You are on page 1of 3

O

conteúdo a seguir foi retirado originalmente do blog National Public Radio 13.7: Cosmos and
Culture e foi traduzido do Inglês original por um serviço de tradução.

Marcelo Gleiser, “Por que ‘Teoria’ É uma Palavra Tão Confusa?” NPR 13.7: Cosmos & Culture.
23 de março de 2016, http://www.npr.org/sections/13.7/2016/03/23/471480717/why-is-
theory-such-a-confusing-word

Teoricamente falando, há uma confusão generalizada sobre a palavra "teoria". Certo?

Muitas pessoas interpretam a palavra como conhecimento indefinido, baseado principalmente
no pensamento especulativo. Ela é usada indiscriminadamente para indicar coisas que
conhecemos — isto é, baseadas em evidências empíricas concretas — e coisas das quais não
temos certeza. Não é uma boa mistura, especialmente quando certas teorias dizem respeito
diretamente às sensibilidades religiosas e baseadas no valor das pessoas, como a "teoria da
evolução" ou "teoria do Big Bang". Existe também o perigo de cair nas armadilhas de significado
estabelecidas por grupos com agendas específicas.

A definição de “teoria”, de acordo com o New Oxford American Dictionary (NOAD), não ajuda:

- Uma suposição ou um sistema de ideias destinado a explicar algo, especialmente algo
baseado em princípios gerais independentes da coisa a ser explicada: a teoria da
evolução de Darwin.
- Um conjunto de princípios sobre os quais se baseia a prática de uma atividade: uma
teoria da educação.
- Uma ideia usada para explicar uma situação ou justificar uma linha de ação: minha
teoria seria a de que...

Assim, há um uso dentro de um contexto científico ("a teoria de...") e em um contexto subjetivo
("minha teoria é...") — um problema óbvio.

Quando usado no contexto de uma frase, como "em teoria", fica pior. Segundo a NOAD, "usada
para descrever o que é suposto acontecer ou ser possível, geralmente com a implicação de que
não acontece de fato". Claramente, neste contexto, "em teoria" significa algo que
provavelmente está errado.

Não me admira que haja confusão. Isso é confuso!

Um primeiro passo para tentar esclarecer o(s) significado(s) de teoria é entender em que
contexto a palavra está sendo usada e manter diferentes contextos separados. Assim, se um
cientista está usando a palavra teoria, como em "teoria da relatividade", "teoria da evolução"
ou "teoria do Big Bang", ela deve ser entendida como uma afirmação dentro de um contexto
científico. Nesse caso, uma teoria com certeza NÃO é mera especulação subjetiva, ou algo que
esteja provavelmente errado, mas, pelo contrário, é algo que foi examinado pelo processo
científico de validação empírica e, até agora, tem passado no teste de explicar os dados.

Infelizmente, mesmo dentro do contexto científico, a palavra é mal utilizada, o que só aumenta
a confusão. Por exemplo, "teoria das supercordas" refere-se a uma teoria especulativa em física
de alta energia onde os blocos de construção fundamentais da matéria não são partículas
elementares, mas minúsculos tubos vibrantes de energia. Dada a falta de apoio empírico até
agora para a ideia, a "hipótese das supercordas" seria uma caracterização muito mais
apropriada. Os cientistas podem saber o status da hipótese, mas a maioria das pessoas não.
Devemos ter mais cuidado.

Uma teoria científica é um acúmulo de conhecimento construído para descrever fenômenos
naturais específicos, como a força da gravidade ou a biodiversidade, que foi aprovada pela
comunidade científica. Isso é o melhor que podemos encontrar para obter o senso de natureza
em um determinado momento.

Tenha em mente que, como nossa compreensão dos fenômenos naturais mudam, as teorias
também podem mudar. Isso não significa necessariamente que as velhas teorias estejam
erradas. Isso geralmente significa que as velhas teorias têm um alcance limitado de validade
não coberto por fenômenos recém-descobertos. Por exemplo, a teoria da gravidade de Newton
funciona muito bem para enviar foguetes para Netuno, mas não para descrever um buraco
negro. Novas teorias nascem de brechas nas antigas.

Infelizmente, a suspeita de certas teorias científicas pode advir da confusão da especulação
subjetiva com a descrição objetiva. Uma teoria científica é diferente de uma hipótese científica.
Uma hipótese científica é uma ideia ainda não empiricamente testada e, portanto, ainda não
aprovada pela comunidade científica. Uma teoria é uma hipótese que foi testada e aprovada.

Muita confusão popular poderia ser evitada se a palavra teoria fosse compreendida dentro do
contexto correto. A armadilha frequentemente usada de explorar o duplo significado da palavra
teoria para confundir ou deliberadamente induzir a opinião popular deve apenas pegar aqueles
que não sabem ou optam por negligenciar o que a teoria significa dentro de seu contexto
científico ou subjetivo.

Marcelo Gleiser é físico teórico e cosmólogo — e professor de filosofia natural, física e
astronomia na Faculdade de Dartmouth. Ele é o cofundador da 13.7, um prolífico autor de
artigos e ensaios, e divulgador ativo da ciência para o público em geral. Seu último livro é A Ilha
do Conhecimento: Os Limites da Ciência e a Busca por Sentido. Você pode acompanhar o
Marcelo no Facebook e no Twitter: @mgleiser.

You might also like