da Filadélfia, Pensilvânia. Embora soe como ficção científica, os aliados
pesquisaram a fundo a desmagnetização de navios durante a Segunda Guerra.
O objetivo principal era tornar um navio indetectável para minas submarinas
magnéticas e torpedos magnéticos. A desmagnetização de um navio envolvia a
geração de um forte campo eletromagnético a bordo. A cobaia do experimento
foi o destróier USS Eldridge. Segundo relatos, quando os sistemas elétricos
foram ativados no primeiro teste no verão de 1943, o Eldridge teria de fato
desaparecido, ficando em seu lugar um “nevoeiro esverdeado”. Quando ele
reapareceu, alguns marinheiros estavam fundidos nas estruturas de metal do
navio, ou presos atravessando paredes e o piso.
Acreditando que o equipamento estava mal calibrado, repetiram a experiência
em 28 de outubro de 1943. Desta vez, o Eldridge desapareceu da área em um flash
de luz azul, se teletransportando para Norfolk, Virginia, a 320 km de distância!
Alega-se que o Eldridge ficou ali por algum tempo, à vista dos homens a bordo do
SS Andrew Furuseth, desaparecendo novamente e voltando à Filadélfia, surgindo
no mesmo local que tinha estado. Até hoje a Marinha dos Estados Unidos afirma
que isso é mentira e que o experimento não teve nenhum marinheiro ferido. E,
claro, nenhum sistema antimagnético surgiu disso. As especulações sobre o que
Acesse nosso
realmente Canal
aconteceu no Telegram:
durante o experimentot.me/BRASILREVISTAS
continuam até hoje, sendo tema
inclusive de um filme e vários livros.

2SURMHWR)LODGpO¿DIRLXPIUDFDVVR
como sistema antimagnético, mas se
WRUQRXXPPLWRGD¿FomR

76
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

• Tsunami Bomb (Bomba Tsunami)


Foi uma tentativa da Marinha dos Estados Unidos para desenvolver uma
arma tectônica capaz de criar tsunamis destrutivos. O projeto começou depois
que oficial da Marinha, E. A. Gibson, notou pequenas ondas geradas por
explosões feitas para limpar os recifes de coral. A ideia foi desenvolvida pelos
Estados Unidos e Nova Zelândia num programa de codinome Projeto Selo.
Os testes foram conduzidos pelo professor Thomas Leech, da Universidade
de Auckland, ao largo da costa de Auckland e New Caledonia entre 1944 e
1945. O comando da Marinha estava ansioso para conseguir tal arma, que
considerava tão importante quanto a bomba atômica. Esperava-se com a
Tsunami Bomb causar grandes danos às cidades ou defesas costeiras.
Só foram feitos testes com pequenas explosões, mas nunca em uma escala
completa. Três mil e setecentas explosões foram realizadas ao longo de um
período de sete meses. Os testes revelaram que uma única explosão não iria
produzir um tsunami, sendo necessária uma linha de dois milhões de quilos
de explosivos a cerca de 8 km da costa para criar uma onda destrutiva. Apesar
de ser considerada viável, seria trabalhoso preparar dois milhões de quilos de
explosivo tão perto da costa inimiga, o que tornava sua execução um risco.
Os detalhes do Projeto Selo foram liberados para o público pelo Ministério
dos Negócios Estrangeiros e do Comércio em 1999 e está disponível no Arquivo
Acesse
da Novanosso
ZelândiaCanal no Telegram:
em Wellington t.me/BRASILREVISTAS
e nos arquivos do Instituto de Oceanografia
em San Diego, Califórnia.

Esquerda: fotos
sequenciais de
um dos testes da
Bomba Tsunami.
Era uma arma
viável, mas de curto
alcance e alto custo.

77
ESTADOS UNIDOS

• Manhattan Project (Projeto Manhattan)


É o nome dado à pesquisa e desenvolvimento ultrassecretos da Bomba Atômica
liderados pelos Estados Unidos, com o apoio do Reino Unido e Canadá. De 1942
a 1946, o projeto estava sob a direção do Major General Leslie Groves, do Corpo
de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos. Ao longo do caminho, o projeto
absorveu seu equivalente britânico, que começou modestamente em 1939, mas
cresceu até empregar um exército com mais de 130 mil pessoas e custou cerca
de dois bilhões de dólares (cerca de US$ 26 bilhões em 2014). Mais de 90% do
custo foi para a construção de fábricas e produzir o material físsil, com menos
de 10% para o desenvolvimento e produção de armas. A pesquisa e produção
ocorreram em mais de 30 locais diferentes espalhados pelos Estados Unidos,
Reino Unido e Canadá. Foi um trabalho hercúleo, movido pelo senso de urgência
e da necessidade de criar a arma mais poderosa da história da humanidade. O
começo foi do zero, a iniciar pelo método para enriquecer o urânio e transmutá-
lo em plutônio para uso numa bomba, criar as usinas de produção, testar os
melhores tipos de detonadores, calcular a quantidade exata para realizar a
explosão nuclear e centenas de outros detalhes que exigiam precisão absoluta.
Afinal, como disse um dos cientistas do projeto, eles estavam fazendo “cócegas
na cauda do dragão”. Alguns historiadores afirmam que algumas fases do projeto
avançaram graças ao roubo feito por espiões aliados da pesquisa atômica alemã,
que também
Acesse nosso buscava
Canal a bomba atômica. Mas
no Telegram: isso não é verdade, porque a
t.me/BRASILREVISTAS
pesquisa alemã estava mais atrasada por falta de investimento e interesse dos
nazistas, como pôde ser comprovado quando o único laboratório de pesquisa foi
ocupado pelos aliados após a rendição.
Após quase quatro anos de pesquisa, a primeira bomba atômica estava pronta:
era do tipo implosão, codinome Trinity, detonada em 16 de julho de 1945 no
Campo de Tiro e Bombardeio de Alamogordo, no deserto do Novo México.
Pela primeira vez, a humanidade conseguia criar a mesma energia gerada no
núcleo do sol. Como era o primeiro teste atômico da história, muita coisa foi
improvisada – incluindo fixar algumas partes da bomba com esparadrapo...
Mas funcionou, era o que importava.
Duas outras bombas haviam sido construídas: a Fat Man (Homem Gordo) e
Little Boy (Garotinho), que tinham estes nomes por causa de seus formatos e
modos de detonação.
Como o Japão se recusava a se render, mesmo com suas principais cidades
bombardeadas e queimadas até o chão, e as previsões de baixas no caso de
uma invasão das praias japonesas em torno de Tóquio (codinome: Operação
Downfall) eram de meio milhão de mortos e feridos, decidiu-se “testar” as
bombas atômicas sobre cidades nipônicas, forçando o governo japonês a se
render, caso não fosse aceita a Declaração de Potsdam, feita em 28 de julho,
exigindo a rendição incondicional do Japão. Como foi recusada, a decisão foi
tomada. Fat Man e Little Boy foram levadas até a base aérea em Tinian, onde

78
ARMAS SECRETAS - II Guerra Mundial

Little Boy foi embarcada no bombardeiro B-29 Enola Gay em 06 de agosto de


1945, sendo solta sobre a cidade de Hiroshima, matando entre 90 e 166 mil
pessoas. Como o governo japonês não deu nenhum sinal de que iria se render,
foi a vez da Fat Man ser solta sobre Nagasaki, em 09 de agosto de 1945, matando
de 60 a 80 mil pessoas. O Japão assinou a rendição menos de um mês depois, e
a Segunda Guerra Mundial acabava graças à arma secreta mais poderosa jamais
criada. Era o fim de uma guerra e o começo de outra, mais longa, indireta e fria,
entre os Estados Unidos e a União Soviética, que duraria de 1947 até 1991 – q
que
também teria sua quota de armas secretas.

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Acima: Usina K-25


de enriquecimento
de urânio. Abaixo:
Fatman explode sobre
Nagasaki, e o Japão se
rende.

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