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SONDAGEM © reconhecimento do solo pode ser feito atra- vés de sondagem. O processo mais simples ¢ 0 de abertura de pocos, que permite reconhecer a na- fureza das varias camadas|et@ encontrar um “bom solo” Devem ser retiradas amostras das varias cama- das até 0 fundo do poco, a fim de serem ensaia- das conforme se descreve a seguir. A mostragem 6 feita por meio de caixes cubicas de 20 a 30 cm de lado, conforme indicam as figu- ras seguintes. ar ries oes saixa € cravada no solo A caixa deve ser fechada com tampa e fundo e ainda ser lacrada com fita go- mada. Deve indicar ng face superior da amostra o numero = do poco de sonda- gem e a cota ou pro- fundida. Quando for necessé- rio ir @ maior profun didade ou quando aparecerem dificulda- des para a execucao de um pogo, (presenca de Agua, por exemplo), © reconhecimento do subsolo pode ser feito por meio de sonda- gem. Para 0 reconheci- mento do solo em grande profundidade utiliza-se ura sonda. Sonda esta constitui- da de uma longa haste que é enfiada no inte- rior de um furo feito no solo Na extremidade da haste se localiza um amostrador constitui- do por uma caixa cilin- drica, por meio da qual se extrai a amostra A amostra deve ser conservada intacta, para- finada e ao abrigo da evaporacao. para ser trans- portada para o laboratorio 13 No laboratério, iden- tifica-se a amostra sob © ponto de vista geold- gico, a fim de permitir 0 tragado do perfil das camadas encontradas. Indica-se igualmente o nivel onde a Agua foi encontrada : € 0 nivel do lengol freatico. Assim, pode-se distinguir a ROCHA propriamente dita, dura e sdlida, do solo proveni- ente da decomposi¢éo das rochas, formadas de grdos minerais de varios diametros. Das amostras retiradas, examinam-se primeiramente os diametros dos gréios do solo e as proporgdes em que ocorrem. (andlise granulométrica). Para os pedregulhos e as areias, emprega- se 0 processo de pe- neiramento como se faz, também para os agregados do concre- to. Para as _ particulas finas, a andlise é feita por sedimentagao. Os graos maiores sao de- positados no fundo do recipiente, mais rapi- damente do que os fi- Nos ou as poeiras. Quando se agita a amostra de solo em agua, os gréos maiores se depositam em primeiro lugar e os mais finos em ultimo. Mede-se a velocidade de decantacao ela variago de densidade em um deter- minado tempo e a uma dada altura, (a densidade diminui na medida em que 0 liquido clareia). Depois de medir a varia~ 80 de densidade ¢ possivel calcular as Proporcées das varias dimensdes dos graos 5 © SOLO PODE SER COMPOSTO DE: Blocos rochosos de dimensées superiores a 20 cm Seixo compreendido entre 20 cm e 7,6 mm Pedregulhos compreendidos entre 7,6 mm e 4,8 mm Jim, Areia de 48 mm a ee 0,05 mm Silte 6 ainda mais fino, indo de 0,05 mm a 0,005 mm (5 microns). Argilas sao compostas de graos extremamente finos de dimensdes inferiores a 0,005 mm As argilas so impermeaveis, plasticas e dotadas de coesao. INFLUENCIA DA AGUA A agua desempenha um papel importante nas caracteristicas dos solos +e de sua resisténcia, @f € Sabe-se que uma argila seca ¢ friavel, isto 6, quebra-se com facilidade, e uma argila imida 6 plastica e deformavel. Quando se encharca um solo com Agua, a resisténcia do mesmo 6 diminutda, podendo provocar re- calques. Essa é uma causa, bastante fre- giiente, de fissuracéo das cons- trugdes. Este efeito é tanto maior quanto mais argiloso for 0 solo. A gua pode ainda provocar deslizamentos e desmoronamen- tos em taludes como decorréncia da diminuigéo da resisténcia do solo. 7 A gua pode circular no solo de diferentes maneiras As chuvas_penetram na terra pela acao da gravidade, aumenta do as aguas dos chos e trios. Em habitagdes nao servidas por rede de eS" goto a agua penetra no solo pelas fossas. Por meio delas, a dgua se difunde lentamente através das camadas permedveis. A &gua pode também subir por CAPILARIDA- DE. Este efeito pode ser observado através de um tubo de diametro muito pequeno, mergu- Ihado em um frasco d'égua. Observa-se que © liquido sobe pelo tubo até o nivel superior do frasco. Por exemplo, no caso de o diametro do tu- bo ser de 0,1 mm, a altura de subida 6 de 15cm. Este mesmo fendmeno faz o liquido subir em um pavio de lamparina a querosene E ainda este mesmo fendmeno que faz a seiva subir nas vegetagdes e arvores. Os solos sao constituidos de particulas sélidas, agua.e vazios 0u poros. Estes poros alinhados formam inumeros canals capila- res muito finos, que aspiram a Agua como faz uma pessoa aspi- rando uma bebida através do ca- nudinho. A forca que provoca a subida capilar é uma forca de sucgao. Ela permite a 4gua de um lengol freatico subir varios metros até a raiz dos vegetais e até as funda- cées das obras. A 4gua sobe tanto mais quanto mais finos forem os canais capile- res. O que quer dizer, quanto me- nor didmetro tiverem os graos do solo. ‘A subida por capilarida- de 6 fraca nas areias lim- pas e grossas, podendo ser muito grande nas areias argilosas, e é praticamente nula nos pedregulhos’e pe- dras britadas limpas. Uma camada de areia ou pedra pode impedir a subi- da capilar. 9 Um solo saturado de umida- de é um esqueleto sdlido dentro d’4gua. Uma certa parte da car- ga que o solo suporta é absorvi- da pelo esqueleto sdlido e outra parte pelo liquido, e é chamada de PRESSAO NEUTRA. Logo que se permite & agua escapar, o esqueleto sdlido se comprime e a pressao neutra diminui, aumentando a carga suportada pelo esqueleto. Finalmente, apés muito _tem- po, até séculos, a dgua ndo su- portaré mais pressdo e o solo estara adensado. A velocidade de adensamen- to depende da facilidade com que a gua pode escapar ou ser evacuada. Esta facilidade é tanto maior quanto mais permedvel for o terreno. E esta permeabilidade que dé a velocidade de recalque das construcces. Solos diferentes ou os solos iguais, quando sub- metidos a pressdes dife- rentes, néo se comportam da mesma maneira. Quan- do as cargas que as funda- des transmitem aos solos no séo bem equilibradas, aparecem recalqués dife- renciais que geram uma sé- rie de inconvenientes. A argila se deforma_len- tamente. A deformagaéo é tanto maior quanto maior quantidade de agua ela con- tiver e quanto maior for a carga sobre ela aplicada. A areia se deforma de- pressa e tanto mais quanto maior for a carga sobre ela aplicada Por esta razéo, a Torre de Pisa tem esse jeito incli- nado tao nosso conhecido. Para que estes inconve- nientes nao ocorram, é ne- cessério que se facam en- saios de laboratdrios que permitam um bom conheci- mento das _propriedades dos solos de fundagao a MEDIDAS : DAS CARACTERISTICAS DO SOLO EM LABORATORIO As diferentes caracteristicas que devem ser medidas em um solo sao : A. A GRANULOMETRIA (estudada na pagina 15) B. © TEOR DE UMIDADE C. O PESO ESPECIFICO D. OS LIMITES DE LIQUIDEZ E DE PLASTICIDADE —, A PERMEABILIDADE E A CAPILARIDADE A medida da quantidade de 4gua em um solo se faz simplesmente por secagem. A amostra é pesada e em seguida colocada em estufa a 105° até que o peso da amos- tra permanega constante. A diferenga en- tre a primeira ¢ ultima pesagem (quando o peso j4 se mantém constante) 6 igual a quantidade de agua contida na amostra O PESO ESPECIFICO dos gréos é 0 peso por unidade de volume dos graos sdlidos do solo. O peso do solo seco é determina- do pela balanga. O volume é medido com 0 auxilio de um aparelho denominado PI NOMETRO. Em um frasco cheio de agua até a borda, coloca-se um sdlido : a quantidade de agua derramada € igual ao volume do s6lido. E suficiente medir a quantidade de Agua transbordada para que se conheca 0 volume procurado © PICNOMETRO ¢ constituido por uma garrafa de vi- dro, fechada com rolha, através da qual passa um tubo : dotado de um copinho. Mede-se, inicialmente, 0 volume : do frasco, enchendo-se de agua até o nivel do copinho. Em seguida, esvazia-se o frasco, colocando nele a amos- tra de material seco, cujo peso especifico deve ser de- terminado. O frasco deve, entao, ser novamente cheio de Agua e agitado, de modo que se eliminem todas as bolhas de ar. A diferenca entre o primeiro © 0 segundo volume de Agua colocado no frasco fornece o volume do sdlido. A diferenca entre os pesos determinados na primeira e segunda operagées fornece o peso do sélido menos o peso da gua, que nao coube no frasco quando ele esta- va com 0 solo dentro. Como se vé, 0 peso especitico é obtido por um célculo muito simples. O aspecto e a CONSISTENCIA dos solos, e em particu- lar dos que contém argila, variam de maneira muito nitida, conforme a quantidade de 4gua que retém. Consideram- se em particular quatro estados : O liquido, o plastico, 0 semi-sdlido e o sdlido. Estes estados sao separados por limites definidos por Atterberg: LIMITE DE LIQUIDEZ, LIMITE DE PLASTICIDADE ¢ LIMITE DE RETRAGAO, conforme esquema abaixo: ub LP LR Umidade Semi-sdlido T Sélido Decrescendo Com muita agua o solo Com menos agua o solo Com menos gua ainda, se apresenta como um li- 6 plastico mas nao liquido, 0 solo se torna sélido quido ou lama sem 0 aspecto de lama. Mesmo que vocé possa avaliar estes limites com os pés, é melhor determiné-los em labo - ratorios, através das amostras. LIMITE DE LIQUIDEZ E determinado pelo apare- Iho de Casagrande, consti- tuido por uma manivela que move uma concha metélica, fazendo-a cair sobre uma ba- se de ebonite, um certo nu- mero de vezes. Prepara-se uma certa quan- tidade de pasta com teor de umidade bem. definido. Colo- ca-se esta pasta na concha por meio de uma espatula. Com o auxilio de um instru- mento especial, faz-se uma ranhura na pasta segundo o eixo da concha. Em seguida coloca-se esta no aparelho, submetendo-a a quedas se- quidas. Anota-se © numero de que- das necessérias para que 1 om de ranhura se feche. O limite de liquidez é definido pelo teor de umidade neces- sdrio para que a ranhura se feche com 25 quedas. O valor 6 determinado através de en- saios sucessivos. O teor de umidade 6 a relacdo entre 0 peso da agua e o peso do ma- terial seco contido numa amostra de solo. DEPOIS DAS PANCADAS, A RANHURA COMECA A FECHAR-SE © LIMITE DE PLASTICIDADE Inicia-se como se faria como uma massa de pao para moldar uma bolinha. Em Seguida rola se a bolinha, feita com o material da amostra em uma placa de marmo- re ou de vidro,.de modo a formar um pequeno bastéo de 3 mm de diametro e 12 a 15 cm de comprimento. O limite de plasticidade 6 defi- nido como o teor de umidade do material do bastonete, quando, com aquelas dimensées, ele comega a se fissurar, enquanto submeti- do ao rolamento. Mede-se esse teor de umidade por secagem © INDICE DE PLASTICIDADE E a diferenga entre o limite de liquidez e o limite de plasticidade. IP = LL — LP O LIMITE DE RETRAGAO E 0 teor de umidade abaixo do qual o volu- me da amostra cessa de diminuir. Para se de- terminar o limite de retragaéo procede-se a secagem em estufa. Pesa-se e mede-se 0 volume da amostra em um frasco cheio de mercurio. RETRACAO diferenca de volume igual 4 agua evaporada DE ——_______» LIMITE RETRAGAO Mi ¢ 13 SEM RETRAGAO diferenga de volume constante els > Acima do limite de retragéo a agua enche 0s poros, separando os graos e as particulas sélidas. Abaixo deste limite os gréos permanecem em contacto e o ar penetra nos poros. Neste caso podem produzir-se fissuras no solo, co- mo as que se observam nos campos, em €po- cas de seca. Ao contrério, quando se umedece o solo seco, ele incha logo que o teor de umidade ultrapassa o limite de retragao. Esse aumento de volume pode ser sufici- ente para erguer uma obra, especialmente nos paises naturalmente secos, quando aci- dentalmente ocorre 0 umedecimento do solo ou quando as fundagdes se opuserem a eva- poracdo da agua. Quando a pressaéo causada pela fundagéo for suficiente para se opor ao inchamento, es- te nao chega a ocorrer. E preferivel neste caso projetarem-se fun- dagées profundas bastante carregadas e que n&o se oponham a evaporagao. OS LIMITES DE ATTERBERG Permitem, nao apenas caracterizar 0 ma- peamento do solo, mas também fornecer as corregdes a serem procedidas Caso 0 teor de umidade seja inferior ao li mite de plasticidade, o material pode ser con. siderado compactado e oferecer resisténcia a0s escorregamentos. Quando o teor de umi- dade natural for superior ao limite de liqui dez, 0 solo se escoa e pode ser considerado como um liquido viscoso. Vasa (lodo) € um exemplo deste caso. Em seguida estdo ilustrados alguns exemplos de limites para diferentes argilas e limos Limite dé liquidez (LL) = limite de plasticidade (LP) (agua em % de matéria seca). tea P Agila vuleanica Terra se de [aratiade Berrechidl —Argila de Margas verdes 0 Mexico diatomaceas ur (Marrocos) (Londres) (Paris) 500 125 375 | 115 0 119 | 100 30 70 | 95 25 60 | 78 28 50 Margas ‘Argila Bariolée Argila para cairo Argila mole infra-gipsiosas | A100 pote Ceolina reel tL immaas On: siltosa (Paris) (Paris) | Se 25 31 | 43 19 29 | 4 2 18 | a 21 21 | 38 18 20 215 tt Tomemos um frasco cilindrico suficientemente gran- de e que disponha, em sua parte interior, de comunica- Gao com um reservatério. Enchamos este frasco com o material em estudo e deixemos correr agua de maneira que seu nivel aflore na parte superior do frasco. No caso do material em absorcao ser permedvel a Agua se infiltra através do mesmo. O COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE é¢ igual ao quo- ciente entre o produto da altura do solo h pela quan tidade de agua Q que atravessa o solo na unidade de tempo e 0 produto da diferenca do nivel d'agua H pele segao A. COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE 0 x " xl x| x pls E ainda possivel a determinacéo da permeabilidade de um terreno por meio de um pogo ou sonda. Cravam- se tubos furados até que seja atingida a camada imper- meavel com uma altura H. Bombeia-se em seguida a Agua de um dos tubos e mede-se a quantidade de agua bombeada, por unidade de tempo, bem como o rebaixa- mento do nivel de agua dos demais tubos. Bombeamento Uma formula per te determinar 0 coefi ciente de permeabili- dade k © movimento da 4gua no so- lo permedvel produz uma pres- s80 como se cada gro fosse impelido no sentido da corren- te. Em um tubo de ensaio, esta pressdo é pro- porcional a “perda de carga", isto 6, a altura de agua H. A pressao tende a compacter o solo quando ela encontra um obstaculo. No caso desta pressao agir de baixo para cima ou lateralmente sem obstdculo, pode deslo- car o solo diminuindo sua compacidade (areias soltas areias méveis). Hé uma turbuléncia no meio imergente, quando 0 gradiente hidrdulico subindo a # , se torna igual ou superior & densidade do So- lo imerso (a densidade saturada menos o em- puxo de Archimedes igual a 1,d = D — 1). Neste momento um peso colocado na super- ficie do solo desce violentamente. Pode en- tao medir 0 gradiente critico igual a # Quando no curso da secagem de uma esca- vagéo em um terreno arenoso, 0 gradiente atingir este valor critico, a areia se torna sol- ta e 0 fundo da escavagao pode ser elevado. Este fenémeno pode ser impedido pelo carre- gamento da areia por meio de materiais per- meaveis. A Agua pode, assim, arrastar particulas do solo. Formam-se galerias que ao afundarem, formam crateras. Os franceses dao a este fe. némeno @ nome de “raposa”. Em um pogo artesiano a pressdo de agua que emerge, superior ao peso de terra, pode chegar a arrasté-la. No sentido de indicar a ordem de grandeza da PERMEABILIDADE, apontamos a seguir a velocidade com que a agua atravessa alguns tipos de terreno, quando submetidos @ uma diferenga de pressdo de 1 g por cm, ou seja 100 g por metro, > MISTURA PEDREGULHO AREIA DE AREIA E ARGILA. ARGILA. inferior a inferior @ 5 cm por hora 3 cm por ano \s) © solo quando carregado se deforma mais ou menos lentamente. Os vazios_diminuem de volume e sao cheios de agua. E, pois, im- portante conhecer o volume de vazios carac- terizados pelo INDICE DE VAZIOS, que é a relagao entre volume de vazios ¢ 0 volume de sélidos. indice de vazios A POROSIDADE 6 a relaco entre volume de vazios e 0 volume total aparente. Para determinar 0 indice de vazios, determina-se o volume da amostra intacta, em seguida quebra-se ¢ seca-se a-amostra. Determina-se entéo o volume dos finos por meio do picndmetro. A di- ferenca entre os dois volumes é igual ao volume de vazios. 30 Para verificar como um solo pode se deformar sob a acto de uma carga, de- vem ser procedidos ensaios de COM. PRESSIBILIDADE. Para tanto, usa-se um aparelho com o nome de ODOMETRO. O esquema deste aparelho é ilustrado na figura ao lado. O pistéo é dotado de pequenos tubos que permitem a comunicagao entre a agua, colocada na parte superior e a amostra A amostra a ser submetida a0 ensaio € cortada a mao, cuidadosamente, para ser colocada na camara cilindrica. Nesta camara, é colocada entre duas placas po- rosas denominadas “pedras porosas”. A pedra porosa inferior fica em comu- nicagéo com um tubo pelo qual a agua pode escoar. Aplica-se, em seguida, sobre o pistao a presséo P e mede-se a deformacao progressiva com o tempo A primeira operagéo ¢ constituida pela saturacao da amostra o que é obtido através do enchimento da camara de sai- da e dos tubos de pistdo, com agua Deste modo, 0 solo é saturado e tende a expandir-se. A oposicao a expansao ou inchamento 6 feita comprimindo-se o pistéo. Aumente-se em seguida a com- pressao a cada 24 horas e anotam-se as deformagées medidas pelos relégios comparadores. Apés 0 ultimo carregamento procede- se o descarregamento. O solo novamen- te incha lentamente seguindo uma certa velocidade que é registrada pelos rel- gios comparadores. Pedras porosas B 8 > 3 3 2 3 ° 3 3 = 1 Para interpretar estes resultados traga- mos © diagrama das deformagdes em co- ordenadas logaritmicas da carga. Para aqueles que esqueceram, eu vou relembrar 0 que é um logaritmo. Suponha- mos que queiramos fazer um presente 2 nossa esposa de uma pedra preciosa. O vendedor nos mostra uma pequena pedra que vale 500 francos. Uma pedra duas vezes maior, vale 5.000 francos, quer dizer, dez vez mais, uma pe- dra trés vezes maior 50.000 francos, quer dizer, dez vezes mais que a precedente, uma pedra 4 vezes maior, 500.000 francos etc. Noés diremos agora que © peso varia com © logaritmo de prego na base 10, quer dizer, que cada zero suplementar sobre o prego aumenta 0 peso de uma unidade. E possivel calcular o logaritmo de uma cifra qualquer com uma simples régua de calculo. Em um diagrama, anota-se na ordenada o indice de vazios obtido durante 24 horas, e, na abcissa, o logaritmo da pressdo correspondente. 0,9 0,8 07 0,6 = 05 Pressao r em kg/cm? oer 0,05 0,10 aso (1 540 A variagao obtida, se compée de duas linhas retas ligadas por uma curva. Obtém-se desta curva a PRESSAO DE CONSOLIDA- GAO. ° Ela indica que o terreno, durante séculos, foi a submetido a uma certa presséo maxima igual a E, pressao de consolidagao por um tempo conside- & ravelmente longo. a2 Esta pressdo pode ter sido causada por uma so- 3 brecarga desaparecida apés alguns anos, talvez Hs pela remogao de terras ou pela erosao ou por qual- E quer outro motivo. Quando se submete um solo a 2, uma carga menor do que a de consolidagao 0 solo a se deforma pouco. Além deste ponto ele se defor- 5 ma bastante 16" 4’ 10’ 100’ 474 7D 2M Deformagao em mm gt 1 #10 100 1000 10 Tempo (:) EM MINUTOS Para uma camada de espessura H compreendi- da entre duas camadas permedveis 0 tempo de consolidagao é de : Para uma camada que faceia acima ou abaixo de uma s6 camada permedvel o tempo de conso- lidagdo é quatro vezes maior do que o precedente. Por meio de Odémetro pode-se medir a defor- macéo ao longo do tempo sob uma determinada carga Tendo sido o logaritmo do tempo registrado na abcissa e as deformagées na ordenada, a varia- do destes, é caracterizada por duas retas liga- das por uma curva. O coeficiente de consolida- 80 € neste caso calculado pela formula : 0,197 x he cv = ———_ at onde T € 0 tempo necessério para ser obtida a metade da deformagao correspondente ao ponto A da curva. A formula permite determinar o tempo necessério para que seja obtida a consoli- dagao correspondente a deformagao de uma ca- mada de espessura h. Este ensaio permite ainda calcular o COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE dos solos adensados para os quais os méto- dos classicos s4o inadequados ou mes- mo invidveis. Efetivamente, a contracdo expulsa a Agua para o exterior da amostra e a ve- locidade de deformagao depende da per- meabilidade. O coeficiente de permeabi- lidade 6 assim : Cv (e9 — e) Ba K = —~—_—__ onde (1 + eg) P Cv = 6 0 coeficiente de consolidagao 4 = indice de vazios inicial indice de vazios sob a pressao P peso especifico da agua (=1) (eo — e) = variagao de altura Geralmente, 0 solo se rc seguindo superficies de des mento, ao longo das quai graos se deslocam uns en lagao aos outros. Quando deslocamos um objeto pesa- do, devemos aplicar uma forca que é tan- to maior quanto mais pesado for o obje- to. O COEFICIENTE DE ATRITO ¢ a rela- co entre a forca horizontal necesséria ao deslocamento da carga sobre uma su- perficie, que pode ser a de deslizamento, © 0 peso da carga. 2m © solo cisalhado possui um COE- os FICIENTE DE ATRITO que pode ser Oo medido e que determina o Angulo de ‘ Ane a my te © aparelho de cisalhamento clés- sico de “Casagrande” é constituido por uma caixa retangular dividida em duas por um plano horizontal. A amostra € colocada entre duas p dras porosas granuladas e solid rias as duas meias caixas. A parte inferior se move horizontalmente. O solo é comprimido por uma forca P. Pedras porosas Desloca-se a parte superior da caixa apli- cando-se a ela um movimento a uma certa velocidade (1,5 mm por minuto por exemplo) mede-se com 0 auxilio de um dinamémetro aforca # correspondente. Geralmente, esta forca passa por um mé- ximo Fe diminui em seguida. Relacionando- se a carga P ao valor do cisalhamento corres- pondente F , determina-se geralmente uma reta mais ou menos inclinada Para as areias esta reta passa pelo ponto P=0, isto quer dizer que para carga nula nao ha resisténcia ao cisalhamento. Diz-se que as areias néo possuem coesao : 40 solos pulverulentos. Seu Angulo de atrito corresponde aproximadamente ao do talude natural. Os solos mais ou menos argilosos tém uma coesao (ou resisténcia ao cisalha- mento sob carga nula). Eles se mantém inde- formados quando séo cortados. Tém ainda uma pequena resisténcia 4 compressao. Angulo de atrito 35 Relacionam-se a seguir alguns valores de coesdo e de Angulo de atrito de diferentes solos intactos. * * a 3B oe ch -& =i Oar 1 [iiss 38 3s Q Ze 3 |e 3 i 8 waranzom «|S | Areia (angulo de atrito va- Limo de Orly Marga Verde ria com o indice de vazios e) (Paris) & & — — 3 2 e = 8 8 2 W I 6 ° ° 3 - 8 3 3 8 x 8 8 Marga branca Argila Limo argiloso de infragipsitera Besancon ‘As indicagdes precedentes foram de- duzidas de ensaios de materiais com teores de umidade naturais. Secando-se uma argila, pode-se aumentar 0 seu an: gulo de atrito e sua coeséo. O mesmo ocorre em se mantendo uma certa car- ga durante um tempo relativamente grande em um solo relativamente per- medvel de modo a ser retirada parte da Agua intersticial. Pode-se ainda obter aproximadamente a coesaéo de um solo gracas a um ensaio de compressao sim- ples de uma amostra cortada do bloco do material em questao. Observa-se que a ruptura ocorre por deslisamento (sobre um plano inclinado que forma um angulo A com 0 plano da secc4o comprimida) Quando 0 Angulo de atrito é nulo o angu- lo A é iguala 45°. Este dngulo A aumen- ta quando o Angulo de atrito aumenta COESAO . DO SOLO A coesao do solo é devida ao fato de que os gros sao ligados entre si por delgadas particulas de agua que exercem forcas elétricas, cujo efeito & 0 de manter os grdos coesos, ou por camadas de agua que exercem tensdes capilares entre os graos e que sao tanto maiores quanto mais proximos estiverem os graos. E a mesma forca capilar que faz subir a 4gua em um tubo, tanto mais alto quanto mais fino for o tubo As forcas agem ao longo das superticies que separam a 4gua do ar, onde se formam ténues membranas. Observam-se bem estas _membranas, quando se agita a agua ou quando se asso- pram bolhas de sabao (a adi¢ao do sabao aumenta a tensao superficial, ou seja a re- sisténcia da membrana & tragao). A inter- fase Agua/ar toma a forma de uma super- ficie curva que se chama menisco. Quanto menor for o raio do menisco maior 6 a tragdo exercida pelo menisco. Para que a coesao capilar possa ocorrer, é necessario que coexistam ar e dgua. Quando se inunda um solo, a coesao de- saparece e ele se desagrega. 7 Coloquemos areia num saco de borracha. Se apertarmos 0 saco com a méo, a areia se deforma, movimenta-se sobe, desce e sai sem dificuldade. Retirando-se com a boca o ar do saco (com cuidado para nao engulir areia) faz-se um vacuo parcial. Fechemos em segui- da a boca do saco com um barbante de ma- neira que 0 vacuo se mantenha pelo menos em parte. O saco de borracha exerce entéo uma pres- 40 sobre a areia em todas as direcdes e 0 volume dificilmente se deformara sob a pres- sdo das méos. A areia que possuia uma coe- sao nula adquiriu uma coesao artificial nova tanto quanto mais elevada for a pressdo p. Presse? ey ia. nova coesdo forga de cisalhamento Se se carrega uma amostra retirada do solo, ela se deforma e incha lateralmente numa certa quantidade que depende de sua nature za. Consideramos no so: lo 0 mesmo volume. C solo que o rodeia se opde ao inchamento REAGE e provocapres: sdes laterais que redu zem a deformagao lon gitudinal assim comc 0 recalque. Essas pressées pro vocam 0 aumento de resisténcia. Amostra Tubo de borracha finissimo Anel de aperto Pedra porosa Pressao lateral O ENSAIO TRIAXIAL Consiste justamente em determinar o efeito desta pressao lateral sobre a resisténcia, A amostra cilindri- ca tirada, é introduzida dentro de um tubo de borracha muito fino. Em uma das extremidades, ela 6 posta em contato com um prato e na outra com uma pedra po- rosa. O fechamento absoluto € assegurado por dois Camara Pressao intersticial angis de aperto nas extremidades. A amostra assim montada é colocada dentro de uma camara herméticamente fechada, cuja parede lateral, é constitui- da por um tubo transparente e grosso. Dentro desta cémara, introduzimos Agua sob pressdo que comprime a amos- tra do solo em todas as diregdes. Depois aplicamos sobre o pistao longitudinal uma forga P até a ruptura da amostra. Durante © carregamento, a medida & feita pelo movimento do pistao, que da a deformagao longitudinal da amostra. Durante 2 aperacao a dgua ¢ comprimida © expulsa. Esta atravessando a pedra po- rosa pode ser liberada, é a operacao de DRENAGEM. Pode-se também, gracas a um dispositivo, impedir a saida da agua, aplicando na mesma uma pressao, que é medida, a qual 6 a pressao neutra. Pode- se ainda manter a pressdo neutra cons- tante, retirando uma certa quantidade de agua Assim é resumidamente 0 ensaio tria- xial que completa o ensaio de odémetro € 0 ensaio de corte com maiores possi- bilidades. 39 DIAGRAMAS DE MOHR RETA DE COULOMB A pressao hidrostitica da agua q é a presséo lateral aplicada. Se P 6 a for- ¢a aplicada pelo pistéo e S a grandeza da segao da amostra, a presséo longl- tudinal 6 < indis a pressdo hidrostética, ou seja p = = + q. Consideramos um ensaio onde a ruptura tem lugar sob uma pressao lateral q e uma pres 540 longitudinal p. Marcam-se estes dois valores ao longo de uma reta ho- rizontal obtendo-se dois pontos A e B. A meia distancia de A e de B, se situa o ponto C distante da origem 0 pela grandeza 2+ % Tomando C como centro, pode-se tracar um meio circulo, que passa por A e B. Em outras condigdes de ruptura, q sendo menor, por ex., obtém-se um outro circulo de diametro A’ B’ onde o centro é em C' e assim por diante. Para os solos constata-se que existe uma reta envoltérta tangente ao mesmo tempo a todos os circulos. a reta RT (na pratica, a dis- persdo experimental faz com que certos circulos fiquem levemente no inte- rior da reta e que outros podem ser um pouco cortados, mas o ajuste apro- ximativo pode ser feito sem dificuldade). A reta RT, chamada RETA DE COULOMB, possui propriedades interessantes. Ela faz com a horizontal um 4ngulo que nao é outro sendo o Angulo de atrito, que ja vimos: Ela corta a vertical a zero por um valor igual ao da coesao, O circtilo passando pela origem, tangente a reta e cujo centro se situa sobre a horizontal, possui um didmetro igual a re. sisténcia a compressao simples, sem pressdo lateral. A resisténcia a compressao sob uma pressdo lateral Q é igual a (p-q). O DIAGRAMA DE MOHR 6, antes de tudo, uma representacdo cOmoda das condicdes de ruptura. Para uma AREIA, sem aderéncia, a Para uma ARGILA MUITO PLASTI- reta envoltéria passa pela origem 0. CA a reta limite é horizontal. A re- A resisténcia 4 compressao simples sisténcia @ compressao independe 6 nula mas a resisténcia a compres- da pressao lateral. so sob presséo lateral aumenta ra- pidamente. Resta-me ainda descupar-me jun- to ao senhor Ponte Pequena, por es- ta exposic3o um pouco abstrata. E certamente incompleta, mas que parece ser indispensavel @ compre- ensdo da mecnica do solo. “ ENSAIO NO TERRENO : ‘Até agora vimos os ensaios de laboratério, por meio de amos- tras retiradas por sondas. Existem igualmente ensaios que po- dem ser realizados diretamente sobre o terreno, sdo os chama- dos ENSAIOS DE RECONHECIMENTO ou de EXPLORAGAO DO SUBSOLO. RECONHECIMENTO S{SMICO utiliza a velo- cidade de propagagao do som nos diversos materiais. Esta veloci- dade 6 diferente para cada material. ~ OOOOOODAt Se é de 100 a 200 m/s num solo muito solto, pode ir de 200 a 400 m/s na areia, de 400 ‘a 800 m/s na argila, de 500 a 1,000 m/s para as alteragdes de rochas, de 2.000 a 6.000 m/s para os calcdrios e até 7.000 m/s para os granitos e rochas similares. A fim de explicar melhor o principio da sondagem do solo pelo som, mostra-se como exemplo um andarilho que esté atravessando uma floresta espessa. Esse andarilho deseja ir a uma clareira situada a 2 km de seu ponto de partida e ele sabe que nesta floresta a velocidade média serd de 1 km por hora. Demorara, portanto, 2 horas para fazer 0 trajeto, mas a floresta é limitada por um campo de terra trabalhada a 500 m onde a velocidade de marcha poderé chegar a 3 km por hora. Ele teré interesse de chegar mais cedo, indo pelo campo ? Um célculo mostra que 0 percurso minimo seré feito em 1 hora e 45 minutos com a condicéo de partir com um &ngulo A, de 63°. Nas melhores condig6es, o andarilho ganha 15 minutos. Mas se a distancia até a clareira fosse inferior a 1,4 km, © caminho mais curto seria a linha reta. De uma maneira geral a formula do tempo minimo é : 4 & ait a F| v4 Onde a 6 a comparacao entre a distancia ao campo ea distancia a percorrer e b a compara- go entre a velocidade V1 no campo de trabalho e a velocidade Vo, na floresta. Para alcancar uma segunda clareira situada a 5 km demoraria 5 ho- ras em linha reta e 2 horas e 54 minutos indo pela estrada. Paralelamente a floresta, existe uma es- trada onde se pode andar a 5 km por hora. Pode-se ter interesse em alcangar esta estrada @ 0 tempo de. percurso é de 1 hora e 50 minutos, ligeiramente superior ao segundo percurso. Para alcangar a segunda clareira, pela estrada demoraria no minimo 2 horas e 10 minutos; logo © tempo, mais curto 6 seguindo pelo campo. Imaginamos que pela medigao dos tempos de percurso a diferentes distancias, 6 possi- vel calcular as larguras das camadas do terreno e as velocidades do percurso. A mesma técnica é utilizada para o reconhecimento dos terrenos. Para executar uma sondagem sis- mica sobre um terreno que tenha um fundo rochoso, uma camada de. argila e uma cama- da de areia, trocamos 0 andarilho por uma onda sonora provocada sobre a superficie por PANCADA “4 um equipamento especial D (velocidade

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