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aR eee ee ee ee LUMEN 4JURIS wwwJumenjuris.com,br AwpRe-JEAN ARNAUD Daun Loves Jr. Organicadoren Eprrores Jodo de Almeida Jodo Luiz da Silva Almeida é q , \ ¢ Y Vemnaro ConsetHo Eprrorta Alexandre Freitas Camara Amilton Bueno de Carvalho Antonio Becker Augusto Zimmermann Eugénio Rosa Fauzi Hassan Choukr Finy Nascimento Filho Flavio Alves Martins Francisco de Assis M, Tavares Geraldo L. M. Prado Gustavo Sénéchal de Goftredo J. M, Leoni Lopes de Oliveira Letacio Jansen Manool Messias Peixinho Marcos Juruena Villela Souto Paulo de Bessa Antunes Salo de Carvalho Rio de Janeiro Rua da Assembleia, 26 sales 201 0208 io de Janelia, RI ~ CEP 2011-000 Telofone (21) 2232-1859 / 2232-1886 Sao Paulo Rus Camerina, 95, Conjunto 2 ‘Barra Funda ~Sio Paulo, SP (CEP 07159.020 Telefone (11) 2654.8578 Conseino Consurivo Alvaro Mayrink da Costa Aurélio Wander Bastos ‘Cinthia Robert Elida Séguin Gisele Cittadino, Humberto Dalla Bernardina de Pino NIKLAS LUHMANN: José dos Santos Carvalho Filho aoe Do Sistema Sociat A Marcalus Peat! Lima SocioLocia JURIDICA Omar Gama Ben Kauss Sergio Demoro Hamilton Tradugées de Dalmir Lopes Jr., Daniele Andréa da Silva Manao e Flavio Elias Riche Rio Grande do Sul us Cap, Joio de Oliveies Lima, 160 Santé Antonio da Patrulna - Reangreiras ‘CHP 95500-000 ‘Telefone (1) 652-7147 Brasitia SCLN 0.406 ~ Btoco 8 Subsolo de @~ Asa Norte Ce veeurson Eprrora Lumen Juris ‘Telefones (61) 340-9550 / 340-0926 ™ Fax (63) 402748 Rio de Janeiro 2004 {Fi SOFIAE TEORIA Dies Luhmann, De Sistema Social § Sociologia Jrkdiea wissen) ou na insensibilidade do sistema ao medo (Schreckunempfin dlichkett) 0 direito nao pode certamente ser celebrado como paradoxo. Ele deve dizer, ulteriormente e de forma despretensiosa, 0 que é valido. Ele deve poder esvaziat as diividas de forma incisiva, ¢ [sempte] proviso- namente. De outra forma ele perderia sua fungao de formagao de ex- pectativas. Essas exigéncias tém, por um lado, favorecido o desenvol- vimento de estilos autoritarios. Por outro, uma tal retérica favorece igualmente 0 desenvolvimento de uma viséo interna contréria, techicamente manipulativa e decisionalmente econémica, que se apoia sobre pontos de ‘€ correspondentest®, Volta-se para o exterior e para o interior, encontram-se, assim, as formas mais diversas de absorgéo da inseguranga (Unsicherheitsabsorption) e de seménticas que variam em fungao. Sociclogicamente isto significa que: [ha] uma demarcacao (Grenzziehung) estrita entre conhecedores (Kennern) e interessados, (Betroffenen), que nao se reproduz no interior do sistema juridico, pois de ambos os lados [da demarcacéo, a questaol é tratada em referéncia a0 dieito, Temos que nos perguntar em que medida a preciséo [da demarcagao] esta de acordo com nossa época (zeitgemdss); dentro de qual medida ela pode ser praticacia como “uma boa consciéncia” numa crenga de ura tal ordem. Por outro lado, nao é para julgar mal que ela contribu: como demarcacdo, quer dizer, como diferenciagao para a absorcéo da inseguridado, na qual contribui com dois diferentes instrumentos dirigidos para uma finalidade comum. Ela aparenta set ptofissionalmente indispensdvel, especialmente quando se adicionam as ambigitidades do direito ¢ seu encargo com 0 célculo das conseqiéncias © da ponderagao dos interesses. Mas se tudo ocome desta forma, se pode apenas compreender que a énfase da questo reside na adequagao [do sistema juridico ao seu meio envolvente], Onde ficou 0 décimo segundo camelo? Nés nao poderiamos afirmar que essa “andlise secundaria” da ar- gumentacéo sirva verdadeiramente aos juristas. A tooria dos sistemas deve de todas as maneiras renunciar ao prognéstico de um sistema Parcialmente redundante. No interior do sistema, e para cada caso individual, é que se pode saber se a percepcéo de um observador externo ira ou néo ajudar. Pode-se, entretanto, compreender que reflexdo interna de unidade do sistema, isto é, a teoria juridica pres- BOA eae seapeio e sobre 6 ave 0 precede, hé um farto material nas obeorvagbes de Rudiger Lautmann. Justis ce stile Gewalt, Frankfurt, 1972 ‘A Fosttulgao do Decimo Segundo Camele Do Se ‘Analise Soiologiea de Diet 1 de oma sente uma presséo de mudanga quando ela aprende que nao hd nada de diferente a esperar |vindo] “de cima” ("oben"), é como um paradoxo que nao se pode tomar conhecimento, ou mesmo, textualizar esse fato; ela deve ser realizada num estilo "sem-parametro-superior" (Im “oben ohnen"-Stil). A teona juridica mais recente @ apropriada para fazer a mediagao entre observagio externa e observacao interna Sem poder reclamar através de seus textos um valor de dizecao normativa (e isto seria apenas 0 fato de se apresentar como um discurso supra-regional), a teoria juridica torna-se melhor para participar de um diagnéstico do. camelo, para compreender os “strange loops", para reconhecer a constituigéo paradoxal do sistema assim como a recusividade da sittagao inicial de todos os argumentos assimétricos, e se pode dizer que eles obscurecerem isto que eles véem, cuando eles véem, que nada pode ser Visto. A teotia juridica pode empreender o que se chama de uma espécie de “second order cybernetics” do sistema juridico. No entanto, isto’é dedicado @ questo de saber se @ como ela ira poder manter 0 contato com teorias concretas da dogmatica juridica, e como isto pode estar ligado a problematicas decisionais ‘Mas isto ja foi um problema ~ mesmo no tempo em que ainda se falava de “flosofia do direito”. Isto nos ocorre hoje, quando observa- mos 08 efeitos sobre o direito a partir de metodologias intelectuais Globais, como o estruturalismo, a andlise lingiiistica apés Wittgenstein, ou 0 neo-inidividualismo®. Apenas se pode esperar que o sistema se revele suficientemente robusto para os integrar, ou que apés isso refuto tais metodologias no limite de seus tempos habituais. Isso dever-se-ia aplicar de forma paradoxal & teoria da constituigao paradoxal do sistema, a qual néo teria nenhum constrangimento para se imputar a si mesma esto paradoxo, rN ‘Nés retomamos assim a observagao do décimo segundo camelo e, mais‘uma vez, renovamos nossa posicao sobre o problema. O ponto de artida localiza-se, por um lado, na histéria das experiéncias internas do sistema juridico para tratar o paradoxo a partir do centro sistema e 90° Vel: Thomas © Heller Sructuralism and Critique, Stanlond Lave Review. 28, (1988), p 127-198. Heller considera que a préniea@ susentemente resistentev qus ele nso inter ‘88a primontielmente & sua prémpia reprodugdo “refering to theory only in the lina case where the content of settled practice comes into crisis (p, 186) Nikos Luhsmann Do Sitema Soctal& Sociologia Juridica no intuite de reduzi-o & “violéncia” ("Gewalt”). Por outro lade, nossa hhova apreximagao encontra-se ha hipétese que o sistema juridico ae Ges-paradoxiza.a s1 mesmo por meio de uma codificagao bindvia. O pa radoxo € substituido por uma contradigéo, 0 que permite sua elimi- hago como uma infragdo a légica, O direito (Recht) nao pode ser igual ao néo-direito (Unrecht). Quanto a isa0 nao é prociso fazer objegoes — mas caso fizéssemos, nos encontrariamos frente & questao de saber [quem tena.o.diteito de impedire-com-qual-dizeito-tote 6 eomproendido em Si, e quem reivindica qualquer outra coisa, consegue ver Com. alo- gica, Tal maneira de proceder deve ainda pressupor a regra do terceito txciuido, & fora do direno e do ndo-direito nao se pode fornecer um {erceno valor, que nao se interordena com ambos. Contudo, o terceiro valor se deixa eliminar? Mas mesmo secretamente nao se chegaria a tle, e ago se sentaria A mesa [da mesma forma] que 0 anfitr¥o © © convidado? Seguindo a Michel Serres®!, nés gostarlamos de nomear teste tercelro valor como *Parasitay. Ambos os valores, droito © nao-di- reito, anftrido e convidado, sao tao ocupados um com 0 outro @ tao in- timamente ligados, que eles néo notam que-um texceita s6.est4 sentada a bastante tempo a sua mesa, formecendo uma ordenacéo adicional e que talvez consuma-até mais qué o-anbtiids e 0 Convidado juntos. {Este terceiro que] num primeiro momento nés haviamos apenas suposto, podemos agora identificar: trata-se da pglitiee®?, No inicio, na dade Média, ola era téo dificil de notar que praficamente nao existia. Sen proprio paradoxo da decisdo coletiva obrigatéria, quer dizer, a questéo de saber se aquele que decide pode obrigar a si mesmo preservando sua liberdade do dociséo, teria seu lugar e sua solugao na religi6o® Porém, ela rasteja nos nivels inferiores de competéncia de regulagdo, cortada até mesmo pelo conceito de razéo estatal e presa a0 préprio peradoxo do dircite, de privilégios (mas sempre ainda com: Uineitos de privilégios) que deriva do si proprie, e somente depois de 93 La parasite, Parke 1980, adupéo alam Frankfurt, 1981, 32 Tato ue, mesmo past a seciedade contemporines, mantém a existincia do wie pprmatia da police, fica numa ma porigae quando se tenta justiicar esta primazia Srraves ue uma nocesskdade priortéaa de regulagio © pela necessidade do poder Sobeten impor-se # mal facil de ee visualizar na politica o parasite gera do todos oF ‘digos. ou sinde como ve quer, o panto mals profundo do qual driver todos o> oxtros fie oedatte,« que nio € ngorosamente fxado. Para posta finalidade, seé sufciente tsboger aqul a tase correspondente entre o dieitoe a politica. 93. Veja ainda, do final do 260. XVI, Richard Hooker Of he Laver of Bocesiatical Foicy (1592-97), chad apd a edigao de Everyman's Library, London, 1998, Livos I hp, 182: ‘God {1189 law both to Bimell, and coal other things besides’ ‘A Rested do Décimo Segre Camel: Do Sentido de una ‘Anilise Sociolégiea do Dieta uns _hons duzentos anos 4 uazidas & mesa sob-eforma-dewioléncia (Gewait) ou da autoridade se comando situado abaixo de toda desta. positivo. Essa histéria tem sido contada sob as mais variadas formas. Ela nos conduz ao.problema da legitimacao. A politica em si reage no sentido de se "democratizar” e, ainda que os problemas de leginmacao se fagam sentir, ela pode dizer: "Nés j4 estamos.fazendo isso!”, Um parasita expulsa 0 outro. Mas isto também pode ser previsto Cada vez. que 0 diseito.trabalha, mais o parasita engorda. Quanto ais se conclui do digeito o nao-direito © do nao-direito o direito, tanto mais ser4 excluide. Nao obstante as questées sobre os fatos serem numerosas, mais numgrosas sdo as questées que desembocam sobre 1uma deciséo politica Quando se vé concretamente como 0 direito © 0 nio-direito séo distribuidos [na sociedadel, situames isto préximo & divida de saber se € o que queremos obter, ¢ [se nos sentimos esti- mulades} a considerar outras possibilidades, A sclugdo que se esta- _belece.é essa: permitir que se una dizeito-e politica nuin ianico fluxo, Com isso.se fez uma-centralizagao de forma voluntariosa. ¢ que se soma_visivel. A questéo da obrigagao juridica do poder (Gewalt) politico ter sido tomada como tema central de uma teoria politica nor- mativamente interpretada, € justamente porque [essa questao] seria um problema insolivel dentro do quadro de uma tal construgao. Polittcre diretto térr-side-eoniliadas sob a formula do “Estado de le Diseijo". [sto tem permitido ao direito extemalizar sau prdpric-patadayo --0 esquecor na caminho-da-politica. Tem-se partido do principio que uma ctiagéo do dieito politicamente motivada é “justificada" dentro do quadro da Constituicao, de forma tal que a questao reside em saber se 0 -dieito. lo & mals ovtablacde palcueaagis da distingao dieito ¢ snéo-diveito-(Recht und Unrecht) [feita] por si proprio no intentor do sistema juridico, O.terceiro exciuido, Sita, absorve este problema © pensament jurdio enconta-seprofundamente desivado do que & relevante, Sob a.condigée-de-estabelecer a validacie do diteita, a palitica em sido convidada & mesa Mas ainda assim, como nés podemos ver claramente, ela ainda se comporta como parasita. No modelo classico de Estado de Direito argui-se acerca da critica do absolutismo, a intengao é submeter 0 Estado © sua soberania A tegra do direito™, As arbitrariedades inevitaveis das decisdes supre- mas da politica sao relegadas numa Constituicao. Mesmo um Estado que disponha de competéncias legislativas, nao deve estarna situagao BF Veja, dente outros: Det Merten. Rechtsstext und Gewaltmonepol Tubingen, 1976, [Nias Luimann: Do Sistema Social & Sociologia Juridica de cometer injustiga. Caso isso acontega, a injustica deveria ser reconhecida como tal e devenia ter a possibilidade de ser corigida Bosa tarefa foi transmitida aos tribunais. A separac&o de poderes foi estabelecida como um sistema de filtros que apenas deixa passar as —decisoes legais e descarta as decisdes antijuridicas, [classificando-as| come-sem-elfeito. A situagao da juridicidade (Rechtsstaatlichkeit) nao sena destarte s6 normativamente presenta (0 que amenizana os problemas da justificagao de uma tal prescrigao). Bla seria organiza- cionalmente ancoraca, e de forma equivalente, como um produto Gerivado do funcionamento normal dos poderes autdnomos. Nés poderiamos atestar, mesmo sob um ponto de vista sociolé- gico, que este programa constitucional do Estado de Direito se tem realizado em alguns Estados. Aparentemente a politica tem mantido boas maneiras 4 mesa - [se comporta| como. se fosseum convidado. E precisamente esse sucesso que tem-ooultede-ume-segunda linha de tradicéo diversa, a qual entretanto se péde desenvolver de maneira muito pouco discreta, escapando, em todo caso, ao controle juridico. Pelo menos desde Bodin, a formula tomou-se_sistemética na qual o Gireite.¢.um instrumento.dapalitica do Estadg. Por meio das prescri- ‘goes juridicas o Estado tem podido perseguir seus fins politicos. Nao se trata apenas de estabelecer evidéncias para o direito ptiblico, senao ‘também para 0 direito privado que frequentemente subestima a relevancia politica. A politica pode, através do diteite, demacratizar-se do-uma-maneire-diferente; cla permite a todos cidaddos ~ que dacui a diante sio portadores.de-direites—mobilizar-diretamente (quer dizer, semi qualquer outro controle politico) nodes piblico para a wealsasie do-sous.dizeitos. Ela expée seu aparelho de cosrgao ao comando da intervencae de qualquor cidado — sob a condigao tinica de perma. necer sob 0 controle da legislagée. Esse acesso [que é facultado ao ci- dado] pode ser afrowxado ou restringido consoante 0 programa politi oem curso. B, caso 0 risco se tome politicamente dificil demais [para suportar] ou igualmente tenha consequéncias desagradaveis para 0 partido que esta no governo, a politica sempre pode retornar 20 seu papel, como parasita do direito e recusar 0 efeito a titulos executorios. Entretanto o parasita 6 assim tao livre como parece? Nao se trata, no fando, de uma liberdade voluntarista (Willuirfretheit), na qual o Estado de Direito seria circunscrito e se submeteria ao contzole do direito? Como que fica a autopoiesis da politica e seu paradoxo especifico? E se esse pparadoxo por sua vee estiver codificado através do esquema de ganho de votosiperda de votos (Wahlstimmengewinn/ Wahistimmenverlusty: 0 | | {A Restituigdo do Décime Segundo Camelo: De Sento de ums “Analise Sociologica do Duce cireito entao teria uma chance neste caso de retornar como parasita & mesa da politica para devorar as decisées desta? Nos_planos do Estado de Direito dever-se-ia ter pensade, em primeiro lugar, numa tinica obrigagao como [sendo e] wis alta, ou sei, de tal modo que pudesse completar o direito natural /O sistema politico vaie-se do direito a fim de justificar seu poder) mais entra na dependéncia de relacionar este instrumento e sua Adaptagéo [a esta fangéo]. Como diteito pode fazer-se muito, mas nao se pode fazer tudo. As exig@ncias da consisténcia juridica restringem, arbitrariemente em cada caso particular, deforma-bem-mais_efetiva-do-queuma_teoria abstrate-da_positividade-do-direito-comr sett-deeisiomismo-aparento pode-dar-conta de formular. Sobretudo, oimpacte-politicorevela-se-com_ ‘a projamas gules destinadcs aad nes ines. asinengtos de transformagSes.complexas; esses programas exigem uma miulkipli- cidade de iodificagses juridicas, entretanto tais modificagées desper- tam a atengéo e a resisténcia desses programas que beneficiam 0 estado de coisa atual-No faxo de formas jurfdicas extremamente pre- cisas, qpolitica nfo se consegue-mouer-som-atrait_a_atengao, Mean no caso em que os personagens concebidos néo sentem ou nao levam a sério nunca as causalidades da programéatica politica: eles tém sempie_no diteite,ume-medida minuciosa de seu desfavor que Ihes pemmite_proguasticar_mesmo_os_casos_improviveis, de declarar_a cuatinacooghen! A“Cgtl aes eleigaa politica e de dizettos subjetivoczestringe ao que é politicamente possivel, a tal ponto que os fatos permanecem longe do limiar de mobilidade tragado pela constituigao e suas limitagdes de competéncia, por um lado, e pelos direitos subjetivos e seu controle judicial, por outro. ‘Tudo isso pode ser tratado como uma experiéncia prética na politica ena administragao, contudo continua sendo muito superficial. Umanava problemética emerge tuando.a politica imagina suarelacda.comedhrette sistema politico - a contingéncia entado se situa “acima” (‘oben’) dentro da terminologia tradicional. Quando o direito 6 posto nesta situagéo.ndo. ‘hd mais que um 4 fio.om outros termos, nao ha mais que margens de indeterminacéo e de apreciacao concedidas pelo préprio direito, {a.questao] é comple- amente irrealista, Ela nao lova em consideracao que existe também uma Niklas Lulanann: Oo Sistema Social & Sociologia Juridiea contingéncia fomnecida “de baixo” ("von unten"), notadamente [aquela decis#o] de parte das pessoais envolvidas em fazer ou nae (Einschalten und Ausschalten) 0 direite intervir. Numa enquete sobre as proporgdes nas quais as pessoas envolvidas mobilizam 0 direito, Blankeniurg constatou fatos que nos colocam a pensat®. Mesmo onde o limiar da ignorancia é superado ‘onde os problemas juridicos s4o percebidos, uma parte consideravel das pessoas nao empreende (unternimmt) [suas demandas}. Somente 2a 7% [das pessoas] seguem um proceso, e esses processos que seguem, menos da metade chegam a contestar uma decisao. Os numerosos outros [processos] da pesquisa mostram igualmente que o “ndo-empreender” tem por detras um forte motivo, e que unida as suas nee isto que deve desencorajer o empre- “endimento, seja ele qual for, of [deve] favorecer aquilo que faz provar a insensibilidade para as reivindicagoes juridicas®, Problemas parecidos, atualmente, sao langados por um programa de pesquisa chamado “andlise econémica do direito"®”, Outras pre- missas profissionais s8o aqui estilizadas, como na sociologia juridica, ¢ se trata de premissas de célculo de utilidade econémica feitas no interesse do direito. Mas aqui também se trata de uma “contingéncia de baixo” que até agora foi subestimada, quer dizer, de um compor- tamento evasivo praticado por interesses - e leva @ infragao juridica & tlusao de custos de informagao, de consulta e de persecugao juridica 35 Ver Ethowd Blankenburg. Mobilisirung von Recht, Zeitschrift {Ur Rechtssoziologe, 1, (2980), p. 33-64 96 Amt respeto voja: Willam LF Folstines, Intuences of Social Organteation an Dispute Processing, Law and Society Review, 9, (1978), p. 65-4, Idem. Avoidance as Dispute Processing: Aa Blaboration. Law and Society Review, 9, (1978), p_ 695.706, Marin S. Greenberg/t Barry Ruback/Deind R. Westeoll Decison Making by Grime Victims, Lew tnd Sociol Review, 17, (1982), p. 47-68. A soriologis orinana comporta se de maneira ‘femasiads ambivalente dentro deste dominio de pesquisa, © € muito mais roovida pola ‘ompaixdo que pela teria lem si] Ela sad, por wm lado, 0 entendimento pacific, como se 6 problema de orden suridica se encontrasce resoivide; por outro lade, ola Dromets 0 acesso a0 direito, cxpecisimente para os giupos destaverecidos, nio Ienoionando oe “elehve perversoe" de tis intengdes -quave um programa que podria Sex caracteriado por Orwell como "making the worl safer ltl fat man" 97 Voc a conenio que @ feta com a pescuisa cue tem inicio nos EUA: Heinz-Dieter ‘Asemann/Chnetian Kurchnoe/Erich Schanzo (Eds.). Okonomische Analyse des Rechts, Kionberg (7), 1978, Michael Adams.Okonomische Analyse des Zinlprozesses, Kenigstein (5), 1861; Christian Kirchner. Okonomisshe Analyse des Unteimehmensrechts: Ein Rrschungsancate, Jahebuch for Neve Folttsche Oksnomie, 2. (1989), p. 137-160; Erich Schanze, Theorie des Unterehmens und Okonomische Analyse des Rechts Jabubuch for ‘Neue Poitische Okonomie, 2, (1983), p. 161-180 1nigdo de Décimo Segundo Camel: Do Sentido de uma ‘Andlise Sociol6gica do Diet (Rechtsverfolgung) até escolha de formas juridicas funcionalmente semelhantes para a realizagéo de suas intengdes. Igualmente se evidencia que muito do diseite 6 criade para nao ser ulilizado entao se observa que, por outro lado, um investimento macigo-nas-constmches. Juridicas imprevistas ~ como, por exemplo, na alienagao-em gatantia, ou ainda, nas recentes “partes beneliciarias” (‘GenuBischeine"). Isto nao esta em principio nas areas juridicas, nas quais é certa & implementagao por diferentes burocracias. Mesmo as burocracias pos- suem um impacto seletivo sobre isto que elas discernem e que tra- duzem em decisées. Trata-se portanto de reforgar a cooperacao delas com seus meios envolventes, essa cooperacéo deveria apenas pes- quisar e organizar. Tudo isto pode ser tomado como uma perspectiva “de cima para baixo” e ser tratada como um problema de implemen- tagdo. Porém, para as pessoas envolvidas [no conflito] isso néo é tomado como um simples problema de implementagao, Somente partir de uma delimitagao sistémica definida que as coisas aparecem dessa forma, © a.questén entée6 saher-qual fronteira sistémica que tem influéneie-mais-aasidue-sobre-o-srstema, Finalmente devemos aceitar cque-a politica somente-participa no dizeito de maneite-paresitéria, que-nao-pode dispor-sobre ele palitica- “mente; @ isso nos leva & questa de saber se e em que medida 9 sistema swsidico ¢ capaz.de segenerar a direito de forma autopoiética, e- quando ~as influgncias politicas ganham relevo™. A discussdo sobre juridicizagao © a dos-juridicizagéio mostra que (ainda que nenhum desses conceitos seja preciso) esta questdo possui uma atualiciade [tlagrante|; [ela estabe- lece} igualmente a questdo [que toma o sistema econémico] e sua capa- cidade de regenerar seu meio especifico, e 0 dinheiro garante uma solvéncia ampla; quando a politica se esboca [na economial, mais e mais, dinheito [se revertem} pera seus préprics fins. Eeta-questao, quo é a. _suesido de alimentagao da parasita, interessa-nos aqui apenas superfi -cialmente, stoma juridico, o que deve ser buscado é o impacto que exist saab fonneseroSSU PAPRIOHO PODS oade] de paradoxo proprio Ta vontade] do parasita, ‘Casoa-autonomia-seja_sinénima_de_auto-paradoxizacao, de "sel indigation' como-um-terceizo valor de célculo prépric®, entao [se pode 98 A adigao geral a estas divides encontra-se om Rainer Heyenbart.Sebstaufdsung des Fochts? tn: Rudiger Voigt (Ed), “Abschied vor Recht", rankiurt, 1983, p. 67-33, ‘99, ta proposigho surge como complemonto logics de Spencer Brown, por Francisco Vatela ‘A Calculus for Selsreterence Internstional Journal of Genoral Systems (Autopotesis). Veja funblin do mesmo autor Principles of Biological Autonomy, New York, 1873 93 [Nikos Lutimenn: Bo Sitema Social & Sociologia Juridica entender que] este abandono pée em perigo a autonomia do sistema Decerto que © sistema sempre pode revelar-se como completamente indingivel, ou come [sendo} muito complexo para ser planejado, regu: lado, prognosticado controlado. Rese irreguiabilidade, compreendida como complexidade estruturada, nao pode ser confiundida com aautano- “Bia. Completamente apartado [disso], essa irregulabilidade também pode ser [comum| para o préprio sistema (0 que nao corresponde a isto que nés entendemos como autonomia), estaincapacidade de lidar com a grande complexidade pode ser-apenes-umaquestae-

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