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0 para o desenvolvimento do sentido de namero 2. Contagem oral 3. Contagem de objectos 4. Construgdo de relacbes numéricas 5. A emergancia das operacées 6. As representagies I © sentido de numero no Jardim-de-| 0 sentido de numero engloba o numero e suas relagdes para além dos diferentes significados e utilizagdes dos nameros ntido de ntimero e organizagao de dados Ultimamente muito se tem falado de sentido de nuimero. Mas afinal o que se entende por sentido de numero? De um modo geral podemos dizer que o sentido de numero diz respeito & compreensao global e flexivel dos ntimeros e das operacées, com 0 intuito de compreender os ntimeros e as suas relagbes e desenvolver estratégias Utels e eficazes para cada um 0s utilizar no seu dia-a-dia, na sua vida profissional ou enquanto cidadao activo. E, pois, uma construgao de relacbes entre nimeros e operagées, de reconhecimentos numéricos & modelos construfdos com numeros ao longo da vida e ndo apenas na escola, Inclui ainda a capacidade de compreender 0 facto de que os ntimeros podem ter diferentes significados e podem ser usados em contextos muito diversificados. Quando falamos de criancas em idade pré-escolar, 0 sentido de numero pode ser entendido como um processo no qual elas vao aprendendo a compreender os diferentes significados e uti- lizagdes dos nimeros e a forma como estes estao interligados. Este conhecimento, cujo desenvolvimento esta intimamente ligado ao ambiente em que se insere, realiza-se naturalmente enquanto, progressivamente, estes diversos significados come- cam a interligar-se e a fazer sentido. © sentido de numero é, portanto, mais abrangente que o conhecimento do ntimero apresentado nas Orientacdes Curricu- lares para a Educagao Pré-Escolar (OCEPE). Vai além das acti- vidades ai subentendidas e implica uma outra abordagem que pressupée a construgdo de relagées entre ntimeros. “As oportunidades variadas de classificacao e seriagéo sao fundamentals para que a crianga va construinde a nogéo de numere, como correspondente a uma série (nimero ordinal) ou uma hierarquia (ndimero cardinal)” (OCEPE) @ Criar ambientes de aprendizagem ricos, significativos e desafiantes Praticas que promovam a experimentacao e a comunicacao do descoberto A criagao de contextos e situacées significativas é fundamental para 0 desenvolvimento do sentido do ndmero enticlo de ntimero e organizagao de dados Nao &, porém, um conhecimento igual e constante para todos, varia de crianga para crianga, dependendo do que para ela tem significado e, em grande parte, da maior ou menor familiaridade com contextos numéricos no Jardim-de-Infancia e no seu meio ambiente, Uma das funcdes do Jardim-de-Infancia é criar ambientes de aprendizagem ricos, em que as criangas se possam desenvolver como seres de miltiplas facetas, construindo percepgées bases onde alicercar aprendizagens. Estas, reflectir-se-80 a0 longo da vida, quer nas aprendizagens, quer na sociabilizagao, @ mesmo no reconhecimento de algumas regras e procedi- mentos. Os numeros devem, portanto, desempenhar um papel desafiante e com significado, sendo a crianga estimulada e encorajada @ compreender os aspectos numéricos do mundo ‘em que vive e a discuti-los com os outros. Assim, é através da experimentag&o e da comunicagéo, utili- zando estratégias diversificadas (algumas eficazes e outras no), que se adquire prética na construgao de relades entre niimeros e assim as criangas véo desenvalvendo o sentido de numero 1. Apredisposi¢ao para o desenvolvimento jlo sentido de numero Durante os primeiros anos, o desenvolvimento das criangas relativamente aos némeros e & numeracdo, a representacao e comparaco de quantidades e mesmo as operagées (sobretudo de adigao e subtraccao) é notével. Desde muito cedo (2 ou 3 anos de idade) as criangas mos- tram, em situages conhecidas, ou fora do usual, distinguir alguns ndmeros. Por exemplo, quando Ihe sao dadas trés bola- chas dizem “nao, quero muitas!” ou noutras situagdes, do seu dia-a-dia: quando esto no elevador e querem carregar no bot do andar (que ja identificam), quando reconhecem alguns nimeros nas portas, ou precos em hipermercados,. Também no Jardim-de-Infancia sao infindaveis os contextos e as situacdes em que as criangas se deparam com oportunidades para contar (as presengas na sala de actividades, 0 numero de pacotes de leite bebidos no lanche da manha, 0 numero de meninos que tém 4 anos,...) e observar numerais (nas representa- Bes de quantas criancas podem ficar nos diversos espagos, nos calendérios, em mapas de presenca, nas sequéncias de nimeros até 10 ou 20, em trabalhos realizados pelas criancas,...) As criancas gostam de decorar sequéncias numéricas como desafios. enticlo de ntimero € organizagao de dados Embora as primeiras experiéncias de contagem tenham, obrigatoriamente, que estar associadas a objectos concretos, & medida que vao desenvolvendo o sentido de niimero, as criangas vo sendo capazes de pensar nos ntimeros sem con- tactarem com os objectos. Vo estabelecendo relagdes e com- paracdes entre nuimeros e comecam a raciocinar sobre essas relagées e a explorar diferentes representades de um mesmo niimero, superando, muitas vezes, as expectativas do adulto. As capacidades operativas das criangas emergem, também, no periodo pré-escolar e em simultane com os aspectos atras referidos. Perante problemas do seu quotidiano envolvendo adi- Bes e subtraccies, as criangas desenvolvem estratégias ope- rativas utilizando contagens, que devem ser atentamente seguidas pelo educador com 0 objectivo de as encorajar a expli- citarem os seus métodos, a discutirem com os colegas os seus raciocinios, de modo a que as diferentes estratégias sejam compreendidas pelo grupo. Também aqui as criangas comegam por necessitar de concretizar as situagdes numéricas para modelar os resultados das suas adiges e subtraccées, mas com o passar do tempo, aprendem a fazer representacées dos problemas ou so mesmo capazes de os realizar mentalmente, sem necessidade de objectos fisicos. ‘A abordagem ao sentido de nimero que a seguir se apre- senta envolve a compreenso dos diversos aspectos do nimero € a construcéo de relacdes numéricas de uma forma progres siva e interligada. No entanto, 2 sua apresentagéo é feita por partes de forma a permitir salientar os aspectos relevantes de cada momento da aprendizagem - €ontagem oral As criancas pequenas gostam de decorar coisas simples. Para algumas, recitar a sequéncia da contagem é um autén- tico desafio e vao criando sequéncias préprias até conhecerem a correcta, Os termos utilizados na contagem oral séo apren- didos pelas criangas em interacgéo com outras criangas e com 0s adultos, Séo inumeros os jogos, as cantigas, as lenga- lengas, as histérias e as situacdes do quotidiano que contri- buem para esta aprendizagem. & enticlo de ntimero e organizagao de dados "um, dois, trés, quatro quantas pintas tem o gato acabado de nascer um, dois, trés, quatro.” “Tenho 3 legos” “Eu, tenho muitas mais (7).” “A Maria ganhou a corrida ao José, foi a primeira!” *Eu tenho estes anos (mostra 4 dedos).” *Vou contar os meus carros 1, 2, 3, 4..” u moro na porta dois trés e no elevador toco no 8.” “Ana, so precisas 6 chavenas de ché.” A actividade que se segue (desenvolvida a partir da historia “Todos no Sof!) € um bom exemplo de como uma histéria infantil pode ser aproveitada para uma exploragao matema- tica. A histéria é 0 mote para, criando um contexto significative (do dia-a-dia das criangas — estar sentado no sofé ou no tapete), e num momento de transico, ser trabalhada a con- tagem oral crescente, sempre que mais uma crianca se senta no tapete e, mais tarde, a contagem oral decrescente, quando a educadora forma a fila para o almoco e as criangas véo saindo do tapete uma a uma. © educador 16, explora e dramatiza a histéria “Todos no Sofé' *Estavam 2 no sofé (tapete), chegou o Pedro, quantos ficaram no sofs?” A dramatizagao deve continuar até se atingir 0 nimero considerado adequado pela ‘educadora, ‘No mesmo contexto, nesse dia ou nos seguintes, aproveitando um momento de tran- sigéo (ida para o refeitério,..), 0 educador pode sentar-se no tapete e coloca 9 ‘riancas, em linha. As restantes criangas 3 sua volta e comecar: *Estavam 10 no tapete salu a Ana, ficaram..” A cantilena repete-se continuando a exploraco da contagem decrescente que pode iniciar-se no nimero que a educadora considere mais adequado para as criancas. As experiéncias de contagem realizadas em salas de jardim- -de-infancia, mostram que algumas criangas (as que jé conhecem. a sequéncia 1 a 1) conseguem mesmo contar de 2 em 2, de 5 em 5 ou de 10 em 10. A tarefa “Canc&o dos Patinhos” ilustra como modificagées simples em cangGes infantis que envolvem a contagem oral um a um, podem ser aproveitadas para pro- mover o desenvolvimento deste tipo de contagens. 5 Todos no Sofé de Luisa Ducla Soares. ntido de ntimero e organizagao de dados Cantar e mimar a cangéo “Patinhos’. Alterando os numeros envolvidos, promove-se a contagem de 2 em 2 ou de Sem 5. Dez patinhos foram nadar ‘Um patinho foi nadar ‘Sem ninguém p’rés ensinar Sem ninguém p'ro ensinar ‘A mae pata chamou qué-qué A me pata chamou qué-qué ito patinhos vieram f8 Cinco patinhos voltaram j& Sempre com diferengas de 2 Continuar a cantar até chegar a 0 Sempre igual até 15 ou 20 E voltar até ao total de 10 Realizar jogos conhecidos, como, por exemplo, 0 jogo das cadeiras, mas em que as cadeiras se encontram amarradas duas @ duas e, portanto, sao retiradas ¢ contadas duas a duas, promove, também, este tipo de contagens. No entanto, o conhecimento dos termos da sequéncia numé- rica no € igual para todas as criancas As criangas esto a jogar &s escondidas. Cada uma a sua vez, tapa os olhos, conta até 10 e, depois vai & descoberta dos colegas Jodo - 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 10 Rita - 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 12, 13, 14, 10 Ana ~ 1, 2, 3, 10, 36 esté! Rui - © conhecimento do numero por cada crianga é varidvel. 2, 3, 4, 1, 2, 3, 4, 1, 2, 3, 4, 10 Os procedimentos destas quatro criangas séo reveladores de que, de facto, 0 conhecimento que cada crianga tem da sequéncia numérica é varidvel. O Rui, por exemplo, revela que embora identifique alguma padronizagao na contagem (vai repe- tindo os termos sempre pela mesma ordem: 1, 2, 3, 4), tem ainda um conhecimento muito reduzido dos termos da sequén numérica. Assim, vai repetindo sucessivamente os mesmos termos, até achar que deve terminar, entdo diz 10. 0 Jodo e a Rita, por seu lado, tém jé algum conhecimento basico da sequéncia numérica embora com algumas lacunas. A Ana, por outro lado, parece nao saber a ordem dos numeros e resolve 0 problema terminando rapidamente a contagem. E desejavel que criangas de cinco anos no se enganem na sequéncia das palavras para quantidades inferiores a 10. No entanto, algumas cometem erros na sequéncia entre os valores 7 € 15. O nosso sistema de contagem oral mantém as irregularidades na sequéncia dos niimeros até 16 pelo que muitas criangas precisam de tempo ¢ muitas experiéncias repeti- & enticlo de ntimero e organizagao de dados tivas até dominarem essa sequéncia oral. € vulgar algumas inter- romperem a contagem quando se apercebem que nao sabem 0 que ver a seguir (por exemplo: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 &..) enquanto outras repetem partes da sequéncia Iniciada (por exemplo: 1, 2, 3, 4, 5, 3, 4, 5, 3, 4, 5)..) ou geram uma sequéncia de ntimeros quase aleatérios e que nao conseguem repetir segunda vez do mesmo modo (por exemplo: 1, 2, 3, 4, 5, 8, 7, 10, 12,..) De facto, a contagem oral engloba o desenvolvimento: @ do conhecimento da sequéncia dos nimeros com um sé digito (4, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 993 @ do conhecimento das irregularidades entre 10 € 20 (11, 12, 13, 14, 15); @ da compreensio de que o nove implica transigéo (19, 20,... 29, 30,... 98, 100,..)j @ dos termos de transigae para uma nova série (10, 20, 30,.. 90, 100,.. 1000,..); oe das regras para gerar uma nova série. Cabe ao educador estar atento ao que cada crianga jé conhece € criar contextos significativos que facilitem 0 seu desenvolvi- mento. Em criangas mais novas ou com poucas vivéncias 0 conhecimento da sequéncia da contagem ainda é um pouco alea~ tério. Nas criangas com mais experiéncia, por vezes, so jé adquiridos prinefpios da contagem oral (como “ladainha” o que no significa, necessariamente, conhecer os ntimeros). € grande a diversidade deste conhecimento ~ algumas criancas em idade pré-escolar conseguem contar oralmente até 100 e outras ainda n&o contam uma sequéncia correcta até 12. Devemos ter em conta que estas aprendizagens continuam no 1.° ciclo, onde aprendem novos termos de transicao e reforcam as contagens orais de 5 em 5, de 10 em 10, de 100 em 100,... No entanto os desafios da aprendizagem so iniciados no pré-escolar. hd criangas que aprendem com gosto e facilidade a memorizar a sucesséo de nimeros cardinals; 8, no entanto, mais importante perceber a correspondéncia de uma determinada quantidade a um ntimero, do que saber de cor a sucesso numérica,” (OCEPE) pig. 77 ntido de ntimero e organizagao de dados 3. Contagem de objectos Decorar os termos da sequéncia numérica utilizando os varios contextos referidos pode ser util, mas, por si sé, n3o contribui para o desenvolvimento do sentido de numero. Sé através da criagéo de oportunidades em que se torne funda- mental a contagem de objectos ¢ que a crianca vai sentindo a necessidade de conhecer os termos da contagem oral e de rela- cionar os numeros. Gradualmente, todas comecam a relacionar os diferentes significados e utilizagdes dos numeros. Percorrendo caminhos distintos, elas vio compreendendo que o 5 de “n.° 5 numa fila da corrida dos animais” tem algo a ver com 0 5 de “O Jodo tem 5 anos” e com 0 5 de “eu tenho 5 animais”, Apés a visita a0 jardim zoolégico, construiu-se um jogo com moldes de animais Goaninhas, cées tipo délmatas e leopardos) e uma caixa de pintas pretas e castanhas 2 colocar nos animals, Pretende-se com o jogo, criar situagdes que envolvam conta~ gens e registos que ajudem a compreender quais as aprendizagens que as criangas Jé conseguem utilizar. Joga-se em pequenos grupos com 0 apoio da educadora (em especial nos momentos de intencionalizar o trabalho com matemética). E indis- pensavel que todas as tarefas sejam em interacedo e que a comunicagdo oral seja pri- vilegiada no sentido de se ouvirem raciocinios e idelas em construgao. ‘Surgem muitas hipéteses de trabalho: = Como arrumar as pintas do jogo de modo a que no se percam; = 0 nero de animais que cada crianca deseja; — 0 ntimero de pintas que terd cada um des seus animais; = as corridas dos animais e a ordem de chegada que cada crianca deseja para o ‘seu animal. Numa primeira tarefa, trabalhando com um grupo de 5 criancas, a educadora Teresa deixou que cada uma escolhesse um animal. Cada vez que uma crianga retirava um animal, as outras retiravam outro. No final todas tinham os mesmos 8 animais, excepto o Ricardo que tinha 9. Educadora ~ Entéo, quantes animals tem cada um? Ana (contou 0 primeiro, 0 segundo e o terceiro juntos, utilizando um sé termo (1), assim come o quarto e quinto (2) e, depois as restantes) — 1, 2, 3, 4, 5, 6. Tenho seis. Pedro (contou os quatro primeiros correctamente e depois acelerou, ou seja, nao coordenou os nomes dos ntimeros com o movimento do dedo na contagem de objectos) — 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12. Ricardo ~ 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. Educadora ~ Quantos tens, Ricardo? Ricardo ~ 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. Educadora ~ Tens quantos?.. Tens 9. Maria (iniciou muito rpida a contagem até ao terceiro) — 1, 2, 3, 4, 5 (e conti- nuou), 6, 7, 8, 9, 10. Tenho duas mos, Rui ~ Ache que a Maria se enganou. Aqui esto 5 (coloca-os juntos) e aqui 3. Sao 8. Educadora ~ Maria, achas que o Rui tem razao? Como achas que podes saber? Maria (desta vez com muito cuidado e separando os animals contados dos ainda nao contados) — 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. Educadora - A Ana disse 6 e 0 Pedro 12. Quem seré que tem razéo? Néo os. querem colocar lado a lado?. Contar objectos implica o dominio de varias capacidades Sentido ordinal do ndmero que nos permite perceber que a sequéncia esta organizada de acordo com uma ordem e enticlo de ntimero e organizagao de dados Muitas séo as criangas, em especial as mais novas ou com menos experiéncia, que, embora conhecendo a sequéncia da contagem oral cometem erros aquando da contagem de objectos. Séo vulgares as situagdes, como a do Pedro e da Maria, em que os termos so ditos mais rapidamente que o acto de apontar os objectos (ou vice-versa). Estas criancas nao conseguem ainda estabelecer uma correspondéncia um a um entre o objecto e a palavra numero (termo). Ainda no se consciencializaram de que a cada palavra corresponde um e um s6 objecto e precisam de o exercitar através de muitas experiéncias significativas. 0 Ricardo, que conhece a contagem e faz a correspondéncia um a um entre as palavras ditas e os objectos contados, ainda n&o se apercebeu que para dizer a quantidade basta enumerar o Ultimo ntimero da contagem (car- dinalidade). Contar objectos implica 0 dominio de determinadas capaci- dades que, uma vez mais, se véo desenvolvendo experimen- tando e observando, sempre com 0 apoio do outro (adulto ou crianga) e da contagem oral: @ que a cada objecto corresponde um @ um sé termo da contagem; © como no perder nem repetir nenhum objecto; © 0 conceito de cardinalidade (0 ultimo termo dito corresponde ao indimero total de objectos contados); oe que a contagem nao depende da ordem pela qual os objectos so contados, E frequente, principalmente se os ebjectos forem muito numerosos e/ou estiverem dispostos de forma desorga nizada, alguns serem repetidos ou omitidos na contagem. A disposicao dos objectos em fila facilita a contagem, pois permite a separacao entre os elementos contados e os que faltam contar. 34 @ disposigo circular confunde as criangas, uma vez que a maioria nao consegue utilizar estratégias que Ihes permitam identificar onde se inicia e onde termina a contagem. Mais uma vez, é através da experimentagdo e da observacio dos procedimentos dos outros (criangas e adultos), que a crianca vai criando estratégias que a ajudam a ultrapassar estas difi- culdades, por exemplo, arrumando os objectos de forma orga- nizada (em filas) ou arrastando os objectos jé contados ou deixando 0 dedo no primeiro que se conta na roda. Uma outra vertente do numero é 0 seu sentido ordinal. Este desenvolve-se, por norma, posteriormente contagem oral e envolve capacidades mais complexas. ntido de ntimero e organizagao de dados 0 sentido ordinal do ntimero diz respeito a compreender que a sequéncia numérica esta organizada de acordo com uma ordem, em que cada niéimero ocupa um lugar bem definido, que no pode ser alterado e que nos pode dar indicagdes em relago a uma determinada seriagao. A educadora Teresa assiste a0 didlogo entre algumas criangas, que fazem uma corrida de ces numa risca do tapete: Marta ~ Otha, & como na corrida da TV a que a minha mée foi. Jé viste, 0 meu cio chegou a frente. Foi 0 um. Rui ~ Pois, o teu fol o primeiro e 0 meu foi logo atras do teu, foi o dois. ‘Ana ~ 0 meu chegou no fim. Educadora ~ E verdade 0 da Marta foi o primeiro, e o teu, Ana? Ana - Foi o dltimo. Educadora ~ E 0 do Rui? E 0 a seguir ao Rui? E, antes do Rui? Com exemplos deste tipo as criangas vio compreendendo que a seguir ao 2.° classificado ver 0 3.°, endo 0 4.° ou 0 5.° (é preciso seguir uma ordem, embora os niimeros 4 e 5 também venham a seguir ao 2) ou que a ordem de chegada & sempre 1.9, 2.0, 3.9, 4.9 nunca, 1.9, 2.9, 4.°, 6.9, 7.0, A situacao seguinte dé-nos um exemplo de como, simulta- neamente, se pode promover o reconhecimento do numeral e a exploragéo da ordinalidade do numero: As criangas pintaram camisolas com grandes nimeros na frente (cada crianca tem uma camisola com um nimero diferente). Para que sequem, a educadora sugere que as estendam no estendal que existe na sala. Comeca por pendurar a sua camisola (com o nimero 6) e cada crianga teré que pendurar a sua no lugar devido, de modo a respeitar a ordenagao. Assim apés acordarem de que lado se coloca 0 5, que deve ser antes do 6, podem estender todas as outras camisolas. Depois da camisola da educadora seré 0 7,... Compreender o principio da cardinalidade é, também, complexo para as criancas mais pequenas e vai-se construindo progressivamente, mais uma vez, recorrendo a intimeras situa- Bes de contagem. \Vejamos novamente a sala da educadora Teresa no momento em que decorre a arrumacao das pintas em pequenos envelopes: & enticlo de ntimero e organizagao de dados Educadora ~ Quantas pintas estéo no teu envelope, Rita? Rita ~ 1, 2, 3, 4, 5, 6. Educadora ~ Quantas so? Rita ~ 1, 2, 3, 4, 5, 6. Educadora ~ Joao, podes ajudar a Rita? Quantas pintas estéo no envelope dela? Jodo - 1, 2, 3, 4, 5, 6. Educadora - Quantas so? Joao - Muitas! Ana-E1,1, 1,1, 1,1. Educadora ~ Sim, mas so quantas? Marta - 7. Pedro ~ So 6, ele contou até 6, so 6! Neste exemplo, apenas o Pedro compreende que contar os objectos nos permite determinar o total. As outras criangas, apesar de contarem os objectos correctamente (a excepgio da Ana), no identificam, ainda, o diltimo termo da contagem com © ndmero total de objectos (cardinalidade), Convém realcar que, tal como estas, muitas criangas, embora num contexto como este de pura contagem, nao consigam res- ponder as questées do tipo “quantos so?”. No entanto, em contextos que para elas séo mais estimulantes e desafiadores (mais significativos), demonstram compreender este principio. Por exemplo, numa situacao de jogo de tabuleiro com dados, as criangas mostram procedimentos correctos — contam as pintas saidas no dado e avancam com o seu pedo o numero total de pintas. Mais uma vez, aparece realcada a importancia do con- texto no qual surgem os problemas e de como esse mesmo contexto pode facilitar 0 desenvolvimento de competéncias numéricas, A tarefa que a seguir se apresenta mostra-nos como, a partir de um material muito acessivel, se podem realizar expe- rincias que promovem o desenvolvimento do conceito de cardi- nalidade inserindo-as nas rotinas didrias. Nesta tarefa é necessério adequar estas experiéncias ao desenvolvimento das criangas (alargando ou diminuindo 0 universo numérico) Durante um certo periodo de tempo (uma semana/um més) as criancas recolheram tampas de plastico (rolhas) que guardaram num garrafao. A educadora organizou varias caixas de sapatos (3 a 6) colando-Ihes envelopes transparentes nos quais sao introdu- Zidas etiquetas com nimeros (até 10 ou até 30 consoante os numerais reconhecidos elas criangas). Foi acordado que a tarefa se realizaria ao inicio do dia e a pares (rotati- vamente). Duas criancas seleccionam as etiquetas que querem e introduzem-nas nos envelopes de cada caixa. Seguidamente retiram do garrafao a quantidade de tampas necessérias para cada caixa. As caixas permanecem expostas ao longo do dia e, num momento de reuniao de grupo, analisa-se a prestacao dos colegas (se estao de acordo ‘com 0 que foi feito, se cada caixa tem o nimero de tampas indicade,..). ntido de ntimero e organizagao de dados A medida que vai construindo o sentido do numero, a crianga vai desenvolvendo capacidades de contagem progressi vamente mais elaboradas. Contar a partir de certa ordem (crescente ou decrescente) é uma capacidade que exige, j& alguma abstraccdo. Determinados contextos favorecem este tipo de contagem. A educadora Teresa distribui a quatro criangas 3 cies (délmatas) j4 com 5 pintas e diz-Ihes que podem colocar mais pintas nos seus ces desde que digam com quantas intas fica cada cao. Ana (retirou 3 pintas) ~ §,6,7. Maria (retirou 5 pintas) - Tinha 1, 2, 3, 4, 5; coloquel 1, 2, 3, 4, 5; e agora tenho 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. Joao (coloca 4) - 1, 2, 3, 4. Educadora ~ Tens 5 pintas, se tirares essas 4, com quantas ficas? Joao colocando todas as pintas juntas ~ 1, 2,.. 8, 9. Educadora ~ Tens 5 pintas que eu tapei com a minha mo, se eu te desse 3, com quantas ficavas? Rute (fechando uma mo e mostrando 3 dedos da outra) - 6, 7, 8. As estratégias utilizadas por estas criangas nesta actividade so variadas. Se os objectos esto visiveis, uma das estratégias, de resolucao foi juntar todas as pintas e conté-las desde 0 inicio (Joo), ou contar a partir do total que j4 possuiam (Ana). A Maria, utilizou uma estratégia mais elementar, contando as que tinha inicialmente, as que fora buscar e, finalmente, jun- tando tudo e contando do inicio a totalidade das pintas. Estas criancas utilizaram estratégias simples, que Ihes resolveram 0 problema, pelo que nao sentiram necessidade de desenvolver estratégias de outro tipo. A Rute perante as mesmas 5 pintas, mas sem ter presentes as outras trés, utilizou outra estratégia, a contagem a partir de certa ordem (com apoio dos dedos). Note-se a complexidade deste procedimento em que a crianga comega jé a utilizar 0 conceito de adigéo. A Rute serviu-se de uma representacéo mental das 5 pintas (uma mao) e das 3 pintas (dedos da outra mao) para verificar que as 5 pintas ini- ciais, junta, de facto, mais 3. 0 educador coloca a crianca perante esta situago mais complexa, porque, ao ter avaliado as suas competéncias, compreendeu que esta situagio a desa- fiava e a sua resolucao era, para ela, estimulante. @ enticlo de ntimero e organizagao de dados Quando terminaram de jogar com os animais (e cada crianca tinha 8 animais), a edu- cadora Teresa pousou um cesto no centro da mesa e propos: Cada um de vocés vai, vez, colocar um animal na cesta, e dizer em voz alta com quantos vai ficando até no ter nenhum. Ricardo (colocando um de cada vez, mas hesitando nos primeiros) ~ 8,.. 7,.. 6, 5, 4,3, 2,1. Pedro ~ 8 (conta baixinho até 8), 7 (conta baixinho até 7), 6, 5, 4, 3, 2, 1. Ana ~ 8, 6, 5, 7, 8, 3, 2, 1. Maria (conta até 8) ~ 8, 7, 8, 9, 10, 3, 2, 1 Educadora ~ Como &? Vamos ver como fizeram o Pedro e 0 Ricardo. Seré que eles nos podem ajudar? 0 Ricardo faz de 8 até 5, 0 Pedro de 5a 3ea Maria e a Ana de 2 até 1. E depois todos juntos de 8 até 1. ‘© exemplo anterior remete-nos para uma situacdo que apela & contagem decrescente de objectos. Aqui as dificuldades aumentam uma vez que a fluéncia em contagens ascendentes (crescentes) nao implica a mesma fluéncia em contagens decrescentes. Repare-se que a ordem decrescente de 7 até 1 era conhecida pelo Ricardo e conseguiu ser efectuada pelo Pedro (que a conhecia a partir de 5) utilizando, em voz baixa, uma estratégia da contagem ascendente. A Maria e a Ana ora faziam contagem descendente (decrescente), ora ascendente (crescente), conhecendo apenas 0 “3, 2, 1”. E necessario utilizar a contagem descendente em miltiplas situagdes (por exemplo, brincar ao lancamento de muitos foguetées 6, 5, 4, 3, 2, 1... pum) para que esta também comece a ser conhecida e utilizada. Tal como foi anteriormente referido, este tipo de contagem poderd, também, ser incentivada pela dramatizacao de historias e lengalengas para criangas 4. Construgao de relagées numéricas A percepgao de valores pequenos sem proceder & con- tagem (subitizing) & um aspecto importante no desenvolvi- mento do sentido de numero, porque permite a construcao de relagdes mentais entre numeros. A educadora colocou em cima da mesa varias joaninhas com pintas (entre 2 e 6), com diferentes disposigées de pintas para a mesma quantidade. Educadora - Agora, o jogo consiste em tirarem para vocés as joaninhas que tenham 0 nimero de pintas que eu disser — 5! Varias criancas estenderam a mao e rapidamente retiraram varias joaninhas. Nenhuma delas teve tempo para iniciar a contagem. A educadora pede que as mostrem. ntido de ntimero e organizagao de dados ee ee Educadora - Como sabem que tiraram a quantidade certa? JoBo ~ Vi, no vés que s80 3 e 2, Rita - A minha & como 0 dado. E 5. Pedro ~ E 4, como mo dado, 1. A seguir a0 4 & 5. E 0 educador prossegue pedindo outras joaninhas com outro numero de pintas até todas terem sido usadas. 0 estabelecimento de relagées numéricas facilita 0 célculo mental ea compreensao do sentido das operacées Espera-se (se as criangas estiverem habituadas a trabalhar com dados e outros jogos) que a maioria das criangas de cinco anos consiga identificar 0 numero de pontos (entre 2 e 6) por reconhecimento da mancha sem necessitar de contagem (subitizing), ou seja, por percepgao visual simples, em especial se estas se parecerem com as manchas dos dados de pontos. O desenvolvimento da percepsao simples facilita 0 cél- culo mental, promovendo a composicéo de situacdes e, com 0 tempo, a percepg&o composta, ou seja, 0 reconhecimento de quantidades superiores a 6 por composicao de percepcées simples. Algumas criangas do pré-escolar e mesmo do 1.° ciclo tém muita dificuldade em discriminar e percepcionar estas rela~ Bes elementares. Precisam dum trabalho mais continuo e per- sistente do educador, com materiais mais apelativos e estruturantes (cartas de pontos, pratos de pontos, cartées para percepcao répida...), de modo a poderem verbalizar e con- frontar as suas pequenas descobertas e ser valorizadas pelas mesmas. Apresentamos um quadro com alguns padrées (Fig. 1) de pontos, que podem estar afixados num quadro na sala ou que podem servir para a construgdo de cartas (ou pratos) de pontos. As cartas podem ser feitas com etiquetas autocolantes circulares de cores. A utilizaco de duas cores por carta permite a percepcaio composta e a construgao de relacies entre o todo eas partes. enticlo de ntimero e organizagao de dados eece 3 . eee eee ° ° e eee eee O}O;/@MAINID! UIT RL WIN] Be b Figura 1 Outras relagdes fundamentais e que devem ter no Jardim-de- -infancia a sua génese, séo “mais dois que...”, “menos dois que...”, “mais um que...” “menos um que...” que so dife- rentes de “contar dois a seguir” ou “contar dois antes” (Fig. 2). Ao enfatizar estas relacdes pretende-se que as criancas rela- cionem os nuimeros entre si e no a contagem, ou seja, a relacao entre as quantidades é de dois/um a mais ou a menos. Por exemplo, a quantidade 10 tem mais dois que a quantidade 8, quer se disponha ou néo de elementos para contar. ntido de ntimero e organizagao de dados A educadora pretende que as criancas compreendam as relagdes “mais/menos um do que..", "mais/menes dois do que..." Coloca as criancas a jogar a pares. Cada crianga, 4 vez, retira um cartéo de pontos, entre 3 e 10 (15), colocando de seguida num copo tantos objectos (feijées, tampas de garrafas de agua,...) quantos os pontos no cartao. seu par dé-Ihe outro cartéo com uma das imagens apresentadas e que mostram um procedimento a executar (acrescentar/retirar uma ou duas pecas). A crianca que est a jogar, antes de executar a ordem da imagem, indica quantas sementes vao ficar no copo, e, de sequida, executa a ordem do carto imagem e verifica se acertou, ou no, nas sementes do copo. ‘Se acerta marca um ponto; se perde passa a vez. +a “1 42 2 mais 1 menos 1 menos 2 Figura 2 ‘S80 igualmente de considerar as relagées numéricas com base nos ntimeros 5 € 10, em que as criangas relacionam os nlimeros entre 5 e 10 como sendo a soma de 5 (ntimero de referéncia) com outra quantidade entre 1 e 5, ou relacionam némeros entre 10 e 20 como sendo a soma de varios 5 (ntimero de referéncia) ou como a soma de 10 (outro numero de refer€ncia) com outra quantidade entre 1 e 10. Trata-se, de acordo com alguns autores, do estabelecimento de factos numéricos de referéncia (Fig. 3). Namero de referéncia 5 Namero de referéncia 10 7 | Smais2 10 menos 3 9 | Smaisa 10 menos 1 5 mais 5 mais 2; 12 | dois's mais 2 10 mais 2 14 | 5 mais 5 mais 5 menos 1 10 mais 4 10 mais 9 19 | Smais 5 mais S mais 4 1o male ° menos 2 Figura 3 & entido de ntimero e organizagao de dados Muitas criangas utilizam os dedos das mos nas suas expli- cacdes, 0 que Ihes permite construir relagdes entre as quanti- dades de dedos que sao apresentadas. Este recurso permite confrontar, por exemplo, os niimeros superiores a 5 como sendo 0 resultado de contar uma ou mais maos e dedos da outra mao. Como se compreende, utilizam a mao (5 dedos) como ntimero de referéncia (base) para compor os outros. Por outro lado, quando representam a sua idade pelos dedos de uma mao e a educadora os confronta com a mesma quanti- dade de dedos mas usando dedos das duas maos, a crianca comega a estabelecer relagées entre quantidades, ou seja, apercebe-se, por exemplo, que: @ “cinco dedos de uma mio” é 0 mesmo que “quatro dedos de uma mao e mais um de outra” ou “trés dedos de uma mao e dois dedos de outra”; @ “uma mao e um dedo” é o mesmo que “duas maos com trés dedos cada” ou “quatro dedos numa mao e dois dedos noutra”, Também a organizacao de materiais, cubos ou enfiamentos, ‘em agrupamentos, por cor, de 2 em 2, de 5 em 5 ou de 10 em 10, por exemplo, familiariza as criangas com estas disposigses que facilitam estratégias de contagem 2 em 2, 5 em 5 ou 10 em 10, e contagens “a partir de...” que ajudam a construir esas relages entre nuimeros (Fig. 4). CHOI {ON Figura 4 £6, é uma seguir a cinco. E7,é2e2e2e1. £6, so 10 e tiro 4. E7,é2e2e2e2e tiro1. Outro tipo de relagées, so as do tipo parte-parte-todo, ou seja, aquelas em que as criangas, sem contar, conhecem que 3 © 4 sao 7, ou que se a 7 retirar 3 fico com 4,... ou quando as criangas se apercebem que 5 +3 6 0 mesmo que 4+4. Muitas destas relagdes estabelecem-se através de mate- riais que permitem e facilitam a apreensao dessas relacdes, como na Fig. 5 ntido de ntimero e organizagao de dados S+1 442 343 Figura 5 As relagdes numéricas do tipo “dobro de...” ou “quase 0 dobro de...” (0 dobro de 5 so 10, portanto 11 é quase o dobro de 5) podem igualmente ser exploradas proporcionando oportunidades para as criancas desenharem ou fazerem posters que ilustrem os dobros de alguns nuimeros. Por exemplo: = 0 dobro de 3 so 6 que séo as pernas duma mosca, tem 3 pernas de cada lado; = 0 dobro de 4 sao 8 que sao as pernas da aranha, tem 4 pernas de cada lado; = 0 dobro de 5 80 10 que sao os dedos de duas maos; = 0 dobro de 6 sao 12 que é uma caixa grande de ovos; = dobro de 7 sao 14 que s8o duas semanas do calendério; Outras relagées com interesse provém da anélise de pa- drées, geralmente crescentes, que fascinam muitas criangas. Muitas oportunidades surgem, por vezes, das préprias cons- trugdes das criangas com materiais apelativos e que podemos aproveitar para explorar. Outras surgem porque 0 educador as leva e algumas criangas aderem ao desafio de encontrar qual 0 préximo elemento, se a regra anterior se mantiver. Nestas situagdes 0 papel do educador é primordial, pois o aprego pelas descobertas realizadas e a comunicacao das descobertas é ful- cral para 0 desenvolvimento de outras relagdes (padrées cres- centes, padrées decrescentes, padrées repetitivos,...) e de novas descobertas (Fig. 6). © Pedro e 0 Joao estée a fazer construgées com tampas. A certa altura chamam a atencao de alguns amigos. & enticlo de ntimero e organizagao de dados © Pedro tinha esta construcio. E 0 Jodo tinha outra construcdo. se se 3838 2 4 Figura 6 Pedro ~ Jé estamos iguais. Vamos continuar? A educadora apercebe-se da potencialidade da construgao, e, antes de os deixar construir 0 préximo pergunta-Ihes: Educadora - Quantas tampas foram precisas para cada? Pedro ~ Foi 1, depois 3, depois 6. Joao ~ Foi 2, depois 4, ¢ depois 6. Educadora ~ Conseguem descobrir quantas tampas serdo necessarias para a outra a seguir? Pedro - Acho que so 10. Joo - 0 meu deve dar mais! Oh... acho que vai dar 8! Educadora - Ea seguir? Sera que 0 Jogo precisa de mais tampas que o Pedro? Pedro ~ Eu preciso de... mais cinco e ele no pode par 5. Preciso de 15, queres ver? E todos se lancaram na descoberta da préxima construgo do Joso. A actividade realizada por estas criangas ¢ bastante com- plexa, no se esperando, portanto, que todas as criangas tenham a capacidade de utilizar este tipo de procedimentos. Nesta actividade nao se trata de contar mas de compreender 0 processo légico de construcao e saber inferir sobre a sua conti- nuaggo, ou seja, compreender a relac&o entre as varias cons- trugdes. No entanto, devem ser criadas oportunidades deste tipo, em que cada crianga, de acordo com o seu desenvolvi- mento, consegird, ou no, realizé-las. ntido de ntimero e organizagao de dados Exemplos de outros padrées numéricos, faciimente identifi- céveis por criangas pequenas sao: 1,2, 1,2, 1, 2, 1, 2s» (Padrao repetitivo 1, 2); 1, 2, 1,3, 1, 4,1, 5,... (padrao repetitive com parte crescente); 2, 4, 6, 8, 10,... (padrao crescente de ntimeros pares); 1, 4, 7, 10, 13,... (padrao crescente — iniciado em 1 ¢ adi- cionando-se 3 de cada vez) "0 desenvolvimento do raciocinio Iégico supée ainda a oportunidade de encontrar estabelecer padrdes, ou seja, formar sequéncias que tém regras subjacentes. Estes padrées podem ser repetitivos,..., ou no repetitivos, como a sequéncia dos nimeros naturals”. 0 desenvolvimento inicial do calculo em criancas é simultaneo com as competéncias de contagem (OCEPE), pig. 74 5. A emergéneia das operasées ‘As competéncias de célculo das criangas em idade pré- -escolar desenvolvem-se em simulténeo com as suas compe- téncias de contagem. Mesmo quando o conhecimento da sequéncia numérica é ainda muito rudimentar, esse conheci- mento permite-Ihes efectuar célculos elementares. As criangas compreendem que se tiverem 3 carros e Ihes dermos mais 2 ficam com 5 carros (concretizando a acgdo com os carros, representando-a com os dedos, desenhando-a ou calculando mentaimente sem qualquer apoio fisico) 0s primeiros célculos que as criancas realizam séo célculos por contagem, apoiados em materiais que a facilitem. As criancas modelam os problemas recorrendo a materiais concretos (sempre que possivel utilizando os materiais a que se refere a situagao em causa) e efectuam contagens um a um (a partir da unidade ou a partir de certa ordem). Os dedos das mos, como referimos, constituem a representaco mais utilizada pelas criancas. Consideremos a seguinte situagao: As criangas tinham a sua disposi¢ao envelopes pequenos onde guardavam apenas 5 cromos de animais. A educadora e as criangas encontravam-se a arrumar os cromos nos envelopes. Educadora ~ Luisa, j& pus 3 neste envelope. Sabes quantas é que faltam para ele ficar completo? Luisa (agarra em dois cromos e coloca-os no envelope, um de cada vez, con- tando) ~ 4, 5. Faltam 2. & A génese do sentido enticlo de ntimero e organizagao de dados A Ana e 0 Pedro observaram o procedimento da colega. Ana ~ Eu J sabia que eram dois. Educadora ~ Como é que sabias? Ana ~ Olha, trés e dois s80 cinco (mostrando os dedos das méos). Pedro ~ Eu jé fiz muitas vezes e trés e dois so sempre cinco, Nao precisas dos dedos. ‘Como se observa nesta situacdo, que envolve uma adigao (acrescentar), enquanto a Luisa responde a educadora efec- tuando um cdlculo por contagem (manipula os cromos introdu- zindo-os no envelope), a Ana fa-lo com o apoio dos dedos (estruturando) e 0 Pedro vai mais além, apresentando 3+2 como um facto ja conhecido (3 +2 sao 5). "Neste processo de resolucao de problemas néo se trata de apoiar as solugdes consi- deradas certas, mas de estimular as razdes das solucdes, de forma a fomentar 0 desenvolvimento do raciocinio e do espirito critico. © confronto das diferentes res- postas e formas de soluco permite que cada crianca va construindo nogdes mais pre- cisas e elaboradas da realidade” (OCEPE), pag. 78 A medida que o seu universo numérico aumenta e as suas e do efeito das competéncias de contagem se desenvolvem, as criancas vao-se operacée: a-se tornando progressivamente mais competentes, realizando cél- no pré-escolar culos mais complexos, utilizando estratégias de contagem flexi- veis ¢ inteligentes, verificando-se que alguns dos célculos mais usados podem ser jd considerados conhecimentos basicos que no necessitam de contagem nem de nenhuma outra estra- tégia (jd sabem, por exemplo, que 5 e 5 so 10, que 3 e 3 sio, 6 e que 10 menos 5 so 5...) As criangas esto a pensar fazer um bolo para levar para 0 passelo ao parque. A receita diz que so precisos 3 ovos e a educadora refere: "No sei se temos ovos que cheguem, comprémos uma caixa de 6 mas jé gastémos 2 para fazer o salame...” A Rita foi buscar 6 pecas de lego, retirou 2 e contou as restantes. A Maria entretanto mostrou 6 dedos e fechando 2 imediatamente disse: 4! © Jodo disse: "Os ovos chegam. 6 menos 2 sao 4!” Este episédio tem subjacente a subtracgao (retirar), onde mais uma vez, as criangas evidenciam diferentes estratégias de resolucao. A autonomia da Rita ao ir buscar as pecas de lego para simular a caixa de ovos sé 6 possivel numa sala onde esse trabalho tem sido incentivado ao longo do ano. ntido de ntimero e organizagao de dados Muitas vezes, por forca do trabalho realizado pelo educador, encontramos criancas de 5, 6 anos que conseguem realizar cAlculos por estruturacao, ou seja, cdlculos sem recorrer contagem um a um, mas que se apoiam em modelos, por exemplo, de enfiamentos 5 em 5. Com 0 apoio de modelos adequados (dedos das mos, enfiamentos, smarties de duas cores, carros em estacionamentos,...) ou padrées (pelo menos com duas cores) contam de 5 em 5, ou de 2 em 2, ou a partir de 5, ou de 10 para tras,... (Fig. 7) As criangas estavam a fazer colares, respeitando o padrao que, de 5 em 5, mudava a cor das bolas. Rita - Eu tenho 8 bolas (conta 1 a1). 1, 2,.. 8. Marta ~ Podias dizer de outra maneira: $80 5 vermelhas e mais 3 rosa. Rita - E no teu? Marta ~ Tenho 5 mais 5 mais 2, cinco mais cinco sée dez e dez e mais dois so... 10, 11, 12 (ajuda com os dedos). 00000000 «= 000000000000 Figura 7 Algumas criangas realizam cdlculos e tentam representé-los utilizando ntimeros como objectos mentais, sem a necessidade de recurso a materiais, em especial, se esses ntimeros sdo pequenos € 05 factos so jé seus conhecidos. Vejamos como 0 Joo “escreveu” ‘9 modo como estava a fazer colares de argolas (Fig. 8). mre j+2z 5S Figura 8 ‘Na casinha das bonecas, a educadora Teresa esté a tomar ché com duas criancas, que tinham duas bonecas. Educadora ~ Marta, a tua boneca Ana tem 8 bolinhos no prato. Se ela quisesse comer 10 quantos Ihe faltam? Marta ~ Dois, posso tirar? Educadora - Rita, e a tua boneca quantos bolinhos tem no prato? enticlo de ntimero e organizagao de dados Rita - Tem 14. Educadora ~ Entéo, quantos tem a mais que a da Marta? Rita ~ 14. Educadora ~ E, quantos tens de tirar, para ficar igual & boneca da Marta? Rita ~ 4. Educadora ~ Entéo quantos tens a mais ? Rita ~ Nao sel. Problemas com diferentes sentidos da subtracco podem ser apresentados as criangas. Surgem, em contextos significativos da crianga, problemas de multiplicagao e diviséo Momentos como este permitem a crianca aperceber-se de outros significados na nocao de subtraccao. Como nos aperce- bemos quando a questo colocada foi “quantos faltam para...” a crianca conseguiu compreender e responder, enquanto que na questéo “quantos esto a mais?” a interpretacao parece ser “onde esto mais”. Repare-se que a crianca consegue dizer “quantos tem de tirar para ficar igual” mas ndo responde & questo inicial. E, pois, necessdrio criar muitas situagées de comparacao e estar atenta & estratégia que a crianga usa para responder — muitas vezes nao responder ou responder incor- rectamente pode ser um sinal de nao ter descodificado a men- sagem, no compreender o significado. Algumas vezes o trabalho do educador leva também as criangas a trabalharem pré-conceitos de multiplicagéo Go. Estes conceitos sao trabalhados com materiais con- cretos, resolvidos inicialmente por contagem e, mais tarde, através de relagdes entre os nuimeros, Educadora - Esto aqui 12 menines e queremos fazer duas equipas iguais, ou seja, com 0 mesmo nimero de meninos em cada equipa. Olhem, o Pedro e a Marta podem ser os capitées e sao eles que vao dizer como se vai fazer. Pedro ~ Escolho 0 Joao. Marta - Escolho a Ana e Marta. Pedro - Eu, agora, escolho 0 Miguel e o Tiago. Marta ~ Pois eu, escolho a Carolina, a Cléudia e @ Margarida e tu, ficas com o resto. Pedro ~ Deixa ver se esto iguais. Muitos problemas que trabalham a diviséo, quer por agrupa- mento, quer por distribuigao surgem no dia-a-dia. A diviséo por agrupamento é geralmente resolvida com materiais con- cretos ou desenhos e a divisao por distribuicio por tentativa e erro. As criangas v8o distribuindo os objectos pelos diferentes elementos e comparando os resultados até todos estarem iguais. Também aqui a linguagem oral comeca a preparar o caminho para a estrutura multiplicativa relacionando os niimeros de um modo diferente da estrutura aditiva, ntido de ntimero e organizagao de dados ‘Na hora do lanche a educadora aproxima-se duma mesa, que tem 5 criangas, e diz: Educadora ~ Ricardo, puseste trés bolachas nos prates de cada menino da tua ‘mesa. Quantas bolachas utilizaste? Ricardo - 3, mais 3, mais 3, mais 3, mais 3. Educadora ~ Sim, utilizaste 5 vezes 3 bolachas? Quantas so? Ricardo - 15. Educadora ~ E se fossem sé duas vezes 3 bolachas? Ricardo ~ Eram 6, mas as bolachas s6 davam para mim e para 0 Joao. Vejamos outro exemplo envolvendo diviséo, onde a estra- tégia de tentativa e erro surge de modo mais claro, para resolver um problema de divis8o por agrupamento. As criancas encontravam-se a brincar com a maquete que fizeram sobre uma quinta que visitaram. No prado colocaram 12 vacas a pastar. Quando quiseram transportar as vacas até ao curral verificaram que na carrinha sé cabiam 2 de cada vez. Com a intencao de identificar as estratégias utilizadas pelas criancas, a educa dora perguntou-Ihes: Educadora - 0 que temos de fazer para descobrirmos quantas viagens temos que fazer, de modo a levarmos todas as vacas para o curral? Miguel ~ Fazemos as viagens. Pedro - Contamos. Mariana ~ Nao precisas de fazer as viagens. Juntamos as vacas 2 a 2 e contamos quantos grupos temos. Ricardo ~ Podemos fazer com dedes... (conta de 2 em 2 e de cada vez abre um dedo). 6. As representagées A maioria das criangas gosta de comunicar. Comunicam umas com as outras, com quem as rodeia e com amigos imagi- nérios do seu mundo de faz de conta. © meio de comunicagao privilegiado por quase todas ¢ a oralidade A comunicagao oral é um excelente meio de desenvolvi- mento da linguagem, da criatividade, da organizacao reflexiva de ideias e dos varios tipos de raciocinio e é uma competéncia fundamental no desenvolvimento matemético das criancas, mas que se deve alargar para além da oralidade. As representacies escritas feitas pelas criancas séo também um importante meio de registo e comunicagao de ideias, estratégias e raciocinios. Uma vez que, por si sés, as criangas nao tendem a realizé-las, cabe ao educador 0 papel de, frequentemente as incentivar. Cada crianca tem a sua forma de ler, interpretar e representar. Exprimem o que pensam, como véem e 0 que querem comu- nicar bem como o modo como séo capazes de o fazer. & enticlo de ntimero e organizagao de dados Observemos alguns registos iniciais e as interpretacdes das criangas (Fig. 9). O° eX ONN LHI ae? Jodo ~ Séo muitos nimeros Rita ~ Fiz quatro paus Margarida ~ Eu fiz as pintas Figura 9 Quando j4 se sentem & vontade, a fazer e partilhar os registos, 0 educador pode e deve confronté-las com outras representacies possiveis. O seu papel sera apoiar, incentivar e compreender essas representages, confrontando as criangas com a nova representacao utilizando numerais e levando-as a utilizé-la quando as criancas as compreendem. Na realidade, embora desejavel, este tipo de representagao nem sempre & compreendida e assimilada por todas as criangas — algumas embora consigam, quando solicitadas, identificar numerais em cartazes e cartées, néo conseguem, ainda, compreender quando 08 utilizar (Fig. 10a e 10b). A educadora estava com trés criangas, na zona das garagens, quando pega num auto- carro de dois andares e diz ‘neste autocarro vao 5 passageiros no andar de cima e 4no andar de baixo. Quantos passageiros leva 0 autocarro?” Uma das criancas pegou no autocarro e contou 5 janelas em cima e 4 em baixo, outra contou pelos dedos e disse 9 e a outra respondeu rapidamente que eram 9, pois 5 mais 4 eram 9, Posteriormente, a educadora pediu-lhes que pusessem no papel o que tinha acontecido aos passageiros do autocarro, para o explicarem aos outros meninos num ‘momento colectivo. Figura 10a As representacées das criangas elucidam-nos sobre a sua compreensao das situagées trabalhadas ntido de ntimero e organizagao de dados 42345 445 443129791 Evidenciando o que temos vindo a dizer, sobressaem as dife- rencas entre as representagdes destas criancas, correspondendo a diferentes niveis de desenvolvimento, umas apelando mais 20 concreto (desenhos de passageiros e/ou autocarro), outra mais abstracta (jé sem a necessidade dos desenhos dos passageiros € autocarro) e recorrendo apenas & escrita dos numerais. As representacdes das criangas no Jardim-de-Infancia séo maioritariamente pictograficas — esto ligadas ao real e representam-no com pormenores que n&o podem ser elimi- nados. Outras utilizam registos iconogréficos substituindo os elementos por riscos ou bolas como seus representantes. Outras, ainda, recorrem as representagées simbélicas utili- zando os numerais. Cada crianga regista o que para ela é signi- ficativo e, por isso mesmo, 0 seu registo deve ser respeitado, apesar de 0 educador dever confrontar os diversos registos das criancas com os seus, de modo a que estas possam optar por diferentes representagées e se apercebam das vantagens dos registos numéricos. Vejamos as representagies feitas por duas criancas quando inventariavam material da sala e 0 modo diferente como se expressam por escrito, revelando, mais uma vez, diferentes niveis de percepcao e desenvolvimento (Fig. 11). Duas criancas estiveram 2 contar os tazzos que os amigos tinham trazido para o Jardim-de-Infancia, © Rui, a Rita e o Pedro tinham trazido respectivamente 4, 16 e 36 tazzos. Para no se esquecerem a educadora sugeriu que o registassem numa folha de papel & Sentido de mimero e organizagao de dados PED 9 Ro Ae I e 6 3 3 3S a q 0 & Figura 11 A representago pictografica seguinte (Fig. 12) ilustra uma situagéo problematica reconstruida por uma crianga, depois de ter sido trabalhada com a educadora. Note-se os pormenores da casa com os 6 coelhos, a saida de 3 para a horta e o seu regresso faseado a casa, em diferido, ficando de novo 6 em casa. A educadora estava com uma crianga a resolver uma situacéo problematica que tinha Surgide numa histéria. “Estavam sels coelhinhos em casa mas 3 foram a horta. Quantos ficaram em casa? Chegados & horta, comeram as suas alfaces dois vol- taram para casa. Quantos coelhinhos esto agora em casa? Mais tarde 0 outro coe- Ihinho também voltou para casa. Quantos séo os coelhinhos que estéo agora em casa?” Acabada a histéria e a resoluco oral do problema a educadora pediu a crianca que o resolvesse numa folha de papel. Passado um bocado a crianca levou & educa- dora 0 registo abaixo, ilustrando a histéria eo problema proposto. Figura 12 ntido de ntimero e organizagao de dados “Importa que 0 educador proponha situagées problemdticas e permita que as criancas encontrem as suas préprias solusdes, que as debatam com outra crianga, num Pequeno grupo, ou mesmo com o grupo todo, apoiando e explicando do porqué da rresposta e estando atento a que todas as criangas tenham oportunidade de participar ine processo de reflexéo” (OCEPE), pag. 78 E indispensavel que 0 educador, na sua sala, disponha de materiais que apresentem numerais (calendério, a data do dia, posters que relacionam as quantidades com os numerais,...) que deles faca uso, de modo a permitir que as criancas se apro- priem e compreendam o seu significado e os comecem a utilizar. Deve também disponibilizar cartdes manusedvels com numerais escritos, para permitir que as criangas os registem, por cépia Algumas criancas utilizam @s dedos como forma de repre- sentar a situagéo. Os dedos sao um excelente meio de repre- sentagio de quantidades inferiores a 10 e constituem, também, um precioso auxiliar aquando dos primeiros célculos com quan- tidades nao visiveis. “Tenho estes anos (mostra 4 dedos).” "5 mais 5 mais 5 é 15 (mostra uma mo com os dedos todos abertos, fecha-os e, de seguida, as duas mos com os dedos na mesma posicéo).” Quando as quantidades envolvidas so superiores a 10 ¢ os dedos das mos deixam de ser solucao, o material descrito (cubos de encaixe, ldpis, colares de contas,...) deve estar aces- sivel e as criangas devem ser incentivadas a utilizé-lo. A utilizaco da simbologia convencional (algarismos) surge com 0 tempo. Muitas criangas registam alguns dos algarismos vistos ao espelho (ou invertidos). Embora pontualmente se possa chamar a atencdo e perguntar se ficou igual ao modelo, a sua cor recgéo vem também com o tempo e a aquisigao duma melhor lateralidade ou sentido espacial (Fig. 13). CaonD Mtn § Figura 13 & Sentido de ntimero e organizagao de dados ‘As criangas, em pequenos grupos, contaram as paletes e os pacotes de leite que tinham chegado para a sala (imagem em baixo & esquerda), Depois, a educadora pediu-Ihes que fizessem um registo das contagens efectuadas, para ndo se esquecerem e poderem mostrar aos colegas como o tinham realizado. i fit las Embora, tratando-se de nmeros grandes, pois existiam 38 paletes e em cada palete 24 pacotes de leite (Fig. 14), as repre- sentagées destas criangas so claras e facilitam a comunicagéo do procedimento por elas efectuado. Uma das representades apresenta até um reagrupamento das paletes mas mantendo, no entanto, a quantidade. =a” Figura 14 Biblioteca Nacional de Portugal ~ Catalogacao na Publicacao CASTRO, Joana Pacheco de, 1953, e outro Sentido de ntimero e organizagéo de dados: Textos de Apoio para Educadores de Infancia /Joana Pacheco de Castro, Marina Rodrigues ISBN 978-972-742-278-4 | - RODRIGUES, Marina, 1960- cDUu 371 159.955 373 Ficha Técnica Sentido de nimero e organizagao de dados Textos de Apoio para Educadores de Infancia Editor nistério da Educacao Direcgo-Geral de Inovagio e de Desenvolvimento Curricular Coordenasso Lurdes Serrazina Autores: Joana Pacheco de Castro Marina Rodrigues Organizacao Helena Gil Liliana Marques Design Manuela Lourengo Execusio Grafica Editorial do Ministério da Educagao Tiragem 7500 Exemplares Depésito Legal 274 223-08 ISBN 978-972-742-278-4

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