HOLLIS B. CHENERY - O Papel Da Industrialização Nos Programas de Dsenvolvimento Econômico

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Al A Economia do Subdesenvolvimento Coletinea de artigos e estudos, selecionados ¢ organizados poi A.N. AGARWALA S. P. SINGH Primeira edigio: 1969 ‘Traduzido de: ———_ THE Economics oF UNDERDEVELOPMENT | clas, 320 (Oxford University Press — New York ate Copyright © 1998, by 2, OXFORD UNIVERSITY PRESS Fombs O20, £30. pre. 9B, Albena 6 en Ce) de ‘Manta Cena Waattuy Revisio téenica : ae: AxrOxt0 Banos pe CastKo Reservados 0s direitos de propriedade desta traducao pela COMPANHIA EDITORA FORENSE Av. Erasmo Braga, 299 - 1° e 2° and, ~ Rio de Janeiro Largo de 8, Francisco, 20 - loje - Séo Paulo impresso no Brasil Printed in Brazit Plano da Obra Iwrropucio 1. ABORDAGENS DO PROBLEMA DO SUBDESENVOLVIMENTO A Economia do Desenvolvimento — Jacob Viner A Expansio Demogratica e 0s Padrées de Vida — Colin Clark 0 Problema do Desenvalvimento Econémico Limitado — Gerald M. Meier a Economia Politica do Subdesenvolvimenio — Paul A. Baran’ » Uma Interpretagio do Atraso Eeonémico — H. Myint . 2. © CONTEXTO HISTORICO (0s Paises Subdesenvolvidos e a Fase Pré-Industrial nos Paises Avan- gados — Simon Kuznets A Decolagem para o Desenvolvimento. Auto-Sustentado — W. W. Rostow 7 40 e 83 99 141 159 456 A ECONOMIA DO SUBDESENVOLVIMENTO sisténcia_encareceria, automaticamente, 0s produtos comerciais de exportagao. 15. A Lei dos Custos Comparativos € tao vilida para os paises com excedente de trabalho como para os demais. Mas enquanto nos filtimos representa um fundamento vilido dos rgumentos a favor do livre comércio, nos primeiros representa um fundamento igualmente valido dos argumentos protecionistas O PAPEL DA INDUSTRIALIZACAO NOS PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO* Hous B. Curnery ‘A INDUSTRIALIZAGAO CONSTITUL a maior esperanga de _quase todos (05 paises que buscam aumentar seus niveis de renda, F também o aspect mais controvertido do problema do desenvolvimento eco- némico. As tentativas de aplicar os prinefpios econdmicos gerais a éte campo tém sido, geralmente, pouco conclusivas. Isto se deve @ uma formulacio tedriea incompleta, assim como a inadequacio dos dados disponiveis. Na maioria dos casos, continua havendo gran- de margem de discordincia entre os partidérios da especializacao inter- nacional e do investimento na producdo priméria, por um lado, ¢ 0s rescimento equilibrado” © da industrializacao, por outro. ‘A maioria dos que participam desta controvérsia accitaria, pro- vavelmente, a proposigio de que o primeiro objetivo para 0 desen- volvimento' de um pais consiste em assegurar o maior incremento + The American Economie Review, maio de 1955. Reimpresso com permissio da Associacao Econémica Americana e do autor. Ste artigo basciase num estudo da Alocagao de Recursos em Programas de De- genvolvimento que se tornou possivel gracas a uma bolsa do Comité Stanford para Pesquisas em Cignelas Socials, 458 A ECONOMIA DO SU3DESENVOLVIMENTO possivel em sua renda (total ou per capita) a partir de seus recursos Gisponiveis a longo prazo. O principal problema reside na avalia da quantidade de recursos escassos que sero, na realidade, necessi- ios para 0s tipos alternativos de producdo, Por certo mimero de razoes, o sistema de pregos, que toma esta avaliagio bastante pre- ‘cisa nas economias mais altamente desenvolvidas, parece ser um guia pouco digno de confianga no que diz respeito & descjabilidade do investimento numa economia subdesenvolvida, Inclusive uma ver. feitas, as corregies dos defeitos mais dbvios nos pregos, tais como tarifas € subvencoes, continuam existindo dois conjuntos de fatores que tornam muito dificil a andlise do equilibrio parcial baseado nos pregos existentes: 1. a ocorréneia de um desequilibrio estrutural na utiliza- ho dos fatéres de producto, com mio-de-obra normalmente desem- Pregada, capital ¢ divisas externas racionadas; 2. a interconexio dos sctores produtives, resultando em que o investinento num déles pode tornar o investimento mais rentavel em outros setores, resultado éste que € freqiientemente denominado de “cconomias externas”.! Estes dois fat6res so especialmente importantes na avaliagao dos investimentos industriais. Menos da metade da utilizacao total de fa- tores primarios dé-se de uma forma direta no setor médio produior de um bem industrial; o resto encontra-se disperso por t6da a eco- nomia nos setores produtores de matérias-primas, scrvigos © outros bons industriais. Contrariamente, a maioria das exigéncias de capital, trabalho, matérias-primas ¢ divisas esttangeiras para a producao agri- cola, mineral ¢ da maioria dos servigos, verifica-se diretamente no proprio setor produtivo. E, portanto, possivel ter um conhecimento bastante aproximado da existéncia do desequiliorio na avaliagio dos investimentos ndo-industriais, mas tanto 0 desequilibrio existente quanto os efeitos do futuro investimento complicam 0 julgamento no que se refere ao investimento industrial Este artigo visa a analisar a influéncia déstes dois fat6res — 0 desequilibrio estrutural e as economias externas — sobre a quantidade © composi¢ao Stimas do investimento industrial num programa de desenvolvimento, Esta andlise s6 pode ser feita no contexto de um modélo de equilibrio geral, visto que 2s relacdcs intersetoriais consti- 1A diferenca entre economias externas “pecuniirias” e economias ex- ‘exnas “teenoldgicas", mais tradicionais, ¢ apreentada por. SciTovsRY em “Dols Conceitos das Economias Exiornas (publicada neste 1ivzo), Rosexstz-Tooaw foi um dos primelros a analisar éste fator em Prov blemas da industrilizacdn dg Europa Oriental e Sul-Orental Gambém publicado neste livro), A INDUSTRIALIZACAO NOS PROGR. DE DESENVOLVIMENTO 459 tuom a esséncia do problema, O fundamento empirico do modélo foi extiaido de um estudo geral da economia italiana? © dos programas de desenvolvimento do Sul da Itilia.t Este artigo consta de trés partes. A primeira resume 0s tragos essenciais do modélo ¢ 0 método de aplicagao, A segunda parte mos- ta 0 efeito sobre o investimento industrial da variacio em trés sctores- chaves que refletem a dotagio de fatéres de uma dada zona: a oferta de trabalho, as disponibilidades de divisas e a taxa de crescimento. ‘A terceira paric aponta a diferenga entre um programa dtimo que leva em consideragao as economins externas ¢ outro programa que nao as considera. Tenta também trazer alguma luz ao problema geral das prioridades de investimento. I. UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO Caracteristicas Gerais, A fim de esclarecer os problemas que acabo de enunciar, 0 modélo analitico deve incluir os seguintes cle mentos: 1. a utilizagao de capital, trabalho, materiais e servigos em cada tipo de produgio; 2. 0 custo em divisas das possiveis importa- ‘Ges; 3, a demanda externa das possiveis exportacdes; 4. as restrigdes A composicao de bens em qualquer acréseimo da renda nacional; 5. as disponibilidades de trabalho, divisas, fundos de inversdo e outros re- cursos escassos. ‘A base estatistica para esta anlise & proporcionada por um qua- 10 de input-output, ampliado por estudos da demanda de consumo € de exportagées, cic. A solucio do problema implica escotha entre produgio interna e importagdes, entre a producto para mercado na- ional e exportagio ¢ a maximizacio do. produto dentro dos limites dados. A técnica analitica deve, portanto, ser a mais geral da pro- gramacio linear a qual, neste caso, consiste numa extensio direta dos métodos de input-ouput. ‘A finalidade do programa de investimento ¢ assegurar um aumen- to determinado da renda nacional com uma utilizagio minima dos 2 Os resultados proliminares foram publieados em 1H. B.. Ciexenr, BG: Ghame © V. Gao Bova, The Structure axe Growth of the faites Economy, Roma, U.S Mutusl Seeuri"y Assn, 1958 F°Gs"Gados empirices para endlise cos progratnes ce desenvolvimento entra de um modélo regional de input-output esto sendo ongenizados pela Sepao de Input-Output do gevéruo italiano e pela Associagao para FP induntralizogao da italia Mersiyonal, da-qual "autor 8 comelbeiro, 460 A ECONOMIA DO SUBDESENVOLVIMENTO fundos de investimento ¢ sujeito a limitagdes quanto & composicio a renda nacional, & demanda de exportacdes, a oferta de trabalho as disponibilidades de divisas. No caso do Sul da Itdlia, os fundos a serem investidos variam de acérdo com as subvengoes do govern central e o investimento total é portanto, varidvel dentro de certos limi: tes. Em outros casos, 0 crescimento maximo realizavel, a partir de uma taxa de poupanca dada, pode ser calculado por variacio do pe- do de tempo da anilise. AS diversas restrigdes do modélo incorporam-se na solugio de diversas manciras: 1. A divisio da renda nacional entre consimo ¢ investimento & tida como fixa. Supde-se que 0 consumo é fureso apenas da renda er capita, como seré descrito mais adiante. Assim, todos os elemen- tos da demanda final sio determinados pela suposicio de aumento de renda nacional. 2. O investimento total deve ser igual & poupanca mais o exce- dente das importagies sobre as exportagdes, somados durante 0 pe- iodo de tempo considerado (dez. anos). Nao tratamos do desenvol- ‘vimento no tempo da produgio durante o periodo, mas somente da Corrente de bens e servigos existentes no final do mesmo, A quanti- dade de investimento incluida na demanda final poderia, quando ne~ cessirio, ser modificada por aproximagoes sucessivas. 3. O excedente das importagies sdbre as exportagdes deve cor- responder & quantidade necesséria de fundos externos de investimento, determinada pela soluedo. As solugdes devem ser estabelecidas para dliferenies niveis de deficit comercial possiveis a fim de satistazer a esta condigao. 4. O prego da mio-de-obra deve ser tal que a demanda total nfo exceda a oferta total. ‘A dimensio do modélo utitizado representa um meio-iérmo entre fa necessidade de detalhes suficientes para ilustrar a interdependénci existente, na realidade, entre os diversos setores produtivos e a neces- sidade de manter baixos os custos de computacao. Visto que as inter- dependéncias entre os setores industriais sio as mais importantes, 0 modélo-teste contém nove setores.industriais, dois sctores de producio primaria © trés de servicos. Distinguimos cinco ‘setores de exportacdo, fenquanto que as importagées so possiveis em dez dos.quatorze, se tores. Este modelo representa uma considerdvel agregicdo do estudo original de input-ovrput para a Itélia © qual continha sessenta setores, © da matsiz da Icélia Meridional, que continha vinte ¢ oito setores. A INDUSTRIALIZAGAO NOS PROGR. DE DESENVOLVIMENTO 461 Elementos do Modélo. A seguic sor4 indicada a natureza concep- tual dos diversos elementos do modélo. Para nossos fins, € suficiente considerar os dados numéricos como estimativas bastante realistas dos parimetros implicados. Os coeficientes de insumo ¢ as estimativas de consumo so o resultado de amplas pesquisas estatisticas, enquanto que a maioria das demais relagies se baseiam em provas escassas ou (quando indicado) em puras hipdteses. 1. Necessidades Totais. De acérdo com a claboracio do modéto, toma-se como objetivo do programa de investimento a win conjunto conereto de niveis de consumo para os diversos grupos de mercado- rias, Na maioria dos casos, estas necessidades podem ser satisfeitas alternativamente, seja pela produgdo ou pela importaciio. O. produto nacional bruto do ano-meta sera igual ao total destas demandas finais menos o excedente de importagio. A fim de simplificar a andlise, su- ponho que a capacidade do ano-base é plenamente utilizada e que no sera eficiente, em nenhum caso, reduzir_ a producZo existente. Assim, a producio atual (descontada a utilizagao interindustrial) pode ser subiraida das demandas finais dadas, a fim de determinar as exi- géncias totais de cada sector a ser coberto, scja com uma producio maior (que exige novos investimentos), seja com importagdes. Estes dois conjuntos de estimativas sao apresentados no Quadro 3. A demanda final consiste no consumo governamental © no con- sumo privado, no investimento e nas exportagdes. (As estimativas da demanda final foram efetuadas na Itilia com os grupos colaborado- res anteriormente citados. Blas foram tomadas como dados para éste modélo-teste, exeeto algumas exportagdes que se modificaram, o que seri posteriormente explicado.) A magnitude do investimento foi ba- seada na importineia estimada da poupanca interna e do excedente de importagéo (como foi anteriormente mencionado), enquanto que © consumo do govérno foi projetado de acdrdo com tendéncias do pasado; a composicio de ambos manteve-se invariivel. Féz-se um estudo mais detathado do consumo privado, A estimativa de consumo de uns setenta grupos de mercadorias foi baseada no aumento da populagao e nas elasticidades-rendas em relagio 20s aumentos pre tos de renda per capita, Foram, entio, adicionados a0 néimero atual de setores. 2. Possibilidades de Produgdo. Cada um dos grupos de merea- dorias do modélo representa um agregado de muitos subgrapos. Para (0 tomei alguns cocficientes médios de entrada (input) mediante agregacdo das correntes intersetoriais em quatorze grupos. No cntanto, 462 A ECONOMIA BO SUBDESENVOLVIMENTO mantive a variacio da relacio capital/produto dentro de cada setor, ordenando os subsetores de acérdo com a ordem de sua intensidade de capital e supondo que sus produgdo sera requerida em proporgdes finas. Segundo esta hipdteso, seria econdmico produzir os bens de cada setor que exijam diretamente pouco capital ¢ importar aquéles que exijam mais capital, visto que se supde que a utilizacio indireta de capital dentro de cada um dos grandes setores seja a mesma para todos os subsetores. (Se esta hipdtese no for aceita, dever-se~4 aumen- tar 0 mimero de setores.) Para 0 modélo de programagio linear os modos alternativos de satisfazer as necessidades verificadas nos setores em que as importa- ges so possiveis consistem em diversas combinagées da producio nacional c das importagoes. As necessidades de input para a producto interna so apresentadas no Quadro 1 € as necessidades de capital © trabalho no Quadro 2A. Deve-se levar em conta, ao utilizar 0 inves timento minimo como teste de eficiéncia, o fato de que os bens de capital apresentam diferentes graus de durabilidade, Assim foi feito aqui, no caso de melhorias de terra e outras obras agricolas, redu- zindo-se as necessidades de capital ao valor atual estimado do acervo dde capital tendo em vista vinte ¢ cinco anos de utiizacdo. Um modo alternativo seria tratar © consumo de capital como um input separado. ‘A variacao suposta nos coeficientes de capital dentro de cada setor 6 em grande medida hipotética, assim como os coeficientes de tra- balho. Os coeficientes de capital na indistria foram baseados mum cconjunto de uns sessenta ¢ cinco projetos de investimento efetivamente empreendidos, no curso dos diltimos anos. Supic-se que as importa- Ges exijam uma unidade de divisas em cada setor, exceto na agri- Cultura (onde se supde que necessite de 1,25). A escola entre produgdo interna e importagdes & feita pela com- paragio da utilizagao marginal direta ¢ indireta do capital na producao interna, com os pregos internos das importagdcs. Este procedimento resulta numa diminui¢éo da proporgio das nevesidades em cada um dos setores importadores, 2 medida que © prego das divisas aumenta. 3. Exportagdes. As funcdes de demanda das exportagées supos- tas so apresentadas no Quadro 2B. O nivel étimo das exportagdes cem cada setor sera aquéle em que 0 custo marginal (direto e indireto) da producio das exportacdes for igual ao valor interno da renda mar- ginal, provenicnte de maiores exportagoes. Este nivel étimo aumen- tard quando 05 pregos das divisas aumentarem Quadro 1: Coeficientes de “Input"® sun saw var vin bite 111g 1888s gg) Ebegi gigs rril 1 0bgSHeSS VERS 9999950538 sd Vint 18118888 rgngaa viii Bi gegee8 5: 1gg0883 1di1 1g1ggeeeee i 9894934 ‘188 899835983 liiy SE88egeeeg g80ga3585 523 4550950803 $ ggg8 919 g25858 : 1aad G1ggggeggg 2 58 iglr Gg: S889838 BRig BERRES5E52 Su/8 SSEGH2809 TL aig ttaee £32 3828, 2. diigaagaeeg eee HSL FepY SogHHR GEE Por unidade de produto (em térmos de valor). “© 464 A ECONOMIA DO SUBDESENVOLVIMENTO Solugao, Nao ha por que nos preocuparmos aqui com as técnicas de solucao dos problemas de programacao linecr, mas 0s conceitos sio Gieis, No nosso caso, foi possivel aproveitar a vantagem de que dos coeficientes de input pode priticamente ser con triangular, ou seja, tendo a interdependéncia quase que exclusivamente uma diregio, como indica o Quadro 1, Esta caracteristica torna pos- sivel resolver 0s problemas sem inverter a matriz dos coeficientes, 0 ‘que poupa tempo para a solugo e também torna mais facil 0 traba- Quadro 24: Coeficientes de capital e trabalho VILE Alimentagio. de ¢x- Je vital/ Produto: Média ! 1. E Contecgaes de ex | | | A INDUSTRIALIZAGAO NOS PROGR. DE DESENVOLVIMENTO 465 Iho com as fungdes de demanda de exportagdes supostas. Ao conccito de “precos-sombra” cabe um papel-chave na solugio. Medea utili- zaclo total dos recursos escass0s da economia para produrir de- terminado bem, Em nosso caso, os ““pregos-sombra” sid expressados em térmos de custos de investimento, Os “precos-sombra” de outros res bisicos, cuja oferta € limitada — divisas e trabalho — sio medidos por scus custos de oportunidade. Dados os precos déstes re- cursos, 0 “prego-sombra” de cada bem consistiré em seu custo de capital direto mais a soma de todas as entradas multiplicadas pelos respectivos “pregos-sombra”. A solugio étima é alcangada pela com- paragao do custo em assegurar cada um dos bens por métodos alter- nativos, com 0 valor dado pelo seu “‘preco-sombra”. Este método € muito adequado para manejar técnicas alternativas de produgao quando se conhecem tais dados. © método em geral aplicado para resolver um problema de pro- gramacdo linear implica a fixagdo das disponibilidades de recursos € necessidades de producdo ¢ a determinagao da combinacio 6tima de atividades que correspondem a estas limitagdes, No presente caso, ‘mostrou-se til uma anilise das implicagies da variagio dos niveis de Aisponibilidades de divisas © trabalho. Supus, portanto, virias combi rages dos precos do trabalho ¢ das divisas e determinei a utilizagio déstes recursos correspondentes aos. precos supostos. Os resultados podem set vistos num gréfieo, como a Fig. 2, com o qual € possivel ‘eterminar os pregos Gtimos correspondentes 1 quaisquer niveis para 05 fatdres divisas ¢ trabalho. Estes pregos, por sua vez, determinam as atividades € 0 investimento em cada um dos setores | | VI. Alimentagao 0,15, 0,334.0,25d 2 _— ™ peer ce| | GR] ae ae a) oe | ae 1B OpebepSe ccs mac. — XIV. Energia. t 020 3.0 ‘XL E Quimica | 200 — P) (2) Em mil empregados por bilhio de liras. (b) Onde d corresponde & relagao da produgio inierna com as necessi- dades totais de cada setor. (a) Donde P corresponde ao prego em divisas. Tédas as fungées so puramente hipotéticas. 466 A ECONOMIA DO SUEDESENVOLVIMENTO Fizemos, para cada conjunto de parimetros, vérios testes com precos varidveis para as divisas ¢ mantendo constantes 0s demais pa- Fimetros.t Os resultados déstes testes encontram-se no Quadro 4. Cada lum representa a solugdo que requer o minimo de investimento em concordiincia com os supostos val6res dos pariimetros. Nos trés pri ‘meiros testes foi feita uma interpolagdo com um deficit constante de 284, que foi considerada a quantidade média de recursos. externos necessiria para atingir 0 desejado aumento do Produto Nacional Bruto dentro de dez anos. Quadro 3 — Necessidades Totais por Setores Demanda | Necessidades Setor fils | totais I. Confeegies 162 Textil * 191 I Construgio 280 IV. Mecinica 383 V. Outras Indisirias VIL Alimentagio VIL. Metalurgia ‘VIII. Agricultura IX. Transportes X. Petréleo XI. Quimica XII. Mineragao XII. Servicos XIV. Energia Total 4 ‘Todos os ciileulos do modélo global foram feitos por KanNetit Krersciinter (a) _Ineluindo 416.000 milhGes de exportagdes, para as quais se toma a demanda ‘como existente, . ().Demanda final menos producfio interna con excesso sobre a de- manda interindustrial no ano-base; ou seja, o excedente da demanda total projetada sdbre as disponibilidedes internas liquidas no ano-base. ‘As necessidacles totsis sio iguais ao incremento do produto nacional brute mais o excedente das importagoes sobre as exportagdes. A INDUSTRIALIZACAO NOS PROGR. DE DESENVOLVIMENTO 467 IL. FarORES-CHAVES No DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL Passamos agora a investigar os efeitos das diferencas nas dota- ges de recursos, nas proporgées dos fat6res, niveis de poupanca e outros elementos bisicos, sObre as formas Gtimas de desenvolvimento econdmico. A hipstese que scrve de base a éste estudo é que a industrializagio pode representar papel muito diferente nos dife- rentes tipos de paises. Onde houver desequilibrio estrutural seré quase impossivel determinar, a partir do sistema de pregos, o verdadeiro péso que se deve dar a tais fat6res nas decisées de investimento. A variagao dos fatores estruturais subjacentes reflete-se num mo- délo formal ¢ através de valores diferentes para alguns parimetros. Analisarei aqui os efeitos das variagoes nos parametros relacionados com trés caracteristicas bisicas das’ economias em desenvolvimento: 1. as proporcdes fatoriais; 2. as disponibilidades de divisas; 3. a taxa de crescimento. As Proporgées Fatoriais. O esquema de desenvolvimento eco- némico varia muito, evidentemente, de acérdo com a dotagio de re- cursos disponiveis. Os recursos minerais especificos, os tipos de terra cultivavel, ete., refletem-se mas necessidades de capital de cada um dos setores ¢ determinam a desejabilidade de tipos coneretos de pro- dugdio primaria. Isto requer poucos comentarios. A relativa abundan- cia de categorias mais amplas de fatores econémicos — recursos na~ turais totais, trabalho © fundos de inversio — é submetida a uma ‘andlise mais geral, A relagdo mais significativa 6 a verificada entre a populacdo ou a forga de trabalho, como um todo, e os recursos na- {urais mais 0 estoque de capital. Sugere-se, freqiientemente, que nas zonas “superpovondas”, onde a pressio sobre os recursos desenvolvi- dos é clevada — principalmemte na agricultura — a industrializagao € mais desejavel que nos paises onde uma transferéncia da fora de trabalho da agricultura para a insistria (sem investimento ow ello ria tecnoldgica) originaria uma queda significativa do produto agricola. A pressilo demogrifica pode afetar diversos parametros do mo- délo. Significa, em primeiro lugar, que haverd uma oferta de trabalho priticamente ilimitada, disponivel para emprégo nio-agricola. Esta mo-de-obra nfo é um bem livre pois — pelo menos em parte — terd de ser transferida para as cidades e serd necessttio fornecer-Ihe Babitacdo e treinamento, Em nosso sistema isto significa que 2 mio- de-obra teré um prego-sombra ou custo de capital maior que zer0, ‘mas, provavelmente, muitissimo menor que a (axa de saldrio real. Em 19% we Tee a a 2391981 638 sone 2489 aso asta 7 wee a a g g § ok ast tase 1a 1.180 1.063 2010 100 ae ate 19s te ae 1904 por setor apresentadas no Quadro 3. Quadro 4 — Resultado das Solugées por Aproximagdes g Wio-de-obra ha agricuiltura. fdas necessidades faindo a Interpolade. Exel Frat fe. produto nacion ‘orate Detiit comercat ‘aumento: do produto Fela de miode-obr Reagio ents inves y a3 i rego a Exportastea Simportactes @ () © A INDUSTRIALIZAGAO NOS PROGR, DE DESENVOLVIMENTO 469 outros casos, o custo de oportunidade da mdo-de-obra pode ser igual ou exceder 0 salirio. TRABALHO 400 A: Custo da mao~ “de-obra = 0 ©: Custo da mao- 210 wde-obra = 08 G: custo do ca 200 pital = 0 Deficit constan- te= 24 S Constante an 30 0 1600 =m hares 0 ceupador CAPITAL (bilhdes de liras) Fig, I — Substituigio entre capital e trabalho, A possibilidade geral da substituige de trabalho por capital com jentes fixos de input € indicada na Fig. 1. O ponto C cotres- ponde, aproximadamente, as taxas de saldrios existenics no Sul da Talia, enquanto que o ponto A representa a solucio étima, sendo o trabalho um bem livre. A variagao nas necessidades totais de capital correspondente a esta mudanca na atilizagio de trabalho nao & ampla — cfrea de 5% — visto que a composigio das importagdes © das, exportagdes é 0 tinico fator que pide variar; as téenicas de produgdo € a composigo da demanda final mantiveram-se eonstantes. Esta variactio no padriio de investimento étimo é verificada, em ‘grande medida, no setor industrial. Quando o prego do trabalho nio- 470 A FCONOMIA DO SUBDESENVOLVIMENTO agricola € tomado aproximadamente na base do satério cxistente (niio se atribui nenhum custo de oportunidade ao trabalho agricola de acér- do com a teoria de que inclusive o mais feliz programa de investi- mento nao cvitaré sua oferta excedentéria), a fracdo do investimento total que vai para a indistria é no programe stimo, de 43%. (A “industria” inclui a minerago eas manufatures ¢ exclui a energia e outros servigos. (Ver Quadro 4.) Quando ambos os tipos de traba- Iho sao “livres” a participagao étima da indistra aumenta para 55%. (Estas proporsdes referem-se a0 investimento “produtivo”, que talvez seja 70% do investimento total.) E também provivel que a pressio demogrifica se reflita nos niveis relativos dos coeficientes de capital marginal na agricultura © na indkistria. Numa zona superpovoada, a terra é mais intensivamente utilizada na agricultura © também é maior o capital necessério para estender a terra cultivavel através de melhorias, irrigagao ete. Também € provivel que as zonas densamente povoadas apresentem patcelas de terra muito fragmentadas, o que tora a mecanizagao menos. produ- tiva, Tomando-se dois exemplos bastante oposios podemos dizer que as necessidades de capital marginal por unidace de produto na agri cultura slo, talvez, trés vézes mais elevadas no Sul da Itélia que as a Turquia, existindo, no entanto, pouca diferenga quanto as neces- sidades de capital na ‘indéstria, Tendo em vista realizar determinado aumento do Produto Na- ional Bruto a variagio da relacio capital/produto na agricultura se refletird nos niveis desejaveis de investimento de todos os setores, industriais, No presente exemplo, uma diminuicdo do coeficiente de capital agricola de cérca de 15% produziu uma diminuicéo na parti- cipaco do investimento que vai para a indiistria, de crea de 20%. Somente_ as indiistrias que produzem bens alimenticios aumentaram seu produto. Estes valores especiais dependem, naturalmente, da va- Tiabildade os coefcientes de capital dentre da agricltura e da indistria, ‘Ambos os aspectos do problema das proporgdes fatoriais pare- cem, assim, ser bastante significativos na determinagao do papel do inyestimento industrial. No entanto, na pritica pode-se superestimar a importincia da “taxa de emprégo” quando esia se divorcia da prova, geral do aumento da renda nacional. As Disponibitidades de Divisas. A capacidade de um pais para assegurar a quantidade de divisas suficiente € outro fator-chave na determinagao da medida desejivel de desenvelvimento industrial. A industrializagao consiste, principalmente, na substituicdo de importa- A INDUSTRIALIZACKO NOS PROGR. DE DESENVOLVIMENTO 471 60s pela produgio nacional de bens manufaturados. A escotha entre a producio interna ¢ as importagdes deveria set baseada nos recursos eseass0s necessérios para cada alternativa. Num modélo de progra- magio linear esta decisio se baseia no preco-sombra das divisas, que jo pelo custo de oportunidade da produgdo interna nos de importagao e exportagao. O prego das divisas, quando em equilfbrio, transforma-se na reciproca da. produtividade ‘marginal de investimento nestes setores. PREGO Das DIVISAS 0 Deficit comercial 2» a oe a Importagies Exportacses a 2% mo aM 400 tome VALOR DAS IMPORTAGOES E EXPORTAGOES (om bilhées de liras) Fig, 2 — Bleito do prego das divisas sdbre o deficit comercial. efeito das transformagSes do prego das divisas s6bre as impor~ tages © exportagées 6 demonstrado na Fig. 2. A curva de importaio representa a demanda total de importagdes da economia, tendo em an A ECONOMIA DO SUBDESENVOLVIMENTO conta os reajustes étimos da producio interna aos diferentes precos das divisas © efeito de um aumento do prego das divisas sobre a decistio de investimento em qualquer setor & determinado por és. fatdres: 1. 0 atumento do pre¢o das importagdes do bem, produzido; 2. a va- riagdo dos custos diretos do trabalho © do capital no setor; e 3. 0 aumento do custo dos materiais adquiridos em outros setores. O inves- timento em outros setores determinara menor aumento no prego dos materiais comprados que nas importagées. Estas cconomias exter= nas afetardo, principalmente, os setores de bens finais, em que serd ‘mais atraente 0 investimento. Como seri demonstrado mais adiante, 68 enros da andlise parcial so maiores nestes setores A curva de exportacdo representa 0s efeitos combinados riagdes da oferta ¢ da demanda para cada um dos pregos dis Embora se suponham coeficientes de capital constantes, 0 aumento do prego dos materiais comprados pelos setores de exportagio serve para reduzir sua elasticidade da oferta, prineipalmente no que se refere aos bens finais © preco étimo ou de equilibrio das divisas € determinado pela capacidade ‘da Grea em manter um excedente de importagées sobre as exportagdes, mediante empréstimos ou subsidos externos. No pre- sente exemplo, sA0 necessirios subsidios consideriveis para que se atinja 0 desejado aumento da renda nacional ¢ 0 deficit comercial anual é de quase 7% do Produio Nacional Brato. Um efeito desta ajuda externa é permitir que a regio se especialize em maiot medida nas atividades menos capital-intonsivas © assegure dcterminado au- ‘mento da renda regional com utilizacao bem menor de capital. Vis- to que em nosso modélo muitos ramos da indistria sao menos ital-intensivos que a agricultura, um deficit superior resultari numa Proporcio maior de investimentos dirigida para a indistria, Em outros paises, contudo, poderia verificar-se 0 resultado oposto, Visto que 0 prego de equilforio das divisas determina os limites a que deveria ser levado o investimento em cada um dos sctores em. que a exportacio © a importacdo sto possiveis, torna-se éle 0 pard- metro mais importante na formulagao de um programa de desenvol- vimento, Por exemplo, se se utiliza um valor demasiado baixo, o deficit, comercial ser maior do que se pode financiar e ter-se-i que tomar medidas de emergéneia para estimular as exportagoes ou reduzir as importacbes. Estas medidas levargo o investimento a taxas de produ tividade inferiores & que se teriam verifieado no caso de ter sido A INDUSTRIALIZAGAO NOS PROGR. DE DESENVOLVIMENTO 473 utilizada a taxa de cdmbio adequada a todo o programa. O aumento resultante do custo total é ilustrado na terccira secio. A Taxa de Crescimento. A taxa de erescimento afeta 0 esquema de investimento de dois modos diferentes. Em primeiro lugar, as dis- ponibilidaces de divisas so bastante independentes da taxa de ctesci- Mento. Exceio no que diz respeito as melhorias teenoldgicas ou possiveis economias de escala da produgdo voliada para a exportacio, esultantes de um maior mercado interno, as disponibilidades de die visas dependem da taxa de cimbio ¢ da clasticidade da demanda externa. As importagdes, contudo, aumentario com a taxa de cresei- mento, a menos que a taxa de cimbio se altere, como indicado na Fig. 3. Embora os empréstimos externos dependam, em grande me- dida, do aumento da renda nacional, haveré uma tendéncia do defi Iiquido ser maior com taxas de crescimentos maiores. a 8 3 z g 2 ww righ dn deb Prego ivi (P), como indendo st -AUMENTO PRRCENTUAL DO Px Fie, 3 — Elio do cestineno se as needs 8 ingots A fim de limitar 0 deficit de divisas deve-se atribuir-Ihe prego mais alto. No exemplo presente um aumento de 10% da taxa de crescimento teria incrementado a taxa de cimbio necessdria para 414 A ECONOMIA DO SUBDESENVOLVIMENTO manter um deficit constante em aproximadamente 2%. A. produtivida- de marginal do investimento diminuiria na mesma quantidade, Embora ste efeito ndo seja significative para pequeras variag6es, pode-se tornar muito importante quando a taxa de creseimento se acclera muito. As taxas de crescimento superiores levam a uma necessidade maior de auto-suficiéncia, a menos que a demanda das exportagées seja altamente eléstica. ‘A taxa de crescimento atuari também sébre_a composi¢io do investimento, através de seus efeitos sobre a demanda final. A medida que a renda'per capita aumenta pode-se esperst que aumente @ pro- porso de renda despendida em bens de consumo manufaturados de todos 0s tipos. O estudo do consumo no Sul da Itdlia, sobre o qual se baseia a demanda final, admitido no presente modélo apresentou uma elasticidade da demanda de 1,35 em relagio & renda, para todos ‘05 bens manufaturados (exceto alimentos). E também provavel que aumente a proporgio da renda nacional gaste em bens de investi- mento. Estes dois fat6res levarao a uma proporeio crescente de inves- timento na indistria, ‘Tanto uma demanda maior de importacdes quanto a variagao da composigio da demanda final de bens manufaturados tendem a con- ferir importincia crescente a0 investimento industrial A medida que ‘am taxas superiores de crescimento, A maior pressio sobre as divisas pode, em alguns pafses, afetar a desejabilidade de investi- mentos na agricultura assim como na indistria, mas € mais provavel que existam limites tecnolégicos a um répido aumento do produto agricola mediante investimentos maiores. Durante tda essa discussio deixamos de lado as melhorias tecnolégicas da agricultura que podem constituir um dos elementos mais importantes para uma producio maior. A taxa de progresso tecnolégico na agricultura pode, contudo, ver-se limitada por outros fatdres. Esta conchusio parece set especial ‘mente vilida para uma zona superpovoada como a da Itdlia Meri- dional, onde maior aumento da taxa de crescimento do scior agri- cola 6 pode ser assegurado por relagdes capital/produto muito elevadas. IIL. A InteRpereNDENcia ESTRUTURAL E AS PRIORIDADES po INVESTIMENTO A sexiio anterior apresentou 0 modo em que as decisdes que afetam a industrializagio dependem dos recursos disponiveis e das ‘A INDUSTRIALIZACAO NOS PROGR. DE DESENVOLVIMENTO 475 exigéncias de inversio em todos os setores. A interdependéncia exis tente entre os setores introduz erros em qualquer método de adogao de decisdes de investimento baseado exclisivaments nas caracteristi cas de setores ou projetos isolados. Tentarei agora analisar éstes erros © sugerir melhorias para os métodos parciais, a partir da experiéncia obtida na solugdo de um modélo de equilforio geral. Erros na Andlise Parcial, A andlise parcial utiliza a mesma prova geral para a distribuigdo dos investimentos que a programacio linear: a prodatividade marginal dos investimentos inclufdos no programa de- Yeria ser maior que a das excluidas. A produtividade marginal pode nfo ser a mesma em todos os setores devido as limitagées na compo- siglo em bens do produto, embora um sistema perfeito de presos devesse produzir esta igualdade. Com qualquer um dos dois métodos 86 se pode chegar a um programa étimo que satisfaca as diversas limitagoes de recursos, através de tentativas ¢ erros. Existem virios caminhos para atingir’a solucao final, mas um método convenicnte em ambos os casos consiste em supor certa produtividade mar- ginal para 0s investimentos a fim de excluir projetos que se encontrem abaixo desta cifra ¢ verificar, entdo, se os fundos de investimento foram esgotados ¢ se outras limitagdes foram satisteitas. Na anilise parcial € possivel observar alguns erros do sistema de precos, tais Como a existéncia de tarifas sobre as importagses do produto, m: no 05 efeitos indiretos désses eros sdbre 0 prego dos materiais adlquiridos.* Como j4 foi anteriormente assinalado, a andlise parcial est su- jeita a dois tipos gerais de crros que resultam das possibilidades de interconexdo: a ineapacidade de determinar a quantidade que serd exigida de determinada mercadoria e omissio das economias exter nas, devido a investimentos em outros setores. © primeiro. tipo de érro talvez tenha maior significado quantitativo, Para medi-lo seria necesséria uma comparacdo das previsées de produgo que seriam feitas jgnorando 0 esquema input-output com os resultados obtidos com 0 presente modélo, Estes ertos seriam menores para os. bens finais ¢ maiores para os produtos intermedirios ¢ servigos 20 pro autor, Visto que os dllimos setores.apresentam maiores coeficientes de capital, os erros na estimativa das necessidades de investimento 8 Em Application of Investment Criteria, de minha autoria, publicado no Quarterly Journal of Economics, fevereiro de 1953, pags. 16-06, st geri'um método que utiliza a andlise setorial parcial 476 A ECONOMIA DO SUBDESENVOLVIMENTO seriam maiores que os erros na previsio da_produgio. No entanto, io podem ser medidos aqui por falta de uma dase de comparagio. segundo tipo de érro — a omissiio das economias externas pode ser isolado, supondo-se 0 mesmo conhecimento da interdependén- cia do produto em ambos os casos ¢ a utilizacio de precos correntes constantes na determinacdo de que mercadorias serao produzidas no interior ou importadas. O método parcial suporia, portanto, uma re- Jagd constante de valor agrezado producao total em cada tentativa, Para comparar éste método com o modélo de programagio linear, claborei uma solugdo que corresponde, aproximadamente, a tentativa AS do Quadro 4,"em que o aumento’ do Produto Nacional Bruto & quase o mesmo (ver tentativa E, Quadro 4). As diferencas entre estas duas solugdes mostram a magnitude e também a natureza dos erros do método parcial. Em térmos da prova geral das necessidades de capital (supondo- se neste teste 0 trabalho como livre) a diferenca de cérca de 115.000 milhdes de liras no é grande: eérea de 4% do total das nccessidades ée investimento. Se limitarmos a comparagdio aos casos marginais em que as economias externas tém algum significade, esta diferenga sera muito mais importante, A melhor prova da ineficiéncia do método parcial é 0 fato de que a produtividade marginal do investimento (a reciproca do prego das divises) com o método parcial € muito mais baixa — 28% — em comparacio com 35% para a programagao linear. Esta diferenga resulta do fato de que as economias externas nio sio consideradas, indo dai 0 subinvestimento cm alguns setores. Em outros seto- res 0 investimento deve ser rebaixado a niveis inleriores de produtivi- dade, a fim de assegurar o mesmo aumento do Produto Nacional Bruto. Haverd subinvestimento nos setores que compram em grande quantidade de outros, como na producdo de bens finais. No presente cas0, a producio téxtil foi inferior, com 0 método parcial, em apro- ximadamente 40% om relacio & programacio lincar. Contririamente, hhaverd superinvestimento na producdo priméria ¢ nas indlstrias bisie as, compensando o primeiro érro; a agricultura, com 0 método par- cial, € superior em aproximadamente 30%. Sem levar valores dos diversos parametros, haverit uma prei iitiea a favor da produsio_priméria ¢ das indistrias basicas ¢ contraria aos bens finais, no caso de as cco- nomias externas serem ignoradas. Estas predisposigées.estendem-se ‘também aos setores de importacao. A INDUSTRIALIZACKO NOS PROGR. DE DESENVOLVIMENTO 477 0 Planejamenio do Desenvolvimento Industrial. Para melhorar a andlise parcial, alguns dos efeitos da interdependéncia estrutural devem ser levados em consideracio. A metodologia aqui utilizada pode ser itil, inclusive quando nfo se conhecem todos os elementos. Bste méto- do tem vantagens decorrentes de que @ interdependéncia da economia niio € geral, Verificando-se, em grande medida, “num sentido”. A de- manda de materiais basicos depende da procura de bens finais; a demanda de minerais e produtos agricolas depende das duas primeiras Categorias ¢, finalmente, a demanda de combustivel, encrgia, transpor- te € servigos a0 produtor depende de tédas as demais. A extensio desta interdependéncia num sentido, numa economia italiana, esté dicada no Quadro 1. Menos de 5% das correntes interindustriais apa- recem & direita da diagonal, una vez que se tenham ordenado os setores de tal modo que as interdepondéncias circulares se tornem minimas. Para computar as necessidades de produto deveriamos partir dos seto- res que se encontram na parte superior da lista, enquanto que para descobrir 5 efvitos das economins externas sObre os precos deveria- mos partir do final. Um procedimento que introduzird alguns dos elementos de uma andlise do equilforio geral na abordagem setorial usual é 0 seguinte: 1, Divide-se a economia em tantos setores quanto possivel a fim de que se possa trabalhar com éles e numeram-se os mesmos pela or- dem da maxima interdcpendéncia num sentido, como indicado no Quadro 1 2. Organizam-se os projetos dentro de cada setor, de acérdo com seu rendimento marginal em relacio a0 investimento, utilizando os egos previstos e corrigindo as tarifas, su ete., quando postive 3. Estima-se a demanda final da economia que resultaria do aumento da renda resultante do programa de investimento, 4. Utilizando a produtividade marginal do investimento dada, ex- luem-se os projetos com rendimentos inferiores em cada setor, sempre que howver a alternativa da importagao. Incluem se todos os projetos de exportacdo que ulirapassam o nivel estabelecido para a produtividade. Comeca-se do fim da lista, fazendo as estimativas (com servigos © pro~ ucio priméria), revé-se 0 custo dos materiais comprados, sempre que possivel, com base nas decisoes prévias quanto a importagoes Ou pro= dueao nacional. 5. Partindo do principio da lista de setores, computa-se © pro- duto necessirio em cada um, tendo em vista a demanda final a uti- lizagao estimada nos setores prezedentes. Computam-se as importagoes, as exportagées ¢ 0 deficit da balanga de pagamentos. 478 ‘A ECONOMIA DO. SUBDESENVOLVIMENTO 6. Hi que se rever pata baixo a parte do programa quando 0 deficit comercial & excessivo, Repete-se 0 céilculo até satisfazer os li- mites do investimento, das divisas e de outros recursos. Seria necessirio um estudo muito mais prolongado que éste para explorar os problemas priticos implicados em cada uma destas etapas. Estes variario segundo o tipo de informacio de que se disponha. Uma grande vantagem da uilizacao déste esquema pata a anilise do inves- timento é que pode incluir qualquer tipo de informagao fragmentiria de que se disponha, procedente das fontes mais diversas: estudos de en- genharia, andlises de demanda, estatistica de IV. Concuusdes © papel da industrializacio no desenvolvimento econémico nfo pode ser avaliado considerando-se somente setorcs isolados. Este arti- go examinou os modos como nossas decisoes padem modificar-se a0 considerarmos 0s efeitos totais de um programa ¢e investimento. Para fazer esta pesquisa tive que abandonar as hipéteses de ceteris paribus a andlise do equilibrio parcial ¢ tive que trabalhar com um sistema de equilibrio geral. Embora alguns dos parimetros tenham sido esti- mados a partir de fontes inadequadas, os elementos mais importan- tes — 05 coeficiemtes de input — s80 0s mais dignos de confianca. Poucas das conclusdes a que chezamos acima ter-se-iam modificado se fizéssemos grandes desvios nos demais pardmetros. © conhecimento da interdependéncia estrutaral € especialmente importante nos sctores industriais da economia. As economias exter- ‘nas que ocorrem nestes setores fornecem a justficativa para o investi- mento em capital social basico ¢ em boa parte da produgio primétia. (0 nivel desejado de produgio em cada setor industrial depende do de- senvolvimento dos demais. Vimos que as proporcSes fatoriais, as vane tagens comparativas e a taxa de crescimento afetam a quantidade © 0 tipo de investimento industrial desejével. O principal resultado a que chego €, pois, insistir na necessidade de uma andlise geral para o pla- nejamento do desenvolvimento industrial =e A ATRACAO PELO CONFISCO NO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO * M. BRONFENBRENNER “O que é meu € meu, eo que € scu € meu também, Provérbio Apécrifo Conunista ‘A aTRAcko Do CONFISCO no financiamento do desenvolvimento eco- nomico nao resulta de “pura propaganda” no sentido de que envolva ‘uma falicia econémica. Deve ser levada a sétio © nio descartada por analogias faceis do tipo da “galinha dos ovos de ouro” ou do “tiro no escuro”, Isto porque 0 confisco ndo matou a galinha dos ovos de ouro na Unio Soviética, na China ow em outras “democracias populares”. Parece, pelo contrario, ter sido um mecanismo importante e que per mitiu que ésses paises se desenvolvessem ¢ se industrializassem rapida- znente, enquante esto ficando para trés outros paises em que a influén- cia da ética ocidental tem sido mais forte. E discutivel se ésses paises que tém ficado para trés poderdio, permanentemente, esquivar-se do mecanismo de confiseo do capital Sob seu contrdle, a’ menos que Thes scja fornecida grande quantidade de capital estrangeiro, em condigdes atraentes; mesmo assim, ainda é discutivel que tal largueza sirva aos interésses econdmicos dos paises prestamistas. * Publicado em Economie Development and Cultural Change, vol. 11, 9 3, abril de 1955, Reproduzido com a petmisséo da Chicago University Presi e do autor,

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