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CPF 17672808745 - 20211025214951214435-Aula - 01 - CN - 2023
CPF 17672808745 - 20211025214951214435-Aula - 01 - CN - 2023
Wagner Santos
CN 2023
CPF 17672808745
TEORIA DA LINGUAGEM
AULA 01
Gêneros Textuais; Níveis de significação do texto;
Variedades do português; Tipos de discurso; Funções da linguagem
Sumário
APRESENTAÇÃO 4
1 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 4
2 TIPOS TEXTUAIS 12
2.1 Narrativo 13
2.2 Argumentativo 14
2.3 Expositivo 15
2.4 Descritivo 16
2.5 Injuntivo 17
4 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 29
5 TIPOS DE DISCURSO 36
6 FUNÇÕES DA LINGUAGEM 44
7 EXERCÍCIOS 49
Lista 01 – Exercícios sem resolução 49
Lista 01 – Gabarito 56
Lista 01 – Exercícios resolvidos 56
Lista 02 – Exercícios sem resolução 69
Lista 02 – Gabarito 85
Lista 02 – Exercícios resolvidos 85
Lista 03 – Exercícios sem resolução 107
Lista 03 – Gabarito 126
Lista 03 – Exercícios resolvidos 126
Apresentação
Fala, Bolas de Fogo!
Estamos de volta depois de deixar vocês se divertindo com nossa aula 00. Agora é a
hora de partirmos para a frente, não é mesmo? Então, vamos em frente!
1 Interpretação de texto
Nesta aula vamos ver uma série de dados que são importantes para a boa interpretação
de um texto. Saber identificar gêneros textuais, níveis de significação e outros elementos é o
primeiro passo para entender um texto.
Você me ouve falar o tempo inteiro, e o objetivo é esse mesmo, que todo o
conhecimento linguístico que adquirimos com o passar do tempo faz com que entendamos
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melhor a nossa própria língua. Isso significa, necessariamente, que você conseguirá
compreender de forma mais completa os textos, interpretando as ideias de forma completa e
mais profunda. Por isso, vamos falar o tempo inteiro nessa aula sobre estratégias que você
pode utilizar para alcançar uma compreensão melhor com relação à leitura.
Vou sempre bater na mesma tecla para vocês: a leitura é essencial para alcançarmos um
desempenho bom nas relações que se estabelecem com o texto. Quanto mais lemos, mais
fácil se torna entender os implícitos e os explícitos do texto. É uma fórmula batida?
Provavelmente sim. Mas é uma fórmula errada? Não. Disso tenho certeza. Conhecer os
gêneros, entender o que eles envolvem, bem como entender como se dá a construção de um
texto é sempre interessante. Por isso, só tenho uma coisa a mais a dizer: bora que só bora,
bolas de fogo.
Segundo Umberto Eco (2005), para interpretar um texto é preciso entender a intenção
do texto, ou seja, o que aquele texto quer dizer. Embora um texto possa conter em si uma
série de significados e possa ser entendido pelos leitores de maneiras diferentes, é preciso
sempre estar atento àquilo que ele pretende passar em si. O autor de um texto sempre coloca
uma intenção, que podemos também chamar de objetivo, nesse texto. É como eu comumente
falo e não me preocupo de estar sendo repetitivo: não existe texto inocente ou que não
tenham intenções, ainda que implícitas.
Assim, é interessante entender que o texto é formado por uma grande quantidade de
elementos que nos auxiliam a entender toda essa relação. Veja bem, um texto é bem mais do
que um aglomerado de elementos, como você bem sabe. A ideia, aqui, é entendermos esse
amálgama de elementos que constroem esse elemento de significado chamado texto. Antes
de tudo, preciso destacar alguns elementos interessantes para que você compreenda do que
estou falando. Dentre eles, quero começar com a conceituação de texto. Vejamos:
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Dessa forma, compreende-se que há uma trindade envolvida na relação textual que
aqui apresentamos. Essa unidade de sentido é extremamente importante para o nosso futuro,
para quando aprofundarmos a interpretação de texto, em especial a partir de uma relação
com o contexto, por meio da análise do discurso. Essa tríade pode ser entendida como:
É preciso tomar muito cuidado para não colocar no texto intenções que não estão lá. Por
vezes, quando não concordamos com o conteúdo de algum texto, acabamos por conferir
significados a ele que não estão lá. Outras vezes, estamos buscando argumentos para
corroborar alguma ideia nossa e “torcemos” o texto para ficar a nosso favor. Isso é um erro
grave!
Interprete o texto, entenda qual a sua intenção e se for útil para aquele momento, o acesse.
Se não for útil para você, não faça uso dele, pois uma interpretação errônea pode ser muito
prejudicial!
Outro fator interessante de ser pensado, com relação aos textos, é sua classificação com
de tipo de linguagem utilizado. São essencialmente três os tipos de linguagem que
encontramos em textos: a linguagem puramente verbal, muito comum em cobranças dos
mais diversos exames vestibulares; a linguagem visual, formada essencialmente por
imagens; e a linguagem mista, em que encontramos elementos dos dois tipos anteriores. É
interessante notar que temos uma relação clara de possibilidades múltiplas de compreensão
e construção textual.
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Texto Verbal
Texto não-verbal
Figura 1 – A aeronave 14 Bis de Alberto Santos Dumont (13 set 1906). Fonte: Domínio público
Texto misto
(ENEM – 2ª aplicação/2010)
Notamos, nesses textos, que as linguagens são facilmente identificáveis e podem, claro,
fazer completa modificação de entendimento para o texto. É necessário, então que
comecemos nossa relação com a interpretação de texto por meio dessa visão: qual é o tipo
de linguagem que o texto apresenta? Daí, podemos pensar em muitos elementos já para a
construção de um entendimento correto do texto. Sigamos em frente.
modelo no gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto de admiração
literária.
Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem. Não escreveste apressada e
toscamente, como seria de esperar de tua condição rural. Pressa, não a tiveste, pois o
animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de
Itabira. Antes, procedeste a indagações. Falharam. Formulaste depois um raciocínio:
houve roubo. Só então pegaste da pena, e traçaste um belo e nítido retrato da besta.
Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados; preferiste dizê-lo “de todos
os seus membros locomotores”. Nem esqueceste esse pequeno quisto na orelha e essa
divisão da crina em duas seções, que teu zelo naturalista e histórico atribuiu com
segurança a um jumento.
Por ser “muito domiciliada nas cercanias deste comércio”, isto é, do povoado e sua
feirinha semanal, inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada. Contudo, não o
afirmas em tom peremptório: “tudo me induz a esse cálculo”. Revelas aí a prudência
mineira, que não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a evidência mesma. É
cálculo, raciocínio, operação mental e desapaixonada como qualquer outra, e não
denúncia formal.
Finalmente – deixando de lado outras excelências de tua prosa útil – a declaração
final: quem a apreender ou pelo menos “notícia exata ministrar”, será “razoavelmente
remunerado”. Não prometes recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade
ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida das coisas, que deve prevalecer
mesmo no caso de bestas perdidas e entregues.
Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta, meu caro João Alves do Itambé;
entretanto essa criação volta a existir, porque soubeste descrevê-la com decoro e
propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e alguém hoje a descobre, e muitos
outros são informados da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais
perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste. Já não há essa precisão de termos e essa
graça no dizer, nem essa moderação nem essa atitude crítica. Não há, sobretudo, esse
amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta
sumida.
(Carlos Drummond de Andrade. Fala, amendoeira, 2012.)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque, ainda que essa seja a distratora mais forte, a
ideia de um juízo de valor não está relacionada à indicação de uma característica
explícita. Entende-se por juízo de valor uma ideia construída a partir de uma percepção.
Como quando entendemos que uma pessoa é boa, ruim, e coisas do tipo.
A alternativa B está incorreta, porque nesse trecho não encontramos o juízo de valor
do narrador com relação ao autor do anúncio excelente que foi construído pelo finado
João Alves. É o início do que viria a apresentar esse juízo de valor.
A alternativa C está correta, porque, nesse trecho, temos a construção da ideia de
que João Alves era um homem razoável. Esse juízo de valor aparece com total coerência
com o que foi construído até o momento. Vale destacar, claro, que o texto em questão é
um grande elogio àquele anúncio e a seu construtor.
A alternativa D está incorreta, porque nesse trecho não encontramos o juízo de valor
do narrador com relação ao autor do anúncio excelente que foi construído pelo finado
João Alves. É o início do que viria a apresentar esse juízo de valor.
A alternativa E está incorreta, porque nesse trecho temos uma construção de juízo
de valor sobre o autor do anúncio, mas uma inferência de comparação entre o que se
constrói hoje e o que foi construído por João Alves.
Gabarito: C
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque a segunda parte do texto é um claro elogio à
escrita do anúncio, que abre a construção textual. É um texto bem interessante quanto à
construção exatamente por apresentar a ideia de comparação.
A alternativa B está incorreta, porque realmente o autor apresenta a ideia de que
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não temos uma linguagem exatamente condizente com o anúncio. Ainda assim, ele usa
essa relação como importante para a construção do texto.
A alternativa C está incorreta, porque esse ponto é tratado pelo autor. Ele indica
que tanto a besta quanto o autor do anúncio já voltaram a ser pó, clara construção de
eufemismo para o fato de que eles já morreram. Contudo, isso não impede que o estilo
de escrita, assim como sua linguagem, seja exaltada.
A alternativa D está incorreta, porque essa resposta resume claramente o que foi
feito no texto. Ainda que com um tema até certo ponto “bobo”, ainda que importante
para quem escreve, não temos um elogio ao assunto, mas somente à forma.
A alternativa E está correta, porque, ainda que o autor compare os dois momentos
de escrita, em nenhum momento ele prega a ideia de que hoje devemos modificar a
nossa forma de escrita. Cuidado para não embarcar na ideia de que ele pede uma
modificação por apresentar uma relação de comparação.
Gabarito: E
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque não há nenhuma indicação de que a besta fugia
com constância. Na realidade, a ideia é a de que ela poderia ter se perdido, ou ter sido
roubada. O dono, de primeira, prefere esgotar as perguntas àqueles que poderiam tê-la
visto em algum lugar. Somente depois disso, constrói a relação de busca, acreditando
que ela lhe foi subtraída.
A alternativa B está incorreta, porque o dono da besta, no começo da perda, não tem
certeza alguma sobre o que acontece. Na realidade, ele prefere claramente esgotar as
possibilidades dela ter se perdido, antes de desconfiar das pessoas que poderiam tê-la
roubado.
A alternativa C está incorreta, porque o dono acreditava que a besta havia se perdido,
mas não tinha essa certeza. Na realidade, percebe-se que ele prefere esgotar
antecipadamente essa opção antes de acusar alguém de roubo.
A alternativa D está incorreta, porque o dono da besta, segundo o autor, ainda
acreditava que ela poderia ter se perdido e, por isso, preferiu buscar informações sobre
o animal perdido, antes de colocar o anúncio no jornal.
A alternativa E está correta, porque a segunda parte do texto aponta para a ideia de
que o dono da besta preferiu encerrar todas as possibilidades que não envolviam roubo,
dado que ele não tinha certeza de que ela havia sido roubada. É interessante notar que
ele pergunta a todos antes de colocar o anúncio.
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Gabarito: E
2 Tipos textuais
Tradicionalmente, tende-se a dividir os possíveis tipos de texto em cinco tipos textuais:
narrativo, argumentativo, expositivo, descritivo e injuntivo. Saber as características de
cada um vai te ajudar não só a interpretar textos com mais facilidade, como também produzir
redações. Vamos ver um pouco melhor sobre cada um deles.
Eu sempre digo que a melhor forma de pensar os tipos textuais é em forma de conjuntos
que contenham subconjuntos (os chamados gêneros textuais). Veja como isso funciona:
Tomei como exemplo a tipologia narrativa, em que se encaixam muitos tipos de texto,
como veremos no decorrer desse curso. É interessante que percebamos que, dentro do
conjunto maior, que representa a tipologia narrativa, encontramos conjuntos menores, que
representam os gêneros textuais relacionados com a narrativa.
Antes de entrarmos nos tipos textuais de forma específica, ainda vale uma questão: os
tipos textuais são considerados abstratos, porque abarcam uma série de textos que
apresentam o mesmo objetivo principal. Os gêneros, por sua vez, são a realização social do
texto, com função dentro da sociedade.
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2.1 Narrativo
Na tipologia narrativa, colocamos os textos que têm como objetivo principal narrar um
fato, contar uma história, sempre contendo uma série de elementos, como veremos a seguir.
Além disso, um texto narrativo pode ser entendido como aquele que apresenta uma ação
num determinado tempo e espaço. Normalmente, apresenta-se personagens – humanos ou
não – que protagonizam essas ações. Esse tipo de texto tende a ter uma estrutura padrão,
independente do seu tamanho:
Os exemplos mais comuns são romances, novelas e contos e, por vezes, crônicas.
Além destes tipos de texto, também há aparecimento de textos narrativos em fábulas e
lendas, sejam estas escritas ou orais. A poesia também pode ser narrativa, como a literatura
de cordel ou a poesia épica.
É interessante, ainda, que notemos que temos uma infinidade de textos que são
narrativos. Alguns autores costumam colocar as notícias também nesse gênero,
demonstrando que temos um fato sendo contado sempre. Não se esqueça de analisar o
gênero e, por meio dele, chegar à tipologia. O caminho Gênero => Tipo é sempre mais
interessante.
2.2 Argumentativo
Este é o tipo de texto mais importante para os vestibulares. A grande maioria das provas
de redação exigem a produção de textos dessa natureza. O objetivo de um texto
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argumentativo é expor um ponto de vista sobre determinado tema ou assunto. Para isso, deve-
se utilizar argumentos que corroborem sua tese acerca do tema proposto. Apesar de ser um
texto de caráter opinativo, tende a aparecer com frequência usando uma linguagem mais
formal ou impessoal.
Via de regra, nessa tipologia, sempre que há defesa de um tema, podemos afirmar que
temos um texto argumentativo. É interessante notar que, quando tempos argumentos (que
dão origem ao nome dessa tipologia), temos tese e, imediatamente, podemos considerar que
temos um texto argumentativo. Não se esqueça disso, porque é interessantíssimo para a
construção da interpretação e compreensão de textos. Atente-se a isso, Bola de Fogo!
Desenvolvimento
Aqui se apresentam Conclusão
Introdução os argumentos para
comprovar sua tese. Fechamento do
Momento em que Estes argumentos texto. Aqui se
se apresenta o tema podem ser amarram todos os
do texto e a tese elementos retirados argumentos de
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Os artigos de opinião e colunas de jornais são os mais comuns, mas muitos ensaios
jornalísticos se estruturam da mesma maneira. Além deles, outros textos opinativos também
podem ser considerados da tipologia: manifestos e abaixo-assinados, por exemplo,
também seguem essa estrutura.
2.3 Expositivo
Diferente do argumentativo, a tipologia expositiva apresenta uma ideia, mas não deve
opinar nem emitir juízo de valor sobre ela. Assim, ao invés de apresentar argumentos para
embasar sua fala, esse gênero faz uso de dados científicos, definições, conceitos, comparação
de informação, entre outros recursos, para sempre informar o leitor acerca de um determinado
tema. Perceba que a informação do leitor é o mais importante para esse caso.
O texto jornalístico é o exemplo mais comum de textos expositivos, uma vez que seu
objetivo é o de transmitir, tanto quanto for possível, uma notícia na integridade dos fatos.
Textos didáticos, como apostilas, dicionários, livros teóricos e enciclopédias também
devem se comprometer com o gênero expositivo.
Veja aqui uma comparação de dois textos tratando do mesmo assunto, porém um com
caráter expositivo e outro com caráter opinativo.
Expositivo Opinativo
2.4 Descritivo
Um texto da tipologia descritiva busca expor ou relatar. Pode-se descrever uma série
de assuntos diferentes: uma pessoa, física e psicologicamente; um objeto; uma obra de arte;
um lugar ou época histórica; um acontecimento. Costumo dizer que qualquer coisa pode ser
exposta por meio de uma descrição. Imagine, claramente, que temos a construção de uma
lista de características de um elemento, por isso que normalmente analisamos os trechos do
texto de forma separada, para vermos como isso ocorre em um determinado texto.
Aqui, dois fragmentos descritivos, um com muitos adjetivos e o outro mais objetivo,
ambos do mesmo texto:
“San Andrés é uma ilha pobre, que carece de San Andrés está fora da rota de furações,
cuidado, mas tem um mar incrível e passeios mas pode ser afetada indiretamente por
surpreendentes. Um destino para aproveitar furacões no Caribe, sofrendo com ventos e
pequenos prazeres, descansar, pegar um chuvas, mais comuns entre agosto e outubro.
bronzeado, fazer compras e curtir paisagens
de tirar o fôlego.” Fragmentos retirados de Guia de Destinos, s/d.
2.5 Injuntivo
O quinto e último tipo textual, o injuntivo, tem por objetivo instruir ou prescrever. Textos
assim buscam ordenar, persuadir ou orientar o leitor/receptor de alguma maneira. Justamente
por isso, tendem a aparecer com os verbos no modo imperativo. A linguagem desses textos
costuma ser o mais objetiva possível.
Receita de Ambrosia
Ingredientes
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- 8 ovos;
- Cravo e canela.
Modo de preparo
Dissertativo-
Narrativo: narra as Expositivo: enumera
argumentativo:
ações de uma dados a fim de
expõe argumentos
personagem em torno informar, sem opinar
para corroborar uma
de um conflito; sobre.
opinião.
Injuntivo: busca
Descritivo: expõe as
sugerir, ordenar,
características de algo
convencer, orientar ou
ou alguém.
prescrever.
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Não se esqueça de que todo o conhecimento que você conseguir “arrecadar” sobre os
tipos e os gêneros textuais será essencial para a sua construção como um bom interpretador
de texto, além de um conhecimento interessante com relação à produção desses textos.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque, ainda que o texto seja uma narrativa, quando
analisado de forma completa, esse segundo parágrafo apresenta-se claramente caráter
descritivo, muito usado para sustentar a narrativa e dar, a ela, mais detalhes.
O sr. diz que somos condicionados a pensar nos seres humanos como
intrinsecamente egoístas e moralmente fracos. O que o influenciou a ir em outra
direção?
RUTGER BREGMAN: Eu também costumava ter uma visão cínica do ser humano.
Estudava história, que nunca foi uma das ciências sociais mais otimistas. Na maior parte,
é o estudo de guerras, guerras, e se não tem guerra, é o período entre guerras. A razão
pela qual segui nesse caminho e acabei escrevendo este livro foi reparar que havia
muitos cientistas, antropólogos, sociólogos, psicólogos, arqueólogos, e mesmo alguns
economistas que haviam abandonado esse olhar mais cínico para adotar uma visão mais
otimista sobre quem somos como espécie. Acadêmicos hoje são altamente
especializados, então sabem tudo sobre sua pequena parte do quebra-cabeças. Tive a
oportunidade de ter uma visão mais panorâmica para tentar mostrar como a ciência
chegou a essa visão mais esperançosa, mais realista, da natureza humana, que tem
implicações importantes sobre como organizamos nossa sociedade.
O sr. poderia dar exemplos de trabalhos que acredita serem essenciais para
desenvolver a ideia de que seres humanos são naturalmente decentes?
RUTGER BREGMAN: Acho que os desenvolvimentos mais importantes ocorreram nos
campos da biologia e antropologia evolutiva. Uma das perguntas mais fascinantes que
se pode fazer a cientistas é: “por que nós conquistamos o mundo e não os neandertais
ou os bonobos?” Durante muito tempo, gostamos de acreditar que foi nossa
racionalidade, nossos supercérebros, que consomem 20% da nossa energia, e que os
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humanos são gênios em comparação com outros animais. O problema é que se você
fizer um teste de inteligência e deixar um bebê humano de 2 ou 3 anos competir com um
cachorro ou porco ou bonobo, muitas vezes os animais ganham. Não é inteiramente claro
se os humanos são tão inteligentes assim.
A maior parte das coisas que sabemos, copiamos dos outros. Estou cercado de
tecnologias que não saberia fabricar sozinho e nem sei como funcionam. Esse é nosso
superpoder: nossa capacidade de cooperação. Os biólogos agora acreditam que
evoluímos para fazer isso e chamam isso de “sobrevivência dos mais amigáveis”. Não foi
o mais esperto, nem o mais malvado ou o mais forte, mas o mais amigável que teve mais
filhos e passou seus genes adiante. Isso é bem o oposto do que as pessoas acreditaram
por muito tempo, como a teoria sobre evolução dos anos 70 e 80, quando se falava muito
em “gene egoísta”.
c) “Isso é bem o oposto do que as pessoas acreditaram por muito tempo, como a teoria
sobre evolução dos anos 70 e 80, quando se falava muito em ‘gene egoísta’.” (Resposta
à segunda pergunta)
d) “Na maior parte, é o estudo de guerras, guerras, e se não tem guerra, é o período
entre guerras.” (Resposta à primeira pergunta)
e) “Eu também costumava ter uma visão cínica do ser humano. Estudava história, que
nunca foi uma das ciências sociais mais otimistas.” (Resposta à primeira pergunta)
Comentários:
A alternativa A está correta, porque nesse trecho há um processo de construção
argumentativa com relação à ideia de que o ser humano não é tão inteligente como
pensa. O autor apresenta uma comparação entre os seres humanos e os animais,
demonstrando que não temos tamanha inteligência em todos os momentos de nossa
vida. Nesse trecho, a sua tese é a de que não é a inteligência que nos faz tão diferentes
dos demais elementos da natureza.
A alternativa B está incorreta, porque nesse trecho o entrevistado apresenta a
justificativa para a sua forma de pensar anterior, sem argumentar em defesa de uma ideia.
Perceba que a tese apresentada por ele é a de que o ser humano ainda merece
esperança.
A alternativa C está incorreta, porque o argumento é apresentado no período
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O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o
mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se
perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou fazendo. Estou pensando.”
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram
de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a
ideia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos
estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e
estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para
viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um
Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um
desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o
AULA 01 – CONCEITOS BÁSICOS INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
21
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Prof. Wagner Santos
aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco.
Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado
um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto
seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo
é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à
noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo
não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma
punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César
terminou dizendo a célebre frase: “Até tu, Brutus?”
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo
tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.
Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos
não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação
os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém
desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase
impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de
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Comentários:
Alternativa A: correta. O texto Das vantagens de ser bobo é uma crônica publicada,
originalmente, no Jornal do Brasil, e apresenta, como características desse gênero, a
leveza da linguagem, o fato dele se ocupar de temas mais cotidianos e corriqueiros, o
fato de ser um texto um pouco mais curto para a leitura rápida e a construção de um
humor leve. A crônica é o que chamamos de gênero da tipologia narrativa.
Alternativa B: incorreta. Apesar de existirem crônicas argumentativas, que
apresentam uma tese e argumentos (elementos essenciais de todos os textos de caráter
argumentativo), não podemos afirmar que nessa crônica temos tais elementos. Pode ser
que o estudante se confunda pela apresentação de características dos bobos como
vantagens, contudo isso não configura um texto argumentativo.
Além de conhecer os tipos textuais e seus respectivos gêneros, para realizar uma boa
interpretação, é preciso compreender as camadas de significado daquilo que se está lendo.
Há, essencialmente, dois modos de compreender os níveis de significação: identificar se a
significação é explícita ou implícita; e identificar se sua linguagem é mais denotativa ou
conotativa.
Essa percepção inicial é extremamente importante para que entendamos o texto a partir
de sua construção como um todo. Isso quer dizer que temos que analisar o texto em vários
níveis, para que pensemos que temos uma construção de sentido e de significado que são
interessantes para a compreensão do texto. Claro que isso está muito relacionado ao que
encontramos nessa aula, no sentido de que temos um início da interpretação e da
compreensão do texto. Não se esqueça disso, Bola de Fogo: estamos construindo uma leitura
mais profunda do texto.
Imagine a frase a seguir (vamos partir de frase para textos maiores, para facilitar um
pouco a compreensão desses conceitos essenciais):
Perceba que essa simples frase tem poucas informações externas: somente sabemos
que temos uma pessoa chamada Wagner (lindo nome), que ele prestou vestibular para
medicina na Unicamp e que ele passou em primeiro lugar, com a maior nota de corte para
esse curso nessa universidade. Notou que essas informações estão explícitas no texto? Isso é
significação explícita. Uma informação explícita no texto está no nível da objetividade, ou
seja, não depende da interpretação do leitor. É aquilo que está expresso de maneira linear
objetiva.
Por outro lado, temos algumas informações que são fruto de nossa interpretação e de
nosso “conhecimento de mundo”. No caso dessa simples construção apresentada,
percebemos que a Unicamp é uma das mais importantes universidades do Brasil e que seu
vestibular é extremamente concorrido, principalmente para Medicina. Assim, imaginamos (o
que não realmente precisa ser verdade) que o Wagner que foi aprovado em primeiro lugar é
uma pessoa inteligente, dado que, para alcançar essa posição, precisará ter tirado notas
excelentes em todas as disciplinas, tanto na primeira quanto na segunda fase do vestibular.
São inferências que fazemos. Aí está o ponto importante: essas são informações de
significação implícita, em que levamos em consideração informações a mais do que aquelas
encontradas no texto.
Dessa classificação, podemos partir para a noção dos textos. Assim, textos de teor
informativo e didático devem tentar ao máximo valorizar o aspecto denotativo. Isto é essencial
para que não haja ruídos nas mensagens e o receptor possa compreender o conteúdo com a
maior clareza possível. Um texto denotativo deve evitar ambiguidades.
Reportagem
O grupo Barbatuques, fundado em 1995 em São Paulo, perdeu seu criador. Fernando
Barboza, conhecido como Fernando Barba, morreu na quinta-feira (4). Fruto da pesquisa
de Barba, o Barbatuques criou técnicas inovadoras de produzir, tocar e ensinar música por
meio da percussão vocal e corporal e da improvisação.
Em seus 25 anos de existência, o Barbatuques fez shows em mais de 20 países,
participou na cerimônia de encerramento dos jogos olímpicos Rio 2016, na Copa do
Mundo da África em 2010 e é responsável pelas trilhas sonoras de filmes como “Rio 2” e “O
menino e o mundo”. Entre as músicas mais famosas do grupo estão “Tum pá” e “Baianá”.
Texto didático
A teoria linguística chamada Gramática Gerativa tem sido desenvolvida por Noam
Chomsky e muitos outros pesquisadores desde 1957. Trata-se de uma teoria que se ocupa
das línguas e da linguagem.
Há, entretanto, várias maneiras de se estudar as línguas e a linguagem. O que existe,
na verdade, são homens que falam, numa sociedade que se organiza através da linguagem.
Vamos chamar isto de mundo das aparências, das coisas que existem concretamente. Para
tornar inteligível este mundo das aparências, o espírito humano constrói modelos abstratos,
teorias, que levam em conta normalmente apenas partes desse mundo. Quero dizer que
cada modelo abstrato, cada teoria, escolhe um aspecto da linguagem para estudar e que
não existe um modelo bem-sucedido que contemple todo o fenômeno da linguagem. Esta
observação é válida em outras áreas do conhecimento, como na física, por exemplo.
Por sua vez, um texto conotativo é mais carregado de subjetividade, podendo brincar
com as palavras. Em textos literários é muito comum que os aspectos conotativos sejam mais
presentes. Quadrinhos, charges e outras peças de efeito humorístico também tendem a
trabalhar com esse tipo de linguagem, pois muitas vezes a graça da piada está justamente no
duplo sentido. Nestes casos, utilizam-se muitas palavras polissêmicas e jogos de palavras.
Destacamos, ainda, que podemos ter a construção de ambiguidade proposital para que o
texto alcance seu objetivo de comunicação.
CAPÍTULO IX / A ÓPERA
Já não tinha voz, mas teimava em dizer que a tinha. "O desuso é que me faz mal",
acrescentava. Sempre que uma companhia nova chegava da Europa, ia ao empresário e
expunha-lhe todas as injustiças da terra e do céu; o empresário cometia mais uma, e ele
saía a bradar contra a iniquidade. Trazia ainda os bigodes dos seus papéis. Quando andava,
apesar de velho, parecia cortejar uma princesa de Babilônia. Às vezes, cantarolava, sem
abrir a boca, algum trecho ainda mais idoso que ele ou tanto – vozes assim abafadas são
sempre possíveis. Vinha aqui jantar comigo algumas vezes. Uma noite, depois de muito
Chianti, repetiu-me a definição do costume, e como eu lhe dissesse que a vida tanto podia
ser uma ópera, como uma viagem de mar ou uma batalha, abanou a cabeça e replicou:
– A vida é uma ópera e uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano,
em presença do baixo e dos comprimirás, quando não são o soprano e o contralto que
lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimirás. Há coros a
numerosos, muitos bailados, e a orquestração é excelente...
– Mas, meu caro Marcolini...
– Quê...
E depois, de beber um gole de licor, pousou o cálix, e expôs-me a história da criação,
com palavras que vou resumir.
Deus é o poeta. A música é de Satanás, jovem maestro de muito futuro, que aprendeu
no conservatório do céu. Rival de Miguel, Raiael e Gabriel, não tolerava a precedência que
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eles tinham na distribuição dos prêmios. Pode ser também que a música em demasia doce
e mística daqueles outros condiscípulos fosse aborrecível ao seu gênio essencialmente
trágico. Tramou uma rebelião que foi descoberta a tempo, e ele expulso do conservatório.
Tudo se teria passa do sem mais nada, se Deus não houvesse escrito um libreto de ópera
do qual abrira mão, por entender que tal gênero de recreio era impróprio da sua
eternidade. Satanás levou o manuscrito consigo para o inferno. Com o fim de mostrar que
valia mais que os outros, e acaso para reconciliar-se com o céu, – compôs a partitura, e logo
que a acabou foi levá-la ao Padre Eterno.
Comentário:
A alternativa A está correta, pois o período descreve poeticamente o encontro
amoroso entre as personagens. Para isso, se vale de figuras de linguagem,
principalmente a metáfora.
A alternativa B está errada, pois não há descrição precisa do encontro, em
linguagem objetiva.
A alternativa C está errada, pois há muita subjetividade no texto.
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(AFA/2019)
Assinale a alternativa cuja palavra em destaque possui sentido denotativo.
a) "De forma paradoxal, a globalização, conforme se aprofunda e pluga os homens a
escalas planetárias...” (ref. 20)
b) “Um olhar sobre a história, no entanto, põe em xeque esta visão utópica.” (ref. 2)
c) “(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após julgamento, ganhavam um sentido
religioso.” (ref. 9)
d) “...acreditava-se no contínuo aperfeiçoamento da condição humana como uma
marcha inexorável em direção à razão.” (ref. 16)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a palavra plugar é utilizada fora do sentido literal
(ligar um aparelho à tomada), significando unir homens.
A alternativa B está incorreta, pois a palavra olhar é utilizada fora do sentido literal
(observar dirigindo os olhos a algo), significando analisar.
A alternativa C está correta, pois a palavra penas é utilizada com seu sentido
denotativo, com significado de penalidade.
A alternativa D está incorreta, pois a palavra marcha é utilizada fora do sentido literal
(modo de andadura de uma pessoa ou animal), significando destino, futuro traçado.
Gabarito: C
(EsPCEx/2018)
Assinale a alternativa em que a palavra “boca” apresenta sentido denotativo.
a) Em boca fechada não entra mosquito.
b) Não contem nada a ninguém! Boca de siri!
c) Vestirei minha calça boca de sino.
d) Na boca da noite tudo acontece.
e) É proibido fazer boca de urna.
Comentários:
Alternativa A está correta, pois ‘boca fechada’ está no sentido literal.
Alternativa B está incorreta, pois ‘boca de siri’ é fazer silêncio, ou seja, não está no
sentido literal.
Alternativa C está incorreta, pois ‘boca de sino’ é o nome popular da calça, ou seja,
não está no sentido literal.
Alternativa D está incorreta, ‘boca da noite’ é o mesmo que o início da noite, ou seja,
não está no sentido literal.
Alternativa E está incorreta, pois ‘boca de urna’ é pedir voto, ou seja, não está no
sentido literal.
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Gabarito: A
4 Variação linguística
Pensar as línguas como elementos unitários é bastante comum no senso comum,
principalmente quando olhamos para as representações mais explícitas de seu uso, como na
televisão, essencialmente nos telejornais, e nas publicações escritas formais. Contudo, é
sempre interessante que pensemos como a linguística nos propõe: olhar a língua como um
sistema regido por regras internas, afetados por fatores externos a ela. Da seguinte forma:
Contudo, as diferenças que mais “assustam” os falantes são aquelas encontradas dentro
do próprio país, em que a língua apresenta articulações distintas e diferenças bastante claras.
Notem que temos muito espaço nesse nosso “brasilzão” para que tivéssemos uma mesma
língua em todos os pontos. Por isso, falaremos a seguir sobre as chamadas “variações da
língua portuguesa no Brasil”, identificando alguns conceitos importantes e olhando para as
influências com relação à língua.
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Para começar, vamos olhar o que Rocha Lima (2011) aponta como alguns traços que se
podem perceber entre os diferentes grupos falantes:
É claro que essa distinção maior abarca diferenças encontradas dentro de cada estado
e de cada região de forma mais específica. Por exemplo, entre os falares de Pernambuco e os
falares do Ceará haverá diferenças claras, não somente com relação ao vocabulário, mas com
relação a muitos outros elementos da sintaxe e da morfologia. Esse ponto é importante para
que entendamos que as variações não são somente no nível vocabular.
Uma língua pode também sofrer modificações ligadas ao tempo. Modos de escrita de
palavras que caem em desuso e palavras que deixam de ser utilizadas ou são modificadas são
dois bons exemplos disso. Há, porém, outra possível modificação ligada ao tempo: a diferença
de uso da língua entre pessoas de faixas etárias diferentes. Mais uma vez, não são diferenças
somente vocabulares. Por exemplo, observemos o paradigma pronominal do Brasil:
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É interessante notar que essa mudança morfológica leva a uma outra modificação,
relacionada ao chamado paradigma verbal da língua portuguesa, visto que a alteração dos
pronomes modifica claramente a conjugação dos verbos. Vamos dar uma olhada:
Note que no quadro das conjugações acima, em que usamos o verbo “ir” como
exemplificação, temos a saída de seis conjugações, no primeiro paradigma pronominal, para
quatro conjugações, na segunda, e, finalmente, três conjugações no último. Essa
modificação deve ser considerada uma variação também.
Porém, para a muitos dos vestibulares, um dos grandes interesses na questão está na
dualidade Norma culta X Linguagem popular. Nesse caso, podemos trabalhar com a relação
de Oralidade X Escrita, o que pode gerar problemas, dado que a linguagem popular pode
acontecer em uma série de textos escritos, principalmente na Literatura. Por isso, é sempre
mais do que importante que vocês se foquem, bolas de fogo, no que a questão está pedindo
de vocês.
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Variação histórica
Variação regional
Variação situacional
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Variação social
“Pisou na bola,
Conversa fiada malandragem.
Mala sem alça é o couro,
Tá de sacanagem.
Tá trincado é aquilo,
Se toca vacilão.
Tá de bom tamanho,
Otário fanfarrão.”
Comentários:
Nessa construção linguística, identifica-se o uso de uma variante que, claramente,
não se encaixa no momento de uso, dado que o surfista, na praia, não precisa de um
vocabulário tão rebuscado (sem contar com a roupa que utiliza, a qual, claramente, não
se aplica ao contexto em que se insere). No caso, podemos notar o uso de um
vocabulário arcaico, além da utilização de uma relação sintática completamente fora de
propósito para o português brasileiro: a mesóclise, utilizada, hoje, somente em contextos
extremamente formais. Dessa forma, percebe-se que a utilização de vocabulário e
estrutura mais arcaicas nos coloca diante de uma variação histórica.
Diafásica: situacional; Diatópica: regional; Diacrônica: histórica; Diastrática: social;
a educacional se encaixa, segundo a sociolinguística, no contexto social da linguagem,
dada a proximidade entre o melhor estudo e a melhor condição social.
Gabarito: C
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que tou aqui com alegria.
(Luiz Gonzaga)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque não encontramos a variação diafásica, que é
a responsável pelo que chamamos de adaptação da linguagem a um contexto de uso
muito específico. É interessante notar que esse tipo de variação acontece com muita
frequência no nosso dia a dia, visto que precisamos sempre alterar nosso nível linguístico
para que nos adaptemos às diversas possibilidades de uso da linguagem. A diastrática,
relacionada ao estudo formal dos falantes, é encontrada no texto.
A alternativa B está incorreta, porque não encontramos a variação diafásica, que é
a responsável pelo que chamamos de adaptação da linguagem a um contexto de uso
muito específico. É interessante notar que esse tipo de variação acontece com muita
frequência no nosso dia a dia, visto que precisamos sempre alterar nosso nível linguístico
para que nos adaptemos às diversas possibilidades de uso da linguagem. A diatópica,
relacionada ao regionalismo, é encontrada no texto.
A alternativa C está incorreta, porque, apesar de termos a variação diatópica,
relacionada ao regionalismo, não temos nenhum indício de uso de variação histórica,
uma vez que temos a utilização de uma variante mais próxima da atualidade, em lugar
de uma variante antiga, como ocorre no caso da variação histórica.
A alternativa D está incorreta, porque não encontramos a variação diafásica, que é
a responsável pelo que chamamos de adaptação da linguagem a um contexto de uso
muito específico. Além disso, não temos a utilização de uma variação histórica, dado que
a variante utilizada pelo autor é bastante próxima da variante atual.
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5 Tipos de Discurso
Uma das características dos textos narrativos, muito importantes para a construção de
textos da língua portuguesa, é a possibilidade de uso de falas de personagens. É o que
chamamos de discursos. Nossa classificação sempre se dá a partir da forma que esses
discursos tomam em uma narrativa, podendo, claramente, variar conforme o texto, ou ser
utilizado de formas diferentes no mesmo texto.
Travessão
Aspas
A fala em discurso direto também costuma ser precedida dos chamados verbos
dicendi: verbos que denotam ações ligadas à fala, como “perguntar”, “dizer”, “exclamar”,
“responder”, entre outros. Estes verbos também podem aparecer ao fim das falas ou até
mesmo no meio delas – nestes casos, frequentemente divididas ou intercaladas por travessão.
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no
papel.
(In: A cartomante, Machado de Assis)
Quaresma foi inflexível; disse que não, que lhe eram absolutamente antipáticas tais
disputas, que não tinha partido e mesmo que tivesse não iria afirmar uma cousa que ele
não sabia ainda se era mentira ou verdade.
Assim como no discurso direto, há a presença dos verbos dicendi, porém, aqui, eles se
encontram seguidos de conectivos de subordinação, ou seja, os verbos referentes à fala
precedem orações que expressam a fala da personagem. É muito comum, como você notará
claramente nos exemplos, que essa oração seja classificada como uma substantiva,
essencialmente objetivas diretas, mas com possibilidades de serem objetivas indiretas.
Cuidado para não se confundir e use seus conhecimentos gramaticais como auxílio na
construção de sentidos de um texto.
Observe que, se este período estivesse em discurso direto, a redação dos termos
destacados seria:
Como é possível observar, não é apenas no uso de aspas ou travessão que está a
diferença entre o discurso direto e indireto. Uma das principais diferenças na transposição
é a alteração do tempo verbal.
Discurso indireto
Rangel desceu os olhos ao baixo da página, viu a quadra correspondente ao número,
e leu-a: dizia que sim, que havia uma pessoa, que ela devia procurar domingo, na igreja,
quando fosse à missa.
(O diplomático, Machado de Assis)
Discurso direto
Rangel desceu os olhos ao baixo da página, via a quadra correspondente ao número,
e leu-a:
“Há uma pessoa que você deve procurar domingo, na igreja, quando for à missa.”
Mudança de pretérito mais que perfeito (indireto) para (pretérito perfeito (direto):
Discurso indireto
Lendo essa carta, Lourenço Camargo afigurou-se receber as últimas palavras do filho;
e lembrou-se quanto fora injusto duvidando da realidade desse casamento de que ali
tinha a prova irrecusável.
(Senhora, José de Alencar)
Discurso direto
Lendo essa carta, Lourenço Camargo afigurou-se receber as últimas palavras do filho;
e lembrou-se: “Quão injusto eu fui injusto duvidando da realidade desse casamento de
que aqui tenho a prova irrecusável”.
Discurso indireto
Um dia, em que a afilhada fora visitar a madrinha, esta lhe disse que a iria em breve
buscar para sua casa.
(In: A mão e a luva, Machado de Assis)
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Discurso direto
Um dia, em que a filhada fora visitar a madrinha, esta lhe disse:
- Em breve vou lhe buscar para minha casa
Pronome demonstrativo este (a), estes (as) e Pronome demonstrativo aquele (a) e
esse (a), esses (as) aqueles (as)
Luísa, na cama, tinha lido, relido o bilhete de Basílio: Não pudera — escrevia ele —
estar mais tempo sem lhe dizer que a adorava. Mal dormira!
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Aqui, vê-se que o segundo período, “Mal dormira!”, representa exatamente a fala da
personagem, apenas com alteração temporal para manter o aspecto direto. Se estivesse em
discurso indireto, seria:
Luísa, na cama, tinha lido, relido o bilhete de Basílio. Ele havia escrito que não podia
estar mais tempo sem lhe dizer que a adorava, que mal dormira.
Veja aqui outro exemplo de transposição do mesmo período para todos os tipos de
discurso:
Discurso direto
Ele ficou bestificado com a cidade. Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal e disse:
- Meu Deus, mas que cidade linda! No Ano Novo eu começo a trabalhar.
Discurso indireto
Ele ficou bestificado com a cidade. Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal e disse
que a cidade era linda e que no Ano Novo começaria a trabalhar.
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Não vou negar que esse exemplo, retirado de Faroeste caboclo, é um dos meus
preferidos, porque deixa bastante claro como esse tipo de discurso se constrói. É interessante
que notemos que somente o contexto nos indica ser um discurso.
(EsPCEx/2016)
Assinale a alternativa que apresenta exemplo de discurso indireto livre.
a) – Desejo muito conhecer Carlota – disse-me Glória, a certo ponto da conversação. – Por
que não a trouxe consigo?
b) Omar queixou-se ao pai. Não era preciso tanta severidade. Por que não tratava os
outros filhos com o mesmo rigor?
c) – Isso não pode continuar assim, respondeu ela; – é preciso que façamos as pazes
definitivamente.
d) Uma semana depois, Virgília perguntou ao Lobo Neves, a sorrir, quando seria ele
ministro. Ele respondeu que, pela vontade dele, naquele mesmo instante.
e) Daí a pouco chegou João Carlos e, após ligeiro exame, receitou alguma coisa, dizendo
que nada havia de anormal...
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque, nessa construção, pelo uso do travessão,
constrói-se, necessariamente, discurso direto.
A alternativa B está correta, porque, nessa construção, a pergunta que fecha o
trecho é considerado discurso indireto livre, dado que temos a apresentação clara de
uma fala, mas sem quaisquer indicação de que ela ocorreria.
A alternativa C está incorreta, porque, nessa construção, pelo uso do travessão,
constrói-se, necessariamente, discurso direto.
A alternativa D está incorreta, porque, nessa construção, percebe-se a presença de
discurso indireto, dado que temos a utilização de um verbo de fala, “perguntou”, com a
construção de uma oração subordinada substantiva, “quando seria ele ministro”. O
mesmo ocorre com o verbo “respondeu” e com a oração “que, pela vontade dele,
naquele mesmo instante”.
A alternativa E está incorreta, porque, nessa construção, percebe-se a presença de
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discurso indireto, dado que temos a utilização de um verbo de fala, “dizendo”, com a
construção de uma oração subordinada substantiva, “que nada havia de anormal”.
Gabarito: B
(EFOMM/2017)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque, nesse caso, o discurso direto já indica que a
prima ficara piruá. Como temos o narrador construindo o discurso que outro já havia dito,
não haveria como não utilizar o pretérito.
A alternativa B está correta, porque, nesse caso, temos a indicação correta de
tempos verbais na reescrita.
A alternativa C está incorreta, porque, nesse caso, o discurso direto já indica que a
prima ficara piruá. Dessa forma, o uso do “havia lamentado”, no pretérito mais que
perfeito, quebra a transposição correta para o discurso indireto.
A alternativa D está incorreta, porque, nesse caso, o discurso direto já indica que a
prima ficara piruá. Dessa forma, o uso do “teria ficado”, no futuro do pretérito, quebra a
transposição correta para o discurso indireto. Além disso, temos a ideia de certeza no
original e a possibilidade na reescrita.
A alternativa E está incorreta, porque, nesse caso, o discurso direto já indica que a
prima ficara piruá. Dessa forma, o uso do “ficará”, no futuro, quebra a transposição
correta para o discurso indireto.
Gabarito: B
6 Funções da Linguagem
Falar sobre funções da linguagem é falar sobre comunicação. Além disso, é
compreender que não temos textos inocentes, como eu sempre costumo dizer. Isso é
essencial para que compreendamos que os textos são construídos com muitas intenções por
trás de si.
para isso – há uma série de elementos que são acionados. É preciso, no mínimo, alguém com
a intenção de comunicar, alguém com a intenção de ouvir e algo a ser dito. É preciso também,
escolher qual o veículo e modo de elaborar a mensagem para fazer essa informação chegar
ao ouvinte. No caso do texto, essa estrutura se mantém.
Digo isso a vocês, porque, por exemplo, como a função relacionada com o canal é
menos cobrada em questões, pela facilidade de resposta, as pessoas tendem a achar que o
próprio canal é desimportante. Contudo, não se esqueça de que temos claramente a
necessidade de um canal para que a mensagem consiga chegar a seu receptor. Veja todos os
atores como essenciais para nossa análise.
Prosa
“Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que
foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da
dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que
me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força
que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.”
(Fragmento de Dom Casmurro, de Machado de Assis)
Literatura
Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei
inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento,
nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
(Fragmento de O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry)
Mensagens
“Oi Ana! Estou morrendo de saudade de você! Que dia você chega? Tenho tanto pra
te contar...”
imperativo.
Publicidade
C&A - Abuse, use C&A
Doril - Tomou Doril, a dor sumiu
Leite Moça - Você faz maravilhas com Leite Moça
Neosaldina - Chama a Neusa.
Philco - Tem coisas que só a Philco faz por você
Red Bull- Red Bull te dá asas
Sandálias Havaianas- Todo mundo usa.
Campanha política
Slogans:
- Mude! (Ciro Gomes)
- Chama o Meirelles (Henrique Meirelles)
- Pior do que tá não fica. Vote Tiririca! (Tiririca)
Ela caracteriza textos que falam sobre o próprio texto ou sobre o ato da escrita.
Além de poemas e artigos que falem sobre este ofício, há também os livros didáticos voltados
para o estudo da língua, como gramáticas e dicionários.
Literatura
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Livros didáticos
di·ci·o·ná·ri·o
1 [LING] Coleção, parcial ou completa, das unidades lexicais de uma língua (palavras,
locuções, afixos etc.), em geral dispostos em ordem alfabética, com ou sem significação
equivalente, assim como sinônimos, antônimos, classe gramatical, etimologia etc., na mesma
ou em outra língua.
2. [FIG] Repositório de informações de ordem cultural, social, política etc.
(Dicionário Michaelis adaptado)
O importante aqui não é o que nem como se fala, mas sim estabelecer contato. É
comum aparecer em situações de teste de funcionamento do veículo, cumprimentos e
saudações em geral. Expressões como “alô” ao telefone são um ótimo exemplo de função
fática.
Teste do Canal
Literatura
- Olá! Como vai?
- Eu vou indo. E você, tudo bem?
- Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro… E você?
- Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo… Quem sabe?
(Fragmento de Sinal fechado, de Paulinho da Viola)
O objetivo aqui, portanto, é apenas informar os dados sem opinar sobre eles.
Aparece no texto jornalístico, nos manuais, listas, bulas etc. Diferente da função conativa, não
há o uso do imperativo. O objetivo não é convencer, mas sim informar.
Jornalismo
“O número de trabalhadores sem carteira assinada cresceu 3,8% (mais 427 mil
pessoas) no 4º trimestre de 2018, frente ao ano anterior, segundo a Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (31). Por outro lado, a
quantidade de pessoas que trabalham com registro caiu 1% na comparação anual.”
Fragmento de G1 – Economia, 31/01/19
Tendo construído esse tanto de conhecimento nessa aula, chega a nossa hora de
treinar, né? Fiquem sempre atentos às necessidades contextuais para a construção das
respostas. Não se esqueçam disso.
7 Exercícios
Antes de começar os exercícios, alguns avisos:
➢ Os exercícios estarão separados em três grupos, como vocês perceberão: questões
relacionadas a escolas militares variadas, com possibilidade de apresentação de
algumas questões inéditas; questões relacionadas às escolas de oficialato, dentre as
quais encontraremos questões da AFA; e, por fim, questões inéditas e de concursos,
como ITA e IME, que apresentam um grau mais amplo de dificuldade.
➢ Recomendo que os exercícios sejam feitos na ordem em que aparecem, dado que
tentamos montar a lista de exercícios por grau de complexidade de resolução das
questões. Por isso, temos algumas delas que apresentarão textos mais longos, dada a
complexidade da questão.
— Fui procurar um frade de nossa ordem de pés descalços, que visita os doentes, para
ir comigo a Mântua (...)
a) Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta
a Romeu, pois fora procurar um frade de sua ordem de pés descalços, que visitava os
doentes, para ir com ele a Mântua (...)
b) Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta
a Romeu, pois foi procurar um frade de sua ordem de pés descalços, que visita os doentes,
para ir com ele a Mântua (...)
c) Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta
a Romeu, pois fui procurar um frade de nossa ordem de pés descalços, que visita os
doentes, para ir comigo a Mântua (...)
d) Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta
a Romeu, pois fui procurar um frade de sua ordem de pés descalços, que visita os doentes,
para ir com ele a Mântua (...)
São, respectivamente:
a) dissertativo-argumentativo, expositivo, injuntivo, narrativo, descritivo.
6. (EEAR/2019)
Assinale a alternativa em que há predominância da linguagem coloquial.
a) Entre eu e minha mãe há concordância de ideias.
b) Que diferença há entre mim e um artista famoso do cinema?
c) Sempre há confusão entre mim e ela na hora do acerto de contas.
d) É uma afronta pedir-me ajuda quando há entre mim e ti apenas ingresias!
7. (SMV/2019)
O relógio
O relógio de Nasrudin vivia marcando a hora errada.
CPF 17672808745
- Mas será que não dá para tomar uma providência? - alguém comentou.
- Qual providência? - falou Mullá.
- Bem, o relógio nunca marca a hora certa. Qualquer que seja a providência já será
uma melhora.
Nasrudin deu uma martelada no relógio. O relógio parou.
- Você tem toda a razão - disse ele. - De fato, já dá para sentir uma melhora.
- Eu não quis dizer “qualquer providência”, assim literalmente. Como é que agora o
relógio pode estar melhor do que antes?
- Bem, antes ele nunca marcava a hora certa. Agora, pelo menos, duas vezes por dia
ele vai estar certo.
AL-DIN, K. N. O relógio. In: Costa, F. M. de. (org.). Os 100 melhores contos de humor da
literatura universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
8. (EEAR/2018)
Leia:
— Nem remédio ingeri, a moribunda esclarecia.
Passando para o Discurso Indireto o fragmento acima, de acordo com a norma gramatical,
tem-se:
a) Esclarecia a moribunda que nem ingeriria remédio.
b) A moribunda esclareceu que nem remédio iria ingerir.
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9. (EsPCEx/2017)
Assinale a alternativa em que o particípio sublinhado está utilizado de acordo com a norma
culta.
a) O policial tinha pego o bandido.
b) O condenado foi prendido por dez anos.
c) A pena fora suspendida pelo juiz.
d) Foi terrível o juiz ter aceitado aquela denúncia.
e) O preso tinha ganho a liberdade.
10. (EsPCEx/2015)
Assinale a alternativa em que a grafia de todas as palavras está correta.
a) Mulçumano é todo indivíduo que adere ao islamismo.
b) Gostaria de saber como se entitula esse poema em francês.
c) Esses irmãos vivem se degladiando, mas no fundo se amam.
d) Não entendi o porquê da inclusão desses asterísticos.
e) Essa prova não será empecilho para mim.
11. (EEAR/2011)
Leia:
Lúcia pediu: “Está em suas mãos arranjar isso para mim.” O vereador quase caiu da
cadeira. Ficou transtornado. Como poderia fazer aquilo? Não poderia arriscar o cargo!
Então a mulher, espantada com a atitude do vereador, completou, em tom ameaçador,
que ele não teria mais o seu voto. E deu-lhe as costas.
No texto acima, há
a) apenas discurso direto.
b) apenas discurso direto e discurso indireto.
c) apenas discurso direto e discurso indireto livre.
d) discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre.
12. (EsPCEx/2011)
Quando a intenção do emissor está voltada para a própria mensagem, quer na seleção e
combinação das palavras, quer na estrutura da mensagem, com as mensagens carregadas
de significados, temos a função de linguagem denominada
CPF 17672808745
a) fática.
b) poética.
c) emotiva.
d) referencial.
e) metalinguística.
13. (EEAR/2008)
Assinale a alternativa em que há discurso indireto livre:
a)"Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim – Psiu ... Não acorde o menino."
b) "À noite, encontrando-se com sua ex-esposa numa rua erma e escura, parou, olhou para
os lados. Aquele seria um momento para um acerto de contas? Sim!"
c) "Daniela, visivelmente emocionada, falou que havia algum tempo ela tinha encontrado
seu maior tesouro: Marcelo."
d) "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu."
14. (EPCAR/2020)
Quando
Quando você me clica,
quando você me conecta, me liga,
quando entra nos meus programas, nas minhas janelas,
15. (EPCAR/2020)
Cadê o papel-carbono?
Outro dia tive saudade do papel carbono. E tive saudade também do mimeógrafo a
álcool. E tive saudade da velha máquina de escrever. E tive saudade de quando, no dizer
de Rubem Braga, a geladeira era [5] branca e o telefone era preto.
Os mais jovens não sabem nem o que é papel carbono ou mimeógrafo a álcool. Mas
tive saudade deles, ou melhor, de um tempo em que eu não dependia eletronicamente
de outros para fazer as mínimas [10] tarefas. Uma torneira, por exemplo, era algo simples.
Eu sabia abrir uma torneira e fazê-la jorrar água. Hoje tomar um banho é uma peripécia
tecnológica. Hoje até para tomar um elevador tenho que inserir um cartão eletrônico para
ele se mover. Claro que tem o Google, [15] essa enciclopédia no computador que facilita
as pesquisas (para quem não precisa ir fundo nos assuntos), mas muita coisa me intriga:
por que cada aparelho de televisão de cada casa, de cada hotel tem um controle remoto
diferente e a gente não consegue [20] usá-los sem pedir socorro a alguém?
Olha, tanta tecnologia!... Mas além de não terem descoberto como curar uma
simples gripe, os elevadores dos hotéis ainda não chegaram a uma conclusão de como
assinalar no mostrador que letra [25] deve indicar a portaria. Será necessária uma medida
provisória do presidente para uniformizar tal diversidade analfabética.
Outro dia, li que houve uma reunião em Baku, lá no Azerbaijão, congregando
cérebros notáveis para [30] decifrarem nosso presente e nosso futuro. Pois Jean
Baudrillard andou dizendo, com aquela facilidade que os franceses têm para fazer frases
que parecem filosóficas, que o que caracteriza essa época que está vindo por aí é que o
homem, leia-se corretamente homens e [35] mulheres, ou seja, o ser humano, foi
descartado pela máquina. (Isso a gente já sabe quando tenta ligar para uma firma qualquer
e uma voz eletrônica fica mandando a gente discar isto e aquilo e volta tudo a zero e não
obtemos a informação necessária.)
[40] Deste modo estão se cumprindo dois vaticínios. O primeiro era de um vate
mesmo – Vinícius de Moraes, que naquele poema “Dia da Criação”, fazendo considerações
irônicas sobre o dia de “sábado” e os desígnios divinos, diz: “Na verdade, o homem não
era [45] necessário”. É isto, já não somos necessários.
E a outra frase metida nessa encrenca é aquela da Bíblia, que dizia que o “sábado foi
feito para o homem e não o homem para o sábado”. Isso foi antigamente. Pois achávamos
que a máquina havia sido [50] feita para o homem, mas Baudrillard, as companhias aéreas
e as telefônicas mais os servidores de informática nos convenceram de que “o homem é
que foi feito para a máquina”. Ao telefone só se fala com máquinas, e algumas empresas –
esses servidores de [55] informática – nem seus telefones disponibilizam. Estou, por
exemplo, há quatro meses tentando falar com alguém no “hotmail” e lá não tem viv’alma,
só fantasmas eletrônicos sem rosto e sem voz.
Permita-me, eventual e concreto leitor, lhe fazer [60] uma pergunta indiscreta.
Quanto tempo diariamente você está gastando com e-mails? Quanto tempo para apagar
o lixo e responder bobagens? Faça a conta, some.
Drummond certa vez escreveu: “Ao telefone [65] perdeste muito tempo de semear”.
Ele é porque não conheceu a internet, que, tanto quanto o celular, usada
desregradamente é a grande sorvedora de tempo da pós-modernidade.
CPF 17672808745
Por estas e por outras é que estou pensando [70] seriamente em voltar às cartas,
quem sabe ao pergaminho. E a primeira medida é reencontrar o papel carbono.
Cadê meu papel carbono?
(SANT’ANNA, Affonso Romano de. Tempo de delicadeza. Porto Alegre: L&PM, 2009)
Lista 01 – Gabarito
1. D 6. A 11. D
2. D 7. E 12. B
3. A 8. D 13. B
4. C 9. D 14. C
5. B 10. E 15. C
b) E quando saí fraca pela primeira vez à rua, havia sol cálido e gente na rua.
c) Também escreveria sobre rir do absurdo de minha condição.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois apenas o uso de uma pergunta não indica necessariamente
uma marca de oralidade.
A alternativa B está incorreta, pois a descrição de uma situação não indica uma marca de
oralidade.
A alternativa C está incorreta, pois a descrição de uma situação hipotética não indica uma
marca de oralidade.
A alternativa D está correta, pois a interjeição “Ah” é típica da oralidade, indicando uma
espécie de suspiro.
Gabarito: D
Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos
cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe, — para dizer alguma coisa, — que era
capaz de os pentear, se quisesse.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois não houve mudança do tempo e modo verbal de
“quisesse”.
A alternativa B está incorreta, pois aqui não houve alteração no tempo ou modo verbal.
A alternativa C está incorreta, pois a alteração do “era” não pode ser para “seria”, mas
sim para “sou”
Gabarito: D
CPF 17672808745
Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta
a Romeu:
— Fui procurar um frade de nossa ordem de pés descalços, que visita os doentes, para ir
comigo a Mântua (...)
a) Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta a
Romeu, pois fora procurar um frade de sua ordem de pés descalços, que visitava os doentes,
para ir com ele a Mântua (...)
b) Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta a
Romeu, pois foi procurar um frade de sua ordem de pés descalços, que visita os doentes, para
ir com ele a Mântua (...)
c) Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta a
Romeu, pois fui procurar um frade de nossa ordem de pés descalços, que visita os doentes,
para ir comigo a Mântua (...)
d) Ao voltar, relata a Frei Lourenço que, por causa da epidemia, não pôde entregar a carta a
Romeu, pois fui procurar um frade de sua ordem de pés descalços, que visita os doentes, para
ir com ele a Mântua (...)
Comentários:
- comigo (1ª pessoa do singular) se torna com ele (3ª pessoa do singular).
A alternativa B está incorreta, pois não realiza corretamente a transposição dos verbos “fui” e
“visita”.
A alternativa C está incorreta, pois não realiza a transposição dos termos, apenas elimina o
travessão
A alternativa D está incorreta, pois não realiza corretamente a transposição dos verbos.
Gabarito: A
b) Deve observar não só o conteúdo como também a forma com que a mensagem é passada.
Comentário:
Gabarito: C
II. Enumera fatos ocorridos com alguma personagem, sua reação a conflitos e resolução
dos conflitos.
III. Utiliza muitos adjetivos e locuções adjetivas. Busca pintar um quadro de alguma
situação, local ou pessoa.
IV. Se vale de exemplos, dados e informações para corroborar uma ideia que pretende
passar.
V. Deve ser a opção de jornalistas e editores por se comprometer com um relato menos
opinativo e mais objetivo dos assuntos tratados.
São, respectivamente:
Comentário:
O texto do item III. é descritivo, pois é o gênero com uso mais frequente de expressões
para caracterizar algo ou alguém.
O texto do item V. é expositivo, pois deve se preocupar em não fazer juízo de valor ou
opinar sobre o tema.
Gabarito: B
6. (EEAR/2019)
Comentários:
A alternativa B está incorreta, pois aqui se faz o uso correto de acordo com a norma
culta da expressão “entre mim e (...)”.
A alternativa C está incorreta, pois aqui se faz o uso correto de acordo com a norma
culta da expressão “entre mim e (...)”.
A alternativa D está incorreta, pois aqui se faz o uso correto de acordo com a norma
culta da expressão “entre mim e (...)”.
Gabarito: A
7. (SMV/2019)
O relógio
- Mas será que não dá para tomar uma providência? - alguém comentou.
CPF 17672808745
- Bem, o relógio nunca marca a hora certa. Qualquer que seja a providência já será uma
melhora.
- Você tem toda a razão - disse ele. - De fato, já dá para sentir uma melhora.
- Eu não quis dizer “qualquer providência”, assim literalmente. Como é que agora o
relógio pode estar melhor do que antes?
- Bem, antes ele nunca marcava a hora certa. Agora, pelo menos, duas vezes por dia ele
vai estar certo.
AL-DIN, K. N. O relógio. In: Costa, F. M. de. (org.). Os 100 melhores contos de humor da
literatura universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
I - os verbos “comentou” (2º), “falou” (3º) e “disse” (6º) indicam que o interlocutor está com a
palavra no discurso direto.
II - na frase: “O relógio de Nasrudin vivia marcando a hora errada.” (1º), é possível observar a
presença do discurso direto.
III - um exemplo de transposição do discurso indireto para o direto estão presente em:
Nasrudin disse que antes o relógio nunca marcava a hora certa.
IV - o uso das interrogações dá vida ao personagem para o leitor, sendo um dos recursos que
revela a força da narração no discurso direto.
Comentários:
A afirmativa I é verdadeira, pois esses são os chamados “verbos discendi”, que indicam
CPF 17672808745
nesse caso a presença do discurso direto, já que não vêm acompanhados da partícula “que”.
A afirmativa II não é verdadeira, pois aqui só há uma narração descrevendo como era o
relógio.
A afirmativa III não é verdadeira, pois aqui não há transposição para discurso direto,
apenas a manutenção do discurso indireto.
Gabarito: E
8. (EEAR/2018)
Leia:
Passando para o Discurso Indireto o fragmento acima, de acordo com a norma gramatical,
tem-se:
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o verbo aqui foi transformado em futuro do pretérito
e o correto seria ter sido transformado em pretérito mais que perfeito.
A alternativa B está incorreta, pois não é preciso que se altere “a moribunda esclarecia”,
apenas a fala da personagem. Além disso, a personagem fala sobre um tempo passado.
A alternativa C está incorreta, pois não se deve alterar os verbos para esses tempos
verbais. O futuro do pretérito não é a escolha correta para esse caso.
A alternativa D está correta, pois para que a transposição seja correta é preciso que se
adicione a palavra “que”, se inverta a ordem dos termos e que os verbos sejam modificados
de pretérito perfeito (ingeri) para pretérito mais que perfeito (tinha ingerido). Lembre-se que
“a moribunda esclarecia” não precisa ser alterado. Altera-se apenas a fala da personagem.
Gabarito: D
9. (EsPCEx/2017)
Assinale a alternativa em que o particípio sublinhado está utilizado de acordo com a norma
culta.
CPF 17672808745
Comentários:
Gabarito: D
10. (EsPCEx/2015)
Comentários:
Gabarito: E
11. (EEAR/2011)
Leia:
Lúcia pediu: “Está em suas mãos arranjar isso para mim.” O vereador quase caiu da
cadeira. Ficou transtornado. Como poderia fazer aquilo? Não poderia arriscar o cargo! Então
a mulher, espantada com a atitude do vereador, completou, em tom ameaçador, que ele não
teria mais o seu voto. E deu-lhe as costas.
No texto acima, há
Comentários:
• Discurso direto – Lúcia pediu: “Está em suas mãos arranjar isso para mim.”
• Discurso indireto livre – O vereador quase caiu da cadeira. Ficou transtornado. Como
poderia fazer aquilo? Não poderia arriscar o cargo!
Gabarito: D
12. (EsPCEx/2011)
Quando a intenção do emissor está voltada para a própria mensagem, quer na seleção e
combinação das palavras, quer na estrutura da mensagem, com as mensagens carregadas de
significados, temos a função de linguagem denominada
a) fática.
b) poética.
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c) emotiva.
d) referencial.
e) metalinguística.
Comentários:
Alternativa A está incorreta, pois na função fática, o foco está no canal de comunicação.
Porém o que está escrito é que o foco é voltado para própria imagem..
Alternativa B está correta, pois a função poética tem como característica o uso de várias
palavras com sentido conotativo. Isso está escrito na parte ‘... com mensagens carregadas de
significado…’.
Alternativa D está incorreta, pois o foco da função referencial é informar algo, e essa
não foi uma das características citadas no texto.
13. (EEAR/2008)
a)"Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim – Psiu ... Não acorde o menino."
b) "À noite, encontrando-se com sua ex-esposa numa rua erma e escura, parou, olhou para os
lados. Aquele seria um momento para um acerto de contas? Sim!"
c) "Daniela, visivelmente emocionada, falou que havia algum tempo ela tinha encontrado seu
maior tesouro: Marcelo."
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o travessão no início da fala indica o discurso direto.
A alternativa B está correta, pois aqui há a expressão “Sim!” que é uma fala da própria
personagem em resposta a seu questionamento “Aquele seria um momento para um acerto
de contas?”.
CPF 17672808745
A alternativa C está incorreta, pois a expressão “falou que” indica que aqui há o
aparecimento do discurso indireto.
A alternativa D está correta, pois a expressão “disse-me meu pai” indica discurso direto.
Gabarito: B
14. (EPCAR/2020)
Quando
(CAPPARELLI, Sérgio. 33 ciberpoemas e uma fábula digital. Porto Alegre: L&PM, 2001.)
Analisando a forma como o poema “Quando” foi construído e a linguagem nele empregada,
é correto afirmar que
d) há treze verbos no poema e eles pertencem à linguagem computacional, exceto três deles
que são usados em diversos universos linguísticos.
Comentários:
Gabarito: C
15. (EPCAR/2020)
Cadê o papel-carbono?
Outro dia tive saudade do papel carbono. E tive saudade também do mimeógrafo a
álcool. E tive saudade da velha máquina de escrever. E tive saudade de quando, no dizer de
Rubem Braga, a geladeira era [5] branca e o telefone era preto.
Os mais jovens não sabem nem o que é papel carbono ou mimeógrafo a álcool. Mas
tive saudade deles, ou melhor, de um tempo em que eu não dependia eletronicamente de
outros para fazer as mínimas [10] tarefas. Uma torneira, por exemplo, era algo simples. Eu
sabia abrir uma torneira e fazê-la jorrar água. Hoje tomar um banho é uma peripécia
tecnológica. Hoje até para tomar um elevador tenho que inserir um cartão eletrônico para ele
se mover. Claro que tem o Google, [15] essa enciclopédia no computador que facilita as
pesquisas (para quem não precisa ir fundo nos assuntos), mas muita coisa me intriga: por que
cada aparelho de televisão de cada casa, de cada hotel tem um controle remoto diferente e a
gente não consegue [20] usá-los sem pedir socorro a alguém?
Olha, tanta tecnologia!... Mas além de não terem descoberto como curar uma simples
gripe, os elevadores dos hotéis ainda não chegaram a uma conclusão de como assinalar no
mostrador que letra [25] deve indicar a portaria. Será necessária uma medida provisória do
presidente para uniformizar tal diversidade analfabética.
Outro dia, li que houve uma reunião em Baku, lá no Azerbaijão, congregando cérebros
notáveis para [30] decifrarem nosso presente e nosso futuro. Pois Jean Baudrillard andou
dizendo, com aquela facilidade que os franceses têm para fazer frases que parecem filosóficas,
que o que caracteriza essa época que está vindo por aí é que o homem, leia-se corretamente
CPF 17672808745
homens e [35] mulheres, ou seja, o ser humano, foi descartado pela máquina. (Isso a gente já
sabe quando tenta ligar para uma firma qualquer e uma voz eletrônica fica mandando a gente
discar isto e aquilo e volta tudo a zero e não obtemos a informação necessária.)
[40] Deste modo estão se cumprindo dois vaticínios. O primeiro era de um vate mesmo
– Vinícius de Moraes, que naquele poema “Dia da Criação”, fazendo considerações irônicas
sobre o dia de “sábado” e os desígnios divinos, diz: “Na verdade, o homem não era [45]
necessário”. É isto, já não somos necessários.
E a outra frase metida nessa encrenca é aquela da Bíblia, que dizia que o “sábado foi
feito para o homem e não o homem para o sábado”. Isso foi antigamente. Pois achávamos que
a máquina havia sido [50] feita para o homem, mas Baudrillard, as companhias aéreas e as
telefônicas mais os servidores de informática nos convenceram de que “o homem é que foi
feito para a máquina”. Ao telefone só se fala com máquinas, e algumas empresas – esses
servidores de [55] informática – nem seus telefones disponibilizam. Estou, por exemplo, há
quatro meses tentando falar com alguém no “hotmail” e lá não tem viv’alma, só fantasmas
eletrônicos sem rosto e sem voz.
Permita-me, eventual e concreto leitor, lhe fazer [60] uma pergunta indiscreta. Quanto
tempo diariamente você está gastando com e-mails? Quanto tempo para apagar o lixo e
responder bobagens? Faça a conta, some.
Drummond certa vez escreveu: “Ao telefone [65] perdeste muito tempo de semear”. Ele
é porque não conheceu a internet, que, tanto quanto o celular, usada desregradamente é a
grande sorvedora de tempo da pós-modernidade.
Por estas e por outras é que estou pensando [70] seriamente em voltar às cartas, quem
sabe ao pergaminho. E a primeira medida é reencontrar o papel carbono.
(SANT’ANNA, Affonso Romano de. Tempo de delicadeza. Porto Alegre: L&PM, 2009)
b) a citação de escritores e poetas como Rubem Braga (l. 4), Vinícius de Moraes (l. 41) e
Drummond (l. 64), além de servir como argumento de autoridade, indica que se trata de um
texto de caráter literário.
c) os comentários entre parênteses (l. 16 e 17) e (l. 36 a 39) servem para estabelecer um
diálogo direto com o interlocutor, indicando opiniões do locutor em relação ao que ele disse
anteriormente.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque o autor constrói, com “e tive”, uma relação de
apresentação de suas experiências, sem a utilização, necessariamente, de elementos
conotativos em todas elas.
A alternativa B está incorreta, porque o texto é literário por ser uma crônica e não por
meio das citações de outros autores. É um texto reflexivo sobre as modificações da vida
moderna.
Gabarito: C
Prezado senhor:
Gosto de palavras. 1Gosto de palavras gordas, untuosas, como lodo, torpitude,
glutinoso, bajulador. Gosto de palavras solenes, como pudico, ranzinza, pecunioso,
valetudinário. 2Gosto de palavras espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura,
mundana. Gosto de suaves palavras com “V”, como Svengali, avesso, bravura, verve. Gosto
de palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, como estilha, croque, esbarrão, crosta.
3
Gosto de palavras emburradas, carrancudas, amuadas, como furtivo, macambúzio,
escabioso, sovina. 4Gosto de palavras chocantes, exclamativas, enfáticas, como astuto,
estafante, requintado, horrendo. Gosto de palavras elegantes, rebuscadas, como estival,
peregrinação, Elísio, Alcíone. Gosto de palavras vermiformes, contorcidas, farinhentas,
CPF 17672808745
Robert Pirosh
Madison Avenue, 385
Quarto 610
Nova York
Eldorado 5-6024.
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas notáveis . Trad. de
Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.p. 48.)
2. (AFA/2020)
Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena
ocorre na cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de Xantós, um filósofo grego, que
recebe o convidado Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e
Melita, escravos de Xantós.
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está coberto com um pano. Xantós
e Agnostos se dirigem para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-
se.)
XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer com as mãos, e faz um
sinal para que Melita sirva Agnostos. Este também começa a comer vorazmente, dando
grunhidos de satisfação.) Fizeste bem em trazer língua, Esopo. É realmente uma das
melhores coisas do mundo. (Sinal para que sirvam o vinho. Esopo serve, Xantós bebe.)
Vês, estrangeiro, de qualquer modo é bom possuir riquezas. Não gostas de saborear esta
CPF 17672808745
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com prato coberto)
XANTÓS – Agora que já sabemos o que há de melhor na terra, vejamos o que há de pior
na opinião deste 1horrendo escravo! Língua, ainda? Mais língua? Não disseste que língua
era o que havia de melhor? Queres ser espancado?
ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o
início de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que usam os maus
poetas que nos fatigam na praça, é a língua que usam os filósofos que não sabem pensar.
É a língua que mente, que esconde, que tergiversa, que blasfema, que insulta, que se
acovarda, que se mendiga, que impreca, que bajula, que destrói, que calunia, que vende,
que seduz, é com a língua que dizemos morre e canalha e corja. É com a língua que
dizemos não. Com a língua Aquiles mostrou sua cólera, com a língua a Grécia vai tumultuar
os 2pobres cérebros humanos para toda a eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua é
a pior de todas as coisas!
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. Cópia digitalizada pelo GETEB – Grupo de
Estudos e Pesquisa em Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins didáticos em
www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme-figueiredo-araposa-e-as-uvas-2/ Acesso em
13/03/2019.)
Onde terá ido essa palavra, que ele tinha na ponta da língua?
Haverá algum lugar onde se juntam todas as palavras que não quiseram ficar? Um reino
das palavras perdidas? As palavras que você deixou escapar, onde estarão à sua espera?
(GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 222)
3. (AFA/2019)
Violência: presente e passado da história
Vilma Homero
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar que estamos nos afastando dos
tempos da "barbárie pura e simples" para alcançar uma almejada "civilização", calcada
sobre 1relações livres, iguais e fraternas, típicas do homem culto. 2Um olhar sobre a
história, no entanto, põe em xeque esta visão utópica. 3Organizado pelos historiadores
Regina Bustamante e José Francisco de Moura, 4o livro Violência na História, publicado
pela Mauad Editora com apoio da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram, ao longo
do tempo, diferentes aspectos da violência, propondo uma reflexão mais demorada sobre
o tema. 5Nos ensaios reunidos no livro, podemos vislumbrar como, desde a antiguidade e
ao longo da história humana, 6a violência se insere, sob diversos vieses, nas relações de
poder, 7seja entre Estado e cidadãos, entre livres e escravos, entre homens e mulheres, ou
entre diferentes religiões. "Durante a Idade Média, por exemplo, vemos como a violência
se manifesta na religiosidade, durante o movimento das Cruzadas. 8Ou, hoje, no caso dos
movimentos sociais, como ela acontece em relação aos excluídos das favelas. O sentido é
amplo. A desigualdade social, por exemplo, é um tipo de violência; a expropriação do
patrimônio cultural, que significa não permitir que a memória cultural de determinado
grupo se manifeste, também", prossegue a organizadora. (...) A própria palavra "violência",
que etimologicamente deriva do latim vis, com significado de força, virilidade, pode ser
positiva em termos de transformação social, no sentido de uma violência revolucionária,
usada como forma de se tentar transformar uma sociedade em determinado momento.
(...) Essas variadas abordagens vão aparecendo ao longo do livro.
9
(...) Na Roma antiga, as penas, aplicadas após julgamento, ganhavam um sentido
religioso. Despido de sua humanidade, o réu era declarado 10homo sacer. 11Ou seja, sua
vida passava a ser consagrada aos deuses. 12Segundo a pesquisadora Norma Mendes,
"havia o firme propósito de fazer da morte dos condenados 13um espetáculo de caráter
exemplar, revestido de sentido religioso e de dominação, cuja função era o reforço,
manutenção e ratificação das relações de poder." (...) 14O historiador Francisco Carlos
Teixeira da Silva é um dos que traz a discussão para o presente, analisando as
CPF 17672808745
transformações políticas do último século. 15"Desde Voltaire até Kant e Hegel, 16acreditava-
se no contínuo aperfeiçoamento da condição humana como uma marcha inexorável em
direção à razão. (...) O Holocausto, perpetrado em um dos países mais avançados e cultos
à época, 17deixou claro que a luta pela dignidade humana é um esforço contínuo e, pior
de tudo, lento. (...) 18E, sobretudo, mais de 50 anos depois da II Guerra Mundial, a
19
ocorrência de outros genocídios – Ruanda, Iugoslávia, Camboja etc. – leva a refletir sobre
a convivência entre os homens nesse começo do século XXI." O historiador prossegue:
"20De forma paradoxal, a globalização, conforme se aprofunda e pluga os homens a
escalas planetárias, 21é fortemente acompanhada pelo localismo e o particularismo
religioso, étnico ou cultural, promovendo ódios e incompreensões crescentes. 22Na Bósnia
ou em Kosovo, na Faixa de Gaza ou na Irlanda do Norte, a capacidade de entendimento
23
chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária ou não,
entre bairros pode representar a morte." 24Como nem tudo se limita às questões políticas
e às guerras, o livro ainda analisa as formas que a violência assume nas relações de gênero,
na religião, na cultura e aborda também a questão dos direitos humanos, vista sob a
perspectiva de diferentes sistemas culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)
4. (EFOMM/2018)
O homem deve reencontrar o Paraíso...
Rubem Alves
Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na
enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um
pedaço. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um
barco, o mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham,
compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades.
Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes
necessários para se navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de fazer
no barco: manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia, meteorologia,
as velas, as cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar,
o rádio, as ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse certo o poeta: Navegar é preciso,
a ciência da navegação é saber preciso, exige aparelhos, números e medições. Barcos se
fazem com precisão, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com
saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação não informam
CPF 17672808745
mais ou menos. Assim, eles se tomaram cientistas, especialistas, cada um na sua - juntos
para navegar.
Chegou então o momento da grande decisão - para onde navegar. Um sugeria as
geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Nomega, um outro queria conhecer
os exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse navegar
nas rotas de Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a
escolha do destino, as ciências que conheciam para nada serviam.
De nada valiam números, tabelas, gráficos, estatísticas. Os computadores, coitados,
chamados a dar o seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não têm preferências
- falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados
sobre o porto de sua escolha, disseram que não entendiam a pergunta, que não lhes
importava para onde se estava indo.
Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com os sonhos. Infelizmente
a ciência, utilíssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o
coração humano. E preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação. Mas o
coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é coisa imprecisa. Disse certo
o poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso
desejo de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar.
Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas.
Ezra Pound inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mAR/assestamos a quilha
contra as vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra,
monótona/parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande mar/ multiplicada em
suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta,
no mar mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O nosso
leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver é navegar no grande mar! Não só
os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma galera
que navega pelos mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez
maior. A cada novo dia recebem remos novos, mais perfeitos. O ritmo das remadas
acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas,
perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos
importa. O que importa é a velocidade com que navegamos.
C. Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa civilização por meio duma
imagem plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem
com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de para
onde navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem
ter ideia do para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia.
Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não
é isso. Utopia é um ponto inatingível que indica uma direção.
Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas são inatingíveis...
ora!/Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora/ A mágica
presença das estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já na
década de 1920 diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos consciência de
direções, não escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino.
Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas, determinadas pelo pragmatismo
da tecnologia (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o
importante é saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver
este problema concreto particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco
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otimista: não preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo.
Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência da navegação, sem que os
estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas
universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica: cada especialista se
dedica, com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua
vela, seu mastro.
Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas
pesquisas serão publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para
onde seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os sonhos não
são objetos de conhecimento científico...
E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem
mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas,
começando com as crianças e continuando com os cientistas, como outra que não a da
realização do dito do poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso.
É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto ciência. Mas é
necessário apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A terra dos filhos
dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro,
os homens sonham com navegar. Depois aprendem a ciência da navegação. E inútil
ensinar a ciência da navegação a quem mora nas montanhas...
O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de
felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é jardim, lugar de felicidade,
prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta:
o deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado
progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em
direção ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ninguém questiona a direção.
Assinale a alternativa em que fragmento do texto que, quanto ao tipo textual, pode se
classificar como descritivo.
a) Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o
mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham,
compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver (...)
b) Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na
enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um
pedaço.
c) Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários
(...)
d) Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com os sonhos. Infelizmente a
ciência, utilíssima, especialista em saber ‘como as coisas funcionam’, tudo ignora sobre o
coração humano.
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5. (AFA/2017)
RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
– em que espelho ficou perdida
a minha face?
MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958.
ENVELHECER
Arnaldo Antunes/Ortinho/Marcelo Jeneci
A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer
Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer
Não quero morrer pois quero ver como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver para ver qual é e dizer venha pra o que vai acontecer
(...)
Pois ser eternamente adolescente nada é mais *démodé com os ralos fios de cabelo sobre
a
[testa que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr.
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(...)
*démodé: fora de moda
www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_sel.php?id=679
LEITE DERRAMADO
“Um homem muito velho está num leito de hospital. E desfia a quem quiser ouvir suas
memórias. Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo
como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.”
Não sei por que você não me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com
bruteza e joga sol no meu rosto. Não sei que graça pode achar dos meus esgares, é uma
pontada cada vez que respiro. Às vezes aspiro fundo e encho os pulmões de um ar
insuportável, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da
doença e da velhice, talvez minha vida já fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me
AULA 01 – CONCEITOS BÁSICOS INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
76
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Prof. Wagner Santos
espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi
atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida. Mas
nem assim você me dá os remédios, você é meio desumana. Acho que nem é da
enfermagem, nunca vi essa cara sua por aqui. Claro, você é a minha filha que estava na
contraluz, me dê um beijo. Eu ia mesmo lhe telefonar para me fazer companhia, me ler
jornais, romances russos. Fica essa televisão ligada o dia inteiro, as pessoas aqui não são
sociáveis. Não estou me queixando de nada, seria uma ingratidão com você e com o seu
filho. Mas se o garotão está tão rico, não sei por que diabos não me interna em uma casa
de saúde tradicional, de religiosas. Eu próprio poderia arcar com viagem e tratamento no
estrangeiro, se o seu marido não me tivesse arruinado.
BUARQUE, Chico. Leite derramado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 10-11.
6. (AFA/2016)
FAVELÁRIO NACIONAL
Carlos Drummond de Andrade
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benévolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas, favela, ciao,
que este nosso papo
está ficando tão desagradável.
vês que perdi o tom e a empáfia do começo?
(ANDRADE, Carlos Drummond de, Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984)
Nos versos: “Mas, favela, ciao, / que este nosso papo / está ficando tão desagradável / vês
que perdi o tom e a empáfia do começo?”, verifica-se a presença das funções de
linguagem
a) apelativa e referencial.
b) poética e referencial.
c) metalinguística e apelativa.
d) fática e emotiva.
7. (AFA/2012)
Texto I
O silêncio incomoda
Como trabalho em casa, assisto a um grande número de jogos e programas
1
esportivos, alguns porque gosto e outros para me manter atualizado, vejo ainda muitos
noticiários gerais, filmes, programas culturais (são pouquíssimos) e também, por
curiosidade, muitas coisas ruins. Estou viciado em televisão.
Não suporto mais ver 25tantas tragédias, crimes, violências, falcatruas e tantas
politicagens para a realização da Copa de 2014.
Estou sem paciência 20para assistir a tantas partidas tumultuadas no Brasil,
consequência do estilo de jogar, da tolerância com a violência e do ambiente bélico em
14
que 9se transformou o futebol, dentro e fora do campo.
Na transmissão das partidas, 30fala-se e grita-se demais. Não há um único instante de
silêncio, nenhuma pausa. O barulho é cada dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos
restaurantes e em quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas.
É óbvio 15que informações e estatísticas são importantíssimas. Mas exageram. 2Fala-
se 26muito, mesmo com a bola rolando. Impressiona-me 18como 10se formam conceitos,
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mesma partida.
Parece haver uma disputa para saber 19quem dá mais informações e estatísticas, e
22
outra, entre os narradores, 3para saber quem grita gol mais 23alto e 24prolongado. 11Se
dizem 16que a imagem vale mais que mil palavras, por que se fala e se grita tanto?
Outra discussão 27chata, durante e após as partidas, é 8se um jogador teve a
21
intenção de colocar a mão na bola e de fazer pênalti, e se outro teve a intenção de atingir
o adversário. Com raríssimas exceções, 4ninguém é louco para fazer pênalti nem tão
canalha para querer quebrar o outro jogador.
O que ocorre, com frequência, é 5o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço
7
na cara do outro. O impulso está à frente da consciência. Não sou também tão ingênuo
para achar 17que todas as faltas violentas são involuntárias.
Não dá para o árbitro saber 12se a falta foi intencional ou não. Ele precisa julgar o fato,
e não a intenção. Eles precisam ter também bom senso, o que é raro no ser humano, para
saber a gravidade das faltas. 29Muitas parecem 28iguais, mas não são. Ter critério não é
unificar as diferenças.
(Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D, “esporte”, p. 11, 10/04/2011.)
Texto II
O ídolo
os baldios, joga e joga e joga nos ermos dos subúrbios até que a noite cai e ninguém mais
consegue ver a bola, e, quando jovem, voa e faz voar nos estádios. Suas artes de
malabarista convocam multidões, domingo após domingo, de vitória em vitória, de
ovação em ovação.
A bola 13o procura, 14o reconhece, precisa dele. No peito de 18seu pé, ela descansa
4
e se embala. 6Ele 19lhe dá brilho e 20a faz falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de
mudos conversam. 11Os Zé Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém,
podem sentir-se alguém por um momento, por obra e graça desses passes devolvidos
num toque, 16essas fintas que desenham os zês na grama, 17esses golaços de calcanhar ou
de bicicleta: quando ele joga o time tem doze jogadores.
— Doze? Tem quinze! Vinte!
A bola ri, radiante, no ar. Ele a amortece, a adormece, diz galanteios, dança com
10
ela, e vendo essas coisas nunca vistas, seus adoradores sentem piedade por seus netos
ainda não nascidos, que não estão vendo 15o que acontece.
Mas o ídolo é ídolo apenas por um momento, humana eternidade, coisa de nada;
22
e quando chega a hora do azar para o pé de ouro, a estrela conclui sua viagem do
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resplendor à escuridão. 3Esse corpo está com mais remendos que roupa de palhaço, o
acrobata virou paralítico, o artista é uma besta:
— Com a ferradura, não!
8
A fonte da felicidade pública se transforma no 12para-raios do rancor público:
— Múmia!
Às vezes, o ídolo não cai inteiro. 5E, às vezes, 2quando 9se quebra, a multidão 21
o
devora aos pedaços.
(Eduardo Galeano. Futebol, ao sol e à sombra.)
8. (Escola Naval/2017)
Leia o texto abaixo e responda à questão.
O dono do livro
Li outro dia um fato real narrado pelo escritor moçambicano Mia Couto. Ele disse que
certa vez chegou em casa no fim do dia, já havia anoitecido, quando um garoto humilde
de 16 anos o esperava sentado no muro. O garoto estava com um dos braços para trás, o
que perturbou o escritor, que imaginou que pudesse ser assaltado.
Mas logo o menino mostrou o que tinha em mãos: um livro do próprio Mia Couto.
Esse livro é seu? perguntou o menino. Sim, respondeu o escritor. Vim devolver. O garoto
explicou que horas antes estava na rua quando viu uma moça com aquele livro nas mãos,
cuja capa trazia a foto do autor.
O garoto reconheceu Mia Couto pelas fotos que já havia visto em jornais. Então
perguntou para a moça: Esse livro é do Mia Couto? Ela respondeu: E. E o garoto mais que
ligeiro tirou o livro das mãos dela e correu para a casa do escritor para fazer a boa ação de
devolver a obra ao verdadeiro dono.
Uma história assim pode acontecer em qualquer país habitado por pessoas que
ainda não estejam familiarizadas com os livros - aqui no Brasil, inclusive. De quem é o livro?
A resposta não é a mesma de quando se pergunta: “Quem escreveu o livro?”.
O autor é quem escreve, mas o livro é de quem lê, e isso de uma forma muito mais
abrangente do que o conceito de propriedade privada - comprei, é meu. O livro é de
quem lê mesmo quando foi retirado de uma biblioteca, mesmo que seja emprestado,
mesmo que tenha sido encontrado num banco de praça.
O livro é de quem tem acesso às suas páginas e através delas consegue imaginar os
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(A) Conativa.
(B) Referencial.
(C) Emotiva.
(D) Fática.
(E) Metalinguística.
Minha amiga me pergunta: por que você fala sempre nas coisas que acontecem a
primeira vez e, sobretudo, as compara com a primeira vez que você viu o mar? Me lembro
dessa cena: um adolescente chegando ao Rio e o irmão lhe prevenindo: “Amanhã vou te
apresentar o mar.” Isto soava assim: amanhã vou te levar ao outro lado do mundo, amanhã
te ofereço a Lua. Amanhã você já não será o mesmo homem.
E a cena continuou: resguardado pelo irmão mais velho, que se assentou no banco
do calçadão, o adolescente, ousado e indefeso, caminha na areia para o primeiro encontro
com o mar. Ele não pisava na areia. Era um oásis a caminhar. Ele não estava mais em Minas,
mas andava num campo de tulipas na Holanda. O mar a primeira vez não é um rito que
deixe um homem impune. Algo nele vai-se aprofundar.
E o irmão lá atrás, respeitoso, era a sentinela, o sacerdote que deixa o iniciante no
limiar do sagrado, sabendo que dali para a frente o outro terá que, sozinho, enfrentar o
dragão. E o dragão lá vinha soltando pelas narinas as ondas verdes de verão. E o pequeno
cavaleiro, destemido e intimidado, tomou de uma espada ou pedaço de pau qualquer
para enfrentar a hidra que ondeava mil cabeças, e convertendo a arma em caneta ou lápis
começou a escrever na areia um texto que não terminará jamais. Que é assim o ato de
escrever: mais que um modo de se postar diante do mar, é uma forma de domar as vagas
do presente convertendo-o num cristal passado.
Não, não enchi a garrafinha de água salgada para. mostrar aos vizinhos tímidos
retidos nas montanhas, e fiz mal, porque muitos morreram sem jamais terem visto o mar
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que eu lhes trazia. Mas levei as conchas, é verdade, que na mesa interior marulhavam
lembranças de um luminoso encontro de amor com o mar.
Certa vez, adolescente ainda nas montanhas, li uma crônica onde um leitor de Goiás
pedia à cronista que lhe explicasse, enfim, o que era o mar. Fiquei perplexo. Não sabia
que o mar fosse algo que se explicasse. Nem me lembro da descrição. Me lembro apenas
da pergunta. Evidentemente eu não estava pronto para a resposta. A resposta era o mar.
E o mar eu conheci, quando pela primeira vez aprendi que a vida não é a arte de
responder, mas a possibilidade de perguntar.
Os cariocas vão achar estranho, mas eu devo lhes revelar: o carioca, com esse modo
natural de ir à praia, desvaloriza o mar. Ele val ao mar com a sem-cerimônia que o mineiro
vai ao quintal. E o mar é mais que horta e quintal. É quando atrás do verde-azul do instante
o desejo se alucina num cardume de flores no jardim. O mar é isso: é quando os vagalhões
da noite se arrebentam na aurora do sim.
Ver o mar a primeira vez, lhes digo, é quando Guimarães Rosa pela vez primeira, por
nós, viu o sertão. Ver o mar a primeira vez é quase abrir o primeiro consultório, fazer a
primeira operação. Ver o mar a primeira vez é comprar pela primeira vez uma casa nas
montanhas: que surpresas ondearão entre a lareira e a mesa de vinhos e queijos!
O mar é o mestre da primeira vez e não para de ondear suas lições. Nenhuma onda
é a mesma onda. Nenhum peixe o mesmo peixe. Nenhuma tarde a mesma tarde. O mar é
um morrer sucessivo e um viver permanente. Ele se desfolha em ondas e não para de
brotar. A contemplá-lo ao mesmo tempo sou jovem e envelheço.
O mar é recomeço.
(SANT' ANNA, Affonso Romano de. O mar, a primeira vez. In: Fizemos bem em resistir: crônicas
selecionadas. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p.50-52. Texto adaptado.)
a) “Minha amiga me pergunta: por que você fala sempre nas coisas que acontecem a
primeira vez [...]?” (1º§)
b) “Me lembro dessa cena: um adolescente chegando ao Rio e o irmão lhe prevenindo:
'Amanhã vou te apresentar o mar.'” (1º§)
c) “E o irmão lá atrás, respeitoso, era a sentinela, o sacerdote que deixa o iniciante no limiar
do sagrado, [...].” (3º§)
d) “Não, não enchi a garrafinha de água salgada para mostrar aos vizinhos tímidos retidos
nas montanhas, [...].” (4º§)
e) “Certa vez, adolescente ainda nas montanhas, li uma crônica onde um leitor de Goiás
pedia à cronista que lhe explicasse, enfim, o que era o mar.” (5º§)
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita
e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de
teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
Lista 02 – Gabarito
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1. D 8. E
2. C 9. A
3. C 10. A
4. B 11. D
5. D 12. D
6. C 13. A
7. A
Prezado senhor:
Gosto de palavras. 1Gosto de palavras gordas, untuosas, como lodo, torpitude,
glutinoso, bajulador. Gosto de palavras solenes, como pudico, ranzinza, pecunioso,
valetudinário. 2Gosto de palavras espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura,
mundana. Gosto de suaves palavras com “V”, como Svengali, avesso, bravura, verve. Gosto de
palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, como estilha, croque, esbarrão, crosta. 3Gosto
Robert Pirosh
Madison Avenue, 385
Quarto 610
Nova York
Eldorado 5-6024.
CPF 17672808745
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas notáveis . Trad. de
Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.p. 48.)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o autor utiliza de coloquialismo para gerar
proximidade com o interlocutor. Essa informalidade é possível para o contexto, uma vez que
o cargo de roteirista demanda criatividade com as palavras, a qual o autor apresenta ao fugir
adequadamente da comunicação formal para convencer o interlocutor.
A alternativa B está incorreta, pois o uso do discurso direto não é responsável por
produzir proximidade. Dado que o autor fala sobre si próprio, numa comunicação direta com
seu interlocutor, o discurso direto poderia ser utilizado mesmo em uma comunicação mais
formal. O estilo de interlocução é própria do gênero textual carta.
Gabarito: D
2. (AFA/2020)
Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena ocorre
na cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de Xantós, um filósofo grego, que recebe o
convidado Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e Melita, escravos
de Xantós.
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está coberto com um pano. Xantós e
Agnostos se dirigem para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.)
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XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer com as mãos, e faz um sinal
para que Melita sirva Agnostos. Este também começa a comer vorazmente, dando grunhidos
de satisfação.) Fizeste bem em trazer língua, Esopo. É realmente uma das melhores coisas do
mundo. (Sinal para que sirvam o vinho. Esopo serve, Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de
qualquer modo é bom possuir riquezas. Não gostas de saborear esta língua e este vinho?
AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum.
XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda e volta imediatamente com outro prato
coberto. Serve, Xantós de boca cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro! É bom língua de
fumeiro, hein, amigo?
AGNOSTOS – Hum. (Xantós serve-se de vinho) /.../ XANTÓS (A Esopo) Serve outro prato.
(Serve) Que trazes aí?
ESOPO – Língua.
XANTÓS – Mais língua? Não te disse que trouxesse o que há de melhor para meu hóspede?
Por que só trazes língua? Queres expor-me ao ridículo?
ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua é o que nos une todos, quando falamos.
Sem a língua nada poderíamos dizer. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e
da razão. Graças à língua dizemos o nosso amor. Com a língua se ensina, se persuade, se
instrui, se reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se mostra, se afirma. É com a língua
que dizemos sim. É a língua que ordena os exércitos à vitória, é a língua que desdobra os
versos de Homero. A língua cria o mundo de Ésquilo, a palavra de Demóstenes. Toda a Grécia,
Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de Pidias, dos deuses do Olimpo à glória sobre
Tróia, da ode do poeta ao ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi feita com a língua, a
língua de belos gregos claros falando para a eternidade.
XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) – Bravo, Esopo. Realmente, tu nos
trouxeste o que há de melhor. (Toma outro saco da cintura e atira-o ao escravo) Vai agora ao
mercado, e traze-nos o que houver de pior, pois quero ver a sua sabedoria! (Esopo retira-se à
frente com o saco, Xantós fala a Agnostos.) Então, não é útil e bom possuir um escravo assim?
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com prato coberto)
XANTÓS – Agora que já sabemos o que há de melhor na terra, vejamos o que há de pior na
opinião deste 1horrendo escravo! Língua, ainda? Mais língua? Não disseste que língua era o
que havia de melhor? Queres ser espancado?
ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início
de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que usam os maus poetas
que nos fatigam na praça, é a língua que usam os filósofos que não sabem pensar. É a língua
que mente, que esconde, que tergiversa, que blasfema, que insulta, que se acovarda, que se
mendiga, que impreca, que bajula, que destrói, que calunia, que vende, que seduz, é com a
língua que dizemos morre e canalha e corja. É com a língua que dizemos não. Com a língua
Aquiles mostrou sua cólera, com a língua a Grécia vai tumultuar os 2pobres cérebros humanos
para toda a eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua é a pior de todas as coisas!
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. Cópia digitalizada pelo GETEB – Grupo de
Estudos e Pesquisa em Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins didáticos em
www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme-figueiredo-araposa-e-as-uvas-2/ Acesso em
13/03/2019.)
Javier Villafañe busca em vão a palavra que deixou escapar bem quando ia pronunciá-
la. Onde terá ido essa palavra, que ele tinha na ponta da língua?
Haverá algum lugar onde se juntam todas as palavras que não quiseram ficar? Um reino
das palavras perdidas? As palavras que você deixou escapar, onde estarão à sua espera?
(GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 222)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois, embora ocorra metalinguagem no momento que o
foco do texto é a própria linguagem, infere-se do contexto que a busca pela palavra certa é,
por si só, uma forma de fazer poesia, de modo que não é necessário possuir a palavra exata.
A alternativa B está incorreta, pois o texto de Eduardo Galeano não possui a estrutura
de uma carta, como destinatário, saudação e assinatura.
A alternativa C está correta, pois o foco do texto é questionar qual o destino ( Haverá
algum lugar onde se juntam todas as palavras que não quiseram ficar?) das palavras nunca
pronunciadas (essa palavra, que ele tinha na ponta da língua?).
Ao olhar para o passado, costumamos imaginar que estamos nos afastando dos tempos
da "barbárie pura e simples" para alcançar uma almejada "civilização", calcada sobre 1relações
livres, iguais e fraternas, típicas do homem culto. 2Um olhar sobre a história, no entanto, põe
em xeque esta visão utópica. 3Organizado pelos historiadores Regina Bustamante e José
Francisco de Moura, 4o livro Violência na História, publicado pela Mauad Editora com apoio
da FAPERJ, reúne diversos ensaios que mostram, ao longo do tempo, diferentes aspectos da
violência, propondo uma reflexão mais demorada sobre o tema. 5Nos ensaios reunidos no
CPF 17672808745
entendimento 23chegou a seu mais baixo nível de tolerância, e transpor uma linha, imaginária
ou não, entre bairros pode representar a morte." 24Como nem tudo se limita às questões
políticas e às guerras, o livro ainda analisa as formas que a violência assume nas relações de
gênero, na religião, na cultura e aborda também a questão dos direitos humanos, vista sob a
perspectiva de diferentes sistemas culturais.
(http://www.faperj.br/?id=1518.2.4. Acesso em 05 de março de 2018.)
Comentários:
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A alternativa A está incorreta, pois a palavra plugar é utilizada fora do sentido literal
(ligar um aparelho à tomada), significando unir homens.
A alternativa B está incorreta, pois a palavra olhar é utilizada fora do sentido literal
(observar dirigindo os olhos a algo), significando analisar.
A alternativa C está correta, pois a palavra penas é utilizada com seu sentido denotativo,
com significado de penalidade.
A alternativa D está incorreta, pois a palavra marcha é utilizada fora do sentido literal
(modo de andadura de uma pessoa ou animal), significando destino, futuro traçado.
Gabarito: C
4. (EFOMM/2018)
O homem deve reencontrar o Paraíso...
Rubem Alves
Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na
enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um
pedaço. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco,
o mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham,
compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades.
Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários
para se navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco:
manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia, meteorologia, as velas, as
cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as
ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse certo o poeta: Navegar é preciso, a ciência da
navegação é saber preciso, exige aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com
precisão, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos
AULA 01 – CONCEITOS BÁSICOS INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
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Prof. Wagner Santos
sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação não informam mais ou menos.
Assim, eles se tomaram cientistas, especialistas, cada um na sua - juntos para navegar.
Chegou então o momento da grande decisão - para onde navegar. Um sugeria as
geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Nomega, um outro queria conhecer os
exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas
de Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a escolha do
destino, as ciências que conheciam para nada serviam.
De nada valiam números, tabelas, gráficos, estatísticas. Os computadores, coitados,
chamados a dar o seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não têm preferências -
falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados
sobre o porto de sua escolha, disseram que não entendiam a pergunta, que não lhes
importava para onde se estava indo.
Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com os sonhos. Infelizmente a
ciência, utilíssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o
coração humano. E preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação. Mas o
coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é coisa imprecisa. Disse certo o
poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo
de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar.
Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas.
Ezra Pound inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mAR/assestamos a quilha contra
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as vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, monótona/parece-
nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande mar/ multiplicada em suas malhas de perigo.
E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar mais distante. Que
as vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra
dos nossos filhos... Viver é navegar no grande mar! Não só os poetas: C. Wright Mills, um
sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos mares. Nos
porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia recebem
remos novos, mais perfeitos. O ritmo das remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do
remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o porto do destino,
respondem os remadores: O porto não nos importa. O que importa é a velocidade com que
navegamos.
C. Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa civilização por meio duma
imagem plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem
com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de para onde
navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do
para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia, na
linguagem comum, é usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é
um ponto inatingível que indica uma direção.
Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas são inatingíveis... ora!/Não
é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora/ A mágica presença das
estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já na década de 1920
diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos consciência de direções, não
escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino.
Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas, determinadas pelo pragmatismo da
tecnologia (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é
saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema
concreto particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco otimista: não
preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo.
Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência da navegação, sem que os
estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas
universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica: cada especialista se dedica,
com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu
mastro.
Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas
pesquisas serão publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde
seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os sonhos não são objetos
de conhecimento científico...
E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem
mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas,
começando com as crianças e continuando com os cientistas, como outra que não a da
realização do dito do poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso.
É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto ciência. Mas é
necessário apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A terra dos filhos
dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro, os
homens sonham com navegar. Depois aprendem a ciência da navegação. E inútil ensinar a
ciência da navegação a quem mora nas montanhas...
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O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de
felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é jardim, lugar de felicidade,
prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta: o
deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado
progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direção
ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que
as florestas são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche
de gases, os campos se cobrem de lixo - e tudo ficou feio e triste.
Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino - psicologias e
quinquilharias - e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso.
OBS.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico.
Assinale a alternativa em que fragmento do texto que, quanto ao tipo textual, pode se
classificar como descritivo.
a) Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar,
o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um
barco capaz de atravessar mares e sobreviver (...)
b) Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na enorme
teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço.
c) Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários (...)
d) Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com os sonhos. Infelizmente a
ciência, utilíssima, especialista em saber ‘como as coisas funcionam’, tudo ignora sobre o
coração humano.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois aqui se vê uma sucessão de ações, o que caracteriza
um texto narrativo.
A alternativa B está correta, pois nesse caso há uma descrição metafórica da família e
sua relação com a cidade, em que a família é entendida como moscas e a cidade uma aranha
que a ataca.
A alternativa C está incorreta, pois esse trecho faz uma elucubração filosófica, não uma
descrição.
A alternativa D está incorreta, pois esse trecho é levemente dissertativo, trazendo uma
opinião embasada.
A alternativa E está incorreta, pois esse trecho faz uma elucubração filosófica, não uma
descrição.
Comentários: B
5. (AFA/2017)
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RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
– em que espelho ficou perdida
a minha face?
MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958.
ENVELHECER
Arnaldo Antunes/Ortinho/Marcelo Jeneci
A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer
Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer
Não quero morrer pois quero ver como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver para ver qual é e dizer venha pra o que vai acontecer
(...)
Pois ser eternamente adolescente nada é mais *démodé com os ralos fios de cabelo sobre a
[testa que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr.
(...)
*démodé: fora de moda
www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_sel.php?id=679
meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e
seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e
dignidade.
Art. 4 – Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência,
crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou por omissão, será
punido na forma da lei.
www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm
LEITE DERRAMADO
“Um homem muito velho está num leito de hospital. E desfia a quem quiser ouvir suas
memórias. Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como
pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.”
Não sei por que você não me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com
bruteza e joga sol no meu rosto. Não sei que graça pode achar dos meus esgares, é uma
pontada cada vez que respiro. Às vezes aspiro fundo e encho os pulmões de um ar
insuportável, para ter alguns segundos de conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da
doença e da velhice, talvez minha vida já fosse um pouco assim, uma dorzinha chata a me
espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi atroz.
E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida. Mas nem assim
você me dá os remédios, você é meio desumana. Acho que nem é da enfermagem, nunca vi
essa cara sua por aqui. Claro, você é a minha filha que estava na contraluz, me dê um beijo. Eu
ia mesmo lhe telefonar para me fazer companhia, me ler jornais, romances russos. Fica essa
televisão ligada o dia inteiro, as pessoas aqui não são sociáveis. Não estou me queixando de
nada, seria uma ingratidão com você e com o seu filho. Mas se o garotão está tão rico, não sei
por que diabos não me interna em uma casa de saúde tradicional, de religiosas. Eu próprio
poderia arcar com viagem e tratamento no estrangeiro, se o seu marido não me tivesse
arruinado.
BUARQUE, Chico. Leite derramado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 10-11.
Comentários:
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Gabarito: D
6. (AFA/2016)
FAVELÁRIO NACIONAL
Carlos Drummond de Andrade
conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro:
Baixou em mim na viração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
Nos versos: “Mas, favela, ciao, / que este nosso papo / está ficando tão desagradável / vês que
perdi o tom e a empáfia do começo?”, verifica-se a presença das funções de linguagem
a) apelativa e referencial.
b) poética e referencial.
c) metalinguística e apelativa.
d) fática e emotiva.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois não há uso da função apelativa, dado que não há
intenção de convencer o leitor, nem da função referencial, pois o eu-lírico não passa
informações ou dados reais ao leitor.
A alternativa B está incorreta, pois, embora seja possível identificar o uso da função
poética, pela estrutura em versos e pela presença do eu-lírico, não há função referencial.
A alternativa C está incorreta, pois não há função metalinguística, dado que o foco do
texto não é a linguagem em si, nem há uso da função apelativa.
A alternativa D está correta, pois o uso da primeira pessoa e a abordagem do
sentimento do eu-lírico indicam a presença da função emotiva, enquanto o início do trecho
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citado, “Mas, favela, ciao” mostra a formação de um canal de comunicação entre o eu-lírico e
a Favela, o que caracteriza a função fática.
Gabarito: C
7. (AFA/2012)
Texto I
O silêncio incomoda
1
Como trabalho em casa, assisto a um grande número de jogos e programas esportivos,
alguns porque gosto e outros para me manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais,
filmes, programas culturais (são pouquíssimos) e também, por curiosidade, muitas coisas
ruins. Estou viciado em televisão.
Não suporto mais ver 25tantas tragédias, crimes, violências, falcatruas e tantas
politicagens para a realização da Copa de 2014.
Estou sem paciência 20para assistir a tantas partidas tumultuadas no Brasil, consequência
do estilo de jogar, da tolerância com a violência e do ambiente bélico em 14que 9se
transformou o futebol, dentro e fora do campo.
Na transmissão das partidas, 30fala-se e grita-se demais. Não há um único instante de
silêncio, nenhuma pausa. O barulho é cada dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos
restaurantes e em quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas.
É óbvio 15que informações e estatísticas são importantíssimas. Mas exageram. 2Fala-se
26
muito, mesmo com a bola rolando. Impressiona-me 18como 10se formam conceitos, dão
opiniões, baseados em estatísticas 13que têm pouca ou nenhuma importância.
Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV Globo deu a 6“grande notícia”, 21que
Neymar foi o primeiro jogador brasileiro a marcar dois gols contra a Escócia em uma mesma
partida.
22
Parece haver uma disputa para saber 19quem dá mais informações e estatísticas, e
outra, entre os narradores, 3para saber quem grita gol mais 23alto e 24prolongado. 11Se dizem
16
que a imagem vale mais que mil palavras, por que se fala e se grita tanto?
Outra discussão 27chata, durante e após as partidas, é 8se um jogador teve a intenção
21
de colocar a mão na bola e de fazer pênalti, e se outro teve a intenção de atingir o adversário.
Com raríssimas exceções, 4ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para querer
quebrar o outro jogador.
7
O que ocorre, com frequência, é 5o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na
cara do outro. O impulso está à frente da consciência. Não sou também tão ingênuo para
achar 17que todas as faltas violentas são involuntárias.
Não dá para o árbitro saber 12se a falta foi intencional ou não. Ele precisa julgar o fato,
e não a intenção. Eles precisam ter também bom senso, o que é raro no ser humano, para
saber a gravidade das faltas. 29Muitas parecem 28iguais, mas não são. Ter critério não é unificar
as diferenças.
(Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D, “esporte”, p. 11, 10/04/2011.)
Texto II
O ídolo
Em um belo dia, a deusa dos ventos beija o pé do homem, o maltratado, desprezado
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pé, e, desse beijo, nasce o ídolo do futebol. 7Nasce em berço de palha e barraco de lata e vem
ao mundo abraçado a uma bola.
Desde que aprende a andar, sabe jogar. Quando criança, alegra os descampados e os
1
baldios, joga e joga e joga nos ermos dos subúrbios até que a noite cai e ninguém mais
consegue ver a bola, e, quando jovem, voa e faz voar nos estádios. Suas artes de malabarista
convocam multidões, domingo após domingo, de vitória em vitória, de ovação em ovação.
4
A bola 13o procura, 14o reconhece, precisa dele. No peito de 18seu pé, ela descansa e
se embala. 6Ele 19lhe dá brilho e 20a faz falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos
conversam. 11Os Zé Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém, podem sentir-
se alguém por um momento, por obra e graça desses passes devolvidos num toque, 16essas
fintas que desenham os zês na grama, 17esses golaços de calcanhar ou de bicicleta: quando
ele joga o time tem doze jogadores.
— Doze? Tem quinze! Vinte!
A bola ri, radiante, no ar. Ele a amortece, a adormece, diz galanteios, dança com ela,
10
e vendo essas coisas nunca vistas, seus adoradores sentem piedade por seus netos ainda não
nascidos, que não estão vendo 15o que acontece.
22
Mas o ídolo é ídolo apenas por um momento, humana eternidade, coisa de nada; e
quando chega a hora do azar para o pé de ouro, a estrela conclui sua viagem do resplendor à
escuridão. 3Esse corpo está com mais remendos que roupa de palhaço, o acrobata virou
paralítico, o artista é uma besta:
— Com a ferradura, não!
8
A fonte da felicidade pública se transforma no 12para-raios do rancor público:
— Múmia!
Às vezes, o ídolo não cai inteiro. 5E, às vezes, 2quando 9se quebra, a multidão 21o devora
aos pedaços.
(Eduardo Galeano. Futebol, ao sol e à sombra.)
Comentários:
A alternativa A está correta, pois há uso recorrente de figuras de linguagem no texto II,
sendo predominante metáforas (a deusa dos ventos beija o pé do homem) e prosopopeias (A
bola ri, radiante, no ar), e a linguagem figurada caracteriza presença da função poética.
A alternativa B está incorreta, pois o texto II apresenta a construção de uma narrativa,
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na qual está presente uma grande quantidade de figuras de linguagem, mas não há uso da
1ª pessoa do singular, acompanhado da exposição de sentimentos e reflexões do
emissor, o que configurariam a função emotiva. Essa função pode ser notada, de forma
contida, no texto I apenas.
A alternativa C está incorreta, pois o texto I é composto pela exposição da opinião do
autor, que expressa, de forma contida, seu sentimento de desconforto, o que remete à função
emotiva, e uma reflexão sobre o conteúdo da televisão, com foco no futebol, apresentando
observações acerca do que encontra em seu cotidiano, o que caracteriza uso da função
referencial. Contudo, como não há mensagem direcionada ao leitor, com intuito de convencê-
lo, não há uso da função apelativa.
A alternativa D está incorreta, pois a metalinguagem constitui no uso de uma linguagem
(arte, um idioma) para se referir a si mesma. Um jogador de futebol escrever sobre o esporte
não configura, portanto, metalinguagem, posto que não há relação de reflexividade do
elemento sobre si próprio.
Gabarito: A
8. (Escola Naval/2017)
Leia o texto abaixo e responda à questão.
O dono do livro
Li outro dia um fato real narrado pelo escritor moçambicano Mia Couto. Ele disse que
certa vez chegou em casa no fim do dia, já havia anoitecido, quando um garoto humilde de
16 anos o esperava sentado no muro. O garoto estava com um dos braços para trás, o que
perturbou o escritor, que imaginou que pudesse ser assaltado.
Mas logo o menino mostrou o que tinha em mãos: um livro do próprio Mia Couto. Esse
livro é seu? perguntou o menino. Sim, respondeu o escritor. Vim devolver. O garoto explicou
que horas antes estava na rua quando viu uma moça com aquele livro nas mãos, cuja capa
trazia a foto do autor.
O garoto reconheceu Mia Couto pelas fotos que já havia visto em jornais. Então
perguntou para a moça: Esse livro é do Mia Couto? Ela respondeu: E. E o garoto mais que
ligeiro tirou o livro das mãos dela e correu para a casa do escritor para fazer a boa ação de
devolver a obra ao verdadeiro dono.
Uma história assim pode acontecer em qualquer país habitado por pessoas que ainda
não estejam familiarizadas com os livros - aqui no Brasil, inclusive. De quem é o livro? A
resposta não é a mesma de quando se pergunta: “Quem escreveu o livro?”.
O autor é quem escreve, mas o livro é de quem lê, e isso de uma forma muito mais
abrangente do que o conceito de propriedade privada - comprei, é meu. O livro é de quem
lê mesmo quando foi retirado de uma biblioteca, mesmo que seja emprestado, mesmo que
tenha sido encontrado num banco de praça.
O livro é de quem tem acesso às suas páginas e através delas consegue imaginar os
personagens, os cenários, a voz e o jeito com que se movimentam. São do leitor as sensações
provocadas, a tristeza, a euforia, o medo, o espanto, tudo o que é transmitido pelo autor, mas
que reflete em quem lê de uma forma muito pessoal. É do leitor o prazer. É do leitor a
identificação. É do leitor o aprendizado. É do leitor o livro.
Dias atrás gravei um comercial de rádio em prol do Instituto Estadual do Livro em que
falo aos leitores exatamente isso: os meus livros são os seus livros. E são, de fato. Não existe
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livro sem leitor. Não existe. É um objeto fantasma que não serve pra nada.
Aquele garoto de Moçambique não vê assim. Para ele, o livro é de quem traz o nome
estampado na capa, como se isso sinalizasse o direito de posse. Não tem ideia de como se dá
o processo todo, possivelmente nunca entrou numa livraria, nem sabe o que é tiragem.
Mas, em seu desengano, teve a gentileza de tentar colocar as coisas em seu devido
lugar, mesmo que para isso tenha roubado o livro de uma garota sem perceber.
Ela era a dona do livro. E deve ter ficado estupefata. Um fã do Mia Couto afanou seu
exemplar. Não levou o celular, a carteira, só quis o livro. Um danado de um amante da
literatura, deve ter pensado ela. Assim são as histórias escritas também pela vida, interpretadas
a seu modo por cada dono.
(Martha Medeiros. JORNAL ZERO HORA – 06/11/11/Revista O Globo, 25 de novembro de 2012.)
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque não há nenhuma indicação, no trecho em questão,
de ampliação de significação de palavras ou trecho.
A alternativa B está incorreta, porque não há nenhuma indicação, no trecho em questão,
de ampliação de significação de palavras ou trecho.
A alternativa C está incorreta, porque não há nenhuma indicação, no trecho em questão,
de ampliação de significação de palavras ou trecho.
A alternativa D está incorreta, porque não há nenhuma indicação, no trecho em
questão, de ampliação de significação de palavras ou trecho.
A alternativa E está correta, porque, ao afirmar que há “histórias escritas também pela
vida”, o autor constrói uma figura de linguagem que apresenta, de forma figurada, a relação
entre a vida e o personagem. Dessa forma, quando usamos figuras de linguagem que
modificam significações, temos uma construção de linguagem conotativa.
Gabarito: E
9. (Escola Naval/2021) Transcrevemos somente o parágrafo utilizado na questão.
Já tiveste dias de glória, cadeirinha de outros tempos! Pois bem: desaparece agora, vai
ao fogo e pede que te reduza a cinzas! E mil vezes preferível a essa decadência em que te
achas e até mesmo a hipótese mais lisonjeira de te perpetuarem num museu. Deves preferir a
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Comentários:
A alternativa A está correta, porque o autor, no último parágrafo do texto, tenta
convencer o leitor de sua ideia de que as coisas, assim como as pessoas, acabam obsoletos
em um determinado momento, necessitando de “modernização”, ou melhor, de atualização.
Assim, compreende-se que temos função com foco no receptor da mensagem.
A alternativa B está incorreta, porque, nesse último parágrafo, o autor não tenta explicar
o pensamento que tem, mas somente apresenta elementos para convencer o leitor acerca de
seu pensamento sobre a necessidade de atualização.
A alternativa C está incorreta, porque, nesse caso, o autor não apresenta seus
sentimentos, chamando atenção para si, o emissor da mensagem. O que temos é, como visto
em A, tentativa de convencimento do receptor da mensagem.
A alternativa D está incorreta, porque, como o autor não tem a intenção, nesse
parágrafo, de testar o canal de comunicação, não temos função fática da linguagem. O que
temos, como visto em A, é função conativa da linguagem.
A alternativa E está incorreta, porque, como o autor não usa a linguagem para explicar
a própria linguagem, não temos função metalinguística. O que temos, como visto em A, é
função conativa da linguagem.
Gabarito: A
10. (Escola Naval/2019) O texto utilizado na questão é bastante longo e desnecessário
para a construção da resposta, por isso, optei por omiti-lo.
Assinale a opção que apresenta um exemplo de uso denotativo da linguagem.
a) “No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo, Ela não morava num sobrado como
eu, e sim numa casa.” (7º§)
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b) “Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse por todo o seu corpo
grosso.” (9º§)
c) “Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono
de livraria.” (1°§)
d) “Não era mais uma menina com livro: era uma mulher com o seu amante.” (16º§)
e) “Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa.”
(4º§)
Comentários:
A alternativa A está correta, porque a autora afirma que foi correndo de forma literal, ou
seja, ela realmente correu até a casa da menina. No caso, temos somente linguagem
denotativa nessa construção.
A alternativa B está incorreta, porque, nesse trecho, temos o uso da linguagem
conotativa na construção “o fel não escorresse por todo o seu corpo grosso”, dado que “fel”,
nesse caso, é utilizado com significação de “maldade”.
A alternativa C está incorreta, porque, nesse trecho, temos o uso da linguagem
conotativa na construção “devoradora de histórias”, que apresenta significação de leitura
constante. É uma metáfora para a construção de “ler muito”.
A alternativa D está incorreta, porque, nesse trecho, temos o uso da linguagem
conotativa na construção “era uma mulher com seu amante”, em que há ampliação da
significação da relação carnal para a relação com o livro.
Gabarito: A
11. (Escola Naval/2014)
Leia o texto abaixo e responda à questão.
Minha amiga me pergunta: por que você fala sempre nas coisas que acontecem a
primeira vez e, sobretudo, as compara com a primeira vez que você viu o mar? Me lembro
dessa cena: um adolescente chegando ao Rio e o irmão lhe prevenindo: “Amanhã vou te
apresentar o mar.” Isto soava assim: amanhã vou te levar ao outro lado do mundo, amanhã te
ofereço a Lua. Amanhã você já não será o mesmo homem.
E a cena continuou: resguardado pelo irmão mais velho, que se assentou no banco do
calçadão, o adolescente, ousado e indefeso, caminha na areia para o primeiro encontro com
o mar. Ele não pisava na areia. Era um oásis a caminhar. Ele não estava mais em Minas, mas
andava num campo de tulipas na Holanda. O mar a primeira vez não é um rito que deixe um
homem impune. Algo nele vai-se aprofundar.
E o irmão lá atrás, respeitoso, era a sentinela, o sacerdote que deixa o iniciante no limiar
do sagrado, sabendo que dali para a frente o outro terá que, sozinho, enfrentar o dragão. E o
dragão lá vinha soltando pelas narinas as ondas verdes de verão. E o pequeno cavaleiro,
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destemido e intimidado, tomou de uma espada ou pedaço de pau qualquer para enfrentar a
hidra que ondeava mil cabeças, e convertendo a arma em caneta ou lápis começou a escrever
na areia um texto que não terminará jamais. Que é assim o ato de escrever: mais que um modo
de se postar diante do mar, é uma forma de domar as vagas do presente convertendo-o num
cristal passado.
Não, não enchi a garrafinha de água salgada para. mostrar aos vizinhos tímidos retidos
nas montanhas, e fiz mal, porque muitos morreram sem jamais terem visto o mar que eu lhes
trazia. Mas levei as conchas, é verdade, que na mesa interior marulhavam lembranças de um
luminoso encontro de amor com o mar.
Certa vez, adolescente ainda nas montanhas, li uma crônica onde um leitor de Goiás
pedia à cronista que lhe explicasse, enfim, o que era o mar. Fiquei perplexo. Não sabia que o
mar fosse algo que se explicasse. Nem me lembro da descrição. Me lembro apenas da
pergunta. Evidentemente eu não estava pronto para a resposta. A resposta era o mar. E o mar
eu conheci, quando pela primeira vez aprendi que a vida não é a arte de responder, mas a
possibilidade de perguntar.
Os cariocas vão achar estranho, mas eu devo lhes revelar: o carioca, com esse modo
natural de ir à praia, desvaloriza o mar. Ele val ao mar com a sem-cerimônia que o mineiro vai
ao quintal. E o mar é mais que horta e quintal. É quando atrás do verde-azul do instante o
desejo se alucina num cardume de flores no jardim. O mar é isso: é quando os vagalhões da
noite se arrebentam na aurora do sim.
Ver o mar a primeira vez, lhes digo, é quando Guimarães Rosa pela vez primeira, por
nós, viu o sertão. Ver o mar a primeira vez é quase abrir o primeiro consultório, fazer a primeira
operação. Ver o mar a primeira vez é comprar pela primeira vez uma casa nas montanhas: que
surpresas ondearão entre a lareira e a mesa de vinhos e queijos!
O mar é o mestre da primeira vez e não para de ondear suas lições. Nenhuma onda é a
mesma onda. Nenhum peixe o mesmo peixe. Nenhuma tarde a mesma tarde. O mar é um
morrer sucessivo e um viver permanente. Ele se desfolha em ondas e não para de brotar. A
contemplá-lo ao mesmo tempo sou jovem e envelheço.
O mar é recomeço.
(SANT' ANNA, Affonso Romano de. O mar, a primeira vez. In: Fizemos bem em resistir: crônicas selecionadas.
Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p.50-52. Texto adaptado.)
Comentários:
Nesse caso, percebe-se a relação de uma resposta do autor a um suposto interlocutor,
que podemos entender como sendo o leitor. É claro que ele utiliza esse recurso para construir
a noção de que mantém contato direto com o leitor. É interessante notarmos que ele faz
literalmente uma resposta a uma suposta pergunta, aquela que o leitor pode ter feito a si
mesmo sobre o caso.
Gabarito: D
12. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
O governo alemão reconheceu oficialmente nesta sexta-feira (28) ter cometido o crime
de genocídio na Namíbia nos anos 1904 e 1908. Pelo menos 70 mil pessoas morreram nesses
anos, parte do período de domínio colonial alemão sobre o país da África Austral.
Foi a primeira vez que o governo da Alemanha admitiu o crime. O reconhecimento não
tem nenhuma implicação jurídica internacional, mas é carregado de valor simbólico e veio
acompanhado de uma compensação financeira pelos danos causados no período.
A Alemanha fez um acordo com a Namíbia para investir pouco mais de 1 bilhão de euros
em programas de cooperação e desenvolvimento local pelos próximos 30 anos. A chancelaria
alemã remarcou que se trata de um gesto espontâneo, sem o caráter legal de uma
indenização, mas com o qual espera reparar em parte o sofrimento provocado.
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/05/28/O-reconhecimento-alem%C3%A3o-
do-genoc%C3%ADdio-cometido-na-Nam%C3%ADbia
Comentários:
A linguagem utilizada no texto retirado do NexoJornal é completamente formal, dado
que o gênero informativo preza, via de regra, pelo uso da norma culta. É interessante perceber
que esse tipo de linguagem é marcado não por um vocabulário exagerado ou, ainda, cheio
de palavras pouco utilizadas. Entendemos a relação de uso da norma culta pela noção de
respeito pelas regras de concordância e de regência da norma da língua portuguesa. Não
temos, portanto, uma relação clara de mescla de linguagem, mas o uso da linguagem culta,
como esperado nesse gênero.
CPF 17672808745
Gabarito: D
13. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
O pavão, Rubem Braga
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo
imperial. Mas andei lendo livros; e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do
pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta,
como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do
grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz
seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e
esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu
olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
Comentários:
A alternativa A está correta, porque a crônica é marcada claramente pelo uso de uma
temática mais cotidiana, do dia a dia (e muitas vezes inesperada), desenvolvida com uma
linguagem mais leve, que beira ao bom-humor. Dessa forma, percebe-se que a leveza do texto
e do tema encontrado no texto de Rubem Braga nos leva à classificação do texto como uma
crônica.
A alternativa B está incorreta, porque a linguagem mais leve e a construção cotidiana
indicam a construção de uma crônica e não de um conto. Para que tivéssemos um conto, seria
necessário que construíssemos uma história com, ao menos, um núcleo de enredo e mais de
um personagem. Ainda que também seja uma história curta, não há um conto nessa
construção.
A alternativa C está incorreta, porque a novela é uma narrativa mais longa do que um
conto e mais curta do que um romance. É marcada pela existência de múltiplos personagens
e de mais de um núcleo da história. Na realidade, o que temos é a construção de uma crônica,
marcada pela temática mais corriqueira e a linguagem mais leve.
A alternativa D está incorreta, porque, ainda que tenhamos a referência a um pavão, a
fábula, como gênero é construída a partir da noção de personificação, com uma discussão
que resultará na moral da história. No caso do texto de Alves, pela temática e a forma
descontraída de construção, configura-se uma crônica como texto.
CPF 17672808745
Gabarito: A
3. (ITA/2013) adaptada
Escravos da tecnologia
Não, não vou falar das fábricas que atraem trabalhadores honestos e os tratam de
1
forma desumana. Cada vez que um produto informa orgulhoso que foi desenhado na
Califórnia e fabricado na China, sinto um arrepio na espinha. Conheço e amo essas duas
partes do mundo. Também conheço a capacidade de a tecnologia eliminar empregos.
Parece o sonho de todo patrão: muita margem de lucro e poucos empregados. Se
possível, nenhum! Tudo terceiro!
2
Conheço ainda como a tecnologia é capaz de criar empregos. Vivo há 15 anos num
meio que disputa engenheiros e técnicos a tapa, digo, a dólares. O que acontece aí no
Brasil, nessa área, acontece igualzinho no Vale do Silício: empresas tentando arrancar
talentos umas das outras. Aqui, muitos decidem tentar a sorte abrindo sua própria start-
up*, em vez de encher o bolso do patrão. Estou rodeada também de investidores
querendo fazer apostas para... voltar a encher os bolsos ainda mais.
Mas queria falar hoje de outro tipo de escravidão tecnológica. Não dos que
3
dormiram na rua sob chuva para comprar o novo iPhone 4S... Quero reclamar de quanto
nós estamos tendo de trabalhar de graça para os sistemas, cada vez que tentamos nos
mover na Internet. Isso é escravidão – e odeio isso.
4
Outro dia, fiz aniversário e fui reservar uma mesa num restaurante bacana da cidade.
Achei o site do restaurante, lindo, e pareceu fácil de reservar on-line. Call on OpenTable,
sistema bastante usado e eficaz por aqui. Escolhi dia, hora, informei número de pessoas e,
claro, tive de dar meu nome, e-mail e telefone.
Dois dias antes da data marcada, precisei mudar o número de participantes, pois
5
tive confirmação de mais pessoas. Entrei no site, mas aí nem o site nem o OpenTable
podiam modificar a reserva on-line, pela proximidade do jantar. A recomendação era...
telefonar ao restaurante! Humm... Telefonei. Secretária eletrônica. Deixei recado.
6
No dia seguinte um funcionário do restaurante me ligou, confirmando ter ouvido o
recado e tudo certo com o novo tamanho da mesa. Incrível! Que felicidade ouvir um ser
humano de verdade me dando a resposta que eu queria ouvir! Hoje, tentando dar conta
da leitura dos vários e-mails que recebo, tentando arduamente não perder os relevantes,
os imprescindíveis, os dos amigos, os da família e os dos leitores, recebi um do
OpenTable.
Queriam que avaliasse minha experiência no restaurante. Tudo bem, concordo que
7
avaliação de cada refeição, produto e serviço que usufruo na vida! Simples assim! Sem
falar que é chato! Ainda mais agora que os crescentes intermediários eletrônicos se
metem no jogo entre o cliente e o fornecedor.
Quando o garçom ou o “maitre” perguntam se a comida está boa, você fica contente
9
em responder, até porque eles podem substituir o prato se você não estiver gostando.
Mas quando um terceiro se mete nessa relação sem ser chamado, pode ser excessivo e
desagradável. Parece que todas as empresas do mundo decidiram que, além de exigir
CPF 17672808745
Porque para o OpenTable essa informação tem um valor diferente. Não contente em fazer
reservas, quis invadir a praia do Yelp, o grande guia local que lista e traz avaliações dos
clientes para tudo quanto é tipo de serviço, a começar pelos restaurantes.
O Yelp, por sua vez, invadiu a praia do Zagat (recém-comprado pelo Google),
11
tradicionalíssimo guia (em papel) de restaurantes, que, por décadas, foi alimentado pelas
avaliações dos leitores, via correio.
As relações cliente-fornecedor estão mudando. Não faltarão “redutores” de custos
12
e atravessadores on-line.
(Marion Strecker. Folha de S. Paulo, 20/10/2011. Texto adaptado.)
(*) Start-up: Empresa com baixo custo de manutenção, que consegue crescer rapidamente e gerar grandes
e crescentes lucros em condições de extrema incerteza.
d) Parece que todas as empresas do mundo decidiram que, além de exigir informações
cadastrais, logins e senhas, e empurrar goela abaixo seus sistemas automáticos de
atendimento, [...]. (Parágrafo 10)
e) Não contente em fazer reservas, quis invadir a praia do Yelp, o grande guia local que
lista e traz avaliações dos clientes para tudo quanto é tipo de serviço, a começar pelos
restaurantes. (Parágrafo 11)
4. (ITA/1999) adaptada
Assinale a opção que apresenta a função da linguagem predominante no fragmento a
seguir:
“Sentavam-se no que é de graça: banco de praça pública.
E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Para a grande glória de Deus.
Ele: - Pois é.
Ela: - Pois é o quê?
Ele: - Eu só disse "pois é"!
Ela: - Mas "pois é" o quê?
Ele: - Melhor mudar de conversa porque você não me entende.
CPF 17672808745
a) Poética.
b) Fática.
c) Referencial.
d) Emotiva.
e) Conativa.
naquele hotel?! Mas era um hotel só de velhos, quase todos moradores fixos
antiquíssimos, que graça um hotel desses podia ter para um jovem? – Colocar as palavras
da personagem no discurso do narrador.
d) As danças até de madrugada. O jogo. E as competições na quadra de tênis, as
cavalgadas pelo campo, o hotel dispunha de ótimos cavalos. Charretes. – realizar uma
citação direta daquilo que a personagem teria dito.
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
CPF 17672808745
As poesias são, comumente, “poços” de funções da linguagem, tendo, sempre, uma que
prevalece. Dessa forma, tendo em conta a teoria da comunicação, percebe-se a
prevalência da função
a) emotiva.
b) poética.
c) apelativa.
d) referencial.
e) metalinguística.
Na tirinha de Watterson, percebe-se que Calvin e sua mãe utilizam uma variedade pouco
comum da linguagem para contextos menos monitorados. Infere-se que esse uso ocorre
porque
a) os dois são influenciados pelo vocabulário de séries policiais.
b) Calvin quer demonstrar conhecimento linguístico para a mãe.
c) a mãe de Calvin quer demarcar a sua posição na relação familiar.
d) ambos decidem treinar um vocabulário sofisticado para a escola.
e) Calvin necessita melhorar seu vocabulário para o uso com os colegas.
e) apelativa.
Do nosso sangue
Andamos nos caminhos vendo flores morenas
Os olhares dos milênios no sangue da América
Somos o desenho riscado ao luar da esperança
Atravessamos as brisas, os dias de sol…
Batemos sempre forte por livres amanhãs
Não perdoamos os que deixaram abatidos nossos
antigos irmãos que diziam que a terra não havia de
ser vendida
Que não se renderam e deixaram a vida
Deixaram a luta para que outras mãos empunhassem a lança
CPF 17672808745
O ano de 2020 foi, sem sombra de dúvida, o mais surreal dos últimos séculos.
Somos uma geração que definitivamente entrou para a história.
Cumprimos o dever que a Natureza nos impôs.
Descobrimos em tempo recorde um punhado de vacinas e vamos começar 2021 com
a esperança renovada.
O ano mais terrível de nossas vidas acabou e sobrevivemos.
CPF 17672808745
Afinal, quem se importa com extraterrestres quando alguns terrestres são mais
esquisitos que qualquer alienígena?
(Adaptado de: <https://istoe.com.br/seriam-ets-os-nossos-lideres/> Acesso em 27 mar. 2021)
b) “Afinal, quem se importa com extraterrestres quando alguns terrestres são mais
esquisitos que qualquer alienígena?”
c) “Por falar em Planeta, entre todas as surpresas que nos foram impostas, uma delas
passou praticamente despercebida e tem a ver exatamente com o Universo que nos
cerca.”
d) “Descobrimos em tempo recorde um punhado de vacinas e vamos começar 2021 com
a esperança renovada.”
especificamente a três, esclarecendo aqui, desde logo, que obviamente não esgoto as
inúmeras variáveis desse complexo amálgama urbano de problemáticas e possibilidades.
Em primeiro lugar, o local, o bairro e a comunidade, mais do que nunca, ganharam
centralidade e protagonismo na vida dos cidadãos urbanos. Isso se traduz com a
importância da solidariedade dentro das comunidades, com os esforços da atuação
coletiva da vizinhança, com a valorização da economia local. Ainda que ficar em casa
durante a pandemia tenha sido um privilégio de poucos, e a maioria das pessoas não
tenha conseguido restringir sua rotina exclusivamente ao seu entorno domiciliar direto, a
vivência no bairro acabou ganhando outro peso e significado na vida dos cidadãos. Essa
dinâmica estimula reflexões sobre como é possível fortalecer esse microcontexto urbano
ou, ainda, sobre como é possível articular esse nível de cidadania e de organização social
à participação direta na gestão da cidade.
Realço, ainda nesse ponto, a importância dos espaços públicos nos bairros, tão
temidos por alguns ante o necessário distanciamento social, mas, ao mesmo tempo,
almejados por tantos outros em razão do longo tempo de isolamento, já que o espaço
público é reconhecidamente o espaço da convivência e da interação entre as pessoas. É
interessante perceber como a falta de espaços públicos de qualidade em nossos bairros
limita a nossa própria qualidade de vida em tempos de pandemia. E não falo apenas da
ausência de espaços verdes, praças e parques — grandes aliados para nossa saúde física e
mental —, mas também das próprias ruas e calçadas, por onde nos deslocamos, sem
acessibilidade, estrutura e incentivos para a mobilidade ativa — a pé ou de bicicleta, meio
altamente recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) durante a pandemia.
Esse período nos faz repensar o papel e a importância do espaço público em nossas vidas.
Em segundo lugar, é necessário fortalecer os canais de cooperação internacional
entre as cidades. O amplo debate, anterior à pandemia e aprofundado durante ela, a
respeito da crise do multilateralismo internacional, traz consigo a possibilidade de renovar
esse sistema, mobilizando-o de baixo para cima, por meio dos atores locais e regionais
que ainda estão à margem. A principal rede internacional de cidades do mundo, a CGLU
(Cidades e Governos Locais Unidos), afirma que serão os governos locais os verdadeiros
“guardiões” da solidariedade internacional. A atuação de cidades em rede é antiga, já
tendo se mostrado como um formato eficaz de unificar e potencializar vozes locais no
âmbito internacional, mas como fortalecê-la em tempos de crises, tendo em vista todas às
suas potencialidades?
A pandemia, sem dúvidas, afetou rapidamente o nível local, demandando respostas
igualmente rápidas. Alguns pesquisadores como Leslie Pal e Cecília Osório, especialistas
da área de “difusão internacional de políticas públicas” (mais abrangente que a
cooperação internacional em si), afirmam que, a partir desse contexto de emergência, a
expectativa era que a difusão ou transferência internacional de políticas fosse
intensificada. No entanto, o que ocorreu foi exatamente o oposto. Isso talvez se justifique
pela agilidade demandada para a tomada de decisão e pelas características particulares
de cada local, que criam condições específicas para lidar com a crise. E agora, após quase
um ano de pandemia, qual deve ser o papel da comunidade internacional no
fortalecimento de respostas às crises que afetam as cidades? O que pudemos aprender
do acumulado de experiências?
Em terceiro lugar, está a afirmação — que pode até parecer óbvia — de que é
necessário construir cidades a partir da diversidade. Em artigo publicado no Nexo Políticas
Públicas em dezembro de 2020, os pesquisadores Gilson Santiago Macedo Júnior e
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Jéssica Tavares apontam que as cidades foram pensadas a partir da ótica do “padrão”
branco, cis gênero e masculino, o que consequentemente gera desigualdades estruturais
— que só se aprofundam em períodos de crise. A pesquisadora Marina Harkot, vítima da
brutal violência de trânsito urbana, já defendia que a cidade não incentiva mulheres a se
deslocarem de bicicleta: elas não têm “suas necessidades verdadeiramente consideradas
no planejamento e construção das cidades”, não sendo público-alvo dos “interesses
hegemônicos” que as controlam.
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2021/As-cidades-em-um-mundo-
pand%C3%AAmico-e-os-rumos-da-nova-d%C3%A9cada
d) calçadas para que as pessoas possam se exercitar e ter uma vida mais saudável.
e) acessibilidade àqueles que verdadeiramente precisam dela, como os cadeirantes.
pensamos e agimos. Com frequência são nossa bússola invisível, orientando tanto os
gestos instintivos que fazemos como as decisões mais importantes que tomamos. É muito
provável que aqueles que concebem a vida como uma cruz e os que a entendem como
uma viagem não reajam da mesma forma ante um mesmo dilema. As metáforas são
ferramentas eficazes e de múltiplas utilidades. Ao partir de elementos já conhecidos, nos
ajudam a examinar realidades, conceitos e teorias novas de uma maneira prática. Também
nos servem para abordar experiências traumáticas nas quais a linguagem literal se revela
impotente. São vigorosos atalhos que a mente usa para assimilar situações complexas em
que a literalidade acaba sendo tediosa, limitada e confusa. É mais fácil para nós entender
que a depressão é uma espécie de buraco negro e que o DNA é o manual de instruções
de cada ser vivo.
As figurações dão coesão às identidades coletivas, pois circulam sem cessar até se
incorporarem à linguagem cotidiana. Há alguns anos, os psicólogos Paul Thibodeau e Lera
Boroditsky, da Universidade Stanford (E.U.A.), analisaram os resultados de um debate
sobre políticas contra a criminalidade que recorria a duas metáforas. Quando o problema
era ilustrado como se houvesse predadores devorando a comunidade, a resposta era
endurecer a vigilância policial e aplicar leis mais severas. No entanto, quando o problema
era exposto como um vírus infectando a cidade, a opção era a de adotar medidas para
erradicar a desigualdade e melhorar a educação. Comparações ruins levam a políticas
ruins, escreveu o Nobel de Economia Paul Krugman.
No campo da medicina, tem havido mudanças de paradigma no que diz respeito ao
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impacto emocional das metáforas. Num recente seminário organizado pela Universidade
de Navarra (Espanha), a linguista Elena Semino dissertou sobre os efeitos de abordar o
câncer como se fosse uma guerra, provocando sensações negativas quando o paciente
acredita estar “perdendo a batalha”, mesmo que isso possa ser estimulante para outros. O
erro, segundo a especialista, reside em misturar os campos semânticos da guerra e da
saúde. Para corrigir essa questão, a linguista elabora o que chama de “cardápio de
metáforas”, para que médicos e pacientes enfrentem a doença de forma mais construtiva.
As boas metáforas nos trazem outras perspectivas, fronteiras menos rígidas e novas
categorizações que substituem aquelas já desgastadas.
MARTA REBÓN. Adaptado de brasil.elpais.com, 11/04/2018.
As regras do jogo
Ao fim de tantos séculos de rejeição oficial, as ilhas britânicas acabaram aceitando
que havia uma bola em seu destino. Nos tempos da rainha Vitória, o futebol já era unânime
não só como vício plebeu, mas também como virtude aristocrática.
Os futuros chefes da sociedade aprendiam a vencer jogando o futebol nos pátios dos
colégios e das universidades. Ali, os rebentos da classe alta desafogavam seus ardores
juvenis, aprimoravam sua disciplina, temperavam sua coragem e afiavam sua astúcia. No
outro extremo da escala social, os proletários não precisavam extenuar o corpo, porque
CPF 17672808745
para isso havia as fábricas e as oficinas, mas a pátria do capitalismo industrial havia
descoberto que o futebol, paixão de massas, dava diversão e consolo aos pobres e os
distraía de greves e outros maus pensamentos.
Na sua forma moderna, o futebol provém de um acordo de cavalheiros que doze
clubes ingleses selaram no outono de 1863, numa taverna de Londres. Os clubes
assumiram as regras estabelecidas em 1846 pela Universidade de Cambridge. Em
Cambridge, o futebol se havia divorciado do Rugby: era proibido conduzir a bola com as
mãos, embora fosse permitido tocá-la e era proibido chutar os adversários. “Os pontapés
só devem ser dirigidos para a bola”, advertia uma das regras: um século e meio depois,
ainda há jogadores que confundem a bola com o crânio do rival, por sua forma parecida.
O acordo de Londres não limitava o número de jogadores, nem a extensão do
campo, nem a altura do arco, nem a duração das partidas. As partidas duravam duas ou
três horas, e seus protagonistas conversavam e fumavam quando a bola voava para longe.
Já existia, isso sim, o impedimento. Era desleal fazer gols nas costas do adversário.
Naqueles tempos, ninguém ocupava um lugar determinado no campo: todo mundo
corria alegremente atrás da bola, cada qual ia para onde bem entendesse, e mudava de
posição à vontade. Foi na Escócia que as equipes se organizaram com funções de defesa,
meio de campo e ataque, lá pelo ano de 1870. Naquela época, as equipes já tinham onze
jogadores. Ninguém podia tocar a bola com as mãos, desde 1869, nem mesmo para detê-
la e colocá-la nos pés. Mas em 1871 nasceu o arqueiro, única exceção desse tabu, que
podia defender a meta com o corpo inteiro.
O arqueiro protegia um reduto quadrado: a meta, mais estreita que a atual e muito
mais alta, consistia de dois paus unidos por uma fita a cinco metros e meio de altura. A
faixa foi substituída por um travessão de madeira em 1875. Nas traves se marcavam os
gols, com pequenos entalhes. A expressão marcar um gol é usada até hoje, embora agora
os gols já não sejam mais talhados nas traves, e sim registrados nos placares eletrônicos
dos estádios. A meta, feita em ângulos retos, não tem forma arqueada, mas ainda a
chamamos de arco em alguns países, e chamamos de arqueiro quem a defende, talvez
porque os estudantes dos colégios ingleses tenham usado como metas as arcadas dos
pátios.
Em 1872, apareceu o árbitro. Até então, os jogadores eram seus próprios juízes, e
eles mesmos sancionavam as faltas que cometiam. Em 1880, cronômetro na mão, o árbitro
decidia quando terminava a partida e tinha o poder de expulsar quem se portasse mal,
mas ainda dirigia de fora e aos gritos. Em 1891, o árbitro entrou em campo pela primeira
vez, usando um apito; marcou o primeiro pênalti da história e caminhando doze passos
assinalou o lugar da cobrança. Fazia muito tempo que a imprensa britânica vinha fazendo
campanha a favor do pênalti. Era preciso proteger os jogadores na boca do gol, que era
cenário de chacinas. A Gazeta de Westminster havia publicado uma impressionante lista
de jogadores mortos e de ossos quebrados.
Em 1882, os dirigentes ingleses autorizaram a cobrança de lateral com as mãos. Em
1890, as áreas do campo foram marcadas com cal, e traçou-se um círculo no centro.
Naquele ano, o arco ganhou rede. Segurando a bola, a rede evitava dúvidas nos gols.
CPF 17672808745
Depois morreu o século, e com ele terminou o monopólio britânico. Em 1904 nasceu
a FIFA, Federação Internacional de Futebol Associado, que desde então governa as
relações entre a bola e o pé no mundo inteiro. Ao longo dos campeonatos mundiais, a
FIFA introduziu poucas mudanças naquelas regras britânicas que organizaram o jogo.
Eduardo Galeano. Futebol ao sol e à sombra.
Lista 03 – Gabarito
1. A 10. D 19. C
2. A 11. C 20. C
3. A 12. B 21. B
4. B 13. C 22. A
5. C 14. A 23. B
6. D 15. A 24. E
7. E 16. D 25. B
8. A 17. E 26. C
9. A 18. B
Comentários:
A alternativa A está correta, porque há uso de variação “de vera”, que significa “de
verdade” e o uso da redução “tô”, em lugar de “estou”, uma das marcas de informalidade mais
comuns do nosso idioma. Dessa forma, percebe-se que prevalece, nesse trecho, o uso da
linguagem informal.
A alternativa B está incorreta, porque não temos nenhuma marca de oralidade nesse
trecho, pelo contrário. Até a forma “está” aparece realizada de forma completa, quando na
fala tende a ser reduzida em “tá”.
A alternativa C está incorreta, porque não há nenhuma marca de informalidade no
trecho. Inclusive, o autor usa a primeira pessoa do plural canônica, com o “nós” e não com o
“a gente”.
A alternativa D está incorreta, porque somente o trecho “sei não” poderia, forçando um
tanto, ser entendido como uma relação de informalidade. Isso ocorre pela posição do
advérbio de negação, que normalmente vem posposto ao verbo na informalidade.
A alternativa E está incorreta, porque nessa fala, percebe-se que prevalece a relação de
CPF 17672808745
uso da norma culta. Não temos informalidade. Cuidado para não pensar que a personificação
do “sorriso”, mostrado como inteligente, é uma marca de informalidade.
Gabarito: A
02. (Estratégia Vestibulares 2021 – Questão Inédita – Prof. Wagner Santos)
A relação entre a linguagem verbal e a não verbal, na tirinha, mostra-se extremamente
importante para
a) aproximar, do texto, o leitor, como percebe-se no último quadrinho.
b) passar a mensagem de que a esperança é o leitor da tirinha.
c) fazer com que a mensagem do primeiro quadrinho seja entendida.
d) indicar o local em que se passa a pequena narrativa, essencial à sua compreensão.
e) informar a condição social dos personagens, para que entendamos a esperança.
Comentários:
A alternativa A está correta, porque o último quadrinho deixa clara a ideia de que a
mensagem e para o leitor, ainda que todos sejam a esperança. Perceba que a interlocução é
extremamente necessária para que o leitor entenda que não são os personagens a esperança,
mas cada um de nós.
A alternativa B está incorreta, porque a informação passada pela mensagem é a de que
cada um é a esperança, não somente o leitor. Ao colocar os personagens para encontrar-se
com eles mesmos como esperança, Henfil constrói a ideia de que eles são a esperança, assim
como o leitor.
Gabarito: A
3. (ITA/2013) adaptada
Escravos da tecnologia
1
Não, não vou falar das fábricas que atraem trabalhadores honestos e os tratam de
forma desumana. Cada vez que um produto informa orgulhoso que foi desenhado na
Califórnia e fabricado na China, sinto um arrepio na espinha. Conheço e amo essas duas partes
do mundo. Também conheço a capacidade de a tecnologia eliminar empregos. Parece o
sonho de todo patrão: muita margem de lucro e poucos empregados. Se possível, nenhum!
CPF 17672808745
Tudo terceiro!
2
Conheço ainda como a tecnologia é capaz de criar empregos. Vivo há 15 anos num
meio que disputa engenheiros e técnicos a tapa, digo, a dólares. O que acontece aí no Brasil,
nessa área, acontece igualzinho no Vale do Silício: empresas tentando arrancar talentos umas
das outras. Aqui, muitos decidem tentar a sorte abrindo sua própria start-up*, em vez de
encher o bolso do patrão. Estou rodeada também de investidores querendo fazer apostas
para... voltar a encher os bolsos ainda mais.
3
Mas queria falar hoje de outro tipo de escravidão tecnológica. Não dos que dormiram
na rua sob chuva para comprar o novo iPhone 4S... Quero reclamar de quanto nós estamos
tendo de trabalhar de graça para os sistemas, cada vez que tentamos nos mover na Internet.
Isso é escravidão – e odeio isso.
4
Outro dia, fiz aniversário e fui reservar uma mesa num restaurante bacana da cidade.
Achei o site do restaurante, lindo, e pareceu fácil de reservar on-line. Call on OpenTable,
sistema bastante usado e eficaz por aqui. Escolhi dia, hora, informei número de pessoas e,
claro, tive de dar meu nome, e-mail e telefone.
5
Dois dias antes da data marcada, precisei mudar o número de participantes, pois tive
confirmação de mais pessoas. Entrei no site, mas aí nem o site nem o OpenTable podiam
modificar a reserva on-line, pela proximidade do jantar. A recomendação era... telefonar ao
restaurante! Humm... Telefonei. Secretária eletrônica. Deixei recado.
6
No dia seguinte um funcionário do restaurante me ligou, confirmando ter ouvido o
recado e tudo certo com o novo tamanho da mesa. Incrível! Que felicidade ouvir um ser
humano de verdade me dando a resposta que eu queria ouvir! Hoje, tentando dar conta da
leitura dos vários e-mails que recebo, tentando arduamente não perder os relevantes, os
imprescindíveis, os dos amigos, os da família e os dos leitores, recebi um do OpenTable.
7
Queriam que avaliasse minha experiência no restaurante. Tudo bem, concordo que
ranking de público é coisa legal. Mas posso dizer outra coisa?
8
Não tenho tempo de ficar entrando em sites e preenchendo questionários de avaliação
de cada refeição, produto e serviço que usufruo na vida! Simples assim! Sem falar que é chato!
Ainda mais agora que os crescentes intermediários eletrônicos se metem no jogo entre o
cliente e o fornecedor.
9
Quando o garçom ou o “maitre” perguntam se a comida está boa, você fica contente
em responder, até porque eles podem substituir o prato se você não estiver gostando. Mas
quando um terceiro se mete nessa relação sem ser chamado, pode ser excessivo e
desagradável. Parece que todas as empresas do mundo decidiram que, além de exigir
informações cadastrais, logins e senhas, e empurrar goela abaixo seus sistemas automáticos
de atendimento, tenho agora de preencher fichas pós-venda eletronicamente, de modo que
as estatísticas saiam prontas e baratinhas para eles do outro lado da tela, à custa do meu
precioso tempo!
10
Por que o OpenTable tem de perguntar de novo o que achei da comida? Eu sei.
Porque para o OpenTable essa informação tem um valor diferente. Não contente em fazer
reservas, quis invadir a praia do Yelp, o grande guia local que lista e traz avaliações dos clientes
para tudo quanto é tipo de serviço, a começar pelos restaurantes.
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O Yelp, por sua vez, invadiu a praia do Zagat (recém-comprado pelo Google),
tradicionalíssimo guia (em papel) de restaurantes, que, por décadas, foi alimentado pelas
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Comentário:
Não há sentido figurado no período “Também conheço a capacidade de a tecnologia
eliminar empregos”. Ele é denotativo e literal: a tecnologia de fato pode eliminar empregos,
pois funções que antes seriam desempenhadas por seres humanos,
A alternativa B apresenta sentido figurado na expressão “disputa a tapa”, que significa
disputar com afinco e persistência.
A alternativa C apresenta sentido figurado na expressão “encher o bolso”, que significa
enriquecer.
A alternativa D apresenta sentido figurado na expressão “empurrar goela abaixo”, que
significa obrigar a ter consumir.
A alternativa E apresenta sentido figurado na expressão “invadir a praia”, que significa
tomar para si algo que pertencia a outrem.
Gabarito: A
4. (ITA/1999) adaptada
Assinale a opção que apresenta a função da linguagem predominante no fragmento a seguir:
“Sentavam-se no que é de graça: banco de praça pública.
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E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Para a grande glória de Deus.
Ele: - Pois é.
Ela: - Pois é o quê?
Ele: - Eu só disse "pois é"!
Ela: - Mas "pois é" o quê?
Ele: - Melhor mudar de conversa porque você não me entende.
Ela: - Entender o quê?
Ele: - Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já.”
(Clarice Lispector. A HORA DA ESTRELA)
a) Poética.
b) Fática.
c) Referencial.
d) Emotiva.
e) Conativa.
Comentário:
O objetivo do diálogo é estabelecer contato. Por isso, são utilizadas expressões que
não apresentam conteúdo além de manter o canal de comunicação aberto. A está incorreta,
pois não há mensagem em evidência nesta troca de palavras; C, pois não há uso de linguagem
objetiva ou ausência de opinião; D, pois não há foco nos sentimentos do emissor; E, pois não
há tentativa de acesso ao receptor da mensagem.
Gabarito: B
5. (INÉDITA – Celina Gil – 2020)
Assinale a alternativa que relaciona corretamente um trecho em discurso indireto livre e sua
função
a) Ele pousou a mala no chão e pediu um apartamento. Por quanto tempo? Não estava bem
certo, talvez uns vinte dias. Ou mais. – uma personagem fazer uma citação indireta daquilo que
a outra falou.
b) Quando entrou pela alameda de pedregulhos e parou o carro defronte do hotel, o casal de
velhos que passeava pelo gramado afastou-se rapidamente e ficou espiando de longe. O
velho porteiro que o atendeu no balcão de recepção também teve um movimento de recuo.
– colocar na voz do narrador aquilo que as personagens fazem.
c) O porteiro examinou-o da cabeça aos pés. Forçou o sorriso paternal, disfarçando o espanto
com uma cordialidade exagerada, Mas o jovem queria um apartamento? Ali, naquele hotel?!
Mas era um hotel só de velhos, quase todos moradores fixos antiquíssimos, que graça um
hotel desses podia ter para um jovem? – Colocar as palavras da personagem no discurso do
narrador.
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Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois apesar do exemplo ser de discurso indireto livre, a
explicação não é. Essa explicação é para o discurso indireto apenas.
A alternativa B está incorreta, pois aqui não há discurso indireto livre, mas simples
narração. O que se coloca na voz do narrador é a fala ou pensamento de uma personagem
A alternativa C está correta, pois nesse trecho fica expressa um pensamento do porteiro
(“o jovem queria um apartamento? Ali, naquele hotel?!”) em meio à narrativa que até então
tratava o porteiro em terceira pessoa.
A alternativa D está incorreta, pois essa é a função do discurso direto, não do discurso
indireto livre.
Gabarito: C
6. (INÉDITA – Celina Gil – 2019)
Leia esse pequeno capítulo da obra Quincas Borba, de Machado de Assis:
CAPÍTULO CXVII
A história do casamento de Maria Benedita é curta; e, posto Sofia a ache vulgar, vale a
pena dizê-la. Fique desde já admitido que, se não fosse a epidemia das Alagoas, talvez não
chegasse a haver casamento; donde se conclui que as catástrofes são úteis, e até necessárias.
Sobejam exemplos; mas basta um contozinho que ouvi em criança, e que aqui lhes dou em
duas linhas. Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona, — um triste molambo de
mulher, — chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo a
passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela.
— É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía neste mundo.
— Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto?
O padre que me contou isto certamente emendou o texto original; não é preciso estar
embriagado para acender um charuto nas misérias alheias. Bom Padre Chagas! — Chamava-
se Chagas. — Padre mais que bom, que assim me incutiste por muitos anos essa ideia
consoladora, de que ninguém, em seu juízo, faz render o mal dos outros; não contando o
respeito que aquele bêbado tinha ao princípio da propriedade, — a ponto de não acender o
charuto sem pedir licença à dona das ruínas. Tudo ideias consoladoras. Bom Padre Chagas!
Comentário:
A alternativa A está incorreta, pois a descrição não é o principal da mensagem.
A alternativa B está incorreta, pois a função é conotativa, já que há muita subjetividade
envolvida no texto.
A alternativa C está incorreta, pois o texto não é dissetativo-argumentativo, já que conta
uma história arquetípica.
A alternativa D está incorreta, pois o autor usa de recursos poéticos para passar uma
mensagem, acessando a fábula – típica do gênero narrativo – como veículo para uma
referência moralizante
A alternativa E está incorreta, pois o fato de ser da norma culta não significa
necessariamente dissertativo ou denotativo.
Gabarito: D
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
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As poesias são, comumente, “poços” de funções da linguagem, tendo, sempre, uma que
prevalece. Dessa forma, tendo em conta a teoria da comunicação, percebe-se a prevalência
da função
a) emotiva.
b) poética.
c) apelativa.
d) referencial.
e) metalinguística.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque, ainda que tenhamos o uso da primeira pessoa
do singular, marca da função emotiva, não temos uma construção em que os sentimentos do
eu lírico se sobressaia. A ideia principal do texto está relacionada à forma como o autor
enxerga a escrita da poesia, configurando-se como uma função metalinguística.
A alternativa B está incorreta, porque o texto, ainda que seja uma poesia, não se utiliza
do estilo de escrita para comunicar. Isso quer dizer que a forma como o autor organiza o texto,
não comunica absolutamente nada. A ideia é a de que temos uma construção em que o autor
fala sobre a arte da escrita para ele.
A alternativa C está incorreta, porque o texto não tem nenhuma relação com a noção
de convencimento do receptor acerca de uma tese, argumentando para isso. É importante
entender que não há nenhuma relação com o receptor, mas com o próprio texto.
A alternativa D está incorreta, porque o poema é marcado pela metalinguagem e não
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pela explicação de um tema. A ideia é a de que o poeta se utiliza do texto para falar sobre a
escrita da própria poesia.
A alternativa E está correta, porque percebe-se, no decorrer do texto, a construção da
função metalinguística, como aquela que prevalece no texto. É interessante entender que
temos o poeta apresentando a visão do fazer poético por meio de um poema. Dessa forma,
temos a chamada “metapoesia”, em que temos poesia falando sobre poesia. Assim, não há
nenhuma outra função da linguagem que possa prevalecer.
Gabarito: E
8. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos)
Na tirinha de Watterson, percebe-se que Calvin e sua mãe utilizam uma variedade pouco
comum da linguagem para contextos menos monitorados. Infere-se que esse uso ocorre
porque
a) os dois são influenciados pelo vocabulário de séries policiais.
b) Calvin quer demonstrar conhecimento linguístico para a mãe.
c) a mãe de Calvin quer demarcar a sua posição na relação familiar.
d) ambos decidem treinar um vocabulário sofisticado para a escola.
e) Calvin necessita melhorar seu vocabulário para o uso com os colegas.
Comentários:
A alternativa A está correta, porque, no último quadrinho, quando Calvin fala sobre o
vocabulário das séries policiais, fica claro que o uso da variante encontrada nos três primeiros
quadrinhos é resultado de uma influência das séries que são assistidas pelos dois em seus
momentos de diversão.
A alternativa B está incorreta, porque, como os dois utilizam-se da mesma variante, não
podemos entender como uma tentativa de demonstração de conhecimento. O que se
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Gabarito: A
9. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
A didática é um instrumento a ser utilizado nos diferentes processos de ensino e
aprendizagem visando a orientação técnica e pedagógica relativas à transmissão do
conhecimento e o procedimento pelo qual o mundo da experiência e da cultura é transmitido
pelo educador ao educando. Assim, podemos dizer que é a parte da pedagogia que se ocupa
em colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica sendo o alicerce de uma tradição
didática centrada no método e em regras de bem conduzir a aula e o estudo.
Podem-se encontrar diversas concepções de didática, entre elas, fazendo uma análise
histórica destacam-se entre as que mais aparecem como objeto de estudo a concepção na
Grécia antiga definindo-a como o ato de ensinar, instruir, fazer aprender;
Comênio, educador tcheco, apresenta a didática em sua obra Didactica Magna como a
arte de ensinar tudo a todos. No Aurélio, dicionário mais usado na língua portuguesa, defina
a didática como técnica de dirigir e orientar a aprendizagem.
Trabalhando com definições encontra-se entre várias, a concepção por Masetto, Doutor
em Psicologia da Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, define como
“Reflexão sistemática sobre o processo de ensino-aprendizagem que acontece na escola e na
aula buscando alternativa para os problemas na prática pedagógica” (MASETTO, 1994, p.13).
(Disponível em: http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/analise-de-um-texto-didatico.)
Comentários:
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Gabarito: A
A Constituição de 1988 determina que livros são produtos isentos de tributação. Desde
2004, a lei 10.865 também libera os livros do pagamento do Cofins e do PIS. Mas se a reforma
proposta por Guedes for aprovada como está, os livros ficarão sujeitos a uma taxação de 12%,
alíquota geral da CBS.
A possibilidade de taxação atinge o mercado editorial brasileiro em um contexto de
crise prolongada, com anos seguidos de retração e grandes redes de livrarias beirando a
falência.
Essa crise se intensificou com a recessão econômica provocada pela pandemia do novo
coronavírus, que obrigou livrarias a permanecerem fechadas e reduziu o consumo de muitos
brasileiros. Em abril de 2020, o levantamento Painel do Varejo de Livros no Brasil, feito pela
Nielsen Bookscan, já mostrava uma perda de 47% no faturamento do mercado livreiro em
relação ao mesmo mês de 2019.
O debate sobre a tributação dos livros opõe, de modo geral, duas visões: a de que,
sendo o livro um produto consumido por uma população de maior renda no país, ele deve
ser taxado; e a de que, como um veículo de promoção da educação e da cultura, o livro deve
permanecer livre de tributos.
(Disponível em <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/08/14/O-plano-de-taxar-livros-num-mercado-
editorial-em-crise> Acesso em 15 jan. 2021)
O texto II apresenta, ainda que de forma implícita, a ideia de que a taxação dos livros
a) será aprovada facilmente pelo Congresso.
b) é recomendável para um maior consumo.
c) é necessária para o aumento da arrecadação.
d) será prejudicial à construção cultural do país.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque não temos nenhuma referência à aprovação com
relação à facilidade ou dificuldade para que ocorra. Perceba que temos uma indicação
somente da possibilidade de aprovação.
A alternativa B está incorreta, porque entendemos que, se aumentar, teremos
claramente menos compras e a alternativa fica inválida para a compreensão do texto.
A alternativa C está incorreta, porque o autor aponta que a arrecadação pode ser
aumentada com a modificação, contudo não indica que ela é necessária para esse aumento.
A alternativa D está correta, porque o autor apresenta a ideia implícita de que cobrar
mais pelos livros é prejudicial ao apresentar a ideia que o setor de produção está passando
por uma crise. É interessante notar que crise nunca é usado de forma positiva. Cuidado com
as implicitudes de um texto.
Gabarito: D
Do nosso sangue
Andamos nos caminhos vendo flores morenas
Os olhares dos milênios no sangue da América
Somos o desenho riscado ao luar da esperança
Atravessamos as brisas, os dias de sol…
Batemos sempre forte por livres amanhãs
Não perdoamos os que deixaram abatidos nossos
antigos irmãos que diziam que a terra não havia de
ser vendida
Que não se renderam e deixaram a vida
Deixaram a luta para que outras mãos empunhassem a lança
A lança da revolta e da justiça
Do dia trevoso e sem deuses
Por que eles não vieram?
Se gostavam de sangue por que não vieram?
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Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque o eu lírico deixa claro, no verso “Não perdoamos
os que deixaram abatidos os nossos”, que o perdão não será possível contra aqueles que
atacam seus iguais.
A alternativa B está incorreta, porque, ao analisarmos o poema, percebemos que, ainda
que os deuses não se disponham a lutar ao lado dos seus, haverá luta permanente, dado que
o eu lírico decide que não será silêncio, junto com os seus.
A alternativa C está correta, porque o eu lírico, ao utilizar a primeira pessoa do plural,
indica que permanecerá na luta junto com aqueles que são seus iguais. Podemos interpretar,
pelas marcas apresentadas, que possivelmente o poema fala sobre a situação de terras
indígenas. O eu lírico, identificando-se com a luta, não será silêncio e se colocará contrário ao
que não concordar.
A alternativa D está incorreta, porque o uso da primeira pessoa do plural, com a ideia
de que “não seremos silêncio”, apresenta-se como uma generalização, incluindo o eu lírico e
aqueles que são seus iguais, acossados por aqueles que querem vender suas terras.
Gabarito: C
12. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
O texto II é repleto de figuras de linguagem, como é de se esperar em um texto literário em
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verso. Assinale, a seguir, o verso em que há uma figura que ameniza uma informação.
a) “Andamos nos caminhos vendo flores morenas”
b) “Deixaram a luta para que outras mãos empunhassem a lança”
c) “Não perdoamos os que deixaram abatidos nossos”
d) “Seguimos com o nosso, nossa força”
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque nesse verso temos a construção de uma
personificação, uma vez que é atribuída, às flores, a cor de pele dos humanos. Sempre que há
uma atribuição de característica humana a ser não humano, temos personificação, também
chamada de prosopopeia.
A alternativa B está correta, porque o “deixaram a luta” se une ao verso anterior “que
não se renderam e deixaram a vida”, simbolizando aqueles que morreram durante o combate.
Dessa forma, compreende-se que há uma construção clara de eufemismo nesse trecho.
Perceba que esse eufemismo só faz sentido quando conectado ao verso anterior, do qual é
continuidade.
A alternativa C está incorreta, porque nesse verso não é possível identificarmos
nenhuma forma de figura de linguagem. Como vimos, a questão pede a localização de um
eufemismo, figura de linguagem em que somos apresentados a ideias mais fortes por meio
de uma suavização.
A alternativa D está incorreta, porque nesse verso podemos identificar uma metonímia
quando o eu lírico apresenta a ideia de seguir “com o nosso”. Contudo, a figura de linguagem
em questão nesse enunciado é um eufemismo, encontrado na letra B.
Gabarito: B
Seriam ETs os nossos líderes?
O ano de 2020 foi, sem sombra de dúvida, o mais surreal dos últimos séculos.
Somos uma geração que definitivamente entrou para a história.
Cumprimos o dever que a Natureza nos impôs.
Descobrimos em tempo recorde um punhado de vacinas e vamos começar 2021 com
a esperança renovada.
O ano mais terrível de nossas vidas acabou e sobrevivemos.
Numa escala Universal, somos uma geração de vencedores.
Não permitimos o colapso de nosso Planeta Azul, como aconteceu em Krypton, por
exemplo.
Por falar em Planeta, entre todas as surpresas que nos foram impostas, uma delas
passou praticamente despercebida e tem a ver exatamente com o Universo que nos cerca.
CPF 17672808745
Comentários:
A comparação que o autor estabelece entre a Terra e o planeta do Super Homem,
Krypton, se fundamenta na ideia de que o planeta do herói foi destruído. O autor contrapõe
essa destruição à que não ocorre no planeta Terra. Ele indica que, a muito custo, conseguimos
evitar o colapso do nosso planeta. É interessante notar que, mesmo que se vocês não
conhecessem a história de Krypton, é possível entender, pelo contexto, que a realidade da
Terra é diferente da realidade de Krypton. É claro que o conhecimento de mundo contribui
para uma construção interessante de leitura do texto. Não se esqueça de que nosso
conhecimento auxilia sempre na construção de significados dos textos em sua interpretação
e compreensão.
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Gabarito: C
14. (Estratégia Militares – Questão Inédita – Professor Wagner Santos)
Assinale, a seguir, a alternativa em que há uma construção feita a partir de uma figura de
linguagem.
a) “(...) demos continuidade a humanidade. Cumprimos o dever que a Natureza nos impôs.”
b) “Afinal, quem se importa com extraterrestres quando alguns terrestres são mais esquisitos
que qualquer alienígena?”
c) “Por falar em Planeta, entre todas as surpresas que nos foram impostas, uma delas passou
praticamente despercebida e tem a ver exatamente com o Universo que nos cerca.”
d) “Descobrimos em tempo recorde um punhado de vacinas e vamos começar 2021 com a
esperança renovada.”
Comentários:
A alternativa A está correta, porque a Natureza, como um elemento não humano, não é
capaz de forma tão ampla, de impor alguma coisa a alguém. Dessa forma, podemos
interpretar essa figura de linguagem como uma personificação. É possível, ainda, que vejamos
uma metonímia nesse caso.
A alternativa B está incorreta, porque não há, nesse trecho, nenhuma construção
figurada que justifique a existência de uma figura de linguagem. Logo, essa não é a alternativa
correta.
A alternativa C está incorreta, porque não há, nesse trecho, nenhuma construção
figurada que justifique a existência de uma figura de linguagem. Logo, essa não é a alternativa
correta.
A alternativa D está incorreta, porque não há, nesse trecho, nenhuma construção
figurada que justifique a existência de uma figura de linguagem. Logo, essa não é a alternativa
correta.
Gabarito: A
15. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
A construção “Mas em 2020 virou notícia velha em poucos dias” tem o objetivo de
a) reforçar a ideia de que as preocupações com a pandemia apagaram a notícia do OVNI.
b) demonstrar que notícias anteriores a 2020 perderam a importância por serem velhas.
c) comprovar que a pandemia é mais importante do que qualquer outra informação nova.
d) ironizar a possibilidade de existência de vida fora do planeta Terra, como comprova os EUA.
Comentários:
A utilização da noção de uma “notícia velha” empregada a uma notícia recente, no
contexto do texto, apresenta-se como reforço para a ideia de que as notícias, por mais que
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sejam impactantes, perderam a importância diante de problemas tão mais amplos, como os
causados pela pandemia (ou a própria pandemia). Dessa forma, há certa ironia no uso de
“notícia velha”. Tomamos, então, como a necessidade de comprovar que as notícias perderam
significação com a existência de notícias mais relevantes para o momento. Logo, a resposta
correta é a alternativa A.
Gabarito: A
As cidades em um mundo pandêmico e os rumos da nova década
A pandemia aprofundou e expôs desigualdades urbanas há muito conhecidas. É o modo
como nos recuperaremos desta crise que mostrará que tipo de lar queremos construir
A crise sanitária mundial provocada pelo novo coronavírus em 2020 abalou
profundamente a vida de toda sociedade e, em particular, do meio urbano, que reúne 95%
dos casos de covid-19 no mundo. Vários dos problemas considerados como “globais” acabam
por ser, na verdade, questões que recaem diretamente sobre a vida nas cidades, que estão na
“linha de frente” das respostas à pandemia. Muitos têm argumentado que essa crise
aprofundou mazelas e desigualdades estruturais já historicamente existentes na vida urbana,
catalisando a necessidade de mudanças efetivas. Mas isso tudo não é novidade.
O grande paradoxo desse contexto atual é que iniciamos a década vivendo uma das
maiores pandemias da contemporaneidade, que desafia nossa própria estrutura social,
econômica e política, e vamos terminá-la, em 2030, tendo que cumprir os ODS (Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável). Firmadas em 2015 pela ONU (Organização das Nações
Unidas), essas metas visam ao desenvolvimento global sustentável e mais justo, questões que
estão colocadas atualmente. Entre as diversas reflexões que a pandemia colocou em xeque,
relativas ao modo que pensamos e vivemos as/nas cidades, gostaria de me deter
especificamente a três, esclarecendo aqui, desde logo, que obviamente não esgoto as
inúmeras variáveis desse complexo amálgama urbano de problemáticas e possibilidades.
Em primeiro lugar, o local, o bairro e a comunidade, mais do que nunca, ganharam
centralidade e protagonismo na vida dos cidadãos urbanos. Isso se traduz com a importância
da solidariedade dentro das comunidades, com os esforços da atuação coletiva da vizinhança,
com a valorização da economia local. Ainda que ficar em casa durante a pandemia tenha sido
um privilégio de poucos, e a maioria das pessoas não tenha conseguido restringir sua rotina
exclusivamente ao seu entorno domiciliar direto, a vivência no bairro acabou ganhando outro
peso e significado na vida dos cidadãos. Essa dinâmica estimula reflexões sobre como é
possível fortalecer esse microcontexto urbano ou, ainda, sobre como é possível articular esse
nível de cidadania e de organização social à participação direta na gestão da cidade.
Realço, ainda nesse ponto, a importância dos espaços públicos nos bairros, tão temidos
por alguns ante o necessário distanciamento social, mas, ao mesmo tempo, almejados por
tantos outros em razão do longo tempo de isolamento, já que o espaço público é
reconhecidamente o espaço da convivência e da interação entre as pessoas. É interessante
perceber como a falta de espaços públicos de qualidade em nossos bairros limita a nossa
própria qualidade de vida em tempos de pandemia. E não falo apenas da ausência de espaços
verdes, praças e parques — grandes aliados para nossa saúde física e mental —, mas também
das próprias ruas e calçadas, por onde nos deslocamos, sem acessibilidade, estrutura e
incentivos para a mobilidade ativa — a pé ou de bicicleta, meio altamente recomendado pela
OMS (Organização Mundial da Saúde) durante a pandemia. Esse período nos faz repensar o
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Comentários:
O texto aborda um dos temas mais atuais em nossa sociedade: a organização social em
meio a problemas tão sérios como os trazidos pela pandemia de Coronavírus. O que a autora
afirma, nesse segundo parágrafo, defendendo no decorrer do texto, é que temos uma relação
de problemas que surgem no contexto pandêmico. Podemos entender como paradoxal
exatamente a ideia de que o desenvolvimento da sociedade não será suficiente para que
passemos ilesos pelo problema. Perceba que a autora apresenta a ideia de que até 2030 ainda
estaremos resolvendo problemas relacionados à pandemia e à crise que ela traz em diversos
momentos e áreas da sociedade. A tentativa da autora é a de mostrar que os problemas são
muito amplos e não se concentram somente na relação da saúde.
Gabarito: D
17. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
A construção do título da reportagem, em consonância com o restante do texto, indica que
haverá, a partir de agora,
a) investimentos no sistema de saúde das cidades afetadas.
b) resoluções efetivas com relação à organização das cidades afetadas.
c) discussões acerca das possibilidades de modificação das cidades grandes.
d) melhorias nas cidades, para o enfrentamento da pandemia que persiste.
e) modificações profundas na organização social das cidades.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque não há necessariamente uma relação entre as
modificações que existirão nas cidades com o sistema de saúde dessas mesmas cidades. É
interessante notar que as modificações serão profundas e sociais.
A alternativa B está incorreta, porque o texto não aponta para a existência de resoluções
efetivas na organização das cidades afetadas. Claramente, temos a necessidade de
repensarmos a noção de arranjo e organização social.
A alternativa C está incorreta, porque o texto aponta para a praticidade das coisas e não
para a necessidade de discussão dessas modificações. Perceba que o texto é prático,
apontando para uma relação real e não intelectual.
A alternativa D está incorreta, porque, ainda que tenhamos modificações profundas na
sociedade e no arranjo social, não temos a clareza de que esses problemas serão revertidos
em melhorias efetivas para as cidades. É um caso mais abrangente de necessidade de
rearranjo social, principalmente.
A alternativa E está correta, porque o título aponta para a relação entre as cidades e o
momento em que vivemos. É interessante notar que temos uma noção, que se fundamentará
no texto, de que o mundo não será mais o mesmo após a pandemia, dado que ela modificou
claramente a vida das pessoas, incluindo sua organização social.
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Gabarito: E
18. (Questão Inédita – Professor Wagner Santos/2021)
Um dos problemas apontados pela autora com relação à construção das cidades, em meio à
pandemia, é a falta de
a) interação entre as pessoas, que poderia aumentar o esforço no combate ao vírus.
b) espaços abertos na cidade, fato recomendado pela OMS durante a pandemia.
c) empatia das pessoas que se perdem em seus momentos individualistas.
d) calçadas para que as pessoas possam se exercitar e ter uma vida mais saudável.
e) acessibilidade àqueles que verdadeiramente precisam dela, como os cadeirantes.
Comentários:
Um dos pontos mais importantes abordados pela autora, ao descrever a relação entre
a cidade e o combate à pandemia que assola o mundo é exatamente a ideia de que o
desenvolvimento extremo das cidades acaba por não contribuir com a relação de contato com
o ar puro por meio de espaços abertos nas cidades. Inclusive, a autora indica que temos uma
relação de ausência desse cuidado com as pessoas, ampliando os problemas com relação à
pandemia nessas mesmas cidades. Notem que o foco do texto é apontar os problemas que
deveriam ser resolvidos nessas cidades, inicialmente com a indicação desses mesmos
problemas.
Gabarito: B
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque os dicionários do português brasileiro
reconhecem a possibilidade de dupla grafia para essa palavra. Imagino que essa tenha sido a
mais diferente para vocês. Pois é, existem mesmo.
A alternativa B está incorreta, porque os dicionários do português brasileiro
reconhecem a possibilidade de dupla grafia para essa palavra.
A alternativa C está correta, porque, ainda que as duas palavras existam em português,
elas apresentam significados diferentes. O primeiro está relacionado à extensão das coisas, o
comprimento das coisas. Por outro lado, cumprimento é quando as pessoas, educadamente,
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Gabarito: C
O QUE NOSSAS METÁFORAS DIZEM DE NÓS
Para o poeta Robert Frost, a vida era um caminho que passa por encruzilhadas
inevitáveis; para Fernando Pessoa, uma sombra que passa sobre um rio. Shakespeare via o
mundo como um palco e Scott Fitzgerald percebia os seres humanos como barcos contra a
corrente. Metáforas como essas nos rodeiam, mas não só quando seguramos um livro nas
mãos. Em nosso uso cotidiano da língua, elas são tão presentes que nem sequer percebemos.
São exemplos “teto de vidro impede a carreira das mulheres”, “a bolha do aluguel”, “cortar o
mal pela raiz”. Considerada a forma por excelência da linguagem figurada, a metáfora às vezes
é tida como mero embelezamento do discurso.
Entretanto, desde 1980, com a publicação do livro Metáforas da vida cotidiana, essa
figura retórica recuperou seu protagonismo. Os autores George Lakoff e Mark Johnson
mostraram que as alegorias desenham o mapa conceitual a partir do qual observamos,
pensamos e agimos. Com frequência são nossa bússola invisível, orientando tanto os gestos
instintivos que fazemos como as decisões mais importantes que tomamos. É muito provável
que aqueles que concebem a vida como uma cruz e os que a entendem como uma viagem
não reajam da mesma forma ante um mesmo dilema. As metáforas são ferramentas eficazes e
de múltiplas utilidades. Ao partir de elementos já conhecidos, nos ajudam a examinar
realidades, conceitos e teorias novas de uma maneira prática. Também nos servem para
abordar experiências traumáticas nas quais a linguagem literal se revela impotente. São
vigorosos atalhos que a mente usa para assimilar situações complexas em que a literalidade
acaba sendo tediosa, limitada e confusa. É mais fácil para nós entender que a depressão é
uma espécie de buraco negro e que o DNA é o manual de instruções de cada ser vivo.
As figurações dão coesão às identidades coletivas, pois circulam sem cessar até se
incorporarem à linguagem cotidiana. Há alguns anos, os psicólogos Paul Thibodeau e Lera
Boroditsky, da Universidade Stanford (E.U.A.), analisaram os resultados de um debate sobre
políticas contra a criminalidade que recorria a duas metáforas. Quando o problema era
ilustrado como se houvesse predadores devorando a comunidade, a resposta era endurecer
a vigilância policial e aplicar leis mais severas. No entanto, quando o problema era exposto
como um vírus infectando a cidade, a opção era a de adotar medidas para erradicar a
desigualdade e melhorar a educação. Comparações ruins levam a políticas ruins, escreveu o
Nobel de Economia Paul Krugman.
No campo da medicina, tem havido mudanças de paradigma no que diz respeito ao
impacto emocional das metáforas. Num recente seminário organizado pela Universidade de
Navarra (Espanha), a linguista Elena Semino dissertou sobre os efeitos de abordar o câncer
como se fosse uma guerra, provocando sensações negativas quando o paciente acredita estar
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“perdendo a batalha”, mesmo que isso possa ser estimulante para outros. O erro, segundo a
especialista, reside em misturar os campos semânticos da guerra e da saúde. Para corrigir essa
questão, a linguista elabora o que chama de “cardápio de metáforas”, para que médicos e
pacientes enfrentem a doença de forma mais construtiva.
As boas metáforas nos trazem outras perspectivas, fronteiras menos rígidas e novas
categorizações que substituem aquelas já desgastadas.
MARTA REBÓN. Adaptado de brasil.elpais.com, 11/04/2018.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque essa visão é aplicada somente para algumas
pessoas, como apresenta o final do primeiro parágrafo. Ao utilizarmos o advérbio
“simplesmente”, construímos uma generalização que não se fixa no texto.
A alternativa B está incorreta, porque o autor apresenta a ideia de que a escolha das
metáforas pode levar a políticas ruins, como ocorre no terceiro parágrafo. Contudo, não há
nenhuma indicação de que essa relação é uma manipuladora. Cuidado com essa
interpretação.
A alternativa C está correta, porque o autor apresenta a ideia de que as metáforas
servem para muitos momentos da vida das pessoas. Elas servem para que o mundo ganhe
significado e, quando necessário, seja ressignificado pelas pessoas, como ocorre em
momentos traumáticos.
A alternativa D está incorreta, porque o que o autor apresenta, ainda no segundo
parágrafo, é ideia oposta a essa. Segundo ele, os estudos das metáforas mostram a
possibilidade de construção de assimilação mais direta das situações mais complexas.
A alternativa E está incorreta, porque o texto apresenta a ideia de que as metáforas se
apresenta como uma forma de construção de orientação das ações e dos gestos instintivos
das pessoas, não necessariamente criando duplos sentidos perigosos.
Gabarito: C
21. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
No terceiro parágrafo, o autor apresenta o uso de metáforas nos Estados Unidos com o
objetivo de
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Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque não temos indicação de relativização do
problema, que é claramente um problema social generalizado e não segregador. A violência
afeta a sociedade como um todo.
A alternativa B está correta, porque o problema social é bastante sério e, por isso,
utilizam-se as metáforas para que as pessoas possam compreender melhor os problemas,
indicando a gravidade do problema social.
A alternativa C está incorreta, porque a ideia é a de apresentar uma compreensão
melhor do que era o problema. As imagens utilizadas são compreendidas como mais severas
e mais diretas, por incrível que pareça, do que a original. Dessa forma, a pesquisa visa mostrar
claramente o que acontece na sociedade.
A alternativa D está incorreta, porque não temos o uso das metáforas como uma forma
de complicação do problema. Na realidade, percebe-se o caminho contrário a esse. São
figuras utilizadas para demonstrar a severidade do problema de uma forma mais fácil de
compreensão do problema social.
A alternativa E está incorreta, porque as duas metáforas são claramente utilizadas para
que as pessoas envolvidas possam entender de forma mais clara como o problema ocorre.
São construções para facilitação e não suavização.
Gabarito: B
22. (Questão Inédita – Professor Wagner Santos/2021)
A oração destacada em “Num recente seminário organizado pela Universidade de Navarra
(Espanha), a linguista Elena Semino dissertou sobre os efeitos de abordar o câncer como se
fosse uma guerra, provocando sensações negativas quando o paciente acredita estar
“perdendo a batalha”, mesmo que isso possa ser estimulante para outros” poderia ser
reescrita, sem perda semântica, em
a) ainda que seja estimulante para outros.
b) à medida que é estimulante para os outros.
c) se for estimulante para alguns.
d) desde que seja estimulante para alguns.
e) por ser estimulante para outros.
Comentários:
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Gabarito: A
Vassoura atrás da porta
Uma das fórmulas aconselhadas para abreviar as visitas intermináveis é colocar a
vassoura atrás da porta. Com a palha para cima e o cabo para baixo, ao inverso da posição em
que é usada.
As informações vêm de todo o Brasil, porque ninguém ignora essa curiosa técnica com
que os importunos são despedidos, ou obrigados a sair por uma força de impulsão mágica e
livrar as vítimas de uma presença monótona e sonolenta.
Naturalmente os indígenas e os escravos africanos não conheceriam esse processo
aliviador dos amigos insensíveis ao valor do tempo e menos ainda atendendo ao trabalho dos
pacientes visitados.
son empire. Pilão, machado e vassoura são utensílios denunciadores de uma organização
social regular, normal e acima dos costumes errantes de Silvanus. Era obrigado a deixar esse
clima, bem acima e irrespirável para suas narinas de bosque umbroso e roçaria deserta.
Restava -lhe apenas a fuga, afirma Hild. M. L. Barré, citando esse Silvanus doméstico, autor de
visões noturnas, aterrador de crianças, “et l’on croyait paralyser l’influence funeste de cette
divinité en mettant un balai en travers de la porte de la maison”. Paul Sébillot registra a
vassoura atrás da porta, atravessada e sempre invertida, espavorindo as bruxas na Baviera,
Hesse, França etc. Essas bruxas tinham, coitadas, recebido a herança romana de Silvanus.
Hild e Barré morreram, sem saber da existência dessa vassoura supersticiosa no Brasil
contemporâneo. Mas a origem, até prova expressa e convincente em contrário, é essa que
tomei a liberdade de expor...
Luís da Câmara Cascudo. Coisas que o povo diz. Global Editora: São Paulo, 2012.
Comentários:
A expressão serve, de uma forma pouco usual para o momento atual de uso da língua
portuguesa, para indicar que a crendice veio de Portugal e é colocada em prática tanto lá
quanto aqui, no Brasil. É interessante notar que os demais povos que formaram o Brasil, como
indicado no texto, não conheciam essa forma de “espantar” as visitas indesejadas e
enfadonhas. É importante, ainda, notar que o “aquém” se refere ao brasil, dado que é o ponto
de referência do autor, enquanto o “além” indica Portugal. O referencial de comparação é o
Oceano Atlântico.
Gabarito: B
24. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
Segundo o texto, a técnica da colocação da vassoura atrás da porta serve para
a) espantar as visitas quando os anfitriões estão cansados.
b) fazer com que as visitas se tornem interessantes e não enfadonhas.
c) diminuir o cansaço dos anfitriões com relação às visitas indesejadas.
d) preparar os anfitriões para a recepção calorosa das visitas.
e) tirar da casa as visitas indesejadas e enfadonhas, que cansam.
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Comentários:
O texto apresenta a origem de uma das técnicas mais sensacionais para a espantar as
visitas quando começam a incomodar aqueles que as recebem: a colocação de uma vassoura
atrás da porta. Segundo o texto, essa medida é histórica e, conforme nos apresenta o segundo
parágrafo, serve para que nos livremos de visitas indesejadas e que sejam sem graça e
enfadonhas. Cuidado com a extrapolação contida na alternativa A, uma vez que o texto não
fala sobre o cansaço das pessoas para se livrarem das visitas. Essa é uma extrapolação, porque
imaginamos a possibilidade de usarmos a técnica nesses casos, contudo o texto aponta para
a ideia de espantar as visitas chatas.
Gabarito: E
25. (Questão Inédita – Prof. Wagner Santos/2021)
A conjunção “como”, encontrada em “Como Silvanus vivia a vida selvagem, primitiva e rústica,
odeia essas ferramentas hostis ao seu império (déteste ces outils hostiles à son empire).”,
apresenta o mesmo valor da encontrada em
a) “embora”.
b) “na medida em que”.
c) “conforme”.
d) “ainda que”.
e) “à medida que”.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque “embora” tem valor concessivo e não causal,
como ocorre com o elemento “como”, no trecho encontrado no enunciado.
A alternativa B está correta, porque a expressão conjuntiva “na medida em que”
apresenta valor de causa, diferente do que se pensa normalmente com relação a essa
expressão, usada, muitas vezes, como uma conjunção proporcional.
A alternativa C está incorreta, porque “conforme” tem valor essencialmente
conformativo e não causal, como ocorre com o elemento “como”, no trecho encontrado no
enunciado. Cuidado para não confundir o “como” com o conforme, uma vez que esse pode
ocorrer também com essa significação.
A alternativa D está incorreta, porque “ainda que” tem valor concessivo e não causal,
como ocorre com o elemento “como”, no trecho encontrado no enunciado.
A alternativa E está incorreta, porque a expressão em destaque apresenta valor de
proporção. Cuidado para não confundir com “na medida em que”, a qual apresenta valor de
causa, mesmo sendo utilizada de forma errônea na oralidade (errônea, claro, na perspectiva
da norma culta).
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Gabarito: B
As regras do jogo
Ao fim de tantos séculos de rejeição oficial, as ilhas britânicas acabaram aceitando que
havia uma bola em seu destino. Nos tempos da rainha Vitória, o futebol já era unânime não só
como vício plebeu, mas também como virtude aristocrática.
Os futuros chefes da sociedade aprendiam a vencer jogando o futebol nos pátios dos
colégios e das universidades. Ali, os rebentos da classe alta desafogavam seus ardores juvenis,
aprimoravam sua disciplina, temperavam sua coragem e afiavam sua astúcia. No outro
extremo da escala social, os proletários não precisavam extenuar o corpo, porque para isso
havia as fábricas e as oficinas, mas a pátria do capitalismo industrial havia descoberto que o
futebol, paixão de massas, dava diversão e consolo aos pobres e os distraía de greves e outros
maus pensamentos.
Na sua forma moderna, o futebol provém de um acordo de cavalheiros que doze clubes
ingleses selaram no outono de 1863, numa taverna de Londres. Os clubes assumiram as regras
estabelecidas em 1846 pela Universidade de Cambridge. Em Cambridge, o futebol se havia
divorciado do Rugby: era proibido conduzir a bola com as mãos, embora fosse permitido tocá-
la e era proibido chutar os adversários. “Os pontapés só devem ser dirigidos para a bola”,
advertia uma das regras: um século e meio depois, ainda há jogadores que confundem a bola
com o crânio do rival, por sua forma parecida.
O acordo de Londres não limitava o número de jogadores, nem a extensão do campo,
nem a altura do arco, nem a duração das partidas. As partidas duravam duas ou três horas, e
seus protagonistas conversavam e fumavam quando a bola voava para longe. Já existia, isso
sim, o impedimento. Era desleal fazer gols nas costas do adversário.
pênalti. Era preciso proteger os jogadores na boca do gol, que era cenário de chacinas. A
Gazeta de Westminster havia publicado uma impressionante lista de jogadores mortos e de
ossos quebrados.
Em 1882, os dirigentes ingleses autorizaram a cobrança de lateral com as mãos. Em
1890, as áreas do campo foram marcadas com cal, e traçou-se um círculo no centro. Naquele
ano, o arco ganhou rede. Segurando a bola, a rede evitava dúvidas nos gols.
Depois morreu o século, e com ele terminou o monopólio britânico. Em 1904 nasceu a
FIFA, Federação Internacional de Futebol Associado, que desde então governa as relações
entre a bola e o pé no mundo inteiro. Ao longo dos campeonatos mundiais, a FIFA introduziu
poucas mudanças naquelas regras britânicas que organizaram o jogo.
Eduardo Galeano. Futebol ao sol e à sombra.
Comentários:
O texto apresenta, claramente, a ideia de que o futebol, inventado na Grã-Bretanha
(nesse caso o que justifica a nomeação como “esporte bretão”), foi sendo modificado
conforme as necessidades. Por exemplo, a colocação de um árbitro que ficasse responsável
pelas relações de marcação de faltas e afins atende à necessidade de que os próprios
jogadores não fossem responsáveis por marcar as suas próprias faltas. Além disso, percebe-
se que a recepção do esporte, ainda que não causando imediatamente entusiasmo, foi
tranquila, com cobertura da imprensa e acompanhamento por parte dos torcedores. Hoje, é
inegável que seja o esporte mais popular do mundo.
Gabarito: C
8 Considerações finais
Chegamos ao fim de mais uma aula, meus Bolas de Fogo. Muito conteúdo e muitos
exercícios para resolvermos, não é mesmo? Inclusive, fiz questão de colocar vários textos
longos, da mesma forma que ocorre na AFA, com o objetivo de vocês já irem se acostumando,
ainda mais, à leitura.
Na próxima aula, trataremos da Fonética, menos cobrada de vocês no exame, eu sei,
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