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4 PRATICA PENAL JONAS FLORA RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Introdugao Recurso que possibilita 0 reexame de decisées especificadas pela lei. Em geral, é cabivel contra decisées interlocutérias, expressamente previstas, além de sentengas e decisGes administrativas, Em qualquer decisao, so sera cabivel © recurso em sentido estrito se expressamente previsto em lei Cabimento O recurso em sentido estrito & cabivel nas hipsteses do art. 581, CPP. Trata-se de ROL TAXATIVO que nao admite analogia, embora seja possivel a interpretagao extensiva. A seguir, serao analisados os incisos do art. 581: |- que nao receber a dentincia ou a queixa; Embora seja considerada decisdo terminativa, ha previsdo de recurso em sentido estrito. Trata-se de hipdtese em que ha a rejeicao da dentincia ou queixa Parte legitima para interpor recurso é 0 Ministério Publico, no caso de rejeico de deniincia, ou do querelante, se rejeitada a queixa NAO cabe se houver o recebimento da dentincia, pois nao se pode aplicar a analogia. Cabera, nessa hipétese, habeas corpus. Discute-se, nessa hipstese, se deverd ser intimada o denunciado ou querelado, JA que ainda ndo hd propriamente agdo penal, para apresentagao de contrarraz6es. Prevalece o entendimento de que deve ocorrer a intimagao, em razo da ampla defesa, j& que possui interesse legitimo no no provimento do recurso © STF editou a simula 707: “Constitui nulidade a falta de intimagao do denunciado para oferecer contra-razées ao recurso interposto da rejeigo da dentincia, nao a suprindo a nomeagao de defensor dativo.” Caso haja rejeicdo parcial, possivel para parte da doutrina, também é cabivel o recurso em sentido estrito. Possivel a interpretac&o extensiva, para a rejeig&o do aditamento da denincia ou queixa. Nao cabe, como jé dito, se houver o recebimento da dentincia, pois nesse caso haveria analogia O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subird nos préprios autos, nos termos do art. 583, II, CPP. Excegao: No rito sumarissimo da Lei 9.099/95, cabe apelacao se houver a rejeicdo da dentincia (art. 82, caput). Fe ill ull 53% i 4> pO PRATICA PENAL JONAS FLORA I= que concluir pela incompeténcia do juiz Trata-se de hipdtese de reconhecimento ex officio da incompeténcia (art. 109, CPP), pois se houver a procedéncia de excegao de incompeténcia, sera cabivel 0 recurso com base no inciso III Em caso de processo da competéncia do juir, se, ao final do sumério de culpa, © juiz decidir pela desclassificagdo (art. 419, CPP), — p.ex. por considerar que houve culpa e no dolo ou que houve lesao corporal seguida de morte (art 129, § 3°, CP) e ndo homicidio — caberd 0 recurso com fundamento no inciso Il, pois © juiz considerou que o Tribunal do Juri ndo é competente para o julgamento da causa Ill - que julgar procedentes as excegoes, salvo a de suspeigio; Cinco sao as excegdes previstas no art. 95, CPP: suspeigao, incompeténcia, litispendéncia, ilegitimidade de partes e coisa julgada, Em caso de excegao de suspeigo, nos termos do art. 99, CPP, se o juiz reconhecer a suspeigao, nao sera admitido recurso, em razdo de sua natureza Se 0 préprio juiz, reconhece ser suspeito, ou seja, ndo se sente em condigdes de ser imparcial, nao ha como obrigé-lo a julgar. Por outro lado, caso ele nao reconhega a suspeigao, 0 julgamento da excegao serd feito pelo Tribunal, razo pela qual nao € cabivel o recurso em sentido estrito, que é exclusivo para impugnar decisdes de primeiro grau (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 257). Tais excegdes serao autuadas em apartado e deverdo se opostas no prazo da defesa preliminar; apés, haveré manifestagao do Ministerio Puiblico e a deciséo do Juiz (art. 108, § 1°), Ressalte-se que o recurso em sentido estrito serd cabivel apenas se a excegaio for julgada procedente. Se houver a improcedéncia a decisdo sera irrecorrivel, sendo cabivel 0 habeas corpus. ATENCAO: Nada impede que 0 juiz, ex officio, reconhega a coisa julgada, litispendéncia ou ilegitimidade de parte. Nesse caso, nao é cabivel o recurso em sentido estrito, ja que nao se trata de procedéncia da excegao. Cabera apelagdo, pois se trata de sentenca terminativa (art. 593, Il, CPP). (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 257) © recurso em sentido esitito interposto com fundamento nesse inciso subird nos préprios autos, nos termos do art. 583, Il, CPP. IV - que pronunciar o réu; Redagao dada pela Lei n° 11.689, de 2008. Nos crimes de competéncia do Juri, terminado o sumario de culpa, o juiz podera proferir uma das quatro decisdes: pronuncia (art. 413, CPP), improndneia (art. 414, CPP), absolvigéo sumaria (ar. 415, CPP) ou desclassificagao (art. 419). ve ill tll 53% im 4 PRATICA PENAL JONAS FLORA Contra as sentengas de improntincia e absolvigo sumaria cabe apelagao (art. 416, CPP). Contra desclassificagao, cabe recurso em sentido estrito com base no inciso I A pronuncia é uma decisao interlocutoria mista nao terminativa. Trata-se, nesta hipétese, de recurso secundum eventuim litis, que € 0 recurso cabivel apenas se a decisdo for em um sentido, ndo sendo cabivel se a decisao for oposta Na maioria dos processos de competéncia do Jiri, a0 ser pronunciado, o acusado interpde recurso em sentido estiito, pleiteando a improndncia, absolvigaéo suméria ou desclassificacdo. E preciso atentar-se para o caso concreto, para saber qual serd 0 pedido, em caso de provimento do recurso. Se a defesa entende que era caso de improntincia, por faltar prova do crime ou indicios de autoria, 0 pedido ser para que seja dado provimento, para que 0 réu seja despronunciado. Por outro lado, se a defesa sustenta que o crime nao é doloso contra a vida, devera pedir 0 provimento para o fim de desclassificar, remetendo o processo para 0 juizo competente. Por fim, caso entenda que deveria ter sido absolvido sumariamente, nos termos. do art. 415, CPP, isso ¢ 0 que constara no pedido, VEJAMOS OS SEGUINTES EXEMPLOS: Exemplo 1: Acusado de homicidio, em caso em que nao encontrado o cadaver. Nesse caso a alegagao é de que o acusado deveria ter sido impronunciado por falta de matetialidade do crime. Note que 0 CPP nao impede a condenagao por homicidio sem cadaver. Se tiverem desaparecidos os vestigios, a prova do crime podera ser feita por prova testemunhal (art. 167, CPP), Atengao para o capitulo Il, do Titulo Vil, do CPP, com énfase nos artigos 158, 164 ¢ 167. Exemplo 2: Acusado de homicidio, por ter matado a vitima no contexto de briga, que alega nao ter tido dolo de matar. © pedido sera para que seja dado provimento ao recurso, para o fim de desclassificar para lesdo corporal seguida de morte (art. 129, § 3°, CP). Exemplo 3: Embriaguez ao volante, em que a acusagao de que teria ocorrido dolo eventual no acidente que resultou em morte. Pedido para que seja desclassificado para homicidio culposo (art. 121, § 3°, CP) Exemplo 4: Réu acusado de homicidio tentado, que alega que teve dolo de lesao corporal. Pedido para desclassificar para lesao corporal. all 53% fm 4 PRATICA PENAL JONAS FLORA, all 53% fm Exemplo 5: O réu alega que agiu em legitima defesa. Devera a defesa requerer que seja dado provimento ao recurso, para o fim de que seja o réu absolvido sumariamente, nos termos do art. 415, IV, CPP. © recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subiré nos préprios autos, nos termos do art. 583, Il, CPP. V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidénea a fianca, indeferir requerimento de prisdo preventiva ou revogé-la, conceder liberdade proviséria ou relaxar a prisdo em flagrante; Em relagao a fianga, é cabivel o recurso em sentido estrito, se a decisao conceder, negar, arbitrar, cassar (em qualquer fase, se houver nova capitulago do crime) ou julgar inidénea (quando ¢€ prestada em valor insuficiente, art. 340, paragrafo tnico). A fianga podera ser fixada pelo delegado, se o crime tiver pena maxima nao superior a 4 anos (art. 322, CPP). Caso o Delegado nao tenha arbitrado fianca, © preso, por seu advogado, deverd requerer ao juiz a concessao de fianga, mediante simples petico, nos autos da priso em flagrante encaminhada ao juiz (art. 306, CPP). Quanto a prisdo preventiva, caberd recurso em sentido estrito se o juiz a indeferir (quando 0 MP requer a decretagao da prisdo, mas o juiz ndo_a decreta) ou revogar (se a prisdo preventiva foi decretada e, estando ou nao preso 0 acusado, o juiz a revoga) Em relagao a liberdade proviséria sera cabivel recurso em sentido estrito, se a deciso a conceder. Trata-se da aplicagao do art. 310, paragrafo tinico, que impée que, nao obstante ter sido legal o flagrante, seja o acusado posto em liberdade se no estiverem presentes os requisitos da prisao preventiva Também cabivel o recurso em sentido estrito, sob o fundamento do inciso V, se a decisdo relaxar a priséo em flagrante. O relaxamento da priséo em flagrante ocorre quando esta ndo se deu em observancia as hipdteses do art 302, CPP. Em todas as situagdes em que howver restrigao da liberdade do acusado, sera cabivel 0 habeas corpus. Em razdo do advento da Lei 12.403/2011, que modificou 0 CPP, ao criar novas medidas cautelares diversas da prisao (art. 319 e 320, CPP), sustenta-se que o inciso devera ter interpretago extensiva, de modo a que seja cabivel 0 recurso em sentido estrito contra as decisées que conceder, negar, cassar ou revogar qualquer das medidas cautelares (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 258). Vil - que julgar quebrada a fianca ou perdido o seu valor; 4 all 53% fm “OA PRATICA PENAL JONAS FLORA Se a fianga for quebrada, o réu perdera metade do valor, sera decretada sua revelia, perdera 0 direito a nova fianca e sera preso. A fianca seré quebrada, nos termos do art. 341, CPP, quando o réu deixar de comparecer a ato do processo (|), obstruir o andamento do processo (I), descumprir medida cautelar cumulativa (III), resistir a ordem judicial (IV), praticar nova infracao penal dolosa ). © perdimento da fianga se da se o acusado for condenado e nao iniciar o cumprimento da pena (art. 344, CPP). Da decisdo contraria, que nao julgar quebrada ou perdida a fianga, ndo cabera recurso em sentido estrito, sendo cabivel a apelagao (Tourinho F°, Cédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 335.) Vill - que decretar a prescrigéo ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidado; Trata-se de sentenga terminativa de mérito, que pode ser decretada em qualquer fase do processo. Legitimidade da acusagao. © recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subird nos préprios autos, nos termos do art, 583, II, CPP. IX - que indeferir 0 pedido de reconhecimento da prescrigao ou de outra causa extintiva da punibilidade; Em oposicéo a hipdtese anterior, ¢ cabivel se houver o indeferimento de qualquer causa de extingao de punibilidade X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; © habeas corpus 6 impetrado em primeira instancia, quando a autoridade coatora, por exemplo, for o delegado de policia, Da decisao, tanto concessiva como denegatéria, cabera recurso em sentido estrito. Se a ordem for impetrada perante o Tribunal de 2° instancia, denegada a ordem, caberé Recurso Ordinario Constitucional para o STJ; se for impetrado perante o STJ, cabera Recurso Ordindrio Constitucional para o STF . Se for concessiva, cabera, também, o recurso em sentido estrito ex officio, nos termos do art. 574, |, CPP. Discute-se sobre a possibilidade de se impetrar novo habeas corpus contra a deciséio que nega a ordem em primeira instancia. Para parte da doutrina, nado & possivel a impetragao, pois ha previsdo de recurso (Mougenot Bonfim, Edilson. Curso de Processo Penal. 4® ed. Sao Paulo: Saraiva, 2009, p. 651, Mirabete). Para outra corrente, é possivel a substituigao do recurso em sentido estrito pela impetragao de habeas corpus (Tourinho F°, Cédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 335, Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal: ¢ sua conformidade constitucional. Vol. Il. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2009, p. 466 e Busana, Dante. 0 habeas corpus no Brasil. Sao Paulo: Atlas, 2009, p. 157). De qualquer modo, se for impetrado habeas corpus em substituigao a0 recurso em sentido estrito, devem ser usados os mesmos argumentos, pata 01:48 Ga & A PRATICA PENAL JONAS FLORA all 53% im que nao ocorra supressao de instancia. (Busana, Dante. O habeas corpus no Brasil. So Paulo: Atlas, 2009, p. 157) Se 0 habeas corpus for impetrado diretamente no Tribunal, por ser a autoridade coatora 0 juiz, ¢ pacifico o entendimento nos Tribunais Superiores, de que a decisao denegatéria podera ser atacada com outro habeas corpus Busana assegura, com a experiéncia de mais de trinta anos ocupando o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiga de Sao Paulo: “O entendimento de que 0 juiz de primeiro grau, a0 negar a ordem, referenda o ato acoimado de ilegal e passa a ser autoridade coatora, (...) pacificou-se na jurisprudéncia e esvaziou 0 recurso em sentido estrito’ da decisdo denegatoria de habeas corpus.” (Busana, Dante. O habeas corpus no Brasil. Sao Paulo: Atlas, 2009, p. 156) O recurso em sentido estrito interposto com fundamento nesse inciso subira nos préprios autos, nos termos do art, 583, II, CPP. XI - que conceder, negar ou revogar a suspensao condicional da pena; Trata-se de inciso inaplicavel, pois se o sutsis for concedido ou negado na sentenga penal condenatoria, sera cabivel apelagao, ainda que esse seja 0 nico ponto contra o qual se recorra (art. 593, § 4°, CPP). Se houver revogacao, 0 juizo sera o de execucao, hipétese em que cabera Agravo em Execucdo (Tourinho F°, Cédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331). Com a entrada em vigor da Lei de Execucao Penal, 0 ‘inciso perdeu completamente sua eficacia" (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol Il, p. 467). XI - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; Por se tratar de decisao proferida pelo juizo de execugao penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execucdo Penal (Lei n® 9.210/1984), tal decisaio nao mais ¢ impugndvel pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execugao, nos termos art. 197, da Lei de Execucao Penal. XIII - que anular 0 processo da instrugao criminal, no todo ou em parte; Se o juiz decretar a nulidade da instrugao criminal, cabera o recurso em sentido estrito. Se nao decretar, indeferindo requerimento da parte, cabera Correigéo Parcial, se houver abuso de poder ou inversao tumultudria do processo ou, até mesmo, habeas corpus (Tourinho F°, Gédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 336) XIV ~ que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; Trata-se de hipétese em que hd o alistamento de jurados, nos termos do art. 425 e 426, CPP. Se o juiz incluir ou excluir jurado, esta previsto 0 recurso em sentido estrito, no prazo de 20 dias. A legitimidade é de qualquer cidadao. Contudo, diz Badaré que “diante das mudangas operadas pela Lei a> Ae ill all 53% : A PRATICA PENAL JONAS FLORA 11,689/2008, que teve como um dos objetivos eliminar atos inuteis, o novo § 1° do art, 426 CPP deixou de prever o recurso em sentido esttito contra a decisdo administrativa que inclui ou exclui jurado da lista geral, pelo que restou esvaziada a previsdo do art. 581, XIV, do CPP. Em suma, tal deciséo no mais. € passivel de impugnagao pelo recurso em sentido estrito.” (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 264 e 265) Em sentido contrério, é a posigao de Aury Lopes (Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal, p. 1210). all 53% fm ee PRATICA PENAL JONAS FLORA XV — que denegar a apelacao ou a julgar deserta; Denegar a apelagao significa que © juiz, ao fazer 0 juizo de admissibilidade, determinou a nao subida da apelagdo ao Tribunal, por julga-la intempestiva, inadequada, descabida ou por falta de legitimidade do recorrente. Ou seja, 0 juiz entendeu faltar pressuposto recursal. Trata-se de decisao interlocutoria. Julgar deserta é na hipotese de fuga do réu — tida como inconstitucional —, ou por falta de pagamento de custas. Em ambos os casos, o Tribunal, ao apreciar o recurso nao ingressara no mérito, mas apenas fara o juizo de admissibilidade (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. Il, p. 468) XVI - que ordenar a suspensdo do processo, em virtude de questao prejudicial; Trata-se de decisao interlocutoria. A questao prejudicial, disciplinada no art. 92 e 93 do CPP, nada mais é que a possibilidade de que 0 juiz suspenda a agao penal, se a decisdo dela depender 0 juizo civel. Isso pode se dar, p.ex., em caso de aco penal de apropriagao indébita na qual a decisdo dependa da resolugao de controvérsia sobre a propriedade do bem, objeto de agao civel. a Se a decisdo for de negar a suspensao, nao sera cabivel o recurso em sentido \ ¥ estrito, mas tal decisio pode ser impugnada mediante habeas corpus (Tourinho F°, Codigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 337). XVII - que decidir sobre a unificagiio de penas; Por se tratar de decisao proferida pelo julzo de execugao penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execugdo Penal (Lei n° 9.210/1984), tal decisdo nao mais é impugnavel pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execugao, nos termos art. 197, da Lei de Execucao Penal. XVIII — que decidir o incidente de falsidade; Q incidente de falsidade vem disciplinado nos arts. 145 a 148, CPP. Se entender ser falso um documento a parte podera argilir por escrito, devendo ser autuado em apartado. Apés a manifestagaio da parte contraria, no prazo de 48 h, se o juiz decidir ser falso 0 documento, proferiré decisdo determinando o seu deseniranhamento dos autos. Se rejeita a arguigao, o documento continua nos autos, produzindo os efeitos probatorios. Qualquer que seja a decisdo 6 cabivel 0 recurso em sentido estrito (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. |I, p. 470). XIX - que decretar medida de seguranga, depois de transitar a sentenca em julgado; Houve a revogagao tacita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisdo proferida pelo juizo de execugao penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execugao Penal (Lein® 9.210/1984), tal decisdo nao mais é impugnavel pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execuigdo, nos termos art. 197, da Lei de 01:49 Ga i PRATICA PENAL JONAS FLORA Re ill ull 53% i Execugao Penal (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. |I, p. 470. Tourinho: Fe, Codigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331), XX - que impuser medida de seguranga por transgressao de outra; Houve a revoga¢ao tacita do inciso, pela Parle Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisao proferida pelo juizo de execucdo penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execugao Penal (Lein® 9.210/1984), tal decisdo no mais é impugnavel pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execugao, nos termos art. 197, da Lei de Execucéo Penal (Lopes ur. Direito Processual Penal, vol. Il, p. 470. Tourinho F®, Cédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331) XXI- que mantiver ou substituir a medida de seguranca, nos casos do art. 714; Houve a revogagio tacita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisdo proferida pelo juizo de execugdo penal, desde da entrada em vigor da Lei de Execugao Penal (Lein® 9.210/1984), tal decisdo nao mais é impugnavel pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execugdo, nos termos art. 197, da Lei de Execucéo Penal. ( Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. Il, p. 470. Tourinho F®, Cédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331) XXII - que revogar a medida de seguranca; Houve a revogagao tacita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisao proferida pelo juizo de execugao penal, desde a entrada em vigor da Lei de Execugao Penal (Lein® 9.210/1984), tal decisdio ndo mais é impugnavel pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execugao, nos termos art. 197, da Lei de Execugo Penal. (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. II, p. 470. Tourinho F®, Cédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331.) XXIill — que deixar de revogar a medida de seguranga, nos casos em que a lei admita a revogacao; Houve a revogagao tacita do inciso, pela Parte Geral do CP, inteiramente modificada pela Lei 7.209, de 1984 (BADARO, Gustavo Henrique. Manual dos recursos penais, p. 264). Ademais, por se tratar de decisao proferida pelo juizo de execug4o penal, desde a entrada em vigor da Lei de Execugao Penal (Lei n® 9.210/1984), tal decisao nao mais é impugnavel pelo recurso em sentido estrito, mas pelo Agravo em execugdo, nos termos art. 197, da Lei de Execugao Penal. (Lopes Jr. Direito Processual Penal, vol. Il, p. 470. Tourinho Fe, Cédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 331) XXIV — que converter a multa em detengao ou em prisdo simples. O art. 51, CP, com a redagao que lhe deu a Lei 9.268/1996, nao mais admite a converséo da multa de pena privativa de liberdade. Ainda que permitisse, tal v 01:49 Ga ve ill tll 53% im A PRATICA PENAL JONAS FLORA decisdo setia em sede de execugao, razao pela qual seria impugnavel através do Agravo. Nao é, pois, mais cabivel o recurso em sentido estrito por tal fundamento. all 53% im mer! PRATICA PENAL JONAS FLORA PRAZO O prazo para interposigao sera de 5 dias (art. 586, caput, CPP), que podera ser feito por uma petic¢ao simples (sem as razdes) ou termo nos autos Para o oferecimento das raz6es 0 prazo sera de 2 dias (art. 588, caput, CPP), a contar da intimagao (art. 798, § 5°, ‘a’, CPP) do recorrente para o oferecimento das razdes. No prazo de 2 dias, a contar da intimagao, a parte recorrida devera oferecer contrarrazées. Se a interposigao for feita pelo assistente de acusagéo nao habilitado, o prazo sera de 15 dias para interposicdo (arts. 584, § 1°, cic 598, paragrafo Unico, CPP). Para’ quem entende que nao houve a revogagéo do inciso XIV, exclusivamente nessa hipdtese, o prazo para recorrer sera de 20 dias para a interposigao, a contar da data da publicagao da lista de jurados. A tempestividade do recurso sera considerada no prazo de interposigao, de modo que o oferecimento das razées fora do prazo de 2 dias “é mera irregularidade que nao prejudica a admissao do recurso.” (Lopes Jr. , 1213) COMPETENCIA PARA JULGAMENTO Competente para julgar 0 recurso em sentido esttito 6 o Tribunal competente para julgar a apelacdo, que pode ser o Tribunal de Justiga, Tribunal Regional Federal e Tribunal Regional Eleitoral, conforme 0 caso JUIZO DE RETRATACAO No recurso em sentido estrito, ha previséo de juizo de retratagao (art. 589, caput, CPP), podendo o juiz reformar sua decisao, apés o oferecimento das ( + razées e das contrarrazdes ¥ Devera, pois, 0 recorrente, colocar uma férmula pedindo a retratagao, nas razées do recurso. Se houver a retratago, o recorrido passa a ter interesse recursal, razdo pela qual poderd recorrer mediante simples petigdo (art, 589, paragrafo Unico, CPP). Em tal caso, no sera apresentado novo arrazoado e 0 juiz ndo mais poderd retratar-se. Ressalte-se, que o essa hipétese sé sera cabivel se houver a previsio de recurso para a decisdo contraria. Por exemplo, 6 cabivel o recurso em sentido estrito no caso de rejeigao da inicial, mas nao é cabivel no caso de recebimento. Desse modo, em caso de rejeicao da denuncia se, apds 0 oferecimento das razoes ‘do Ministério Publico e das contrarrazoes do denunciado, 0 juiz se retrata e recebe a deniincia, o denunciado nao poderd recorrer. Isso porque a decisdo do juiz equivale ao recebimento da denuncia e contra tal deciso nao ha previsao de recurso. Como 0 cédigo nao estabeleceu qual 0 prazo para que a parte interponha o recurso por “simples petigéio’, entende-se que 6 o prazo de 5 dias, previsto para a interposigao do recurso (Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal..., p. 1218). LEGITIMIDADE all 53% fm ee PRATICA PENAL JONAS FLORA Podem recorrer 0 Ministério Publico, querelante, réu e defensor (art. 577, caput, CPP), além do assistente de acusagao. Contudo, para que tenha legitimidade, é necessério que tenha interesse na reforma da decisdo recorrida (art. 577, paragrafo Unico, CPP). Segundo Aury, é necessario para ter legitimidade que a parte tenha sofrido “um gravame gerado pela decisdo impugnada” (Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal..., p. 1195) Assim, no caso do inciso |, que comporta o recurso em sentido estrito no caso de rejeicao da iniclal, s6 pode recorrer 0 autor, Ministério Publico ou querelante, pois a defesa jamais tera interesse em recorret se a inicial foi rejeitada EFEITOS Como em todo recurso, esta presente 0 efeito devolutivo. Por haver previsio expressa de julzo de retratagdo, 0 recurso em sentido estrito possui o efeito regressivo, pois 0 juiz devera, no prazo de dois dias, reformar ou sustentar sua decisao, instruindo 0 recurso com as cOpias, se necessario for. Tal decisdo devera ser fundamentada, devendo o Tribunal ad quem converter 0 julgamento em diligéncia, se’ a fundamentago_ for insuficiente. (Tourinho F®, Cédigo de Processo Penal Comentado, vol. 2, p. 346.) JA efeito suspensivo é cabivel no caso de perda da fianga e nos incisos XV, XVII e XXIV, No caso de recurso contra prontincia, a interposigdo suspende 0 julgamento FORMA DE INTERPOSIGAO Serd interposto perante 0 juiz a quo, que fara 0 juizo de admissibilidade e poderd reformar sua decisao, por previséo do juizo de retratagao (art. 589, caput, CPP). Mantida a decisdo, o juiz determinaré a subida dos autos. Nao ha previsdo de arrazoar em segunda instancia, ao contratio da apelagao. recurso em sentido estrito poderd subir nos préprios autos ou mediante instrumento, nos termos do que dispée o art. 583, CPP. a 4 ‘Subird nos préprios autos, quando interposto com fundamento nos incisos |, Ill, IV, VIll e X. Nas demais hipoteses, o recurso subir por instrumento, salvo se “o recurso no prejudicar o andamento do processo” (art. 583, III, CPP) No caso de prontincia, se forem dois ou mais réus e um deles se conformar com a decisdo ou nao tiver sido intimado, sera feito o trasiado para a remessa ao Tribunal (art, 583, paragrafo tinico, CPP). No caso em que 0 recurso sobe por instrumento, o recorrente deverd indicar as pegas que entende necessarias 4 formagao do instrumento, além das obrigatorias. Sdo pegas obrigatérias: decisdo recortida, certiddo de intimagao, petigao ou termo de interposigao (art. 587, paragrafo Unico, CPP). Além das obrigatérias e indicadas pelo recorrente, 0 juiz podera determinar que outras pegas integrem o instrumento (art. 589, CPP) 01:49 Ga meri PRATICA PENAL JONAS FLORA all 53% fm TERMINOLOGIA Usa-se recorrente @ recorrido; 0 verbo ¢ interpor; pede-se 0 provimento do recurso. No caso especifico de recurso interposto contra decisdo de prontincia, caso 0 recorrente queira a impronincia do acusado, devera requerer seja dado provimento ao recurso para o fim de despronunciar 0 acusado. A chamada despronincia € a decisdo do juiz, em sede de retratagao, ou do Tribunal de Justiga que reforma a anterior deciso de prontincia recorrente deverd pedir a retratagao do juiz, nas razées do recurso, com uma formula como essa: “Ante o exposio, requer a revisdo da r. decisdo e, caso seja mantida, a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal...” TESTE: JERUSA, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mo dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro a sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida, Para realizar a referida manobra. entretanto, Jerusa nao liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veiculo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Nao obstante a presteza no socorro que veio apés o chamado da propria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razdo dos ferimentos sofridos pela colisao. Instaurado 0 respectivo inquétito policial, apés o curso das investigagées, o Ministério Publico decide oferecer dentincia contra Jerusa, imputando-Ihe a pratica do delito de homicidio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 cic Art. 18, | parte final, ambos do CP). Argumentou o lustre membro do Parquet a impreviséo de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao néio ligar @ seta do veiculo para realizar a ultrapassagem, além de nao atentar para © tr&nsito em sentido contrario. A dentncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em lei foram regularmente praticados, Finda a instrugao probatéria, o juiz competente, em decisao devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatéria. O advogado de Jerusa é intimado da referida decisao em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira). Atento 20 caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o recurso cabivel e date-o com o tiltimo dia do prazo para a interposigao. v all 53% im PRATICA PENAL JONAS FLORA EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ... VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE... DO ESTADO... JERUSA, jé qualificada nos autos da presente agao penal movida pelo Ministério Publico, vem, respeitosamente, & presenga de Vossa Exceléncia, por seu advogado, regularmente constituido conforme procuracao acostada aos autos em folhas ..., inconformado com a decisdo de folhas interpor, com fundamento no artigo 581, IV do CPP, o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO requerendo seja o mesmo recebido com as razées e, apds apresentadas as contrarrazées ministeriais, seja feito 0 juizo de retratacéio, nos termos do art. 589 do CPP. Contudo, caso seja mantida a decisdo ora atacada de fis. ..., seja © presente recurso encaminhado ao Tribunal de Justiga do Estado de . regular processamento e julgamento do métito, onde se espera a reforma da decisdo impugnada , para Termos em que, pede deferimento Local..., 09 de agosto de 2013 ~ Advogado... OAB/UF n° PRATICA PENAL JONAS FLORA RAZOES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Recorrente: A. Recorrido: Ministerio Puiblico de XXXX. Autos n°: Egrégio Tribunal de Justig¢a XXXX Colenda Camara, Inclitos Desembargadores, Douta Procuradoria de Justica Em que pese a respeitével decisdo do Excelentissimo Juiz de Direito a quo, ndo merece prosperar a prontincia do recorrente pelas raz6es faticas e juridicas a seguir expostas, vejamos: 1- SINTESE DOS FATOS O Ministério Publico ofereceu dentincia em face da acusa pela suposta pratica de crime de homicidio doloso, tipificado no art. 121 do CP, com fundamento no fato de que a mesma, ao ultrapassar veiculo automotor em via de mao dupla, nao sinalizou com a seta luminosa vindo a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto, falecendo mesmo apés a presteza do socorro diligenciado pela acusada Diante da deniincia, e, apés regular instrugao criminal, 0 douto magistrado deste juizo, proferiu decisao de pronincia da acusada, que, data venia, deve ser reformada conforme fundamentos abaixo aduzidos. ll— DO DIREITO Em primeiro lugar, a acusada nao agiu com dolo em sua conduta, uma vez que além de dilgenciar socorro prestativo a vitima, 0 acidente ocorreu nestas circunstancias por imprudéncia do motociclista que estava em alta velocidade, nao sendo previsivel ou ndo tendo assumido o isco ve ill all 53% a 4 01:50 Ga zl Bt PRATICA PENAL JONAS FLORA Rell ull 53% i de tal fato a acusada, cuja conduta se amolda ao crime de homicidio culposo na dirego de veiculo automotor, tipificado no art. 302 do CTB, razo pela qual, deve ser desclassificado 0 crime de homicidio doloso, tipificado no art. 121 caput do CP, para o supracitado crime. Nesta mesma esteira, nao se verifica 0 dolo na conduta da acusada, pois mesmo que se admita configurar 0 dolo eventual, este exige além da previsao do resultado, que o agente assuma o risco de ocorréncia do mesmo, consoante ao art. 18, | parte final, do CP, que adotou a teoria do consentimento, ndo encontrando tal hipdtese, contudo, suporte na realidade destes autos. Em segundo lugar, consequentemente & desclassificagao de crime acima fundamentada, néo 6 competente para julgar a acusada o Tribunal do Juri, nos termos do art. 74 §1° do CPP, havendo os autos de ser remetidos para juiz de Direito da Vara Criminal, na forma do art. 419 do CPP, que expressamente prevé esta hipdtese. IV-DOS PEDIDOS Ante ao exposto requer: a) _ Seja conhecido o presente recurso e suas raz6es; b) Seja desclassificado o crime de homicidio doloso, ptevisto no art, 121 caput do CP, imputado na dentncia @ acusada, para o crime de homicidio culposo, previsto no art. 302 do CTB; c) Seja, consequentemente, os autos remetidos ao competente Juiz de Direito de Vara Criminal da Comarca de ..., para 0 devido processamento e julgamento do feito, nos termos do art. 419 do CPP. cle art. 74 §1° do CPP. Termos em que, pede deferimento. Local..., 09 de agosto de 2013 a 4 01:50 Gd Ea Re ill ull 53% i PRATICA PENAL Advogade... OABJUF n°

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