Professional Documents
Culture Documents
FICHAMENTO - MARX, Karl. O Capital, Livro I. Boitem
FICHAMENTO - MARX, Karl. O Capital, Livro I. Boitem
Toda indústria que não seja agrícola ou artesanal está indiscriminadamente compreendida
no termo “manufatura”(pelos economistas burgueses), com o que se apaga a distinção
entre dois grandes períodos essencialmente diversos da histório econômica: o período da
manufatura propriamente dita, baseada da divisão do trabalho manual, e o período da
indústria moderna, baseado na maquinaria. p.103
Seção I - Mercadoria e Dinheiro
Capítulo 1 - A mercadoria
“O linho expressa seu valor no casaco; este serve de material para essa expressão
de valor”(126)
Linho: Ativo (forma de valor relativa) este tem seu valor expresso na forma
equivalente.
Casaco: Passivo (se apresenta como forma de valor equivalente) este expressa
materialmente o valor da forma relativa
São pólos da mesma expressão de valor
“O valor do linho só pode, assim, ser expresso relativamente, isto é, por meio de
outra mercadoria. A forma de valor relativa do linho pressupõe, portanto, que uma
outra mercadoria qualquer se confronte com ela na forma de equivalente. [Este por
sua vez] não expressa seu valor; apenas fornece o material para a expressão do
valor de outra mercadoria”.(126)
§10 “Para dizer que seu próprio valor foi criado pelo trabalho, na qualidade abstrata
de trabalho humano, ele [o linho] diz que o casaco, na medida em que lhe equivale -
ou seja, na medida em que é valor -, consiste do mesmo trabalho que o linho. Para
dizer que sua sublime objetividade de valor é diferente de seu corpo entretelado, ele
[o linho] diz que o valor tem a aparência de um casaco e, com isso, que ele próprio,
como coisa de valor, é tão igual ao casaco quanto um ovo é ao outro”(129)
§11 “Por meio da relação de valor, a forma natural da mercadoria B converte-se na
forma de valor da mercadoria A, ou o corpo da mercadoria B se converte no espelho
do valor da mercadoria A”(129)
Ver também nota 18
“A forma de valor tem, portanto, de expressar não só valor e geral, mas valor
quantitativamente determinado, ou grandeza de valor”(130)
“custam o mesmo trabalho, ou a mesma quantidade de tempo de trabalho”(idem)
3. A forma equivalente
§6 O exemplo da balança
Mercadoria A = Mercadoria B
(Relativa) (Equivalente)
Seu corpo vale como valor de uso Seu corpo vale como expressão de valor
Cujo valor é representado na qual o valor representa
Origem do valor espelho de valor
“Na expressão de valor do linho, cada mercadoria, seja ela casaco, chá, trigo, ferro
etc., é considerada como equivalente e, portanto, como corpo de valor. A forma
natural determinada de cada uma dessas mercadorias é, agora, uma forma
equivalente particular ao lado de muitas outras. Do mesmo modo, os vários tipos de
trabalho, determinados, concretos e úteis contidos nos diferentes corpos de
mercadorias são considerados, agora como tantas formas de efetivação ou de
manifestação particulares de trabalho humano como tal [de trabalho abstrato, pois
na equação de troca, o trabalho concreto é igualado ao seu seu contrário, o trabalho
abstrato, assim, aqui todas as características particulares das várias mercadorias
que expressam equivalência são manifestações particulares de um mesmo
universal. Como Pedro, Paulo, Matheus etc, são manifestações particulares de um
mesmo universal, o gênero humano]
3. Insuficiências da forma de valor total ou desdobrada
§5 “A nova forma obtida expressa os valores do mundo das mercadorias num único
tipo de mercadoria, separada das outras, por exemplo, no linho, e assim representa
os valores de todas as mercadorias mediante sua igualdade com o linho”.(141)
Note 24: as mercadorias aparecem como imediatamente permutáveis, uma vez que
são universalmente igualadas, todavia, estão insuperavelmente dependentes da
permutabilidade não imediata, do dinheiro. Proudhon quis eliminar a forma-dinheiro,
fazendo com que todas as mercadorias fossem trocadas entre si sem mediação,
porém, eliminando a forma equivalente as mercadorias perdem a possibilidade de
troca sócio-universal.
D) A forma-dinheiro
§1 “Mas tão logo [uma coisa] aparece como mercadoria, ela se transforma numa
coisa sensível-suprassensível”(146)
Sensível pois é materialmente palpável
Suprassensível pois há um elemento que a determina que não é palpável, o valor
(aqui está a mística da mercadoria, é sob qual forma que ela se torna valor?). O
conteúdo(substância) e a grandeza são obviedades, todas as sociedade e pessoas
as conhecem.
§3 “Evidentemente, ele surge dessa própria forma [forma-mercadoria, por ser valor
de uso e valor].
[...] as relações entre os produtores [...] assumem a forma de uma relação social
entre os produtos do trabalho”(147) Assume o caráter de relação social entre
coisas, escondendo que são na verdade relações sociais entre pessoas/produtores.
§18-§22 Nesses Marx expõe o porquê das insuficiências das análises da economia
política de até então. Porque somente analisaram o conteúdo social e não a forma,
pois para os economistas burgueses essa forma apresenta-se como naturalmente
imutável, e tornam a análise econômica uma vulgata de tentativa de defesa da
forma e uma ciência positiva de controle de seu conteúdo, mas jamais perceberam
a transitoriedade dessa forma e como ela possui relação direta com o conteúdo.
Resumo da capítulo:
Nos itens 1 e 2, Marx analisa/disseca o que num primeiro momento aparece como
trivial, a mercadoria, e demonstra que não é exatamente isso, e discorre sobre seus
conteúdos determinantes.
No item 3 discorre sobre o elemento suprassensível das mercadorias (o valor e
como ele se determina), e as formas como são expressas seus conteúdos até
chegar na forma-dinheiro.
No item 4 demonstra como a coesão social da forma burguesa realiza uma inversão
mística, tornando natural o que é puramente social.
Capítulo 2 - O processo de troca
§1 “As mercadorias não podem ir por si mesmas ao mercado e trocar-se uma pelas
outras. Temos, portanto, de nos voltar para seus guardiões, os possuidores de
mercadorias”(159).
“Eles têm, portanto, de se reconhecer mutuamente como proprietários privados.
Essa relação jurídica, cuja forma é o contrato, seja ela legalmente desenvolvido ou
não, é uma relação volitiva(causado pela vontade), na qual se reflete a relação
econômica. O conteúdo dessa relação jurídica ou volitiva é dado pela própria
relação econômica”(idem).
“as pessoas existem umas para as outras apenas como representantes da
mercadoria e, por conseguinte, como possuidoras de mercadorias”(159-160).
§2 “Sua mercadoria não tem, para ele, nenhum valor de imediato.[...] Ela tem valor
de uso para outrem. Para ele, o único valor de uso que ela possui diretamente é o
de ser suporte de valor de troca e, portanto, meio de troca. [...] Todas as
mercadorias são não-valores de uso para seus possuidores e valores de uso para
seus não-possuidores. Portanto, elas precisam universalmente mudar de mãos. [...]
Por isso, as mercadorias têm de se realizar como valores antes que possam se
realizar como valores de uso”(160).
§4 O possuidor de mercadorias quer, por meio da troca, obter uma mercadoria que
satisfaça suas necessidades. Aqui a troca é para ele um processo individual. Por
outro lado, ele quer trocar sua mercadoria por uma de igual valor, não importando
se ela terá valor de uso para outrem. Aqui a troca é para ele um processo social
geral.
§5 Como cada possuidor age como sua mercadoria fosse o equivalente universal.
“A ação social de todas as outras mercadorias exclui uma mercadoria determinada,
na qual todas elas expressam universalmente seu valor. Assim, a forma natural
dessa mercadoria se converte em forma de equivalente socialmente válida. Ser
equivalente universal torna-se, por meio do processo social, a função
especificamente social da mercadoria excluída. E assim ela se torna - dinheiro”.
(161).
§14 O dinheiro é uma mercadoria como qualquer outra. O processo de troca confere
à mercadoria-dinheiro não seu valor, mas sua forma de valor específica: a forma de
equivalente universal.
§16 “Uma mercadoria não parece se tornar dinheiro porque todas as outras
mercadorias representam nela seus valores, mas, ao contrário, estas é que
parecem expressar nela seus valores pelo fato de ela ser dinheiro.” Parece que as
mercadorias(relativas) expressam seus valores na equivalente, mas o que ocorre é
que a equivalente é uma terceira mercadoria, mediadora de uma troca. O valor, de
fato, está nas relativas.
Capítulo 3 - O dinheiro ou a circulação de mercadorias
exemplo:
1 chocolate = 1 real
2 refrigerantes = 12 reais
1 chocolate = 2 reais
2 refrigerantes = 24 reais
§19 “A expressão do preço se torna aqui imaginária tal como certas grandezas da
matemática”(177). Coisas sem valor, como a consciência, a honra, etc, podem ser
compradas mediante preço, ou seja, de certo modo, a precificação acaba se
desvinculando dos valores das mercadorias e torna-se um poder imaginário que as
pessoas rotulam as coisas e as não-coisas, como se a forma-dinheiro fosse ela
própria valor.
§20 “No preço, a mercadoria pode possuir, ao lado de forma real ─ ferro etc. ─, uma
figura de valor ideal ou uma forma-ouro representada, porém não pode ser a um só
tempo realmente ferro e realmente ouro. Para o estabelecimento de seu preço basta
equipará-lo ao ouro representado, mas, para servir a seu possuidor como
equivalente universal, ela tem de ser substituída realmente pelo ouro”(177).
A mercadoria, para entrar numa relação de troca, primeiro deve ser representada
idealmente em preço, ou seja, seu possuidor abstrai a forma real dela e a
substancializa em ouro, a representa como fosse ouro, mas o ouro ─ ou qualquer
forma-dinheiro ─ só pode realmente servir de equivalente universal quando
realmente é trocado por uma mercadoria na forma de valor-relativa.
§2 “Na medida em que o processo de troca transfere mercadorias das mãos em que
elas não são valores de uso para as mãos em que elas são valores de uso, ele é
metabolismo social. [...] Aqui, interessa-nos apenas a primeira dessas esferas [a
esfera da troca e não do consumo]. Temos, assim, de considerar o processo inteiro
segundo o aspecto formal, isto é, apenas a mudança de forma ou a metamorfose
das mercadorias, que medeia [como processo mediato] o metabolismo
social”(178).
Ou seja, a análise aqui será sobre a esfera da troca, e suas mudanças formais
mediatiza o metabolismo social, para entender o processo de movimento das
mercadorias.
Mercadoria->Dinheiro->Mercadoria
M-D-M (180)
§15 “D-M, a compra, é ao mesmo tempo venda, M-D; por isso, a última
metamorfose de uma mercadoria é também a primeira metamorfose de outra
mercadoria.”(184)
b) O curso do dinheiro
§16 “a ilusão de que os preços das mercadorias são determinados pela quantidade
do meio de circulação, e de que esta última é, por sua vez, determinada pela
quantidade de material de dinheiro que se encontra num país tem suas raízes, em
seus primeiros representantes, na hipótese absurda de que, ao entrarem em
circulação, as mercadorias não possuem preços e o dinheiro não possui valor,
de modo que uma parte alíquota do mingau das mercadorias é trocada por uma
parte alíquota da montanha de metais”(197).
“Por fim, a média total das composições médias de todos os ramos da produção nos
dá a composição do capital social de um país, e é essencialmente apenas a esta
última que nos referiremos nas páginas seguintes”(p.689).
§8: Com essa situação posta, de aumento de salários, surgem alguns problemas
para a manutenção do sistema, pois diminui a obtenção de mais-valia:
“Abstraindo totalmente da elevação do salário, acompanhada de uma baixa do
preço do trabalho etc., o aumento dos salários denota, no melhor dos casos, apenas
a diminuição quantitativa do trabalho não pago que o trabalhador tem de executar.
Tal diminuição jamais pode alcançar o ponto em que ameace o próprio sistema.
Sem levar em conta os conflitos violentos em torno da taxa do salário – e Adam
Smith já demonstrou que em tal conflito, de modo geral, o patrão sempre
permanece patrão –, uma elevação do preço do trabalho derivada da acumulação
do capital pressupõe a seguinte alternativa”(p.695-6).
§9: “Ou o preço do trabalho continua a subir porque seu aumento não perturba o
progresso da acumulação; [...] Ou então, e este é o outro termo da alternativa, a
acumulação se afrouxa graças ao preço crescente do trabalho, que embota o
acicate do lucro. A acumulação decresce [assim, também decresce a demanda por
força de trabalho], porém, ao decrescer desaparece a causa de seu decréscimo, a
saber, a desproporção entre capital e força de trabalho explorável.[...] Vemos que,
no primeiro caso, não é a diminuição no crescimento absoluto ou proporcional da
força de trabalho ou da população operária que torna excessivo o capital, mas, por
outro lado, é o aumento do capital [da acumulação e consequentemente de sua
reposição no processo] que torna insuficiente a força de trabalho explorável . No
segundo caso, não é o aumento no crescimento absoluto ou proporcional da força
de trabalho ou da população trabalhadora que torna insuficiente o capital, mas, ao
contrário, é a diminuição do capital que torna excessiva a força de trabalho
explorável ou, antes, seu preço. São esses movimentos absolutos na acumulação
do capital que se refletem como movimentos relativos na massa da força de
trabalho explorável e, por isso, parecem obedecer ao movimento próprio desta
última. Para empregar uma expressão matemática: a grandeza da acumulação é a
variável independente [e determinante], a grandeza do salário a variável
dependente, e não o contrário”(p.696).Refutação da teoria da população de Malthus.
§10 “Na realidade, portanto, a lei da acumulação capitalista, mistificada numa lei da
natureza [a teoria da população de Malthus], expressa apenas que a natureza dessa
acumulação exclui toda a diminuição no grau de exploração do trabalho ou toda
elevação do preço do trabalho que possa ameaçar seriamente a reprodução
constante da relação capitalista, sua reprodução em escala sempre ampliada. E não
poderia ser diferente, num modo de produção em que o trabalhador serve às
necessidades de valorização de valores existentes, em vez de a riqueza objetiva
servir às necessidades de desenvolvimento do trabalhador. Assim como na religião
o homem é dominado pelo produto de sua própria cabeça, na produção capitalista
ele o é pelo produto de suas próprias mãos”(p.697).
§11 “Consideramos, até aqui, apenas uma fase particular desse processo, aquela
em que o crescimento adicional[a acumulação de capital ocorre sem que varie a
composição técnica deste último]. Mas o processo vai além dessa fase”(p.698).
§16 "Além disso, ainda que o progresso da acumulação diminua a grandeza relativa
da parte variável do capital, ele não exclui de modo algum, com isso, o aumento de
sua grandeza absoluta”(p.699).
§20 “Os capitais menores buscam, por isso, as esferas da produção das quais a
grande indústria se apoderou apenas esporádica ou incompletamente. A
concorrência aflora ali na proporção direta da quantidade e na proporção inversa do
tamanho dos capitais rivais. Ela termina sempre com a ruína de muitos capitalistas
menores, cujos capitais em parte passam às mãos do vencedor, em parte se
perdem. Abstraindo desse fato, podemos dizer que, com a produção capitalista,
constitui-se uma potência inteiramente nova: o sistema de crédito, que em seus
primórdios insinua-se sorrateiramente como modesto auxílio da acumulação e, por
meio de fios invisíveis, conduz às mãos de capitalistas individuais e associados
recursos monetários que se encontram dispersos pela superfície da sociedade em
massas maiores ou menores, mas logo se converte numa arma nova e temível na
luta concorrencial e, por fim, num gigantesco mecanismo social para a centralização
dos capitais”(p.702).
§27 “A acumulação de capital, que originalmente aparecia tão somente como sua
ampliação quantitativa, realiza-se, como vimos, numa contínua alteração qualitativa
de sua composição, num acréscimo constante de seu componente constante à
custa de seu componente variável”(p.704).
§29 “em todas as esferas [da produção], o crescimento da parte variável do capital
e, portanto, do número de trabalhadores ocupados, vincula-se sempre a violentas
flutuações e à produção transitória de uma superpopulação, quer esta adote agora a
forma mais notória da repulsão de trabalhadores já ocupados anteriormente, quer a
forma menos evidente, mas não menos eficaz, de uma absorção mais dificultosa da
população trabalhadora suplementar mediante os canais habituais. [...] Assim, com
a acumulação do capital produzida por ela mesma, a população trabalhadora
produz, em volume crescente, os meios que a tornam relativamente
supranumerária”(p.705-706).
§35 “Até aqui foi pressuposto que o acréscimo ou decréscimo do capital variável
corresponde exatamente ao acréscimo ou decréscimo do número de trabalhadores
ocupados”(p.710).
● O salário
§43 “ O capital age sobre os dois lados ao mesmo tempo. Se, por um lado, sua
acumulação aumenta a demanda de trabalho, por outro, sua “liberação” aumenta a
oferta de trabalhadores, ao mesmo tempo que a pressão dos desocupados obriga
os ocupados a pôr mais trabalho em movimento, fazendo com que, até certo ponto,
a oferta de trabalho seja independente da oferta de trabalhadores”(p.715).
§53 “Por último, a lei que mantém a superpopulação relativa ou o exército industrial
de reserva em constante equilíbrio com o volume e o vigor da acumulação prende o
trabalhador ao capital mais firmemente do que as correntes de Hefesto prendiam
Prometeu ao rochedo. Ela ocasiona uma acumulação de miséria correspondente à
acumulação de capital. Portanto, a acumulação de riqueza num polo é, ao mesmo
tempo, a acumulação de miséria, o suplício do trabalho, a escravidão, a ignorância,
a brutalização e a degradação moral no polo oposto, isto é, do lado da classe que
produz seu próprio produto como capital”(p.721).