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LUNVERSDADE SADA — LUNTRSDNDE CATOUCA PORTUGUESA ‘DITO coNcoRDATAiuo brat sapere de Coe Cannio eto conse na alsrl e Sui Ges Govahes Pon — Ube: Une Cas Ltn 2008 op cn (Cosa Camcn ISBN T8972 5402009 | GOMES, Mt Sern de Cot, ont -PROENGA, Jon ao Gone on couse 3? O Direito Concordatario: natureza e finalidades ‘Date ‘ODIREITO CONCORDATARIO: NATUREZA B FINALIDAD:S ote UUSTANA CANONICA 13 outer Mae St Cvs Gomes ‘Meopictsde Tania Sepa Dini Caio SDC) rene xen Pin de Cina 1699 (0 se "L930 217 214134 Fae 3) 217 205 3893, periicliboanpt emit nk Gideltenenpt iw ‘Actas das XV Jotnadas de Direito Canénico : on ¢ das I Jornadas Concordatarias eee 23-24 de Abril de 2007 Bento giee Lica } Depiiokel en j Luce: sas. non 9 osm ULisonreas on nies Caen Bits Up 1 Pans de an 18228 1166OK Poss ‘TA, Bs) 217 1409) Fae 85) a7 789029 srewcetionppe meh gh eo ode ponte dos ares Napaconsra. ‘tad de bon 15 de Mio de 208 ro Dour Masa Sen Co Gores ) peranse sca ei, 13 de Made 206 Ginrgo De Avie Mae USBOA 2008 giao ge EFICACIA CIVIL DAS SENTENCAS DE NULIDADE DE CASAMENTO CANONICO ALUZ DA CONCORDATA DE 2004 Pron” Dourosa Riva Lowe Xavien Paowtssona Esco b¢ Darr ~ Poo LUntvaasipabh Camcica Porrncesa Quero agradecer antes de mais ao Senhor Professor Doutor Gonsalves Proenc2 o convite que me fez pata partcipar nests jornadas, ¢ felicid-o, bem como ao Senhor Padre Professor Doutor Saturino Gomes Director do Institato Superior de Direito Canénico da minha Universidade, por esta importante iniciativa, Muito me honra estar aqui, agradeso a intromissio tolerada dos jutisias “civis” um campo Ihubitualmente frequentado somente por canonistas. Emocions-me sobretuéo a oporninidade, para mim inédita, de palhar um tema — Sistemss Matrimoniais - com o Senhor Doutor Francisco Pereira ‘Coelho, a maior figura do Dieito da Familia em Portugal. Permita-se-me ainda que me refira 20 muito que the devo na minha vida pessoal e que ‘nunca me cansarei de agradecer: foi meu Professor na licenciatura em. Coimbra, depois orientador na dissertagio de Doutoramento; fex parte dos jiris que apreciaram as minhas provas de Mestrado ¢ de Dontonmento, e deu-me a honea de accitar ser mea apresentante na ceriméaia de imposigio das minhas insignias doutorais. Devo-the quase toda a minha formasio jutidica, mas quero ressaltar especialmente a sua sfivel dioponibilidade ¢ 0 muito que aprovcited das suas valiosas indicagdes. © Senhor Doutor Francisco Pereira Coelho tem a vietude, ‘cada vez mais rata no meio em que trabalhamos, de saber orientar © promover os mais novos. Ainds agort mesmo, como viram, com a generosidade que the & prépria e bem conhecida de todos, deixou um amplo espaco livee aa matéria que nos foi distribuida - sistemas ‘matrimoniais - criando na audiéncia a ilusio de que esta sua humilde disciple vai conteibair com algoma coisa que possa completa a sibia 2 brilhante exposieio que seabmos de ouvir... 98 ITA LOO XAVIER. 1. A eficdcia civil das sentengas de nulidade de casamento canénico na vigeneia da Concordata entre a Santa Sé © a Republica Portuguesa de 1940° © art XXV da Concordat de 1940 reconhecia competéncia ‘exclusiva aos tribunais eclesiisticos para a apreciagio da validade dos ccasamentos candnicos © vedava aos tribunais civis a aplicagio. do Instituto do divércio aos referidos casamentos, © texto da Concordata cra. o seguinte: "0 eoxhecimento dus cases concermente uldeds do casamento calico e A dispense do casumeato eto © nlo consimada, € rservado aos tbumals 6 psig elesitieas competes As decisdies ¢ sentencas destas repartgoes ¢ tribunals quando Aefinitives subieio a0 Supremo Teibunal dz Assinatara Apostlica para verificasio, © serio, depois, com os rexpectivos decretos daquele Supremo Tebunal, transmitidas, pela via diplomdtica, ao Tebunal da Relagdo do Estado, teritoralmente competent, que a: forard esatirias + mandari que sam averbades nos registos do estado civil, margem da acta do casamento”. As disposigées conecrdatitias foram sranspostas, praticamente sem alteragbes, para 0 Cédigo Civil de 1966 que, 90 que diz eepcito & matéria que agora nos interest, no seu artigo 1626" previa 0 seguinte: "As decises dos tbunai edeitsticos quando defines sober 20 Supreme ‘Tabona da Assinar Apostlca pars veifiati, eso depos, coms o= decreas ease Teibunal, uansmitias por via diplemiica 20 tebural én Relagio teritoralmentecompetate qu u tomnaté execatis inpndbton rio © oma andar gue sjam averbadas no esto Cl". Esta norma era acompanhada pelas correspondentes excepgSes 40s regimes previstos nos Cédigos de Processo Civile do Registo Civil (arts 1409 do CPC e art. 7° do CRC) pata o reconhecimento e registo das decisdes dos tribanais estrangeiros relatias 20 estado das pessoas © "Emons sas Cone porsgnesi” a dagen do aren to alo conamdd spaenement rg nbc xo mesmo tment ques sexeaes de auld do cases Trane de devs ifrentes que ssc problems exetSos plo que, como éeidensado blo ins esprit, oa concent me na ciel cl das senna elas ESICACIA CIVIL DAS SENTENCAS DE NULIDADE 99 DE CASAMENTO CANONICO A LUZ DA CONCORDATA DE 2004 direitos privados, que impunham, para todos os outros casos, a respectiva revisio ¢ confirmagio. art, XXIV da Concordata de 1940 foi alterado pelo Protocolo, Adicional de 1975 que deixou de considerar a celebragio de casamento ‘canénico como rentincia 20 direito de os cOnjuges requererem o divdrcio, mas manteve expressamente em vigor todos 08 outtos artigos dda mesma. O sistema concordatirio pressupunha ento a competéncia exclusiva dos Tribunais ecesiisticos no que diz respeito aos juizos sobre as patologiss do vinculo matrimonial canénico ¢ 0 reconhecimento das respectivas decisdes, independentemente de qualquer apreciagio do érito da mesma, Em suma: as sentengas de nulidade matrimonial proferidas pelos ‘Teibunais eclesifsticos nio eram apreciadas pelos ‘Tribunais do Estado portugués; estes apenas verficavam alguns aspectos formas relativos a0 controlo da autenticidade da decisio, concedendo-lnes 0 respectivo ‘exequator © mandando-as averbar ao assenio do casamento, apés o que gozavam de eficécia civil. 2. Os textos normativos da Concordata de 2004 concernentes A eficdcia civil das sentengas de nulidade de casamento A nova Concordata, assinada em 2004 e em vigor desde 26 de Janeiro de 2005, dedica a esta matétia 0 artigo 16° que prescreve 0 seguinte: "As decisis eativas& molidade &dspensa pomtifica do csumseato sito {© slo consumado pela autordadeseclesiesicas competent, veficadts pelo {egio de conalo superior, prodasem efeitos cvs, « mgarinont de guar det ‘el fms em de prs oem 2 Parso efit, o tivunal competente vert 4) Seo autétias, 1 Se dimanam do tbynal competent, «6 Se foram respeitados os principios do contradiéo da igualdaes Se not resultados aio ofendem os principios da ordem piblicr lnternacional do Estado portage” 100 ITA LOWO AVE 3, Alteragées introduzidas e consequéncias quanto 4 caracteri- zagio do sistema matrimonial actual A primeita vista, 4 nova Concordata true uma modiicacio profunda quanto eficcia civ das senengas de nulidade dos Tibunais Cclsisticos,embora no mle uma diferente quaicagio do sista trauimmonal Veja as principals alerages TDA eficeia evil das sentengas eclessticas pressupde ¢ impulso processal de uma dis partes 2) efiicin civil das. sentengas eclesiaiess depende de um processo de reisio © confrmagio “aos termes do dicto sy Inoue se va modalidade de contolo. das. decises eclesidstcas pelos Tabunais estaduais. 4)0 conteolo tas decixbes elesistias pelos Tebumas estaduas excede a verifeagio formal da aveendcidade ou genuinidade das smesmas 5) Bsige-se a vesfcagdo da competéncia do "iibunal elesistico aque proferi a decisio, : 6) lmpte-se a verifiagio do respeito por ptinlpios juridico- provessuas que constiuem aspectos extents do. dircivo Fundamental jtsdigao: prinipios do contraditrioe da gualdade {art 20° CRD, coneeizads sobretdo nos si 3" « 4° do CPO. 1) Prevé-e a verifeagio que 0 tsbunal extadual aprecie se 0 resiado da deasio implica una erentel ofensa do principios de ordem pablca internacional do Estado Porrogués 4, Apreciagio critica das modificages introduzidas: os funda- mentos € as objecgies [As alteragoes introduzidas certamente que vieram abalar a coeréncia do sistema, agravando um proceso ji iniciado em 1975, No entanto, quanto a qualificagio do sistema matrimonial, apesar de tudo, parece realmente no ter ocortido qualquer mudanga, como ficou subiameare demonstrado pele exposicio do Seahor Doutor Pereira Coelho. Na verdade, o Estado portugués continua a aceitar: 1) aplicagio do Direito candnico substantivo aos casamentos ‘eanénico-concordirios celebrados em Portugal (arts. 13°, 14° € 168, 1 da Concordata). EFICACLA SIV. DAS SENTENGAS DS NULIDADE, 10 DL CASAMENTO CANONICO A LUZ D8 CONCORDATA DE 2004 2) 2 competéncia primitis exclusiva dos Teibunais ecesiisticos sara « declaragio de molidade dos casamentos candnico-conenedatitios! Sendo assim, o sistema matrimonial continua a set um sistema de ccasamento civil facuhativo na segunda modalidade, no que diz respeito, 0s casamnentos “catdlicos” (para empregar a designagio do Codigo. Civil). Contudo, tecorhece-se agora aos Tribunais estaduais uma ‘competéncia secundii de reconhecimeato de eficicia civil is decisdes, ceclesiésticas, com indicagio das respectivos ceitéios de controlo (0 que envolve 4 revogagio Jo artigo 1626" do Cédigo Civil que, como se viu, dispensava 0 ‘Tribunal da RelagIo competence da tarefa da sua revisio © confirmagio). ‘Tém sido apontadas algumas justificagdes para as slreragdes ealizadast 1) O enguadramento constitucional do dizeito a contaair casamento. (att. 36°, a1 € 2 CRP), que parece pressupor que 05 requisitos € efeitos do casamento sao iguais para todos os cidadios. 2) A unidade ¢ exclusividade da fancio jurisdicional estadval, Note- se que alguns autores utilizam este ergumento para sustentar inclusivamente que a competéncia reconhecida aos Tribunais eclesisticos cpenas poderi ser “concorrente” com a dos Tribunais do Fistado, uma ver que o diteito fundamental & jtisdigao implica que os cidadlios no podem ser impedidos de recorter A jurisdicio estadual; e, nessa medida, poder-se-& levantar 1 questio de saber se os Tribunais estaduais, eventualmente chamados « agreciar a validade de um casamento can6nico- concordatitio, deverio aplicar @ lei candaica... sem que os respectivos juizes tenham recebido farmasio para tab. Penso, além disso, que uma decisio de um Tribunal estadual sobre esta ‘matéria ao tem qualquer sentido, uma vez que munca produzité efeitos na ordem jutidico-candnica, donde nio se percebe qual a utilidade desta ntervengio, 3) A seculatidade e a-confessionalidade do Estado. 4) A liberdade religiosa e a nflo diseriminagio das oucras contissées religiosas, * No senda de que eompstci ds Tunas cls dei de ws “eee puree poder lmpassest, coca» problems gut = leans ten joie ems, ff MOURA RAMOS 207. 9004 302 > sien PAULA COSTAE SILVA 206) p24 102 RITALOR0 XAVIER “Todavia, a tis justifcagies poder objectarse que: 1) A ondem jusidico-candniea néo pode ser expiparada a uma ‘qualquer ordem estadal estrangeira 2) Os baptizados perteacem por opcio & Iereja ese clebram 0 seu casamento candnica, fezem-no também por escolba live, pelo que nio Ihes ¢ imposto um ordenamento ¢ una jurisdgio como, acontece no plano estadual, 3) O respeito pela orem jueico-candnien © © respeito pelas convicgées scligiosas dos cidadios sfio poe em causa aa confessionalidade do Estado. 4) desejével que se mantenha a unidade entre o sistema substantivo € adjective canénico (Dircito matrimonial © comganizasio judicisia e processual) ¢ 6 Fstado tem de respeiter esse ordenamento nos seus clementos essenciais, uma vez que festes decorrem da propria natureza do pacto. matrimonial correspondeate a um entendimento antropologico de que 0 ‘ordenamento estadual se tera vindo progressivamente a afastr. ‘Além disso, o testo da Concordata parece impor que © controlo previsto se veriique igualmente em relao as decsGes pontificiss de dlispensa do casamento rato ¢ nfo consumado, sem que se tenham em conta as especificidades do. respective processo (nomesdamente a circunstineia de nfo se tratar de uma sentenga de um tribunal, ner de uma apreciagio sobre a validade de we casarnento). 5. Comparago do texco da Concordata de 2004 com o previsto no “Acuerdo entre el Estado espafiol y la Santa Sede sobre ‘asuuntos juridicos” Fago aqui um parénteses pata salientar que, no final de contas, 0 texto da nossa Concordata suscita menos problemas que “o Acuerdo entze el Estado espafol y la Santa Sede sobre asuntos juridicos”, concretamente no que diz sespeito ao articulo VI, 2. O teor desta disposigio € 0 seguinte: “Los conteayaten «tear de lv dipovicionse del Decechn Candien, adie oul «los Tibunales eclesésicos soiciando dedasicién de ouliad ox pee eciién pontifiia sobee matimonio ato y 10 consumada. A soliciad de ‘ualier de spurts, chs reslaconesecesistics dni ari on ore it [ie deran tid af Dee del Eade ow resi sad pro! Tena cit apace EBFICACIA CIVIL DAS SENTENCAS DE NULIDADE 103 DB CASAMENTO CANONICO A 1UZ DA CONCORDATA Ds 2004 Na verdade, daqui resulta inequivocamente que os cidadios que celebraram casamento can6nico poderdo requerer a declaragio de aulidade nos Tribunais eclesisiicos, mas também pudenio pedi la nos ‘Teibunais estaduais. Ora, esta possbilidade perverte toda a légica do sistema, suscitando “dividas, imprecisdes, anbiguidacles e contradicées” (FERRER ORTIZ) c representando uma interferéncia incompreensivel do Direito estatual no mattiménio canénico (LOPEZ ALARCON e NAVARRO-VALLS), 6. Compatagio do texto da Concordata de 2004 com o previsto ‘na Concordata italiana depois das alteragées de 1984 texto da nossa Concordata € mais >¢6ximo do da Concordata italiana, segundo 0 qual “Le sentenze di aullita di matrimonio prononciate dai tribunali ecclesistic, che siano munite del decreto di ‘esecutiviti. del superiote organo ecclesiastico di controllo, soma, lomanda dele parti o di wna di sy, dibiarte effec nella Repubbica italiana con eaten della Cored appll competes, quando questa accra) che il giudice cecclesiastico eta i giudice eompeione a concscere della causa in quanta matrimonio celebrato in conformita del presente articolo; che nel procedimento davanti ai tribunal ccclesiastici stato assiouato alle parti it divine di agire © di resitore in gin in modo non diforme dai. princpi fondamentai dell ondinamenteitalianes 6) be ricrrano le alte cndicjonirchisste dalla lgslaone italiana per la dchiaraione di efcaca delle senenze sraniere”. Nio resisto a chamat a atencfo para um facto importants, coja spreciagio nio tem eabimento neste momeato: 0 texto prevé, ago de seguid, que a “Corte di appello” poderi na propria sentenga que torna eficaz uma sentenga candnica “stature provvedimenti economici provvisori a favore di uno dei coniug i cui matsimonio sa stato lichiarato null, rimandado le parti al giudice competente per ls ecisione sulla materia". 7.0 Processo de “revisdo € confirmagio” nos termos do Direito portugués Para produsirem efeitos na oniem juridica portuguesa, as decisdes dos Tribunals eclesssticos tém de ser submetidas “a revisio e confirmagio, nos termos do dirito portuguts, pelo competente tribunal 104 ITA Lo XAVIER do Estado”. A Concordata parce remeter assim part 0 “processo special de revisio c confiemacio de sentencas estrangeiras previsto no Cédigo de Processo Civil, Com efeite, a referéncia aos “tesmos do ireito portugués” s6 pode entender-se em conjugasio com o disposto no artigo 1094” do Cédigo de Proceso Civil, segundo o qua, eficc ‘em Portugal de uma decisio sobre dizeitos privados proferida por ibunal estrangeiro” depende da sua revisio © confirmacao, Este foi, aliéso entendimento suftagado pelos Acordaos da Relagio do Porto de 22/09/05 e da Relagio de Guimaries de 16-03-2005 ara este Processo, o Tribunal competente é 0 ‘Tribunal da Relacio do distito judicial em que estejx domicilinda 2 pessoa “contra quem” se pretenda fazer valer a sentenca jart. 1095° CPC), (© act 1096" indica os requistos necessazios para que 2 confirmagio seja concedida a saber: 3) Quo alo je divides coore «autem do documento de que conse a seatenga nem sobre a ntligincs da deiso. Que teaha wanstado em elgndo segundo ae do pals exe que foi peofeida 6) Que proveaha de iiinnal camangeio cia compeddaca ni0 tenba sido provecada cm finude & lei e nfo verse sobee sata de exclusiva ‘compettaia dos tabuone porngcse, Que no poss invocare4 ecepeo de spendéneia ou de caso jolendo ‘com fendarsento em cauaafecta a mboral porugus, excepco se fol 0 tahanalessangeie que peevenin a judi. ©) Que o su tena sido seysliemcate cdo pa acg80, 08 termes dale do pls do tbunal de orgus, e que no proceso hsjam sido obsereados os priocpios do contin ede igusldade das pares, 9) Que ao conten dein exo seconhecimesto conduzt a um resultado imanifesiamente incompaive! com o€ ptinsipios dx ordem publica incernaional do Estado Perna” © processo simples ¢ consta dos artigos 1098° = 1099%: Apresentado com a petigio o documento de que conste a decisto » reves, é a parte contrite citads para, dentro de 15 dias, deduzir a sua oposicio, O requerente pode responder nos 10 dias seguintes a notificagio da apresentacio da oposi¢io (art. 1098%). Findos os “Bes Actos consider oa 1626 do Cg Cr ecamente remap, egtbdo sia once de mari eee vind or vi dipoles pelo Suptemo Taba de ‘ssnann Apstca «rman evita inti por wopownbde de ue veo gue ‘coma stem onc psp seam aspera une eel lds eens (Cake d praia 188, Ano 18%, Tomo TV/205. [EFICACIA CIVIL DAS SENTENCAS DE NULIDADE 105 DB CASAMENTO CANONICO A LUZ DA CONCORDATA DE 2004 articulados ¢ realizadas as diligéncias que 0 relator cenha por indispensiveis, € 0 exame do processo facultado, para alegacées, As partes € 20 Ministerio Pablico, por 15 dias cada um. O julgamento faz- se segundo as regras proprias do agravo. ‘Apesar de se aguardar legislagio complementar nesta matézia, que vvenha porventara esclarecer muitas divides que ainda subsistem, no ‘Tabunal da Relacio do Porto tetminaram ja alguns destes processos a que tive acesso, por gentileza dos respectivos magistrados, a quem aproveito para manifestar os meus agradecimentos. Deixo noticia sobre ‘0s mesmos. As acges propostas foram obviamente aegbes de revisio de ga estrangeira, indicando-se como causa de pedit a sentenga nulidade definitiva e como pedidos a ‘confirmasio da mesma e a ordem de averbamento 40s respectivos sssentos de nascimento ¢ casamento nos termos dos arts. 7, "I, ¢ 79° eR. De forma a preencher os requisitos necessirios & confirmacio, considerou-se suficiente a alegacio dos seguintes factos, acompanhada dos documentos imprescindveis para a prova dos mesmos 1)—a celebragio do casamento entre requerente © requerido (a) oc. assento de casamento € cettidio do registo civil (arts. 1°, nt, d), 4° 211° do CRO’. 2) a declaragio de mulidade do mesmo casamento por sentenga de tum Tibunal eclesiistco de primeira instineia (doe: sentenga). 3) ~a confitmaio da decsio da primeira instancia (doe: Decreto deliberativo 2*instincia’ 4)—a verificagio pelo Supremo Tribunal da Assinatura Apostélica oc: decreto do STAA que envia para execucio civil. 5) - no existiem recursos pendentes. 6)- nao ter sido proposta, nem se encontrar pendente qualquer coutza acco com a mesma causa de pedir. 7) —ter havido intervengio de ambos, requerente ¢ zequetido(s), devidamente representados, no processo eclesiéstco. 8) ~ serern auténticas, genninas € inteligiveis as decisdes documen- tadas. [Nam doe prcesos gue coos, 0 Seahor Ponder Geral Ashe raquo: 2 odeapio do een pat one ao aston cero do se esnent con ries wna ‘ee qo apenas cones dos autos omen de mati mito els de lexis "Num dos proce qc conn fol ean ugh a ato do ceo deri de 2 nwa ps 0 meoeete senate dab fa a ees 106 IITA 1080 XAVIER 9) — ser competente ¢ Tribunal que proferiu a decisio de nulidace, 10) ~a sentenga de aulidade nio contratiar nos seus resultados os ptineipios da ordem internacional do Estado pottugués. Neste Tribunal da Regio, e contrariando os piores © bem jstificados receios de alguns autores portugueses (vs VAZ PATO, OLIVEIRA GERALDES), tem-se entendido que para 0 preenchimento do requisto da veriticagio da observncia do principio da igualdade edo contraditério é suficiente a alegacio e prova de que « ambas as partes foi gacantida a intervengio no processo edlesistico ¢ 0 direito de defesa, hbem como a sua cita¢io no processo de confirmacio pare alegar 0 que considerar conveniente. Timbém no se considerou necesséria a ccomparacio entre os direitos matrimonial candnico e civil no que diz respeito as diferengas em metéria de causas de invalidade para efeitos da sua computbilidade com 2 ordem piblica portuguesa, Com efeito temiase « transposigio pare Portugal da discussio mantida pelas outrinas italiana espanhola sobre a questio de saber se deve set inegudo 0 reconhecimento a decisdes de nulidade com fundamento em ‘causas que nfo encontrem puralelo no ordenamento civil, Penso que niio seri essa a melhor doutsins, pois apesar das diferengas entre os dois ‘oxdenamentos serem inegiveis - desde logo no que se refere & mulidade por simulagio parcial coneretzacla na exclusio de elementos essenciais do matrimdnio (exclusio da prole, da unidade ou da indissolubilidade), situago em que o Dircito Civil portugués considera nto eavoiver a invalidade do casamento - sempre se tratari de situacdes em que & admitida a dssolugio por divércio, pelo que nfo concebo hipéteses em due possum, pelo resultado, ofender a “ordem pitblea internacional do Fstado portugués”. 8.0 sistema de reconhecimento de sentencas previsto no Regulamento (CE) n° 2201/2003 do Conselho de 27 de Novembro de 2003 (Bruxelas IT bis) ermita-se-me, a terminas, uma referéncia, 20 Regulamento (CE) n° 2201 /2003 do Conselha de 27 de Novembro de 2003 (Bruxelas I bis). "A Goecoden de 2006 eo Codigo de Poco Cu nro 0 “patios da dem ic internacional do no perpen x ole pies, paecendo ele at cama clr cro pea Burana que € wads coed como excepto pt bua 20 saclado conc da apleago do uns J etsagsta (cf. por todos BAPTISTA MACHADO, Lyd Dies intra ra Akan, Cob, 1893p 253 [BMICACIA CIVIL DAS SENTENCAS DE NULIDADE, 10 DB CASAMENTO CANONICO A 1112 DA CONCORDATA DE 2004 Em primeiro luge, para lembraro artigo 63, qu, relativacnente 408 ‘Tratados com a Santa Sé, dispde que “O presente regulamento & aplicvel sem prejuizo do Tratado Internacional (Concordata) entre Santa Sé e Portugal, assinado n0 Vaticano, em 7 de Maio de 1940" (1), que “Qualquer decisto relaiva & invalidade do casamento regulada pelo Tratado a que se refere on 1 &reconhacida nos Bstados-Membros ondigdes previstas na secgio | do Capiralo LIN” (0°2). Or seja: 0 Regolamento ressalvava expressamente o sistema resultante da Concordata de 1940, © equiparava as decisbes dos Tribunais eclesisticos, pronuncitdas de acordo com tal sistema, is decisdes proferidis pelos Tribunais de um Fstado-Membro, devendo portanto ser reconhecidas sem quaisquer formalidades. Neste momento, como vimos, a nova Concordata exige a confirmagio da decisfo cclesistica pelos Tiibunais portugueses e 56 depois trio eficicia civil. Em segundo lugar, para recordar que apesar de mencionado Regulamento consagrac como principio geral que “As decisies proferidas num Fstado-Membro sio seconhecidas som quaisguer Jormaliades (rt. 21 da Secgio I ~ Reconhesimento - do Capitulo I — Reconhecimento e Fxecugio), no que dz sespeito « decisdes de div6rcio, separagio ow anulago do casamens, prevéem-se fundamentos pata 0 “nio-reconhecimento”, Na verdade, 0 artigo 22° dispée que ma decisio de divércio, separagio ou anulagio do exsamento, ao & reconhecida seo reconhecimento for manifestamente contrétio 3 ordem publica do Estado-Membro requerido (aliaea a). Existe assim um especial cuidado com as decisBes relaivas a0 casameato © com a sua conformidade & ordem pablica do Estado-Membeo onde deve set reconhecid Bibliografia Geral COELHO, Francisco Manuel, e OLIVEIRA, Guilheeme de, Curse de Diraito da Fama, Wo I Introdngi, Direito Matimonel, 3* Edigio, Coimbra Editora, 2003, LOPEZ, ALARCON, Mariano, e NAVARRO-VALLS, Rafael, Carso de Derecho Matrimonial Canénico y Canordade, * Bdigio, Tecnos, Madrid, 2001 PROENGA, José Joio Gonsalves de, Dineito da Familia. 3* Edicio, Universidade Tusiada Editora, Lisboa, 2004. 108 ITA 1080 XAVIER VARELA, J. M. 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