You are on page 1of 9
EXISTE UMA NOVA FORMA DE ATENGAQ? Sérgio de Campos! 0 que é atengio? Considera-se que a doe Jonsidera-st a atengao & um con) a conjunto de proc ‘Ocessos psi- qquic clecionar, fi ar, filtrar © or + filtres ranizs dados cm unidades controliveis © sipnifieatiy; we cos que fornia O SujcitO Eapaz de ros ae ee n 8." Grosso modo, dis- icos de atengav. O primeiro tipo é tinguem-se dois tipos eee ‘ atengio yoluntiria ¢ ativa, que exprime a intengao da consciéneia sobre a is s fa Sobre v ob- jet. O segundo nomenese de atengao espontinea, o ato de despert : l 10 espertar atengio de maneira momentinea ¢ incidental sobre o objeto, A capacidade normal de focar e sustentar a ateng >éde- sia”. Fim contr nominada de “normopros artida, a “hipopre Eadiminuigao da capacidade de estar atento, seja por razbes transi- em virtude de fadiga, da diregio da atengio torias ou fisioldgicas, yoltada ao mundo interno, do tédio ou de atividades complexas. Bb sinalar que a distragio ¢ um sinal para a psiquiatria ¢ um lise. Com efeito, pode ser resu 1 da atengiv sobre determinados contetidos, no c da subjetividade que, por sua vez, ara todo o resto circundante’ No ado de instabilidade Jo de uma sintoma para a psicana O ativa hipereoncentra geralmente, do mundo inte io p: acarreta uma inibigao da aten Je permanente é um es a itado de uma incapacidade Ngo, rest ¢ configura um quadro grave entanto, a distra marcante ¢ mobilidade da at de fixar a atenciv sobre um objeto, 0 qe eraro, zo, ha duas formas: aarengte Lim relagio a diregio da atengae, ha duas formas: Hale yoltada para fora, part os” b- era € vO! externa ¢ interna. A atengao ext 67 Digitalizado com CamScanner jess do mundo cate o sujeito utiliza 0s sen 7 para o mundo exteme, © SUF oa — ae a n, a0 e jo, Ja a atencao interna dite, Indar, olfato, audica0, © aon . esti voltada gio externa porque : ee ; de uma atengio reflexiva, meditativa € intro ospecuva! 4 — srada mu: interne, 2 30 da atengio pode ser vetorizada para o mundo intern reqio da aten pelo sujeito, em virmude de um conilito, de um para o mundo interno ¢ Sub Aexivs netra reflexiva eel roma que acarrete sofrimento versa, restari a0 sujeito uma desaten ico, de sone $40 para cog ou de um sint de maneira inv mundo extemna, : Em relacio 4 amplitude da atencio, se, por um lag s¢ a atencio focal que se mantém concentrada de man ¢-circunsenita sobre um determinado objeto, por outro, hi 0s estimulos extemos, os fatores subjetivos, os estados a graus de motivacio ¢ as demandas de respostas. cap calizar a atcngio flurws, diretamente, conforme o nimero dec ges mentais que precisam ser realizadas a0 mes scordo com a dificuldade da taref’a dada Para a psicopatologia, a atencio é 0 que condicio: dade ea precisio dos fentimenos psiquicos® Com efeito, 2d di consciéncia é 0 estado de concentracio da atividade sobre determinado objeto.? William James assinala que no tempo tmulhies de itens se apreseatam a0s meus s sarem na minha experigncia. Py meu intcresse. Isso coasiste ‘com outras* idus sem n ot qué? Porque esses Minha experigneia ¢ aquilo que cun: em abdicar de algumas coisas para bdar A atencio seletiva permite a elei oo ee jamiss Para. o sujene, Especialmente, ‘nvadido por mithares de inform, 10 das informac’e: no mundo de hoje, oS undo ces advindas tanto do mund Digitalizado com CamScanner ganto de sua propria subjetividade, Assim, a ¢ f permite filtrar, processar e organizar os dados uando a atencao elege alguns estimulos, a atencao diminui sua Sande de responder a outros. Entretanto, o objeto que um ado- : ae escolhe € seleciona como alvo de sua atencio nem sempre ies a com o objeto de interesse do educador. E Preciso ressaltar “ ° desempenho de sustentar a atencio, geralmente, diminui com a do tempo. A capacidade de manter a atenca oe jo entre os estimulos distrativos e os estimulos -sailincia, da fadiga, da motivacao ou do tédio, Como esperar de um adolescente — acostumado a toda sorte de estimulos na infernet—a atencio solicitada para uma aula de 3 minutos na qual um professor usa como recurso apenas a fala. o gzeo quadro negro? E interessante observar que criangas tidas como supostamente desatentas se divertem petmanecendo com suas sencées focadas durante longos periodos, ora comunicando-se por neio de ipod, iphones, ora em jogos eletronicos repletos de estratégias complexas que exigem diversas operac6es mentais. Cletividade da Mais televan. io depende da alvos, do nivel Existe uma nova atencao? Da invengio da roda, passando pelo advento da luz elétrica, ’sinovacdes de novas tecnologias, todas essas descobertas, sejam quais forem, instauraram um novo equilibrio em nossas faculdades mentais, que acarretou novas realidades, perspectivas de percepgdes ¢ motiva- Ses? A eletricidade mudou toda uma mancira de estar na vida, pois “primiu as divisGes entre noite e dia, entre os espacos fechados ¢ aber- Salterando toda a nocio de espago ¢ tempo na sociedade. A luz cle 8 possibilita levar a cabo operacées delicadas sem que seja Precis nL Conta © lugar, a hora e o clima, © efeito advindo dessa ae ; umsto € configuracao da vida em virtude da invencao da a “fois angisia e depois o séress na vida individual ¢ coletiva- Digitalizado com CamScanner porn hado, produziy tecnolo} invens ee rormidade de transtorny recontigurande a rey uel f alelou profind nears € ullurals, v subjetivicace « ca ( ml idaale, | de nos avanypliagio de nos iio resta dtiviel jamente MOssa yor OUltO, s foram vistas por Freud jnvengoes cap cidade: a cle que 0 computador pode rms, Se pommutnte de locomover, de esca rei somo unt are ver, entre oun ado um prolongytnente do cérebro human, ¢ a dle, dos circuitos neuronais.!? A ser consider sim, uma uma extensio da rede ¢ empre em situagi com o ser humane, de modo que as novas tecnoloy, simultinco movimento de “homogenetzagae unl er" quina inventada esti s io de complementaricdade as causan itn pacto num duplo & versalizante ¢ reducionista da subjetivida Na atualidade, a sobrecarya de informagao se move de Stantinea ¢ fragmentda, O lapidar postulado de Met uhan ado um ambiente ma neira ir de que “o meio éa mensagem” significa que foie totalmente novo que reestrutura a antiga mancira de se ‘adquirir in o pre formagdes, Com efeito, 0 novo ambiente converte aquele que as c ambicntes, come cedeu numa forma de arte, Portanto, tecnolog| je estat causas ¢ consequéncias, transformant a mancira do sujeito de no mundo," od : A internet, que, pela sua velocidade, conduz © prec comunicagio mui A . - unicagio muito mais além que outros meios de informagao, Por sua ver, reclams t-ver, reclama, durante todo © tempo, por uma atengao flutuanles hipote " ain fice’ € Sincopada. A internet s\ = dlienersi a : ala, ret Suscita uma atengao dispers# mentada, curic 6 T ltl tadas adv s advindas de di i : diversos ca - saber, . 10 complementam, m sos campos de saber, due | difie: : Cinvestipativa para colher informagoes ™ AS que = ae nor que compdem um mosaico ¢m constamte ssp es intel infinit?® 0? Porta ANLO, Se, NO : > NO Contemporinco, constata-se que ¢ ‘empo, a comunieay ‘lo, a inf . an 0 canes informagio, a Familia, a8 eas nto cientific ie seplos, muda cientific entre Plausivel s hipin 2 a mestn Pessoa 0, a psicanilis "UM, por que na ese de que a it Medi 10 haveria de mudar # 10 1 res Ht leant Atengiio contemporanes oa tem que ela é um sincom 10 Digitalizado com CamScanner das novas tecnologias e que cada vez mais se expressa no mundo de hoje. Trata-se de uma atencao desatenta, entretanto, que nao chega ase configura como um “Transtorno de Déficit de Atengio ¢ Hiperatividade”, ou outros transtornos semelhantes. Se, por um lado, yive-se num. mundo que exige uma aten¢ao flutuante, fragmentada hipervigil, que captura © objeto num instante para depois perdé-lo jum momento seguinte, por outro, a atengao se volta para dentro, refugiando-se no mundo interno, na medida em que a subjetividade no encontta mais espago para se expressar em palavras. Normatizacao da subjetividade De inicio, pode-se dizer que nao existe apenas o mundo ob- jetivo. Com efeito, a objetividade esta em dialética com o mundo sub- jetivo, no que tange aos aspectos particulares de alguém dentro do universo social. Resumidamente, a subjetividade é a capacidade do individuo de se insetir como sujeito no que concerne a sua particu- latidade em relacio aos seus desejos, suas demandas, suas escolhas, sua historia de vida dentro do contexto social. A subjetividade ¢ 0 cotolitio do aforismo soctatico “Conhece-te a ti mesmo”. A subje- tividade, ao levar em conta a patticularidade ¢ a singularidade, pto- move a diferenga de cada um em telagio ao Outro. Portanto, é na oe que alguém manifesta sua subjetividade em telacao 20 tro, i ic suas Teis’ ¢ A triste verdade acerca do behaviorismo ¢ a validade das suas stem, maior é a possibilidade de que se le de que tolerem 0 nio comport: declinio da flutuagio. fu] A ideal cientifico ind- uma sociedade que quanto mais pessoas comportem ¢ menor a passibilidad mento. Estatisticamente, isso resulta num uniformidade estatistica nao é de modo algam um uo, ¢ sim o ideal politico, ja agora nfo mais secretes de uma soit que, intciramente submersa na rotina do cotidiano, acelm pac @ concepgiio cientifiea inerente 4 sua propr nN Digitaizado com CamScanner neo, ha toda uma questio ideoldgica ¢ gy, No contemporaneo, eer fere ao apagamento dos desejos e das Ferencas . .e refere ao apaga d , are a de uniformizar, especialmente, as demands, Ny a finalidade de te - coma . de resguardar o direito de alguém de ser diferente dp u papel de re eet js a ; psicanilise se contrapde As incidéncias de uma homogenei. zacio dos desejos proposta pelas ciéncias comprometidas com 5 mercado. E fees A medicina, nao raras vezes, ao dispensar a subjetividade, tansforma o enfermo em um consumidor, particularmente, de Novos produtos da industria farmacéutica. Através dos manuais diag- nésticos € protocolos terapéuticas standards, ela bi imperativo de normalizagio. Como restituir aos pacientes seu valor de sujeito e seus direitos para evitar que se transformem tambémem mercadoria, em proveito do mercado? Como conciliar uma medicimt usca propagar seu Buardar a subjetividade de cada um, a psicanalise deve-se colocit Contra a paixio pela Normalizacao da exi ordem”, mecanism, Predominio da ra; téncia e uma “paixio pelt © que nos é imprescindivel para compreender 0 Alo econdmic ‘Ana era pds-moderna."® oliticn hiviente a Politica higienista do bem-estar é da ordem do cole Para todos, A eum bem A polit ica, 208 dtetos pate m8 dimensio dle um bem pant ue © universal, Particular meet 208 direitos do cidadio, 20! nee € todos, Arg a i mente, de uma ciéncia que esteja ao ala” 7 PS visa peoduaie PFOblema, Acontece que esse “vale Pt MeEOtE3, nl mal Pat tades, ve provoca efeitos de unio edlane um objer S088 Forma de un ideslccemees mas au Salmente tome commun dle mercado e 20 mesmo tempo tit! Entretanto, a politica do pat! m2 Digitalizado com CamScanner ; , kantian: como cardter formal da moralidade, um absoluto uni de rept culminou nos regimes totalitariog & que, s sutil, desfigua em impcrativos de consumo, [i preciso 1 aandlo se conjuga com a élica, resulta na étie qua ty QUE Chung), versal, que, vi | agora, de mancira mai altar que a psicandlise nao € contra o fato d ocidadio sc beneficiar dos progressos da ciéncia para melhor ‘a saiide e assegurar seu bem-estar. Afinal, o direito a satide é um dire de todos. Ninguém duvida que as estatisticas demonstrem sua ope- rabilidade em um grande nimero de campos. A questio concerne 4s interprctagdes, aos usos c As consequéncias da aplicacio dos mé todos quantitativos as questées subjetiva lizadas a bem do mercado. A conjungao triangular entre o higicnismo, aciéncia positivista ¢ o mercado reduz os seres falantes a organismos nas ciéncias humanas uti- susceptiveis de cumprir bem sua tarcfa de serem consumidores den- tro do discurso capitalista c da sociedade de consumo.'* A psicandlise propde uma clinica individualizada que escute 0 jovem em sua excecio, levando em conta scu sintoma como algo que diz do sujeito. No que concerne 4 politica da psicanilise, pode- se dizer que cla se coloca contra a tentativa de homogeneizar, nor- matizar ¢ controlar 0 sujcito, pois acredita que, em cada crianga, ha um sujeito que merece ser respcitado em sua singularidade. Portanto, é preciso dar uma chance a crianga para falar a respcito de si, de sua visio de mundo, do que se passa em torno dela, de sua versio sobre ecimento que ela tem de si, das ra: de sua agressividade ou de sua violéncia sem sentido, de sua falta de atengio e de seu desinteresse, de seus conflites ¢ da esfera de seus Aovos interesses, de suas expectativas ¢ de scus desejos, ae ee Sui um saber auténtico, desprovido de semblantes, sem subrerfiigios, © que deve ser valorizado por aquele que escuta. : 20S cada um de seus pais, do conhi 73 Digitalizado com CamScanner Notas valISC © Ut Assi, yo ch Escola Brasileira che Psic pabro ci ; : tide da Crianga edo Ado met A doutor em 2 : er ior da Residencia de Psiquiatria do IRS/LI pay Ty AB 009-2012 i Mundial de Psiean pela EM UPMG, coordenad 2 DALGALARRC INDO, P. P cdl, 2008, p.102. ' a rtmed >, Ac Ls Psigniatria, Rio de Janeiro: Civilizagio Brasileir, yp, Psicopatologia € seminlogia clos transtornos mentais, 2.4 Pon al. TDALGALARRONDO, oily P13. 5 DALGALARRONDO, /oe, ct. 8 JASPERS, K. Psicopatulogia gral. Rio de Janeiro: Ateneu, 1987. v.1, p.170, TCURVILLIER, A. ABC de psiulogia, So Paulo: Companhia Bditora Nacind, 37. * JAMES, W. The principles of psychology. London: Rneycopacdia Britannica, 1952 ®McLUHAN, M. La Iivenda: la comprensién de los médios como extensives del hombre, México: Hditorial Diana, 1973. p.163. "'McLUHAN, /oc cit "FREUD, S. Mal-estat na civilizagio (1930). Rio de Janeiro: Imago, 1980. ‘Standard Brasileira das Obras Psicoligicas Completas de Signund Frend, vXX1). " Dbidem, p10, " GUATTARI, F. Oliv Caosmose: um novo paradigma estético. Trad, Ana Lica Claudia Leio, Rio de Janeiro: Ei 0 iio, aneiro: Kid, 34, 1992. p.5l. Met IAN, M. La Vinenda: la comprensién de los mé tf hombre. Mésico: Ralitorial Diana, 1973. p.14, ® ARENDT, H ai sit 2007p $3." M.A eondizdo bumana, \0.ed. Rio de Janeiro: Forense Univesi®” ®GORIL, RI rension® ios como ext ja Sant€ totalitaire: essai sur la médiealization de l'existence PA ‘nalitique, Patis, p.211 2005, eal i 2005, os- Nutt cae pe pa dualbes: los cursos psicoanaliticos de Jed i lenos ‘ails, 2010. p.209 MILLER, JA, Sate a r m - ja um sents mental para todos, nao sem a loucura de cad you. pl In: Perspect : “MPedias da pricanilise. Rio de Janecito: Wak Editor. 74 ke 4 Digitalizado com CamScanner ias pibliograficas got 1.1 Leon humana. We, Rie de Jancitos Foren prt ence Universiving 5 nin Mitta, 20407, sl LIER, As AIG de pricolgia, Sto. Paulo Companhia 4 RV ES ; Mitora Nacional ws GALARRONDO, P. Psicopatologia e somiologia dos tran pales : rnos mentais. Led, Perry gee: Faitora Artmed, 2008, ae Gorh Ry DEL VOLGO, M. J. Lat santé totaitaires essai sur Iq médicalization gence. Paris: Deno, 2005, . 1D,S. Mal-estar na eivilizagio, (1930), Rio de Janeiro: Ima Standard Brasileira das Obras Psicoigias Completa de Sigmund Fran W. The principles of payholagy, London: Eneycopaedia Britannica, 1952. ‘aasnnose: um novo paradigma estético. Trad, cLicia Cliudia Leio. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. JASPERS, K. Psicopatologia geral. Rio dle Jancito: Ateneu, 1987. «1. McLUHAN, M. La Virenda: la comprensién de los médios como extensiones del hombre. México: Editorial Diana, 1973, 0, 1980. p.81-174, ). Ana Licia de Oliveira MILLER, J-A. Los divinos detalbes:los cursos psicoanaliticos de Jacques- Alain Miller Buenos Aires: Paidés, 2010, MILLER, J~A. Satide mental para todos, no sem a loucura de cada um, Apresen- tagio. In: Perspectivas da psicandlise, Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011. NOBRE DE MELO, A. L. Psiqmatria. Rio de Janciro: Civilizagio Brasileira, 1979. wl. 15 Digitalizado com CamScanner

You might also like