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GUSTAVO SAAD DINIZ Paula A. Forgioni Preficio SUBCAPITALIZACAO SOCIETARIA FINANCIAMENTO E RESPONSABILIDADE Belo Horizonte O rorim CAPITULO VI SUBCAPITALIZACAO MATERIAL 30 Problematizacao ‘A subcapitalizagéo material tem raizes na inexisténcia de meios de financiamento da sociedade, buscando capital de terceiros para esse fim. Ao contrério do que ocorreu com a subcapitalizagao nominal, 0 legislador aleméo nao positivou a matéria, que ainda esta em plena |.No direito brasileiro, o assunto também nao a, se analisada a literalidade do art. 50 de CC. mento do problema {oi deixado exclusivamente érprete. Fim verdade, é preciso constatar queé da esséncia das sociedades que 0 sécio contribua com bens ou servigos ¢ concorra com os riseos comuns do negécio. Sio riscos proprios do tréfico mercantil, inclusive fem relagio a terceiros. Surge também o sistema de limitaco da res- construido para lade 20s riscos instituigio de garantias acess6rias ao negécio, taxas de juros e multas compensatérias maiores ou o desestimulo pactuagao com a sociedade — retomando a adverténcia de Wiedemann de que nerthuma parte é forcada a contratar {i. 25} Jé foi analisado que o capital social e o patrim&nio tém fungées estruturais da sociedade e que o patriménio tem a diiplice fungio de OEITARA -RANCIAMMTOREEONSASEIDADE sociedade a partir da inexisténcia de da atividade. de terceiros em desequilibrio com: prios. Obtidos os ele como dese financiamento da atividade da socieda Pararesponsabilizacio 4 icios e, eventualmente, do administrador que provocou a subcapitalizacao. Nao se pode, por outro lado, responsabilizar sécios | € administradores quanto & insuficiente capitalizagao na isto da sociedade, porque 0 CC e a LSA néo fe, pox exigem valores minimos momento inicial® — 0 que somente existe no ordenamento brasileiro 5 Fines von doutinn dota do agent ase Halpin preocapao com aaa Ieglatrapars ade dcop nicl nn, ue repemreenuee tnd ens avcaronuzaciowarina. | 183 em carter excepcional. E risco integralmente transferido ao credor «que negocia com empresa ctiada® e que demonstra a insuficiéncia do E capital social como exclusiva medida de garantia dos credores. Nichtkapitalisierung).®” Nesve caso, a consequéncia juric © sabilidade do sécio, uma vez queo pressuposto de andlise de Eckhold é adependéncia da proporcéo do capital priprio aplicado naatividade Wiedemann tem outro ponto de vista. Afirma que 0 sécio do- « F Omesmo autor repele os argumentos de inexistirem dispositivos com- pelindo’ fixagéo de capital adequado na constituigio dasociedade, uma ‘Proporcional 20 riaco demonstredo pela aividade (muito embora 0 autor cite Ascarli ‘Se a sociedade 50 co de responssbiidade das sociedadesjé transere parte foreiroe que negociam com a sasedede sto porque, pare ida pelo capital coal cobscito inegraizado, mas © tee fie se transerido par o credor social (GALGANO, Francesco. La sect per az: Padove: CEDAM, 1988 i 7, p.7, Tamsbése: GALGANO, Franceien. iro commerciale Le societh, 2° ed, Bologns: ‘Zant, 1977, p. 200), No mesma tentdo: DOMINGUES, Paulo do Torso Do capital soil 26d, Coimbra: Coimbra Ba, 2004 p. 218-219, © BCKHOLD, Thomas. Mateile Untertpitulorang. Mlnchen: Heymanns, 2002p. 8. No © ECKHOLD. Materiel Unteriaptalinerng opel p12 @ WIEDEMANN, Herbert, Gevlisafsncht: Bin Lehebuch des Untemehmens und Verbandarechts, Miincher: Beck, 1980. Band 1 p. 225. “Die Migleder einer juristischen ‘Person Kernen sich auf den Grundestzbeschrinkter Haftungnach §1 Abs. 1Setz2 ALG, $13, ‘Abs, 2GmbHG ure §2 GenG nicht berafen, wenn sie dle von nen behersschte Person nicht ‘mit ener dem Geachafterweck sind dom Geschiltsumang ensprochondem Hingenkapita ‘SEAMEATZACAO SoaetAsA-PRANCNESTOFREFONGABLIDADS 184 | vez que a formagio do capital serie norma de seguranga dos limites da pessoa juridica.® Para Wiedemann e Frey, a subscapi se manifesta pela insuficiéncia de capital proprio para atender ao fim e Ambito negociais, devendo a sociedade se v. para cobrir diretamente e sem prazo as Por sua vez, Karsten Schmidt explica que a subcapitalizacao é uma situacdo juridica (Tatbestand) de adequacio da capacidade eco- némica da sociedade, que nao se confunde com perda patrimoni (Wermigenstisigheit) ? excesso de endividamento como causa de in vencia (Liberschuldung)® ou balango deficitario (Unterbilan: para.utilizaro conceito adotado pelo autor, de uma insuficiéncia docapital proprio para uma efetiva atividade soci chajistatigh Indo se realiza sem a cobertura de créditos de terceiros. Para Schmi € causadora do problema da penetragao da uurchgriffeprobleme), porque as emergéncias da sociedade nao se realizam,® permanecendo os débitos sociais & custa de financiam 10s (através de contratos de mittuo) ¢ indiretos (através do fornecimento de mercadorias), sem os meios suficientes de satisfazer os credores (a quem se transfere o risco empresarial).* Aig WIEDEMANN. Gaslechytercht.. 9p. cits p. 226. /IEDEMANN, Herbert FREY, Kaspar Beck, 2002. 2. reendividannento (lberchudding) ea incapacidade de pagarven i. lo condighes de caracterizagio de insolvénda no drei slemao (QU) € 18 da nsOh inio a sodiedade nao cobre as civ de melon de pagamento de obrigagtes p. 322523, BCKHOLD. Materiel Unterap to da empresa (tive dedusindo passive) inferin Geselchafrech op. ei, p. 1138). “Unterkoptaliserung jst ein Talbestand, der sich auf die Fahighelt der haf. angemessenan Witchaftonbeziht dentsch © OLIVEIRA, J Lamartine Corréa.A dupa crise da pessoa uriica. So Paulo: Sari 407. Tambien: ASCENSAO, José de Olivers. Dire comercil: sociedad come wip 1979. als. 1998 vot svcarmauzagho wnt | 185 -vao credor a0 insucesso por alegagio de normal andamento dos negécios (Geschiftsverlauf), reduzindo aparentemente o risco corrente da empresa e utilizando o privilégio da limitacdo de responsabilidade através de uma suposta cifra de capital originério como garantia do credor." Posiciona-se com ecletismo Peter Ulmer. Para tanto, em sua capital préprio para satisfagdo da necessidade financeita da sociedade, cobrindo-a com capitais de terceiros.*” Em outro estudo, Ulmer ainda aponta que as regras de protegao dos credores (na GibH) se sustentam nacerteza da conferéncia e aumento de capital ea violagio da regra traz.a redugio teleolégica™ do §13, Abs.2, da GmbHG paraa responsabilizacio pela efetivagio correta das finangas.© Observa-se claramente a insuficiéncia do capital proprio, congruancia entre o capital e o objeto social e o excesso de cay terceiros. Quanto a esse mérito, porg tcloldgice de Larenz: LARENZ, Keel Metodelogie 102, ed, Lisboa: Fundaydo Calouste Gulbenkian, 1969, p. 473480, [0 331.2) ‘© ULMER, Peter Die GarbH und der Cisubigaschute. GbR, Kéln, ano 75,7. 10, 256-264 1984, p. 257 ©22 ‘© Fibio Ulhoa Coetho afrme, sem sistemstica, que o acionsta no responde pela subcapi- 186 | Schr gsosocurdss-MMANCAENTOE REOREAIDADE acerca da admissibilidade da desconsideragao da personalidade juridica por conta da subcapitalizacao, restringindo os casos que ele chama subcapitalizacao simples (pela insuficiéneia de meios para al societéria e pela dificuldade em transportar requisitos da economi alemi para a brasileira), mas admite o seguinte: lor nfo impde obrigegao de capital minimo, ¢ dificil exig io sécio que faca a previséo correta no momento de constituigio da so- 5 iedade. O mais correto parece ser considerar a fixago do montante d como componente da business judgement rule do s6cio e actmit 2 desconsicieracdo somente nos casos em que a subca; extremamente evidente (qualificada). Para capital, considerando como componentes os empréstimos feitos pelo sécio & sociedade. A bem da verdade, trata-se da disciplina da sub- capitalizacao nominal, conforme analisado no capitulo anterior. Com semelhante orientacao, Penalva Santos indica como funda- mento para subcapitalizagio 0 capi para desempenho da damento temerério” 31.1 Subcapitalizacao material originaria Adoutrina qualifica como subcapitalizacao or adequacao entre capital e objeto social no momento da constituicéo da sociedade eo financiamento ab initio com capital de terceitos, Para todos, no entanto, a solugao nao esta na mu sheopitazaro qusiendaé marca oa note de psa sol ps 0 da atvidae soci, Para oseasen de ubcaptalzayo spe ou que no et evices, serlanecesriana comprovacio de lemento subjtiva de io cobra de cpa ses le socal Todavlao utr anon ifealdade da rova da clps como See i do afin SALOMAO HLH 0 Janeiro. 416, p. 747, 2001. p.74. Oe elementos dleduzies peo m ss obra de Lamar Cortéa de Oivela especialmente na “desproporgio enttea deta volume dasnegscios eo capital propa" to Salomao, é preciso que haja visio mais ampla do | sswcirmussciononame | 187 istem fundamentos juridicos para esta sancéo juridica, Em verdade, relativiza-se a separacao entre os patriménios e altera-se o centro de imputagao de responsabilidade, atingindo o sécio pela insuificiéncia de capital para realizacio da atividade. 31.2 Subcapitalizagao material superveniente ‘Apés a constituigo da sociedade, 0 aumento da dimensao da atividade ou um desequilibrio financeiro podem ser fatores de moti- vagio da subcapitalizagao material Asolugio para a incongruéncia entre o capital ea atividade tam- bém é a alteracio do centro de imputagao de responsabilidade, trans- ferindo-o para o sécio, sécios ou administradores que, detentores do poder de controle, provocaram a inviabilidade da empresa, desvirtuaram tacdo de responsabilidade do patriménio auténomo e, finalmente, tornaram inadequado o capital proprio em relagdo & atividade [. 18.2). Isso pode ocorrer com uma sociedade limitada que é criada com capital de 10.000 e que tem faturamento da ordem de 5 milhdes. E possivel que ocorra uma desproporgio entre o capital social ¢ 0 pas- sivo da sociedade, Por ébvio que 0 patriménio liquido da sociedade & alterado e nem se pode falar em capital social real a servir de garantia para os credores. Assim é que, no desequilibrio financeiro, a garantia indireta do capital social 6 irriséria e a garantia direta do patriménio iquido nem pode ser identificada numa situagéo volatil e irreal de suporte da atividade. social é menos irrisério do que no exemplo acima, pode ocorrer disparidade entre as dividas e o valor do capital social, determinando a perda do capital social real. As dificuldades também que ja dimensionam com maior ma- turidade a subcapitalizagio para protecao dos interesses dos ctedores ‘e manutencao de equilibrado funcionamento dos modelos societarios limitada. Assim sendo, na estrutura alema, por ‘exemplo, Eckhold diz. que a subcapitalizacio superveniente esté asso- ciada & incapacidade de financiamento ¢ & inidoneidade crediticia da sociedade.* ‘A questo que se coloca e que serd retomada adiante & da ine- xisténcia de um critério que estabeleca uma relagio étima entreatividade e capital social, fazendo com que se transite entre a seguranga do credor ‘ST ECKHIOLD. Material Unteraptaserung pcp. 119. SHEAPHAURACROSOOMTANA-mhanchamaoE rouEAnLOABE © 0 arbitrio da exigéncia, Se o sistema belga de exigéncia de plano de negocios pode revelar alguma eficiéncia no ato da constituigéo, nao se pode falar 0 mesmo em relagéo a uma possivel subcapitalizacdo ‘superveniente (apés trés anos da constituicio da sociedade na Bélgic: No diteito brasileiro, eleger um ponto étimo como critério nor. mativo seria criar um tipo formal ideal, que aniquilaria determinadas situagdes de mercado e de negécio. Melhor seria a afericdo objet do caso concreto, tomando como referéncia a adequacao de subcapi talizacao, 32 Fundamento juridico Hi grande controvérsia doutrindria acerca do fundamento jurfdico adequado para aplicagéo da subcapitalizacao material. A disputa ocorre, sobretudo, entre os que apresentam fundamentos de responsabilidade civil e aqueles que utilizam argumentos societtios lastreados na teoria Normawvecklehre 32.1 Teses civilistas 32.1.1 Argumentos de responsabilidade civil A interpretacio feita com base civilista utiliza fundamento de responsabilidade civil por ato ilfcito, compreendendo nfo somente (pela informagio incorreta do capital social), mas 10 a interesses protegidos. No direito brasileiro a base da responsabilidade pode ser ana- lisada coma caracterizacio genérica do ilicito prevista noart. 186 do CC, demonstrando-se que a suposta ago subcapitalizadora da sociedade seria causa do dano aos credores, ou seja, a subcapitalizacio material seria um ilicito. O argumento nao se sustenta — e a refutacao serve de base para afastar os posicionamentos de direito comparado. Para a caracterizagao do ilicito e da responsabilidade dos arts. 186 e927 doCC, dlevem estar associados: (a) conduta comissiva ou omissiva; (b) volun tariedade e culpabilidade em sentido estrito como elementos subjetivos da conduta; (c) violaco de direito com consequente prejuizo; (d) nexo de causalidade. Nao se trata de um ilicito, porquanto nao seja propriamente © Descrevendo os dierentessuportes fticoe de depate doutrinirt: KAHLER, Ulich, Die Heaftung des Gasllchafters im Flle der Urterkapitalisierung einer GmbH. Berrie Beiter ~ Zeitschrift fr Rech und Wirtschaft Helldelberg, ane 40,118 p. 1029-1434, 1985. p. snocwmuaciSnarae | 189 ‘um tinico ato antijuridico: consequentemente, é a atividade da empresa que pode levar & subcapitalizacao, prejudicando o estabelecimento de Claramente Alvin Lime recur a importincia das corentes doutnrias que exigem ee menos subjtivos para earactorizacio do abuso de dretadotando concep fnsista em (que se abuza da fnalidade do direit independentemente de dolo ou culpe: LIMA. Abito 208 | Scart ho SocknirRaCHMEATOE EFOSKBLOATE a estrutura juridica essencial desse esquema de capitais proprios da sociedade. Desempenhar a atividade societéria com capital de terceiros pode ser fator preponderante para a transferéncia dos riscos para fora. da sociedade, abusando da personalidade juridica usada somente para iar a responsabilidade, Consequentemente, ocorre protegio contra, .¢ao de responsabilidade, com insu- ficiente nivel de capital proprio e financiamento preponderante com capitais de tercet No abuso, como consequéncia da sociedade subcapi € desnecesséria qualquer demonstragao de fraude, como re subjetivo que influenci fe afirmou, a disfungio da financiamento da atividade com capi [i.32.2}, independendo da demonstracao de el a propalada fraude. Em matéria de protecao do consumidos, uma vez demonstrado © dbice ao ressarcimento de prejuizos ao consumidor (art. 2° do CDC) ionada (arts. 17 29 do CDC), aplica-se a clausula geral ; §5%, do CDC, com desconsideragio da personalidade juridica da sociedade subcapitalizada Semelhante ordem de argumer coloca em matéria de pre- 8 causacios ao meio ambiente, posto que a redagao aberta do art. da Lei n®9.605/98 permite inserir a subcapitalizacao materi (b) Outro fundamento esté na utilizagao do método de reducéo teleolégica de Larenz. para obtencao de restrigées nio contidas no texto do art - 993 de sociedades simples que |. Nao se trata de fundamento 2. No mezmo send: NERY JUNIOR Nee NERY, Ros Maca de oct. 4 ed. Sd Paulo: Revista des Tibun ‘GmbH und der Gltublgerschutz, op. cit, p.257 €242_Aplicandoométodo no Afni alan: PORTALE, Capt oie e sith pr son step, pa com a teleologia imanente a lei”, demandando uma restricao que no std contida no texto legal E continua Larenz: A integragio de uma tal lacuna efetua-se acrescentando a restrigio ‘que é requerida em conformidade com o sentido. Visto que com isso a regra contida na le, concebida demasiado amplamente segundo 0 sett sentido litera, se reconduz e reduzida ao Ambito de aplicagio que Ihe corresponde segundo o fim da regulacao ou a conexo de sentido da lei, falamos de uma <>™* Por meio dessa “continuidade de interpretago transcendendo © limite do sentido rossivel” é que se alcanga a interpretacio exata do caso concreto, proibindo-se o uso apenas no limite de interesse preponderante de seguranga juridica — ai sim com manutengio da literalidade”® (O método de Larenz pode ser transportado para a nossa pro- posta quando sao interpretados todos os dispositives que limitam a responsabilidade de acionistas e sécios ao capital transferido para a sociedade. O sentido literal possivel é muito claro e demasiadamente amplo, mas o escopo da regulacdo est justamente na estruturaggo da i sponsabilidade a partir da transferéncia de patriménio. A ca ocorre com a negacao do preceito geral langado no texto doart. 1° da LSA eart. 1.052 do CC, por exemplo: a inexisténcia ou insuficiéncia de capital proprio da sociedade, preponderando capitais de terceiros para financiamento da atividade, determina a manutengio da esséncia do fim da regulacdo, que é.a protegao dos credores da sociedade. ‘Transcende-se o limite literal possivel, reduzindo-se o texto para chegar ao proprio fim da norma, decorrendo a consequéncia juridica da sua protecao, com a superacio da personalidade juridica para atingir 0s sdcios que utilizaram incorretamente a sociedade, qualificando-a como da. de terceiros, em quantidade los riscas da sociedade para os deendividamento da sociedade. 210 | Secarmtenckoicara-micaMero smn mace A comprovagdo se da com a relacao de incongruéncia entre Patriménio eaatividade, determinante da busca de capitais de tercei ficial o fluxo de valores disponiveis para satisfagao dos credores |i, 32.3 € 36], sobretudo fazendo com que se tenha mo: idade na interpretacdo™ e que o sistema fechado do di Com isso se quer dizer que nao € possi assepsia que afaste totalmente cléusulas gerais de direito civil (os pres anexos ou laterais,”* consequéncia da boa-fé, que devem ser respeitados pelos sécios na condugio dos negécios — possibilitando aqui a tilizagzo dacstrutura do contrato relacional {i 12.3].Se exis terais que asseguram o cumprimento perf da obrigagao.”" Dentze os deveres que podem ser classificados como "Op chamados deveres laterals (Neboyfictes) sto postvades pelo §241, Abs, 2, do BGB, que basicamente determina que a relagio {edd para que se respeitem as ditlts, RELA. Das obrigaes em geri, op. cit, p. 104 SILVA. A abrigeo cone proceso pi sncormumgiowsnant | 211 laterais, seguindo-se a doutrina de Clovis do Couto e Silva?" incluem-se cesclarecimento da situacao patrimonial da sociedadee onivel de capital de terceiros que esté movendo a atividade. E a cognicao da situacio de endividamento da sociedade por terceiro credor representa ctitério preponderante na desqualificagao da sociedade como subcapitalizada [i 35.2], Portanto, esse é dever dependente da relacdo principal de correta utilizagio da limitagdo de responsabilidade, a partir do capital conferido a sociedade: o descumprimento do dever lateral dependente acarreta também o descumprimento do dever principal,’? assim como no caso dos deveres acessorios de conduta geradores da reparagéo. Antunes Varela inchisive aponta a frequéncia destes deveres acessérios em relagdes duradouras (contratos relacionais), indicando expressamente as relagdes obrigacionais de sociedade porque comprometeriam “a porque ele vincula sta anélise & conduta do sécio, De modo algum_ etrocedemos a teoria subjetiva da desconsideracao da personalidade juridica, porque o ctitério nao é preponderante, nem tampouco suficiente € auténomo para justificar a subcapitalizacao. Ao contrério, conforme ja se afirmou, a subcapitalizacdo material se concretiza com o abuso decorrente da disfungéo da limitacao da responsabilidade e pelo excesso, de capital de terceiros que retira do sécio os Onus do risco da sociedade. Portanto, a avaliagéo da conduta se torna secundéria, mas nio pode ser absolutamente desconsiderada. E ela é secundaria também porque, dependendio do credor [i 35.2], se pequeno fornecedor ou por ato ilicito, ‘ni hé qualquer condigao de esclarecimento da situagéo patrimonial da sociedade. Esse, aids, o posicionamento da respeitada doutrina alema, fazendo com que 0 critério do abuso do fim da norma seja acrescido facultativamente dos deveres laterais de protegao do tréfico com base na boa-fé75 © que se comprova é que a jurisprudéncia brasileira est se posicionando com a avaliacao das condutas em casos de manifesta subcapitalizagio [i. 23.1 e 34.7]. Com isso, transformou o critério secun- rio em principal ou, em outras palavras, o dever lateral foi clevado a 55 SILVA A origi comn pres op. ct, (esse sentido: KAHLER. Die Haftung des Gesellschafters. op. city. 482. 212 | Soar ho SocmAeh-ReASCNENTO SRF. DADE ‘obtigagio principal descumpride, sendo que, na verdade, o que se: um pressuposto da perda da funcao da limitagio da responsabilid 34 Paradigma da jurisprudéncia alema sobre grupo di sociedades e a comparacdo com a jurisprudéncia brasi _ Abusca da jurisprudéncia alemé como paradigma ndo tem: objetivo transportar, com retérica vazia, as bases juridicas de Konder Comparato, inclusive com adverténcia sobre a nporinia de reconstrugéo do de grupos societérios brasileiros. a Em comparagio de direitos, pode-se citar a lei alema de dades por ages, que no §15 equipara o grupo (Konzera) a uma minagio de sociedade independente por outra, seja qu contratual emprogado.”® Em relagao & formacéo contratual de grupos de empresas, a AKG prevé nos §§15 a 19 a formagao de empresas dependentes mesmo em casos meramente fundados em contrato. © §15 dispée sobre as empresas dependentes (Verbundene Unternehmen) em cldusula geral que especifica serem autOnomas sdverténcia é de Fisenhardt: EISENHARDT, Ulrich. cit oa Gesluchaisrecht. 12. Au Machen: 2 DRAX. Duathrif— und Konzerahafung op et p1 (COMPARATO; SALOMAO FILHO. Pader de control pit, 414482. PEREIRA NETO, Eémur de Andrade Nunes, Anca ee on propos de sade Resa de Dire Mem SS Pak sno 288 p95 eben simcamatizagionarma | 213 | as empresas dependentes, que se relacionam entre si através de (a) F posse de maforia de ages com maior participagao em empresa (§16), = (b) empresa dependent lominante (§17), (¢) empresas em grupo ) empresas com participacéo miitua (§19) (Konzernunternehmen~§ | ou (e) com parte em contrato de empresa (§§291 e 292).”” O caso do §16 diz respeito ao direito de voto (Stimmrechte) ea dominacao por propriedade de maioria de ages que garantem posicio dominante. §17, por sua vez, positiva a questo da influéncia na do- minagio da sociedade e diregao Ambos 05 dispositivos legais encontram paralelo no direito brasileiro. DistingZo interessante, contudo, esté no $18, referente ds empresas ‘em grupo (Konzernunternehmen). Na Abs. 1, é esclarecida a situagao de dominacdoe dependéncia entre duas ou mais empresas, que caracteriza 0 Konzern. Jno Abs. 2, do §18, caracteriza-se o grupo mesmo que haja contrato de dominagdo (Beherrschungsvertrag), descrito no §291 da mesma AiG, através do qual uma empresa subordina a diregio da sociedade a uma outra, Esse tipo de organizagao determina trés niveis: (a) Eingliederung, que ¢ forma plena de dominacao, antecedente & fusdo (porque mantém a personalidade juridica) e superior 4 dominagéo simples (porque o patriménio da controlada esté & disposigio da controladora). Natural- mente, a obrigagao perante credores ¢ também da sociedade de comando (§32 da AK‘G), demonstrando a conexdo entre patriménio e atividade; (b) Beherrschungsvertrag, descrito no §291 da AktG, com sistema de imputacio de responsabilidade para a sociedade de comando através de presiacao de garantia (§303 da AKG) e por meio de reposigao de (© finalmente, 0 §301 da AKIG dispoe sobre o faktische Korzzern, em que a empresa dominante néo pode usar seu conirole para impor 4 dominada a conclusio de negécios danosos out tomar decisdes e incorrer em omissbes que Ihe sejam prejudiciais (salvo em caso de compensagao das perdas). Caso néo ocorra a recomposicao dos prejuizos, respondem a controladora e seus acionistas perante a controlada (§311 da AktG). Apesat dos dispositivos, nao ¢ clara a dis- Giplina da responsabilidade da controladora perante teroeiros credores, remetendo o tema para grandes discuss6es jurisprudenciais nos Tribunais alemaes, que vém aproximando os grupos de fato dos grupos de direito e buscam aplicar o nivel (b) no (©) i SENHARD Ulich. Cyc. 12. A. Minha Beck, 205, p87 m SALOMAO FILHO. Astle pea o ep.

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