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CAPITULO IX COoNCRETO 9.1 CONCEITO O concreto é um material de construcdo resultante da mistura, em quanti- dades racionais, de aglomerante (cimento), agregados (pedra e areia) e agua. Logo apés a mistura o concreto fresco deve possuir plasticidade suficiente para as operagdes de manuseio, transporte e lancamento em fOrmas. As pro- priedades definidas para este momento sao: consisténcia, textura, trabalhabi- lidade, integridade da massa, poder de retencao de dgua e massa especifica. Em alguns casos, sao adicionados aditivos que modificam suas caracteristicas fisicas e quimicas. Para se obter um concreto resistente, durdvel, econdmico e de bom aspecto, deve-se estudar: @ As propriedades de cada um dos materiais Componentes | As propriedades do concreto e os fatores que podem alterd-las | Oproporcionamento correto e execucao Cuidadosa da mistura ™ =O modo de executar 0 controle do concreto durante a fabricacdo e apés 0 endurecimento A proporgao das materiais aplicadas na fabricagao do concreto em relagao ao cimento indica o trago do concreto. O traco do concreto pode ser apresentado, conforme a seguinte representacao: a) Trago em massa: Todos os materiais medidos em massa Tra:b:ale 1 = cimento (em kg) a = areia (em kg) 120 b = brita (em kg) a/c = relacdo agua cimento (kg) b) Traco em volume: Todos os materiais sio medidos em volume, partindo do trago em massa, di- vidindo cada componente pela respectiva massa unitaria. 1 ar br Yo ta Me |p ¢) Trago em volume com o cimento em massa: ar br 1: : Yer Ve a ce O cimento em kg (usual saco 50 kg). E necessdrio entender que pasta é a mistura do cimento com a dgua, ea ar- gamassa é a mistura da pasta com agregado mitido, Considera-se concreto a argamassa a qual foi adicionado agregado gratido. O concreto é 0 material mais importante da Engenharia Civil onde tem varias aplicagées, tais como: estrutura, revestimentos, pavimentos, paredes, funda- Goes, canalizagdes ¢ outros. 21 CAPITULO IX ConcreTo 9.2. FATORES QUE INFLUEM NA QUALIDADE DO CONCRETO Para serem obtidas as caracteristicas essenciais do concreto, como a facili- dade de manuseio quando fresco, boa resisténcia mecanica, durabilidade e impermeabilidade quando endurecido, é preciso conhecer os fatores que in- fluem na sua qualidade. 1) Qualidade dos materiais Materiais de boa qualidade produzem concreto de boa qualidade. 2) Proporcionamento adequado Deve-se considerar a relagao entre as quantidades: de cimento e de agrega- dos, de agregados gratido e mitido, agua e o cimento. 3) Manipulagdo adequada Apés a mistura, 0 concreto deve ser transportado, langado nas férmas e aden- sado corretamente. 4) Calculo estrutural 5) Execucio das formas 6) Execugao da armadura 7) Concretagem 8) Cura cuidadosa A hidratacdo do cimento continua por um tempo bastante longo e é preciso que as condigdes ambientes favoregam as reagGes que se processam. Desse modo, deve-se evitar a evaporagao prematura da dgua necessdria 3 hidratagéo do cimento. E 0 que se denomina cura do concreto. 9,3. CLASSIFICACAO DOS CONCRETOS 9.3.1 CONFORME O MODO DE FABRICACAO a) Fabricacao no local b) Pré-misturado 9.3.2 CAMPO DE APLICACAO Concreto massa — utilizado em barragens, Concreto estrutural —utilizado em edificios e pontes. 9.3.3 PESO ESPECIFICO a) Concreto ye = 2,0 f/m? b) Concreto comprimido ye = 2,2 thm? ©) Conereto socado ye = 2,3 tim d) Concreto vibrado ye = 2,3 tims e) Concreto leve yo = 1,8 tim} f) Concreto leve para isolamento térmico yc = 0,7 a 1,6 tf/m g) Concreto pesado yc = 3,0a5,0 thm? h) Concreto armado ye = 2,4 tim? 9.3.4 TIPOS DE CONCRETO FORNECIDOS ATUALMENTE PELAS CENTRAIS DE CONCRETO a) Concreto convencional — Utilizado na maioria das obras civis, deve ser lan- cado nas formas por método convencional (carrinhos de mao, gericas, gruas etc.). O concreto convencional é de consisténcia seca, ea sua resisténcia varia de 10,0 até 40,0 MPa. E aplicado em obras civis, industriais e em pegas pré- moldadas. As vantagens so 0 aumento da durabilidade e qualidade final da obra, redugao dos custos da obra redug3o no tempo de execugao. CAPITULO IX CONCRETO b) Concreto de alto desempenho — Normalmente elaborado com adigdes mi- nerais tipo sflica ativa e metacaulim e aditivos superplastificantes. Os concre- tos assimn obtidos possuem excelentes propriedades. E aplicado em obras civis especiais, hidréulicas em geral e em recuperaes. As vantagens so: aumento da durabilidade e vida Util das obras; redugao dos custos da obra e melhor aproveitamento das areas disponiveis para construcao. ¢) Concreto bombedvel — Utilizado na maioria das obras civis. A sua dosagem 6 apropriada para utilizagao em bombas de concreto, evitando segregacao e perdas de material. Sua resisténcia varia de 10,0 até 40,0 MPa. E aplicado em obras civis em geral, obras industriais e pegas pré-moldadas. As vantagens sao: aumento da durabilidade e qualidade final da obra; reducao dos custos da obra e recugao no tempo de execucao ) Concreto de alta resisténcia inicial — Atinge alta resisténcia ja nos primei- ros dias, permitindo a desenforma antecipada. Muito utilizado em obras pré- tendidas. ©) Concreto de pavimento rigido — O principal requisito exigido para esse concreto é a resisténcia a tragdo na flexdo e ao desgaste superficial. Trata-se de um concreto de facil langamento e execugao. E aplicado em estradas e vias urbanas. As vantagens sao: maior durabilidade; redugao dos custos de manutengao e maior luminosidade. f) Concreto pesado — A caracteristica principal desse tipo de concreto é sua alta densidade que varia entre 2.800 e 4.500 kg/m’, obtida com a utilizagao de agregados especiais, normalmente a hematita. E aplicado como contrapeso em gasodutos, hospitais e usinas nucleares. Pode ser citada a vantagem de ser isolante radioativo. g) Concreto projetado—E aquele pneumaticamente transportado e langado a alta velocidade, sobre uma determinada superficie, sendo autocompactado. Destaca- se que suas caracteristicas dependem do processo de projecao utilizado. MATERIAIS DE CONSTRUCAO h) Concreto leve estrutural Tem como principal finalidade a redugao do peso da estrutura mantendo as caracteristicas de resisténcia 4 compressao. A sua densidade é da ordem de 1.600 a 1.800 kg/md?, dependendo da resisténcia exigida e do tipo de agregado utilizado. i) Concreto leve —A densidade desse concreto varia de 400 a 1.800 kg/m’. Os tipos mais comuns sao 0 concreto celular espumoso, concreto com isopor e concreto com argila expandida. £ aplicado em enchimento e regularizacao de lajes, pisos e elementos de vedacao. As vantagens sao reducdo de peso proprio e isolante termoacistico. J) Concreto fluido — Sao concretos que apresentam como caracteristica princi- pal a alta plasticidade ou fluidez. Possui granulometria para evitar a segrega- cao dos materiais durante seu langamento e adensamento. k) Concreto rolado — Consisténcia seca, aplicado por espalhamento manual ou mecanica e compactado com rolo vibratério liso. Utilizado em sub-base de pavimentos asfalticos (flexiveis) ou concretos (rigidos) etc, !) Concreto colorido — Concreto normal adicionado de pigmentos especiais, 0s quais conferem ao concreto varias cores com diferentes tonalidades, a sa- ber: amarela, azul, vermelha, verde, marrom e preta. E aplicado em pisos, calgadas e fachadas. As vantagens sao: elimina pintura e pode ser usado como marcador de dreas especificas. m) Concreto resfriado com gelo - Trata-se de um concreto, cuja quantidade de agua é parcialmente substitufda por gelo, para atender as condicdes es- pecificas do projeto, por exemplo a retracao térmica. £ aplicado em paredes espessas e grandes blocos de fundacao. A vantagem é a reducao da fissuracao de origem térmica. n) Concreto autoadensavel —£ 0 concreto do futuro. Trata-se de um concreto de elevacla plasticidade. Em alguns casos, pode ter a sua reologia controlada com a utilizagao de aditivos de tltima geragao. E aplicado em Fundacdes CAPITULO IX CONCRETO especiais tipo hélice continua e paredes-diafragma; pecas delgadas e pecas densamente armadas. As vantagens sao: maior durabilidade e facil aplicacao, Dispensa a utilizacdo total ou parcial de vibradores; redugao dos custos com mao de obra e energia e maior produtividade no langamento. 0) Concreto com adigao de fibras - Normalmente elaborado com fibras de nailon, polipropileno e ago, dependendo das condigées de projeto. Os con- cretos assim obtidos inibem os efeitos da fissuragao por retracdo, Obras civis especiais e pisos industriais. As vantagens sao: aumenta a durabilidade das obras quanto a abrasao e desgaste superficial; melhora a resisténcia a tragao do concreto e pode ser utilizado em pistas de aeroportos. p) Concreto impermedvel — Trata-se de um concreto com a relacao agua- cimento limitada, normalmente menor ou igual a 0,55; e dosado com um cimento apropriado, tipo Portland de alto-forno ou pozolanico. E aplicado em obras hidraulicas em geral, estacGes de tratamento d’dgua e esgoto e bar- ragens. As vantagens sdo o aumento da durabilidade da obra e a redugao dos custos de manutencao. q) Concreto sem finos - A caracteristica principal desse tipo do concreto é a sua elevada porosidade. A densidade desse concreto varia de acordo com 0 agregado utilizado: brita, seixo ou argila expandida. E aplicado em drenagens e enchimentos. Possui a vantagem de ter baixa densidade. 9.4. PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO E ENDURECIDO 9.4.1. PREPARACAO DO CONCRETO O concreto fresco é preparado pela mistura dos componentes. A mistura ma- nual s6 € utilizada em obras muito pequenas. Geralmente 0 concreto é mistu- tado em maquinas com tambor rotativo, denominadas betoneiras. 9.4.1.1 Consisténcia do concreto fresco A consisténcia do concreto fresco é uma propriedade relacionada com o es- tado de fluidez da mistura, sendo a facilidade maior ou menor de se deformar 126 MATERIAIS DE CONSTRUCAO. sobre cargas e varia quase que exclusivamente com a quantidade de Agua. A consisténcia adequada é fundamental para garantir a trabalhabilidade do concreto, ou seja, a facilidade com que 0 concreto pode ser colocado num certo tipo de forma, sem segregacao. A consisténcia do concreto é geralmente medida no ensaio de abatimento (slump test). O concreto fresco é compactado em uma forma e, apds a sua retirada da forma, este sofre um abatimento, cuja medida em centimetros 6 usada como valor comparativo da consisténcia. A consisténcia e a trabalhabilidade dependem da composic¢ao do concreto e, em particular, da quantidade de Agua, da granulometria dos agregados e da presenga de aditivos. A dosagem do concreto deve levar em conta a consisténcia necessdria para as condigées da obra. Pecas finas e fortemente armadas necessitam misturas mais fluidas que pegas de grande largura e com pouca armacao. ATabela 1 apresenta a classificagao do concreto segundo o valor em centime- tros do abatimento no siump test. Tabela 1 - Classificagao das consisténcias do concreto Consisténcia_| Abatimento (em) | Aplicagao [Seca Oa2 me 2a5 Pré-fabricados, concreto massa, concreto Média 5al2 protendido, vibragao normal, adensamento Mole 12a18 manual, concreto autoadensdvel Fluida [18025 Para evitar misturas com consisténcia seca ou muito fluida. Recomendam-se as faixas de abatimento apresentadas na Tabela 2, para as obras mais correntes. Tabela 2 - Classificacao das consisténcias do concreto | Tipos de construcao. Abatimento (cm) Fundacoes, tubuldes, paredes grossas 3a10 Vigas, lajes, paredes finas 5a10 | Pavimentos Bas | Obras macicas Das CAPITULO IX CONCRETO A trabalhabilidade do concreto, normalmente, é determinada pela medida da consisténcia, a qual é influenciada pelo traco, teor agua/materiais secos, granulometria e forma de graos, aditivos, tempo e temperatura. A consisténcia do concreto se modifica, mantendo-se fixo o teor agua/ma- teriais secos e variando-se a relagéo agregado mitdo/agregado graido. O concreto serd mais plastico se sua Area especifica diminuir, menos plastico quando ela aumentar. Experimentalmente € possivel identificar que quanto maior a relacdo Agua/ cimento, maior a relacao areia/pedra, para maior plasticidade e percebe-se também que para se obter uma melhor trabalhabilidade a granulometria deve ser continua A temperatura ambiente pode modificar a consisténcia do concreto, havendo a necessidade de se variar a quantidade de agua necessdria para a mesma consisténcia. A trabalhabilidade do concreto é ainda influenciada por fatores externos, tais como: a) Mistura manual ou mecénica; b) Transporte vertical ou horizontal; c) Tipo de lancamento, considerar a altura; d) Adensamento manual ou mecanico (vibradores); e) Dimensées e taxa de armadura. Ha processos que servem para medir a consisténcia e a trabalhabilidade e estes se baseiam nos seguintes principios: a) Aplicagao de uma determinada carga a massa, com medida da respectiva deformacao; b) Determinagao da forcga necessdria para produzir uma deformagao pré- determinada; c) Medida de volume de vazios do concreto pelo enchimento de dado Existem varios métodos de ensaios, alguns proprios para obras e outros para laboratorio. Esse ensaios podem ser classificados em: a) Abatimento; b) Penetragao; cc) Escorregamento; d) Remoldagem. 128 MATERIAIS DE CONSTRUCAO ia a) Abatimento Abatimento do tronco de cone (slump test): Este ensaio é bastante usado em obras, devido & sua facilidade de operacao e simplicidade do equipamento. Consiste em um tronco de cone com 30 cm de altura, aberto nas duas extre- midades, que deve ser apoiado sobre uma superficie plana, geralmente uma chapa metalica que deve estar nivelada, uma haste metdlica e uma régua. re 7 | 30 “| @20 cm | slump flow b) Penetragao Pertence a este grupo o ensaio de KELLY, que mede a penetracdo de uma meia-esfera deixada cair sobre 0 concreto. ©) Escorregamento Os métodos de ensaio referenciados sao: ASTM C-124/39 e a versao alema DIN — 1048. Ambos consistem em moldar 0 tronco de cone de concreto sobre uma mesa de consist@ncia (flow table) e, apds 15 quedas de 4 cm para 0 ensaio alemao e 15 quedas de 12 cm para o americano, mede-se o diametro do concreto es- palhado. No segundo, mede-se 0 aumento do diametro original e no primeiro a média. Aritmética de dois diametros ortogonais. FT = (@— 25 \/25 x 100 By CAPITULO IX ConcreTO 800 L P= 12,0 kg Posigdio oaromes i curso \_ e ie colt a. f = Limite Lite 4 ‘superior inferior ~ IY Ls 170 135 65 fst + Aparelho para 2 determinagao da consisténcia da argamasse normal 1000.5 l @ Lp = =e == Se —t| fe A t (Cotas em mm) d) Remoldagem Os métodos de ensaios que se enquadram sao 0 de Powers e Vebé (V. Bahrnir, Suécia). MATERIAIS DE CONSTRUCAO O primeiro consiste em se fazer a moldagem de um tronco de cone de con- creto sobre uma mesa de consisténcia e verificar o ntimero de golpes neces- sarios para que 0 concreto passe a forma cilindrica. Este método de ensaio foi modificado por Wuerpel, colocando o corpo de prova sobre uma mesa vibratéria e determinando o numero de segundos ne- cessdrios a remoldagem. O método de ensaio Vebé é semelhante ao jd descrito, terminando quando o concreto, sob uma chapa de vidro, nao apresenta mais nenhuma cavidade. a Moldagem do cone Apoio do disco Téimino do ensaio de aorilico sobre quando o disco de 9 tronco de cone acrilico fica desmoldado e integralmenmte em vibragéo posterior contato com 0 concreto 9.4.1.2 Exsudagio Exsudacao é a tendéncia da 4gua de amassamento de vir a superficie do con- creto recém-langado, produzindo um concreto poroso e menos resistente. A dgua, ao subir a superficie, pode carregar particulas finas de cimento, for mando uma pasta, que impede a ligagao de novas camadas de material e deve ser removida cuidadosamente. A exsudagéo pode ser controlada pelo proporcionamento adequado de um concreto trabalhdvel, evitando-se o emprego de agua além do necessdrio. As vezes, corrige-se a exsudagao adicionando-se graos relativamente finos, que compensam as deficiéncias dos agregados. 9.4.1.3 Segregacao E a separacao dos diversos componentes do cancreto, 0 que implica um con- creto sem as caracteristicas necessdrias para adensamento. A segregacao resulta da tendéncia dos agregados gratidos se separarem da argamassa (cimento, areia e 4gua), deixando 0 concreto nao homogéneo, ou cheio de vazios, reduzindo consideravelmente a resistencia mecanica CAPITULO IX CONCRETO Existem causas externas que podem determinar a segregacao, como: a) Transporte longo com carrinho de mao, gerica ou cagamba em razao da vibracao; b) Perda de argamassa no transporte (ex. bicas de madeira); c) Vibragado excessiva; d) Aremessar 0 concreto com a pd e langar 0 concreto sobre as formas a uma altura superior a 2,5 m. 9.4.1.4 Tempo para transporte e colocagao do concreto Apés a sua fabricacao na betoneira, 0 concreto deve ser transportado e colo- cado nas férmas. O transporte e a colocagao do concreto devem obedecer a uma série de requisitos, de modo que 0 material nao perca sua plasticidade, nem sofra segregagao de seus componentes. A compactagao do concreto em formas é feita com auxilio de vibradores. A vibragado é essencial para se obter um concreto resistente e durdvel. E a separacao dos diversos componentes do concreto, o que implica um con- creto sem as caracteristicas necessdrias para adensamento. Consideramos tempo de operagio o espaco de tempo que temos para o langamento do concreto nas férmas apés a adigao de agua no processo de mistura do concreto na betoneira, O tempo de transporte deve ser curto, para que o langamento seja feito antes do inicio da pega, que deve ser infe- rior a 2 horas 30 minutos. Obrigatoriamente o concreto j4 deve estar langado na forma no momento do inicio da pega do cimento (tempo de inicio e fim de pega — ensaio com pasta de consisténcia normal com o aparelho de vicat). A temperatura ambiente influi a velocidade da reacao de hidratagao do ci- mento, assim como sua pega. O engenheiro deve considerar que o Brasil é um pais continental ea variacaio da temperatura de uma regido para outra é extrema (ex. Regio Centro-Oeste — Cuiabd para Regio Sul-Curitiba). Os aditivos podem ser utilizados como agregado ou retardador de pega alte- rando o tempo de operagao indicado para 0 concreto. A colocacao do concreto na forma deve ocorrer de maneira cuidadosa para obtermos uma boa concretagem. MATERIAIS DE CONSTRUCAO ‘Tempo de operagao indicado — NBR 7212 Antes 0 90 min. 150 min. da pege © © DESCARGA e e TRANSPORTE @ Experiéncia local LANCAMENTO E 3 PE o> Conciies amon m i of IS Nata aN sl @ |ipos de cimento e aditivos ADENSAMENTO @ Refrigeragdo do conereto E importante se certificar que os servigos que antecedem o langamento do concreto foram executados: a) Execucao e limpeza das formas com desmoldante; b) Verificacao dos eixos; c) Posicdo das armaduras; d) Instalagao dos espacadores; e) Instalagao da protecao de periferia; f) Posicionamento e amarracao das instalagdes elétricas. 9.4.1.5 Preparo do concreto, transporte e colocacao O prepara do concreto pode ocorrer nas usinas ou no canteiro de obras. Para preparar o concreto no canteiro de obras utiliza-se uma betoneira instala- da em local apropriado, proxima dos materiais que comporao 0 concreto Com 0 intuito de facilitar a mistura do concreto, obedega a sequéncia: a) Coloque na betoneira uma parte da dgua necessdria para o preparo; b) Coloque a brita; ©) Coloque o cimento; d) Coloque a areia; e) Misture os componentes até obter uma mistura homogénea; f Adicione o restante da agua até obter uma mistura plastica _ CAPITULO IX Concreto Para facilitar a dosagem e carga da betoneira, so confeccionadas caixas com medidas pré-definidas, que correspondem ao volume de um saco de cimento (50 kg). Estas caixas s40 chamadas de padiolas. No caso de utilizar areia Gmida (por exemplo: areia exposta & chuva), é ne- cessério diminuir a quantidade de gua colocada no preparo do concreto, compensando a umidade da arela. A betoneira é um equipamento destinado a preparar argamassas e concretos por um processo mecanico. E composta por um volante, cuba ou tambor, polia, eixo de transmissao e um motor elétrico ou a combustao (gasolina ou diesel). As betoneiras sao identificadas no comércio pela sua capacidade em litros, que varia de 150 a 6.000 litros. Nas betoneiras de maior capacidade, a dgua é regulada por meio de um pequeno depésito, que fornece o volume exato para atender ao fator 4gua-cimento de concreto ou a plasticidade de argamassa. Na betoneira de tambor rotativo fixo, a sua marcha nao é interrompida para a carga ou descarga da argamassa de concreto, por isso, também € conhecida como betoneira de produgao continua. Esta betoneira possui cagambas movi- das por cabos de ago, que permitem 0 carregamento do tambor em uma de suas boeas. A descarga é feita pela outra boca, com auxilio de uma bica regulavel. Jé a betoneira de tambor rotativo mével é a mais comum, pois podem ser deslocadas com facilidade de um local para outro, atendendo a varias obras. Os componentes do concreto ou argamassa so colocados na betoneira e arrastados pelo movimento rotativo dos tambores. As aletas fazem com eles caiam repetidamente sobre si mesmo e se misturem. A operagao da betoneira é simples, mas 6 necessdrio antes de usa-la: m Certificar-se que a betoneira esté limpa Ligar a betoneira Adicionar os materiais Antes de desligar a betoneira deixar todo 0 material pronto no lugar ade- quado. Apés concluir 0 servico é necessario: * Lavar o tambor interna e externamente, retirando todo o material que sobrou. Para isso, adicione dgua e brita e deixe a betoneira girando Repetir a operagao acima até a completa limpeza do tambor » Lubrificar as partes méveis da betoneira, tais com a coroa deniada e 0 pinhao que faz girar o tambor * Verificar se os parafusos precisam de reaperto MATERIAIS DE CONSTRUCAO Fazer a manutencao do equipamento apds um longo perfodo de uso. £ im- portante pintar a betoneira interna e externamente para evitar a corrosao m Deve-se tomar cuidado com as pecas méveis da betoneira e com 0 uso de ferramentas cortanies, como pds e enxadas. E a cada 60 horas de uso é necessdrio reapertar os parafusos O transporte do concreto usinado (canteiro de obras) ocorre por caminhdes- betoneira. Durante 0 trajeto, a cuba do caminhao permanece girando, man- tendo a homogeneidade do concreto. Existem varias formas de transportar 0 concreto do canteiro de obras até a forma para a colocagio, veja a seguir: caminhao-langa, bombeamento, grua, guinchos e gericas servem tanto para o concreto preparado no canteiro de obras quanto para 0 concreto usinado. O caminhao-langa consiste em uma maquina de bombear concreto instalada sobre 0 chassi de um caminhdo. Na extremidade da tubulagdo da bomba, exis- tem varios tubos articuléveis, que podem atingir até 23 m de altura. A conducao do concreto pode ser feita com a langa ou somente pela maquina de bombear. Por este método é possivel levar o concreto até a uma altura de 60 m. A utilizacao da grua permite que 0 concreto seja despejado dentro de uma cacamba em forma de funil. A quantidade colocada njo deve transbordar concretagem. Jé nos guinchos e gericas 0 concreto é colocado dentro das gericas, que sao transportadas pelo guincho fixo até o pavimento a ser concretado. O conted- do € despejado no local da concretagem. Laut II tN 135 CAPITULO IX « Concreto Apés definida a forma de langamento do concreto na caixaria, 6 importante se certificar que existem vibradores sobressalentes devidamente revisados e disponiveis para a execucao do servico. O vibrador utilizado na construgao civil € uma maquina portatil que serve para homogeneizar o concreto, diminuindo a quantidade de vazios, a fim de obter um concreto de melhor qualidade de vazios para obter um concreto de melhor qualidade. E composta de uma agulha vibrante, mangueira (eixo flexi- vel) e uma fonte de energia (motor elétrico, a gasolina e diesel) que transforma © movimento rotativo em vibratério. O conjunto agulha e eixo flexivel é cha- mado de mangote. Existem diferentes tipos de vibradores, cada um atendendo a uma necessidade especffica da construcao. A vibracao de concreto € a etapa mais importante da concretagem: se malfei- ta, pode vir a comprometer toda a estrutura. Quando 0 vibrador esta imerso, 0 movimento rotatério da agulha age sobre 0 concreto fresco. O raio de agdes do vibrador é definido em fungao do dia- metro da agulha. Diimetro da agulha | Raio de agao | Distdncia entre vibragao 25a30mm | 10cm 15m | 35a50mm | 25cm 38cm 50a75mm 40 cm 60 cm | Ao escolher o vibrador utilize a agulha adequada para a capacidade do motor do vibrador e apropriada para o elemento estrutural que estd sendo concretado. A operacao do vibrador deve seguir o seguinte roteiro: a) Introduza e retire a agulha lentamente do concreto; b) Aagulha do vibrador deve penetrar totalmente no concreto fresco somen- te através do seu peso, na posigao vertical. Assim, 0 concreto preenche o espaco ocupado pela agulha; ©) Nao produza uma vibracao enquanto ele ainda estiver dentro do concreto; d) Nao desligue o vibrador enquanto ele ainda estiver dentro do concreto; e) O tempo de agéo do vibrador é de 5 a 15 segundos, até 0 momento em que parem de surgir bolhas de ar na superficie do concreto ou aparega uma fina camada de agua na superficie; 136 Ss nnn natn MATERIAIS DE CONSTRUCAO. f) Atinja sempre com o vibrador a camada anterior a que estiver vibrando. s — Penetre nela uns 15 cm, a fim de unificar as camadas: a altura da camada lancada deve ser sempre inferior ao comprimento da agulha; g) Nao arraste lateralmente a aguiha, pois este movimento causa a segrega- ¢do: os agregados gratidos tendem a se separar da argamassa; h) Ao concluir a vibracao, lave todas as partes do vibrador que estiveram em contato com 0 concreto. Os equipamentos de seguranga durante a execu- co do servico de construcao civil € muito importante, tais como: luvas, bota de borracha, calcas impermeabilizadas e também o uso de cinto de seguranca tipo paraquedistas para evitar quedas € indispensavel. Na concretagem clos pilares 0 concreto deve ser langado em camadas sucessi- vas com altura igual 20 comprimento da agulha do vibrador. O concreto deve ser vibrado a cada lancamento. Ja na concretagem de pilares com mais de 3 m de altura, uma das solugGes é prever aberturas laterais nas formas (cachimbos) a cada dois metros, para evitar a segregacao do concreto. As vigas e lajes geralmente sao concretadas em conjunto. A seguir é apresen- tada a sequéncia de procedimentos: a) Coloque guias espacadas a cada 2 m para auxiliar o nivelamento do piso. Procure nivelar as guias com auxilio de um nivel a laser. b) Lance © concreto distribuindo-o por toda a forma. Tome cuidado para que o concreto nao se acumule em um ponto isolado da forma, para nao sobrecarregd-la ©) Espalhe o concreto com ajuda de pds e enxadas até preencher completa- mente as formas. @) Vibre 0 concreto da laje. Para isso, vocé pode utilizar uma régua vibratéria. e) Nivele o piso pela face das formas ou pelas guias com uma régua. Caso vocé utilize sarrafos, verifique se nao estao empenados (sem “barriga”). f) Retire as guias da laje e preencha os vazios com concreto, antes do seu endurecimento. 8) Depois de nivelada a laje, coloque os chumbadores no concreto para fixar os gastalhos dos pilares do proximo pavimento que ser executado. h) Evite bater na forma para adensar o concreto. Nao deixe a agulha do vi- brador encostar na armadura, para ndo deslocd-la. i) Apés o desempenamento, espere cerca de uma hora antes de fazer o ali- samento da superficie, se for 0 caso. j) Para obter nesta fase o acabamento chamado de conirapiso-zero, utilize uma desempenadeira de ago manual ou elétrica (“helicdptero”). 137 \ CAPITULO IX ConcreTo E sempre recomendado iniciar a concretagem da laje em um canto oposto ao P' Pp ponto de acesso de operdrios (escada, elevador, entre outros). Também é importante destacar que em caso de chuva intensa (chuva de verao por exemplo), deve-se interromper a concretagem e proteger 0 trecho ja con- cretado com lona plastica. Caso resolva continuar o servico, proteja a parte a ser concretada, as gericas € 0 silo do caminhao com lona plastica. A correta utilizagao do concreto para cada tipo de obra depende do conheci- mento das propriedades do concreto. O uso inadequado de um material, componente do concrete, pode prejudicar )Seja por excesso, seja por falta das propriedades necessdrias. O quadro apresentado a seguir nos possibilita a influéncia das principais ca- racteristicas do concreto sobre as propriedades finais do produto. [__Massas especificas dos concretos Concreto nao adensado 2,0 tim? | Concreto comprimido | 2,2 vm* Concreto socado 230m | Concreto vibrado 2,3 vm Conereto leve 1,9 tm? Concreto pesado 3,5.a5,5 vm ‘Concreto armado 2,4 tim? Be MATERIATS DE CONSTRUCAO Caracteristicas do concreto e influéncia no produto final Tipo de ee sca Caracteristica Propriedades nas quais influi Condutibilidade térmica | Resisténcia mecanica Dilatagao térmica Resisténcia mecanica Compacidade Resisténcia mecanica Porosidade Resisténcia mecanica Permeabilidade Durabilidade Capilaridade Durabilidade e exsudagio Aderéncia dos graos Resisténcia mecnica e durabilidade |Fisicas Consisténcia Trabalhabilidade Densidade Resisténcia mecanica Granulometria Resistncia mecanica e trabalhabilidade Homogeneidade Resisténcia mecdnica, durabilidade e trabalhabilidade | Exsudacao. Resisténcia mecanica, trabalhabilidade ¢ durabilidade Segregagao Resisténcia mecdnica, homogeneidade e durabilidade Expansibilidade Resisténcia mecanica — Pega Resist@ncia mecdnica e aplicabilidade Quimicas Se | ", | Resistencia quimica Aplicabilidade [Reagio Alcali-agregado _| Resisténcia e durabilidade Resisténcia & compressao | Aplicabilidade Resistencia a tracao Aplicabilidade Elasticidade Deformagao Fluéncia Deformacao Deformagao lenta Deformacao. _ Durabilidade Aplicabilidade Mecanicas . on Resisténcia ao desgaste | Aplicabilidade Retragao Resisténcia mecdnica Refratariedade Resisténcia ao fogo Trabalhabilidade Aplicabilidade Dureza Resisténcia mecanica Resisténcia ao fogo Aplicabilidade 1 39 “APITULO IX ConcreTO Destacamos a seguir algumas propriedades mais importantes: 9.4.1.6 Massa especifica Esta propriedade influi nos cdlculos do peso proprio das estruturas. Varia de acordo com processo de execugao (adensamento, tipo de agregado, quantidade de vazios. Para concreto usual a massa especifica é de aproxima- damente 2,3 tm? a 2,5 Um’, para concreto leve em torno de 1,8 t/m* e para concreto pesado de 3,5 tm? até 5,0 /m. 9.4.1.7 Resisténcia mecanica E a principal propriedade dos concretos. E influenciada por diversos fatores, como; relag&o Agua/cimento, a idade de existéncia em dias (26 dias) e @ forma dos corpos de prova, pois os cilfndricos apresentam resist8ncia de aproxima- damente 80% dos corpos de prova ctibicos. O concreto resisten mal com relagao ao efeito de tragdo e cizalhamento. 9.4.1.8 Durabilidade Além da resisténcia adequada do concreto é imprescindivel que ele tenha durabilidade, Para que haja maior durabilidade, 0 volume de vazios no interior da massa deve ser o minimo possivel, diminuindo assim a permeabilidade, dificultando a penetragao de substancias agressivas. E possivel estabelecer uma relag3o da durabilidade com o fator 4gua/cimento. 9.4.1.9 Permeabilidade e absorcao Varias sao as razGes pelas quais nao é possivel preencher todos os vazios com uma pasta de cimento, a fim de se ter um material nao poroso: A agua usada é sempre em quantidade superior 4 necessaria para hidratar o cimento, apenas aproximadamente 20% do peso do cimento em dgua reage quimicamente com o cimento, 0 excesso evapora e deixa vazios que nao sa0 preenchidos; Ha uma incorporacao inevitavel de ar 4 massa durante a mistura. 140 MATERIAIS DE CONSTRUCAO E por esses vazios que a dgua percola. Para os concretos que sofrem ataques de Aguas agressivas ou agao desiruidora dos agentes atmosféricos, a impermeabili- dade é uma propriedade muito importante. 9.4.1.10 O fator agua/cimento A determinacao do fator 4gua/cimento, a/c, na dosagem do concreto é uma das etapas mais importantes do processo e€ € vital na determinacao das carac- terfsticas mecanicas do concreto. Os estudos feitos por Abrams nos Estados Unidos s&o 0 fundamento para o uso da agua para a producado do concreto. LEI DE ABRAMS: “Dentro do campo das concretos plasticos, a resisténcia aos esforcos mecanicos, bem como as demais propriedades mecanicas do con- creto endurecido, varia na relacdo inversa da relacéo dgua/cimento”. a8 Amostras de concreto sem ar incorporado: cili ndros 15 x 30 cm al Cimento: CPI ou comum a S al 28 dias S wO y x aa 28 f- 58 7 dias CTF oS Se at of ea 3dias Swab 8 oc tdia 7E a I 0,35 0,45 0,55 0,65 Fator aguaicimonto O clculo da relacdo agua/cimento é importante para a definicao do traco inicial do concreto. Mas, para determinar a correlagao existente entre resis- téncia & compressdo axial e a relagdo dgua/cimento, é necessario esperar 0 rompimento dos corpos de prova a idade de 28 dias. Paulo Helene obteve estas correlagdes, em estudo nacional, para varios tipos de cimento existentes. As correlagGes sao apresentadas a seguir em forma grafica: 14 CAPITULO IX CoNncrETO ff si 0 035 0.40 0,45 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 alc Curvas médias de correlacao entre resistencia 4 compressao axial ¢ relacao dguaycimento para Cimento Portland comum CP 32 10 Ef 0 0,35 040 0,45 0,50 0,55 0,60 065 0,70 Curvas médias de correlacao entre resisténcia & compressao axial ¢ relagdo dgua/cimento para Cimento Portland de alto-forno AF32 142 MATERIAIS DE CONSTRUCAO, 63 dias} 28 dias) USES 0 0 0,35 040 045 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 ale Curvas médias de correlaao entre resistencia 4 compressio axial e relagao dgua/cimento para Cimento Portland pozolnico POZ 32 Os gréficos apresentam as curvas médias obtidas para as idades de 3, 7, 28, 63 e 91 dias. A utilizagao da escala logarftima no eixo das ordenadas transforma as curvas em retas, 0 que facilita o seu tragado. 9.4.1.1] Cura do concreto Acura do concreto tem por finalidade impedir a evaporag3o da agua empre- gada no trago, durante o perfodo inicial de hidratacao. 9.4,1.12 Resisténcia a compressao simples do concreto (axial) A resisténcia a compressdo simples € a propriedade mecanica mais impor- tante do concreto, nao s6 porque o concreto trabalha predominantemente a compressdo, como também porque fornece outros pardmetros ffsicos que po- dem ser relacionados empiricamente 4 resisténcia 4 compressao. Este ensaio é realizado em corpos de prova cilfndricos. ‘al CAPITULO IX CONCRETO NBR 5738 e NBR 5739 — Tensao de ruptura Fe=2 Ss P= carga de ruptura S= drea do topo do cilindro 9.4.1.13 Resisténcia a tracao (compressao diametral) Este método de ensaio utiliza o processo do professor Lobo Carneiro para determinar a resisténcia a tragao (compressao diametral). No corpo de prova cilindrico pode ser feito o ensaio da compressao axial eo ensaio de tragdo. O Ensaio é realizado pela NBR 7222 (Lobo Carneiro) e 0 calculo com aplica- Gao da férmula: Tensao de Tragao P = Carga de ruptura D = Diametro do corpo de prova L = Comprimento do corpo de prova 144 MATERIAIS DE CONS RUCAO Compresséo 9.4.1.14 Corpos de prova Geralmente, a resist€ncia & compressao simples é medida em corpos de prova cilfndricos padronizados, de 15 cm de didmetro por 30 cm de altura, ou 10 cm de @ por 20 cm de altura curados em camara Gmida a 20 °C, e ensaios com idade de 28 dias. O ensaio € do tipo rapido, com elevacao de tensao de 0,1 “PV/S que é igual a ikg#/em? S Assim sendo, um corpo de prova de 15 cm de diametro que apresenta drea igual a 176,7 cm’ deve apresentar um carregamento de aproximadamente 176,7 kgf/s. Como algumas prensas sao manuais e graduadas em toneladas, esta velocidade de carregamento pode ser expressa em toneladas por minutos que seria igual a aproximadamente 10"/min. 9.4.1.15 Deformacées As deformagées do concreto podem ser de duas naturezas: m Deformagédes causadas por variagdo das condi¢Ges ambientes: retra- ¢ao e deformagées provocadas por variagGes de umidade e temperatu- ra ambienie; = Deformacées causadas pela agao de cargas externas: deformagao imedia- ta e deformacao lenta. CAPITULO IX Concreto Dessa forma, podemos dizer que as solicitagées mecanicas sao responsdveis por dois tipos de deformagoes: imediata e lenta. A deformacao imediata é aquela observada por ocasiao da aplicagao da carga. A deformacao lenta é 0 acréscimo da deformacio que ocorre no concreto, se a solicitacao for mantida e com a manutencao da carga do longo do tempo. 9.4.1.16 Retragio A retragdo 6 a diminuigao de volume do concreto desde o fim da cura até atingir um estado de equilibrio compativel com as condigées ambientes, A retragdo do concreto é uma deformagao independente de carregamento (e, portanto, de direcdio, sendo uma deformacdo volumétrica), ocorrendo devido 3 perda no contato do concreto com o ar, quando aquele seca a 4gua que nao est4 quimicamente associada ao mesmo. A retracao se processa mais rapidamente até aproximadamente trés a quatro meses e depois mais lentamente. Pode-se admitir que, para as dimensées usu- ais, um quarto da retracao se da aos sete dias, um tergo aos 14 dias e metade em um més, trés quartos em seis meses. 9.4.1,17 Influéncia da temperatura A variagdo da temperatura ambiente nao se transmite instantaneamente ao con- creto, mas tem uma agao retardada sobre a variagao da temperatura deste. © coeficiente de dilatagdo térmica para o concreto armado, segundo a NBR 6118, é considerado igual a 10-3/°C. 9.4.1.18 Diagrama tensao-deformacao O diagrama tensao-deformacao do concreto € obtido em ensaio a compressao axial de um corpo de prova cilindrico com 15 cm de diametro e 30 cm de altura ou 10 cm de didametro e 20 cm de altura. A figura a seguir mostra apresenta diagramas de tensao - deformagao do con- creto para diferentes resisténcias. 146 360 MATERIAIS DE CONSTRUCAO. A 300 f,= 300 250 1, = 250 300 200 150 = 150 Tensao 6, (kgflom?) 100 100 lif 50. on 02 Deformagaa &. Todas as curvas sao de caracteristicas similares. Consistem de um trecho inicial relativamente reto, corespondendo a um comportamento elastic do concreto para tenses baixas, onde a deformagio é linearmente proporcional & tensao. Depois 0 diagrama comega a curvar, passando por um ponto de maxima ten- so, que corresponde & resistencia do concreto 4 compressao na sua idade, apresentando no final um ramo decrescente. 9.4.1.19 Fluéncia do concreto Aumento de deformacdo, com o tempo, sob acaéo de uma carga Constante. A fluéncia é afetada pelos materiais, dosagem e condigGes de cura. A fluéncia e inversamente proporcional a resisténcia do concreto e diretamente propor- cional as tensdes aplicadas. M7 CAPITULO IX ConcreETO 9.5 RESPONSABILIDADES, DOSAGEM, CONTROLE E RECEBIMENTO DO CONCRETO 9.5.1 ATRIBUICOES E RESPONSABILIDADES Cabe ao proprietario da obra e ao responsavel técnico por ele designado ga- rantir o cumprimento da NBR 12655 e manter a documentagao que compro- ve a qualidade do concreto produzido na obra ou recebido de empresa de servico de concretagem. Vale ressaltar que os responsaveis pelo recebimento do concreto sao 0 proprietario da obra e 0 responsavel técnico pela obra, designado pelo proprietario. Cabendo, portanto, a eles o arquivamento da documentacdo que comprove a qualidade do concreto utilizado na construcao, pelo prazo previsto na legis- lacao vigente. 9.5.2 DEFINICOES DAS RESPONSABILIDADES ™ Aceitagdo do concreto — exame sistematico do concreto, conforme o estabe- lecido em Norma, de forma a veriticar se as especificacées foram atendidas = Aceitagdo do concreto fresco — verificacao da conformidade das proprie- dades estabelecidas para 0 concreto no estrado fresco, realizada imedia- tamente apds a saida do concreto do misturador = Aceitagao de definitiva do concreto — verificagao do atendimento a todos Os requisitos estabelecidos para 0 concreto B Recebimento do concreto — verificagao do cumprimento da Norma, pela anélise e aprovacao da documentacao correspondente, no que diz respei- to as elapas de preparo do concreto e sua aceitagdo 9.5.3 PROFISSIONAL RESPONSAVEL PELO PROJETO ESTRUTURAL Cabe a este profissional as responsabilidades explicitadas nos contratos e em todos os desenhos e memérias que descrevem o projeto. Ficando res- ponsavel por: a) registrar em todos os desenhos e memorias 0 f,, estabelecido; b) especificar o fcj para as etapas construtivas, como retirada de cimbramento, aplicagao de protensao ou manuseio de pré-moldados; ¢) especificar os requisitos correspondente a durabilidade da estrutura e ele- mentos pré-moldados, durante sua vida util, inclusive da classe de agressivi- dade adotada no projeto; 148 2 MATERIAIS DE CONSTRUCAO d) especificar os requisitos correspondentes as propriedades especiais do con- creto, durante a fase construtiva e vida util da estrutura. Cabendo a ele tam- bém a definicdo do médulo de deformacao minimo na idade de desenforma e da movimentagao de elementos pré-moldados ou aplicagao de protensao. 9.5.4 PROFISSIONAL RESPONSAVEL PELA EXECUCAO DA OBRA Além do que ja foi mencionado anteriormente, cabe a este profissional as seguintes responsabilidades: a) escolher a modalidade de preparo do concreto; b) escolher o tipo de concreto a ser empregado em fungao da resisténcia requerida e da trabalhabilidade adequada as condicGes disponiveis. Cabe, portanto, a ele a definigdo da consisténcia, dimensao maxima caracterfstica do agregado e demais propriedades, de acordo com o projeto e com as con- digdes de aplicagao; c) definir os materiais a serem utilizados; d) retirar 0 escoramento das férmas de acordo com os requisitos do projeto estrutural e de acordo com as peculiaridades dos materiais empregados, espe- cialmente do cimento e das condigdes ambientais. 9.6 DOSAGEM DO CONCRETO A dosagem do concreto pode ser feita de dois modos: 1. Consiste em fazer o proporcionamento dos materiais em bases arbitrarias, fixadas pela experiéncia do Engenheiro, cuja denominagao é dosagem empirica ou nao experimental. Consiste em fazer 0 proporcionamento dos materiais constituintes, bem como do produto resuliante, cuja denominagao é dosagem racional ou experimental, CAPITULO IX Concreto 9.6.1 DEFINICAO DE TRACO E DOSAGEM O trago especificado para o concreto indica as proporgGes que devem ser utilizadas de cada constituinte do concreto, para que este apresente as carac- teristicas exigidas em projeto e na obra. O traco é sempre expresso em massa ou volume e tem sempre como referncia o aglomerante. A dosagem € 0 ato de misturar os constituintes do concreto, a fim de conse- guirse um material plastico com as caracteristicas pré-fixadas. A dosagem é realizada para obter-se 0 concreto que foi especificado no traco. Para facilitar a mistura do concreto, deve ser seguida a sequéncia: 1. Coloque na betoneira uma parte de dgua necessdria para o preparo; 2. Coloque a brita; 3. Coloque o cimento; 4. Coloque a areia; 5. Misture os componentes até obter uma mistura homogénea; 6. Adicione o restante da agua. 9.6.2 RESISTENCIA DE DOSAGEM Para realizar 0 proporcionamento dos materiais da dosagem racional ou expe- rimental, deve-se possuir a curva de Abrams constituida com 0 mesmo cimen- to e mesmos agregados que serao utilizados na fabricagao do concreto. Abrams em 1918 propds uma modificagdo na formula apresentada por Ful- ler (Fuller e Thompson propuseram uma curva elfptica e depois parabdlica para a composigao granulométrica continua pela expressao: P = Vd/D, ond = didmetro do agregado mitdo, D = diametro do agregado grati- do, P = porcentagem dos gréos que passam pela peneira de didmetro “d”), fornecendo nova expressao para determinagao da resisténcia em fungao da agua e do cimento. Pa MATERIAIS DE CONSTRUCAO Curva de Abrams arela fina soixo rolado 76 03 04 08 06 o7 08 Fator agua cimento (x) Abrams utiliza o médulo de finura para comparar os concretos e conclui que concretos preparados com 0 mesmo médulo de finura apresentam a mesma resist€ncia. Abrams também introduz o conceito de consisténcia, medido pelo cone de Abrams. Para realizar o proporcionamento dos materiais da dosagem racional ou expe- rimental, deve-se possuir a curva de Abrams construida com 0 mesmo cimen- to e mesmos agregados que sero utilizados na fabricacaio do concreto. Antes de iniciarmos os estudos dos procedimentos e métodos de dosagem do concreto, ser necessdrio definir uma curva média para a idade de 28 dias. A curva da relacdo dgua/cimento que indica a resisténcia 4 compressao aos 28 dias é apresentada a seguir. aj CAPITULO IX CONCRETO & 50 “0 ao 0 2 0 0,30 040 050 070 0,80 Relacao dgualcimento Curva de Gauss Densidade de frequéncia ou densidade de probabilidade A = Resisténcia & compresséo (MPa) Sd =5,5 MPa, sempre que a producao for a volume, com equipe nova em fase de adaptacao. MATERIAIS DE CONSTRUGAO. Relac4o dgua/cimento Para a definigao da relacdo agua/cimento (x), teremos: F, =F, +1,658d F,, -resisténcia caracterfstica do concreto & compressdo (definida quando da elaboragao do projeto estrutural) Sd — desvio-padrao de dosagem Quando 0 concreto for elaborado com os mesmos materiais, mediante equipa- mentos similares e sob condicdes equivalentes, 0 valor numérico do desvio-pa- dro Sd deve ser fixado com no minimo 20 resultados consecutivos obtidos no intervalo de 30 dias ou em periodo imediatamente anterior. Em nenhum caso, 0 valor adotado pode ser inferior a 2 MPa. Se o desvio-padrao for desconhecido, considerar as condigdes da NBR 12655, que sao: Condigdo A m aplicavel as classes C10 até C80 — 0 cimento e os agregados sao medidos em massa, a 4gua de amassamento 6 medida em massa Gu volume com dispositive dosador e corrigida em fungao da umidade dos agregados. Considerar Sd = 4,0 MPa Condigao B m aplicdvel as classes C10 até C25: 0 cimento € medido em massa, a agua de amassamento 6 medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em massa combinada com volume. Para massa combinada com volume, entende-se que 0 cimento é sempre medido em massa e que 0 canteiro exista condi¢des para que se faga, de forma con- fivel, a conversa da massa para volume dos agregados, levando-se em conta o inchamento da areia § aplicavel as classes C10 até C20: 0 cimento 6 medido em massa, a dgua de amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em volume. A umidade do agregado é determinada pelo menos trés vezes durante 0 servico da mesma turma de concretagem. O volume de agregado mitido é corrigido pela curva de inchamenio, es- tabelecida especiticamente para o material utilizado Considerar Sd = 5,5 MPa Condigao C CAPITULO IX CoNCRETO ™ aplicdvel as classes C10 e C15 — 0 cimento 6 medido em massa, os agre- gados medidos em volume, a dgua de amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador, e a sua quantidade é corrigida em fungao da estimativa da umidade dos agregados e da determinagao da consisténcia do concreto, conforme disposto na ABNT NM 67 ou outro método normaliza- do. Considerar Sd =7,0 MPa. Para a condigdo de preparo C e enquanto nao se conhece o desvio-padrao, exige-se para concretos de classe C15 0 consumo minimo de 350 kg ci- mento por mm de concreto. Agua corrigida através da umidade estimada | Condicao| Cusse4e | Critérios de Medidas tee oy Cimento — agregado massa A | C10até | keua + massa ou volume 4,0 MPa Agua corrigida em funcao umidade | Cimento — massa C1 até | gue — volume Agregado — massa combinada com volume : 5,5 MPa & | epee |imento— massa 19.até | Agua + agregado — volume Agua corrigida através curva de inchamento | Cimento —> massa c ARE | Agua + agregado — volume 7,0 MPa $, conhecido — CondigGes: 20 resultados em 30 dias = minimo 2,0 MPa Trabalhabilidade Tolerancias admitidas para a consist€ncia do concreto pelo abatimento do tronco de cone - NBR 7223. | Consisténcia Abatimento Tolerancia (mm) Seca 0a20 | £5 Rapidamente plastica 30a 50 | +10 Plastica 60a 90 +10 Fluida 100.a 150 +20 Liquida > 160 +30 154 MATERIAIS DE CONSTRUCAO Tamanho maximo do agregado @ max < 1/3 da espessura da laje @ max < 1/4 da distancia entre faces das formas @ max < 0,8 do espagamento entre armaduras horizontais © max < 1/2 do espagamento entre armaduras verticais ® max < 1/4 do diametro da tubulagao de bombeamento Determinacao do uso das britas no concreto E usual no concreto armado trabalharmos com brita 1 e brita 2, a melhor pro- porcao de mistura da brita 1 coma brita 2 pode ser determinada pelo método de ensaio da massa unitaria no estado compactado seco. Devem ser realizadas varias misturas entre brita 1 brita 2, iniciando pela proporgao 10/90, 20/80, 30/70 e sucessivamente. Pela avaliacaio da massa unitdria compactada, € possivel determinar a melhor proporgao, Deve-se observar 0s resultados que seguiro uma curva ascendente até atingir © momento de estabilidade da massa unitdéria compactada que indicara me- lhor proporgao. Proporcao Pesode Peso de | Acréscimo | Massa total Massa brita 2/brita 1 brita brita de brita | de recipiente | _unitaria | ere + tara) | compactada % 2kg tkg akg i kg/d? |___ 100/0 300,00 = | 24,20 ter | 90/10, 30 3,33 4+3,33 | 24,50 1,63 | 80/20 30 7,50 +417 25,80 1,65 | 70/30 30 12,86 +5,36 25,40 | 1,09" ‘| ___ 60/40 30 20,00 | +7,14 25,40 1,69 50/50 30 30,00 +10,00 25,40 1,69 40/60 30, 45,00 +15,00 25,40 1,69 Durabilidade Para que esta condigao seja atendida, deve-se tomar conhecimento do projeto e das condigdes de exposicgao das pegas de concreto. CAPITULO IX Concreto Adotar a relacao 4gua/cimento adequada a condicao de resisténcia e da du- rabilidade necessdria. Tabela 1— Classe de agressividade ambiental 1 1 | Classe de Classificagao geral do | Risco de agressividade | Agressividade | tipo de ambiente para | deterioragio da ambiental efeito de projeto estrutura Rural Fraca Insignificante Submersa iu Moderada Urbana 1),2) Pequeno j Marinha 1) Ui Forte — Grande Industrial 1), 2) | Industrial 1), 3) Iv | Muito Forte —————— Elevado | Respingo de maré 1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nivel acima) para ambientes internos secos (salas, dormitérios, ba- nheiros, cozinhas e areas de servico de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientais com concreto revestido com argamassa e pintura) 2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nivel acima) em obras em regides de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuvas em ambientes predomi- nantemente secos ou regides onde chove raramente. 3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indtistrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes ¢ indiistrias quimicas. 156 MATERLAIS DE CONSTRUCAO. Tabela 2 - Correspondéncia entre classe de agressividade e qualidade do concreto Classe de agressividade ambiental Concreto Tipo 1 Wt ut Ww CA = 0,65 = 0,60 =0,55 = 0,45 Relago dgua/ cimento em massa cP = 0,60 = 0,55 = 0,50 = 0,45 | | cA | =C20 | =C25 | =C30 | =cC40 Classe de concreto t i (NBR 8953) cp | =C25 | =C30 | =C35 =c40 | | | Consumo de cimento por mide | CAE CP = 260 = 280 = 320 = 360 concreto ikg/m') CA —componentes e elementos estruturais de concreto armado; CP —componentes e elementos estruturais de concreto protendido. Tabela 3 - Requisitos para 0 concreto, em condi¢ées especiais de exposigao Mdxima relacao dgua/ | Minimo valor de i, a a3 | cimento, em massa, para) (para concreto com | Condicées de exposicao | | concreto com agregado | agregado normal ou | | normal | Teve) MPa | Condicdes em que € necessario um concreto de baixa 0,50 | permeabilidade a gua | Exposicaa a processos de congelamento e | descongelamento em 0,45 condigGes de umidade ou agentes quimicos de degelo 40 Exposigao a cloretos provenientes de agentes de degelo, sais, agua salgada, 0,40 Agua do mar ou respingos ou borrifacdo desses agentes 157 CAPITULO IX CONCRETO 9.6.3 DOSAGEM DE CONCRETO COM AGREGADOS DE GRANULOMETRIA CONTINUA. Em geral, utilizam-se agregados com curvas granulométricas compreendidas em faixas ideais especificacias. Os tragos abtidos com esses agregados deno- minam-se de granulometria continua, uma vez que os agregados tém porcen- tagens retidas em todas as peneiras da série normal. Os concretos de granulometria continua apresentam boa trabalhabilidade € pequena tendéncia a segrega¢ao, sendo por isso especificados nas normas. 9.6.4 DOSAGEM DE CONCRETOS COM AGREGADOS DE GRANULOMETRIA DES- CONTINUA E possivel também realizar tragos com agregados de granulometria descon- tinua, escolhendo-se os didmetros das particulas de modo que elas possam arrumar-se deixando entre elas um volume pequeno, que deve ser preenchido pela nata de cimento. Com resist@ncia adequada e com menor consumo de cimento que nos concretos usuais. Os concretos de granulometria descontinua apresentam, entretanto, pequena trabalhabilidade e forte tendéncia a segregacao, sendo necessario adensa-los com vibradores de grande potencia. 9.6.5 PROCEDIMENTOS PARA DOSAGEM DE CONCRETOS Existem diversos processos para calcular a composigdo de materiais a em- pregar na mistura, o que se denomina trago de concreto. Os calculos sao baseados em relacdes experimentais aproximadas, devendo-se sempre con- firmar 0 trago pela observacao visual da plasticidade obtida na mistura e pela resisténcia dos corpos de prova O trago calculado deverd ser corrigido se for verificado que a plasticidade do concreto fresco é insuficiente ou excessiva. 9.6.5.1 Métodos de dosagem Corresponde 4 determinagao da quantidade com que cada material entra na composigao para se produzir um concreto. E determinagao do trago do concreto, com 0 objetivo de atender as caracteris- ticas essenciais que se espera do concreto no estado fresco e durante sua vida til. $30 levadas em consideragao as condigées de preparo, de aplicagao, de 158 CAPITULO IX ConcreTo 9.6.3 DOSAGEM DE CONCRETO COM AGREGADOS DE GRANULOMETRIA CONTINUA Em geral, utilizam-se agregadas com curvas granulométricas compreendidas em faixas ideais especificadas. Os tragos obtidos com esses agregados deno- minam-se de granulometria continua, uma vez que os agregados t&m porcen- tagens retidas em todas as peneiras da série normal. Os concretos de granulometria continua apresentam boa trabalhabilidade e pequena tendéncia a segregacao, sendo por isso especificados nas normas. 9.6.4 DOSAGEM DE CONCRETOS COM AGREGADOS DE GRANULOMETRIA DES- CONTINUA E possivel também realizar tragos com agregados de granulometria descon- tinua, escolhendo-se os didmetros das partfculas de modo que elas possam arrumar-se deixando entre elas um volume pequeno, que deve ser preenchido pela nata de cimento. Com resisténcia adequada e com menor consumo de cimento que nos concretos usuais. Os concretos de granulometria descontinua apresentam, entretanto, pequena trabalhabilidade e forte tendéncia a segregacao, sendo necessdrio adensa-los com vibradores de grande potencia 9.6.5 PROCEDIMENTOS PARA DOSAGEM DE CONCRETOS Existem diversos processos para calcular a composigao de materiais a em- pregar na mistura, 0 que se denomina traco de concreto, Os calculos sio baseados em relages experimentais aproximadas, devendo-se sempre con- firmar 0 trago pela observagao visual da plasticidade obtida na mistura e pela resisténcia dos corpos de prova. O trago calculado devera ser corrigido se for verificado que a plasticidade do concreto fresco é insuficiente ou excessiva. 9.6.5.1 Métodos de dosagem Corresponde a determinagao da quantidade com que cada material entra na composicao para se produzir um concreto. E determinagao do trago do concreto, com o objetivo de atender as caracteris- ticas essenciais que se espera do concreto no estado fresco e durante sua vida Util. S30 levadas em consideracdo as condigdes de preparo, de aplicacao, de MATERIAIS DE CONSTRUCAO exposicao e as especificagdes do projeto. No Brasil, existem varios métodos ja consagrados, além de outros menos conhecidas. A dificuldade da utilizagao de todos eles provém do jato de os graficos e tabelas serem para materiais exclusivos da regido onde foram definidos. Em obras pequenas, em geral se utilizam padiolas de dimens6es padroniza- das, exprimindo-se as quantidades de areia e brita em ndimero de padiolas por saco de cimento (50 kg). Exemplo para célculo do trago em volume. Exprimir 0 trago do exemplo anterior em volume de agregado. Solugao: admitindo as massas especificas aparentes indicadas acima, obte- mos os seguintes volumes de agregados, para 1 saco de cimento: os 1,97 . 5 Areia: mas = 70 litros Brita: 297-50 _ iia titros 9.6.5. 1.1 - Método ACI - American Concrete Institute Baseia-se nas exigéncias de projeto (resisténcia), condicdo de exposicao (du- rabilidade) e execucao de obra (trabalhabilidade). O procedimento adotado € 0 seguinte: Conforme as condigées de projeto e execugao da obra, adota-se 0 abatimento do tronco de cone; Determina-se a dimenséo maxima caracteristica do agre- gado gratido, tendo em vista as condigées da obra conforme NBR 6118. Em fungao da dimensao maxima caracteristica do agregado gratido e do aba- timento adotado, determina-se a quantidade aproximada de 4gua por metro cibico de concreto, de acordo com a Tabela 1 A seguir, determina-se a relacao agua/cimento em funcao da resisténcia de dosagem (Curva de Abrams) e das condicGes de exposicao e natureza da obra (Tabela 4 - ACI), adotando-se o menor dos dois valores. Calcula-se 0 consumo de cimento. CAPITULO IX Concreto O volume aparente do agregado gratido a ser usado, por metro cbico de concreto, 6 determinado em fun¢ao do médulo de finura da areia a ser em- pregada, com o auxilio da Tabela 2. No caso de usar dois agregados gratdos, recomendam-se as proporgdes apresentadas na Tabela 3. O consumo do agregaco mitida pode ser calculado pelo método volumé- trico. Executa-se, posteriormente, 0 ajuste do trago por meio de misturas experimentais. Tabelas para uso do método do ACI Tabela 1 Consumo de dgua aproximado (I/m*) Abatimento Dimensio maxima caracteristicas do agregado gratido (mm) do tronco | cone (mm) 95 19 25 | 32 38 | 40 a 60 20 «| «195 190 | 185 180 60 a 80 225 200 195 | 190 185 80 a 100 230 205 200 195 190 Tabela 2 Volume compactado seco de agregado gratido (m°/m’ de concreto) Dimensdo Maxima (mm) MF aaa Se = | 9,5 19 25 32 38 1,6 0,665 0,790 0,815 0,840, 0,865 us| 0,645 | 0770 | 0,795 | 0,820 0,845 2,0 | 0,625 0,750 | 0,775 0,800. 0,825 2,2 y : [ 0,605 0,730. 0,755 [ 0,780 0,805 \2,4 | 0,585 071 0 0,735 0,760 0,785 2,6 | 0,565 | 0,690 71s | 0,740, 0,765 28° | 0,545 0,670 0,695, 0,720 0,745 | 3,0 - 0,525 | 0,650 0,675 0,700 0,725 3,2 0,505 0,630 0,655, 0,680 0,705 34 0,485 0,61 o | 0,635 0,660 0,685 | 160 MATERIAIS DE CONSTRU! Tabela 3 Proporcionamento de britas | Dimensao Maxima (mm) | Proporcao recomendada | | 9,5/19 30% / 70% 19/25 50% / 50% | 25/38 50% / 50% 38/50 50% / 50% Tabela 4 - ACI Relag6es 4gua/cimento, maximas permissiveis para diferentes tipos de estru- turas e graus de exposi¢ao (ACI Manual of Concrete Inspection) Temperatura suaves, raramente abaixo da congelacao Tipos de estrutura Na linha d’ ‘dgua ou dentro da faixa N de flutuagao do nivel d’dgua oar Em dgua | Em dgua do mar ou em doce contato com sulfato Seces finas (parapeitos, dormentes, postes, estacas, tubos) 0,53 0,49 0,40 (b) a segdes com menos de 2,5 cm de recobrimento Segies moderadas (muros de @) 053 0,44 (6) arrimo, fundacoes, cais, vigas) Parte exterior das segGes de @ 0,58 0,44 (b) concreto massa Concreto lancado por tremonha sob agua (submerso) — 0,44 0,44 Concreto protegido da intempérie, - interior de edificios; concreto (a) =~ oa enterrado _ 161 dos brasileiros m Para concretos de consisténcia pidstica a fluida @ Fornece uma primeira aproximacao da quantidade dos materiais, deven- do-se realizar uma mistura experimental Cimento Caracteristicas dos materiais t———— Agregado Concreto Fixar a relagao ale Determinar 0 consumo dos materiais Apresentagao do trago Caracteristicas dos materiais Cimento: @ Tipo ™ Massa especifica m Resisténcia do cimento aos 28 dias Agregados: Andlise granulométrica Médulo de finura do agregado mitido Dimenséo maxima do agregado gratido Massa especifica Massa unitaria compactada 162 CAPITULO IX ConcreTo 9.6.5.1.2 Dosagem de concreto pelo método ABCP Método de dosagem ABCP a Adaptado do método da ACI (American Concrete Institute), para agrega- MATERIAIS DE CONSTRUCAO, Concreto: fe, Consisténcia desejada no estado fresco Condig6es de exposigdo Resisténcia de dosagem do concreto = fy + 1,65. Sd Sd = desvio padrao Caracteristicas dos materiais Fixar a relagao a/c Determinar 0 consumo dos materiais Apresentagao do trago Fixagao a/c Critérios Durabilidade — ACI ou NBR 12655 - Relagao a/c e tipo de cimento Resisténcia mecanica - Escolha do a/c & fungao da curva de Abrams do cimento CAPITULO IX CONCRETO Curva de abrams do cimento Ex.: Cimento CP 32 fo (MPa) Cimento CP — 32 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 ale Concreto com resisténcia de 25 MPa aos 28 dias. 0 i = Sore oO 0,35 0,40 0,45 Utilizagao da curva de abrams m Resisténcia do cimento é conhecida @ Resisténcia média do cimento é conhecida lm Resisténcia desconhecida m Utilizagao da resisténcia minima de norma Caracteristicas dos materiais Fixar a relagao ale Agua Determinar 0 consumo dos materiais Cimento Agregados Gratido Mico Apresentagao do traco 164 MATERIAIS DE CONSTRUGAO. Determinacao aproximada do consumo de agua (Ca) Consuino dé Sgua apratimado (Vm) - Abatimento D,,,. agregado gratido (mm) (mm) 95 190 | 250 | 320 | 380 40a 60 220 | 195 190 185 180, eoaso | 225 | 200 | 195 | 190 | 185 80a 100 230 205 200 195 | 190 Determinacao do consumo de cimento (c) C = Casfa/c) (kg/m*) O consumo de cimento depende diretamente do consumo de égua Determinagao do consumo de agregados Teor 6timo de agregado gratido - Dimensdo maxima do agregado gratido - Médulo de finura da areia ® Teor dtimo de areia - Teor de pasta - Consumo de agregado graido

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