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Equações Diferenciais C

Aula 17: Novos problemas variados sobre EDPs

Ronaldo B. Assunção
B.H. 31 de outubro de 2022

UFMG/ICEx/DMAT
Sumário

1. Problemas variados sobre EDPs

1
Sumário

Problemas variados sobre EDPs

2
Condição periódica de fronteira i

Exercício: Condição periódica de fronteira

Resolver o problema de valor inicial e de fronteira

∂2 u(x , t) ∂2 u(x , t)
EDP − a2 = 0, 0 < x < L, 0 < t;
∂t 2 ∂x 2
CF u(0, t) = 0, 0 É t;
CF u(L, t) = Asen(ωt), 0 É t;
CI u(x , 0) = 0 0 É x É L,
¯
∂u(x , t) ¯¯
CI =0 0 É x É L,
∂t ¯
¯
t =0

3
Indicações gerais e resposta i

Indicações gerais e resposta. Esse problema de valor inicial e de fronteira


modela as oscilações de uma corda feita de material homogêneo, fixa em
uma de suas extremidades, enquanto a outra extremidade executa um
movimento harmônico (senoidal), partido da posição de equilíbrio e com
velocidade nula.

4
Indicações gerais e resposta ii

Para resolver o problema de valor inicial e de fronteira

∂2 u(x , t) ∂2 u(x , t)
EDP − a2 = 0, 0 < x < L, 0 < t;
∂t 2 ∂x 2
CF u(0, t) = 0, 0 É t;
CF u(L, t) = Asen(ωt), 0 É t;
CI u(x , 0) = 0 0 É x É L,
¯
∂u(x , t) ¯¯
CI =0 0 É x É L,
∂t ¯
¯
t =0

devemos procurar a solução na forma de uma soma de duas funções

u(x , t) = w (x , t) + v (x , t)

5
Indicações gerais e resposta iii

em que
A ³ω ´
w (x , t) = ¶ sen x sen(ωt)
ωL
µ
a
sen
a
e v (x , t) é uma função que resolve o problema auxiliar de valor inicial e
de fronteira
∂2 v (x , t) ∂2 v (x , t)
EDP − a2 = 0, 0 < x < L, 0 < t;
∂t 2 ∂x 2
CF v (0, t) = 0, 0 É t;
CF v (L, t) = 0, 0 É t;
CI v (x , 0) = −w (x , 0) 0 É x É L,
¯ ¯
∂v (x , t) ¯¯ ∂w (x , t) ¯¯
CI =− 0 É x É L.
∂t ¯ ∂t
¯ ¯
¯
t =0 t =0

6
Indicações gerais e resposta iv

A solução do problema de valor inicial e de fronteira


∂2 u(x , t) ∂2 u(x , t)
EDP − a2 = 0, 0 < x < L, 0 < t;
∂t 2 ∂x 2
CF u(0, t) = 0, 0 É t;
CF u(L, t) = Asen(ωt), 0 É t;
CI u(x , 0) = 0 0 É x É L,
¯
∂u(x , t) ¯¯
CI =0 0 É x É L,
∂t ¯
¯
t =0
é
A ³ω ´
u(x , t) = ¶ sen x sen(ωt)
ωL
µ
a
sen
a
X (−1)n+1
2Aωa +∞ ³ nπ ´ ³ n πa ´
+ sen x sen t .
L n=1 2 nπa 2
³ ´ L L
ω −
L
7
Equação do potencial em uma faixa semi-infinita i

Exercício: Equação do potencial em uma faixa semi-infinita

Resolver o problema de valor de fronteira

∂2 u(x , y ) ∂2 u(x , y ) 0 < x < a,


EDP + = 0,
∂x 2 ∂y 2 0 < y < +∞
CF u(0, y ) = 0, 0 É y É +∞,
CF u(a, y ) = 0, 0 É y É +∞;
³ x´
CF u(x , 0) = A 1 − , 0 É x É a;
a
CL lim u(x , y ) = 0, 0 É x É a.
y →+∞

8
Indicações gerais e resposta i

Indicações gerais e resposta. Esse problema de valor de fronteira modela


a temperatura de estado estacionário de uma placa retangular de largura
a e de comprimento muito grande comparado com a largura, feita de
material homogêneo, perfeitamente isolada em suas faces superior e
inferior, com as duas laterais ao longo do comprimento mantidas à
temperatura nula, u(0, y ) = 0 e u(a, y ) = 0 para 0 É y < +∞, uma das
laterais ao longo da largura mantida à temperatura u(x , 0) = A(1 − x/a) e
a outra extremidade ao longo da largura mantida à temperatura nula,
limy →+∞ u(x , y ) = 0 para 0 É x É a.

A função incógnita u(x , y ) representa a temperatura no ponto de


coordenadas (x , y ) após um tempo muito longo, no qual a temperatura
da placa não mais varia em relação ao tempo, denominada temperatura
de estado estacionário.

9
Indicações gerais e resposta ii

A estratégia para resolver o problema de valor de fronteira

∂2 u(x , y ) ∂2 u(x , y ) 0 < x < a;


EDP + = 0,
∂x 2 ∂y 2 0 < y < +∞
CF u(0, y ) = 0, 0 É y É +∞,
CF u(a, y ) = 0, 0 É y É +∞;
³ x´
CF u(x , 0) = A 1 − , 0 É x É a;
a
CL lim u(x , y ) = 0, 0 É x É a.
y →+∞

é o método de separação de variáveis: procure solução na forma


u(x , y ) = X (x)Y (y ) e transforme a EDP em duas EDOs; em seguida, use
as condições de fronteira e traduza para condições de fronteira para X (x)
e Y (y ) (se possível); a novidade desse problema é a faixa semi-infinita e
a condição CL; nesse caso, é mais apropriado não usar senos e cossenos

10
Indicações gerais e resposta iii

hiperbólicos ao resolver o problema em Y (y ) mas manter as funções


exponenciais; deduza que as parcelas exponenciais com expoentes
positivos devem ter coeficientes nulos em decorrência de CL (portanto, a
solução formal não terá exponenciais com expoentes positivos); com isso,
somente as parcelas exponenciais com expoentes negativos permanecem
na solução do problema em Y (y ); conclua que a solução formal é
+∞
X ³ nπ ´ ³ nπ ´
u(x , y ) = bn sen x exp − y .
n=1 a a

Após a escolha conveniente da extensão da função A(1 − x/a), deduza


que a solução do problema é

2A +∞
X 1 ³ nπ ´ ³ nπ ´
u(x , y ) = sen x exp − y .
π n=1 n a a

11
Equação da viga i

12
Equação da viga ii
Exercício: Equação da viga

Resolver o problema de valor inicial e de fronteira

∂2 u(x , t) ∂4 u(x , t)
EDP − a4 = 0, 0 < x < L, 0 < t;
∂t 2 ∂x 4
CF u(0, t) = 0, 0 É t;
¯
∂2 u(x , t) ¯
CF = 0, 0 É t;
¯
∂x 2
¯
¯
x =0
CF u(L, t) = 0, 0 É t;
¯
∂2 u(x , t) ¯
CF = 0, 0 É t;
¯
∂x 2
¯
¯
x =L
CI u(x , 0) = f (x), 0 É x É L;
¯
∂u(x , t) ¯¯
CI = g (x), 0 É x É L.
∂t ¯
¯
t =0
13
Solução i

Esse problema modela pequenas oscilações de uma viga cujas


extremidades estão simplesmente apoiadas sobre dois suportes.

Mais precisamente, as extremidades da viga permanecem fixas mas as


inclinações das retas tangentes ao gráfico da solução nos pontos
extremos da viga podem ser inclinadas para cima ou para baixo. Ao
contrário de uma viga engastada, em que essas derivadas devem ser
sempre horizontais.

O anulamento da derivada segunda nas duas extremidades da viga


significa que não há torque nesses pontos, isto é, uxx (0, t) = 0 e
uxx (L, t) = 0. Contrariamente, para uma viga engastada na extremidade
x = 0 teríamos uxx (0, t) ̸= 0.

14
Solução ii

A principal diferença entre as oscilações transversais de uma corda de


violino e as oscilações transversais de uma viga é que a viga oferece
resistência à curvatura. Essa resistência é responsável pela nova equação
de quarta ordem que descreve as pequenas oscilações da viga.

15
Solução iii

Procuramos solução para esse problema na forma

u(x , t) = X (x)T (t).

O problema de valor de fronteira associado à variável espacial x é

X iv (x) − σX (x) = 0
X (0) = 0 X ′′ (0) = 0 X (L) = 0 X ′′ (L) = 0.

As soluções da equação de quarta ordem na variável espacial são

X (t) = Acos(λx) + B sen(λx) + C cosh(+λx) + D senh(−λx).

Pelas condições de fronteira deduzimos que A = 0, C = 0, D = 0. Logo,


selecionamos B ̸= 0 e obtemos os autovalores e as autofunções na forma
nπ ³ nπ ´
autovalores: λ = ; autofunções: Xn (x) = Bn sen x .
L L
16
Solução iv

A equação diferencial associada à variável temporal t é

T ′′ (t) + σa4 T (t) = 0 (1)

e as correspondentes soluções dessa equação são


à ! à !
n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2
Tn (t) = En cos t + F n sen t .
L2 L2

As soluções fundamentais são

un (x , t) = Xn (x)Tn (t)
" Ã ! Ã !#
³ nπ ´ n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2
= sen x an cos t + bn sen t
L L2 L2

em que denotamos an = Bn En e bn = Bn Fn .

17
Solução v

A solução formal para o problema da viga é


+∞
X
u(x , t) = un (x , t)
n=1
+∞
X
= Xn (x)Tn (t)
n=1
" Ã ! Ã !#
+∞
X ³ nπ ´ n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2
= sen x an cos t + bn sen t .
n=1 L L2 L2

Essa solução formal resolve a EDP da viga e as condições de fronteira.

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Solução vi

Para resolver a primeira condição inicial sobre a posição inicial


u(x , 0) = f (x) da viga devemos ter

u(x , 0) = f (x)
" Ã ! Ã !#
+∞
X ³ nπ ´ n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2
= sen x an cos 2
0 + bn sen 0
n=1 L L L2
+∞
X ³ nπ ´
= an sen x .
n=1 L

Para isso, devemos estender a posição inicial f (x) da viga como função
ímpar e 2L-periódica. Assim procedendo, os coeficientes an são dados por

2 L
Z ³ nπ ´
an = f (x)sen x dx .
L 0 L

19
Solução vii

Para resolver a segunda condição inicial sobre a velocidade inicial


ut (x , 0) = g (x) da viga devemos ter inicialmente calcular a derivada
parcial ut (x , t), dada por
+∞
X ³ nπ ´
ut x , t) = sen x
n=1 L
" Ã ! Ã ! Ã ! Ã !#
n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2
× an − sen t + bn + sen t .
L2 L2 L2 L2

Dessa forma,
+∞
X ³ nπ ´
ut (x , 0) = g (x) = sen x
n=1 L
" Ã ! Ã ! Ã ! Ã !#
n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2 n 2 π2 a 2
× an − sen 0 + b n + sen 0
L2 L2 L2 L2

20
Solução viii
à !
+∞
X n 2 π2 a 2 ³ nπ ´
= bn + 2
sen x .
n=1 L L

21
Solução ix

Para isso, devemos estender a velocidade inicial g (x) da viga como


função ímpar e 2L-periódica. Assim procedendo, os coeficientes bn são
dados por
à !
L2 2 L ³ nπ ´
Z
bn = f (x)sen x dx .
n 2 π2 L 0 L

22
Solução x

Em particular, se L = 1, a = 1, f (x) = sen(πx) + (1/2)sen(3πx) e g (x) = 0,


então a solução é
³ ´ 1 ³ ´
u(x , t) = sen(πx)cos π2 t + sen(3πx)cos 32 π2 t .
2

Comparação das soluções das equações da viga e da onda.


Comparando as soluções da equação da viga com as correspondentes
soluções da equação da onda, utt (x , t) + a2 uxx (x , t) = 0 com as condições
de Dirichlet no caso particular em que L = 1, a = 1,
f (x) = sen(πx) + (1/2)sen(3πx) e g (x) = 0, teríamos as oscilações da
corda dadas por
1
u(x , t) = sen(πx)cos(πt) + sen(3πx)cos(3πt).
2

23
Solução xi

Em outros termos, a viga oscila com frequências maiores do que a corda.


Entretanto, as frequências de oscilação da viga ainda são múltiplos
inteiros da frequência fundamental.

24

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