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Fernando Veludo/Lusa
Ministério da Educagao apresentou resultados dos testes de
diagnostico realizados por estudantes do 3.°, 6.’ e 9.” anos.
Grupo de trabalho vai apresentar recomendag6es para a
recupera¢do das aprendiz. s afetadas por meses de ensino
a distancia
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29MARGO 2021 14:51
Isabel Leiria
Jornalista
Com dois anos letivos ja condicionados pela pandemia e meses
de ensino a distancia — todo 0 3.‘ periodo de 2019/20 no caso dos
alunos do ensino basico -, o Ministério da Educag¢ao quis avaliar
o “atual estado das aprendizagens” através de testes dediagnéstico aplicados uma amostra de estudantes do
anos. E os resultados obtidos demonstram ja algum impacto das
perturbagées.
“Ha dificuldades ja antes identificadas nomeadamente na
resolugao dos problemas de niveis de complexidade mais elevada,
mas temos também uma percentagem muito grande de alunos
que nado consegue ser bem sucedida nos itens mais simples’,
reconheceu 0 secretario de Estado da Educacao, Jodo Costa.
Os testes, realizados em janeiro numa amostra representativa de
escolas (publicas e privadas, de todas as regides do pais), eram
compostos por tarefas que remetiam para competéncias de
literacia cientifica, matematica e de comunicagao e informagao.
As dificuldades “rondam os 50% logo a partir das tarefas de nivel
1 de dificuldade”, exemplificou Jodo Costa, defendendo a
necessidade de intervencdo. “Estas dificuldades nao podem ser
ignoradas e vao obrigar a um trabalho especifico nas escolas”,
declarou ainda.
Por exemplo, num exercicio de nivel 1 em que se pedia aos alunos
do 3.’ ano para indicarem num mapa a localizagao de um parque
situado no litoral e no sul de Portugal continental (nesse mapa
estavam assinalados apenas trés pontos), apenas 47% acertaram.
Mas além do trabalho que os professores poderao fazer com os
seus alunos a partir desta avaliagao, o secretario de Estado
também anunciou a nomeagao de um grupo de trabalho
composto por peritos e especialistas de diferentes areas, como
Margarida Gaspar de Matos, da Faculdade de Motricidade
Humana, a professora da Faculdade de Economia da Nova Susana
Peralta, a vice-presidente da Ordem dos Psicdlogos Sofia
Ramalho, diretores de agrupamentos ou ainda José Verdasca,
coordenador do Plano Nacional para a Promissao do Sucesso
Escolar.Este grupo de trabalho deverd apresentar as suas propostas para a
recuperacao de aprendizagens perdidas até ao final de abril. Mas
as recomendagées n4o serdao vinculativas, frisou Jodo Costa.
MAIORES DIFICULDADES NO 6.2 ANO
Quanto as dificuldades demonstradas pelos alunos do ensino
basico nestes testes - desenvolvidos pelo Instituto de Avaliagao
Educativa (IAVE) e aplicados pela primeira vez de forma
exclusivamente eletronica - os resultados deixam evidentes as
“grandes dificuldades dos alunos em resolver problemas que
requerem a mobilizagao de atividades mais complexas” e
mostraram ainda que os alunos do 6.’ ano tiveram desempenhos
genericamente piores que os colegas do 3." e do 9.’ anos.
Na literacia da leitura e da informacdo, por exemplo, 58% dos
alunos do 6.’ ano nao conseguiram responder ou apenas
completaram até um terco das atividades inseridas no nivel 1 de
proficiéncia. Os exercicios deste nivel implicam apenas
“identificar informacdo explicita no texto e identificar 0 assunto”.
A percentagem para os colegas do 9." ano foi de 53% e do 3." ano
de 49%,
No caso da literacia matematica, foram os alunos do no que
apresentaram mais dificuldades, com 60% a nao responder ou a
resolver com sucesso apenas um ter¢o das atividades de nivel 1.
No 6.’ ano, aconteceu com 56% e no 3.’ ano o valor cai para 38%,
Ja em relacdo aos exercicios mais complexos, de nivel 4, apenas
3,5% dos alunos do 9.* ano responderam com sucesso a
totalidade da tarefa, o mesmo acontecendo com 2,4% dos
estudantes do 6.’ ano e 5% do 3.°, ou seja, percentagens muito
baixas.
Na literacia cientifica repetem-se os problemas: mais de metade
dos alunos do 6.‘ e 9.’ anos ficam-se por resolugées muitoparciais ou incapacidade total de executar as tarefas mais
elementares e apenas 4% e 2%, respetivamente sao inteiramente
bem sucedidos nas mais complexas.
SAUDADES DO DESPORTO, FALTA DE UM SITIO SOSSEGADO PARA
ESTUDAR, APOIO DOS PROFESSORES
Apesar de todas estas dificuldades, que correm 0 risco de ser
agravadas este ano letivo com mais uma paragem superior a dois
meses do ensino presencial, a esmagadora maioria (mais de 90%)
dos alunos do 3.’ ano inquiridos disseram ter sido facil usar 0
computador para fazer os trabalhos da escola e que foi facil
aprenderem sozinhos.
Mais complicado foi arranjar um local sossegado para estudar
(indicado por 20% das criancas do 3. ano) e ter acesso a um
computador, tablet ou telemovel (17%); encontrar motivagdo para
fazer as atividades das escolas (33% dos alunos do 9.* ano e 22%
do 6.‘) ou em compreender as mesmas (20%).
Quanto ao que sentiram mais falta durante o confinamento,
quase todos indicaram a falta de desporto e de outras atividades
fisicas organizadas pela escola.
Do lado positivo, os alunos destacaram a disponibilidade dos
professores para os ajudar (percentagens de resposta proximas
dos 90%).
Com o cancelamento das provas de afericdo e dos exames do 9.°
ano também este ano letivo, o Ministério da Educagao ja
anunciou que estes testes serao realizados por uma amostra de
alunos para que este diagnéstico das falhas decorrentes do fecho
de escolas possa continuar a ser feito.
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