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Este texto es utilizado parcialmente como material de consulta académica. Siempre debe ser debidamente referenciado - Se prohibe su venta 0 fotocopia Os-valores Sao procisos 5U anos para fazer um homer Plataod ‘Tratar 0 homem como fim, nao como meio, 1, O mundo dos valores kan) 2. Valores e valoragio © homes € um ser cultural, capaz. de trans formar a narureza conforme suas avcessidades cexislenciis, por meio de uma sgio imtencional e planificads. A fim de estabelecer as pricsidades ‘com relagdo as necessicates a serem atoncldas. © boxnem precisa escolher 0 meias ¢ os fins da to a partir de valones. E1em funggio dos valores ‘que sentimos alragio ou repulsa, desejamos ou rejellamos coisas, situagies € pesos ewe o nascimento nos encontramos envoitos por valores herdados. porque © munsdo cultural & un sistema de sigificades: estuhclecides por 00 twos, Desse mmo, prendemos desde ceo como hos comportar A mes na rus, diane de estranhos; ‘somo. quaneio © gute falar erm determina cir ccunstncias: como andr, comer brinear, come co briro corpo e quando desnudi-lo: qual e parc de beleza: que direitos e deverestemos. Na rnedida em aye atendemos ov trauseredimos vertos padres, nnossos comportamentos so avaliados bons ou ‘maus, 6 que produzimos éjulgado belo au fei. Diversos st 0s valores, entre eles 0s econd- Imicos, vitas, légices. étieos, estéticos,religio- 05, abragando tods 6s niveis da. viveneia hu- -mana 0 que nos leva a coneluir que é mpassivel viver sem eles. Bmborao reconhevimento do universo.de var lores soja tio amtige quanto a capacidade que thomem tem de penser a rexpeito de sits ages, apenas. no sécule XTX surge a teoria dos valores ‘ou axiniogia (do grego axios = valor} como dis- cipfina filosélien especitiea que aborda de ma- neira sistematizacs essa temic. 118 ARRUDA Ma. Lucia. Filosofia da Educagéo Estamos sempre fazendo juizos de reatida: dde, isto 6, constatamas a existéncia das seres (eX: esta mesa, esta caneta existe}, assint como afirmamos as relagées entre os fendime ‘hos (¢X.: 0 ealor dilata os corpos), Estabelece- mos jufzos de valor quando descobrimos nes- sas realidedes um coateiido que provoca atra- 40 cu repulsa. Isso significa que, além de constatarmos a existéncia da mesa, julgames se bela, se 6 til, se é eara eve. Da mesma formna a0 alirmarmos que “o calor dilats os corpos”. nos perguntamos se isso tem um valor de ver- dade ou no, No entunto, os valores ado sdo, no senti- do em que dizemos que ay coisas so. O Tie I6sofo Garcia Morente diz: “Os valores 130 so, mus valem, Uma coisa é valor ¢ vutra coisa é ser. Quando dizemos de algo que vale, nao dizemos nada do seu ser, mas dize mos que ni & indiferente. nfio-indiferencs constitni esta variedade ontolégica que con rapide 9 valor a0 ser, A nio-indiferenga é& a esséncia do valer” seo signitica que nio permanecemos indi- ferentes dianle dos seres que eanstituem 0 n0s- so mundo familiar, pois constantemente atri- Duimos a eles valores bipolarizados: bom © au, verdadeiro ¢ falso, belo ¢ fei0, generoso © mesquinho, subline e ridieulo, e assim por diane 1 Firdomestoe de flea. 296, Este texto es utilizado parcialmente como material de consulta académica. Siempre debe ser debidamente referenciado - Se prohibe su venta 0 fotocopia ‘Ainda mais, os valores nio “impregeain” as sojsus, mas dependem do homem no seu esforgo de valoracio, A valoragio & pois, @ experiéacia axiol6giea de um sujeito dentro de uma situagao vonerete. Diz Pierre Furter: “Aocrescer, ojover descobre que 0 StU vorpo, 0s scus gestos, a stat ‘maneira de aparecer aos outros manifestacam & fourrem verlos valores de que nem tiaha consei= @ncia, Durante a sus aprendizagem 0 joven -— ‘mas isso continua sendo verdisleino para 6 adul- fo —deseobre que as téenicus, os equipamentos ‘ests a3 Ferramen tal modo que nenhuuma téeniea pode ser de fate ‘empregatla dle enaneirs neutrat Afixaiar que a valoragio depende da situagio vivida ndo significa dizer que os valores sao sub jetivos, no sentide de variarem de individuo para individuo, B ainda Furter quem diz: “4 nossa in- tengo ado € de “relativizar’, may de mostrar a necessidade do relacionamento dos valores com ‘nia dads situagio”’ Por isso a valoragéo supa 4 comunicayae enlre os homens, comunicagde ‘que se di ndo 6 com nessos contemporineas, ras Lambém com nossos antepassados, de quem herdamos valores, O ato de valorar € uma tarefi humana ¢ coletiva que munca termina, Ele “fun- damenter © projeto comunr de dar tam sentido aavnosse mundo”. 3. Valores em educacao Sc 0s valores esto ma base de todas as nussis agdes, & inevitivel reeonhecer sua importanci [pars @ pris educativa. No entanto, o§ valores tmansmitidos pela sociedade nent sempre sto chi- raumente tematizados, ¢ até mesmo muitos edu- ‘eadores no basciam sua pritica em uma refle- xo mais oma a espe, A educagao se tornard mais eaerente ¢ eficaz se Formos capuzes de explicitar esses valores, ou sela, se desenvolvermos um trabalho reflexive que esclarega as bases axiol6ysicus dt edcagio, ‘Neste capitulo, vamos dar destague especial 30s valores morais. potions e estéticos. Bvidenteren- 2 targa vis,» 3 Rueda e vite pH. 4. eo ee 9. US ARRUDA Ma. Lucia. Filosofia da Educagéo seyoosas questoes estario permecandy,o tempo todo, ‘os demais capitulos, ja que no se pode falar em tcoriay ea educagiio sem se referira valoves. 4. Educacao moral: 0 sujeito auténomo ‘Demaneiva gengrica, a moral ¢ conjunto de regras de conduta adotadas pelos individuos de tum grupo sociale tem a finalidade de orgunizar ap relagSer intempessoais segunda a vulores do bom e do mal, Cada sociedade estimula alguns comiportantentos, por considers los adequade, ¢ sujeita outros a sangies de divessos tipos, desde unt olhar de reprovagao até @ desprezo ou a n= ligmagdo. (Ora, homem nfo nasce moral, torm-se £10" ral, Nesse sentido, € importante «propel deses- peniado pela educago, nao mediante “autas de moral”, mas por meio do process mesmo da ‘educacdo, enquunto a consideramos uma inte raga entte Seres sociais: aprende-se moral pelo consfvio humano. O ecuesdor Rebou! diz que “vodo professor é professor de moral, ainda que o iznore". Por isso 6 bom que o professor reeonhesa importante papel que desempenha na formacay dos jovens. Dessa forma, quanto anais infencional Yor sua suagiio, melhores serdo os resultados. Aléin disso, esse processo de conscientizagio cle valores tard 2 ligagio entre a escola e a vid «dlucamos para que se formem pessoas capazes do “bem viver", A partir de critéries: morais, "oom + significa agir virmosamente, apir segmdo principios. E antiga u discussao a espeito da pessibil de ou no de se cnsinar a virtude, Recenlemcnte, Lawrence Kohlberg, um psie6logo amesicane {alecido om 1987, ocupotrse amplamente com: essa questo, Implantou diversos programas vole ads para 1 educagae moral, a partir dos quais ‘elaborins uma teoria sobre os estigios ds cons trugio da moralidade (ver Cap. 22), Ensinar a virtude no deve ser entendido se- ‘undo a mancira tradicional ¢ conservadora ¢2 “ar ligdes” sobre o que € justiga, temperang2. piedade. coragem etc. Mais do gue ensinar con- tetidos de moral. a preceupago de Kohlberg est em enfatizar a dimensio formal ¢ processual da 19 Este texto es utilizado parcialmente como material de consulta académica. Siempre debe ser debidamente referenciado - Se prohibe su venta 0 fotocopia constituigdo da conseiéneia moral. Herdeiro da epistemologia de Piaget, ele buses etiar con shes para que as pessoas alcancem por si pré- Pras ox estégios mais alos da moralidade. A detinigio de moral da inicialmente €, por- tao, incompleta.O verdadeiny homrem moral na secebie passivamente as regras do grupo, mas as aveita (ou recusa) ive e conseientemente Issosignifica que a moral tern uma duphs Lace coonstiruid polos aspectos social © pessoal, Se esses pls Sio contraditsrins. no deixam de ser incopariveis, Tormar-se minal € assum fre -eite earas que possibiliem 9 creseimeno pes soal, entendendo-€ pessna como alguém gue Se integra em win grupo. Ise mio é Facil, Se pensar= smo que a sociedade € plural ¢ se constitns de valores contiitames, chante des quai devemos ‘nos posicionare escolher, ao mesmo tempo que ‘uceitamosa divergéncia ¢ 0 confronto de ids. Bein sabemos que a edueagao para a liberda- de comega coda e que cada etapa do erewimento tem caractorisiens proprias, Chegando & jade ‘adulla, 0 homem esteria pronto para tomar-se plenamente moral (9 que nda sipnifics que iss ucontega de fato!). ‘A plenitude da vida moral acontece & medila ‘que © homem desenvolve a inteligencia e & aletvidade, rornanda-se cupae de perceber raci- nalmence 0 raunde por mei ke ahstraya0 e exit- ca, uo mesmo tempo que, pela soldariedade & pela reciprocidade, ulirapassa © egocentrismo ‘nfansil, Sé eno poder rever mealuramente 0s valores hordados & estsbelecer propostas de mau- danga io €& ton que o manent por exceléneia da claboragio da vida moral adolese8ncia, qui do ocostem tantas crises, Nesse estigio do de- senvalyimento humane ¢ homem pode passar dat heieronoiata para a autonomia (auto = prope). A Tei a que cle abedece nio mais 6 imposta do exterior (hetero = outro, diferente), mas ditads: pelo préprio sujeito moral, Nesse sentido, somas livres quando capazes de autodeterminagao.. E bom lembrar que auxonornia nfo se contun- de com individualismo, porque ser moral signifi cea ser responsivel (responder por Seis ates) € ca paz dle reciprocidade (toda agao 6 imersubjetiva). A.aprendizagem da vida moral nao € espon. ‘nea nem resulta de um automatism, Dui as die culdades que impedem muitos de aleangarean ‘os niveis morais prais altos, 0 que iio nos sur preende, em face das caravicristieas individua- Tistas © altamente competitivas ds sociedade em, que viveros. Como aprender 8 solidariedade no ambiente do “salve-se-quem-puder”? 5. Educar o cidadao 7 Nao nos demoremos ai. 38 que aborda- nos essa questo no Capiinto 3, Comecemos relembrando que a poli diz espeito no uso do poder que tora possivel a aciministragio ta cidade, ou seja, oespago de atvagio do vi+ dadao Se consulamios os livis de bistérs, vene tnos que a educagée das eriangas e dos jovers tem ated is expecrativas ds grupos gue de ten o poder em cada sociedade, Compreende- an vejevem comins. A medida que sluno ve devenvolve, a tendéncia&o professor" perder” uutordade,por- aque oaxpectoassinéico ds relagio vab despa rover dectetado a "morte” de pressor. No € tre fei fazer com que une te (que éheterogéneae assimdirica ao inicio do peo tessa 0 transform. chegtado 2 ser siméiicn homogénea no final. © caminho ¢ cio de act dents. pois educa pana berdade supe a val rizagdo do plursisme das 568s, 0 que leva eclosdo de divergéncias e, conseqiientemente, a0 oaflto. or uma questo de coorénea. éprecsn recuperar a nogto positiva de que oconflito € uma das condigges principais para a existéneia de wm. rind lie. Para no sucumbir& tena da te rania,temos de aprender a “trahalhar” © conto, Além isso, se admitirmos a possibilidade de Tiberdade, nie hi como prover o desenlace de (qualquer processo desencudead, Dat ser inadle quuda a pergunta sotrida de tantos pais que, de saprovando 0 caminhw seguido por seus Bilis dircm: “Onde loi que en ere Ora, educar nia € dirizir 0 filng ou o auno pa pry escuela de ate vondigies para que o educando se encontre e aca seu proprio caminhe., Est aia grandera eo lis te da educagio: pais e mestres precisam ser tole rntes o suficiente para revonecer que nem sem- pre sens Valores So to universais quaatn imegi- nam: ser humildes pars adnhitit que eventual- mente eles mesmos podem estar enganadas; ©, Finalmente, sbandonar 0 desejv sk: enipoténcia, pois, « homem é livre, nao ha como abigé-to anio errar. ‘Assim, segundo Reboul, “toda edueagio ‘somporta ten ise0 ae malogro". as € Ua Dropes Mas ests idéia de iterdade — nao me incomades que eu também te nfo incomodo a ti—, seja isto dite a um colega soja dito @ um professor, diria au qua é 0 primsiro grau da liberdace, & 0 grau ‘mais baixo da libordade. Para mim, conforme as palavras de Mars, ‘a verdadetra liberdade consiste, para cada um, em ver em cada hamem nao a limitagao mas a realizagao da sua liberdado". A liberdade é a uniao de todos nés pera criar um mundo mais livre. Mas € um sentimento de liberdada a que a crianga no pode chegar por st propra: nae © alcangara sem uma longa e constante intervenga0 do adult. {Georges Srycers) 2 Visto que a autoridade compre exige ovedigncia, ela 0 comumente confundida com alguma forma de poder ou violBnicia, Contudo, a autoridade exclul a ullizagzo de meios extemos de coergao: ‘onde a forca € usada, a auloridade em si mesma fracassou, A autoridade, por outro ‘edo, ¢ incompa tivel com a persuasao, @ qual pressupoe igualdade e cpera mediante um proceso de argumenta- ‘¢40. Onde se utlizam argumenios, a auloridace é colacada ern suspenso. (Hannah Arendt) 3 © quo 6, pois, aliberdade? Nascer 6 a0 mesino tempo nascer do mundo @ nascer no mundo. (© mundo ja esta constituido, mas também nunca completamente constituldo. Sob a primeira reta- go somos Solietados, $09 a segunda somos abertcs a uma infinidade de possivels. Mas esta 194 ARRUDA Ma. Lucia. Filosofia da Educagéo Este texto es utilizado parcialmente como material de consulta académica. Siempre debe ser debidamente referenciado - Se prohibe su venta 0 fotocopia andlise 6 ainda abstrata, porque existinos sob as duas relagbes ae mesmo tempo. NB hd nunca, pols, determinismo e nunca escolha absoluta, nunca sou coisa e nunca consciéncia nua, (Merleau- Ponty} 4 Ronunciar & forma estélica & abdicar de sua responsabilidade. Abdicagdo que priva a arte da Jorma masta pela qual ela pode char esta auita realdade no interior da realidade estabolecida: 0 Universo da esperarga. (Marcuse) 5 Entendo por imumanizagdo o processe qué confirma no homem aquales tragos que repulamos essenciais, como o exercicio da refiexao, a aquisigao do Saber, a boa disposieao para com o prox ‘mo, 0 afinamento das emogdes, a capacidade de penetra’ nos problemas da vida, 0 sonso da belo- 2a, a persepeéo da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura dasenvolve fom nds a quota de humanidade na medida em quo nos torna mais compreensives © abertos para a salureza. a sociedade, 0 semelhante, (Antonio Cancido) complementar ] {0s programas de educagéo moral] Kohlberg procurou discutr com os colegas os prohlomas emergidns nn rantevin da arhieagaa moral. Para expicar as resisténcias desse con- texlo com relacio & educagao moral. pds em de baie 0 cue chamou de [euricuo acute] hiaten curriculum (atmostera moral moral atmosphere i) conceited curriculs acute alude ao fato de ‘quonde oxiste um curiculo espec'tica paraa od ‘cago moral, mas, consciente 0. ingonsciente smenle, professor ad.ice Segundo principios mo- ‘ais nom semare expletados. Esses principios impliitos no sistema escolar ¢ transmitises palo ‘context social mas amlo muilas vezes no sa0 conscientizados pelo protessoretraduzem-so orn suas prateas educalvas. Por tas do curicule of al, t9guar, esconde-se, pois, um outro curiculo ‘0 programa soci: 0 hig curiam. Kohlberg no aareditava na posstbildade de ceservone’ um curricula especifico para a ecu cagdo moral. Todas as formas de cond, todos ce famas, tdos o¢relacionamontos dentro e fora da escola tornaciam maternal par a rellexeo #0 julgamento moral. educagde moral ndo pode- fa, 008, ser tealizada de forma direta, sem me- iagies. Mas isso néo signiieava que ela no pudesse ser ralizada de ‘ora conscienia, er pleno conhecimento de causa dos macanismos psiquicas da consirugao da moralidsde 0 das re- 4785 epracas socia's © pedagégicas om uso no ARRUDA Ma. Lucia. Filosofia da Educagéo contexto escolar. Por isso, insistia na necessida- de de telnar a8 profersores « tomato censci- ‘entes de sua influéncia sobre a formagaa geval dos seus alunos @ ante sau dasenvewuimanto moral. Em lugar de um curriculo ocullo no conscisntizado, colocava sua teoria da morali- dace como matviz de arientagéo da prafessor em sala de aula. Conhecendo a psicogdnese damo- ral, suas elapas 6 seus mecanismos, 03 profes- sores estariam em condigdes de usar qualquer aula (inclusive de matemiatica ou lisiea) para alu- dar a promover a passagem de consciéncia mo- ral de um estagio inforior para um estiigio mais elevads. A teoria peicolégica da moral tomaria, pois, © lugar do curriculo oculto. Como neste, @ teoria nao poderia ser mencionada em sala de aula, mas poderia servir como fc conciutor pare a piatica de ensino de professor. (..} ‘Com 0 terme atmosiera moral Kohlberg tazia, referéncia ao clima social mais cu manos favorae vel pata 2 realizacdo com éxito de programas de ecucagao moral. Assim, a atmosfera moral do- kibuiz em Israel era mals propica & educagac moral, segundo og preceitos da teoria de Kohiberg (incluindo os valores of libardade. jus+ tiga © democracia) do que @ almastera moral em. um poveado tradicional na Turguila ou uma pr so nos Estados Unidos. (Barbara Freitag, linerarios de Antigona: a questo de morelidade, p. 218-220.) 125

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