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CRÉDITOS

Comandante da Escola de Comando e Estado Maior da Aeronaútica


Maj Brig Ar José Virgílio Guedes de Avellar

Diretor do Instituto de Esducação a Distância (IEAD)


Romero Serra Freire Lobo - Cel Int

Conteudista
Rodrigo Eloy dos Santos - Ten Cel Av
Evandro Carlos Baranzelli - Ten Cel Av

Design Educacional
Renata Lopes Machado Romanholi - 2º Ten PED

Web Design & Design Gráfico

Aline Maira de Cássia Pereira - 2º Ten PED


Clovis Da Cruz Oliveira Neto S2 SNE
SUBUNIDADE 5: ESTRATÉGIA

APRESENTAÇÃO
Este E-book, denominado Estratégia, faz parte da disciplina Poder Militar, foi
desenvolvido com o seguinte objetivo:
• Compreender a evolução do coneceito de estratégia
Desejamos, portanto, que realize um estudo produtivo, rico em experiências e
reflexões.
Pronto(a) para começar? Então, vamos em frente!
1. ESTRATÉGIA: A ETIMOLOGIA E O CONCEITO
Um tema qualquer, ao ser analisado e discutido, é de comum consenso que se
verifique as origens do termo. Desta forma, inicialmente serão apresentadas explicações
etimológicas, histórico sequencial e, por fim, alguns de seus principais teóricos, o que veio a
construir o que se sabe hoje definindo como o termo que ora está em estudo.

Ao longo dos séculos, o termo “estratégia” foi sendo moldado e acrescido de


entendimentos e sentidos que a transformaram no que é atualmente.

Segundo Martins (1983, p. 101) a origem do conceito de Estratégia vem do


grego, mais necessariamente das palavras gregas “stratos” e “agem”, sendo que a primeira
vem designar “exército” e a subsequente diz respeito a “conduzir ou comandar”. Continua -
da mesma origem pode referir-se ainda o substantivo grego “strategos”, que significa
“general”. Parece assim claro que na sua origem, a palavra “estratégia” significaria muito
simplificadamente a “ação de conduzir ou comandar os exércitos”, ação essa que, como
sabemos, competia aos generais.

Como um dos mais significativos pesquisadores sobre as origens da palavra


pode-se apontado o francês Hervé Coutau-Bégarie, tendo sua obra iniciado com a etimologia
da palavra “estratégia”, cuja designação era sobre a “condução dos exércitos ou arte de
comandar”. Os militares sempre tiveram a difícil missão de garantir a sobrevivência dos
povos frente aos ataques e embates com seus inimigos. Sobretudo, tendo por objetivo a
destruição do adversário, os comandantes precisavam usar de toda sua genialidade para
superar as forças opostas e garantir a sua sobrevivência.

Segundo os levantamentos do escritor, “é em Atenas, no séc. V a.C., que


aparece a função de stratego”. As aldeias elegiam uma dezena de “strategos” para que, em
uma forma de colegiado com um líder na posição de decisor final, eram planejadas as formas
de defesa e ataque segundo as possibilidades e circunstâncias que se desenhavam àquele
momento.
Como consequência aos grandes conquistadores, as variações conduziam a
novos entendimentos militares e novos sentidos para as guerras. A exemplo temos os feitos de
Alexandre - o Grande, período ao qual os “strategos” passam a ser responsáveis por um
território onde cada província elegia o seu “stratego”. Com o tempo, vieram a ter menor
importância para aquela época.

Segundo Coutau-Bégarie (2010), as palavras “strategema” e “strategika”,


surgem no séc IV a.C. e tem muito pouca utilização. Contudo, no séc. I a.C. “strategema” é
usada para referir-se a “embuste e ardil” e a palavra “strategika” define o “cargo do general”,
chefe dos exércitos.

Na era dos romanos, no séc. I a.C., voltasse a usar tais palavras sendo que eles
a definiam como “ciência militar” ou “o estudo da organização militar” e “strategus” define o
“chefe dos exércitos”.

Os bizantinos retomam o termo “stratego” como “aquele que está no primeiro


posto de todo o exército, e que é o chefe”. Neste período, há uma regressão levando o
“stratego” a ser um “chefe territorial”. Contudo, o entendimento do sentido do termo
estratégia é pouco frequente ainda e não tem uma forma que venha a diferenciar “estratégia”
de “tática” tendo sido esquecida por um longo período subsequente.

Para os chineses, Sun Tzu descreve o vocábulo como sendo aquele que
"comanda os exércitos e conduz as campanhas”. Em sua obra, o general chinês descreve
inúmeras ações, intenções e conceitos que permeiam dentre os níveis político, estratégico e
tático, conforme os conhecemos na atualidade. Contudo, seus escritos nunca foram muito
divulgados ou explorados pelos povos ocidentais sendo muito pouco usados.

A palavra estratégia volta a ser usada em várias ocasiões de forma isolada, mas
retorna com seu significado centrado nas funções dos militares na Itália nos períodos de 1320
e 1594 e na Inglaterra em 1810. Na verdade, foram os franceses que trouxeram
definitivamente a palavra “estratégia” para a linguagem moderna. Até 1780 a maioria dos
oficiais acreditava que a tática era a ciência da guerra. O retorno definitivo ocorre em 1799
quando Dietrich von Bülow resgata e estabelece o conceito de estratégia em seu livro,
traduzido e estudado por todos os Exércitos da Europa à época.
Fato é que, com a Revolução Industrial do Século XVlll, ocorreram grandes
expansões populacionais e, consequentemente, os exércitos destas nações triplicaram
passando de centenas para milhares de soldados. O resultado foi a necessidade de mais
divisões hierárquicas e a ampliação da malha logística, onde novas funções foram abertas para
o controle e distribuição de armas e víveres às tropas. Este crescimento levou à articulação
dos exércitos em divisões e ao aperfeiçoamento das táticas e técnicas que passaram a ser
exploradas pelos autores e teóricos contemporâneos sobre as relações entre a dimensão
política (superior) e o nível tático (inferior) na condução dos conflitos.

A França e a Prússia tomaram a frente nos debates sobre a “arte da guerra”.


Com isso, os próprios generais passam a sentir a necessidade de descrever suas experiências
para que seus sucessores não cometessem os mesmos erros já observados. Em consequência,
são criadas diversas revistas com artigos para reflexão dos oficiais sobre aquela nova ciência,
a que trata da Guerra.

No início do século XIX, as principais nações abrem suas Escolas de Guerra


para a formação de seus oficiais e generais e temos os primeiros Jogos de Guerra com a
criação e o emprego do Estado Maior Geral, formado pelos oficiais mais experientes e com
formação acadêmica especial, voltado à assessoria “daquele que conduz o conflito”. A partir
deste período, todas as potências adotaram o uso de Estados Maiores Gerais e o ensino militar
de nível superior como instrumentos de reflexão sobre a “arte da guerra” em suas respectivas
Escolas Militares.

Carl von Clausewitz, foi instrutor da Escola Militar de Berlim e é um dos


escritores mais estudados na atualidade. Ele definiu estratégia como “a teoria relativa à prática
dos combates ao serviço da guerra”. Teórico da guerra, respeitado até os dias atuais,
Clausewitz foi pragmático ao subordinar a guerra à política. Para Clausewitz, em seu livro Da
Guerra - Vom Kriege (1832), a estratégia, é “a utilização dos engajamentos para atingir o
propósito da guerra” e em complemento, afirmou também que “a guerra é a continuação da
política por outros meios”, o que expande o estudo da guerra e passa a envolver as políticas
de estado e a utilização de suas formas de poderes, o que ainda será melhor explicado.

]
Segundo Clausewitz, existem duas atividades absolutamente distintas: a táctica
e a estratégia. A primeira organiza e dirige as ações nos combates, enquanto a segunda liga os
combates uns aos outros, para chegar aos fins da guerra... A estratégia é o emprego da batalha
na guerra; a táctica é o emprego das tropas no combate”. À época, o entendimento da guerra
ainda não dispunha de outras fases como atualmente, mas estava sendo construído, através de
um processo lento e penoso para a própria humanidade.

Desta breve análise histórica conclui-se que há muitos anos, desde o


surgimento das grandes cidades estados, seguindo-se as nações e os impérios, que as guerras
deixaram de ser apenas encontros aleatórios nos campos de batalha. Inúmeros foram as
concepções conceituais elaboradas, mas o objeto da estratégia manteve sua concordância
entre a maioria - “arte ou ciência, a estratégia é de ordem militar e relativa ao comando nos
tempos de guerra” (Coutau-Bégarie, 2010, p. 60).

Com um pensamento analítico mais expandido, percebe-se que muito antes da


primeira flecha ser lançada, das primeiras espadas se cruzarem ou do primeiro tiro ser
disparado, várias decisões foram tomadas e diversos planos e ordens eram, são e serão
realizados. Por fim, conclui-se que, tanto os planejamentos como as ações ocorrem em forma
de um processo.

Para Mintzberg e Quinn (1991), estratégia “é um modelo ou plano que integra


os objetivos, as políticas e as ações sequenciais de uma organização, em um todo coeso”.
Assim, a este processo pode-se dar o nome de estratégia, um termo cujo conceito e
entendimento recebeu diversas alterações ao longo da história, mas que pode ser resumido
como a soma de ações com o objetivo de “reduzir no inimigo a vontade e ou a capacidade de
lutar''. Estas ações são deliberadas até que predomine a sua própria vontade ou interesse,
sendo estes interesses definidos pelo mais alto escalão.

Ao contar suas experiências, os autores descreviam premissas ou regras às


quais mantinham-se fiéis ao realizarem seus planejamentos. Estes princípios passaram a ser
observados como essenciais e todos os exércitos definem as suas estratégias tendo sempre em
vista como pilares norteadores da sua estratégia militar os “princípios de guerra”. Em termos
acadêmicos, há muita discordância sobre a aplicabilidade desses conceitos. Fato é que alguns
estudiosos defendem que a aplicação desses princípios é o suficiente para se garantir a vitória.
Porém, outros afirmam que a “previsibilidade” na guerra é muito baixa e que por isso um
comandante deve prezar mais pela “flexibilidade”, pois tendo a preocupação em seguir regras
rígidas levaria a situações muito evidentes para o inimigo contrapor-se. A exemplo, temos
várias ocorrências da Segunda Guerra Mundial com os comandantes concordando que uma
guerra pode ser tudo, menos previsível em vista da “natureza humana na guerra”.

Nos embates da Segunda Guerra Mundial, muitas estratégias foram traçadas,


algumas delas com exaustiva riqueza de detalhes, mas a dinâmica das batalhas obrigou a que
muitas dessas estratégias tivessem que ser reescritas, provando também que as estratégias
podem mudar rapidamente por influência da tecnologia ou de novas circunstâncias que
surgem.

Isso tudo deixou bem claro que as estratégias militares são sim muito
importantes e que o planejamento desde o mais alto nível é obrigatório. Contudo, o
comandante de uma grande operação deve ser flexível o suficiente para reescrever as suas
estratégias conforme a dinâmica da campanha.

Ao contrário do que alguns estudiosos afirmam que a estratégia uma vez


definida deve ser seguida à risca até o final, as estratégias podem evoluir no nível tático e se
adaptar a cada ocasião com o comandante sempre atento aos seus objetivos estratégicos e
ponderando muito bem os riscos.

2. TEÓRICOS DA ESTRATÉGIA
É imperativo salientar a importância de que as ações de preparo estratégico não
devem ser executadas em tempos de guerra, mas prioritariamente em tempos de paz.
Exercendo um esforço futurologista, é dever dos estrategistas preparar-se para as dificuldades
que as guerras do futuro irão lhes impor. Neste diapasão, passamos a observar os pensadores
mais estudados e que muito contribuíram para o conceito de estratégia que se tem nos dias de
hoje.
Frente ao provérbio romano: “se queres a paz, prepara-te para a guerra”,
percebe-se que estas são as palavras mais corretas para as intenções de uma boa estratégia,
pois tudo se inicia ainda em tempos de plena paz, segundo nossos pensadores.
2.1 Sun Tzu
Como já comentado, muitos estudiosos da guerra, partiram de suas
experiências definindo assim o que chamamos de “princípios de guerra” segundo seus
entendimentos ou visões particulares do fenômeno em estudo. Dentre estes, cabe certo
destaque para Sun Tzu, que a 2500 anos definiu alguns princípios básicos pelos quais o
comandante deveria se regrar. O guerreiro erudito e de vida longa descrito por Sun Tzu em
seu livro “A Arte da Guerra”, vivia para o planejamento e preparo de suas estratégias, pois
sábio é o regente que nunca deseja a guerra, mas está sempre preparado para ela.

Sabe-se muito pouco sobre o autor. Deste pouco, destaca-se que serviu ao rei
do leste da China por volta do ano 500 a. C. Sua obra teve abrangência sobre diversos
assuntos como estratégia, táticas, atraso e antecipação, a criação e manutenção de alianças e o
emprego de agentes duplos. É um livro de grande valia para a arte da guerra (FREEDMAN,
2013).

Das circunstâncias de seu período, sabe-se de uma competição por influência


entre um conjunto de reinos em um período em que o soberano central da China esteve em
decadência e com inúmeras dificuldades. Porém, a influência de Sun Tzu está na abordagem
subjacente à estratégia.

Com seus ensinamentos baseados no taoísmo, A Arte da Guerra abarca tanto a


política quanto a guerra chegando aos detalhes do nível tático. Para se ter excelência na arte
da guerra não se deve buscar ganhar “cem vitórias em cem batalhas”, mas apenas “subjugar o
inimigo sem lutar”. O estrategista deve ser um mestre do engodo, usando sua força onde ela é
mais eficaz e assim deve “evitar o que é forte atacando seus pontos fracos”. Levar a derrota à
estratégia do inimigo (ou “impedir seus planos”) era a “maior e melhor forma de exercer sua
estratégia”. O general que o fizesse era visto como um gênio na “arte da guerra”
(FREEDMAN, 2013).
Como regra básica para a cilada, basta que se faça o oposto do que o inimigo
espera. Sempre deve parecer incapacitado quando é capaz, passivo quando está ativo, perto
quando longe, longe quando perto. Simular a covardia exigia coragem, boa ordem e muita
disciplina, pois a depender da atitude do inimigo, serão suas ações que vão levá-lo ao erro
fatal.

É evidente que sua conduta traria melhores resultados quando apenas um lado
executava seus conselhos. Contudo, seus textos se diversificaram e o inimigo também passou
a ler os mesmos livros. Desta forma, ambos os comandantes passaram a usar da leitura de Sun
Tzu e as manobras e trapaças poderiam levar a nenhuma conclusão ou então uma forte colisão
súbita que os pegaria desprevenidos. Contudo, sua obra nunca apontava um único caminho
para a vitória, mas conduzia seus estudiosos ao discernimento que, embora fosse melhor
evitar as batalhas, por vezes elas deveriam ser travadas. Conflitos foram descritos de forma
relativamente simples, nos quais movimentos ousados levavam o inimigo prepotente à
condição de indefeso ou dissolvendo-se em desordem. A perspectiva do livro oferece
relevantes possibilidades para aquelas lutas complexas, onde se espera que os embates sejam
indecisos e as alianças e inimizades troquem de lado a qualquer momento.

De forma resumida, Sun Tzu pregava a “previdência” ou o conhecimento


antecipado sobre as futuras ações dos inimigos. Este entendimento não poderia ser extraído de
algum manual ou pote mágico, mas apenas da intuição, sabedoria e genialidade de um bom
general. Para muitos generais do Leste Asiático, os textos de Sun Tzu tornaram-se estudo
obrigatório, uma influência evidente a inúmeros líderes na história das guerras. Acima de
tudo, Sun Tzu não oferecia uma fórmula fácil a todas as situações, mas uma saída com
prováveis condições de se concretizar em forma de estratégia, fundamentando-se na sua
astúcia e nas características humanas de seu oponente.

2.2 Nicolau Maquiavel


Nicolau foi um florentino burocrata, conselheiro político e diplomata cujo livro
escrito tal qual um manual para regentes, deu certa ênfase a assuntos políticos. Contudo,
realizou inúmeros comentários de forma inteligente e persuasiva sobre os militares. Utilizou
destas artimanhas e suas qualificações como conselheiro em um momento de grande
turbulência e perigo nos assuntos da Toscana à época. Em O Príncipe, fica destacado sua
intenção de apresentar os resultados de uma possível política ideal, sob uma ótica científica e
marcada pelas decisões estratégicas dos líderes de maior sucesso da época. Contudo, a
rejeição total da moralidade cristã imperava nas cortes, então ele contou como as coisas
realmente acontecem sem o menor pudor romântico ou relatos suaves. Ofereceu uma reflexão
sobre a moral praticada à época.(FREEDMAN, 2013).

Descreveu uma capacitação bélica mais resistente, baseada no recrutamento,


que pudesse oferecer uma estrutura militar mais confiável para defender a cidade estado e
estender seu poder. Porém, a milícia florentina que conseguira organizar fora derrotada em
batalha contra os espanhóis em Prato, no ano de 1512. Com a derrota veio o exílio e
Maquiavel pode dedicar-se à escrita que lhe tornaria o pai da filosofia política moderna
(FREEDMAN, 2013).

Em seus relatos, salientou que a manutenção da posição política do regente


dependia do uso correto dos meios disponíveis sem sentimentalismo. Há quem afirme que
Thomas Hobbes inspirou-se em Maquiavel, ao descrever “o homem como lobo do próprio
homem” em seu livro “O Leviatã”.

Falando sobre política externa, Maquiavel demonstrou sua visão estratégica das
coisas acentuando que esta deve ser uma das primeiras pautas de um novo governante.
Segundo Maquiavel (1532), o governante, ao assumir um principado novo, deve tornar-se um
defensor e chefe dos vizinhos mais fracos, direcionar esforços para enfraquecer os fortes e
estar sempre atento para que nenhum forasteiro tão poderoso quanto ele esteja por perto.

A metodologia política utilizada por Maquiavel refletia o mesmo desafio que


estimula a todos os estrategistas em como lidar com uma força potencialmente maior.
Maquiavel afirmou que sempre haveria riscos, em qualquer estratégia que venha a ser
adotada. Segundo a natureza das pessoas, você nunca poderá escapar de um perigo sem topar-
se com outro; mas sabendo reconhecer a natureza dos diversos riscos saberá aceitar aquele
com as menores consequências (FREEDMAN, 2013).
Ele abordou o valor potencial de um exército permanente como um poder a ser
adequadamente formado para servir aos verdadeiros interesses do Estado. Um exército
competente e leal poderá garantir sua segurança e criar liberdade de manobra diplomática.
Este exército seria uma arma estratégica de dissuasão. Maquiavel entendeu a associação da
guerra com a política e a necessidade estratégica de comprovar a derrota do inimigo no campo
de batalha, para que o mesmo não pudesse ter a chance de um reagrupamento e uma nova
tentativa. Também demonstrou apreço por trapaças, engodos, espionagens e as vantagens de
estar melhor informado que o inimigo, o que o levaria à possibilidade de vencer sem ir à
batalha, ponto em que claramente compartilhava das ideias de Sun Tzu.

Contudo, seu trabalho não teve como foco um inimigo externo, mas sim foi
mais voltado a manter a lealdade e o comprometimento dos súditos em seu governante.
Dissuadir ou persuadir alguns súditos seria muito fácil. Pois usaria das palavras, da autoridade
ou ainda da força. A persuasão da multidão era mais difícil. Para este trabalho é preciso
dispor-se de “excelentes capitães oradores”. Maquiavel proporcionou aos governantes os
conselhos mais cínicos sobre como captar e manter o poder. Sobreviver seria o objetivo mais
alto, depois as variações de conduta em acordo com as circunstâncias viriam a possibilitar a
manutenção dos súditos sob seu jugo.

Uma das principais questões sobre seu livro, trata da escolha do governante
entre o “amor e o temor de seus súditos”, pois, temos claramente a descrição de Nicolau que é
muito melhor ser temido, caso não possa ser ambos. Observada a natureza humana, percebe-
se que os homens são ingratos, inconstantes, mentirosos e enganadores, evitam o perigo e são
ávidos pelo lucro. Enquanto você os tratar bem, eles serão seus, mas com o perigo à porta, se
voltarão contra você. Assim, aqueles que se portarem como miseráveis e que não cumprirem a
palavra com você, não podem pedir que cumpra sua palavra para com eles. No entanto, não
era bom ser visto demonstrando má-fé. Pois os governantes devem evitar ser odiados e
desprezados (Freedman - 2013). Caso contrário, será sempre obrigado a estar pronto a
defender-se de insurreições.
Apesar do termo maquiavélico ser sinônimo de estratégias baseadas em engodo
e manipulação, a intenção do escritor era a busca pela estabilidade do governo. As estratégias
descritas utilizavam de crueldade e desprezo para com os inimigos e maus súditos. Mas não
deixaram de ser eficazes em tempos difíceis como o período em que Nicolau viveu.

3. REPOSICIONAMENTO HISTÓRICO
Neste ponto, é importante que se faça uma distinção histórica entre as
estratégias de que os autores falaram observando seus diversos níveis. Reposicionando o
contexto histórico, pode-se dizer que, com as guerras napoleônicas subsequentes à Revolução
Francesa, ocorreram distinções entre as estratégias nos níveis da política, da diplomacia e no
campo militar. Quando o poder político apresenta uma necessidade como objetivo, a
diplomacia usaria de formas estratégicas para se negociar um acordo, por outro lado as
estratégias militares usariam de uma forma bem mais opressiva e absolutista para a concepção
dos mesmos.

Coutau-Bégarie(2010) fala ainda sobre três ampliações sucessivas do conceito


de estratégia e o emprego de poder diplomático e militar como meios à disposição dos
objetivos políticos. Bismarck e Moltke usaram da sincronização destes poderes trabalhando
em conjunto para os interesses do estado prussiano e depois, para a Alemanha, já unificada.
Contudo, o conceito de estratégia ainda permaneceu com o foco militar e a obtenção da
vitória.

Inúmeros foram os autores a descrever o termo “estratégia” e


consequentemente, cada qual o descreveu segundo suas experiências e circunstâncias vividas.
Seria um exercício extremamente grande entender todos eles. Assim, passa-se a descrever
pensadores mais recentes e mais próximos de uma realidade atual.

Já no período após a Primeira Guerra Mundial, ocorreu outra expansão do


conceito, formulado pelo Capitão Liddell Hart.

Ferido em batalha, foi dispensado do exército, o que o levou a dedicar-se aos


estudos da arte da guerra e as estratégias (Almeida, 2011, p 12).
Liddell Hart definiu a “GrandStrategy” como “avaliar e desenvolver recursos
econômicos e demográficos para manter as forças armadas”.(Almeida, 2011, p. 12). Percebe-
se ainda um grande direcionamento de esforços para as forças militares e o objetivo da vitória
pelo combate.

Tal conceito foi absorvido pelos Estados Unidos da América (USA) como a
Estratégia Nacional (Grand Strategy) tendo como objetivo desta ampliação atender às
demandas de proporções extremas que as duas Guerras Mundiais tomaram com o
envolvimento da economia nacional e a mobilização de toda população nos esforços de
guerra.

Assim, verifica-se uma ruptura com o conceito original de estratégia, o qual era
voltado às batalhas em campo. Agora, ultrapassaria da esfera estatal (governo) para qualquer
atividade social fazendo uso de todos os elementos do Poder Nacional. Nesta expansão
conceitual, Coutau-Bégarie(2010) explica uma maior ampliação dos entes envolvidos. É
quando o conceito ultrapassa a própria questão de objetivos do estado para uma forma ainda
mais ampliada e então vira uma estratégia total para o estado de mobilização de todos os
recursos para alcançar esses objetivos, não necessariamente militares, mas objetivos
estratégicos do Estado.

3.1 Basil Liddell Hart


Da mesma forma que seus antecessores, Basil Liddell Hart escreveu sua tese a
partir de suas experiências, no seu caso, da Primeira Grande Guerra, onde foi ferido em
combate na batalha de Somme, na França. Tendo testemunhado os horrores do massacre
daquele conflito, imaginou que através de novas teorias poderia modificar as próximas
guerras. Acusava os generais à época de sanguinários fiéis às teorias de Clausewitz na busca
pela “batalha decisiva” e que conseguiram apenas imensas pilhas de soldados mortos.
Suas ideias sobre guerra limitada espalharam-se com a chegada das armas
termonucleares, dando um novo significado à ideia de guerra total. Sua reputação cresceu
após a Segunda Guerra Mundial, em vista do apoio irrestrito a uma nova geração de
estrategistas civis e historiadores militares que buscavam quantificar a “abordagem indireta”.

Liddell Hart entendia que os conceitos de Clausewitz baseavam-se em visões


centradas na batalha, apenas com o desejo de destruir o inimigo no campo de batalha, onde a
estratégia seria a “arte de empregar meios militares para os fins políticos.”(FREEDMAN,
2013).

Para mudar tudo isso, em suas explanações, Hart usava de analogia ao corpo
humano, cujo cérebro comandava o restante. A exemplo, ações para se fazerem efetivas
deveriam ser a pontos específicos, para que levem à perda das comunicações e/ou dos centros
de comando do inimigo. Seu apelo por uma “abordagem indireta” como a “forma mais
esperançosa e econômica de estratégia” tocou aqueles que acreditavam que a inteligência era
preferível à força bruta.

Observando as duas guerras de proporções mundiais, Liddell Hart queria


limitar as consequências que vivera, a partir de uma busca pela limitação dos objetivos e, por
conseguinte, limitar os embates diretos. Acreditava que os custos sempre seriam além das
vantagens, o que nunca justificaria o emprego de tantos meios como vinha sendo feito. Para
Hart, a arte da estratégia deveria buscar por meios para um fim fixo, e primordialmente
precisava identificar fins ou objetivos realistas e desejáveis com o menor esforço possível.
Desta forma, o objetivo final de uma guerra seria “subjugar a vontade do inimigo de resistir,
com a menor perda humana e econômica possível para si mesmo”. Tal qual Sun Tzu, Hart
definia claramente que a “estratégia perfeita seria, produzir uma decisão favorável aos seus
interesses sem fazer uso de combates de grandes proporções.” (FREEDMAN, 2013).

Em vez de uma aproximação direta, deixando claro o caminho evidente a


seguir, o que proporcionaria um confronto com um inimigo bem preparado, a abordagem
indireta “reduziria a possibilidade de resistência”. O resultado desejado era a linha de menor
resistência, que se traduz psicologicamente como “a linha de menor expectativa”. O principal
impacto se daria no psicológico do inimigo e não na esfera física.
Para tanto, seria necessário o conhecimento de quais aspectos, fatores ou
elementos teriam a capacidade de mudar a vontade do oponente. Para se evitar a batalha seria
necessário provocar consideráveis perturbações às disposições do inimigo no tabuleiro do
conflito usando de mudanças repentinas, proporcionando separações das forças inimigas,
levando perigo aos seus suprimentos, ameaçando suas rotas de ações ou de estabilidade
interna, ou combinando diversos desses movimentos. Abordar o inimigo diretamente, nunca o
desequilibraria, apenas criaria maiores tensões criando um inimigo acuado e encurralado.

A estratégia indireta ideal criaria condições nas quais se busca evitar as perdas
evitando as grandes batalhas, embora os princípios básicos se aplicassem mesmo se a batalha
tivesse de ser travada. O inimigo era forçado a concluir que a derrota se tornara inevitável
antes que a batalha fosse iniciada. Um planejamento deveria ser tal qual uma árvore, cuja
estrutura precisa de galhos para dar frutos. Um plano com um único acesso pode provar ser
um ramo improdutivo, sem resultados, mas a diversidade de opções tornaria o
empreendimento viável por outras formas.

Na verdade, Liddell Hart evitou falar sobre a natureza humana e sua


possibilidade de proporcionar uma escalada da guerra sem limites, chegando à probabilidade
da autodestruição. A despeito de sua exaltação da abordagem indireta, Liddell Hart teve
muitas dificuldades reais à sua teoria, sobretudo frente a um inimigo primitivo e resoluto na
forma de pensar e agir. Uma abordagem indireta é um ideal estratégico. Contudo, carece de
circunstâncias muito especiais às quais as sociedades e seus exércitos podem não entender e
demonstrar-se bastante resilientes.

Por fim, é justo afirmar que Liddell Hart e Clausewitz discordam, pois que,
para o prussiano, vencer a guerra é obter a vitória através de uma batalha decisiva com todo o
atrito possível entre as forças combatentes, com elevado custo humano e material. No entanto,
para Liddell Hart, a batalha é apenas um seguimento de manobra, e, de forma similar a Sun
Tzu, acreditava que o melhor general é aquele que vence sem ir para a batalha.
3.2 Arthur Friedenreich Lykke Junior
O coronel do USARM, Arthur F. Lykke Jr. estruturou seu pensamento de uma
forma muito simples de ser entendida por iniciantes do assunto, para depois trabalhar seu
ponto de vista um pouco mais abrangente, explicando a estratégia de segurança nacional.
Inicia-se com a ideia de um banco de três pernas e explora o conceito de uma estratégia de
segurança.

O fato propiciou maior contato para seus alunos ao assunto, criando discussões
e ampliando os conhecimentos de todos. Seus estudos foram muito difundidos na U.S. Army
War College, onde um banco de três pernas ou pilares simplificou as explicações. Nele está a
estrutura básica de sustentação de uma Estratégia de Segurança Nacional amparada por uma
Estratégia Militar.
Suas pernas:
1 – ends - objetivos, é onde você quer
chegar “o que você quer obter” com a
estratégia;
2 – ways - meios ou “o curso das ações”,
que você precisará tomar para atingir
aqueles objetivos;
3 – means - recursos que correspondem
a “tudo aquilo que você precisa” para
alcançar o sucesso. (LYKKE, 1989).

Por fim, é possível entender que o desnível criado pela insuficiência de


qualquer um dos três pilares deste banco irá provocar um desequilíbrio no sistema,
ocasionando riscos (risk) à Estratégia utilizada, e consequentemente, à Segurança Nacional. O
entendimento dos riscos deve ser estudado e ponderado observando se o todo valerá a pena
ou não, face às perdas ocasionais a cada passo dado na formalização desta estratégia.
Com mais tempo de análise, chegou-se a um resultado do Modelo de Lykke
mais abrangente ainda. Pode-se concluir que foram definidos novos níveis de estratégia para o
estado como:

a - Estratégia de Segurança Nacional - também referida como Grande


Estratégia ou Estratégia Nacional;

b - Estratégia Militar Nacional – onde se visa distribuir e aplicar o poder militar


na busca pelos objetivos nacionais;

c - Estratégia do Teatro de Operações - a arte e a ciência de desenvolver


conceitos estratégicos integrados e cursos de ação direcionados para garantir os objetivos da
política e da estratégia de segurança nacional e de alianças ou coalizões (Yarger, 2006).

Aqui, o maior ganho foi a ampla divulgação do conhecimento, resultado dos


estudos e dedicação do mestre e seus alunos popularizando as discussões do assunto e
melhorando os debates na U.S. Army War College.

3.3 Gen. André Beaufre


Em primeiro, deve-se observar que a guerra não é um fenômeno isolado, mas é
um ato de política com meios adicionais, baseada num contexto específico e, considerando as
diversas modalidades de ações e os propósitos almejados, é ao redor destas questões que se
deve estudar e implementar o planejamento militar (PARET, 1992, 125-28).

De forma semelhante, observando e baseando-se no contexto histórico de cada


escritor, percebe-se seus predecessores de exemplos utilizados. Como destacado pelo próprio
Gen. Beaufre, “em estratégia, mais do que em qualquer outra área, é preciso distinguir o
essencial do acessório” (BEAUFRE et al., 2004, p. 133).

O período vivido pelo oficial francês André Beaufre, foi de pós Segunda
Guerra Mundial, um período com destaque para a Guerra Fria entre as grandes potências. Foi
um período onde considerou-se que o pensamento estratégico ocidental se encontrava em
crise de fundamentação e epistemologia, devido aos fenômenos de grande vulto que abalaram
o saber tradicional da Segunda Guerra Mundial: “o fator nuclear”. Segundo Beaufre, “já não
se acreditava na genialidade dos estrategos”. Muito devido aos excessivos planejamentos e
negociações que de nada resolveram para se evitar as guerras que envolveram o mundo todo
(BORGES, 2006).

Para Borges (2006), mesmo depois de uma Guerra que mobilizou todas as
capacidades dos Estados, a maioria dos pensadores militares continuavam a encarar a
estratégia como apenas um dos ramos da Arte ou Ciência Militar.

Neste período, o advento da arma nuclear foi muito explorado, o que deu
origem a diversos conceitos dissidentes da estratégia de intimidação ao adversário. Os
modelos do Gen. Beaufre, baseados na sua “dialética das vontades”, foram destaques deste
período.

3.3.1 Os modelos do Gen. Beaufre:


O Gen. Beaufredefiniu estratégia como sendo “a arte da dialética das vontades
que utiliza a força para resolver o conflito que entre elas se estabelece” (BEAUFRE et al.,
2004, p. 36).

Quanto ao seu desejo, o Gen. Beaufre esclarece como sendo “atingir os


objetivos fixados pela política, utilizando, o melhor possível, os meios de que se dispõe”
(BEAUFRE et al., 2004, p. 37), sejam eles de natureza ofensiva ou defensiva.

Para André Beaufre, os meiosque se dispõe são materiais e ou morais e a “arte


da estratégia” está em escolhê-los e como arranjar estes elementos para efetivar sua ação e
“produzir o efeito moral decisivo” (BEAUFRE et al., 2004, p. 38). Portanto, entende-se que a
estratégia é o confronto das “vulnerabilidades do adversário e as nossas potencialidades”
(BEAUFRE et al., 2004, p. 38). A análise da conclusão ocorrerá pelo encontro, entre os meios
à nossa disposição e as vulnerabilidades do inimigo, sendo este choque capaz de proporcionar
o efeito desejado. Em análise geral, Ferreira e seus amigos concluem que todo o conjunto irá
auxiliar na elaboração do plano estratégico e o general demonstra que é possível prever as
respostas a cada um dos nossos movimentos, em busca pela manutenção da liberdade de ação,
antecipando resultados que conduzirão à decisão (FERREIRA, 2018).
Para facilitar a compreensão, o Gen. Beaufre descreve cinco modelos,
organizados conforme os meios e a importância dos objetivos a serem conquistados
(FERREIRA, 2018):
1) Ameaça direta: quando se tem meios poderosos e objetivos modestos, no
qual a simples ameaça deverá ser suficiente. A exemplo, a posse “da bomba
atômica, é a base da estratégia de dissuasão”, poucos terão audácia de
confrontar;
2) Pressão indireta: dispondo de meios insuficientes e objetivos modestos,
deve-se empregar ações insidiosas de natureza política, diplomática e/ou
econômica. Estas ações “buscam a decisão do inimigo por falsas ações
políticas, diplomáticas ou econômicas a desistir do objetivo que se pretendia”.
3) Ações sucessivas: quando os meios são limitados e os objetivos
importantes, recomenda-se a combinação dos dois modelos anteriores. A
exemplo tem-se as guerras europeias do século XVIII, pois se aproximariam
desse modelo.
4) Luta total prolongada de baixa intensidade militar: dispondo de meios
fracos e objetivos ligados a fortes elementos ideológicos, deve-se recorrer ao
uso de meios rudimentares para alongar o conflito e desgastar o inimigo. Esta
estratégia foi empregada nas guerras de descolonização e seu principal teórico
foi “Mao Tsé Tung”. O resultado foi a conquista da China comunista.
5) Conflito violento visando a vitória militar: quando se dispõe de meios
poderosos e os objetivos não vitais para o inimigo, no qual é importante
procurar a capitulação moral e a vitória militar rápida (modelo de Clausewitz).
É de suma importância observar que estes cinco modelos não são para
classificações, pois a intenção é demonstrar as diversas opções entre as quais o
estrategista tem a escolher (FERREIRA, 2018). Não é a escolha de um modelo
que determinará as ações de defesa ou ataque a uma ameaça corrente, mas a
combinação de ações correlatas aos modelos que constituirá um escudo de
proteção à altura da ameaça. Seja ela qual for.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível concluir que a “estratégia” é um meio de ação da política
internacional e que as ações escolhidas veem a definir o futuro das relações. Com o estudo da
estratégia pode-se corrigir erros de julgamento chegando à possibilidade de se evitar alguns
conflitos. É preciso reforçar ainda que são apenas formas de empregar os meios subordinados
à política e que o estrategista precisa avaliar intuitivamente os inúmeros fatores decisivos,
como as relações com aliados ou não aliados, considerações religiosas, limitações impostas
pela política, regras de envolvimento, capacidades e vulnerabilidade de ambas as partes, entre
outros.

Vivemos em um período em que o Brasil tem ampliado seu papel de destaque


no ambiente mundial, sendo o quinto maior em extensão territorial e retomando posições
como economia emergente. Com gigantesca capacidade de recursos naturais, o País vem
destacando-se em uma projeção internacional, a qual pode proporcionar eventuais conflitos de
interesses com protagonistas de várias origens ou interesses adjacentes.

Em vista do histórico de povo pacífico e avesso a conflitos, o Brasil sempre


tomou partido de envidar todos os esforços possíveis para soluções diplomáticas. Porém, a
despeito desta característica, é essencial a todo e qualquer Estado “que dedique contínua
atenção à sua defesa, haja vista a condição sistemática de instabilidade dos relacionamentos
entre os países e a emergência de novas ameaças no cenário internacional” (BRASIL, 2018).

Para tanto, usa-se do binômio Desenvolvimento e Defesa. Esta política


pressupõe que a defesa do País é inseparável do seu desenvolvimento, produzindo o escudo
indispensável à defesa. Desta forma fica ainda mais relevante os trabalhos de estudo e
desenvolvimento de novas capacidades nos institutos de tecnologia e faculdades voltadas à
defesa.
Em consequência aos diversos pareceres dos estudiosos até aqui mencionados,
é com base no trabalho feito ao longo de milhares de anos que muitos exércitos vêm
compilando seus manuais, cada um dedicado a uma situação específica no campo de Batalha.
Tal qual os primeiros pensadores, as interações e novas experiências permitirão a construção
de melhorias em nossas atividades chegando a melhores resultados.
Bons estudos!
4. REFERÊNCIAS

BEAUFRE, A., Couto, A. C., Hart, B. L., Pires, A., & Abreu, F. Introdução à estratégia.
Lisboa: Edições Sílabo. 2004.

BORGES, João Vieira. Da Segunda Guerra Mundial à Guerra Colonial. O Pensamento


Estratégico Nacional, p. 115-147, 2006. Disponível em: <Repositório Comum: Da Segunda
Guerra Mundial à Guerra Colonial (rcaap.pt)>. Acesso em: 08 ago. 2022

BRASIL. Política Nacional de Defesa. Estratégia Nacional de Defesa. Ministério da


Defesa. Brasília, 2018. Disponível em: <Política Nacional de Defesa — Português (Brasil)
(www.gov.br)>. Acessado em: 08 ago. 2022

COUTAU-BÉGARIE, Hervé; Tratado de estratégia / Hervé Coutau-Bégarie; tradução de


Brigitte Bentolila de Assis Manso et al. Rio de Janeiro: Escola de Guerra Naval, 2010.

FERREIRA, M. C., VALÉRIO, T. R. M., MOREIRA, S. M. M. Recensão Crítica ao Livro


“Introdução À Estratégia”, de André Beaufre. Revista Científica da Academia Militar.
Série VII, n.º 1. Lisboa, 2018.

FREEDMAN, Lawrence. Strategy: a history. Oxford University Press, New York City,
2013.

HART, Liddell. Strategy - The Indirect Approach.Liddell Hart - tradução de Paula


Almeida. The Estate of Lady, Lisboa, 2011.

LYKKE, Arthur F., Jr., “Toward an Understanding of Military Strategy,” Military


Strategy: Theory and Application(Carlisle, PA: U.S. Army War College, 1989), p. 3–8.

MACHIAVELLI, Nicolau. O Príncipe. Florença, 1532. Disponível em:


<https://www.portalabel.org.br/images/pdfs/o-principe.pdf>. Acessado em: 08 ago. 2022.

MARTINS, R.F. Acerca do conceito de estratégia. Nação e Defesa, 1984. Disponível em:
<https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/2815/1/NeD29_RaulFrancoisMartins.pdf>.
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PARET, P. Understanding War: Essays on Clausewitz and the History of War. New
Jersey: Princeton University Press, 1992.

QUINN, James; MINTZBERG, Henry. El proceso estratégico: concepto, contextos y casos.


New York: Irwin, 1991.

YARGER, Harry R. Toward a Theory of Strategy. Chapter 8 in Guide to National Security


Policy and Strategy, 2nd edition. U.S. Army War College, Carlisle, PA, June 2006, pp. 107-
113.

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