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Cadernos Lab.

Xeolóxico de Laxe ISSN: 0213-4497


Coruña. 2003. Vol. 28, pp. 173-192

Hidrogeologia de rochas graníticas da


região do Porto (NW de Portugal)
Hydrogeology of granitic rocks from Porto
region (NW Portugal)

COXITO AFONSO, M. J.1

Abstract
The studied area refers to Porto region (NW Portugal), has about 190km2 being limited
to the South by the terminal part of the Douro River mouth and to the West by the
Atlantic Ocean. It is located in a complex geotectonic domain of the Iberian Massif, bet-
ween the Porto–Albergaria-a-Velha–Tomar shear zone and the Douro-Beira
Carboniferous trough. The region is characterized by the prevailing Variscan granitic
rocks, which are two-mica granitoids, with medium grain and granular texture (Porto
Granite) or porphyritic (Ermesinde Granite). The regional fracture study allowed to defi-
ne preferential orientations: NW-SE are dominant, and more discreetly, NE-SW, while
the predominant dip of the discontinuities is vertical to subvertical. The granitic rocks
weathering in this region results in arenization, which may reach depths of more than
100 m. In geomorphological framework, the region corresponds to a wide flat area dip-
ping gently to South and West. The drainage net reveals a structural control, which
imposed morphostructural features to the region. The main water line is the Leça River,
whose general orientation is NE-SW.
In the climatological study it was determined the annual average values of precipitation
and temperature in the region, which correspond to 1151.5mm and 14ºC, respectively.
This study also enabled an evaluation of the effective evapotranspiration, which is
612.6mm/year. The infiltration rate was evaluated as 7% and the renewable under-
ground hydric resources were estimated as 16x106m3/year, which corresponds to 2.7
l/s/km2.
In the hydrodynamic analysis it is shown water productivity of wells, which led to a
mean value of 1.7 l/s. Through pumping tests, the values of transmissivity and storage
coefficient were estimated, which are in the ranges 1 to 46 m2/d and 10-6 to 10-2, res-
pectively. These parameters allowed delineating a hydrodynamic model suitable to the
granitic fractured media.
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Coruña. 2003. Vol. 28, pp. 173-192

The hydrogeochemical study allowed verifying that local ground waters show significant
mineralization (conductivity values between 427 and 489 μS/cm) and pH around 6. The
mineralization of the waters is essentially controlled by the concentration of the rainwa-
ter evaporation. Nevertheless, the contribution of the silicates hydrolisis and of the arti-
ficial introduction of some salts due to human activity should not be neglected. The
ground waters are mainly positioned in the sodium chloride and calcium chloride facies.
Concerning groundwater contamination, it was detected a great number of contaminant
sources in this kind of urban environment. The analysis of the water quality for human
use revealed that these waters are generally admissible, although the contents of nitrate
are sometimes high. The use of these waters for agriculture offers a low danger of alka-
lization and a medium to low danger of salinization of the soil. In terms of water vulne-
rability to pollution, the region fits in a low to medium vulnerability class.
Key words: Porto granitic rocks, hydrogeology, hydrochemistry, NW Portugal
(1) Departamento de Engenharia Geotécnica, Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). Rua Dr.
António Bernardino de Almeida, 431, 4200-072 Porto, Portugal, e Centro de Minerais Industriais e Argilas
da Universidade de Aveiro (mja@isep.ipp.pt)
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INTRODUÇÃO 2000; CARVALHO, 2001; AIRES-


BARROS & MARQUES, 2003).
Este trabalho teve como principal
objectivo contribuir para um melhor con-
hecimento dos recursos hídricos subterrâ- ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO-
neos em formações graníticas na parte ESTRUTURAL E GEOMORFOLÓGICO
portuguesa do Maciço Ibérico. Neste REGIONAL
estudo de síntese, apresentam-se os resul-
A região do Porto localiza-se (figura 1)
tados de um trabalho de investigação de
num domínio geotectónico complexo do
maior dimensão sobre a região do Porto Maciço Ibérico (MI), i.e., entre os terrenos
(AFONSO, 1997). Com efeito, a investi- da faixa de cisalhamento de Porto–
gação na área em estudo prossegue, Albergaria-a-Velha–Tomar e o Sulco
actualmente, centrando-se na temática da Carbonífero Dúrico-Beirão (CHAMINÉ,
hidrogeologia ambiental e recursos hídri- 2000; PINTO DE JESUS, 2001). O sector
cos da região do grande Porto–S. João da estudado situa-se, assim, ao longo da sutu-
Madeira (AFONSO, 2003). ra com direcção geral NNW–SSE — faixa
O sector estudado reporta-se à região de cisalhamento de Porto–Tomar (Zona de
do Porto (NW de Portugal), ocupando Ossa-Morena) — que contacta com a Zona
uma área de ca. 190 km2 limitada a Sul Centro-Ibérica (LOTZE, 1945; RIBEIRO
pela parte terminal da foz do rio Douro e a et al., 1979, 1990b). O conjunto anterior
Oeste pela faixa litoral do Oceano faz parte do megadomínio de cisalhamen-
Atlântico (figura 1). to de Porto–Tomar–Ferreira do Alentejo
Os meios fracturados graníticos, face (CHAMINÉ, 2000; CHAMINÉ et al.,
às suas características geológicas e estru- 2000; RIBEIRO et al., 2003).
turais, caracterizam-se por uma elevada No MI a evolução tectónica posterior é
heterogeneidade e anisotropia, as quais imposta pela orogenia Alpina (e.g., RIBEI-
colocam enormes dificuldades ao desen- RO et al., 1979, 1990a; CABRAL, 1995;
volvimento e à gestão dos recursos hídri- RIBEIRO, 1988, 2002) correspondendo à
cos. A identificação de descontinuidades, reactivação das falhas tardi-variscas e como
como contactos geológicos, filões e falhas, consequência estará na origem dos actuais
bem como o estudo da alteração, são de traços morfoestruturais da região
vital importância na investigação destas (ARAÚJO, 1991; GOMES & BARRA,
formações cristalinas. Enquanto que a 2001). A presença de alguns depósitos
alteração controla o fluxo na parte supe- plio-quaternários, discordantes sobre o
rior do maciço, funcionando esta zona substrato ante-Mesozóico, representará ou
como reservatório, as descontinuidades o testemunho do arrasamento do relevo e
actuam como um sistema colector res- modelação da superfície do MI, ou o ental-
ponsável pela circulação profunda (e.g., he da rede hidrográfica actual (MARTÍN-
CARVALHO, 1984; CARVALHO et al., SERRANO, 1994). A região do Porto é
1985; PEREIRA, 1992, 1999; CHAMINÉ caracterizada, em traços muito gerais, pela
et al., 1999; CARVALHO & CHAMINÉ, dominância de rochas graníticas de idade
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Figura 1. Enquadramento geológico da região do grande Porto (muito simplificado de OLIVEIRA


et al., 1992).

varisca e/ou pré-varisca (e.g., SERRANO textura granular (fácies granítica do Porto;
PINTO et al., 1987; PEREIRA et al., 1989; segundo ALMEIDA (2001) tem uma
CHAMINÉ et al., 1998; CHAMINÉ, idade de 318 Ma) ou porfiróide (fácies gra-
2000; NORONHA & LETERRIER, nítica de Ermesinde). Na sistematização
2000), sendo estas, maioritariamente, gra- proposta por FERREIRA et al. (1987) o
nitóides de duas micas, de grão médio e granitóide do Porto (s.l.) enquadra-se num
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granito sin-tectónico relativamente à 3ª caracterizados por um esqueleto essencial-


fase da orogenia Varisca, tendo sido indi- mente constituído por minerais primários
vidualizados corpos granitóides na região (quartzo, feldspato potássico e micas) e
incluídos quer na categoria de pré-tectóni- uma fracção argilosa dominantemente do
cos a variscos precoces quer na categoria de tipo caulinite e gibsite. Estes dois mine-
pós-tectónicos. O granito do Porto aflora rais revelam uma elevada evolução minera-
em grande parte da cidade do Porto, esten- lógica e conferem uma boa drenagem
dendo-se ainda para os concelhos de Vila interna do maciço.
Nova de Gaia, Matosinhos e Maia, contac- Do ponto de vista geomorfológico, o
tando, a Leste, com uma extensa mancha sector estudado está enquadrado no MI
de rochas metassedimentares (tradicional- (RIBEIRO, 1988; ARAÚJO, 1991),
mente incluída no “Complexo Xisto- correspondendo a uma vasta área aplanada
Grauváquico”; cf. CARRÍNGTON DA (as cotas não ultrapassam em geral os 100
COSTA & TEIXEIRA, 1957) e, a metros) de posição marginal relativamente
Oeste–Sudoeste, com uma série de unida- à plataforma litoral (figura 2), que transi-
des tectonoestratigráficas de médio a alto ta para um relevo acentuado de rebordo
grau metamórfico típicas da ZOM interior de plataforma (i.e., o relevo mar-
(CHAMINÉ, 2000; NORONHA & ginal; ARAÚJO, 1991). A organização da
LETERRIER, 2000; CHAMINÉ et al., rede de drenagem reflecte a tectónica da
2003). Uma parte da região está ocupada área, especialmente, dos sistemas de frac-
por depósitos de cobertura de idade holo- turação regional (NW-SE a NNW-SSE,
NE-SW a NNE-SSW e W-E; cf. CONDE,
cénica e/ou plistocénica (depósitos aluvio-
1983; ARAÚJO, 1991; CABRAL, 1995;
nares, areias de praia e de duna actuais), e
PEDROSA, 1998, 1999; CHAMINÉ,
de idade plio-plistocénica (depósitos de
2000), impondo os traços morfoestrutu-
praias antigas e de terraços fluviais) — vide
rais à região. Assim, estas estruturas
ARAÚJO (1991, 1997), SOARES DE maiores produzem uma compartimenta-
CARVALHO (1992). Em termos de frac- ção tectónica que, por sua vez, condicio-
turação regional, as orientações dominan- nou a distribuição das linhas de água, e
tes são do quadrante NW-SE e, de uma consoante a litologia e a estrutura forma-
forma mais discreta, encontram-se tam- ram-se as redes hidrográficas, em geral,
bém as de direcção média NE-SW, predo- do tipo rectangular e/ou dendrítico. A
minando em termos de inclinação as des- linha de água principal na região em estu-
continuidades verticais a subverticais. A do é o rio Leça, desenvolvendo-se sobre
análise da alteração permitiu constatar que uma plataforma ligeiramente inclinada
o resultado da meteorização das rochas para o Oceano Atlântico com uma orien-
graníticas da região é frequentemente tação NE-SW. As ribeiras do Arquinho e
patenteada pela arenização e/ou decompo- do Leandro são dois dos tributários mais
sição do maciço (cf. BEGONHA & relevantes, exibindo uma orientação geral
BRAGA, 1995; BEGONHA, 2001), que N-S. A parte terminal do rio Douro cons-
pode alcançar profundidades de mais de titui outro sistema fluvial, orientando-se
100 m. Estes produtos de meteorização são localmente segundo W-E.
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Figura 2. Hipsometria e rede hidrográfica da região do grande Porto.

CLIMATOLOGIA Pedras Rubras, Porto, Santo Tirso e Serra


do Pilar. A série escolhida para os cálculos
Seguindo as instruções da Organização relacionados com a precipitação correspon-
Meteorológica Mundial (OMM, 1970), a deu ao período 1958 a 1993, enquanto
qual recomenda para áreas litorais séries de que a análise climática se refere à série
dados climáticos de pelo menos 30 anos, 1958 a 1988, uma vez que os registos de
seleccionaram-se seis estações hidrometeo- temperatura só estavam disponíveis para
rológicas: Espargo, Paços de Ferreira, este período. A densidade média das seis
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estações é ca. 1 estação/387km2, sendo este Ermesinde e Leça da Palmeira. O método


valor mais elevado que o recomendado dos polígonos de Thiessen e o das isoietas
pela OMM para áreas planas em regiões conduziram a valores muito aproximados,
temperadas, mediterrânicas e tropicais 1155.1mm e 1151.5mm, respectivamen-
(SHAW, 1988). te. Estes valores estão de acordo com VEL-
HAS (1991), que aponta um valor de pre-
Precipitação e temperatura cipitação média anual da ordem dos
1200mm para o sector da bacia do rio Leça
As características pluviométricas na mais próximo do litoral.
região do Porto estão condicionadas, com No que diz respeito à temperatura, a
maior incidência, pelas perturbações sua análise reportou-se ao período 1958 a
atmosféricas de Oeste e pelas situações 1988, para as estações de Porto, Pedras
depressionárias em conjunto com os fluxos Rubras, Serra do Pilar e Paços de Ferreira,
marítimos, os quais mantêm ainda, nesta e ao período de 1958 a 1981 para a estação
área próxima do oceano, as suas proprieda- de Santo Tirso. O mês mais frio em todas
des higrométricas (VELHAS, 1991; as estações foi Janeiro, sendo o mês de
MONTEIRO, 1997). A altitude parece Dezembro igualmente mais frio na estação
ser também responsável pela distribuição de Santo Tirso; quanto ao mês mais quen-
da precipitação (MONTEIRO, 1997), te, este correspondeu a Julho. O cálculo da
uma vez que a estação que apresenta o temperatura média anual na área de estu-
volume pluviométrico mais alto do conduziu a um valor de 14ºC.
(1655.5mm) é Paços de Ferreira, a qual se A análise climática, resultante do
encontra à cota mais elevada (320m), cômputo entre a precipitação e a tempera-
enquanto que a precipitação mais baixa tura, permitiu concluir que os meses de
(1165.7mm) foi registada na estação de Julho e Agosto são aqueles que apresen-
Pedras Rubras, localizada à cota de 70m. tam as precipitações médias mais baixas e
Quanto à delimitação temporal da estação as temperaturas médias mais elevadas,
chuvosa, verificou-se que o seu corpo cen- pelo que constituem o período seco anual,
tral é constituído pelos meses de Inverno e já que o dobro da temperatura supera o
fim de Outono, uma vez que são os que volume de precipitação (HERAS, 1976 ).
possuem precipitações mais elevadas (em Adoptando o critério de classificação cli-
termos médios) e aqueles que mais fre- mática de Köppen (in STRAHLER,
quentemente se apresentam como os 1979), o clima da região em estudo
meses mais pluviosos. Relativamente ao inclui-se no tipo Csb (cf. MONTEIRO,
cálculo da precipitação média na região 1989), o qual corresponde a um clima
em estudo, este foi feito recorrendo aos mediterrânico, temperado húmido, em
métodos da média aritmética, polígonos que o mês mais frio tem uma temperatu-
de Thiessen e isoietas. Para a aplicação ra média compreendida entre -3ºC e 18ºC,
destes métodos, foram utilizadas mais o verão é quente e seco, não se atingindo
quatro estações com registos de 14 anos temperaturas médias superiores a 22ºC
(1979 a 1993): Boa Nova, Vila Chã, durante o mês mais quente.
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Evapotranspiração Recursos hídricos subterrâneos


A evapotranspiração real foi estimada Como objectivo de estimar os recursos
através do método sequencial mensal de hídricos subterrâneos, procedeu-se ao cál-
Thornthwaite e Mather, do método de culo da infiltração eficaz, recorrendo ao
Coutagne e de Turc (LENCASTRE & método do balanço de cloretos
FRANCO, 1992), para as estações de (CUSTÓDIO & LLAMAS, 1983). Para
Porto, Pedras Rubras, Serra do Pilar, tal, foi levada a cabo, quinzenalmente,
Paços de Ferreira e Santo Tirso. O trata- uma recolha simultânea de água da chuva
mento dos dados foi processado automati- e subterrânea em cinco estações inseridas
camente pelo programa CEGEVAP na área de trabalho, durante sete meses. O
(ALMEIDA, 1979). Este programa per- teor médio do ião cloreto na água da chuva
mite calcular a evapotranspiração real da região foi de 6.1 ppm. Este valor está
mensal, quer usando o método de ligeiramente abaixo dos indicados por
Thornthwaite, quer recorrendo aos de CUSTÓDIO & LLAMAS (1983) para
locais perto da costa (entre 10 e 40 ppm).
Turc e Coutagne, necessitando para tal dos
Nas águas subterrâneas, o teor médio em
valores de precipitação, temperatura e
cloretos cifrou-se nos 43.9 ppm. Com base
ainda da reserva útil. Adoptou-se o valor
nestes resultados, obteve-se uma taxa
de 150mm para a reserva útil, o que vai de
média de infiltração eficaz de ca. 7%. Este
encontro aos valores estabelecidos por
valor poderá estar sobreavaliado, uma vez
VELHAS (1991), que utilizou os valores que uma grande parte da região possui
de 120mm e 150mm na bacia hidrográfi- uma percentagem significativa de áreas
ca do Leça. Já ABRUNHOSA (1988), impermeabilizadas. Não obstante, esta
num trabalho hidrogeológico sobre a taxa está contida no intervalo de valores
bacia do Ave, adoptou 130mm; enquanto médios em formações cristalinas do Norte
que LIMA (1994) estabeleceu o valor de de Portugal (CARVALHO et al., 2000).
100mm, e LENCASTRE & FRANCO Os recursos hídricos subterrâneos renová-
(1992), os quais citam os valores de veis foram estimados com base na área
100mm e 150mm como os mais coerentes total coberta pelo estudo (190.3km2), no
para situações idênticas às da região de coeficiente de infiltração eficaz (7%) e na
Braga. A aplicação do balanço hídrico precipitação média anual (1151.5mm),
sequencial (LENCASTRE & FRANCO, tendo-se cifrado estes em 16x106 m3/ano,
1992) às áreas de influência das cinco esta- o que corresponde a 2.7 l/s/km2.
ções revelou a existência de um período
húmido extenso, que se inicia em HIDRODINÂMICA
Outubro e se prolonga até meados de
Produtividades
Maio, e um período seco de curta duração
que vai de Junho a Setembro. A evapo- O estudo da produtividade das capta-
transpiração real obtida através do método ções na região do Porto baseou-se em 62
de Thornthwaite e Mather conduziu a um relatórios hidrogeológicos, corresponden-
valor médio na região de 612.6 mm/ano. tes a captações do tipo furo vertical, com
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uma profundidade média, mínima e máxi- mento. No que diz respeito aos ensaios de
ma de 123m, 23m e 205m, respectiva- caudal, os valores de K média, mínima e
mente. A análise cuidada e a triagem de máxima corresponderam, respectivamen-
informação dos relatórios citados permiti- te, a uma condutividade moderada
ram obter valores de caudais avaliados por (4.1x10-1m/d), baixa (4x10-3m/d) e mode-
‘air-lift’ (36) e por ensaio de caudal (26). A rada a elevada (5.3m/d). Estes valores não
análise dos dados permitiu retirar as exibiram qualquer correlação com a pro-
seguintes conclusões: i) no que toca aos fundidade e foram idênticos, com excepção
ensaios ‘air-lift’, os caudais mínimo, máxi- de K mínima, aos relatados para os ensaios
mo e médio foram 0.1l/s, 8.3l/s e 1.8l/s, ‘Lugeon’ e ‘Lefranc’.
respectivamente, enquanto que o caudal Os parâmetros hidráulicos transmissi-
mediano foi de 1.1l/s; ii) relativamente aos
vidade (T) e coeficiente de armazenamen-
ensaios de caudal, a mediana foi de 1.3l/s,
to (S) foram estimados a partir de ensaios
correspondendo os caudais mínimo, máxi-
de caudal, a maioria destes realizados a
mo e médio a 0.4l/s, 4.0l/s e 1.7l/s, res-
pectivamente. Foi estabelecida a correla- caudal constante e em 50% dos quais foi
ção entre os caudais e a profundidade, possível obter os rebaixamentos quer no
tendo-se concluído que esta era nula. furo de bombagem, quer em furos de
observação. A interpretação dos ensaios,
no que toca aos dados relativos à bomba-
Parâmetros hidráulicos gem, foi efectuada com base nos modelos
A condutividade hidráulica (K) foi ava- de escoamento disponíveis no programa
liada com base em ensaios de permeabili- AQFIS (OLIVEIRA, 1990; ALMEIDA &
dade tipo ‘Lugeon’ e ‘Lefranc’ e em ensaios OLIVEIRA, 1990) e no modelo de Theis,
de caudal. Relativamente aos ensaios de através do programa SENTHEIS (ALMEI-
permeabilidade, os resultados obtidos DA, 1981; ALMEIDA et al., 1992).
foram os seguintes: Kmédia é moderada Relativamente aos dados de recuperação, a
(1.2x10-1m/d), Kmínima é muito baixa sua interpretação foi elaborada com base
(8.6x10-5m/d) e Kmáxima é moderada a no método de recuperação de Theis
elevada (1.15m/d). Com o intuito de (KRUSEMAN & RIDDER, 1990), com
explicar os valores de K encontrados, recurso à folha de cálculo Microsoft®
correlacionaram-se estes com a fracturação Excel. A análise dos resultados conduziu às
(i.e., nº fracturas/metro), com a espessura e seguintes conclusões: i) os valores de T
o grau de alteração, bem como com a pro- foram bastante variáveis, oscilando entre 1
fundidade, correlações estas que resulta- e 46m2/dia; ii) os valores mais baixos de T
ram bastante baixas a nulas. Desta forma, foram, na generalidade, os obtidos pelo
poder-se-á apontar como causa provável método de recuperação de Theis, enquan-
para as condutividades hidráulicas mais to que os valores mais elevados correspon-
elevadas a presença de algumas desconti- deram, de uma forma geral, à aplicação
nuidades mais permeáveis, quer devido à dos modelos do programa AQFIS; iii) os
sua orientação relativamente ao fluxo, quer valores de T obtidos por intermédio dos
em termos da sua abertura e/ou preenchi- furos de observação foram normalmente
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superiores aos resultantes dos furos de Esta unidade aquífera corresponderá ao


bombagem, quando se considerou a apli- granito fracturado menos alterado, o qual
cação do mesmo método; e iv) os valores deverá ser alimentado directamente por
de S foram muito variáveis, situando-se infiltração e/ou por drenância da unidade
entre 10-6 e 10-2, não obstante, para o sobrejacente. Entre as profundidades de 48
mesmo furo, os resultados obtidos pelos e 80 m, a única informação disponível diz
modelos do programa AQFIS e pelo respeito às produtividades, as quais foram
modelo de Theis não denotarem diferenças maioritariamente baixas (Q≤0.8l/s). O
relevantes. Esta análise permitiu concluir nível situado abaixo dos 80 m e que se
que T é subavaliada por intermédio do estende, aproximadamente, até aos 122 m,
método de recuperação de Theis e que o corresponde a um aquífero confinado
modelo de Theis pode fornecer uma apro- (Smédio=2.9x10-4), com permeabilidade
ximação razoável na estima de T e S. baixa a moderada (K=10-2 a 1m/d) e pro-
dutividade média, avaliada através dos
Um modelo de funcionamento ensaios de caudal, de 1.6l/s. Estes valores
hidrodinâmico de permeabilidade e produtividade deve-
rão corresponder a um maciço mais ou
A heterogeneidade e anisotropia dos menos são, cortado por descontinuidades
meios fracturados graníticos, aliadas à abertas. A recarga deste aquífero dever-se-
escassez de informação, bem como às limi- á processar por infiltração directa, nos
tações inerentes aos ensaios de permeabili- pontos em que o mesmo é de tipo livre ou
dade e de caudal, não permitiram a defini- semiconfinado, ou através dos níveis
ção de um modelo muito acurado. Não sobrejacentes. Por fim, subjacente a este
obstante, tentou-se esboçar num modelo nível situar-se-á o maciço são e compacto,
embrionário o funcionamento hidrodinâ- o qual deverá ter uma permeabilidade pra-
mico neste tipo de meios. Até cerca de 27 ticamente nula.
metros de profundidade verificou-se a
existência de uma unidade aquífera livre HIDROGEOQUÍMICA
(Smédio=1.4x10-2) com permeabilidade
baixa a moderada (K=10-2 a 1m/d) e, na A caracterização hidrogeoquímica das
maior parte dos casos, produtividades bai- águas da região em estudo foi baseada em
xas (Q≤0.4l/s). Este nível aquífero descon- 35 pontos de amostragem (figura 3), 28
tínuo, quer horizontal quer verticalmente, dos quais furos, 4 poços e os restantes 3,
poderá corresponder aos níveis alterados minas. A campanha de amostragem
ou fracturados dos granitos e a sua alimen- incluiu três colheitas: Novembro de 1995
tação deverá ser directa, por infiltração. (28 pontos), Fevereiro de 1996 (25 pontos)
Subjacente a este nível, situa-se um outro e Julho de 1996 (27 pontos). Dos 35 pon-
até uma profundidade de ca. 48 m, com tos, 17 foram analisados nas três colheitas.
permeabilidades muito baixas a baixas No momento das colheitas foram medidos
(K=10-5 a 10-2m/d) e produtividades na sistematicamente in situ os seguintes parâ-
maior parte dos casos baixas (Q≤0.8l/s). metros: temperatura, pH, condutividade
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eléctrica e potencial redox. Os dados Fevereiro e 19.9ºC em Julho. Ressalva-se o


hidrogeológicos de campo, em conjunto facto de que na maioria dos pontos de água
com os determinados analiticamente, a temperatura poderá não corresponder à
foram tratados automaticamente pelo pro- real, uma vez que as águas antes de serem
grama HIDSPEC (CARVALHO & amostradas percorriam trajectos por vezes
ALMEIDA, 1989). mais ou menos longos em condutas/tuba-
A temperatura média das águas foi de gens, nalguns casos a céu aberto. Desta
18.2ºC em Novembro, 15.5ºC em forma, considerou-se que o valor obtido na

Figura 3. Localização dos 35 pontos de água amostrados, na região do Porto, para a análise hidro-
geoquímica (adaptado de AFONSO, 1997).
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colheita de Fevereiro seria aquele que mais enquanto que na 2ª colheita foi o Cl-
se aproximaria da temperatura média real (62.9mg/l). Estes dois aniões foram segui-
das águas subterrâneas na região. dos, por ordem decrescente, do SO42-
Quanto à condutividade eléctrica média, (36.0 a 51.1mg/l) e do NO3- (18.5 a
constatou-se que esta aumentava ligeira- 46.0mg/l). As relações esboçadas entre os
mente de Novembro (476μS/cm) para quatro aniões foram pouco consistentes,
Fevereiro (489μS/cm) e diminuía para face às suas baixas correlações (r ≤ 0.35),
Julho (427μS/cm), constituindo assim a destacando-se apenas a correlação entre o
época seca o período com mineralização Cl- e o SO42- em Fevereiro (r = 0.61). A
mais baixa. análise das matrizes de correlação entre
Relativamente ao pH, verificou-se que catiões e aniões permitiu verificar que o
os valores médios não diferiram muito nas par Na+/Cl- exibia as correlações mais ele-
três amostragens, observando-se um ligei- vadas nas três colheitas (0.80 < r < 0.91),
ro decréscimo de Novembro (6.15) para que o par Ca2+/HCO3- apresentava uma
Julho (6.02). A análise global dos dados boa correlação em Julho (r = 0.83), que a
permitiu concluir que cerca de 70% dos correlação Mg2+/Cl- foi boa em Fevereiro
pontos apresentavam valores compreendi- (r = 0.80) e que o par K+/NO3- exibia
dos entre 6 e 7, os quais estão contidos na correlações razoáveis em Novembro (r =
gama de pH em que se incluem a maioria 0.67) e Fevereiro (r = 0.62).
das águas subterrâneas (6 a 9). O teor em sílica (SiO2), corresponden-
Relativamente aos quatro catiões prin- te de uma forma dominante à espécie
cipais, Na+, Ca2+, Mg2+ e K+, a sua aná- H4SiO4, uma vez que o pH médio destas
lise permitiu concluir que o catião com águas se inclui na gama 6 a 9, conduziu a
valores médios mais elevados nas três col- valores médios compreendidos entre
heitas era o Na+ (39.9 a 45mg/l), seguido 18.9mg/l (Novembro) e 28.2mg/l (Julho).
por ordem decrescente, do Ca2+ (21.4 a Face aos resultados expostos tentou-se
31mg/l), do Mg2+ (10.6 a 11.6mg/l) e do verificar quais os iões e processos que con-
K+ (4 a 8.4mg/l). No sentido de verificar tribuiriam para a mineralização das águas
a existência de processos comuns que jus- no sector estudado. A hidrólise dos silica-
tificassem a proveniência dos diferentes tos não parece exercer um papel preponde-
catiões, estabeleceram-se as matrizes de rante na mineralização, uma vez que: i) as
correlação entre estes, as quais permitiram correlações condutividade/pH, condutivi-
verificar que os coeficientes eram relativa- dade/ HCO3- e condutividade/sílica são
mente baixos (r ≤ 0.59), com excepção do baixas; ii) as correlações entre os diversos
par Na+/ Mg2+ o qual apresentou em catiões são relativamente baixas; e iii) a
Fevereiro uma correlação mais elevada (r = correlação entre o HCO3- e os catiões Na+,
0.71). À semelhança dos catiões, foi feita a K+ e Mg2+ é fraca, no entanto nas amos-
análise dos quatro principais aniões, tragens de Novembro e Julho, a correlação
HCO3-, Cl-, SO42- e NO3-. O anião com HCO3-/Ca2+ foi, respectivamente, de 0.68
valores médios mais elevados na 1ª e 3ª e 0.83, valores que poderão indicar algum
colheitas foi o HCO3- (69.6 a 78.6mg/l), controlo da hidrólise das plagioclases na
CAD. LAB. XEOL. LAXE 28 (2003) Hidrogeologia de rochas graníticas 185

mineralização. Constatou-se ainda que, catião dominante seguido do Ca2+. No


para a colheita de Julho, os iões que mel- entanto, verificou-se que a fácies sódica
hor se correlacionavam com a condutivida- dominou na 1ª e 3ª colheitas, enquanto
de eram o Na+ (r = 0.81), o Cl- (r = 0.75) que na 2ª predominou a fácies cálcica. Em
e o Mg2+ (r = 0.73), salientando-se ainda Novembro, a maior parte das águas eram
a correlação, em Fevereiro, entre a condu- cloretadas sódicas e cálcicas, dominando as
tividade e o SO42- (r = 0.83). De todas as primeiras; em Fevereiro, período no qual a
relações anteriormente apresentadas con- dispersão das fácies foi menor, as águas
cluiu-se que a mineralização das águas cloretadas sódicas e as águas cloretadas cál-
parece estar essencialmente controlada cicas estavam equiparadas. Em Julho,
pela concentração por evaporação da água época que apresentou a maior variabilida-
da chuva, face à excelente correlação entre de de fácies hidroquímicas, a maioria das
os iões sódio e cloreto e à boa correlação águas eram cloretadas sódicas, cálcicas e
entre a condutividade e estes dois iões. Os magnesianas. Desta forma, concluiu-se
teores por vezes elevados de sulfato, os que de Novembro para Fevereiro havia um
quais controlam em parte a mineralização, nítido deslocamento no sentido do pólo
podem igualmente ser atribuídos, pelo cloreto e de forma menos evidente no sen-
menos parcialmente, à concentração a par- tido do cálcio, enquanto que de Fevereiro
tir da água da chuva. Esta origem comum para Julho se verificou um deslocamento
dos iões sódio, cloreto e sulfato é suporta- das fácies hidroquímicas no sentido do
da pela composição química da água da bicarbonato e do sódio.
chuva no Porto (BEGONHA et al., 1995).
Enquanto que o Cl- e o Na+ são de origem Índices de saturação
marinha, o SO42- será muito provavel-
mente de origem antrópica. A avaliação do estado de equilíbrio da
água relativamente a um dado contexto
Fácies hidroquímicas mineralógico pode ser conseguida através
dos índices de saturação (IS) relativos a
A caracterização das fácies hidroquími- diferentes espécies minerais. Os índices de
cas foi estabelecida através da projecção no saturação foram calculados pelo programa
diagrama de Piper. A título de exemplo, HIDSPEC (CARVALHO & ALMEIDA,
apresenta-se o diagrama de Piper relativo à 1989), o qual apresenta os índices sob a
colheita de Novembro (figura 4). forma de logaritmo (LogIS) para diversos
Como se referiu, o HCO3- foi o anião minerais, entre os quais se incluíam quatro
que apresentou valores médios mais eleva- polimorfos de sílica: quartzo, calcedónia,
dos na 1ª e 3ª colheitas, enquanto que o Cl- cristobalite e sílica gel. Todas as águas ana-
liderou na 2ª colheita. Contudo, a análise lisadas se apresentaram subsaturadas rela-
dos três diagramas permitiu constatar que tivamente a todos os minerais que figura-
a fácies cloretada foi dominante nas três vam na especiação, com excepção dos poli-
amostragens, seguida da fácies bicarbona- morfos de sílica. Relativamente ao quartzo
tada. Quanto aos catiões, o Na+ foi o e à cristobalite, a maioria das águas encon-
186 Coxito Afonso, M. J. CAD. LAB. XEOL. LAXE 28 (2003)

Figura 4. Diagrama de Piper relativo à colheita de Novembro de 1995.

trava-se sobressaturada nas três colheitas; CONTAMINAÇÃO E VULNERABILI-


quanto à calcedónia, as águas estavam DADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
sobressaturadas em Fevereiro e Julho, À POLUIÇÃO
encontrando-se em equilíbrio em
Novembro. Em relação à sílica gel, as Sendo a região em estudo uma impor-
águas apresentaram-se subsaturadas nas tante área urbana e fortemente industriali-
três colheitas. Os valores médios dos qua- zada, esta encontra-se sujeita a fortes pres-
tro polimorfos sofreram um aumento de sões antrópicas. A tipologia das substân-
Novembro para Julho, no entanto, consi- cias contaminantes está dependente das
derando apenas os dezasseis pontos anali- fontes consideradas, as quais são numero-
sados nas três colheitas, verificou-se que sas e variadas neste tipo de ambiente urba-
existe na maioria destes uma tendência no. As fontes que provocam maior impac-
para os valores aumentarem de Novembro to na qualidade das águas subterrâneas da
para Fevereiro e diminuírem de Fevereiro região são: i) as fossas e reservatórios sépti-
para Julho. Estes resultados pouco consis- cos, as quais ocorrem em zonas onde o
tentes não permitiram delinear com clare- saneamento básico é insuficiente ou sim-
za um aumento da saturação no decurso do plesmente inexistente, situações que não
ano hidrológico. são raras na área de estudo; ii) os cemité-
CAD. LAB. XEOL. LAXE 28 (2003) Hidrogeologia de rochas graníticas 187

rios, que deverão ter representatividade na 36%. Estas conclusões seriam idênticas se
área de estudo, uma vez que só na cidade se analisassem os parâmetros referidos à luz
do Porto existem onze; iii) reservatórios de dos Decretos-Lei nº 236/98, de 1 de
armazenamento à superfície e subterrâne- Agosto e nº 243/2001, de 5 de Setembro.
os, como é o caso dos reservatórios de pro- Quanto à aptidão das águas para uso
dutos derivados de hidrocarbonetos petro- agrícola, recorreu-se ao diagrama de
líferos, cujo impacto é muito grande na Riverside, da classificação do ‘U. S.
região em estudo, face ao número extraor- Salinity Laboratory Staff’ (cf. CUSTÓDIO
dinariamente elevado de estações de servi- & LLAMAS, 1983). A análise do diagra-
ço existentes, bem como à presença da ma, aplicado à colheita de Julho, permitiu
refinaria da Petrogal, localizada no qua- constatar que a maioria das águas se posi-
drante Oeste da área estudada; iv) o esco- cionava no sector C2S1, o que significa
amento urbano; v) os poluentes atmosféri- que as águas oferecem um baixo perigo de
cos; vi) as lixeiras e entulheiras e vii) as alcalinização e um perigo médio a baixo de
actividades agrícolas. salinização do solo.

Qualidade da água para consumo Vulnerabilidade à poluição


humano e para uso agrícola
A análise da vulnerabilidade das águas
A avaliação da qualidade da água para subterrâneas à poluição na região em estu-
consumo humano foi feita com base numa do foi elaborada com base no índice
adaptação de um diagrama elaborado pelo DRASTIC (ALLER et al., 1987 in VRBA
Departamento de Geologia da Faculdade & ZAPOROZEC, 1994), o qual resulta da
de Ciências de Lisboa (cf. AFONSO, ponderação de sete indicadores hidrogeo-
1997), no qual se projectaram os dados lógicos (FERREIRA & OLIVEIRA,
relativos à colheita de Julho. Este diagrama 1993): profundidade da zona não-saturada
permitiu classificar as águas em três cate- do solo (Depth to the water table), recarga
gorias: inaceitáveis, toleráveis (admissíveis) profunda de aquíferos (net Recharge),
e recomendáveis. Constatou-se que a maio- material do aquífero (Aquifer material),
ria das águas se situavam no campo das tipo de solo (Soil type), topografia
toleráveis relativamente à temperatura, ao (Topography), impacto da zona não-satu-
sódio, ao cloreto e ao sulfato e que em rela- rada (Impact of the unsatured zone) e con-
ção à dureza, ao cálcio, ao magnésio, ao dutividade hidráulica (hydraulic
potássio e ao nitrato, a maior parte das Conductivity). O objectivo final deste pro-
águas eram recomendáveis. Chama-se a cesso é o mapeamento da vulnerabilidade,
atenção para o facto de os teores médios de no entanto este não foi efectuado para a
potássio e nitrato serem mais baixos na região em estudo, uma vez que os dados
época seca, pelo que se se atentasse às águas correspondentes a cada um dos parâmetros
da colheita de Novembro, 46% seriam não estão sectorizados, correspondendo
consideradas inaceitáveis, enquanto que na somente a informações gerais de toda a
colheita de Fevereiro estas representariam zona. Relativamente ao parâmetro D, atri-
188 Coxito Afonso, M. J. CAD. LAB. XEOL. LAXE 28 (2003)

buíram-se os índices 7 e 9. Quanto ao 2000). Em termos hidroquímicos, as


parâmetro R, correspondeu o índice 3. Em águas da região do Porto apresentam uma
relação ao parâmetro A, foram aplicados os mineralização significativa, a qual é essen-
índices 2-5 e 3-5. No que toca ao parâme- cialmente controlada pela concentração
tro S, adoptou-se o índice 6. No que diz por evaporação da água da chuva, havendo
respeito ao parâmetro T, o índice atribuí- um contributo da hidrólise dos silicatos e
do foi o 9. Quanto ao parâmetro I, selec- adição artificial de alguns sais, devido a
cionaram-se os índices 2-8 e 6-9. Por fim, actividades antrópicas. Relativamente à
para o parâmetro C, o índice correspon- caracterização das águas, a maioria destas
dente foi 1. Os valores mínimo e máximo situa-se na fácies cloretada sódica e cloreta-
do índice de vulnerabilidade DRASTIC da cálcica. Quanto à qualidade da água
foram 87 e 141, respectivamente, os quais para consumo humano, o estudo revelou
correspondem a uma vulnerabilidade que estas são em geral admissíveis, apesar
baixa a média. de conterem por vezes teores elevados de
nitrato. No que toca à sua utilização para
CONSIDERAÇÕES FINAIS fins agrícolas, estas águas oferecem um
baixo perigo de alcalinização e um perigo
A região do Porto apresenta, do ponto médio a baixo de salinização do solo. Em
de vista quantitativo, potencialidades ani- termos de vulnerabilidade à poluição, a
madoras em termos de recursos hídricos região enquadra-se numa classe de vulnera-
subterrâneos. A existência destes recursos bilidade baixa a média (índice DRASTIC).
depende das características climatológicas, Face ao exposto e no seguimento do
geomorfológicas e geológicas da região, trabalho realizado, apresentam-se de
comummente inserida no limite do seguida algumas recomendações para estu-
Maciço Cristalino Antigo e da Orla dos vindouros, que poderão contribuir
Ocidental (e.g., CARVALHO, 1996; para um conhecimento mais profundo des-
PEDROSA, 1999; CARVALHO et al., tes domínios hidrogeológicos. A avaliação
2000). Apesar de a taxa média de infiltra- da infiltração deverá contemplar outras
ção ser baixa, a precipitação média anual é metodologias, como as curvas de escoa-
significativa e encontra-se bem distribuída mento de nascentes e a decomposição de
sendo as condições geomorfológicas favo- hidrogramas de escoamento em linhas de
ráveis. No entanto, a elevada heterogenei- água. O estudo hidrodinâmico deverá
dade e anisotropia destas formações, resul- incluir a elaboração de mapas de isopiezas,
tantes das características geológicas e a definição da conexão hidráulica entre as
estruturais, é basilar na investigação destas unidades de cobertura sedimentar e as uni-
formações cristalinas. Assim, é de vital dades cristalinas e ainda, a interacção entre
importância a identificação, à escala local, águas superficiais e subterrâneas.
de estruturas planares, como contactos Relativamente à caracterização hidrogeo-
geológicos, filões e falhas (e.g., CARVAL- química, dever-se-á construir uma malha
HO, 1984; PEREIRA, 1992; CHAMINÉ apertada de pontos, nomeadamente nos
et al., 1999; CARVALHO & CHAMINÉ, locais onde a mineralização é mais elevada,
CAD. LAB. XEOL. LAXE 28 (2003) Hidrogeologia de rochas graníticas 189

alargar os parâmetros físico-químicos ana- gestão sustentável dos recursos hidrícos ao


lisados, designadamente os metais pesados nível do planeamento estratégico ambien-
e incluir parâmetros microbiológicos. O tal numa área tão densamente urbanizada.
recurso aos isótopos de H, O e C possibili-
tará a definição de zonas de recarga, o esta- AGRADECIMENTOS
belecimento da idade aparente das águas e
a caracterização da dinâmica dos sistemas Esta publicação sintetiza um estudo
de fluxo. Quanto à contaminação e à vul- hidrogeológico desenvolvido na região gra-
nerabilidade das águas à poluição, dever- nítica do Porto, e inclui as principais con-
se-á avaliar a sensibilidade das águas a clusões da dissertação de mestrado, apre-
impactos humanos e/ou naturais, recorren- sentada pela autora à Faculdade de Ciências
do a ferramentas como, por exemplo, a da Universidade de Lisboa (FCUL). Ao
modelação hidrogeológica e hidrogeoquí- Departamento de Geologia da FCUL e ao
mica isotópica, e ainda estudar a proble- Instituto Superior de Engenharia do Porto
mática da intrusão marinha. (ISEP), todas as facilidades e apoios para a
Do exposto ressalta claramente o inte- concretização deste estudo. Ao Dr. José
resse e a necessidade de aprofundar a Teixeira pelo apoio na execução das ilustra-
investigação hidrogeológica (AFONSO, ções. São devidos agradecimentos ao Prof.
2003), a várias escalas, na região do gran- Helder I. Chaminé (ISEP, Porto) pelo
de Porto, quer ao nível da integração incentivo e pela revisão cuidada do texto
actualizada numa base georeferenciada dos original. Ao Prof. J. Martins Carvalho
vários aspectos geotectónicos, geomorfoló- (Universidade de Évora) e ao Prof. J.
gicos e hidrogeológicos regionais quer ao Manuel Marques (Universidade Técnica de
nível do refinamento da hidrogeoquímica Lisboa, IST) pela revisões críticas minucio-
e da hidrodinâmica, perspectivando o esta- sas do manuscrito.
belecimento de um modelo conceptual dos
recursos hídricos para a região. Esta abor- Recibido: 7-VII-03
dagem poderá contribuir para uma melhor Aceptado: 20-VIII-03
190 Coxito Afonso, M. J. CAD. LAB. XEOL. LAXE 28 (2003)

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