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JOLY, Femand - ‘orphologie in” Annales de Geographie, 86° Année,i977 - Armand Colin C4) in or Femand JOLY i Ditetor do Laborato de Gacgrata Fisica da Unarsriada do Pans V9 do Oantea a estos © do roaizacbos cavtogriticas googréficas (CNRS) E certo que a geomorfologia é sensivelmente desconhecida do pUblico, E mesmo de muitos estudantes que a abordam na faculdade, assim como de um bom numero de meios cientificos dentre os que mais interessariam, A geomorfologia nao figura nem dentro das histonas das. ciéncias, nem nas xp ' epistemologias, nem em disciplinas de escolas de engenhétia. E no faz a tempo que ela encontra-se em dicionarios e em enciclopédias. | De onde vem, portento, esse desconhecimento ? Sob sua forma atual, 0 fermo ndo & velho. N&o foi divulgado a | «Ro ser a partir do Segundo quarto do século XX ¢ popularizade, aparentemente, th ‘ pela Geomorphology de A. K. Lobeck (1938 ) . Mas o conceito 6 muito mais een t Ele existe desde Kant. Afrmou-se a partir do século XIX , atravé: fermo| ‘ Penck , Morphologie der Erdoberfiache, 1884 ), através de outro ce la Noe et es ; Emm. de Margerie, Les formes du terrain, 1888; Emm. de Martonne, Le relief ou { sof, 1908; G' Berthaut, Topologie, 1911), e como parte integrante da aeoorata 64). fisica ou, com se diz nos Estados Unidos, da fisiografia ce ndente da topografia e fo t Na Franca, a geomorfologia, des: i geologia, tem sido propagada peios geégrafos,. mesmo que, como ciéncia da Terra, ‘ ela sempre tenha para os gedlogos uma preccupacdo anexa, mais ou meno’ incluida dentro dos estudos dos fenémenos atuais, ou "geologia dinamica”, ee conhecido mais recentemente com o nome de “geodinamica’ ( interna e extema }. a Outras disciplinas como a pedologia, 3 hidrologia e, afualmente, a geoquimica, ol também a tem abordado.Os engenheiros tem frequentemente © , feito uso da geomorfologia sem s ¢ tetgrafos @ fazem/™ jer, 4 ‘afos universitarios, a °q quando da realizacao das cartas topogratica geomorfologiatem sido abordada como I 13 sobre © quadro regional, menos até a metade do sécuio XX. Mas, ao mesme tempo, sob o impulse de ortes personalidades como Emm. de Martone, H, Baulig , A. Cholley , P. Birot , J. Tnecart ela foi elevads a categoria de ciéncia aulonoma. Entretanto , ligada & geografia, esta considerada cada vez mais oficiaimente como uma “ciéncia humana” , a geomorfologia merguihiou em incempreensae e indiferenga em nosso pais, a ponto de separar-se de suas bases cientificas naturals Entrefanto, 2 geomorfologia precominou entre os estudos geograficos de foda a primeiia Melade do século, Z suas mudancas a partir de 1950 foram espetacuiares Sua personalidade esta, provavelmente, mais afirmada @ Theaclughs frbririrar deus RODRIGVES,C ;CREMM, AB fy ORMOLER, Avo renal frarunlls COTE G/ OG FFLCH USP 1994 \ + bom Cottinme 2 Mele # DL bineen pitts. bnclas da Terra, do q da geografia ‘mana entre as ciéncias do homem. Mas, sua problematica e suas técricas iin sido frequentemente mal compreendidas por outros gedgralos. Mesmo os que a praticam n&o estéo sempre de acordo sobre seu verdadeiro papel no conjunto das ciéncias . Ela & reinvindicada tanto pelos gedlogos, como pelos gedgrafos : numa época de pluriisciplinareidada, 08 rétulos cientificos ainda tem seus encantos. De fato, a geomorfologia tem sofrido de uma falta de refiexéo critica aprofundada sobre seus fundamentos légicos tanto quanto sobre seus abjetivos eseusvaiores. Ha — muito tempo considerada como uma_ pesquisa especulativa sem consequéncias concretas imediatas, a geomorfologia n&o conseguiu, até o presente, impor-se na pratica, e menos ainda perante a coletividade, Nao tem sido assim, apenas muito recente e timidamente. Oscilando, no ensino secundério, entre a geografia e ciéncias naturais, e ministrada, no ensino superior a estudantes “iteratos", ela permanece em geral, demasiadamente tedrica € inacessivel a qualquer initiade. Os prdj grafos estéo tende un desinteresse progressive, comprovado pelo declinio no numero de teses de geomortologia, em retacao as teses de geografla humana e mesmo as outras teses de geografia fisica. Ainca que a maior parte dos ge6grafos "humanos" a consideram como indispensavel e indissociavel, poucos deles a utilizam verdadelramente, a no ser come aspecto introdutério, ras sem integrar realmente suas preocupagbes. ios Gea Pauiatinamente isolada da geografta dominante, mal assimilada pelos geéiogos ou sufocada entre os conjuntos mais vastos tais como 0 “estudo do quatemdrio "ou “ciéncia da paisagem ", a geomorfologia nfio deixa de estar viva, ativa e da ser necessaria . Mas ¢ indispensavel que ela se afirme e se faa conhecer. @aproximacto de uma definicdéo A geomorfologia, é um ramo da geografia fisica, que compreende os estudos das formas do relevo terrestre, sua génese, sua evolucdo no tempo € suas relacées no espaco. ses ‘ara evitar qualquer confusdo com outros estudos sobre formas, 6 necessério reafirmar o {ermo geomorfoiogia e nao 0 termo morfologia come se tem propesto. Note-se, entretanto, que nao se trata da forma geral da Terra, objeto da geodésia, mas de fromas irregulares especificas da superficie terrestre, ou melhor, do relevo submarino e continetal sauauers 7 © dominio da geomorfologia é a parte superficial da crosta tenetre, a "epiderme da Terra" segundo J. Tricart . Situa-se no contato do substrate racheso, ou litesfera, com @ camada gasosa, ou atmosfera, com as aguas marinhas e continentais, ou hidrosfera e com o mundo vivo de plantas e animais, ou biosfera. Esta superficie da Tera ¢ irregular © est em continua transformacao, mesmo quando aparenta-se imutavel . Trata-se como uma questo de escala. As formas do relevo devem, portanto, sei jadas néo sé espaciaimente, mas também quanto tempo (duragao), dos conjuntos mais yastos e antigos, até as -estruturas microscépicas ¢ ultramicroscopicas mais elementares e breves. Por sua nalueza, a geomortoiogia tem relagbes com as outras ciéncias da superficie da Torta: agia, climatologia, hide " geoquimica, pedologia, ecologia, geografia humana. Mas ela tem sua orig "propria que reside nas fungdes que deseimpenha - descricéio, classificagio e localizagao das formas do terreno (morfografia); - lnvestigagaio sobre a origem das formas (morfogénese) , sobre a sua evolugo no tempo ( morfodiacronia © morfocranologia ) @ sobre as formagées superficiais correiatas desta evolugo (marfosedimentologia), - determinagao dos processos responsaveis por transformagées passadas e atuais do relevo, sucedido, da medida e da explicacdo do sentido, da velocidade e das consequénclas de suas aces (morfodinamica) ; = evolugo, enfim, das dimensdes das formas do ponto de vista de seu entrave @ de seu rendimento entre o espaco ( morfometria) Conforme os momentos as pessoas, este ou aquele aspecto pode ser considerado separadamente. Entretanto, apenas 0 seu conjunto constitui plenamente a geomorfologia... 2. As etapas da geomortfologia Os primelros passos” Enquanto doutrina cientifica, a geomorfologia originou-se na Europa e nos Estados Unidos no final do século XIX. Mes, sem remontar aos autores da antiguidade, encontram-se idélas ainda modermas desde as obras de Leonardo da Vinci e Bemard Palissy. De fato, . foram sobretudo os engenhelros, mineiradores, hidraulices, agrénomos, florestals, que, do século XVII ao século XIX confrontaram- se com as realidades naturals, acumulando as observacbes e resgatando, potico a pouco, 08 objetivos particulares da geomorfologia, Os fildsofos e sabios da Segunda metade do século XVili, forneceram os primeiros preceitos. Sem esse nome, a geomorfologia é uma das pecas mestras da geografia fisica de Kant. Ela Subentende a teorla dos gedlogos escocéses J, Hulton e J. Playfair, sobre os dobramentos de montanhas e sobre a evolugéo consequente do relevo. no séoulo XIX, esta estreitamente ligada aos progresses da geologia e da topografi A observacio, entre as séries sedimentares, de "planos de discordancla" mais ou menos diferentes sugere, com efeito, a intervenc&o, de processes subaéreos em diferentes momentos da historia da Terra. Certas séries s40 mesmo inteiramente continentais. Para compreendé-las, outro gediogo escocés, Ch. Lyell, engajou firmemente seus discipulos a pesquisar as causas atuals dos fenémenos passados (1833). Os engenhelros contribulram largamente, como mostra o sucesso da memoria de A. Surell sobre a dinamica das torrentes (1841, reeditado em 1870-1872). Mas, as mais ricas fontes de documentacdo e de Teflextio foram as descri¢es das grandes exploracares naturalistas alemaes como A. von Humboldt em Amérique tropicale e F. von Richtofen em Asie, assim como 98 trabathos dos gedlogos americanos, tals come C.E. Dutton, G. K. Gilbert ou J W. Powell do oeste dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, preparada pela geodésia, a carta topografica da Franca em 1:80000, ditada palo Estado Maior, avangou rapidamente, seguida pela carta geolégica na mesma escala. A elaboragdo desses documentos, fol para topogratos @ para gedlogos, a oportunidade para se de comparar as formas do relevo com as disposi¢Ses da estrutura (ltologia e tectonica). Assim 6 que & associacdo de dois dees, o generat da Noé e Emm. de Margerie, deve-se a Publicagdo, em 1888, da obra intitulada Les formes du terrain, a qual marca a decolagem da geomorfologia francesa. Considera-se desde entdo, de fato, que a maior parte das nocdes sobre as pesquisas de erosao e de estrufura foram desdobradas pela série das notaveis Lecons de géographie physique de A. de Lapparent (1898). infelizmente, o cxempio destes piecursores nao foi ainda seguido © @ pesquisa de simples coincidéncias entre 0 substrato geologico € os acidentes topograficos, para explicar este ou aquele, iem frequentemente prevalecido sobre as consicleragées dinamicas. Mas, desde ento, abre-se um novo caminho que ilustra a influéncia de W. M. Davis, A geomorfologia Davisiana W. M. Davis (1850-1934), astronomo, gediogo gedgrafo americano, & considerado por vezes como o fundador da geomorfologia. Na realidade, ele sobratuda, criou, um corpo de doutrinas aparentame: : togico @ simples, no qual sua forte personalidade deveria assegurar nr woes sucesso duradouro, De espirito eindtica @ iaérico, ele soube coordenar de uma maneira coerente uma grande ~etdaGe G9 Basquisas ariteriores complstadas por observagdes pessoais. A -vulrina de Davis teve, a9 menos, o merit de resgatar a geomorfologia da cectogia cidssica, ge institulda em discipl jopende, izar OS aspectos se sveclo ie - 4 cuomer’Siogia dé Gavis repiaea essoncialmente sobre a nogdo de sone ve erasde, que & uNKG nOg4o evetuciONGty. A partir de uma deformagio inlelal fa superfine teres." de dfigam tectinica. ¢ em fungdo de um nivel de base ~ormanonte im vel 8 foc & duracte sos. acontecimentos, Davis imaginoy scadrarievio do Shmebes ifeversves passando sucessivamente por um do de “juvetiude”, un estado de “matusicade” ¢ um estado de "senilidade". O \ 9 poderia ser mais ou manss pertthsde pelas particularidades momentdneas us rede higrogration oi de estetura. Mae, 0 resultado € a elaboracSo de uma oerine ireqular, nvkS (acanente acilantada. o peneplano, no qual uma Me wimagiy des encadiana uit 2500 Gels. Crittcas oe miulto at Aram, mesrso énoca de Davis, Os gedgratos naiuiatstas jamais foram mpletaments vinculades a ela HF OMORL the suas fp catastOfistas, seus desenvonimes Pe antropomarfice. Censurat smote dedutive que embregado, possibitia escarole: tD fc. O prépiio Davis, em mustas sevishesteve gue precisar seu t iqueceram a visho, de importantes completa eustaticas do nivel marinho (H. Bauiig), consideractie « Emm. de Martonne, G, A, Gollan), etc A doutrin seus sequidores variagdes glacio- Ss disparidades clmaticas de Davis contude, ave deixou bretude Wa Franga nde proda da filosofia bergsoniana da intuigao 2 com o de: shsino superior © Fraité: de géographie physique ¢ divigau por toda a parie com ase Setiitors.através do sou aparente fa visio de urn puiblico de formacao literdra, ola guiou toda pesquisa geomortolgica francesa durante a primewa metace dk mente, ela figura aincia hoje em mutos manuiais de gy tem seus defensotes entre os geégralos. Todavia, ela concuzks a geomorfologia a um impasse e retardar conhecer um wa difus%io coincidu com a onto cia geografia no vist. de Martonne (1909) a A neve geomorfok: ento do numero da geomartologos, a ‘9 aprofundar dos ternas abordados, elo em participar eficazmente nas agli bie 0 Ss. fransfaraacam rae goomortulogia, A facies da doutrina de Davis aparece com mais vigor Avaliou-se 2 "erostio normal’, formula empiegada por Davis para Gesigar a aco das comentes, come vorcada universal, Dasce oniie, S Pasnarge (1904), Emm. de Martonne: (1973) a muttos ouiras teriam demonstrado a vatlacto de fatores do relevo & suas telaciies com as condicdes clin scidemes climati (C. A Colton) ve ombinacées compiara annpliarcae do campo de suas pesquis: a2 renowagdo dos mélodes, 6 nove ai aticas, Os a Davis, resulta de pelo még denvedos em Tuncde de dados mbinagGes qc A 268 TE-la ehsinaita por longo tempo, porpls por volta Ge 1959, a nocao mute tecunda de sistemas de erosao, Longe una constante, @ chma, apresenta-se na como Ura varkivel delermunanila tanto Ho espago ort } como no tenipa ( sequéncias morfockimaticas & formas pe, ea a Verossimihanga de um ciclo de er sntico envolvendo un climrs: intangivel durante toda 0 seu dos. 08 lugares. volvirnento. © piéprio rare sndligencia, muits freque permanaceu de uma nalizouse ol apoiada sot Para concretizato pesquisadores deram atencéio 4 natureza de processos de basicos assim como de suas leis fisicas, Foram. assim. tracos em se preocupar pelas formagées superficiais. negiigenciadas pelos gedioyos, ainda que fossem depésttes correlativos ¢ significatives da acdo ¢ dites processos. Além dista, os processos intervéem sobre um substraio em si mesmo clferenciado (ltologia) Mével (lecténica) do qual nao se pode esquecer as caracteristicas, Para progredir, icos, -pedologos 08 geomorfologos fizeram-se geGlogos, pettografos, geofisicos, ; “geoquimicos; pelo menos adotaram os métodos e os resultados desses __ especialistas, Estreitaram-se, portanto, os lagos, com as ciéncias fisicas e naturais... ~A_geomorfologia “de campo" apoiada sobre uma carfografia cada vez mais adequada, completa-se dai em diante por uma geomorfoiogia “de laboratério". Essas transformacdes metodoldgicas ocasionaram uma confusdo completa da problematica geomorfologica, evidenciadas nas obras de J, Tricart como assim no espirito de novas pesquisas, mais citcunscritas, mais aprofundadas € mais interdisciplinares, E inquestionavel, de fato, que isola-se uma “ estrutural" oposta a uma "gecmorfclogia climatica’, cu uma “geomorfologia hist6rica” oposta a uma "geomorfologia zonal’. Na intetpretagao local ou geral das formas do terreno, as relagdes mutuas e as inferacdes dos fendmenos, que se colocaram em pacata evidéncia, impde-se uma orientacao necessaria através de uma geomorfologia global que nao é nada mais que uma geomorfologia dindmica. 3. Objetivos e especificidade da geomorfologia Sienna = E preciso reconhecer que Davis € seus discipulos fizeram muito em promover'a geomorfologia, de um estagio descritivo, a um estagio explicativo. Ainda que tenha exagerado em privilegiar a teoria em detrimento da realidade. Aqueles que, em nOssos dias, abusam de "modelos" nfo deveriam aborrecer-se com isto. Segundo um determinisimo ern nada, ao mesmo tempo muito simplista e muito sistemético, os davisianos privilegiaram imprucentermnete a intuigdo em detimento da observagio e basearam suas sinteses em andlises insuficientes. O ponto__de vista dos pesquisadoras atuals_¢ em geral mals concreto e a_ geomariologia term mudado suas _caracterisioas, Ela, infelizmente, 0. faz asordenadamente, ao subor da itrodugao do riovas técnicas ou idéias, fequentemente propagadas por personalidade: marcantes , ou mesmo em oposi¢do a posicbes de escotas dominantes e abuswas. De quaiquer forma, o faz sem rellexao adequana, sem desenvoivimento rauional. ao sabor das tendéncias de cada um , ou Sob a influéncia de determinadas formas de filosofia ou pedagogia 2, E por isso que toma-se dificil exp simples os tundamentos lentificos da geomorfologia moderna auananenai peek © objetive Uitimo,essencial, da geomorfologia ainda & 0 inventario che ae explicativo completo das formas de televo terrestre. A exploraggo do mundo no estagio atual, e a teledeteceao por satélites permitem tevanté-las com exausto exceto, @ por pouco tempo, as formas reiativas ao relevo submarina. Estas investigagdes estendem-se a todas as regides do globo e a todos os objetos topograficos, sejam quais forem suas dimensdes, Elas procuram definir, dentro de espaces continuos os mais diversos da superficie terrestre , unidades tipologicas (ou téxons) homogéneos, @ organizatos em um sistema hierarquico segundo diversas escalas, em extens&o e duragdo (escala espaco- temporais) *. Descrever,classificar, explicar suas caracteristicas e suas relagdes: a abordagem geomorfolégica assemelha-se 4 velhe abordagem das ciéncias naturais, a0 passo que sua atencéo em focalizar e de verificar a distribuigo , a coloca, sem duvida, como “ciéncia dos iugares" (Vidal de fa Blache) tal como a propria Geografia No centro de todo estudo geomorfolégico deve existir, definitivamente, uma forma ou um conjunto de formas do terreno. Estas formas , como todo objeto concreto do espaco geografico, apresentam, por sua vez, um lado empiric e subjetivo no qual elas sao apreendidas por uma operagéo sensorial individual, e um lado objetivo e cientifico, no qual elas sdo medidas e explicadas da mesma forma por observadores diferentes. Por estas razdes 6 que se devem priorizar a observacdo e a medigao na coleta de dados geomorfoldgicos. Daf a necessidade do trabalho de campo vir completar, mas nao substituir a observagdo destes terrenos por imagens ( fotografias normais ou aéreas, documentos de teledetecgo, croquis e cartas de varios tipos ) e por manipulag6es taboratoriais. De certo modo, 0 affaso na analise carfografica e experimental em geomorfologia, em relagdo as cutras disciplinas de ciéncias da Terra, explica, em grande parte, a insuficiéncia frequente de informac&o de base indispensavel 2 esta disciplina, A preocupagao dindmica C/UAS_ formas da superficie nao sao objetos inertes ¢ Imutavels nem objetos usolados. Elas tem) uma origem e uma histéria € inserem-se num complicade sistema de interacGes. fisico-quimicas onde, ao se modificar um dos componentes, todo 0 conjunto recebe os efeitos, Por isso, ds formas devem ser enfocadas, 20 mesmo tempo, em seus aspectos Individuals @ genéticos, 0 que implica na nogho de duragio , e em seus aspectos coletivos © espaciais, em associagéo com outros objetos da superficie terrestre, 0 que as relacionam ao ‘oncelto sintético de “meio natural’ ou "palsagem", ou melhor, a totalidade de geografia fisica. Assim, afirmam-se dois caraci damentais da geomorfologia Os davisianos ressentem-se desta dupla exigéncia. Mas. 0 erro menos sutil denitre eles, foi o de considerar a evolucéo das fornas como um cenario finito e dado, a partir de um acontecimento inicial e coro um cenario universal, apenas perturbado por alguns “acidentes" locais. De fato, a histéria das formas nao tem limites: ela esta ligada aquelas formas pré-existentes e futuras e ela desenvolve-se em contextos muito diversos, segundo os lugares _e os momentos, As modificacées assim constatadas néo respondem , a néo ser raramente, a um Geterminismo rigoroso. Etas —_constituem-se, sobretudo, numa série de transformagdes sucessivas que obedecem a fatores do momento,intemos ou externos,a propria evoluc&o, e que podem ser contraditérios. A geornorfologia deve, entéo, incessantemente considerar os processos atuais, tratando-os em diversas escalas, sobre uma superficie ja condicionada por ages passadas (herangas) num ambiente topografico € bioclimdtico extremamente diferenciado. Este ponto de vista “atualista" {no sentido de considerar todes os. dados do presente) é © de privilegiar seja quai for o periodo da historia da Terra que se propde explicar. E a mais forte razo de se tratar do tempo presente. isto implica, por sua vez, na identificagio € medicio dos mecanismos em agdo , na evidenciago de suas combinagées e no estabelecimento do balanco caracteristico das situagdes observadas. De uma vez, a pesquisa geomorfolégica de base muda G8 escala ¢ de métodos em relagao 4 pesquisa davisiana, e, na medida do ‘Possivel deve produzir_coclusGes praticas dirctamente aplicaveis. As priordades desta pesquisa passam do zonal ou regional ao local e da observaczio sumaria descontinua ao fevantamento exaustivo peta cartografia detahada e pelo Sensoriamento remoto. Por sua vez, a descri¢do literaria e qualitativa realiza-se antes da anatise dinémica quantitative e antes do tratamento experimental dos dados. Sobre uma superficie da Terra considerada em equillbrio dindmico de forcas antagénicas multivariadas. a forma de relevo néio é mais um fato em si. Ela perlence a um Conjunto mais vaste ¢ mais complexo do qual todas as partes ego solidarias que reconstituem uma verdadeira "ecologia das formas" (J Tricart) mente geomorfoldgica ——nvlTOTCr Se esta claro 0 objeto da geomorfologra, 0 mesmo nao pode ser dito Po! todos 05 geomorfologos quanto aos procedimentos para se chegar a ele. Além disto, a opscuridade € permanente, prncipalmente ve observadores desavisados com ielagds aos conceitos destinados a caracteiizai @ a representar os fatos geamorfoldgicos. Pretende-se diminuit o rigor. Esta imprecisdo, frequentemente denunciada, relaciona-se, sem duvida, a ambiquidade de um vocabulatio imperfeito © mal definido, ou simpiesmente mal utiizado. Mas iolaciona-se, igualmente, a complexidade do prépiio sujeito. Be um tado, existe © aspecto descritivo, visual, perceptivo e estatico, que se exprime pelo emprego extensivo de termos verndculos (cluse, cuesta, dolia, erq) ou da linguagem técnica da topografia (crista, escarpa tavina. falveque) . De outro iado, fa & aspecto explicaiwa, imaginativo. intelectual e dindmico que refiete vocabuios cosmor tas & medida de pr descobertas (ciclo de erosao, eustatismo, pediptano, soliflixto...). A fragilidade aparente advem de que conceitos heterogéneos recobrem realidades colocadas em perspectivas diferentes, mas que, em larga medida, misturam-se e condicionam-se mutuamente. De fato a geomorfologia deve conciliar muitos pontos de vista situados em niveis distintos de apreensdo e de dimensao. Um primeiro ponto de vista constitu a pesquisa, a determinacdo , a medigdo e, se preciso, a experimentacao de fendmenos constitutivos das formas slomantares do terreno. S80. essenclaimente’as ss estruturas materials (ltologia), os processos destrutivos destas estruturas (acidentes tecténicos, fragmentago, — alteragaio) © os processes de transferéncia ( ablagdo, transporte, acumulagao), os quais so estudados em si mesmo por ciéncias nfo geograficas como a fisica, a quimica, a biologia, a mineralogia, a petrografia, a mecanica dos materiais, a hidréulica... Esta € uma perspectiva anaiitica e de grande escala, que se aplica aos fatos de sexta a décima primeira grandeza (formas decaquilométricas a formas microscépicas ou até ultramicroscépicas). Um segundo ponto de vista consiste em _fomecer a_descricio _ explicativa topograficos de quinta a terceira grandeza (formas regionais) em fu je fatores. a sua focalizacio e de sua evolucdo, — assim como da complexidade de suas interagdes. Este é um ponto de vista de (média escala, estritamente geomorfolégico, que integra diversas _combinagses genéticas (formas estruturais © formas climatodinamicas) e formas relictuats (formas herdadas ¢ preservadas} Um terceiro ponto de vista é um ponto de vista de pequena escala deliberadamente sintético, que objetiva considerar formas gerals de segunda ou primeira grandeza, continentais ou mundiais, essencialmente condicionados por eventos maiores (fectogénese e gliptogénese, tansgressdes € regressdes, mudangas climaticas) da histéria do globo. Por outro lado,cada um destes pontos de vista, e qualquer que seja a escala, integra, necessariamente 0 mals geogréfico de todos aquele da distribuiggo espacial das estruturas e dos sisternas assim definidos. Esta dirbugso eninge ela carourae geomaroigca gue, 2 grande ©. médla escala & principalmente uma cartografia de invantario ou de referéncla e & pequena escala, uma cartografia de correlagdo e de Interpretagao. Naturalmente, seria vo estabelecer uma hierarquia de valores entre todos estes pontos de vista que s4éo também nivels escalares de pesquisa, Cada um deles 4 necessdtio aos outros e seja qual for a pesquisa, 0 estudo completo das formas da superficie nao pode negligenciar nenhum. Cada uma das perspectivas conduz a uma parte da verdade e cabe aos geomorfélogos a sua coordenagao. ‘A geomorfologla & um todo, seja qual for lado que se aborde. Conclul-se, portanto que uma sintese reallzada a uma escala determinada nao pode validar-se a nao ser que se fundamente numa andlise efetuada a uma escala ‘superior. A geomorfologia e outras ciéncias cere cee Dizem que toda ciéncia vale por seu objeto © por seus metodos, & ainda, por sua capacidade de prever as consequencias dos fatos que ela estuda. E indubitavel que tendo como objeto a configuragdo e a dinamica da supertcte isrests, a geomorfologia tende a preencher uma lacuna entre a geologia, ina principalmente a estrutura e a historia dos materials da litosfera, a biogeograta que se ocupa furdamentalmente cia composi¢ao e da repartigao dos. meios bioldgicos ( incluindo suas modificagées pelo homem). Ela situa-se assim, na ponta da cadeia de reflexdes e de pesquisas que se chamam hoje de "ciéncias da Terra", E conveniente portanto, interrogar-se néo somente sobre 0 que a geomorfologia traz como informacao sobre o mundo, mas ainda, sobre a maneira pela qual ela persegue essa informag&o, sobre a validade das explicagdes que ela ece e da utilizagdo pratica que pede ser feita Geomorfologia e ciéncias da natureza Dentro do campo do saber, a geomorfologia € uma ciéncia hist6rico- geogréfico. Como a estratigrafia, por exemplo. Ela situa seu objeto simultaneamente, no tempo e no espaco, Mas ela o situa também nas suas relac6es com os outros componentes do meio natural. Ciéncia de contato e ciéncia do contato ela €, com toda a geografia fisica, centro do problema das relagdes do homem com seu meio ambiente. Mas como ciéncia da Terra, sua base ¢ fisico- quimica e, noutra medida, biolégica. O desconforto de sua posigao ¢ a dé que ela deve assegurar a ligacéo entre os fendmenos que dependem de disciplinas diferentes, nas quais 0 cuidado com a combinagdo e a repartigdo € frequentemente secundario, senéo mesmo, ignorado. Rotulam, as vezes, estas ciéncias complementares, mas consideradas alheias; com o nome de “ciéncias anexas" ou de “ciéncias auxiiares" A expresso no é isenta de um certo chauvinismo douttinal que esquece que @ cadela dos conhecimentos, se admite certos pontos fortes, nao comporta dominios privilegiados. Seria melhor falar sobre relagdes € manifestar, enfim as fronteiras cientificas herdadas dos séculos precedentes. Seja como for, a geomorfologia mosttou-se ao longo de sua historia, sensivel as fluluagdes tedricas e técnicas das clénclas analiticas e aos progressos de suas descobertas. Em contra partida, ela se afirma cada vez mais como capaz de tazer contribuigéo nao negligencidvel, e os novos elementos de reflexdo. Estas consideracdes permitem, pelo menos, compreender por que certos métodos da geomorfologia devem ser emprostados de ciéncias vizinhas ou 880 comuns a elas. Tem-se, por vezes, reprovado os geomorfélogos, sobretuda aqueles que se ocupam das estruturas e dos mecanismos elementares. Faréo ainda geomarfologia? Nao bastaria, partir de conclusdes fornecidas ao invés de se aventurar dentro de dominios mal conhecidos, arriscando-se mal compreendétos? Nao seria conveniente deixar a cada especialista a funcdo de coletar os fatos anaillicos e de reservar ao geamoridlago a sua ordenaco etn urna sintese global € racional? Seria, entretanto, dar prova de uma cesta auto-suficiéncia, Seria, sobretudo, esquecer que os outros pesquisaciores mic tem que necessariamente, explorar seus cominios com as preocupacbes do geamortélogo, e que faltaria lentar descobrir por si proprio o que nao se enconira noulro lugar.Sao estas posiges restritivas, entretanto, que, ao isolar cada vez mais completamente a geomorfologia de suas ralzes, a tam fechado, muito frequentemente, num tipo de L6gica intema, privando-a de indispensaveis pesquisas aprofundadas. Se no deve se acantonar num discurso superficial e v4o, nem depender somente da iniciativa dos outros, a geomorfologia deve, entdo, poder entender ela prépria suas investigagdes e, se progredir, deve adaptar-se, consequentemente, aos conhecimentos e@ métodos necessarios. !sso, evidenterente, exige uma formacdo apropriada, a qual seria mais acessivel aos geomorfdlogos franceses se esses, como é 0 caso de outros paises, provenham de estudos cientificos ¢ ndo de estudos "Iteraries”. Infelizmente, come parte integrante da geografia, a geomorfologia esta na Franca, assim como outras partes da geografia fisica, administrativamente inciuida nas "ciéncias saciais”, 0 que limita ao mesrno tempo sua sintese, suas ligages cientificas e seus meios, sobretudo ao nivel da pesquisa. Geomorfologia construgdes fedricas - ——____ Ciencia da Terra, a geomorfologia utiiza normaimente, nos dominios que thes so préprios, os mélodos das ciéncias da natureza: observacéo, descrigdo, classificaggo, levantamento cartogratico, experimentagdo, comparacdo & correlag&o. Mas ela encontra também, as mesmas dificuldades e os mesmos limites quanto as construcdes tedricas @ a validade dos resultados. © conhecimento de uma realidade tao compiexa, como a das formas do relevo, definido por numerosos pardmetros dificimente quantificavels , exige uma anélise completa e rigorosa de multiplos dacios, Ele serve precariamente & abstrag4o @ 4 modelizagao matematica. Notamos que este conhecimento nao se difunde, a ndo ser lenta, e muito parcialmente, entre as cigncias da Terra e da vida. Até este momento, as teorias geomorfoldgicas forarn mais verbais que numéricas. Mas isso néo basta para a condenar. Como lembratia justamente Rutherford, 0 qualitative no 6 apesar do tudo, mais que um quantitativo grosseiro; @ os resultados produzidos do calculo nao sao nada além que 0 reflexo do que se quis lovantar. De fato, se as ciéncias naturais sotrem por se ratematizar, isto se deve menos as questées da sua complexidade que a cxpresstio qualitativa e oferece de j4 um aporta suficienta as possibilidadas de explicagao Mais grave. sem divida, & que em geomorfologia, as teorias sao iuto frequentemente fundadas sobre bases insuficientes, ou de muito pequena . come as teotias davisianas, e que elas seriam formadas a partir de demonstragées, que ndo seriam, na verdade, mais que hipéteses. O que arrisca desacreditar as teorias geome deficiéncia de suas bat nao negiigencias qualquer claramente explicitado. | que mo sto evdencias geomortologica sisiernatica desies paramatios "obser _ cada vez que seja possivel, permiir estabelecer modelos dinamicos, no mfrino parciais, da cinematica esiudada, A dificuldada reside na fale de que lcta morfagitase traplica em descontinuide sto adequades & atialise de ier seus deservolvimentas recentesS? que se abram maior jpectivas, De qualquer forma, esta € a tazo pola qual 6 importants ar corn Cuidado as dscontinuidades, as solsirag @ 08 pontos de ruplura ne ise geomorfologica Por outro lado, @ vardatie que uma Caecie nda atin sua plenitude a ndo ser a partir do momento em que fornega um modelo tedrico, que ela rafiita sobre este modelo © permita previsbes. & verdadte iguamente, que toda teoria € transitoria @ quo sobretudo, nas clénclas naturals, a prova é frequentemente frag @ iglativa. Pelo menos, pode-se considerar como adquiridos os encaminhamentos de fatos rigorosamente estaveis « verificaveis, o como acoitavois as proposig6es que dao conta de tocdes os fatos conhecidus ser contraditrias cam nenhum. Tais propasigdes podem passar praticamente por expiicagées, Mas para af chegar, muitas vias sfo possiveis. Por muito tempo na geomerfologia, a explicagio perrmaneceu puramente desoritiva, formal ¢ taxonémnice, mesmo com o auxtio da morfometria € a ostatistica. Mas, classificar as formas, ja subentende uma certa teoria de Categorias. Além disto, 0 conceito de evolugaia suscitou exolicagdes determinsias, as quais deduzem as caractaristicas @ suceasGes dos eventos a partir de Tatores previamente estabelecides, Portanto, muitas situagSes escapam a um certo determinism slomenter, 2 revelam 40 contidrio, um jogo complexo de ages € ces, n&o necessariamerte lineares @ as vez alé mesma contraditénas, OrdendJas em sistemas, morfogénicos ou outros, ndo 6 sempre suficients para ir fundo das coisas. 2 funcional, baseou ent 5 devaria normalmente desanbocar io. dinamica e quantitativa, © enifio Lomnae possivel urna mad: ive que 2 so que conve possa ser o de dominios Mas em contra pattida, a medig ans de processo puma explicag ede fracas ¢ Ate opr na ental juantitativa & pouco doseavalvids na qoomortoto Ela ast menos avancada na Franca que em contas paises est mgeit nw a URSS ou o$ Esiadns Ur em de news 5 rais ampios © sebrotude mals continios. Oe qualquer maneira pesquisa esté linitada a casos relativamante simples como a anélise rica, a erosto de parcelas experimentas, a organizagéio de redes hidragraticas, @ escoamento dos tios, ventos, geleiras @ outras circunstancias mais préximas dos Tendmenos fisicos elementares. De faio, cada modelo de explicagao 1 guia Converséncia, seu valor, suas vantagens ¢ seus Iknites. Una sintese gerat jos, que oi da geomorfologia deve conjugar a todos w necessario, de inicio, ter geomorfdlogos compet decadéncia lenta, mas segura da geogratia oficial. & universitaria pelas ciéncias sociais, tein feito o resto. O recrutamento dos estudantes 6 fraco € aleatéria. O ndmaro de teses © artigos de geomortologia n&o para de diminuir nas publicagbes goograficas, Se etes desejam ser entendidos, compreendidos @ estimulados, os geomorfdlagos devem de hoje em diante orientarem-se pelas revistas de ciéncias da Terra que quase nao leém os gedgrafos "humanos”, e pelos orgdios de pesquisa correlatos. A auséncia de colaboracao real entre a geografia fisica @ a geogiafia humana nao @ a menor causa da crise latente e quase inconfessavel da unidade da Geografa®. 5 @ experimentados A vais ainda, da formacao Geomorfologla e aplicagbes Durante seu trajeto, a geomorfotogia aborcda numerosos casos onde inteligéncia e dominio sdo necessarios para a intervencao do homem sobre a i natureza ou para a protecdo de seu ambiente. Daf, o geomorfélogo pode se or desinteressar do destino que sera feito de suas pesquisas e pode recusar-se em oo aw controlar a aplicagdo? Em troca, a ciéncia aplicada pode the fomecer um lote de) ob if dados complementares que no so negligenciaveis. ps é Todavia, 0 geomorfélogo 6 longe deste um consutente habitual. De o (oy foto, esta situacéo provém sobretudo, de ocasiées perdidas ¢ de uma cetta inércia. W que muitos geégrafos nao tém sabido ou desejado romper. Muito frequentemente, ni 4 4 © universitério repugna-se em se engajar em operacées que implicam numa a; problematica e numa tomada de responsabilidade que ele acredita néo ser sua pigs a He atividade (P. George). Ora ele pensa que sua disciplina se basta a si mesma e coloca nela sua propria justificacao (M. Sorte). Ora ele feme que a mena ameace sua objetividade e sua neutralidade cientifica (A. Gilbert). Ora ele aie considera 0 engajamento como uma arma que, para ele, @ perigosa para ts Ler a empregar ao servico de uma ideologia dominante e suspeita (Y. Lacoste). 08 byt, Por sua vez, engenheiros e técnicos, (para ndo falar dos militares), D) 408 ignoram até o proprio nome da geomorfologia, desconhecido nestas escolas. N&o é apropriado, certamente, que este vocabulo ambiquo seja o melhor para divulgar as possibilidades técnicas da geomorfologia. Ele, de fafo, nfo evoca quase nada, a) nao ser uma ciéncla das formas, a qual atribubse, de preferéncia, a topografia Quanto ao conhecimento dindmico ( ou geodinamico) dos meios, pergunta-se, ‘emo | 0 geral, por tradig&o, ao gedlogo ou, mais recentemente, ao peddlogo, até a0). Be ap ecoiogista, mas nao ao gedgrafo 2 Entretanto niio faltam ocasiées onde 0 geomorféloge possa intervir de uma maneira eficaz. Seu sentide geografico de relagbes, de interagdes e de reparticoes € um precloso trunfo. Sua formacdo pratica na andlise, na cattografia € na teledetecedo (ou sensoreamento remote) the fomece um instrumento perfeitamente adaptado as finalidades geotécnicas, Sua competéncia esta nos dominios da erosdo, nas transferéncias de matéria, nas formagées detriticas e na dinamica herdada ou atual. Da mesma forma, no que se refere aos riscos de sp ) wh it 1 is regiées expostas aos movimentos do solo e a luta contra os perigos naturals {avalanches, escorregamentos do terreno, estabilidade de obras, degradacdo e protegdo dos solos, davastacde dos rios, mobilidade das margens, desertificacdo, etc.). Isso bastaria para justificar a particinacdo sistematica, como se faz em alguns paises, de um geomorfologo nos planos de ocupacao e de valorizagao. Isso deveria pelo menos promover a néo se negligenciar 0 ponto de vista geomorfologico na a formagao dos geotécnicos. Sobre estes limites entre ciéncia © técnica, a geomorfologia ultrapassa a especulagao Intelectual, para constitulr-se numa discipiina de equilibrios @ desequilibrios da superficie terrestre, incluindo, sobretudo, suas relacgdes com as atividades humanas, Concluséo Descontortavelmente situada entre as ciéncias socials, que separam institucionaimente seus lacos tradicional com a geografia e ciéncias da Terra, das quails ela faz parte, por mais que a considerem como marginal, @ pesquisa em geomorfologia, entretanto, desenvolveu-se ¢ diversificou-se. Suspeita aos olhos de numerosos gedgrafos por sua indispensdvel e onerosa técnica; frequentemente SEEN ee ee a eee t wunidade da cusada de dar atenc’o, numa fentativa soltaiia, 4 sacro-santa "unidade da geografia", a geomorfologia € mais frequentemente criticada em seus métodos que compreendida em suas orientacdes. Ora a geomorvologia 4 uma especialidade, mesmo em sua aplicacdo. € uma profissao: € uma profissio que se exerce a0 nivel do método e da técnica. A geografia. tomada em seu conjunto (ou, preferindo- se, em sua unidade}, é uma disciplina, o que significa uma formacéo mtelectual, uma maneira de ver 0 mundo, ou de descobri-io. Sua unidade, como aquela da fisica ou da medicina, € feita de componentes diversas. Mas sua credibilidade depence do vaior intrinseco de cada uma de suas partes @ da eficacia de sua colaboragio. Ainda que falta, realmente, colaboracéo. Integrando resolutamente os fatos Instituldos por todos seus predecessores reservando uina abtude critica ¢ aberla para com suas conchisdes, a geomorloiogla modema esforca-se em integra: seus vellos esquemas, numa anilise funcional de equilibries instavel da superficie de globo. Tat atitude esté mais de acordo com as aquisi¢Ses da ciéncia contemporanea e com a perspectiva quanttativa. A inlrodugae iecente da geoquinica @ da investigacéo de he uit Campo de Vabeiio allide Has vaste, noladamente no da discrinin cesses atuais ¢ herd A a da troca de enzigia e de processos responsaver a0 estabelecimento de it rwaiizaveis consideragl pela evolu 4p rias formas, pode conduzir ICOS, Meseyavers que dificimente xtelas 1 tro dese. rhe or mesma tempo a tendencis pata flsic: acumulagao dos dados dinamicos em grande escala, introduzem-na nas ciéncias de aplicagao @ geotécnicas. 1m Saber que pode contribuir 4 protecdo ou a melhoria dos modos de vida, o geomoré jo pode mais, como recentemente, trancar-se exclusivamente na busca solitiria da verdade cienttfica. Isto 0 conduz, cada vez mais, a engajar-se na aco, para assumir plenamente suasresponsabiidades, enid de emgex Ponto de Vista sobre a Geomorfologia - Resumo -A geomortologia & o ramo da geografia fisica que aborda o estudo das formas do relevo terrestre. Seu objetivo final, essencial, ¢ a explicacdo racional destas formas. Mas para conseguir isto, a geomorfologia moderna fundamenta-se principatmente sobre o inventarlo cartografico detalnado e na andlise dinamica 4 grande escala. Assim, ela ultrapassa a pura especulagiio intelectual para inserir-se na geotécnica como a disciplina dos equilibrios e desequilfbrios da superficie terrestre. Estas atitudes relacionam cada vez mais a geomorfologia aos métodos de outras cigncias da Terra, e a distanciam das cléncias socials, as quals a separam institucionalmente de suas ligacbes tradicionais com a geografia. E uma das razbes que explicam o descrédito que sofrem 0s geomoridlogos entre 0s 06 gedgratos franceses, no momento em que a renovagao de sua problematica, permite-he intervir plenamente no estudo integrado do melo natural e compreender suas relagbes com as atividades humanas. _AqUul este, a Utulo de exemple, @ qu tipo de _excesso de linguagem pode conduztt © emprego de um tat ‘Yeeabuldtic, mesmie por Um geogralo eminenie. “Fades os dols (@ efosée continenial ea e1osa0 marinh) tem Lum objetNo cleramonte definide Esto objetivo 6 faror dessparacer toc dasigualdade... Os procedimentos empregades pare ve chegat al, £80 ainda semelhantes, A erosdo nivela wo desgastar os elevagées © ao preencher as depresses com ajtxia dos detiitos transportados. A erosdo marinha executa 0 mesmo trabalho... Bréhat, Belle-la a Grolx mostram 9 que poda fazer... a erosio marinha... sua eficiéncia em aprovelter os menores acidentws do releve continental”. (Emm. de Martone. “La pénepione @ ies cotes bretonnest, Ann. de Géog. 1916, p. 213-236). . Da fato, Davis entendeu por “erosdo normal aquola que se execs pelos rios na presenga da uma coberture vegetal continua @ em situacBo exorreica; em gerol, n “eroe3o" de palses.temparados timktos. 2. J. Tecart, Prineipes @ méthodas de fa gSomorphoiogie,Patis, Masson, 1965, “A, Reyntid.Epistemologle de la géomorphotogie, Parts, Masson. 1971 © P. Thom, Medeles mathématiques de ko morphogendse, coll. 10/48. Un. gén. edit, Paris, 1974. 2, P. Mosley ot G. L. Zimpter, Explanation In geomorphology, Zeilschr fis Geomosph., 1976. p. 381-390, * Parcebs-s6, entretento. que # dispute # antige © problema ds goooratis (ciénela natural? eléncls humans? clencla mista; § a delesa de shia unidace & colocads na Franca em fins do abculo XIX @ na Alemanka onus tempo depots, Veja. a nate teapmko © amigo der N Bree. “ta mennrapie francaise foce & fe science allemande (1870-1914)", Ann, de go. , 1977. p. 71-94 Nola do tradutor.

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