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1. Conceitos gerais Linguagem, lingua, discurso, estilo. x. LinGuacem € «um conjunto complexo de ptocessos — resultado de uma certa actividade psiquica profundamente determinada pela vida social — que torna possivel a aquisigéo ¢ o emprego concreto de uma LINGUA qualquer» 1. Usa-se também o termo para designar todo o sistema de sinais que serve de meio de comunicagio entre os individuos. Desde que se atri- bua valor convencional a determinado sinal, existe uma tincuacEm. A lin- guistica interessa particularmente uma espécie de LINGUAGEM, ou seja a LINGUAGEM FALADA OU ARTICULADA. 2, Lincua € um sistema gramatical pettencente a um grupo de individuos. Expressio da consciéncia de uma colectividade, a Lincua é 0 meio por que ela concebe 0 mundo que a cetca e sobre ele age. Utilizagio social da faculdade da linguagem, ctiagdo da sociedade, nio pode ser imuté- vel; ao contrario, tem de viver em perpétua evolugio, paralela 4 do otga- nismo social que a ctiou. 3. biscurso é a lingua no acto, na execugio individual. E, como cada individuo tem em si um ideal linguistico, procura ele extrair do sis- tema idiomitico de que se serve as formas de enunciado que melhor lhe exprimam o gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expressio que Ihe oferece o rico repertério de possibilidades, que é a lingua, denomina-se EsTIL02. 1 Tatiana Slama-Casacu. Langage ef contexte, Haia, Mouton, 1961, p. 20. 2 Aceitando a distingao de Jules Marouzeau, podemos dizer que a LINGUA é «a soma dos meios de expresso de que dispomos pata formar o enunciado» e 0 ESTILO 40 aspecto ¢ a qualidade que resultam da escolha entre esses meios de expression (Précis de stylistique francaise, 2.% ed. Paris, Masson, 1946, p. 10). NOVA GRAMATICA DO poRTUGUES CONTEMPORANEO 4. A distingio’ entre LINGUAGEM, LINGUA € DISCURSO, indispensdvel do ponto de vista metodoldgico, nfo deixa de ser em parte artificial. Em verdade, as trés denominagdes aplicam-se a aspectos diferentes, mas nao opostos, do fendmeno extremamente complexo que € a comunicagio humana. A interdependéncia desses aspectos, salienta-a Tatiana Slama-Casacu, ao escrevet: «A LINGUA é a criagéo, mas também o fundamento da LINcUA- GEM — que nao poderia funcionar sem ela —; é, simultaneamente, o ins- trumento € o resultado da actividade de comunicagéo. Por outro lado, a LINGUAGEM nfo pode existir, manifestar-se e desenvolver-se a nao ser pelo aptendizado e pela utilizagio de uma Lincua qualquer. A mais frequente forma de manifestagio da rincuaGEM — constituida de uma complexidade de ptocessos, de mecanismos, de meios expressivos — ¢ a LINGUAGEM FALADA, concretizada no DISCURSO, ou seja a realizago verbal do processo de comu- nicagio. O prscurso é um dos aspectos da LINGUAGEM — 0 mais impor- tante — e, ao mesmo tempo [...], a forma concreta sob a qual se manifesta a LINGUA. O piscurso define-se, pois, como 0 acto de utilizagio individual e concreto da Lincua no quadro do processo complexo da sINGUAGEM. Os trés termos estudados — LINGUAGEM, LINGUA, DISCURSO — designam no fundo trés aspectos, diferentes mas estreitamente ligados, do mesmo processo unitario e complexo»}. Lingua e sociedade: variagio e conservagio linguistica. Embora, desde principios deste século, linguistas como Antoine Meillet e Ferdinand de Saussure tenham chegado a configurar a lingua como um facto social, rigorosamente enquadrado na definigao dada por Emile Dur- kheim4, sé nos ultimos vinte anos, com o desenvolvimento da socroLin- cuisrica, as telagdes entre a lingua e a sociedade passatam a ser caracte- tizadas com maior precisio. A sociolinguistica, ramo da linguistica que estuda a lingua como fend- meno social e cultural, veio mostrar que estas intet-relagdes sao muito com- plexas e podem assumir diferentes formas. Na maioria das vezes, compro- va-se uma covariagio do fenémeno linguistico ¢ social. Em alguns casos, 3 Obra cit., p. 20. 4 Vejam-se Antoine Meillet, Lingiistique historique et linguistique géntrale, 2.8 ed. Paris, Cham- pion, 1926, p. 16, 230 passim; Ferdinand de Saussure. Cours de linguistique générale, édition critique préparée par Tullio de Mauro, Paris, Payot, 1973, P. 37+ CONCEITOS GERAIS no entanto, faz mais sentido admitir uma relagio direccional: a influéncia da sociedade na lingua, ou da lingua na sociedade. , pois, recente a concepgiio de lingua como instrumento de comuni- cacio social, maleavel e diversificado em todos os seus aspectos, meio de expresso de individuos que vivem em sociedades também diversificadas social, cultural e geograficamente. Nesse sentido, uma lingua histérica nao é um sistema linguistico unitario, mas um conjunto de sistemas linguisticos, isto 6, um DIASSISTEMA, No qual se inter-relacionam diversos sistemas e sub- -sistemas. Daf o estudo de uma lingua revestir-se de extrema complexidade, nio podendo prescindir de uma delimitag&o precisa dos factos analisados pata controle das varidveis que actuam, em todos os niveis, nos diversos eixos de diferenciagéo. A variagio sistemética esta, hoje, incorporada a teoria e a descrigao da lingua. Em principio, uma lingua apresenta, pelo menos, trés tipos de diferengas internas, que podem ser mais ou menos profundas: 1.9) diferengas no espacgo geografico, ou VARTAGOES DrATOPIcAs (falares locais, variantes regionais e, até, intercontinentais); 2.°) diferengas entre as camadas socioculturais, ou VARIAGOES DIAS- trAticas (nivel culto, lingua padrao, nivel popular, etc.); 3.°) diferengas entre os tipos de modalidade expressiva, ou VARIAGOES prardstcass (lingua falada, lingua escrita, lingua literdria, linguagens espe- ciais, linguagem dos homens, linguagem das mulheres, etc.). A partir da nova concepgao da lingua como diassistema, tornou-se pos- sivel o esclarecimento de numerosos casos de polimorfismo, de pluralidade de normas e de toda a inter-relagio dos factores geograficos, histéricos, sociais, psicolégicos que actuam no complexo operar de uma lingua e orientam a sua deriva. Condicionada de forma consistente dentro de cada grupo social ¢ parte integrante da competéncia lingufstica dos seus membtos, a variagio é, pois, inerente ao sistema da lingua e ocorre em todos os niveis: fonético, fonold- gico, morfoldgico, sintdctico, etc. E essa multiplicidade de realizagdes do sistema em nada prejudica as suas condigdes funcionais. Todas as variedades linguisticas sio estrututadas, e correspondem a sistemas ¢ sub-sistemas adequados As necessidades dos seus usudtios. Mas o facto de estar a lingua fortemente ligada a estrututa social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliagdo distinta das caracteristicas das suas diversas modalidades diatdpicas, diastraticas e diafasicas. A lin- 5 Veja-se Eugenio Coseriu, Structure lexicale et enseignement du vocabulaire, In Actes di premier Colloque International de Linguistique Appliquée. Nancy, Université de Nancy, 1966, p. 199. NOVA GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO gua padtdo, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque actua como modelo, como notma, como ideal linguistico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua fungio coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderivel forga contraria 4 variagio. Numa lingua existe, pois, ao lado da forga centrifuga da inovagio, a forga centripeta da conservagio, que, contra-regrando a primeira, garante a superior unidade de um idioma como o portugués, falado por povos que se distribuem pelos cinco continentes. Diversidade geografica da lingua: dialecto ¢ falar. As formas caracteristicas que uma lingua assume regionalmente deno- minam-se DIALECTOS. Alguns linguistas, potém, distinguem, entre as variedades diatdpicas, © FALAR do DIALECTO. Dratxcro seria «um sistema de sinais desgarrado de uma lingua comum, viva ou desaparecida; normalmente, com uma conereta delimitagio geo- gtafica, mas sem uma forte diferenciagio diante dos outros da mesma ori- gem». De modo secunditio, poder-se-iam também chamar dialectos «as estruturas lingufsticas, simultineas de outra, que no alcangam a categoria de lingua»é, Faxar setia a peculiaridade exptessiva propria de uma regido e que nao apresenta o grau de coeténcia alcangado pelo dialecto. Caractetizar-se-ia, do ponto de vista diacrénico, segundo Manuel Alvar, por ser um dialecto empobrecido, que, tendo abandonado a lingua escrita, convive apenas com as manifestagdes orais. Poder-se-iam ainda distinguir, dentro dos FALARES REGIONAIS, OS FALARES LOCAIS, que, para o mesmo linguista, correspon- detiam a subsistemas idiométicos «de ttagos pouco diferenciados, mas com matizes préprios dentro da estrutura regional a que pertencem ¢ cujos usos estio limitados a pequenas circunscrigdes geograficas, normalmente com caracter administrativo»7. No entanto, a vista da dificuldade de caracterizar na pratica tais modalidades diatépicas, empregatemos neste livto —e particularmente no capitulo seguinte — 0 tetmo prALEcro no sentido de variedade regional da 6 Manuel Alvar, Hacia los conceptos de lengua, dialecto y hablas, Nueva Revista de Filologla Hispanica, 15: 57, 196%. 7 Id, Toid., p. 60. CONCEITOS GERAIS lingua, no importando o seu maior ou menor distanciamento com teferén- cia & lingua padrio. A nogao de correcto. Uma gramitica que pretenda registar e analisar os factos da lingua culta deve fundar-se num claro conceito de norma e de correcgao idioméatica. Permitimo-nos, pot isso, uma ligeira digressio a respeito deste controver- tido tema. Os ptogtessos dos estudos linguisticos vieram mostrar a falsidade dos postulados em que a gramiftica logicista e a latinizante esteavam a cortec- Gio idiomatica e, com isso, deixaram o preceptismo gramatical inerme diante da reacgio anticorrectista que se iniciou no século passado e que vem assu- mindo, nos nossos dias, atitudes violentas, nao taro contaminadas de radi- calismo ideoldgico’, Por outro lado, 4 ideia, sempre renovada, de que o povo tem o poder criador e a soberania em matéria de linguagem associa-se, naturalmente, outra —a de considerar elemento perturbador ou estéril a interferéncia da forga conservadora ou repressiva dos sectotes cultos. Contra essa concepgio demolidota do edificio gramatical, paciente- mente construido desde a época alexandrina com base na analogia, levan- tam-se alguns linguistas modernos, procurando fundamentar a correcgao idiomitica em factores mais objectivos. Dessa nova linha de preocupagées foi precursor Adolf Noreen, o linguista sueco a cujas ideias geniais hoje se comega a fazer justiga9. Para Noreen ha trés critérios principais de correcgio, por ele deno- minados histérico-literdrio, histérico-natural e racional, 0 Ultimo, obviamente, o seu preferido. De acordo com o critério histérice-literdrio, «a correcgio estriba-se essen- cialmente em conformar-se com o uso encontrado nos escritores de uma época ptetérita», em geral escolhida arbitrariamente. E o critério tradicional de cortecgio, fundado no exemplo dos classicos. 8 Veja-se, a propésito, Angel Rosenblat. El criterio de correccién linglistica: unidad y plura- Tidad de normas en el espaol de E:spaitay América, Separata de P.1.L.B,1, El Simposin de Indiana, Bogota, Instituto Caro y Cuervo, 1967, p. 27. Consulte-se também Celso Cunha. Lingua portuguesa ¢ reali- dade brasilira, 8.8 ed, Rio de Janeiro, Tempo Brasileito, 1981, p. 35-39, texto em parte aqui repro- duzido, 9° Leiam-se Bjérn Collinder, Les origines du structuralisme, Stockholm — Goteborg — Uppsa- la, Almqvist & Wiksell, 1962, p, 6 ¢ ss. Bertil Malmberg. Les nouvelles tendances de la linguistique, trad, pot Jacques Gengoux, Paris, PLULF., 1966, p. 42, 52-53, 130, 184-186, 197, 279. NOVA GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO O segundo ctitétio, 0 bistérico-natural de Noreen e que Jespersen pre- fere chamat andrquico, baseia-se na douttina, a que nos refetimos, de que a linguagem é um organismo que se desenvolve muito melhor em estado de completa liberdade, sem entraves. Dentro desse ponto de vista no pode haver, em principio, nada correcto ou incortecto na lingua. Depois de deixar patente o cardcter arbitrério do primeiro ctitério e o absurdo do segundo, se levado a suas natutais consequéncias, Noreen tenta justificat o unico que resta, o dele Noreen, expresso na fétmula: «o melhor é 0 que pode ser apreendido mais exacta e rapidamente pela audiéncia pre- sente e pode ser produzido mais facilmente por aquele que fala»; ou no enunciado mais sintético de Flodstrém: «o melhor é a forma de falar que tedne a maior simplicidade possfvel com a necesséria inteligibilidade» 10. Jespersen considera a férmula de Noreen oportunista, individualista, atomistica, «pois que divide demasiado a comunidade linguistica em indivi- duos particulares e olvida excessivamente 0 conjunto»!!, Em nome de que principio se corrige, entéo, o falar de uma pessoa? Por que é que uma crianga aprende de seus pais que nao deve dizer sube por soube, fazerei por farei e, & medida que vai crescendo em anos, continua a tet o seu comportamento linguistico ora corrigido pot outros, ora por esforgo préprio? Pata Jespersen nenhum dos critérios anteriormente lembrados —e¢ enumera sete: o da autoridade, o geografico, o literario, o aristocritico, o democratico, o ldgico e 0 estético — o explica. E evidente, no entanto, que existe algo que justifica a correccio, «algo comum para o que fala e para © que ouve», e que thes facilita a compreensio. Este elemento comum é «a norma linguistica que ambos aceitaram de fora, da comunidade, da socie- dade, da nag&o»12. Todo 0 nosso comportamento social esti regulado por normas a que devemos obedecer, se quisermos set correctos. O mesmo sucede com a lingua, apenas com a diferenca de que as suas normas, de um modo geral, sio mais complexas ¢ mais coercitivas. Por isso, e para simplificar as coisas, Jespersen define o «linguisticamente correcto» como aquilo que é exigido pela comunidade linguistica a que se pertence. O que difere ¢ 0 «linguisticamente incorrecto». Ou, com suas palavras: «falar correcto significa o falar que a comunidade espera, e erro em linguagem equivale a desvios desta norma, sem telagio alguma com o valor interno das palavras ou for- 10 Citados por Otto Jespersen. Hiumanidad, nacién, individuo, desde el punto de vista linghistica, trad, por Fernando Vela, Buenos Aires, Revista de Occidente, 1947, p. 113 © 114. 11 Obra cit.y p. 120, 12 Ihid., p. 120 € $s, CONCEITOS GERAIS mas». Reconhece, porém, que, independentemente disso, «existe uma valo- tizagio da linguagem na qual o seu valor se mede com referéncia a um ideal linguistico», para cuja formagao colabora eficazmente a «formula energética de que o mais facilmente enunciado € 0 que se recebe mais facilmente»!3, Entre as atitudes extremadas — dos que advogam o rompimento radi- cal com as tradigdes clissicas da lingua e dos que aspitam a sujeitar-se a velhas normas gramaticais —, ha sempre lugar para uma posigio moderada, termo médio que represente o aproveitamento harmdnico da energia dessas forgas contratias e que, a nosso -ver, melhor consubstancia os ideais de uma sf e eficaz politica educacional e cultural dos paises de lingua portuguesa. «Na linguagem € importante o pélo da variedade, que corresponde A expressao individual, mas também o é o da unidade, que corresponde A comunicagio inter-individual e é garantia de intercompreensdo. A lin- guagem exptessa o individuo por seu caticter de criagio, mas expressa tam- bem o ambiente social ¢ nacional, por seu caracter de repetigao, de aceitagio de uma norma, que é ao mesmo tempo histérica e sincronica: existe o falar porque existem individuos que pensam e sentem, e existem ‘inguas’ como entidades histéricas e como sistemas ¢ normas ideais, porque a linguagem nao é sé expressio, finalidade em si mesma, senio também comunicacio, finalidade instrumental, expresso pata outro, cultura objectivada historica- mente e que transcende ao individuo»14, A hipétese da «linguagem monoliticay nfo assenta numa realidade, ea sua corporificagio nas gramiticas ndo tem sido benéfica ao ensino dos diversos idiomas. «Sem nenhuma divida», escreve Roman Jakobson, «pata qualquer comunidade linguistica, para todo individuo falante existe uma uni- dade de lingua, mas esse cédigo global representa um sistema de -subcédi- gos em comunicag&o recfproca; cada lingua abarca varios sistemas simul- tineos, cada um dos quais se caracteriza por uma fungio diferente» !>. Se uma lingua pode abarcar vrios sistemas, ou seja, as formas ideais de sua realizacio, a sua dinamicidade, 0 seu modo de fazer-se, pode também admitir varias normas, que representam modelos, escolhas que se consagra- ram dentro das possibilidades de realizagoes de um sistema linguistico. Mas — pondera Eugénio Coseriu, o licido mestre de Tiibingen— se «é um sistema de realizacées obrigatérins, consagradas social e culturalmente», a 1S Bid, p. 178. 14 Bugenio Coseriu, La gengrafia lingiistiva. Montevideo, Universidad de la Repiiblica, 1956, m. 44-45. A propésito, consultem-se também os magistrais estudos do autor: Sistema, norma y habla ¢ Detrminacién y entarna, agora enfeixados no volume Teoria del lenguaje y lingltstica general, Madrid, Gredis, 1962, p. 11-113 € 282-323, 15 Closing statement: Linguistics and poetics. In Style in Language. Udited by Thomas A, Sebeok, New York-London, M.LT, & John Wiley, 1960, p. 352. NOVA GRAMATICA DO portucuts CONTEMPORANEO norma no corresponde, como pensam certos graméticos, ao que se pode ou se deve dizer, mas «ao que ja se disse € tradicionalmente se diz na comur nidade considerada» 16. A norma pode variar no seio de uma mesma comunidade linguistica, seja de um ponto de vista diatépico (portugués de Portugal | portugués do Brasil | portugués de Angola), seja de um ponto de vista diastratico (lingua- gem culta / linguagem média / linguagem popular), seja, finalmente, de um ponto de vista diafasico (linguagem pottica / linguagem da prosa)!7. Fste conceito linguistico de norma, que implica um maior liberalismo gtamatical, € 0 que, em nosso entender, convém adoptarmos pata @ comuni- dade de fala portuguesa, formada hoje por sete nagoes soberanas, todas movidas pela legitima aspitagio de enriquecer 0 patriménio comum. com formas e consttugdes novas, 2 patentearem © dinamismo do nosso idioma, o meio de comunicagio e expresso, Nos dias que correm, de mais de cento e cinquenta milhoes de individuos. «Nio se repreende de leve num povo © que geralmente agrada a todos», disse com singeleza 0 poeta Gongalves Dias. Com efeito, por cima de todos os critérios de correcgao —aplicaveis nuns casos, inaplicaveis noutros — paira o da aceitabilidade social, a consnetudo de Vatrao, o unico yalido em. qualquer circunstancia. B justamente para chegarem a um conceito mais preciso de «correc- Gao» em cada idioma que os linguistas actuais vém tentando estabelecer métodos que possibilitem a descrigéo minuciosa das suas variedades cultas, seja na forma falada, seja na escrita. Sem investigagdes pacientes, sem méto- dos descritivos aperfeigoados nunca alcangaremos determinar o que, 10 dominio da nossa lingua ou de uma Area dela, é de emprego obrigatério, 0 que € facultativo, o que € toleravel, o que ¢ grosseito, 0 que é inadmissivel; ou, em termos radicais, o que € € o que nao € correcto. 16 Sincronta, diacronta e historia; el problema del carbio Tingltstico, 2.8 ed, Madsid, Gredos, 1975» Pp. 55+ 17 Veja-se Celso Cunha, Lingua, narte,alienata, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, p. 73-74 © 58

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