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| OS PRINCIPIOS DA | PROSPERIDADE DE HENRY FORD Este eaigto fol devidamente autorizzda ¢ cedida & Editéra Brand, em Julho de 1064. Contém om um s6 volume os trés livros Henry Ford: Minha Vida c Minha Obra, Hoje fe Amanha e Minka Milosatia da Endisteia Copyright — Nestor Alves Galxa Postal, 3815 Rio de Janeiro — D.F. As obras de HENRY FORD: MINHA VIDA _E MINHA OBRA HOJE E AMANHA MINHA FILOSOFIA DA INDUSTRIA ULF... “BIBLIOTECA UNIVERSITARIS i a NAO BANIFIQUE ESTA EMOUETA EDITORA BRAND LEDA. ‘Av. Erasmo Braga, 299 — 72 and. — a/101-B Tols.: §2-5138 © 52-2008 RIO DE JANEIRO CAPITULO 1 (© QUE APRENDI SOBRE NEGOCIOS Meu calhanibeque de gesolina foi_o primeiro ¢ por muito tempo o tnico automével de Detroit. Era olhado qual ume pes~ te, gracas ao barulho que fazia e ao éspanto que causava nos ani mais. Congestionava 0 transite, porgue se me detinha em qual- quer ponto formava-se logo uma aglomeraco de bashagues. Se © deizava s6, apareciam euriosos que vinham tentar pé-lo em mo~ yimento. Vie por fim obrigado a amarré-lo com corrente aos. Tampedes, sempre que o deixava na rua. Vieram também incé~ medos com os agentes de policia, embora ainda nao houvesse leis que regulassem » velocidade dos veieulos. Tive de tirar uma licanca especial com o prefeito para a livre eireulacao do meu carro, Gozei, assim, por algum tempo, o privilégio de ser o pri meiro ¢ Unico ebofer com carta da América. Durante os anos de 1895 ¢ 1806 percorsi nele uns 1.500 quilometros, e depois 0 ven- Gia Carlos Ainsley, de Detroit, por duzentos délares. Nao o ha- vie construido para isso, e sim para experiéncias, ¢ j& andava dispesto a construir um segundo. Como Ainsley insistisse em comprarmo, ¢ 9 dinheiro naa me fosse initil, f4cil foi chegarmos. 8 acordo. ‘io era mivha idéia construir antoméveis em to pequens eseala. Eu sonliava com tma larga produeio. Mas antes disto. a preciso possuir 9 objeto a explorar j4 devidamente estudado © comprovatlo. A pressa é inimiga da perfeicio. Conclul o meu segundo carro cm 1896; era muito parecido com 0 primeiro, uum potieo mais leve; tinha ainda correias como meio de trans~ miseao, do que s6 mais tarde vim a desistir. As correias prosta~ cam hans servigos. fora do tempo de calor, Isto me fez substi~ tublas pela engrenagem Mita coisa aprendi com éste carro. Outros industrials, to~ Gavia, tanto aqui come no estrangeiro, se haviam dedicado & censtrugio de automéveis. Em 1895 live noticia que um carro: alemdo, Benz, estava exposto em Nova York. Ful examind-lo, MINA YIDA E MINHA ODRA 37 ms nd Ihe vi nenbum apeifeigoamento interessante. Também usuva correias ¢ era pesado. Eu visava a leveza e parece que 0s outros ndo pensavam nisso. Construi na minha oficina trés car- ros, que durante anos circularam em Detroit. Quanto a0 pri- meiro, ecahou voltando as minliss mios; comprei-o por cem dé- Jares a um sujeito e quem Ainsley o vendera. CETICISMO DOS ENTENDIDOS Durante todo ésse tempo continue: no meu eargo na Cont- panhia Flettica © pouco a pouco cheguei avengenhieiro chefe, com Etdenado mensal de 125 délares. As minbas experiéncias, po- San, desperiaram no presidente da emprésa_tantas simpatias Guatias em men pai as minhas infantis manias merinicas. Ble Sao era ininiigo da experimentagéo mas nao acreditava-ne mo- for a gis. Ougo-o ainda dizer — A cletricidade, sim; esta é a forca do futuro; 0 gis, nao. Seu coticismo (sejamos suaves) tinha escusas. Estivamos ‘em pleno desenvolvimente da eletricidade, e quanto ao motor = His hinguém fina a menor idéia do seu futuro. Como acontece Som toda 2 jdéia nova, esperava-se da cletricidade muito mais do que até hoje pode ela dar. A mim me pareceu indtil procurar hha eleiricidade 6 que eu tinke em mente. Um earro de estrada no pode ser acionado por meio do trole. Nenhum acumulador dle pouco péso se anunciava. Um carro elétrico por férga que teria um raio de acdo limitado e necessitaria de um moto: volu- gnoso e por demais pesado. Néo quer isto dizer que eu tivesse Gm pouco a eletricidade. Quero dizer apenas que fem ela unt Gampo de acio diverso do campo de agio do gis. Uma férea nnd pode substitur a outra, o que é uma felicidade. Conseryo em meu poder o dinamo de que me encarreguel na Detroit Edison Company. Quando comegamos a nossa usina do Gonadd comprei-o a mitia casa que © adquirira dessa companhis, © depois de restaurado per muitos anos me prestou éle excelen- tes servicos na usina canadense. Quando reconstrui essa usina mandei 0 vellio dinamo para o meu museu de Deatborn, onde guardo outras reliquias mecdnicas A Detroit Edison Company ofereceu-me a direcio geral com a condico de -renunciar as minhas experiéncias com 0 motor 2 Gie 0 dedienr-me a olga verdadeiramente iil. Tive que esco~ Ther entre o emprége eo meu automével. Decidi-me por éste, e renunciei a0 emprégo sem hesitacko porque estava certo do éxito. Deixei a companhia a 15 de agosto de 1899 para empreen- der a construedo do meu carro. 38 MINHA VIDA E MINHA opRA Podia parecer isso uma temeridade, visto nao dispor de dix nheito. Tudo o que me sobrava das despeses easciraa fora con sumido nas experiéncias. Mas minha espdsa eonveio comigo que nao podiamos abandonar a idéia ainda que se tratasse de tudo ganhar ou tudo perder. Nao havia procura de automéveis, como nko h& procure de um artigo novo. Eram éles recebidos pelo pilico do mesmo modo que hoje os seroplanos. Eram Julgados como pura fantasia e muitos “conheeedores” provavarn com exuberancia que tais vefoulos jamais passariam de meros brinquedos. Os industriais ndo pensavam em explord-los comer- cialmente. Nao compreendendo por que todo nove aneie to transporte encontra uma tal desconfiancal Ainda hoje hé multe Sente que ao falar do automével sorri e o tem como luxo, 2 custo. adwitindo lguma ttilidade nos caminhées. No comeco berm poucos entreviam as stias posstbilidades; os mais otimistas augits yavain-lhe uma earreira semelhante 4 da bicicleta E 48 PROVAS DE VELOCIDADE Quando ficou provade que os automéveis realmente cami~ thavam, e diversos fabricauies comecarain a langulos, surgi @ preocupaco de saber qual déles era o mais rapido. A nova industria devia naturalmente passar pelo estigio da curiosidade piiblica, que é a competicdo desportiva. Ea nanes pensel bem de corridas, mas 0 povo se recusava a considerar 0 automdvel ‘outre roisa além de um brinquedo veloz, ¢ também fomos obri= g2dos a corer. Esta tendéncia s6 trouxe prejuizos & imdvistsia, Parque os fabricantes passiram a dedicar-ce mais & velocidade do que & qualidade dos carros, ¢ tal preocupacao deu a industria, autemnoilsticn um carter perigoao. _ Depois que deixei a Detroit Edison um grupo formou a De= teoit Atwtomobile Company para fabricar o meu carro, Heando. ‘en como engenheiro-chefe, com uma pequena parte des agees. Durante trés anos construimos carros mais ou menos conformes a0 meu modélo. “Vendiamos pouco ¢ nao pude arrastar meus as sociados a uma producdo popular. A preocupagio era produzir sob encomenda e vender cada carro pelo malor preco possivel. Pensamento tnieo: ganhar dinheire. Resttito a minha situacio de (ngenheio-chefe, convenci-me de que a nova companbia nie era o:meio apropriada para realizar as minhaa idéiasy Bra wate emprésa feita para ganhar dinheiro, mas que de fato nz wa. nhava bostante- Em marco de 1902, resignel o meu lugar ¢ te. solvi munca mais me submeter is ordens de ninguém, A Des tucit Automobile Company transformou-se na Cadillac Company, depos que os Lelands entraram a fazer parte da emprésa. : MINKA VIDA E MINKA opRA 39 eet PRIMETROS PASSOS Aluiguei uma oficing, um telheiro de um s6 andar em Park- Place, 81, decidido a continuar as minhas experiéncias a des- cobrit a 'verdadeira significsctio da palavra negécio. Tinha « eerteza de que deverie ser coisa diferente do que vira na minha primeira emprésa. 0 ano que preceden & fundagio da Ford Mo- for Company foi, por assim dizer, um periodo de investigasdes Na minha pequena oficina trabalhava no aperfeicoamento de um motor de quatro cilindros, enquanto fora procurava averiguar a verdadeira significagio dos negécios € se éles consistiam tnica- mente em ganhiar dinheiro. Do meu primeiro automével até & Fundagio da Ford Motor Company consirui a0 todo uns vinte € cinco cartes, dos quais dezenove ou vinte na Detroit Automobile Company. 0 automével havia vencido a sua fase inicial, em que bostava mover-se, © passava para a segunda, na gual a grande coisa era corer. Alexandre Winton, de Cleveland, o criador do automével Winton, era nessa época o campeso da pista em nosso pais. Disposto a desafié-lo, constrai um motor de dois cilindros, Ge um tipo mais forte que os precedentes, montei-o num chassis ru ¢, depois de me assegurar da sua velocidade, lancei a Winton 9 meu catiel, O lugar escolhido para a disputa foi a pista de Grosse Point, em Detroit. Venci-o, e essa minha primeira cor rida teve o melhor efeito pritico de propaganda. Para o piblico nao tinha valor 0 carro que nio batesse os outros em vélocidade, e foi ensajando construir 0 automével mais yeloz do mundo que comecei a esitdar um motor de quatro ci- Tindros, que descreverei mais tarde. A particularidade para mim mais surpreendente dos negé- cios era dar-se uma grande importincia a parte financeira e qua- se nenhuma & qualidade do produto. Pareciasme isso uma in- versio da ordem natural, que. quer 0 dinheiro como efeito do trabalho, vindo depois e nao antes déle. ‘Outra particularidade que me impressionava era o despréso em melhorar os métodos da produefo, enquanto os produtos se féssem vendendo e dando dinheiro. Em resumo: wm objeto nfo se fabricava com o fim de fazé-lo itil ao piblico, mas smente para servir do meio seguro de obter dinheiro, ficasse ou no s2- tisfeito o comprador. Os produtores contentavam-se com poder colocar 0 seu artigo. Ui cliente mal satisfeito nfio era conside- Yado.como um honiem de cuja conflanca se wbusara, sas um impertinente ou uma possivel fonte de novos Iucros pelos con~ sertos que seria obrigado a fazer na propria fébrica. Nao mos- trava interésse pela sorte dos carros depois de vendides, nem: pelo consumo de gasolina, nem pelos servicos que prestavam Se 0 carro se avariava nume estrada, ou tinha de subatituir algu- su MINHA VIDA B waNHA O5RA ma peca, tanto pior para o dono. Yender pecas valia por étimo resécio, © 0 possuidor de um anto estava inplicitamente obrigado ® pagar per clas muito bom divkelro. indistria dos automoveis néo repousava no que chama- Hamos una base honesta, nem a fabricaego repousava numa base cientifiea. Nao era entretanto o set caso diferente do das outras indistria Fstavamos mima época {érlil em Jangamentos de numerosas sociedades comerciais.. Os banqueiros, até entdo limitados as esteadas de ferro, comegavam a peneirar na indiistria. Minha idéia eva 2 que sempre foi — bem fobricar. E ainda —- que um negicio deve comegar modestamente e pouco a pouco ise ate hentendo com os proprios lueros. A auséncia de lueros prova ue 0 industrial esta perdendo o seu tempo on nfo conhece o negdcio. Sempre pense assim, e até agora nao experimentel @ necessidade de madar de idéia; mas o que de pronto me saltou aos olhes foi que esta formula, téo simples, de primeiro bem fazer o trabalho para depois receber a sla justa ecompensa, € ent nossa époer seoimade de muite more: DESVIRTUACKG DOS NEGOCIOS © sistema em voga era comecar com o maior capital pos- sivel e colocar o maximo de agdes. 0 capital liquide que so- brave, depois de pagas as despesas da emissio, as comissies @ 0 reslo, era a coatragosto invertido no negécio. 0 bom negécio nae era o que realizava 0 bom trabalho, mas 0 que o punha em clreulagao uma mavem de ag6es com fortes dyios. ‘Toda a im- porlincia déles se ciftava nas agdes. e nunca no trabalho. Ora, ao consigo compreender como uma emprésa possa colocar arti gos no mercado, a precos razodveis, se os grava assim de inicio de tuxas elovad: Nunca também compreendi como o capital original de uma emprésa possa ficar a cargo do negécio. Os chamados financei ro» dizem que o dinheiro vale 5%, 6%, ou 7%, e que se alguém empregar numa emprésa a quantia de 100.000 délares terh die reito aos juros d&sse capital, porque, se em vez de ali colocé- Jo, 0 tivesse posto numa caixa de capitalizagio, ou aplicado em (ox tilulos, teria uma renda certa e fia. Por conseguinte, di- yer. os financeiros, deve-se levar & conta de despesas um certo Juno sébre 0 capital empatado Esta idéia & a causa comum dos fracassos comerciais ¢ da ms qualidade da producto. O dinheiro néo tem um valor de~ terminado. Bm si néo vale nada, porque nada poderd produzir por simesino. A sua ufilidade esta no poder de comprar instra- | | MINHA VIDA E MINHA obRA at mentos’ de trabalho ou produtos elaborados gracas a ésses ins- trumentos. valor do dinheiro é igual ao valor dos produtos que Gle fabrics ou adquire. Neda mais. Se alguém cré que uma cerla soma Ihe deve produzir 5 ou 6% de juros, va colocd-la em valores que Ihe produzam ésse juro; mas empregar capital numa emprésa ndo é tomar hipoteca do negécio, ou nfio deveria sélo, Numa emprésa o dinheiro muda de caréier, e torna-se, fou deve tornar-se, um instrumento de producio; vale, portanto, © valor do que produz © nao uma taxa que nada tem que ver cont o negécio em questiio. Um Inero qualquer s6 pode eparecer depois de produzido, nunca antes. Os homens de negécios daquela época figuravam-se que era pecsivel levar avante qualquer emprésa com a condigio de en- ché-la de dinheiro, on “financié-la”. Se a emprésa nfo ia do primeiro arranco, é que necessitava de ser “refinanciada”. CAPITAL NOVO PARA SALVAR © VELHO Bste jégo consiste em Iancar dinheiro bom no enealeo da disheiro iugido. Na maior parte dos casos a necessidaile de novos capttars resulta da ma direcdo dada aos negécios ¢ ésses novos capitais so conseguem fornecer a administradores incapazes elementos que Ihes permitam prolonger por mais tempo a sua ma adminis- tregdo. E’ um sursis & condenacdo que 0s espera, e, como in venta financeiro, um bugue de especuladores. 0 dinheiro nao produz nada, se entra a servigo duma emprésa que nfo trabatha hem. Emprésa que trabatha bem nao precisa de dinheiro. De morio que 0 dinkeiro empregado nas “refinanciacées” é dinheiro pésto fora, Eu tomei a firme resolucio de nunca entrar em sociedade onde o disheiro tivesse primazia sbbre o trabalho, ou onde pre~ ponderassem banqueiros e financeires. Resolvi, mais, caso nao encentrasse recursos para um negécio susceptivel de ser condu- zido com esta mira do bem geral, rentinciar de vez aos negécios. Isso porque minhas peoprias tentativas, juntas ao que ia obser~ vando em redor, bastavam para convencer-me de que os negé- cios, encarados apenas como meio de ganhar dinheiro, néo apre~ ‘favam grande interésse, nem constituiam uma ocupacio dig- na de um homem desejoso de realizar alguma coisa. Demais, espero ainda que me demonstrem que & ésse o bom meio de ga- nhar dinheiro, e continuo firme na minha idéia de que a tinica ase dum negicio sério é a boa qualidade do produto. 2 MINHA VIDA © MINHA OBRA O FREGUES © compromisso que o fabricante contrai com o fregués nto texmina corm o ato da compra; ésse ato apenas inicia as suas mi- fas relacdes. No caso da venda de um automével ésse alo ser- ve de apresentacio. Se o carro nio presta, seria melhor que ja- mais se tivesse realizado aquela venda, porque 0 pior dos recla- mes é um fregués mal satisfeito. No periodo inicial da indistria a tendéncia comum era considerar a venda como tudo, sem a menor preocupacio do que viesse depois. Proceso dos vende- dores & comissio, cujo aleance de vistas é muito curto. Nao se pode esperar de um vendedor & eon das suas vendas, que se desvele pelos freguéses dos quais nada mais tem que esperar. Foi precisamente sobre isto que basca- mos 0 mais solide argumento do reclame dos nossos carros. Aida que a qualidade ¢ 0 prego désses carros por si bas- tassem para abrir um grande mercado, fomos além. O compra dor de tm carro tinha. a0 ineu ver. 0 direito de wsé-lo sem in- terrupgio, ¢ se um desarranje sobreviesse era do nosso dever contribuir para que o carro reentrasse em uso 0 mais depress possivel. Este principio foi um dos elementos de grande éxito do meu negécio. A maior parte des casas que fabricavam autos earissimos naquela época éram mal providas de oficinas de re- paro. Quando ocorria qualquer desarranjo era mister recorrer- se a um mecinico local, ainda que a responsabilidade conbesse a0 fabricante. Quando © mecinico local acontecia ser um bo- ment previdente, munide de estoque regular de pecas substitui- vels-(e em muitos earros as pecas nio se podiam substituir) era uma felicidade. Mas se o mecanico era imprevidente, sem ini- ciativa ¢ sem conhecimentos precisos do antomével, ou esperto demais, entio 0 desarranjo mais insignificante acarretava semna- nas de imobilizacio ¢ uma conta sulgadissima, que o fregués de- via pagar antes de relirar o carro. Os mecanicos fora por cer- to tempo a mais séria ameaca desta indiistria. Ate ali por 1910 e 1911, o dono de um carro passava por um homem rico que de- ia sor espoliado. Desde o primeiro momento enfrentamos com firmeza tal situacdo. Nao queriamos que o nosso éxito comer- cial se entorpecesse gracas 4 cupidez estiipida de alguns indi- widtos FINANGA E INDOSTRIA Estamos, porém, antecipando a nossa historia. Neste capi- tulo quero apenas frisar que o predominio da finanea é que mata a producdo util, porque a finanga $6 vé 0 Iucro imediato. Quan~ issfio, pago sbbre 0 montante * pacman ans MONHA VIDA E MINA OBRA 43. do o ‘inico interésse-é ganbar uma ceria. soma, a menos que uma tacada da sorte nao intervenha permitindo que um excesso de capital possa consagrar-se a uma produgéo de boa qualidade, os negécios de amanha tém que ser sacrificados ao délar de hoje. Notei também, entre muitos homens de negécios, a tendén- cia de se queixarem da sorte. Trabalham apenas com o firm de poder, em certo dia, retirarem-se dos negécios para irem vi- ver das rendas, fugindo a Inta. A vida Ihes é uma hatalha que convém vencer quanto antes. E’ oulra maneira de ver que nao posso compartilhar, pois penso que a tinica luta que temos de sustentar na vida é a batalla contra a nossa inctinagao natural a inéreia. Se a vitdria consiste em desenvolver-nos 6 preciso despertarmos tdas as menhiis € nos conservarmos acordados todo © dia. Vi muitos negécios se reduzirem & simples sombras de si mesmos tinicamente pela teima de continuarem a administri-los & antiga. No seu tempe tais métodos poderiam ter sido bons, mas bons porque adapiedos as necessidades do momento e nio porque viessem de trés. A vida, como a entendo, néo é uraa apo- sentagéo ¢ sim uma viagem. Até quem se julga mais definitiva- mente fixo, nfo esti fixo, esta escorregando para tras. Tudo deflui: uma lei. A vida é um rio, Podemos resistin sempre na mesma casa. A casa permanece a mesma; 0 individuo muda dia a dia. Desta ilusto de fazer da existéncia uma luta, que pode ser perdida em qualquer ocasiao por um movimento falso, € que se origina o apego dos homens f regularidade e os faz cair na letar- gia da rotina, & raco que o remendgo adote um proceso novo de por solas, nos sapatos, € raro o arlez4o que acotha bem as n0- vidades introduzidos no sen oficio. O hébito eomunica uma cer- ta inéreia e qualquer pertubarcdo que © atinja produz um mal estar ‘TAYLORISMO. ‘Todos se recordam que quando se procedeu a0 exame do trabalho fabril para ensinar a0s operdrios a maneira de economi- zax energia ¢ trahalho corporal, foram éles préprios os maiores adversirios disso. ‘Tinham, talvez, suspeltado que tdo néo pas- sesse de uma trama para exploré-los ainda mais; porém 0 que sobremodo as ineomodon foi a obrigacda de sairem dos antigos bitos da rotina. Ha comerciamies que abrem faléncia #6 porque no querem despegar-se de antiquades sistemas, nem aceitar uma reforma qualquer. Sio criaturas que nao compreendem que o dis de ontem ja 6 pasado. Acordaram pela manha com as mesmas idéias do ano anterior. Todo homem que eré haver encontrado © sen verdadeiro método de trabalho deve proceder a um rigo-

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