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Quarta-feira, 27 de Dezembro de 2023 [Série - N.2.245 DIARIO DA REPUBLICA ORGAO OFICIAL DA REPUBLICA DE ANGOLA Prego deste ntimero - Kz: 4.420,00 Assembleia Nacional Lein.? 12/23... Lei Geral do Trabalho. 8 Outubro, bem como todas as disposi 27/15, con? '5 que contrariam o cisposto na presente DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 ISERIE, N.2 245 | 8412 ASSEMBLEIA NACIONAL Lei n.2 12/23 de 27 de Dezembro A aprovacio da Constituigao da Repliblica de Angola em 2010 lancou as premissas consti- tucionais para 0 fortalecimento do Estado Democrético de Direito, bem como reconfigurou 0 catdlogo dos direitos fundamentais. Considerando a necessidade de se densificar 0 contetdo valorativo dos direitos fundamen- tais para a execugiio das medidas de politicas do desenvolvimento socioeconémico, sustentavel e inclusivo; ‘A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termos do n.® 2 do artigo 165.°, da alinea b) do artigo 161.2 e a alinea d) do n.° 2 do artigo 166. Republica de Angola, a seguinte: todos da Constituigdo da LEI GERAL DO TRABALHO CAPITULO | Principios Gerais ARTIGO 12 {Ambito de aplicasao) 1. A Lei Geral do Trabalho aplica-se a todos os Contratos de Trabalho celebrados entre pes- soas singulares e empresas ptiblicas, privadas, mistas, cooperativas, organizagdes sociais, organizagdes internacionais e representagdes diplomaticas e consulares. 2. A Lei Geral do Trabalho aplica-se ainda aos Contratos de Trabalho celebrados no estran- geiro por nacionais ou estrangeiros residentes contratados no Pais ao servigo de empregadores nacionais, sem prejuizo das disposigées mais favordveis para o trabalhador e das regras de ordem publica do local da execugao do contrato. 3. A presente Lei aplica-se supletivamente aos Contratos de Trabalho que se pretende executar em Angola, celebrados entre estrangeiros nao residentes e empresas nacionais ou estrangeiras. ARTIGO 2.2 (Exclus%o do Ambito de aplicagio) Ficam excluidos do ambito de aplicac3o da presente Lei: a) As relagdes de trabalho estabelecidas pelas representagdes diplométicas ou con- sulares de Estados ou de organizagées internacionais, que exercem actividade no Ambito das Convenes de Viena; DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8413 b) As relagdes de trabalho estabelecidas pela Administragao Publica Directa, pelas Autarquias Locais, pelos Institutos Publicos ou por qualquer outro organismo do Estado nao abrangido pela presente Lei; ¢) As relacdes de trabalho estabelecidas com os membros dos érgdos de Administra- 80 e gestdo de empresas ou organizagbes sociais, bem como consultores, desde que apenas realizem tarefas inerentes a tais cargos, sem vinculo de subordinaco titulado por Contrato de Trabalho. ARTIGO 3.2 {Definigées) Para efeitos da presente Lei considera-se: a) Armador: — pessoa singular ou colectiva que, sendo ou no proprietaria da embar- cago, navio ou outro engenho maritimo e assegura as condigées técnicas e de seguranga para a sua navegacao e exploragdio comercial e, er consequéncia, goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruigio e disposi¢do da embar- cago, navio ou outro engenho maritimo em nome de quem é efetuado o seu registo; b) Centro de Trabalho: — cada uma das unidades da entidade empregadora, fisiea- mente separadas, em que é exereida uma determinada actividade, empregando um conjunto de trabalhadores sob uma autoridade comum; ¢) Contrato de Trabalho: — 0 acordo pelo qual uma pessoa singular se obriga a colo- car a sua capacidade manual ou intelectual a disposi¢ao de uma pessoa colectiva ou singular, dentro do ambito da organizacao e sob a direcgio e autoridade deste, ‘tendo como contrapartida uma remuneragao; d) Contrato de Aprendizagem: — 0 acordo pelo qual a entidade empregadora se obriga a dar uma formacio profissional metédica, completa e prética a uma pessoa que, no inicio da aprendizagem, tenha idade compreendida entre 14 ¢ 17 anos, ¢ esta se obriga a conformar-se com as instrugdes e directivas dadas, e a executar, devi- damente acompanhada, os trabalhos que Ihe sejam confiados, com vista 4 sua aprendizagem, nas condigées e durante 0 tempo acordados; e) Contrato de Comissiio de Servico: — 0 acordo pelo qual um trabalhador pertencente a0 quadro da entidade empregadora ou uma pessoa estranha a0 mesmo se obriga a exercer fungdes de direc¢do ou chefia de um estabelecimento ou servico ou de outras formas de responsabilidade superior pelas actividades duma unidade de servigo da entidade empregadora, bem como das fungdes de secretariado de pessoal de membros do drgio de administragdo ou de direcgio e ainda de outras fungées exigindo uma especial relagao de confianga; f) Contrato de Estégio: — 0 acordo pelo qual uma entidade empregadora se obriga a receber em trabalho pritico, a fim de aperfeigoar os seus conhecimentos e adequé-los ao nivel da habilitagao académica, uma pessoa detentora de um curso DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 SERIE, Ne 245 | 8414 técnico ou profissional, ou de um curso profissional ou laboral oficialmente reco- nhecido, com 18 a 25 anos, ou uma pessoa com 18 a 30 anos nao detentora de qualquer dos cursos mencionados, desde que, num caso e noutro, 0 estagiario no tenha antes celebrado um Contrato de Trabalho com o mesmo ou outra enti- dade empregadora; g) Contrato de Trabalho no Domicilio: — aquele em que o exercicio da actividade laboral é realizada no domicilio ou em centro de trabalho do trabalhador ou em local livremente escolhido por esse; h) Contrato de Trabalho Rural: — 0 acordo celebrado para 0 exercicio de actividade profissional na agricultura, silvicultura e pecudria, sempre que o trabalho esteja dependente do ritmo das estacdes e das condigdes climaticas; |) Contrato de Trabalho a Bordo de Embarcagées: — 0 acordo que é celebrado entre um armador ou 0 seu representante ¢ um marinheiro, tendo por objecto um trabalho a realizar a bordo de uma embareagao da marinha, de coméreio ou de pesca; ) Contrato de Trabalho a Bordo de Aeronaves: — 0 acordo que é celebrado entre a entidade empregadora ou sua representante e uma pessoa singular, tendo por objecto um trabalho a realizar a bordo de aeronave de aviagao comercial; k) Contrato de Trabalho Desportivo: — 0 acordo pelo qual o praticante desportivo se obriga, mediante retribuiedo, a prestar actividade desportiva a uma pessoa colectiva ou singular que promova ou participe em actividades desportivas, sob autoridade e direccao desta, sem prejuizo de regime espeeifico; |) Contrato de Trabalho Doméstico: — 0 acordo pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuigdo, a prestar a outrem, com cardcter regular, sob direccdo e autoridade desta, actividades destinadas a satistacao das necessidades préprias ou especificas de um agregado familiar ou equiparado e dos respectivos membros, nomeada- mente: i, Preparacio e confecco de refeicdo; ji, Lavagem e tratamento de roupas; iii, Limpeza ¢ arrumagao da casa; iv. Vigilancia e assisténcia a pessoas idosas, criangas e doentes; v. Execugio de servigos de jardinagem; Vi. Servigo de apoio de transporte familiar; vii, Coordenacao, supervisio ou execugao de tarefas do tipo das mencionadas na pre- sente alinea. m) Contrato de Grupo: — 0 acordo pelo qual um grupo de pessoas singulares se obriga a colocar a sua actividade a disposigao de uma entidade empregadora, sendo que esta no assume essa qualidade em relagio a cada um dos membros do grupo, mas apenas em relagio ao chefe do grupo; DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8415 1n) Contrato de Trabalho Tempordrio: — 0 acordo celebrado entre uma pessoa colectiva cuja actividade consiste na cedéncia tempordria da utilizag3o de trabalhadores a terceiros, designada empresa de trabalho tempordrio, e uma pessoa singular, pelo qual esta se obriga, mediante retribuicao paga por aquele, a prestar tempo- rariamente a sua actividade profissional a um terceiro, designado por utilizador; 0) Despedimento Individual por Justa Causa: — 6 a ruptura do contrato, depois de concluide 0 periodo experimental, quando houver, que resulte da decisao unilate- ral da entidade empregadora e que se fundamenta na violagao grave dos deveres dos trabalhadores; p) Entidade Empregadora: — toda pessoa singular ou colectiva de direito publico ou privado que organiza, dirige recebe o trabalho de um ou mais trabalhadores; @) Empresa: — toda organizacio estavel e relativamente continuada de instrumentos, meios @ factores agregados ¢ ordenados pelo empregador, visando uma activi- dade produtiva ou prestagdo de servigos e cujos trabalhadores esto sujeitos, individual e colectivamente, ao regime da presente Lei e demais fontes de Direito do Trabalho; 1) Horério de Trabatho: — a determinagao das horas de inicio e termo do periodo normal de trabalho diario, os intervalos didrios de descanso ¢ refeigao e do dia de descanso semanal; 5) Hordrio Varidvel: — aquele em que 0 inicio e termo do trabalho nao sao comuns a todos os trabalhadores, e em que cada um goza de liberdade na escolha do seu hordrio de trabalho, dentro das condigdes estabelecidas por lei; 1) InfraceGo Disciplinar: — todo e qualquer comportamento censuravel de qualquer trabalhador que viole os seus deveres resultantes da relacao juridico-laboral, designadamente os estabelecidos no artigo 84.° da presente Lei. u) Local de Trabalho: o centro de trabalho onde o trabalhador exerce a sua actividade com regularidade e permanéncia; v) Marinheiro: — toda a pessoa singular, que se obriga, para com 0 armador ou o seu representante, a exercer a sua actividade profissional a bordo de uma embarcacio; w) Menor: — pessoa singular que nao tenha completado 18 anos de idade. x) Periodo Normal de Trabalho: — 0 perfodo durante o qual 0 trabalhador esta & dis- posigao da entidade empregadora para execucao das tarefas profissionais a que se obrigou com o estabelecimento da relagao juridico-laboral, e que tem como contrapartida o salario base; y) Perfodo Experimental: — a fase inicial do Contrato de Trabalho que se destina a apreciag’io da qualidade dos servicos do trabalhador ¢ do seu rendimento, por parte da entidade empregadora, e da apreciagdo das candig6es de trabalho, de remuneragio, de higiene e seguranga e do ambiente social da entidade emprega- dora, por parte do trabalhador; DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8418 2) Regime de Disponibilidade: — 0 regime em que o trabalhador, fora do seu perfodo normal de trabalho, deve manter-se 4 disposicao da entidade empregadora, den- tro ou fora do centro de trabalho, a fim de acorrer a necessidades extraordindrias e imprevistas de exercicio laboral; aa) Saldrio: — contraprestagao paga directamente pela entidade empregadora ao tra~ balhador, em virtude da prestago de trabalho durante um determinado periodo; bb) Teletrabalho: — a actividade laboral realizada habitualmente fora do domicilio profissional da entidade empregadora, através de recurso a tecnologias de infor- magio e de comunicagao; cc) Trabathador: — pessoa singular, nacional, estrangeira residente ou apatrida, que voluntariamente se obrigou a colocar a sua actividade profissional, mediante remuneragio, no interesse de outrem, no 4mbito da organizag3o e sob a autori- dade e direccdo deste; dd) Trabathador Estrangeiro ndo Residente: — 0 cidadao estrangeiro, com qualificacio profissional, técnica ou cientifica, contratado em pais estrangeiro para exercer a sua actividade profissional no espago nacional por Tempo Determinado; ee) Trabalhador Estudante: — aquele que se encontra autorizado pela entidade empregadora a frequentar estabelecimento de ensino ou de formagio técnico- -profissional, no periodo correspondente ao horario de trabalho; fi) Trabalhador Nocturno: — aquele cujo horério de trabalho inclui, pelo menos, trés horas de trabalho do periodo que vai das 18 horas de um dia as 6 horas do dia seguinte; 99) Trabatho Obrigatério ou Compulsivo: — todo © trabalho exigido a uma pessoa singular, sob ameaga ou coaccao moral ou fisica, e para o qual ele nao se ofereceu livremente; hh) Trabalho Extraordindrio: — o exereido fora do periodo normal de trabalho diario, no prolongamento do periodo normal, no intervalo de descanso e refei¢ao e no dia ou meio-dia de descanso complementar e semanal. ARTIGO 42 {Direito ao Trabalho) 1. Todos os cidadaos tém direito ao trabalho livremente escolhido, com igualdade de opor- tunidades e sem qualquer discriminacao. 2..O direito ao trabalho é inseparavel do dever de prestar prontamente o servigo contratado, sem prejulzo das limitagdes derivadas da diminuigao da capacidade de trabalho por razes de doenca comum au profissional ou ainda de invalidez. 3. Todos os cidadaos tém direito & livre escolha e exercicio da profissao, sem restrigdes, salvo as excepgdes previstas por lel. 4. As condigdes em que 0 trabalho é prestado devem respeitar as liberdades e a dignidade do trabalhador, permitindo-Ihe satisfazer normalmente as suas necessidades e as da sua fami- lia, proteger a sua satide e gozar de condigdes de vida decentes. DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8417 5.0 trabalhador, na prestagio da sua actividade laboral, deve faz6-lo sempre com zelo, res- ponsabilidade, solidariedade com colegas e respeito as instrudes da entidade empregadora © ou de seus representantes. ARTIGO 52 {Proibi¢ao do trabalho obrigatério ou compulsivo) 1. 0 trabalho obrigatério ou compulsive é proibido. 2. Para efeitos da presente Lei, nao ¢ trabalho obrigatério ou compulsivo: a) 0 trabalho exercide de forma voluntaria exclusivamente ao abrigo do interesse geral; b) Os trabalhos comunitarios decididos livremente pela comunidade ou desde que 05 seus membros ou representantes directos tenham sido consultades sobre as necessidades dos mesmos; ¢) 0 trabalho ou servico exigide em casos de forca maior, designadamente guerra, inundagdes, epidemias, invaso de animais, insectos ou parasitas prejudiciais e, de modo geral em todas as circunstancias que ponham em risco as condigdes normais de vida dos cidadaos. ARTIGO 6.2 {Obrigagdes do Estado relativas ao Direito ao Trabalho) 1. Para garantir 0 Direito ao Trabalho, compete ao Estado, através de planos e programas de politica econémica, financeira e social, assegurar a execugSo de uma politica de fomento do emprego produtivo e livremente escolhido, e a criagdo de um sistema de proteccao social, nos termos da legislago especitica. 2. Na execugdo das politicas publicas de fomento do emprego, o Estado desenvolve, dentre outras, as seguintes actividades: a) Colocacao; b) Estudos do mercado de emprego; ¢) Promogao de emprego; d) Informagao ¢ orientacao profissional; €) Formacao profissional; #) Requalificagao profissional; g) Proteccao do mercado de emprego; h) Valorizagao da m&o de obra nacional. ARTIGO 72 {Fontes de regulacao do Direito do Trabalho) 1. Constituem fontes de regulagao do Direito do Trabalho: a) A Constituigao da Republica de Angola e as Convengées Internacionais do Trabalho de que Angola é parte; b) Alei eo costume; ¢) Os regulamentos; DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, #248 | 8418 d) As conveng®es colectivas do trabalho; e) O Contrato de Trabalho; f) 05 usos profissionais e da empresa. 2. A aplicag3o das fontes mencionadas no ntimero anterior segue o principio da hierarquia dos actos normativos. 3. Em caso de conflito entre as disposicées de varias fontes, prevalece a solugao que, no seu conjunto € no que respeita as disposigdes quantificdveis, se mostrar mais favoravel ao traba- Ihador, salvo se as disposi¢es de nivel superior forem imperativas. CAPITULO I! Estabelecimento da Relacao Juridico-Laboral SECCAOI Contrato de Trabalho ARTIGO 8° {Constituigao) A relago juridico-laboral constitui-se com a celebragao do Contrato de Trabalho. ARTIGO 9.2 {Contrato Promessa de Trabalho) Podem ser celebrados, por escrito, Contratos Promessa de Trabalho nos quais se manifeste, de forma expressa, a vontade de celebrar 0 Contrato de Trabalho, a natureza de trabalho a exercer @ a respectiva remuneracdo, sendo a responsabilidade em caso de ineumprimento da promessa regulada nos termos gerais do direito, com as necessarias adaptagdes. ARTIGO 10.2 (Capacidade) 1. Por regra podem celebrar Contratos de Trabalho os cidad%os maiores no pleno gozo da sua capacidade civil. 2. Eexcepcionalmente valida a celebraco de Contratos de Trabalho estabelecido com meno- res entre os 14 € os 17 anos de idade, desde que autorizados pelo representante legal ou, na falta deste, pelo Centro de Emprego ou instituigdo idénea, 3. 0 Contrato de Trabalho celebrado com menor sem autorizago devida é anulavel a pedido do seu representante legal. ARTIGO 11.2 {Objecto do Contrato de Trabalho) 1. A actividade a que a pessoa se obriga pelo Contrato de Trabalho pode ser predominante- mente intelectual ou manual. 2. Sem prejuizo da autonomia técnica € ética inerente aos profissionais liberais, pode o res- pectivo exercicio ser objecto de Contrato de Trabalho. DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8419 3. Quando a actividade do trabalhador implicar a pratica de negécios juridicos em nome da entidade empregadora, 0 Contrato de Trabalho envolve a concessio dos necessdrios poderes de representacio, salvo nos casos em que a lei exija procuragio com poderes especiais. ARTIGO 12° {Forma do Contrato de Trabalho) 1. A celebragaio do Contrato de Trabalho assume a forma que for estabelecida pelas partes, salvo se expressamente a lei determinar a forma eserita. 2. Os Contratos de Trabalho especiais e os Contratos de Trabalho por Tempo Determinado 80 So validos, se forem celebrados por escrito, 3.0 disposto no nlimero anterior nao se aplica aos Contratos de Trabalho a termo com fun- damento em actividades descritas nas alineas c), d), €) ¢ f) do n.2 1 do artigo 15.2 da presente Lei, cuja duragdio nao seja superior a 30 dias. 4. Afalta de reducao do contrato a escrito, quando obrigatéria, presume-se da responsabili- dade da entidade empregadora e é dado como celebrado por Tempo Indeterminado. 5. Independentemente do momento da entrada em vigor do contrato, tem o trabalhador © direito de, a todo tempo, exigir a reducSo do contrato por escrito, ficando salvaguardada a efectiva data do inicio da actividade laboral. ARTIGO 13.2 {Contetida do Contrato de Trabalho) 1. No Contrato de Trabalho, devem constar os seguintes elementos: a) Identificagao e residéncia habitual dos contratantes; b) Classificagao profissional e categoria ocupacional do trabalhador; ¢) Local de trabalho; d) Duragio semanal do trabalho normal; e) Montante, forma e periodo de pagamento do salério; f) Mencio das prestacdes acessérias ou complementares e das atribuidas em géne- 10s, com indicagao dos respectivos valores ou bases de calculo; g) Entrada em vigor e vigéncia do contrato; h) Lugar e data da celebragao do contrato; i) Assinatura dos dois contratantes. 2. Apar dos elementos a que se refere o n.° 1 do presente artigo, nos Contratos de Trabalho por Tempo Determinado devem ser mencionadas as razdes determinantes da contratacao, a indicagdo precisa da data da sua conclusdo ou do periodo por que é celebrado ou das condi- des a que a sua vigéncla fica sujeita. 3. Na falta das mencdes exigidas no numero anterior, o Contrato de Trabalho considera-se celebrado por Tempo Indeterminado. 4. A prove da existéncia do Contrato de Trabalho e suas condigSes pode ser feita por todos 05 meios admitidos por lei, presumindo-se a sua existéncia entre aquele que presta servigo por conta de outrem e o que recebe o servico. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, #248 | 8420 5. paradigma dos Contratos de Trabalho é aprovado por regulamento préprio. ARTIGO 14.2 {Dura¢ao do Contrato de Trabalho) 1. 0 Contrato de Trabalho é celebrado em regra por Tempo Indeterminado. 2. Tendo por pressuposto a natureza da actividade, as funcées para as quais é contratado 0 trabalhador e desde que o mesmo vise acudir necessidades transitérias, o Contrato de Trabalho pode ser celebrado por Tempo Determinad, nos termos do disposto na presente Lei. 3, Salvo disposigo expressa em contrario, aos Contratos de Trabalho por Tempo Determinado aplicam-se todas as disposigbes legais ou convencionais relativas ao Contrato de Trabalho por Tempo Indeterminado. 4. € proibida a celebraco de Contratos de Trabalho para vigorar durante toda a vida do trabalhador. ARTIGO 15.2 (Causas do Contrato de Trabalho por Tempo Determinado) 1. 0 Contrato de Trabalho por Tempo Determinado sé pode ser celebrado nas seguintes situacdes: a) Substituigao de trabalhador temporariamente ausente; b) Acréscimo tempordrio ou excepcional da actividade normal da empresa resultante de acréscimo de tarefas, excesso de encomendas, razio de mercado ou razdes sazonais; ¢) Realizagao de tarefas ocasionais e pontuais que nao entram no quadro de activi- dade corrente da empresa; d) Trabalho sazonal; e) Quando a actividade a desenvolver, por ser temporariamente limitada, ndo aconse- \ha 0 alargamento do quadro do pessoal permanente da empresa; f) Execugao de trabalhos urgentes necessarios ou para organizar medidas de salva- guarda das instalagdes ou dos equipamentos e outros bens da empresa de forma a impedir riscos para esta e para os seus trabalhadores; g) Langamento de actividades novas de duragdo incerta, inicio da actividade laboral, reestruturagdo ou ampliagiio das actividades duma entidade empregadora ou centro de trabalho; h) Nos casos de desempregado, ha mais de um ano, ou elementos deoutros grupos sociais abrangidos por medidas legals de inser¢ao ou reinser¢ao na vida activa; i) Execuco de tarefas bem determinadas, periddicas na actividade da entidade empregadora, mas de cardcter descontinuo; j) Execugao, direcco ¢ fiscalizagao de trabalhos de construgao civil e obras piblicas, montagem e reparagdes industriais e outros trabalhos de idéntica natureza e tem- poralidade; k) Aprendizagem e formagao profissional pratica. DIARIO DA REPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 I SERIE, N2 245 | 8421 2. Para além das situagdes referidas no numero anterior, pode a entidade empregadora celebrar contrato com o trabalhador reformado, renovando-se sucessivamente pelo periodo celebrado até ao momento em que qualquer das partes o queira fazer cessar. 3. Enula a estipulagao do termo, feita em fraude a lei. ARTIGO 16.2 (Duragao do Contrato de Trabalho por Tempo Determinado) 1. 0 Contrato de Trabalho por Tempo Determinado nao pode exceder: a) G meses, nas situacdes a que se referem as alineas d) ef) don.° 1 do artigo anterior; b) 12 meses, nas situagées referidas nas alineas b), ¢) ee) do artigo anterior; ¢) 36 meses, nas situagées referidas nas alineas a), j) ek) do n.° 1 do artigo anterior; d) 60 meses, nas situagées referidas na alinea g) do n.° 1 do artigo anterior. 2. Nas situagdes a que se referem as alineas a) ej) do n.2 1 do artigo anterior, pode a Inspeccao Geral do Trabalho autorizar o prolongamento da duraco do contrato para além de 36 meses, mediante requerimento fundamentado da entidade empregadora, acompanhado de declara- go de concordancia do trabalhador, designadamente se: a) Oregresso do trabalhador temporariamente ausente nao tiver lugar dentro daquele prazo; b) A duragao dos trabalhos de construgde civil e actividades equiparadas for ou se tornar superior a trés anos; c) As medidas legais de politica de emprego dos grupos sociais a que se refere a alinea h) do n.2 1 do artigo anterior estiverem ainda em aplicagaio a data de termo dos 36 meses do contrato. 3.0 requerimento a que se refere o numero anterior deve ser apresentado até 30 dias antes do termo do contrato, 4.0 prolongamento da duracao do contrato, a que se refere o n.2 2, ndo pode ser autori- zado por mais de 24 meses. ARTIGO 17.2 {Renovacao e conversio do Contrato de Trabalho por Tempo Determinado) 1. 0 Contrato de Trabalho por Tempo Determinado em que 0s sujeitos estipularam a indi- cago precisa da data da sua conclusio ou do periodo por que é celebrado pode ser renovado sucessivamente pelas partes, dentro dos limites estabelecides no n.2 1 do artigo anterior. 2. Arenovacio do contrato por periodo diferente do inicial deve necessariamente ser redu- zida a escrito. 3. No caso de uma das partes ndio pretender renovar 0 contrato, é obrigatério 0 aviso pré- vio de 30 dias. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 ISERIE, N.2 245 | 8422 4, Afalta de cumprimento do aviso prévio referido no numero anterior constitui a entidade empregadora na obrigacao de pagar ao trabalhador uma compensac&o correspondente ao perfodo de 30 dias. 5.0 Contrato de Trabalho por Tempo Determinado converte-se em Contrato de Trabalho por Tempo Indeterminado, se ultrapassados os periodos maximos estabelecidos no artigo anterior. 6. O disposto no numero anterior nao se aplica quando estiver em causa o contrato de tra- balhador reformado. ARTIGO 18.2 {Periodo experimental) 1. No Contrato de Trabalho por Tempo Indeterminado pode haver um periodo experimental correspondente aos primeiros 60 dias do exercicio da actividade laboral, que pode ser supri- mido ou reduzido por acordo escrito das partes. 2. As partes podem, por escrito, aumentar a duragao do periodo experimental, até 120 dias, @ até 180 dias, no caso de trabalhadores que desempenhem fungdes de direecio. 3. No Contrato de Trabalho por Tempo Determinado pode ser estabelecido periodo expe- rimental, se as partes assim o acordarem por escrito, cuja duragdo nao deve exceder 30 dias. 4. Durante © periodo experimental qualquer das partes pode fazer cessar 0 Contrato de Trabalho, sem obrigagao de pré-aviso, indemnizagao ou apresentacao de justificacao, devendo a entidade empregadora efectuar o pagamento da remuneracao contratualmente acordada. 5. Decorrido 0 periodo de experiéncia sem que qualquer das partes faca uso do disposto no niimero anterior, 0 Contrato de Trabalho consolida-se, contando-se a antiguidade desde o ini- clo da sua entrada em vigor. ARTIGO 19.2 (Nulidade do Contrato de Trabalho e das clausulas contratuais} 1. Enulo o contrato celebrado numa das seguintes condi¢ées: a) Ser 0 seu objecto ou fim contrario a lei e 8 ordem publica; b) Tratar-se de actividade para cujo exercicio a lei exija a posse de titulo profissional € 0 trabalhador nao for detentor do mesmo titulo. ¢) Estar © contrato legalmente sujeito a visto ou a autorizacio prévia ao inicio da prestagao do trabalho e o mesmo nao tiver sido obtido. 2. Sio nulas as clausulas do contrato que: a) Contrariem normas legais imperativas; b) Contenham discriminagées ao trabalhador em razdo da idade, emprego, carreira profissional, saldrios, durag3o e demais condicées de trabalho, por circunstancia da raga, cor, sexo, cidadania, origem étnica, estado civil, condigao social, ideias religiosas ou politicas, fillagao sindical, vinculo de parentesco com outros traba- Ihadores da empresa e lingua. DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 I SERIE, N.2 245 | 8423 3. No caso de a nulidade do contrato resultar da situacdo referida na alinea c) do presente artigo, a entidade empregadora fica constituida na obrigacSo de indemnizar o trabalhador nos termos estabelecidos no artigo 310.2 ARTIGO 20.2 {Efeitos da nulidade e da anulabilidade) 1. Anulidade de clausulas do contrato nao afecta a validade deste, se elas realizarem os fins a que os contratantes se propuseram ao celebré-lo. 2. As cldusulas nulas sao substituidas pelas disposigdes aplicaveis das fontes superiores refe- ridas no n2 1 do artigo 7.2 3. As cléusulas que estabelegam condigées ou prestagdes remuneratérias especiais, como contrapartida de prestagées estabelecidas na parte nula, mantém-se suprimidas, no todo ou em parte, na sentenga que declare 2 nulidade. 4.0 contrato nulo ou anulado produz efeitos como se fosse valido enquanto se mantiver em execugéo, 5. Anulidade pode ser declarada pelo tribunal competente a todo tempo, oficiosamente ou a pedido das partes ou da Inspeccao Geral do Trabalho. 6. A anulabilidade pode ser invocada pela parte em favor de quem a lei a estabelece, dentro do prazo de seis meses contados da celebracio do contrato. 7. Cessando a causa da invalidade durante a execugao do contrato, este fica com validade desde 0 inicio, mas se 0 contrato for nulo, a convalidaco s6 produz efeitos desde a cessacdo da causa da nulidade. SECCAO II Direitos de Personalidade ARTIGO 21.2 (Liberdade de expresso e de opiniao) £ reconhecida liberdade de expresso € de divulgagao do pensamento e opinido, com res- peito aos direitos de personalidade do trabalhador ¢ do empregador, incluindo as pessoas singulares que o representam, salvaguardando 0 normal funcionamento da empresa. ARTIGO 22.2 {Integridade fisica e moral) 0 trabalhador e a entidade empregadora, incluindo as entidades que legitimamente os representem, gozam do direito a respectiva integridade fisica e moral. ARTIGO 23.2 {Reserva da intimidade da vida privada) 1. A entidade empregadora ¢ o trabalhador devem respeitar os direitos de personalidade da contraparte, cabendo-Ihes, designadamente, guardar reserva quanto a intimidade da vida privada. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8424 2. O direito a reserva da intimidade da vida privada abrange quer 0 acesso quer a divulgagao de aspectos atinentes a esfera intima e pessoal das partes, nomeadamente relacionados com a vida familiar, afectiva, sexual, estado de satide, convicgdes politicas ¢ religiosas. ARTIGO 24.2 (Protecgao de dados pessoais) 1. A entidade empregadora nao pode exigir ao candidato a emprego ou a trabalhador que preste informacdes relativas: a) Asua vida privada, salvo quando estas sejam estritamente necessarias e relevantes para avaliacdo da respectiva aptiddo no que respeita a execugdo do Contrato de Trabalho e seja fornecida por escrito a referida fundamentacao; b) A sua sale ou estado de gravidez, salvo quando particulares exigéncias inerentes 2 natureza da actividade profissional o justifiquem e seja fornecida por escrito a respectiva fundamentacao. 2. As informagdes referidas na alinea b) do numero anterior sao prestadas 20 profissional de satide, que s6 pode comunicar a entidade empregadora se o trabalhador est ou nao apto a desemnpenhar a actividade. 3. O candidato a emprego ou o trabalhador que haja fornecido informagées de indole pes- soal goza do direito ao controlo dos respectivos dados pessoais, podendo tomar conhecimento do seu teor e dos fins a que se destinam, bem como exigir a sua rectificacao e actualizacao. 4.05 ficheiros e acessos informéticos utilizados pela entidade empregadora para tratamento de dados pessoais do candidato a emprego ou trabalhador ficam sujeitos & legislacao em vigor relativa a protecgiio de dados pessoais. ARTIGO 25.2 (Testes e exames médicos) 1. A entidade empregadora ndo pode, para efeitos de admissao, exigir ao candidato a emprego ou ao trabalhador a realizaco ou apresentacio de testes ou exames médicos, salvo quando estes tenham por finalidade a proteccao e seguranga do trabalhador ou de terceiros, se particulares exig@ncias inerentes a actividade o justificarem. 2. Aentidade empregadora nao pode exigir 8 candidata a emprego a realizacaio ou apresen- taco de testes ou exames de gravidez. 3. 0 profissional de satide responsdvel pelos testes e exames médicos s6 pode comunicar 3 entidade empregadora se o trabalhador estd ou no apto para desempenhar a actividade. ARTIGO 26.2 (Meios de vigilancia a distancia) 1. Autilizagao de equipamento tecnolégico ou meios de vigilancia a distancia é licita sempre que tenha por finalidade a protecgao e seguranca de pessoas, bens ¢ meios de produce ou quando particulares exigéncias inerentes a natureza da actividade o justifiquem. DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 I SERIE, N.2 245 | 8425 2. A entidade empregadora nao pode utilizar meios de vigikincia a distancia no local de trabalho, mediante o emprego de equipamento tecnolégico, com a finalidade de controlar 0 desempenho profissional do trabalhador. 3. Nos casos previstos no n.2 1 do presente artigo, a entidade empregadora informa ao trabalhador sobre a existéncia e finalidade dos meios de vigilincia utilizados, nos termos da legislacao especifica. ARTIGO 27.2 {Confidencialidade de mensagens e de acesso a informagdo) 1. 0 trabalhador goza do direito de reserva e confidencialidade relativamente ao contetido das mensagens de natureza pessoal e acesso a informagio de cardcter ndo profissional que envie, receba ou consulte em meios de comunicacio pessoal ou da entidade empregadora. 2. O disposto no ntimero anterior nao prejudica o poder de a entidade empregadora esta- belecer regras de utilizagdo dos meios de comunicagao no local de trabalho, nos termos da legislacio especifica. SECCAO III Condigées Aplicaveis a Grupos Especificos de Trabalhadores SUBSECGAO I Mulheres ARTIGO 28.2 {Igualdade de género e nao discriminagao) 1. Amulher pode celebrar todo o tipo de Contrato de Trabalho, ndo devendo as convengdes colectivas de trabalho ou outras disposiges regulamentares estabelecerem discriminagao no emprego em razdo do sexo ou estado civil, ainda que haja alterac3o no curso da relacao. 2. As convengées colectivas e tabelas salariais devem garantir a observancia plena do prin- cipio da igualdade de retribuigao para trabalho igual ou de igual valor. 3. Para efeitos do ntimero anterior, considera-se: a) Trabalho igual, quando seja igual ou de natureza objectivamente semelhante &s fungSes exercidas as tarefas desempenhadas; b) Trabalho de valor igual, quando as tarefas desempenhadas, embora de diversa natureza, sejam consideradas equivalentes por aplicaco de critérios objectives de avaliago. ARTIGO 29.2 {Trabalhos condicionados) 1. Econdicionada a ocupacao de mulheres em trabalhos que impliquem riscos efectivos ou potenciais 4 sua fung3o genética. 2. A lista de trabalhos condicionados as mulheres é estabelecida pelo Presidente da Republica, enquanto Titular do Poder Executivo, mediante diploma préprio. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, #248 | 8428 ARTIGO 30.2 {Direitos especiais) 1. Durante 0 periodo de gravidez e apés o parto, a mulher trabalhadora tem os seguintes direitos, sem diminuig&0 do salério: a) Nao ser despedida, salvo infracco disciplinar que torne imediata e praticamente impossivel a manutengio da relacdo juridico-laboral; b) Nao desempenhar tarefas desaconselhaveis ao seu estado ou condigio, devendo o empregador assegurar-Ihe trabalho adequado; ¢) Nao prestar trabalho nocturno ou extraordinario nem ser transferida de centro de trabalho, salvo se localizado na mesma area geografica ¢ para permitir a mudanga de trabalho a que se refere a alinea anterior; d) Interromper o trabalho diario para aleitamento do filho, em dois perfodos de meia hora cada durante 0 tempo de trabalho. 2. Para gozar os direitos previstos no numero anterior, deve a trabalhadora comprovar © seu estado de gravidez perante a entidade empregadora, com toda a antecedéncia possivel, mediante a apresentacao de documento emitido pelos servicos de satide, salvo se 0 seu estado for evidente. 3. As proibigdes constantes das alineas b) ¢ c) do n.° 1 do presente artigo aplicam-se até trés meses apds © parto, podendo algumas delas ser prolongadas, se por documento médico for justificada a necessidade de tal alargarnento. 4. As interrupgdes do trabalho didrio para aleitamento, a que se refereaalinea d) don.21do presente artigo, tém lugar nas oportunidades escolhidas pela trabalhadora, sempre que possi- vel com 0 acordo do empregador, ¢ sao substituidas, no caso de o filho ndo a acompanhar no centro de trabalho, por alargamento do interval para descanso e refei¢do em uma hora ou sea trabalhadora o preferir por redugo do perlodo normal de trabalho didrio, no inicio ou no fim, em qualquer caso sem diminuicao do salario, por um periodo de até doze meses. ARTIGO 31.2 {Licenga de maternidade) 1. A trabalhadora tem direito a uma licenga de maternidade de trés meses. 2. Aparte da licenga 2 gozar apés parto ¢ alargada de mais quatro semanas, no caso de ter ocorrido parto miltiplo. 3. Alicenga de maternidade pode iniciar quatro semanas antes da data prevista para o parto, devendo o tempo restante ser gozado apés este. 4. Sem prejuizo do disposto nos artigos subsequentes, o presente regime é objecto de regu- lamentagao em diploma préprio. ARTIGO 32: (Pré-licenga de maternidade} 1. Considera-se pré-licenga de maternidade o periodo que antecede a licenga de materni- dade, nos termos previstos no presente Diploma, desde que concedido pela Junta Provincial de Satide e que se caracterize pela necessidade da segurada gravida ndo poder exercer qual- quer actividade laboral decorrente da gravidez de risco. DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8427 2. Apré-licenga de maternidade ndo pode exceder 180 dias e tem inicio a partir da data indi- cada no Despacho da Junta Provincial de Saude. ARTIGO 33.2 {Situages especiais) 1. Se 0 parto se verificar em data posterior & prevista no inicio da licenga, ¢ esta aumentada pelo tempo necessario para durar nove semanas completas apés o parto. 2. Em caso de aborto, nascimento de nado-morto ou morte do recém-nascido, o periode de licenga a gozar apés a data da ocorréncia é de seis semanas. 3.Se0 filho falecer antes do termo da licenga de maternidade, cessa o seu gozo, desde que decorridas seis semanas apés 0 parto, ¢ a trabalhadora deve retomar o servico oito dias uteis apés 0 falecimento. ARTIGO 34.2 {Licenga complementar de maternidade) 1. Terminada a licenca de maternidade nos termos do artigo anterior, a mae tem direito, para acompanhamento do filho, a continuar na situagdo de licenga por um periodo maximo de quatro semanas. 2. Oexercicio do direito referido no numero anterior nao é remunerado e sé pode ser gozado mediante comunicagio prévia a entidade empregadora, com indicacdo da sua duracao. ARTIGO 35. (Protecso contra o despedimento por causas objectivas) Durante a gravidez e até 12 meses apés o parto, a trabalhadora goza do regime especial de proteceao contra 0 despedimento individual por causas objectivas de acordo com 0 estabele- cido para os trabalhadores com capacidade reduzida. SUBSECCAO II Menores ARTIGO 36.2 {Principias gerais) 1. A entidade empregadora deve assegurar aos menores, mesmo em regime de apren- dizagem, condigdes de trabalho adequadas a sua idade, evitando qualquer risco para a sua seguranga, sade e educagao e qualquer dano ao seu desenvolvimento integral. 2. Aentidade empregadora deve tomar todas as medidas tendentes a formago profissional dos menores, solicitando a colaboragao das entidades oficiais competentes, sempre que n&o disponha de estruturas e meios adequades para o efeito. 3. Aentidade empregadora que esteja autorizada a ter ao seu servico menores sem a esco- laridade obrigatéria deve apoid-los na sua superagao escolar, colaborando com as entidades competentes para 0 efeito. ARTIGO 37.2 {Celebragao do Contrato de Trabalho) 1. 0 Contrato de Trabalho com menores deve ser celebrado por escrito, devendo o menor fazer prova de que completou os 14 anos de idade. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 SERIE, #248 | 8428 2. A autorizaco para celebrar o Contrato de Trabalho envolve sempre autorizagao para exercer os direitos e cumprir os deveres da relago juridico-laboral, para receber o salério para fazer cessar o contrato. 3. O representante legal do menor pode, a todo tempo e por escrito, opor-se & manuten- ¢40 do Contrato de Trabalho, produzindo efeitos duas semanas apés a entrega a entidade empregadora ou imediatamente, se o fundamento da oposigdo for a necessidade de o menor frequentar estabelecimento de ensino oficial ou acco de formagao profissional. 4. Afaculdade de oposi¢ao do representante legal cessa no caso de o menor ter adquirido © estatuto de maioridade, por casamento ou por outro meio legal. ARTIGO 38.2 {Trabalhos permitidos) Os menores s6 podem ser admitidos para a prestaco de trabalhos leves, que nao envolvam grande esforgo fisico, que nao sejam susceptiveis de prejudicar a sua satide eo seu desenvolvi- mento fisico e mental e que Ihes possibilitem condicBes de aprendizagem e de formacio. ARTIGO 39.2 (Trabalhos proibides ou condicionados) 1. E proibido afectar os menores a trabalho que, pela sua natureza e riscos potenciais, ou pelas condicdes em que so prestados, sejam prejudiciais ao seu desenvolvimento fisico, men- tale moral. 2. E proibido o trabalho de menores em teatros, cinemas, casas nocturnas, discotecas e estabelecimentos andlogos, bem como o exercicio de actividades de vendedor ou propagan- dista de produtos farmacéuticos, tabaco ou bebidas alcodlicas. 3. Os trabalhos cujo exercicio é proibido ou condicionado a menores, bern como as condi- ¢Oes em que 0s menores que tenham completado 16 anos de idade, podem ter acesso a tais trabalhos, para efeitos de formacdo profissional prética so estabelecidos por diploma proprio do Presidente da Republica, enquanto Titular do Poder Executivo. ARTIGO 40.2 {Exames médicos a menores) 1. Os menores devem ser sujeitos, antes da sua admisséio e sob responsabilidade da enti- dade empregadora, a exame médico destinado a comprovar a sua capacidade fisica e mental para o exercicio das suas fungdes. 2. 0 exame médico deve ser repetido anualmente, até aos 18 anos de idade, por forma a certificar que do exercicio da actividade profissional nao resultam prejuizos para a sua sadde e desenvolvimento. 3.A Inspecgdo Geral do Trabalho pode, por sua iniciativa, determinar a realizacao de exames médicos interealares, sem aviso prévio ao empregador. 4. Sempre que do relatério médico resulte a necessidade de se adoptar determinadas con- digdes de trabalho ou de se transferir para outro posto de trabalho, deve o empregador dar 0 devido cumprimento. DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 I SERIE, N.2 245 | 8429 5. A entidade empregadora 6 obrigada a manter, em condigdes de confidencialidade, os relatérios dos exames médicos efectuados aos menores ¢ pé-los sempre & disposigao dos ser- vigos oficiais de sade e da Inspecgéio Geral do Trabalho. ARTIGO 41. {Salério) O salario do menor é determinado com referencia ao salario do trabalhador adulto da pro- fissdo em que esteja a trabalhar ou ao salario minimo nacional, no caso de exercer funcdes nao qualificadas, e nao pode, salvo as situagdes referidas no artigo 60.2, ser superior a 70% e infe- rior a 40%. ARTIGO 42.2 (Duragdo e organizagdo do trabalho) 1. 0 periodo normal de trabalho do menor nao pode ser superior a seis horas didrias © 34 horas semanais, se tiver menos de 16 anos, e a sete horas didrias e 39 horas semanais, se tiver idade compreendida entre 16 e os 17 anos. 2. A prestacao de trabalho extraordindrio é proibida, podendo excepcionalmente ser autori- zada pelos servicos locais da Inspeccao Geral do Trabalho, se o menor tiver completado 16 anos de idade € © trabalho for justificado com a iminéncia de graves prejuizos, pela verificagdo de qualquer das situagdes a que se referem as alineas a) e b) do n.® 2 do artigo 184.2 3. A prestacdo excepcional de trabalho extraordinario, nas condiges @ que se refere 0 ndmero anterior, ndo pode, em caso algum, exceder duas horas didrias e 60 horas anuais. 4. Os menores de 14 e 15 anos nao podem prestar trabalho no periodo compreendide entre as 20 horas de um dia e as sete 7 horas do dia seguinte, e nao pode ser incluide em turnos rotativos. 5. Os menores de 16 ¢ 17 anos podem trabalhar no periodo referido no numero anterior, no caso de prestaco do trabalho em tal perlodo ser estritamente indispensdvel 2 sua formagao profissional. ARTIGO 43.2 {Condigées especiais de trabalho) O trabalho do menor fica sujeito as seguintes condig6es especiais: a) O horario de trabalho é organizado de forma a permitir a frequéncia escolar ou formagao profissional em que esteja inserito; b) A entidade empregadora e os responsaveis do centro de trabalho devem velar, em termos formativos, pela atitude do menor perante o trabalho, a seguranca e salide no trabalho e a disciplina laboral; ¢) Na medida em que se mostre desajustado as aptidées do menor, a profissé0 ou a especialidade para que foi admitido, deve a entidade empregadora facilitar, sem- pre que possivel e depois de consultado o representante legal, a adequacao do posto de trabalho e de funcées; DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 I SERIE, N.2 245 | 8430 d) O menor sé pode ser transferido do centro de trabalho, com autorizagao escrita do representante legal. SUBSECCAO III Trabalhadores com Capacidade de Trabalho Reduzida ARTIGO 44.2 {Principios gerais) As entidades empregadoras devem facilitar 0 emprego a trabalhadores com capacidade de trabalho reduzida, proporeionando-lhes condi¢es de trabalho adequadas e colaborar com 0 Estado em acgées apropriadas de formacao e aperfeigoamento ou reconversao profissional ou promovendo-as directamente. ARTIGO 45.2 (Requisitos da ocupagao e do posto de trabalho) ‘As ocupacées @ os postos de trabalho destinados a trabalhadores afectados na sua capaci- dade de trabalho, por redugao da sua integridade, capacidade fisica ou psiquica, quer natural quer adquirida, devem estar de acordo com o tipo e grau de incapacidade e atender & sua capacidade de trabalho efectiva ou restante. ARTIGO 46.2 (Duragdo e organizagao do trabalho) 1. 0 hordrio de trabalho do trabalhador com capacidade reduzida deve ser organizado, ‘tendo em conta a sua condigao especial. 2. Ao trabalhador referido no numero anterior deve ser concedido, sempre que solicite, © regime de trabalho em tempo parcial, na modalidade consistente na redugao do period nor- mal de trabalho diario. 3. Ao trabalhador com capacidade de trabalho reduzida nao pode ser exigida a prestacdo de trabalho extraordinario ou de trabalho noctumo. ARTIGO 47.2 {Salario) ‘Ao trabalhador com capacidade de trabalho reduzida ¢ garantida remuneragao calculada nos termos do n.2 2 do artigo 28.2 SEccAO IV Contratos de Trabalho Especiais SUBSECGAO I Modalidades de Contratos de Trabalho Especiais ARTIGO 48.2 {Contratos de Trabalho Especiais) 1. So Contratos de Trabalho Especiais: a) Contrato de Grupo; b) Contrato de Aprendizagem e 0 Contrato de Estagio; DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8431 ¢) Contrato de Trabalho a Bordo de Embarcagdes de Camércio e de Pesca; d) Contrato de Trabalho a Bordo de Aeronaves; e) Contrato de Trabalho no Domicilio; f) Contrato de Trabalho de Trabalhadores Civis em Estabelecimentos Fabris Militares; g) Contrato de Trabalho Rural; h) Contrato de Trabalho de Estrangeiros nao Residentes; i) Contrato de Trabalho Tempordrio; ji) Contrato de Teletrabatho; k) Contrato de Trabalho em Comissio de Servigo; )) Contrato de Trabalho Desportivo; m) Contrato de Trabalho Doméstico; 1n) Contrato de Trabalho Artistico; 0) Outros contratos como tal declarados por lei. 2. Aos Contratos de Trabalho Especiais aplicam-se as disposigdes comuns da presente Lei, com as excepgées e especialidades estabelecidas nos artigos seguintes ¢ em legislacao especifica. 3. A regulamentacao dos Contratos de Trabalho Especiais deve respeitar os principios e os direitos fundamentais estabelecidas na Constituigso da Republica de Angola nas Convengdes Internacionais de que Angola é parte e na Lei. ARTIGO 49.2 (Contrato de Grupa} 1. Se uma entidade empregadora celebrar um contrato com um grupo de trabalhadores, considerado na sua totalidade, nao assume a qualidade de empregador em relagao a cada um dos seus membros, mas apenas em relagao ao chefe do grupo. 2. O chefe do grupo assume a representaciio des membros deste nas relagdes com a enti- dade empregadora, respondendo pelas obrigacées inerentes & mencionada representacao ¢ & qualidade de empregador em relagdo aos membros do grupo. 3. Se 0 trabalhador, autorizado por escrito ou conforme os usos e costumes, associar um auxiliar ou ajudante & realizagéo do seu trabalho, a entidade empregadora do primeiro sé-lo-4 também do segundo. ARTIGO 50.° (Contrato de Aprendizagem e Contrato de Estagio) 1. Qs Contratos de Aprendizagem e de Estagio devem ser celebrados por escrito, com sujei- ¢3o as regras estabelecidas nos artigos 57.° a 61.2 2. Aos Contratos de Aprendizagem e de Estagio aplicam-se, com as devidas adaptacdes, as disposigdes da subsecedo Il desta secedo deste capitulo e as disposigdes gerais sobre trabalhos de menores, se 0 aprendiz ou estagidrio tiver menos de 18 anos. 3. Oregime dos contratos definidos no presente artigo nao se aplica, salvo remissao expressa dos respectivos regimes juridicos, as situagdes de aprendizagem e de formagao profissional promovidas pelos servicos oficiais competentes nos termos do n° 2 do artigo 6.2 DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, #248 | 8432 ARTIGO 51° {Contrato de trabalho a bordo de embarcagées) 1.0 Contrato de Trabalho a Bordo deve ser celebrado por escrito e ser redigido em termos claros sobre os direitos e obrigagdes dos contratantes, e deve indicar se a contratacao é con- cluida por tempo certo ou incerto, por uma s6 viagem. 2. Se o contrato é celebrado por uma sé viagem, deve indicar a durag3o prevista da viagem, identificar, de forma precisa, o porto onde a viagem termina, o momento das operagdes comer- ciais e maritimas e efectuar no porto de destino em que a viagem é considerada concluida. 3. E dispensada a redug3o a escrito do Contrato de Trabalho a Bordo de Embarcagao de Pesca, sempre que a duragdo da saida ao mar esteja prevista para até 21 dias. 4. 0 Contrato de Trabalho a Bordo deve indicar 0 servico e fungdes para que 0 marinheiro ou pescador ¢ contratado, 0 montante do saldrio e remuneragées acessérias ou as bases do célculo do salério ao rendimento, mesmo que seja fixado por célculo do salério ao rendimento, ou que seja fixado por participagao no resultado da viager e é visado pelo capitio do porto competente, que pode recusar 0 visto quando 0 contrato contenha cldusulas contrarias ordem publica ou a lei. 5. O lugar ea data do embarque do marinheiro devem ser anotados no rol da equipagem. 6.Ascondi¢des especiais de contratagao para trabalhoa bordo séo estabelecidas por diploma proprio do Presidente da Reptblica, enquanto Titular do Poder Executivo, em conformidade com as convenges internacionais do trabalho de que Angola é parte e pelo regulamento de inscrigao maritima, e devem tratar as seguintes matérias: a) Regulamentagao do Trabalho a Bordo, incluindo a organizagao do trabalho; b) Obrigagdo do armador no que respeita designadamente aos lugares e épocas da liquidacaio e do pagamento dos saldrios e remuneragdes acessorias e & forma de g020 ao deseanso; ¢) Garantias e privilégios dos créditos aos marinheiros ou pescadores; d) Condigdes de alimentagao e alojamento; @) Assisténcia e indemnizagées devidas em casos de acidentes e doengas corridos a bordo; f) Condigdes de regresso ou eventual repatriamento e nos casos em que a viagem termine em porto estrangeiro ou em porto diferente do de partida. 7. As condigdes especiais de contratacaio devem ser postas pelo armador a disposi¢ao dos marinheiros, devem ser explicadas pela autoridade maritima no momento da primeira inscri- 40 do marinheiro no rol de equipagem e devem estar afixadas nos locais de equipagem. ARTIGO 52.2 {Contrato de Trabalho a Bordo de Aeronaves) 0 Contrato de Trabalho a Bordo de Aeronave da aviacéio comercial é regulado pelas dispo- sigdes da presente Lei, nos aspectos nao sujeitos as normas internacionais aplicdveis 4 aviagdo civil e que nao estejam expressamente previstos em diploma préprio. DIARIO DA REPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 1 SERIE, 12.245 | 8433 ARTIGO 53.2 (Contrato de Trabalho no Damicilio) 1. Toda a entidade empregadora que ocupe trabalhadores no domicilio deve colocar 4 dispo- sigdo destes um documento de controlo da actividade laboral que realizem, com indicagdo do nome do trabalhador, natureza do trabalho a realizar, quantidades de matérias-primas entre- gues, tarifas acordadas para determinaciio do salario, recebimento dos artigos produzidos e datas de entrega e de recebimento. 2. E equiparado ao Contrato de Trabalho no Domicilio aquele em que o trabalhador compra as matérias-primas e fornece os produtos acabados ao vendedor daquelas, por certo prego, sempre que o trabalhador deva considerar-se na dependéncia econémica do comprador do produto acabado. 3. Osalario é fixado através de tarifa de rendimento que deve respeitar o disposto no n.2 5 do artigo 237.2 ARTIGO 54.2 {Contrato de trabalho em estabelecimentos militares) 0 Contrato de Trabalho celebrado por trabalhadores civis em estabelecimentos militares fica sujeito a presente Lei, sem prejuizo do que estabelecam as leis militares e o regime disci- plinar aplicdvel nesses estabelecimentos. ARTIGO 55.2 (Contrato de Trabalho Rural) 1.0 Contrato de Trabalho Rural por Tempo Determinado nao carece de ser reduzido aescrito, sendo as situacdes em que ¢ licita a sua celebraco regulada segundo os usos da regido, salvo nos casos em que © trabalhador seja deslocado, por ter a sua residéncia habitual em regido diversa daquela onde se situa 0 centro de trabalho. 2. A duragao do trabalho rural no pode exceder a 44 horas semanais, calculadas em termos médios em relagao a duracao do contrato, se inferior a um ano, ou em termos médios anuais, em caso contrario, e em fungao das necessidades das culturas, actividades e condigdes climaticas, © periodo de trabalho normal pode ser varidvel, desde que nao exceda as 10 horas didrias e as 5d horas semanais. 3. Ohordrio de trabalho fica sujeito, com as devidas adaptagdes, ao disposto no artigo 148.° 4. As férias anuais so gozadas em data a fixar por acordo, mas sempre dentro dos periodos em que o horario de trabalho, dentro da variabilidade referida no numero 2 do presente artigo, nao exceda 44 horas sernanais. 5. A pedido do trabalhador e por acordo escrito da entidade empregadora, o saldrio pode ser pago, até ao limite de 50% do seu valor, em bens produzidos ou géneros alimenticios de primeira necessidade, com aplicagao do disposto nos artigos 242.° ¢ 244.2 6.0 regime do Contrato de Trabalho Rural pode ser alargado por decreto regulamentar aos trabalhadores doutras actividades, estreitamente ligadas a agricultura, silvieultura e pecudria, ou a pesca, desde que o exercicio de tais actividades esteja dependente das condigées climati- cas ou seja de natureza sazonal. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 2 248 | 8434 ARTIGO 56.2 (Contrato de Trabalho de Estrangeiros no Residentes) 0 Contrato de Trabalho dos estrangeiros nao residentes é regulado pela presente Lei, nos aspectos nao contemplados por lei especial ou em acordos bilaterais de que Angola seja parte. SUBSECCAO II Contrato de Aprendizagem e Contrato de Estagio Profissional ARTIGO 57.2 {Regime do Contrato de Aprendizagem e Contrato de Estdgio Profissional) 1. Aos Contratos de Aprendizagem e de Estdgio Profissional aplicam-se, em especial, as dis- posigdes desta subseccdo e as disposigdes gerais sobre trabalhos de menores, se o aprendiz ou estagidrio for menor. 2. Oregime dos contratos definidos no presente artigo nao se aplica, salvo remisso expressa dos respectivos regimes juridicos, as situagdes de aprendizagem e de formagao profissional promovidas pelos servigos competentes pela execucdo de politicas publics de fomento de emprego. ARTIGO 58.2 {Contetido) 1. 0 Contrato de Aprendizagem e 0 Contrato de Estagio Profissional, definidos no n.° 1. do artigo anterior, devem conter, em especial: a) Nome, idade, morada e actividade da entidade empregadora, ou denominagao social, tratando-se de pessoa colectiva; b) Nome, idade, morada ¢ habilitages escolares ou técnicas do aprendiz ou estagid- rio @ o nome e morada do representante legal do menor; ¢) A profissao para que é feita aprendizagem ou estagio; d) As condigdes de remuneracao e, no caso dos aprendizes, de alimentagao e aloja- mento, se ficar a viver com a entidade empregadora; €) Adata e duracdo do contrato e 0 local onde a aprendizagem ou estagio ¢ realizada; f) A autorizacao do representante legal do menor. 2. Cépias do Contrato de Aprendizagem ou do Contrato de Estagio so enviadas, nos cinco dias seguintes a celebragdo, a Inspecgdo Geral do Trabalho e ao Centro de Emprego territorial- mente competente. ARTIGO 59.° {Direitos e deveres especiais) 1. Ao aprendiz e ao estagidrio nao devem ser exigidos trabalhos ¢ servigos estranhos a pro- fissdo para que a aprendizagem é ministrada, nem servigos que exijam grande esforgo fisico ou que, de alguma forma, sejam susceptiveis de prejudicar a sua satide e 0 seu desenvolvimento fisico e mental. 2. A entidade empregadora deve tratar o aprendiz ou estagidrio como chefe de familia @ assegurar-Ihe as melhores condi¢des de aprendizagem e, se for 0 caso, de alimentagdo alojamento. DIARIO DA REPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 1 SERIE, 12.245 | 8435 3.Se0 aprendiz nao tiver concluida a escolaridade obrigatéria ou se se encontrar matriculado num curso técnico-profissional ou profissional, a entidade empregadora deve facultar o tempo para a frequéncia dos cursos respectivos. 4. A entidade empregadora deve ensinar, de forma progressiva e completa, a profissiio que constitui objecto de contrato e, no final deste, deve entregar uma declaragéo, certificando a concluséo da aprendizagem ou estagio e mencionando se o aprendiz ou estagiario se encontra apto para 0 exercicio da profissao. 5. 0 aprendiz ou 0 estagidrio deve obediéncia e respeito 4 entidade empregadora e deve dedicar toda a sua capacidade a aprendizagem. 6. Aentidade empregadora pode dispor e comercializar os artigos produzidos pelo aprendiz ou estagiario durante a aprendizagem. 7. Nas relagdes entre a entidade empregadora e 0 aprendiz ou estagidrio s4o aplica- veis, em tudo © que nao seja incompativel com os numeros anteriores, as disposigdes dos artigos 81.2, 83.2 e 84.2, 8. Cépia da declaraciio a que se refere on. 4. remetida ao Centro de Emprego, dentro dos cinco dias seguintes & sua entrega. ARTIGO 60.2 {Remuneragdes) 1. A remunerag3o do aprendiz tem como limite minimo 30%, 50% e 75% da remuneracao devida ao trabalhador da respectiva profissao, respectivamente no primeiro, segundo e ter- ceiro ano de aprendizagem. 2. Aremuneragdo minima do estagiario, corresponde, no primeiro, segundo e terceiro anos, a 60%, 75% e 90% do salario devido ao trabalhador da respectiva profiss’o e 100% nos anos seguintes. ARTIGO 61.2 (Cessagao do contrato) 1. 0 Contrato de Aprendizagem e 0 Contrato de Estaglo Protissional podem cessar livremente por iniciativa de qualquer das partes, durante os primeiros seis meses da sua duragao e livre- mente por iniciativa do estagidrio ou aprendiz, depois de decorrido aquele prazo. 2. Se 0 aprendiz ou 0 estagidrio for admitido no quadro de pessoal da entidade emprega- dora logo que concluida a aprendizagem ou estégio, o tempo de durag&o do contrato conta para efeitos de antiguidade. SUBSECCAO III Contrato de Teletrabalho ARTIGO 62.2 {Modalidades do teletrabalho) © Contrato de Trabalho em regime de teletrabalho, salvaguardadas as questdes de segu- ranga, privacidade e efectividade, pode serexercido nas modalidades de teletrabalho domiciliar, teletrabalho em escritério satélite, teletrabalho em centro de trabalho comunitario e teletra- balho némada. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 I SERIE, N.2 245 | 8436 ARTIGO 63.2 {Igualdade de tratamento) O teletrabalhador tem os mesmos direitos e deveres dos demais trabalhadores, nos termos dos artigos 83. ° e 84.2, com a excepcao dos incompativels 4 natureza do teletrabalho. ARTIGO 64.2 {Privacidade do trabalhadar em regime de teletrabalho) 1. Aentidade empregadora deve respeitar a privacidade do trabalhador, respeitando os ter- mos de nao trabalho, o repouso pessoal e familiar do trabalhador, garantindo-Ihe, com efeito, 0 direito a desconexao profissional. 2. Sempre que © teletrabalho seja realizado no domicilio do trabalhador, a visita a0 local de trabalho sé deve ter por objecto 0 controle da actividade laboral, bem como dos instrumentos de trabalho e apenas pode ser efectuada entre as 9 ¢ as 17 horas, com a assisténcia do traba- Inador ou de pessoa por ele designada. SUBSECCAO IV Contrato de Comissao de Servigo ARTIGO 65.2 (Contetida do Contrato de Comissao de Servica) 1. O Contrato de Comissao de Servico deve necessariamente conter as seguintes mengdes: a) Identificagdo das partes; b) Cargo ou fungao a desempenhar pelo trabalhador; ¢) Duragao do contrato; d) Classificagao profissional e posto de trabalho que o trabalhador ocupa no quadro da empresa, a data da celebracao do contrato, se for 0 caso; ¢) Fungées e classificag3o profissional que passa a deter, finde o contrato de comissaio de servigo, tratando-se de trabalhador estranho e o acordo envolver a sua inte- gragao no quadro. 2. Sempre que as condigées permitirem, a entidade empregadora pode proceder a apresen- taciio dos nomeados em evento especifico, devendo do mesmo fazer parte o representante sindical dos trabalhadores. 3. 0 Contrato de Comissdo de Servigo celebrad com um trabalhador do quadro implica a suspensiio do Contrato de Trabalho vigente antes daquele. ARTIGO 66.2 (Cessagao do contrato de comissao de servigo) 1. Atodo o tempo, pode qualquer das partes fazer cessar a comissio de servigo. 2. A comissao de servigo cessa imediatamente apds 2 dentincia ou resolugio da entidade empregadora, devendo esta garantir 0 pagamento dos salirios e complementos no perfodo de dois meses, mesmo que © trabalhador mantenha o vinculo juridico-laboral na entidade empregadora. DIARIO DA REPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, No 245 | 8437 3. Acessaciio da comissdo de servico por iniciativa do trabalhador esté sujeita a aviso prévio de 30 dias, sob pena de compensar a entidade empregadora com o valor do salario correspon- dente a 30 dias. ARTIGO 67.2 {Direitos do trabalhador) 1. Ocorrendo a cessagao do contrato por caducidade ou a cessagio por iniciativa do traba- Ihador nomeado, este tem direito a: a) Regresso as fungdes e posto de trabalho que detinha no momento do contrato ou, entretanto, teria sido promovido, se nao celebrasse um outro contrato; b) Integracao nas fungées e classificagSo profissional que tenham sido acordadas nos termos da alinea ¢) do n.° 1 do artigo 65.°, se, no pertencendo a0 quadro da empresa, essa integragao tiver sido prevista; ¢) Compensaciio que, eventualmente, tenha sido prevista no acordo, se no houver lugar a integragao referida na alinea anterior, 2. Se 0 trabalhador pertencer ao quadro da entidade empregadora e a comissio de servigo cessar por exoneragiio, tem direito a rescindir 0 Contrato de Trabalho, nos 30 dias seguintes 4 exoneracao/cessacao do contrato, ficando com o direito & sua compensagao calculada nos ter mos do n,2 2 do artigo 310.2 3. Os direitos previstos na alinea a) do n.2 1.¢ no n.° 2 do presente artigo nao sio exigiveis se a cessagao da comissio de servigo for consequéncia de despedimento com justa causa dis- ciplinar que nao seja declarade improcedente. ARTIGO 68.2 (Contagem de tempo de servico) O tempo de exercicio de cargos ou fungdes em comissao de servico conta-se, para todos os efeitos, como se tivesse sido prestado na classificagao profissional que o trabalhador possui no quadro da empresa ou na que Ihe for devida nos termos da alinea a) do n.° 4 do artigo anterior. ARTIGO 69.2 (Exclusdo} Tratando-se de pessoa nio pertencente ao quadro de uma empresa publica ou em que a entidade publica competente tenha, legalmente, 0 direito de nomear e exonerar gestores, 0 desempenho das respectivas fungdes por nomeacdo do Executivo é excluido do regime desta secgio, nos termos da alinea c) do artigo 2.° SUBSECGAO V Contrato de Trabalho Despartive ARTIGO 70.2 (Forma e registo do Contrato de Trabalho Desportivo} 1. Sem prejuizo do disposto em outras normas legais e na regulamentagao desportiva nacio- nal ¢ internacional, 0 Contrato de Trabalho Desportivo é lavrado em quadruplicado, ficando cada uma das partes com um exemplar, uma terceira para efeitos de registo na entidade des- portiva reguladora uma quarta remetida Inspec¢do Geral do Trabalho. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 ISERIE, N.2 245 | 8498 2. Aparticipago do praticante desportivo em competigées profissionais depende do prévio registo do Contrato de Trabalho Desportivo na entidade desportiva competente. ARTIGO 71.2 (Deveres da entidade desportiva empregadora) Sem prejuizo do disposto em legislagao especifica, a entidade empregadora desportiva tem os seguintes deveres: a) Garantir assisténcia médica e medicamentosa aos praticantes desportivos durante © periodo em que estiverem a representar a federacao ou 0 clube; b) Proporcionar aos praticantes desportivos as condigdes necessérias a participaco desportiva, bem como a participagao efectiva nos treinos e outras actividades preparatérias da competi¢ao desportiva; c) Submeter os praticantes desportivos aos exames ¢ tratamentos clinicos necessdrios 2 pratica da actividade desportiva; d) Permitir que os praticantes desportivos, em conformidade com o previsto nos regulamentos federativos, participem nos trabalhos de preparagio e integrem as selecgdes ou representagdes nacionais; €) Promover o registo do Contrato de Trabalho Desportivo, bem como das modifica- ¢ées contratuais posteriormente acordadas nos termos do n.° 2 do artigo anterior. ARTIGO 72.2 (Deveres do praticante desportivo) Sem prejuizo do disposto na legislagao especifica, si deveres do praticante desportivo os seguintes: a) Prestar a actividade desportiva para a qual foi contratado, participando nos trei- nos, estagios ¢ outras sessdes preparatérias das competigdes com a aplicacdo ea diligéncia correspondentes as suas condicdes psicofisicas e técnicas e, assim, de acordo com as regras da respectiva modalidade desportiva e com as instrugdes da entidade empregadora desportive; b) Preservar as condi¢Ses fisicas que Ihe permitam parti tiva objecto do contrato; ¢) Submeter-se aos exames ¢ tratamento clinicos necessdrios a pratica desportiva; par na competicao despor- d) Conformar-se, no exercicio da actividade desportiva, com as regras proprias da disciplina e da ética desportiva, ARTIGO 73.2 {Retribuigao) 1. E vélida a cldusula constante do Contrato de Trabalho Desportivo que determine o aumento ou a diminuigao da retribuic’io em caso de subida ou descida de escaldo competitivo em que esteja integrada a entidade empregadora desportiva. DIARIO DA REPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 1 SERIE, 2.245 | 8438 2. Quando a retribui¢3o compreende uma parte correspondente aos resultados desporti- vos obtidos, esta considera-se vencida, salvo acordo em contrario, com a remuneragdo do més seguinte aquele em que esses resultados se verificarem. SUBSECGAO VI Contrato de Trabalho Doméstico ARTIGO 74.2 {Forma do Contrato de Trabalho Doméstico) 1.0 Contrato de Trabalho Daméstico deve ser celebrado mediante preenchimento da cader- neta do trabalhador de servico doméstico, nos termos de regulamentagao prépria aprovada pelo Titular do Poder Executivo. 2. A faita de preenchimento da cademeta referida no numero anterior nao invalida a vigén- cia do contrato. 3. Para efeitos do ntimero anterior, a prova da existéncia do contrato e suas condigdes pode ser feita por todos os meios admitidos por lei, presumindo-se a sua existéncia entre o que presta servico doméstico eo que 0 recebe. ARTIGO 75.2 (Modalidades do Contrato de Trabalho Doméstico) 1.0 Contrato de Trabalho Doméstico pode ser celebrado a tempo inteiro ou a tempo parcial. 2. 0 Contrato de Trabalho deve ser celebrado a tempo inteiro, sempre que integre aloja- mento e refeiggo, 3. 0 empregador em regime de Contrato de Trabalho por Tempo Inteiro deve assegurar as condi¢des de trabalho que respeitem a privacidade do trabalhador. 4. Os trabalhadores domésticos podem assinar contratos da mesma ou de outra natureza com outros empregadores, desde que os hordrios de trabalho no se sobreponham. 5. Findo © Contrato de Trabalho celebrado no exterior do Pals com trabalhador estrangeiro doméstico, o empregador deve proporcionar as condigdes de regresso do trabalhador ao pais de origem. ARTIGO 76.2 (Registo do contrata) (O Contrato de Trabalho Doméstico deve ser registado junto da Entidade Gestora da Proteccao Social Obrigatéria no momento da inserigo do trabalhador. CAPITULO III Contetido da Relacao Juridico-Laboral SECCAGI Poderes, Direitos e Deveres das Partes ARTIGO 77.2 {Paderes da entidade empregadora) 1. Sdo poderes da entidade empregadora: a) Dirigir a sua actividade e organizar a utilizagao dos factores de producio; DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 I SERIE, 2 248 | 8440 b) Assegurar 0 aumento progressivo da produgao e da produtividade, bem como o desenvolvimento econdmico e a responsabilidade social da empresa; ¢) Organizar trabalho de acordo com o nivel de desenvolvimento aleancade, por forma a obter elevados niveis de eficacia e rentabilidade, tendo em conta as carac- teristicas do proceso tecnolégico e das qualificagdes técnicas e profissionais dos trabalhadores; d) Definir ¢ atribuir tarefas aos trebalhadores, de acordo com a sua qualificacdo, apti- dao e experiéncia profissional; ¢) Elaborar regulamentos internos e outras instrugdes e normas necessarlas & organi- zaco e disciplina laboral; f) Avaliar 0s trabalhadores em conformidade com o definido no regulamento interno da empresa; g) Adequar as condigdes de trabalho e as tarefas dos trabalhadores por razdes técni- cas, organizativas ou produtivas especiais; fh) Assegurar a disciplina laboral e exercer 0 poder disciplinar sobre os trabalhadores; 1) Garantir 0 respeito e a proteccio do patriménio ¢ de outros actives da empresa necessdrios ao normal exercicio da actividade laboral; ) Assegurar um ambiente de trabalho propicio ao bom desempenho da actividade laboral. 2. Os poderes da entidade empregadora sdo exercidos directamente por si, pela direcgSo pelo responsével dos varios sectores da empresa. ARTIGO 78.2 {Organizacao do trabalho) O poder de organizacio do trabalho inclul © direito de estabelecer 0 periodo de funciona- mento dos varios sectores da empresa e de estabelecer os hordrios de trabalho, apés consulta a0 6rgéo representativo dos trabalhadores, nos termos da lei. ARTIGO 79: (Alteracao das condigdes de trabalho) 1. Aalterago das condigdes de trabalho e das tarefas dos trabalhadores deve respeitar: a) Aincidéncia sobre a duragao do trabalho, hordrio do trabalho, sistema de remune- rago, tarefas dos trabalhadores ¢ local de trabalho; b) A sujeicao aos limites e regras estabelecidas por lei. 2. Aalteragao de tarefas dos trabalhadores e do local de trabalho sao reguladas respectiva- mente pelos artigos 127.2 e seguintes. 3. Da alteracao do trabalho, nao pode resultar uma alteragdo permanente e substancial da situagao juridico-laboral do trabalhador, salvo no sentido da sua evolugao profissional ou nos casos e condiges expressamente regulados. DIARIO DAREPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8441 ARTIGO 80.2 (Disciplina do trabalho) 1. No que respeita & disciplina laboral, pode a entidade empregadora adoptar as medidas preventivas consideradas necessarias de vigilancia e controlo para verificar o curnprimento das obrigagées e deveres laborais. 2. Em caso de necessidade, a entidade empregadora pode verificar o estado de deenca e de acidente ou outros motivos apresentados para justificagao das auséncias ao servigo. ARTIGO 81.2 {Deveres da entidade empregadora) Sao deveres da entidade empregadora: a) Assegurar 20 trabalhador ocupagao efectiva que corresponda 2 uma categoria ocupacional ¢ classificagio profissional adequada as fungées e tarefas inerentes 20 posto de trabalho, de acordo com o qualificador ocupacional respectivo; b) Tratar e respeitar o trabalhador e contribuir para a elevagdio do seu nivel material e cultural; ¢) Proporcionar condi¢ées de trabalho adequadas ao exercicio da actividade laboral; d) Pagar pontualmente o salario e demais prestagdes devidas; e) Promover boas relagdes de trabalho dentro da empresa e contribuir para a criagio manutengao de condigdes de harmonia e motivag3o no trabalho; #) Considerar as criticas, sugestées e propostas dos trabalhadores relativas a organi- zagio do trabalho e manté-los informados sobre as decisées tomadas; g) Promover e facilitar a participagao dos trabalhadores em programas ou accdes de formagao profissional; +h) Aplicar com rigor as medidas preventivas sobre seguranga, satide e higiene no local de trabalho; 4) Cumprir as disposigdes legais ern matéria de organizacao ¢ actividade sindical; i) Nao celebrar nem aderir a acordos com outros empregadores no sentido de, reci- procamente, limitarem a admissao de trabalhadores que a eles tenham prestado servigo; k) Nao contratar, sob pena de responsabilidade civil, trabalhadores ainda pertencen- tes ao quadro de pessoal doutro empregador, quando dessa contrataco possa resultar concorréncia desleal ou violagao de segredos comerciais; 1) Cumprir todas as demais obrigacdes legals relacionadas com a organizacao ¢ pres- tagdo do trabalho. ARTIGO 82.2 {Formagao e aperfeicoamento profissional) 1. A formaco profissional destina-se a proporcionar aos trabalhadores 4 aquisi¢o de competéncias teéricas € praticas com vista a obtengao e elevacao da sua qualificagao para 0 exercicio das fungdes inerentes a0 posto de trabalho. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 | SERIE, N.2 245 | 8442 2. Oaperfeicoamento profissional destina-se a aprimorar a qualificacio profissional e a per- mitir a adaptacao permanente dos trabalhadores as mudangas técnicas, tecnolégicas e das condigdes de trabalho, com vista ao aumento da produtividade e da competitividade. ARTIGO 83. {Direitos do trabalhador) Sao direitos do trabalhador: a) Ser tratado com consideragao, integridade e dignidade; b) Ter ocupagao efectiva; c) Estabilidade do emprego ¢ 0 exercicio de fungdes adequadas as suas aptidées ¢ preparacio profissional dentro do género do trabalho para que fol contratado; d) Gozar efectivamente os descansos didrios, semanais e anuais garantidos por lei; e) Receber salério e outras prestagdes devidas, com regularidade e pontualidade, nos termos da lei; f) Ser abrangido nos planos de formaco profissional; g) Ter condigdes de seguranca, satide e higiene no trabalho; h) Exercer 0 direito de reclamagio e recurso no que respeita as condigées de trabalho @ a violagdo dos seus direitos; 1) Participar na actividade social da entidade empregadora; j) Ser inscrito no sistema de protec¢So social obrigatéria. ARTIGO 84.2 (Deveres do trabalhador} Sao deveres do trabalhador: a) Prestar o trabalho com diligéncia e zelo, contribuindo para a melhoria da produti- vidade e da qualidade dos bens e servicos; b) Cumprir as tarefas inerentes a0 posto de trabalho; ¢) Cumprir as ordens e instrugdes legitimas; d) Ser assiduo e pontual; ¢) Respeitar ¢ tratar com urbanidade e lealdade os responsaveis, 0s companheiros de trabalho e demais utentes no local de trabalho; f) Utilizar, de forma adequada, os instrumentos ¢ materiais fornecidos pelo empre- gador para a realizaco do trabalho, incluindo os equipamentos de proteccdo individual e colectiva; g) Proteger os bens da entidade empregadora e os resultados da produgao contra danos, destruicgao, perdas e desvios; h) Cumprir rigorosamente as medidas de seguranca, satide e higiene no trabalho e de prevengdo de inc@ndios ¢ contribuir para evitar riscos que possam pdr em perigo a sua seguranga, dos companheiros, de terceiros e do empregador, as instalagdes e materiais da entidade empregadora; DIARIO DA REPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 1 SERIE, N.0 245 | 8443 i) Guardar sigilo profissional; j) Ser leal, n8o negociando ou trabalhando por conta prépria ou por conta alheia em concorréncia com a entidade empregadora; k) Nao realizar reunides de indole partidaria ou religiosa no centro de trabalho, salvo nos casos de organizagées de tendéncia; 1) Cumprir as demais obrigagées impostas por lel ou convengao colectiva de trabalho, ou estabelecidas pela entidade empregadora dentro dos seus poderes de direc- 80 e organizacio; 1m) Participar em programas de formaciio promovidos pela entidade empregadora. ARTIGO 85.2 {Restrigées a liberdade de trabalho) 1. E licita a clausula do Contrato de Trabalho pela qual se limita ou restrinja a actividade do trabalhador por um periodo de tempo que niio pode ser superior a trés anos a contar da ces- sago do Contrato de Trabalho nos casos em que ocorram em conjunto as seguintes condigdes: a) Constar tal cléusula do Contrato do Trabalho escrito ou de adenda ao mesmo; b) Tratar-se de actividade cujo exercicio possa causar prejuizo efectivo entidade empregadora e ser caracterizado como concorréncia desleal; ¢) Ser atribuida ao trabalhador uma compensagdo durante o periodo de restricao ou limitacao da actividade, cujo valor constara do contrato ou adenda. 2. E também licita, desde que reduzida a escrito, a cldusula pela qual um trabalhador, bene- ficiando de aperfeigoamento profissional ou de curso de formagao superior, com os custos suportados pela entidade empregadora, se obriga a permanecer ao servi¢o da mesma enti- dade empregadora durante um certo periodo, desde que este periode nao ultrapasse um ano para as formagées de aperfeigoamento profissional e até trés anos para os cursos de formagao superior. 3. No caso do numero anterior, o trabalhador pode desobrigar-se da permanéncia ao ser- vigo, restituindo a entidade empregadora o valor das despesas feitas, em propor¢ao do tempo que ainda falta para o termo do periodo acordado. 4. O empregador que admita um trabalhador dentro do periodo de limitagao da actividade ou da permanéncia na entidade empregadora é solidariamente responsavel pelos prejuizos causados por aquele ou pela importancia por ele nao restituida. SECCAO II Disciplina Laboral ARTIGO 86.2 (Poder disciplinar) A entidade empregadora tem poder disciplinar sobre os trabalhadores ao seu servigo ¢ exerce-o em relacao as infraccées disciplinares por estes cometidas. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 SERIE, #248 | 8444 ARTIGO 87.2 {Medidas disciplinares) 1. Pelas infraccSes disciplinares praticadas pelos trabalhadores, pode a entidade emprega- dora, em fungao da gravidade verificada, aplicar as seguintes medidas disciplinares: a) Admoestagao oral; b) Admoestagao registada; ¢) Despromogio temporaria de categoria; d) Redugao temporaria do salario; e) Suspensao do trabalho com perda parcial de retribuigdo; f) Despedimento disciplinar. 2. A medida de redugio do saldrio pode ser fixada entre um a seis meses, dependendo da gravidade da infracedo, ndo podendo a redugao ser superior a 20% do salario-base mensal. 3. A suspensio do trabalho com perda de retribuicao ndo pode exceder 30 dias por cada infracgao, e 60 dias, em cada ano civil. 4. Os valores dos salarios néio pagos ao trabalhador, em virtude da reducao ou suspensao a que se refere a alinea d) do n.2 1 do presente artigo, sdio depositados pelo empregador na conta da Seguranga Social, com a meng&o «Medidas Disciplinares» e o nome do trabalhador, devendo incidir também sobre esses valores as contribuigées do trabalhador e do empregador para a Seguranga Social. ARTIGO 88.2 {Procedimente disciplinar) 1. A medida disciplinar nao pode ser aplicada sem entrevista prévia do trabalhador, salvo a admoestagao oral e registada. 2. A instrugdo do procedimento disciplinar é da competéncia da entidade empregadora, podendo ser expressamente delegada a pessoas vinculadas ou ndo a empresa. 3. procedimento disciplinar inicla sempre com uma convocatéria para a entrevista na qual deve constar: a) Descrig&o detalhada dos factos de que o trabalhador ¢ indiciado; b) A qualificagao juridica dos factos imputados; ¢) Dia, hora e local da entrevista; d) Informacdo de que o trabalhador pode fazer-se acompanhar, na entrevista, por uma pessoa da sua confianca e até trés testemunhas, pertencentes ou no ao quadro de pessoal da entidade empregadora ou ao sindicato em que esteja filiado. 4. Aconvocatéria pode ser concretizada por uma das seguintes formas: a) Entrega do contra recibo ao trabalhador; b) Com a assinatura de duas testemunhas, havendo recusa do trabalhador; ¢) Por correio registado; d) Correio electrénico corporativo do trabalhador. DIARIO DA REPOBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 1 SERIE, No 245 | 8445 5. € proibida a instauracio de procedimento disciplinar ao trabalhador que esteja em gozo de férias. ARTIGO 89.2 {Suspensdo preventiva do trabalhador) 1. Com a convocatéria para a entrevista, pode o empregador suspender preventivamente o trabalhador, se a sua presenca no local de trabalho se mostrar inconveniente, sem prejuizo do pagamento pontual do salério-base, 2. Se 0 trabalhador for representante sindical ou membro do érgdo de representagdo dos trabalhadores, a suspenso ¢ comunicada ao érgao a que pertence. ARTIGO 90.2 {Entrevista) 1. A entrevista deve sempre ter lugar num periodo nao inferior a cinco dias nem superior a 10 dias dteis, a contar da data de entrega da convocatéria para que o trabalhador possa con- sultar 0 proceso e deduzir os elementos que considera relevantes para esclarecer os factos ¢ a sua participagaio nos mesmos. 2. Aentidade empregadora e o trabalhador durante a entrevista podem, respectivamente, fazer-se acompanhar por uma pessoa da sua confianca e até trés testemunhas, vinculadas ou nao a entidade empregadora. 3. No decorrer da entrevista, a entidade empregadora ou 0 seu representante expde os fac- tos de que 0 trabalhador é indiciado e ouve as explicagdes ¢ justificativas apresentadas pelo trabalhador, bem como os argumentos apresentados pelas pessoas que o assistem. 4. Durante a entrevista nao se deve acrescer factos que prejudiquem o trabalhador e nao constam da convacatéria. 5. A entrevista deve ser reduzida a escrito e assinada pelas partes, incluindo as testemu- nhas, logo apés a sua conclusdo. 6. Se o trabalhador faltar a entrevista, mas a pessoa por ele escolhida comparecer, em fun- ¢40 da justificagao por este apresentada, pode a entrevista ser adiada para dentro de cinco dias Uteis, ficando 6 trabalhador notificado na pessoa do seu representante. 7. Se no comparecer nem o trabalhador nem o seu representante e aquele nao justificar a auséncia dentro dos 3 dias uteis seguintes, pode o empregador, findo este prazo, decidir de imediato a medida disciplinar correspondente. ARTIGO 91.2 (Aplicago da medida disciplinar} 1. A medida disciplinar ndo pode ser validamente decidida antes de decorridos trés dias liteis ou depois de decorridos 30 dias sobre a data em que a entrevista se realize. 2. A medida aplicada 6 comunicada por escrito ao trabalhador nos cinco dias seguintes 8 decisdo por qualquer dos meios referidos nas alineas do n.° 4 do artigo 88.2, devendo a comunicagéio mencionar os factos imputados ao trabalhador e consequéncias desses factos, 0 resultado da entrevista e a decisio final. DIARIO DA REPUBLICA DE 27 DE DEZEMBRO DE 2023 I SERIE, 2 245 | 8448 3. Sendo o trabalhador representante sindical ou membro do érgio de representac3o dos trabalhadores, é enviada, no mesmo prazo, cépia da comunicagao feita ao trabalhador ao sin- dicato ou ao érgio de representagio, devendo este pronunciar-se no prazo de 10 dias tteis. ARTIGO 92.2 {Graduagao da medida disciplinar) 1. Na determina da medida disciplinar, devem ser consideradas e ponderadas todas as circunstancias em que a infraccSo foi cometida, atendendo-se a sua gravidade e consequéncias, a0 grau de culpa do trabalhador, aos seus antecedentes disciplinares e a todas as circunstan- clas que agravem ou atenuem a sua responsabilidade. 2. Nao pode ser aplicada mais de uma medida disciplinar por uma mesma infracco ou pelo conjunto de infracgées cometidas até a decisao. ARTIGO 93.2 (Ponderagao prévia & medida disciplinar) O prazo referido no n.2 1 do artigo 91.2 da presente Lei destina-se a uma reflexdo do empre- gador ou seu representante sobre os factos que considera constituirem infraccao disciplinar e sobre a defesa do trabalhador indiciado, apresentada nos termos do n.° 2 do artigo 91.2, para enquadrar correctamente os factos, a defesa, as antecedentes disciplinares ¢ as circunstancias que rodearam os factos e que sejam atendiveis na determinagdio da medida disciplinar. ARTIGO 94.2 {Execugao da medida disciplinar) 1. A medida disciplinar aplicada pela entidade empregadora é executada a partir da sua comunicagio ao trabalhador, a nao ser que a execugao imediata apresente inconvenientes sérios para a organizaco do trabalho, caso em que a execucdo pode ser adiada até 30 dias. 2.0 disposto na parte final do nimero anterior nao ¢ aplicavel a medida disciplinar de des- pedimento que deve ser executada imediatamente. ARTIGO 95.2 {Registo e publicidade das medidas disciplinares) 1. As medidas disciplinares aplicadas so sempre registadas no processo individual do trabalhador, com excepcao da admoestacao oral, sendo atendidas na determinagao dos ante- cedentes disciplinares todas as que tenham sido aplicadas h4 menos de cinco anos. 2. As medidas disciplinares, com excepgio da admoestagao oral, podem ser objecto de publicagdo dentro da entidade empregadora ou centro de trabalho. ARTIGO 96.2 (Direito de reclamacao) 1. Da medida disciplinar pode o trabalhador reclamar, se entender que nao praticou os fac- tos de que é indiciado, que a medida aplicada é injusta, nula ou abusiva. 2. A reclamagao a que se refere © ndmero anterior deve ser feita no prazo de 30 dias, a con- tar da data da comunicacao.

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