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o's CENGAGE Learning LEONARDO SECCHI POLITICAS waa 3 PUBLICAS 2a nigh Sumario Pref Prefacio e agradecimentos da 2* edigao, XV 1 Introdugao: percebendo as politicas pablicas, 1 1.1 Defirigdo de poltica pibica, 2 41.4.1 Primo né conceitual, 2 41.1.2 Segundo n6 conceitual, 5 41.1.3 Tereiron6 concettual, 7 1.2 0 problema piblco, 10 1.3 Exemplos de poiftias pablicas nas dverses éreas, 11 1.4 Minicaso: tera de ringuém, 12 (0s Médicos Sem Frontiras, 14 Bibliogatie utilzada para a construgdo do minicaso, 18 Questies do minicaso, 16 1.5 Brericios de agi, 16 41.6 Questdes de miltipla escalha, 17 41.7 Referéncias do capitulo, 19, 2 Tipos de politica péblica, 23 2.1 Tipologia de Loni, 25 2.2 Tipaloga de Wilson, 26 2.3 Tipologa de Gormley, 28 2.4 Tipologa de Gustafsson, 29 2,5 Tipologa de Bozeman e Pandey, 30 2.6 briagdo de novas tpologias, 31 2.6.1 As limitagoes das tpologlas, 32 Sumario = 1X Vill = Poliicas paiblicas 2.7 Minicaso: Raposa Serra do Sol, 33 Contertualzagio histrica, 33. ‘As conliades em tomo da causa, 34 0 periodo pés-homologacao, 36 Bibliogyaie uiizada para a construgao do minicaso, 37 ‘Questbes do minicaso, 38, 2.8 brercicos de fxaga0, 38 2.9 Questies de milipla escolna, 39, 2.10 Referéncias do capitulo, 42 3 Ciclo de politicas piblicas, 43 3.1 Identiicagdo do problema, 44 3.2 Formagao da agenda, 46 3.3 Formulagéo de altemativas, 48 3.4 Tomada de devisto, 51 3.5 Implementagao da poltica pili, 55 3.6 Avallagao da politica piblica, 62 3.7 Etingdo da polite publica, 67 3.8 Minicaso: sistema de avatiagdo das escolas estaduals, 69 3.9 Bxerctios de maga, 73 3.10 Questies de miiipla escolha, 75 3.11 Referencias do capitulo, 77, 4 Instituigdes no processo de politica péblica, 81 4.1 Porcebendo as insttugées, 82 42 Como o anaista de polticas publicas lida com as instituigdes?, 83 4.3 Esquemas anaiticos para andliseinstRucional, 85 44 Minicaso: nsitigGes moidando o comportamente, 90 (0 Plano GBnesis, 91 Consequéncias ndo previstas, 93, ®ibiiografa utiieada para a construgao do minicaso, 95 ‘Questoes do minicaso, 95, 4.5 Brereicios de Maaco, 95 4.6 Questdes de miitpta osvatha, 96 4.7 Releréncias do capitulo, 98 5 Atores no processo de politica ptiblica, 99 5.1 Categorias de atores, 100 ‘5,1 Polticos, 102 5.1.2 Desigrados policamente, 103 5.1.3 Burocratas, 104 5.1.4 Juzes, 107 5.1.5 Grupos de interesse, 108 5.1.6 Partidos politicos, 110 f.1.7 Melos de comunicagso ~ midia, 111 5.1.8 Think tanks, 113 5.1.9 Poliytakers, 115 5.1.10 Organizagies do teoeio setor, 116 5.2 Modelos de relacdo e de prevalénca, 117 5.2.1 Modelo principal-agente, 117 15.2.2 Rdes de poiticas plicas, 119 5.23 Modelos elitistas, 121 {5.2.4 Modelo pluralista, 122 5.2. Tnangulos de fer, 123, ‘5 Mincaso: atores contaglados pelo pdnico, 124 Depois da tempestade a calmaria, 126 Questies do minicaso, 126 54 Beritos de fixagao, 127 ‘5 Questbas de mitipa escola, 128 56 Releréncias do captulo, 131 Estilos de politicas pablicas, 135 6.1 Tipologia de Richardson, Gustafsson ¢ Jordan, 136 6.2 Estilo reguatirio versus esl gerencial, 138 6.3 Partcipagdo na construe de polices, 140 {84 Minicaso: o nivel de participacao ideal, 144 Biblografa uilizaca para construgdo do minicaso, 148 Questdes do minicaso, 146 8.5 Brerccios de fragdo, 147 8. Questdes de miltipaescolha, 147 6:7 Referencias do capitulo, 149 Glossério de termos de politicas piiblicas, 151 Referencias bibliogrticas, 159 Gabarito, 169 XVI Poifticas pabiicas (Unesp-Araraquara), Antonio Ricardo de Souza, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Demyan Belyaev, da Universidade Lus6fona de Humanidades e Tecnologias ~ Portugal, Erica Beranger Soares © Magnus Lulz Emunen- doerfer, ambos da Universidade Federal de Vigosa (UPV), Filipe Schittir, da Secretaria de Estado da Administracio (SEA/SC), Francisco G. Heidernann, da Universidade do Bstado de Santa Catarina (Udesc), Marta Farah, da Fun- dagio Gebitio Vargas (EABSP/FGV) e Sandro Trescastro Bergue, do Tribu- nal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE/RS), pelas revisdes cri- teriosas, pelo apontamento de refinatentos conceituais, pela sugestao de mais esquemas de andlise e pelas palavras de incentivo para a continuidade deste projeto de organizacio ¢ disseminagio do conhecimento. Leonardo Secchi Florianépolis, 30 de setembro de 2012, capitulo 1 =~ Introdugao: percebendo - as politicas publicas Pafses de lingua latina como Brasil, Bspanha, Italia e Franca encontrar difl- cculdades na distingdo de alguns termos essenciais das ciéneias polticas. Na lingua portuguesa, por exemplo, 0 termo “politica” pode assumir duuas cono- ‘ages principais, que as comunidades epistémicas de paises de lingua inglesa cconseguem diferenciar usando os termos politics e policy Politics, na concepgio de Bobbio (2002), é a atividade humana ligada & obtengo e manutencio dos recursos necessdrios para o exercieio do poder sobre © hornem. Esse sentido de “politica” talvez seja 0 mais presente no ima- _gindtio das pessoas de lingua portuguesa: o de atividade e camapeticio polf- ticas. Algumas frases que exernplificam 0 uso desse termo so: “men cunhado adora falar sobre politica”, “a politica é para quem tem est6mago”, “a politica de Brasilia est distante das necessidades do povo”. CG segundo sentido da palavra “politica” ¢ expresso pelo termo policy etn. ingles. Essa dimensao de “politica” ¢ a mais concreta ¢ a que tem relagao com orientages para a decisio e agdo. Em organizagdes publicas, privadas e do terceiro setor, 0 termo “politica” est presente em frases do tipo “nossa po- Iitica de compra é consultar ao menos trés fornecedares”, “a politica cle em ppréstimos daquele banco é muito rigorosa”, ‘O termo “politica publica” (public policy) esta vinculado a esse segundo sentido da palavra “politica”. fo uso do termo “pe esse sentido estan presentes nas frases “temos de rever a politica de eduea- ‘qdo superior no Brasi!, “a politica ambiental da Amazénia é influenciada por ONGs nacionais, grupos de interesse locais ¢ a maida internacional”, “percebe- -se um recuo nas politicas sociais de paises escandinavos nos tltimnos anos” 2 Polltcas piblicas, 1.1 Definigao de politica puiblica ‘Uma politica publica possul dois elementos fundamentais: intencionalidade ptiblica ¢ resposta a um problema piblico; em outras palavras, a razao para o estabelecimento de uma politica priblica € o tratamento ou a resolugao de um problema entendido como coletivamente relevante, Qualquer definigao de politica pitblica é arbitrdria. Na literatura especiali- zada nao hé um consenso quanto a definicao do que seja urna politica publica, por conta da disparidade de respostas pars alguns questionamentos bésicos: 1. Politicas ptiblicas sto elaboradas exclusivamente por atores estatais? Ou também por atores nao estatais? 2. Politicas puiblicas também se referem 2 omissaio ou A negligencia? 3, Apenas diretrizes estruturantes (de nivel estratégico) sAo politicas pibli- cas? Qu as diretrizes mais operacionais também podem ser consideradas paliticas publicas? ‘Vamos tratar de cada um desses questionamentos separadamente e jus- tiffcar nossos posicionamentas em relaco a eles. 1.4.1 Primeiro né conceitual ‘Na literatura especializada de estudos de politicas piblicas, alguns autores © pesquisadores defendem a abordagem estatista, enquanto outros defendem abordagens rultie&ntricas no que se refere ao protagonismo no estabeleci- mento de politicas ptiblicas. Aabordagem estatista ou estadocéntrica (state-centered policy-making) considera as politicas piiblicas, analiticamente, monopélio de atores estatais, Segundo essa concepgao, o que determina se uma politica é ou nio “piiblica” 6a personalidade juridica do ator protagonista. Em pesquisa realizada por Sa- raiva (2007, p. 31) em dicionarios de ciéncias politicas, primeiro elemento de- finidor de politica publica é: “a politica é elaborada ou decidida por antoridade formal legalmente constituida no ambito de sua competéncia ¢ é coletivamente vinculante”. Em outras palavras, € politica piblica somente quando emanada de ator estatal (Heclo, 1972; Dye, 1972; Meny e Thoenig, 1991; Bucci, 2002; Howlett, Ramesh e Pearl, 2013). : Aexclusividade estatal no fazer policies é derivada da superioridade obje- tva do Bstado em fazer leis, ¢ fazer com que a sociedade curmpra as leis Além desse argumnento objetivo, hii a argumentacao normativa (baseada em. valores) Introdugao: percebende as polticas piblicas = 3 que 6 salutar que o Bstado tenha superioridade hiersirquiea para corrigir des- virtuamentos qué dificilmente mercado e comunidade conseguem corrigir so zinhos, Uma terceira razio, mais espectfica ao caso brasileiro, é a vinculagio de politica ptblica com a tradigao intervencionista do Estado brasileiro em toda historia do pensamento politico nacional (Melo, 1999). ‘Aabordagem multicéntrica ou policéntrica, por outro lado, cansidera o- ganizagoes privadas, organizagdes nao governamentais, organismos multila- terais, redes de politicas priblicas (policy netwsorks), juntamente com os ato- res estatais, protagonistas no estabelecimento das politicas putblicas Dror, 1971; Kooiman, 1993; Rhodes, 1997; Regonini, 2001, Hajer, 2003). Autores da abordagera multicentrica atribuem 0 adjetivo “publica” a uma politica quando o problema que se tenta enfrentar é public. ‘A abordagem multicéntrica toma inspiracdio em filésofos ¢ eientistas po- Iiticas camo Karl Polanyi e Elinor Ostrom, que ao longo de suas producies intelectuais estudaram e defenderam interpretages policéntrieas da ciéncia, da politica e da economia, Segundo Aligica e Tarko (2012, p. 250), a abor- dagem policéntrica “envolve a existéncia de tniltiplos centros de tomada de decisite denaro de um conjunto de regras aceitas” ! Bm geral, as politicas puiblicas sao elaboradas dentro do aparato institucional-egal do Estado, em- Dora as iniciativas e decisdes tenham diversas oristens. Relacionadas a essa visio esto as teorias da governanca ptiblica (Rhodes, 1996; Goodin, Reine ‘Moran, 2008), da coprodugao do bem publico (Denhardt, 2012) e das redes de politicas ptiblicas (Bérzel, 1997; Klijn, 1998), em que Estado e sociedade se articulam em esquemas espontaneos ¢ horizontais para a soluglo de pro- bblemas ptiblicos. ‘A abordagem estatista admite que atores nao estatais até teriham in- fluéncia no processo de elaboraedo ¢ implementacgo de politicas priblieas, ‘mas niio coniere a eles 0 privilégio de estabelecer (decidir) e liderar wim pro- ‘cesso de politica ptiblica, J4 acarlémicos da vertente multicéntrica admitem tal privilégio a atores nao estatais Por exemplo, uma organizacdo no governamental de protegiio & natmreza gue langa uma campanha nacional para o replantio de arvores nativas. Esta 6 uma orientagao a agio, ¢ tem o intuito de enfrentar um problema de rele- -vancia coletiva. No entanta, é uma orientagéo dada por um ator nao estatal. Aqueles que se filiamn & abordagem estatista ndo a considerarn uma politica publica, porque o ator protagonista nao ¢ estatal, Por outro lado, autores da abordagem multicéntrica a consiceram politica publica, pois 0 problema que se tem em mao 6 public. Do ponto de vista normativa, compartilhamos da conviceao que o Estado deve ter seu papel reforcado, especialmente para enfrentar problernas dis- THyadugao Livre a partir do original em inglas, O grifo & dos autores. *Paltcas piblicas {ributivos, assimetrias informativas © outras falhas dle mercad ras mercado. No entanto, do ponto de vista analitico, acreditarnos que o Bstado nao 6 o tnico a prota, Sonizar a claboracio cle politieas publicas, Filiamo-tos, portanto, & alors gem multicéntrica, por varios mativos: : ae 1. A abordagem multicéntrica adota um ent. 2 ‘gue mais interpretative ¢, por cea nes a tate a ter terpretacao do que seja um problema ae © tema (os policymakers, os poligytaers mfdia, 0s cidacaos em geral) 2. A abordager multicéntrica evita uma pré-andlse de personaldade ju. Sr i ntmizato ates de enquadrar as pelteas eon send tura tem personalidade juridica de direito pil sso, elabora poiticas piiblicas? A Petro eetecealia poltic bras tem 60% das ae 3. A abordagem multcentrica permite um aproveltamento do instrumental eee olitico-administrativos de hatureza nao estatal, A tinge ene esters publica eestera : eB Privada faz mais sentido §nglo entre esfer esate stra no estatalO papas eta oa (Prederickson, 1999), 5S i tru Se, bor una, ide ‘em exclusividace em criar instrumentos legals imenttos punitivos sobre aqueles que no cumy st rem a lei, por gute lado os atores sci em acesn a outs inseunonne oie Introdugdo: pereebendo as polticas publicas w 5 da for¢a legitima e isso Ihe da uma superioridade objetiva com relacao a ou- tros atores; 3) o Estado moderno controla grande parte dos recursos nacio- ‘nais e, por isso, consegue elaborar politicas robustas temporal e espacial- mente, ‘Chamamos politieas governamentais! aquelas politicas elaboradas ¢ es- tabelecidas por alores governamentais. Dentre as politicas governamentais, esto as emanadas pelos diversos 6rgios dos poderes Legislativo, Executivo ¢ Judiciério. Nos dias atuais, as politicas governamentais sto 0 subgmipo mais, importante das politicas priblicas, e so as que recebem maior atengdo na li- teratura.da éres, rites teas Se mm ee erenavenls Figura 1.1 - Politicas pablicas e politicas governamentais. ‘A frase de Heidemann (2009, p. 31) ilustra bem essa delimitacdo: “a pers- pectiva de politica publica vai além da perspectiva de poltticas governa- mentais, na medida em que o governo, com sua estrutura administrativa, nao ¢ a tinica instituigao a servir & comunidade politica, isto é, a promover ‘politicas publicas™. 40 de responcer a um problema piiblico, e no sé 0 tomador de decisio te eit no estalal. Sto os contomos da defi 1.1.2 Segundo né conceitual Acexaltagao do debate sobre o segundo né conceitual foi feita por Dye (1972, p. 1) quando afirmou que politica piblica é “tudo aquilo que os governos es 2 ig ainda a distingao entre “politica de governo” e “politica de Bstado”, a primeira rece bendo a canotagio de pot de um grapo alto em mandatoeletivo, © segunda si rificanco aquela patie de longo prazo, voltada ap interesse geral ce populssao « inde ‘pendente dos ciclos eleitorais. << 6 © Politicas piilicas colhem fazer ou nao fazer”? Com essa concepgao, a politica pablica também passa a significar @ omissio on a negligéncia. Diversos autores, com competente argumentacao, se afliam a esta concep- do, Para Fernandes (2010, p. 43), “o Governo que nao toma urna atitude pri- blica sobre determinado problema também faz: politica”. Souza (2007, p. 68), referenciando Bachrach e Baratz (1962), esereve que “nao fazer nada enn rela- cao a um problema também é uma forma de politica piibliea”. Realmente, a inagio de um governante frente a urn problema ptiblico crd- nico, como aseca no agreste nordestino, gera um questionamento sobre seus interesses na manutencao do status quo. Em nossa concepeao, no entanto, ‘9 que temos nesse caso € uma falta de politica publica voltada para a solu- ‘edo do problema da seca do Nordeste ou a vontade do governante de man- ter uma politica puiblica que ja existe, mesmo que falida. A partir da concepgao de politica como diretriz é bastante diffil aceitar a omissfio como forma de politica priblica. A ldgica desse argumento €: se um problema ptiblico ¢ interpretative, e todos os cidaclaos visualizam problemas piblicos de forma diferenciada, todo e qualquer problema, por mais ab- surdo que seja, daria luz, a uma politica piblica, Se todas as omissdes ou ne- sligencias de atores governamentais e nao governamentais fossem conside- radas politicas piblicas, tudo seria politica pitblica, Ademais, seria impossivel visualizar a implementagéo da politica puiblica, bem como seria impossivel dis- tinguir entre impactos da politica piblica ¢ 0 curso natural das coisas, a ca- sualidade, Vejamos um exemplo: se, nos dias atuais, um grupo de importadores de prodiuttos chineses pressionasse o governo a criar um sisterna de tren de gra~ vvidade para que os materiais fossem transportadas por umn tinel que passasse pelo centro da Terra e ligasse a China ao Brasil em menos de uma hora,* 0 s0- verno provavelmente nao acolheria essa detanda por motives de custos e di- ficuldade de implementagio, Essa recusa de demanda ¢ uma politica publica? Outro exemplo: um grupo de religiosos muculmanos brasileiros pode de- ‘mandar ao Congreso una legislacdo que obrige a todos frigorificos adotar 0 halal método de abate que, entre outras coisas, exige que 03 suinos sefarn apontacios para a cidade de Meca no momento da degola. A inagio do Congreso brasileiro € uma politica publica? ‘Esse posicionamento rio se confunde coma inagao derivaria da politica pri- blica. Se, por exemplo, os funciondrios da area de sade se recusarern a inaple- " Tradueao lime a partie do original em inglés: “whatever governments choose to do or ‘not do’ “Veja mais detalhes sobre trem de gravidade em Arruda (2012). Introdugdo: peroebendo as politicas publicas = 7 ‘mentar uma diretsiz Ministerial de distribuicdo gratuita de seringas para dro- ‘gados (politica de redugsio de danos), essa inagdo dos agentes de satide fiz parte da politica pablica, € elemento ca sna implementagio, e determina o gran de efi- céeia da politica piblica Uma politica pablica é uma diretriz, ou seja, uma crientagdo de um poli- eymaker datividade ou 2 passividade de um poticytaker, ¢ também € 0 con- junto de agdes ou inagdes derivadas dessa diretriz 1.1.3 Terceiro né conceitual Existem posicionamentos tedricos que interpretam as polticas publicas como somente macrodiretrizes estratégicas, ou conjuntos de programas (Comparato, 1997; Massa-Arzahe, 2002). Nessa interpretacao, a “politica publica” ¢ estru- turante, ¢ 0s programas, planos e projetos so apenas seus elementos opera. livos, nao podendo ser considerados politicas piblicas individualment. Em nosso entendimento, o nivel de operacionalizaeao da diretriz no é un. ‘yom atitério para o reconhecimento de urna politica prblica, Se fosse adotada essa delimitagao, excluiria da andlise as politicas municipais, regionals, es- taduais ¢ aquelas intraorganizacionais que também se configuram como res- postas a problemas priblicos. Nosso posicionamento ¢ de que as polticas piblicas sto tanto as dlretri- zes estruturantes (de nivel estratégien) como as diretrizes de nivel interme- diério ¢ operacional. Alias, grande parte da construgio tebrica das policy stux dies acontece sobre a andlise de programas, planos e politicas publicas locais ou regionais, Para faclitara compreensio, tomernos 0 exemplo da edueagio superiot Exemplo: Niels de politica piblica na educagao superior 'No Bras, temos un modelo de educagdosuperosbaseado na feta gratuita por ela de -universidades piiblicas estatals, ¢ a oferta paga por meio de universidades privadas e po bias no estatas (exemple: camuntras, confessional et.) Esta € uma poitica estu- ‘urate (estrtépca) dg para oeniemtament de um problema pico: a necessdade ‘e formagaotéenico-clntfica dos brass. Dentro desse modelo de educagdo superior, o geverno pode ter varias polticas de ni- ‘entre, por emp, ume poftca de expansto da oferta pice, uma police pare ‘vara da qualiteds de oferta (ex. ame nacional de desempenio de estidantes~ENADE, ‘ucliagdo dos cursos de gaduagéo et), © uma poltica para a regulamentagéo da oferta {ex dieies curcularesnecionals,egulamentacéo do ensino a distancia etc). A politica de expansdo da oferta também pode ser destinchoda em ves polices pa tices: RUN (expansdo da olerta de cursos em untersidades fedeals), PROUNI(concess#0 ‘e bolsas para alunos estudarem gratuitamente em universidades particule), FES (f+ rianciamenta estudanti), UNABERTA (ampliag da oferta publica de ensino a dlstancia) ‘a cdacdo de Institutns Federals de Educagdo, Ciencia e Tecnologia (Haddad, 2011). 8m Polticas pablicas 0 exemplo anterior mostra que a politica puiblica pode ser composta de ais politicas ptiblicas que a operacionalizam. Para deixar mais claro esse en- tendimento, relacionaremos 0 exemplo do ensino superior a imagem de um cabo de ago. Veja a Figura 1.2 a seguir: Figura 12 - Cabo de ago como metafora de politica publica Fonte: Cabopec, 2008 (desenho com base na ihstracko original) O cabo de ago representa a macropolitica de ensino superior baseada na oferta priblica e privada, O cabo de ago é formado por varias “pernas", sendo uma delas a expansdo da oferta publica. A “perna” expansao da oferta pitblica é composta de varios arames, um destes ¢ 0 REUNI, E poder-se-ia, continuar a destrinchar a politica REUNT até chegar a niveis de diretrizes ainda mais operacionais. G.uso da metafora do cabo de ago, composto de “pernas” e arames siste- ‘maticamente entrelagados, poce passar a falsa irupressio de que as politica pi blicas so coerentes entre si, organlzadas, de tamanlhos padronizados ete. Os _préximos capitulos deste livro tentam mostrar que a irracionalidade ¢ o para- oxo s8o elementos presentes no proceso de politiea publica, ‘Uma metéfora mais natural seria ada érvore. A érvore entendida como ama- cropolitiea; a raiz,o tronco e os gallos entendicos como as politicas ce nivel in- termedisrio; ¢ as folhas e os Srutos entendidos como as politicas operacionais, Introdugao: percebendo as polticas piblieas 1 9 Essa nogao implica que, a cada nfvel da politica publica, ha um entendimento diferente dos problemas e das solu¢Ses, hi uma configuracao institucional di- ferente, existem atores e interesses diferentes (Gilani, 2005). O analista de politica pablica € quem escolhe o nivel de andlise, A andlise de uma poltica pa- blica é uma tarefa complexa, ¢ ¢ certamente mais complexa nos niveis mais es- tratégico-estruturais. 6 muito mais simples mapear atores, interosses, estilos, ‘cultura, razdes de sucesso on insucesso de uma politica piiblice de nivel ope- racional (arame ou folha) clo que uma politiea publica de nivel estratégico (cabo de ago ou drvore). Exempla: Lei do Couvert Bares € restaurantes do estado de So Paulo tinnam coma habito oferecer apertives para ‘os clentes Togo que ocupassom uma mesa: O atte surgia na hora de pagar a conta. Mui- {a clientes reclamavam que no hala soliitado-0 aperitvo e pensavam ser uma oferta da cosa. Quitos dlentes reclamavam que a quantidade, qualidade e prego do aperivo nao ‘ram expicitados no momento em que 0 gargom colocava 0 cowvert sobre a mesa. 0 que também gerava confusdo é que o prego do couvert vinta divide pela ndmero de ocupantes ‘da mesa, mas nem todos haviam consumido a “oferta” da casa. Essas riteradas insatislagdes com a postura de bares ¢ restaurantes entrram na ‘agenda da midia, na agenda politica e,tiralmente, na agenda formal. Como solucdo este problema publica fo elaborado projeto de lei na Assembla Legislatha do estado de ‘So Paulo que teve camo objetivo coibiro abuso dos bares e restaurantes. A chamadia Lei do Couvert foi sancionada em 2011 e regulamontou 2 prtica do couvert abrigando bares restaurantes a Informar prego © comiposig4o dos apertivos para que 0s clientes pudes- ‘sein escolher se queriam ou no 0s apentivs olerecidos. lambém ficou estabelecido que 10s estabelecimentos que nao cumprissem a lei seiam multados, @ a fiscalizagao farla a ‘cargo da Fundagao de Protegao e Defesa do Consumior (PROCON). ‘Nel do Cowert tem todos os elementos de uma politica piblica: um problema pi- blico percebido, uma proposta de solucdo ao prablema pabico, atores emvolicos, insti ‘uigdes frais ¢informats que maldam o comportamento dos atres, as fses de formagao da agenda, formulagao de alternatives, tomada de decisdo, implementagae da poltica pablica etc. Certamente essa politica regulatéria deve respeitar polticas regulatbrias ‘mais amplas (e« Codigo de Defesa do Consumidor) e gerar consequéncies para polticas pablicas mais operacionals (ex. creuzas sobre o método de fiscalacao). Independentemente do nivel de andlise, ou do nivel de operacionalizacao, © conceito de politica piblica esta vinculado a tentativa de enfrentamento de um problema pribiico. Pe 10 = Politicas péblicas, 1.2 0 problema puiblico Um estado de politicas publicas nao prescinde do estudo de um problema que seja entendido como coletivamente relevante. Sjoblom (1984) dé uma defi- nico pratica para o “problema”: a diferenca entre a situagao atual e um si- ‘tuagao ideal possfvel, Um problema existe quando o status quo ¢ considerado inacequado e quando existe a expectativa do aleance de uma situagao melhor. status quo SS Figura 1.3 ~ 0 problema. ‘Tomando esse entendimento, o problema piiblico 6 a diferenca entre a si- tuagéo atual e uma situacdo ideal posstvel para a reatidade piblica, Naturalmente, a definicao do que seja um “problema ptiblico” depende da interpretagao normativa de base. Para wm problema ser considerado “pii- blico”, este deve ter implicagées para uma quantidade ou qualidade notaével de pessoas. Em sintese, um problema s6 se torna pubblico quando os atores politicos intersubjetivamente o consideram problema (situacao inadequada) e piiblico (relevante para a coletividade). ‘Apesar dessa tentativa de objetivacao do que seja um problema publico, aquantidade e a qualidade das pessoas que ensejam uma politica pdblica tam- ‘bem stio suscetiveis a interpretacées. Um exemplo: a situagao de desamparo de trés mil trabalhadores demnitidos de uma empresa privada 6 geralmente in- terpretada como problema piblico por algumas vertentes politicas, enquanto outras consideram esse mesmo desamparo um problema particular de cada um dos trabalhadores, Outro exemplo: o suporte financeiro a um atleta que val representar um pafs em uma competigio internacional pode ser considerado um problema pit- blico, enquanto © patrocinia puiblico das férias de luxo de um grupo de de- putados dificilmente ¢ considerado um problema ptiblico. Camo visto, o limite para conferir a adjetivacdo “piiblico” a um problema 6 quase sempre nebu- oso, uma vez que envolve interpretagées politico-normativas dos préprios atores politicos envolvidos com o tema. Introdugao: percebendo as politcas pliblicas ss 14 1.3 Exemplos de politicas piblicas nas diversas areas Politica publica € um conecito abstrato que se materializa por meio de ins- trumentos variados. Para aqueles que acteditam em espitito, é como dizer que a politica pablica ¢ uma alta, ¢ esta precisa de um corpo para tomar vida. Po- Iiticas puiblicas tomam forma de programas priblicos, projetos, leis, campanthas publicitérias, esclarecimentos pitblicos, inovagdes tecnolégicas e organiza- cionais, subsidios governamentais, rotinas admlnisivativas, decisdes\judi- ciais, coordenagao de agGes de uma rede de atores, gasto piiblico direto, con- tratos formais ¢ informais com stakeholders, entre outros, Toda a discussio tcorica sobre instrumentos de politicas piblicas seré feita no Capitulo 3, na segdo de implementacio de politicas priblicas. "Talvez a forma mais didatica de esclarecer um conceito ¢ utilizar exern- pos. A seguir so dados exemplos de operacionalizagées de politicas pibli- cas nas diversas dreas de intervencao: Saiide: programa de distribuigdo gratuita de medicamentos em uma parceria entre municipios, estados e Governo Federal por meio do Sistema Unico de Satide (SUS). ‘Eduoagdo: programa ce reforco escolar para alunos com dificuldades de apren- dizado nas disciplinas de Portugués e Matematica do ensino fundamental do estado do Amazonas. ‘Seguranga: instalagao de Unidades de Policia Pacificadora (UPPs) em cormu- nidades carentes do Rio de Janeiro Gestio: metodologia cle Avaliagao de Desernpenho Individual associado & re muneragho varlavel para as servidores do Govemno do estado de Minas Gerais. Melo ambiente: mecanismos de desenvolvimento liapo (MDL) eriado pelo Protocolo de Quioto, da Organizagao das Nagdes Unidas (ONU), como es- tratégia de redugio das emissbes de gases de efeito estula. ‘Saneamento: Politica Nacional de Restos Solidos (Lei 12.305/2010), Habitaedo: programa Minha Casa Minha Vida do governo fecieral em parceria com estados, municipios, baneos pliblicos ¢ organizacoes da sociedade civil. Emprego e Renda: programa Meu Primeiro Trabalho, do Governo do estado de Stio Panto, voltado para estudantes das escolas piblicas conseguirem inser- io no mercado de trabalho. Previdéncia social: legislacdo especial que permite que trabalhadores rurais pos- samt se aposentar, por idade, cinco anos antes que os trabalhadores urbanos, Plenejamento urbano: Plano Diretor de desenvolvimento territorial do raunich- pio de Chapec6, em Santa Catarina, 12 Polticas piblicas Justiga ¢ cldadania: portaria emitida pelo Juiz da Comarca do municipio de José de Freitas, no Piaut, que profbe o funcionamento de bares, restaurantes ¢ bom. tes apés a roeia-noite, Economia: regime de cambio fltuante definicto pelo Banco Central, o qual per- mite que a taxa cambial do pals varie de acordo com a oferta e ademanda de moeda, Asistencia socia: campanha do agasalho feita por organizacoes da sociedade civil, meios de comunicagio, voluntarins ¢ Secretaria Municipal de Assisten. cia Social do municipio de Araucéria, no Parand, Relagdes intemacionais: atuaciio brasileira na coorclenacao da missao de paz da ONU no Haiti. Cultura @ esporte: programa de fomento a projetos artisticos e culturais com re- cursos do Fundo de Apoio a Cultura do Distrito Federal, Ciéncla, teenologia e novagao: Lei Municipal de Inovagao de Florianspolis, que institui um fundo para projetos de inovagao e um programa de incentive ain. clusdo digital e capacitaggo tecnol6gica Infestuture o vansports: Plano Nacional de Logistica e Tansportes (PNLT), ela- Dorado pelo Ministério dos Transportes em parceria com o Ministério da Defesa Como visto, 0 eonceito de politica paiblica € transversal a diversas éreas Cusetores de intervencao publica, No entanto, essa lista nao 6 exaustiva. As Areas de politicas puiblicas sho muitas, e dentro delas exister temas espect, ‘vos (issues), que também demandam politicas especificas. Um exemplo disso seria um programa de cadastro bovino para ajudar no combate & febre aftosa, que é a operacionalizagéo de uma politica espectfica dentro de uma politica agricola mais genérica A classificagao das potiticas publicas dentro das éreas de intervengao também merece uma relativizagao. Algumas vezes uma politica publica se enquadra em vérias dessas reas, como uma politica de transferéncia de Tenda para pequenos produtores agricolas conservarem as nascentes de ros, que pode ser sirtultaneamente uma politica agefcola, uma politica ambiental ¢ uma politica de cunho social. Outras vezes uma politica pitblica ndo se enquadra em nenhum setor de intervencdo propriamente. dito, Exemplo disso sao as politicas constitutivas, ow meta-poticies, que definem Tegras da disputa politica, jurisdigdes e competéncias dos poderes ¢ das es. feras de governo, Esse tema é tratado no Capftulo 2. 1.4 Mi A Somélia é um pats com 637 mil km? (um pouco maior que o estado de Mi ‘nas Gerais), Iocalizado no extremo leste do continente afticano. A populagao iso: terra de ninguém Introdugéo: pereebendo as polticas piblicas 13 da Somiélia é de quase 10 milhGes de pessoas (um pouco menos habitada que estado do Parana). A Somalia ¢ um dos paises mais pobres do mundo e, por causa de uma guerra civil endémica, no possui um governo operante, A Somalia conseguin sua indepencdéncia da Gra-Pretanha em 1961, €, com. o territério de Somaliland (ex-colonia italiana), constituiu a Repubblica da So- Ilia partir de enti a istia do pais tem sido de regimes autriios se guidos de golpes de Estado, luta entze clas, guerra civil e uma populagao de- Seid, Em outubro de 2004, fo formato um Governo Federal de Tansigio GP) para tentar construir una estrutura government : Nose Stuais, a atvidade governamental do GFT 6 rvito previa, © @ seciedde civ bastantedesorgazuds: do i Coral vigente; noha poder judicério em funcionamento (a maior dos confitas €resolida i- temamente nas tbs, ou entte bos na base da forga); noha representa ‘0 diplomética; as forcas armadas nao cobrem todo o territ6rio da Som Introducdo: percebendo as polticas piblicas 15 Punting dg: Chegaram a se declarar independentes. A precariedade 'm atltige 08 setores de satide, educacao, fambén ange e, educagto, telecomunicagées, energia, : Na! ‘catttal Mogadiscio, o lima de inseguranga é constant, com presenca oeke ra 2s istinioas que dominam parte da cidade, ataques sulciane e ex: Plosio de carros-bomnba A seguranga das nessoas ¢u des oucos equlpa- sa ea GOS esbages utbanos, a populago € vita de dovnges ewe nog nadabcem 288 Panorama, organizagbes no governamentalserigene ds ees Metals esto presentes na Soria para tentar prover necenn Sade (Ong rents. Entre eles abe destacar a Organiza Mecha a & Organizaczo para a Agricultura e a Alimecty Cruz Wermelha © os Médicos Sem Prontelras. ee Os Médicos Sem Fronteiras viam médicos, enfermeiros e sanitarist, mses, ete as para locais afetados por calamidia, son mene a cefSF na Semi comegou em 1991, epoca em que um ede lep6s o ditador Siad Barre e mengulhou e “ pals er uma dé MSP co crepe als sangtenias. Ap6s 20 anos de presenga na Sonia oa priaeeeran em nove cidades do pais, onde ofetecem asset Os MSF preenchem um vazio de servigos basicos de saitde deixado por um Estado inoperante e uma sociedade civil desarticulada pelo caos. Em um pats em que os problemas de satide so enfrentados de forma inefieaz ou insufi- ciente pelos atores governamentais, 0s MSF assumem o papel de protago- nistas no estabelecimento de politicas piiblicas de sade, Ultimamente, com a escalada da violéncia na Somélia, os MSF vém reti- rando do pais seus voluntatios estrangeiros, uma vez que estes representa. constantes alvos de assaltos ¢ sequestros. O elima de inseguranga ver se alas- trando nos hospitais e centros de satide administrados pelos MSF. Desde 2008, mais de 42 pessoas que trabalhavam com assisténcia de satide morre- ram na capital Mogadiscio, vitimas dos grupos armadios. No inicio de 2010, um hospital administrado pelos MSF erm Belet Weyne, no centro do pals, foi atin- ido por um tiro de morteiro. Atualmente, os MSF coordeniama suas ativida- desa partir de uma base de operagées em Nairdbi, capital do Quénia, pats vi- zinho, fazendo treinamentos dos médicos e enfermeiros somalianos ¢ monivorando as atividades com vistas-relampago. Nao obstante a inseguranca, as dificuldades de comunicagao e de logistica, ea escasser de recursos, 08 MSF continuarn suas atividades na Somélia. Bibliografia utilizada para a construgao do minicaso CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY. The World Factbook: Somalia, Publi- cado em 22 de dezembro de 2009. Disponivel em: , Acesso em: 20 jan, 2010. ‘MEDECINS SANS FRONTIERES, Measles treatment in Somalia requires an adapted response. Publicado em 3 de julho de 2009. Dispontvel em: , Acesso em: 20 jan. 2010. ——_. ‘Top Ten’ humanitarian crises: aid blocked and diseases ne- lected. Publicado em 21 de dezernbro de 2009. Disponivel em: ‘Acesso em: 20 jan. 2010. MEDECINS SANS FRONTIBRES. As MSF continues life saving activities in Somatia, Belet Weyne hospital hit by a mortar. Publicado em 14 de ja- neiro de 2010. Disponivel em: . Acesso em: 20 jan. 2010. WORLD HEALTH ORGANIZATION, UN Special: Médecins Sans Frontiéves, res- ponding to emergencies. Publicado em maio de 2009, Disponivel em: . Acesso ‘em: 20 jan. 2010, p. 16-17, 16 = Polticas publicas Questées do minicaso 1, Para debater: as medidas e os programas desenvolvidos pelos MSF na So- malia podem ser consideradas politicas ptblicas? Construa argurnentos com base na vertente estatista e na vertente multicéntrica (primeiro n6 con- ceitual), 2. Para debater: a omissio ou incapacidade de atuagéo do Governo Federal de Transieao (GFT) com relagao a varios problemas de satide da popula ao somaliana é uma politica publica? Construa argumentos com base no debate feito no segundo né conceitual do capitulo. 3, Para debater: a auséneia de uma politica nacional de satide do Governo Fe- deral de Transicao (GFT) implica uma auséneia de politicas dle saride em toda a Somalia? Construa argumentos com base no debate felto no terceiro 16 conceitual do capftulo, 4, Para debater: se os MSF fossem uma organizagtio privada, com intuito de Inero, suas medidas e programas se enquadkariam como politicas priblicas? Debata se € possfvel que organizagdes privadas tenhamn intengoes gerui- narnente puiblicas, 5. No Brasil, medidas e programas focados em resolver problemas piiblicos também sio protagonizados por organizagées nio governamentais. Dé al- guns exemplos. 6. Exemplifque dreas‘temas de polfticas pilblicas ou localidades onde hi um vacuo de atuacHo Estatal nos dias atuais no Brasil, igual ao que acontece ‘coma drea de satide em varias regices da Somalia 1.5 Exercicios de fixagdo 1. Qual ¢ a diferenca entre politica (poltiics) ¢ politicas (policies)? 2. O que sao politicas piiblicas? 3. Qual é a diferenea entre politicas publicas ¢ politicas governamentais? 4, O que é um problema? 5. Oque é um problema puiblico? 6 Quem faz um problema ser considerado ptiblica ov nao ptiblico? 7. Use a metéfora do cabo de ago para descrever os niveis estratéyico, tf- tico e operacional de alguma politica piiblica de seu conhecimento. 8. Dé um exemplo de politica publica na area de satide. 9. Dé um exemplo de politica puiblica na area de educacao. 14. Dé um exeraplo de politica publica na area de seguranca, 12. Dé um exemplo de politica puiblica na érea de gestéo (politica de geste publica nas areas de recursos humanos, financas e orcarnentos, marke- Introdugao: percebendo as polticas piblicas = 17 ting ptbico, govem elete6nico, parteinagdo edad, comprasiicitagbes, accountability, estrutura organizacional, privatizacio, mercantilizacao, relagdes intergovernamentais e parcerias com a iniciativa privada) 413. Dé um exerplo de politica piblica na drea de meto ambiente. 14, Dé um exemplo de politica publica na érea de saneatnento. 45, Dé um exemplo cle politica puiblica na drea de habitago. 16. Dé um exempio de politica piiblica na érea de emprego e renda, 27. Dé um exemplo ce politica publica na area de previdéncia social 48. Dé um exemplo de politica piiblica na érea de planejamento urbana, 49, Dé um exemnplo de politica piiblica na drea de justiga e cidadania. 20, Dé um exemplo de politica publica na érea econémaica (politica moneti- 1a, politica fiscal, politica cambial) 21, Dé umm exemplo de politica piiblica na drea de assisténcia social. 22, Dé um exemplo de politica exterior/relagbes internacionais, 23. Dé um exemplo de politica piiblica na area de cultura e esporte. 24, Dé um exemplo de politica puibtica na érea de ciéncia, vecnelogia e Inovacbo, 25, Dé umn exemplo de politica puiblica na érea de transporte. 1.6 Questdes de miiltipla escolha Assine a resposta correta: 1. 0 policymaker é (a) Quem faz a politica publica (b) 0 destinatario da politica publica (©) Aquele que influencia a politica priblica (@) Aquele que extingue a politica priblica (©) Oanalista da politica pablica 2. Opolicytaker é: (@) Quem faz-a politica piblica (b) O destinatario da politica publica (©) Aquele que influencia a politica piiblica (@) Aquele que extingue a politica priblica (c) O analista da poltica pablica 3. Politica (politics) NAO é: (a) Atividade parlamentar no Congresso Nacional (b) Reuniao entre partido politico e grupo de interesse (c) Reuniao de Cuipula das Américas na Colombia icas eebendo as politicas publicas i 19 (@) Plano nacional antidrogas Ce) Bsquema de “mensalio” dos partidos grandes comprando apoio de partidos pequenos 4. Polftica governamental NAO é: (2) Sinénimo de politica publica (®) Um subgrupo de politica piiblica (©) Emanada do legislativo, executivo ou judiciério (A) Passivel de contestagag (@) Passivel de extingao 5. NAO 6 exemplo de politica piblica (@) Lei antifurao () Programa de privatizacao das estradas federais (©) Protocolo de Kyoto (<) Liguidacao de eletrodomesticos feito pelo comércio pds o Natal (©) Reforma politica 6. Politica publica (public policy) NAO 6 (@) Pruto exclusivo de ator governamental (©) Direttiz, (©) Voltada a resolucao de problema piblico (@ Output de wan processo politico (polities) (©) Orientagao &atividade ou passividade de alguém 7 Quanto & abordagem multicentrica, é corretoafirmar (@) Politica publica ¢ definida em lei ©) Polttica ptiblica é sempre executada por ator -governamental (©) Politica publica é frato da democracia (c) Politica piblica é uma resposta a um problema pibtico (©) Politica publica ¢ sindnimo de politica privads 8. NAO se refere a politica miblica: @) Policymaker elaborou wna recomendagto de atividade © 0 policy. taker obedecen (©) Polécuraaker elaborou uma recomendagao de atividade € 0 poticy- taker desobedecen (©) Policymaker elaborou uma tecomendagio de inatividade 0 pote. Cytaker obedeceu (@ Potieymaker elaborou uma recomendagdo de inatividade e © poti- cylaker desobedeceu ©) Policymaker nao se sensivitzon por un problema Pitblico trazido pelo policytaker $ Quanta & metétora do cabo de aco, é comreto afar: ) Politica publica ¢ apenas a parte extema do cat de ago (P) Politica publica ¢ apenas a “perma” do abo de aco (nivel tatica in- termeditio) (@) Politics publica é apenas o arame do cabo de aco (nivel aperacional) (@) Politica publica ¢ eoerente e simétrica como um cabo de aco (©) Politica piiblica é todo o cabo de aco, e também seus componentes se- parados (pemas ¢ arames) 1.7 Referéncias do capitulo ALIGICA, Paul D., TARKO, Viad, Polycentreity: from Polanyi to Ostrom, and beyond, Governance, x 25, n. 2, Abril, 2012, pp. 297-262 ARRUDA, Felipe, “Trem de graviduce: como chegar a qualquer lygar da Terra em menos de uma hora, TECMUNDO, Disponivel em: . Acesso ett. 12 aio 2012. BACHRACH, Peter, BARATZ, Morton §. 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Managing Complese Networks, Londres: Sage, 1998, Disponivel em: " iaeasbasinesbecssssasnisinsistepecascaizistetonteneiseaisianra Figura 2.1 = Contimuaum do contetido de uma politica. Uma das dificuldades da. tipologia de Bozeman ¢ Pandey 6 que politicas piiblicas podem ser alteradas em esséncia ao longo do cielo de politica pie blica. Uma politica piblica pode, por exemaplo, parecer eminentemente té~ nica na fase de estudo de altemativas, mas se revelar fortemente politica no ‘momento dla tomada de decisao. Bozeman e Pandey (2004) reconhecern que todas as politicas puiblicas contém aspectos técnicos e politicos simultaneamente, No entanto, ert al- ‘gumas politicas puiblicas prevalecem os aspectos téenicos, como politica pa- Dlicas de gestéo financeira (por exemplo, métodos orgamentérios, métodos contabets) ou da informarao (por exemplo, inovagdes em e-government), Exemplos de politicas piblicas de contetido eminentemente politico sao to- das as politicas redistributivas (na tipologia de Lowi) ou as politicas de grupo de interesse (na tipologia de Wilson), nos quais algumas categorias de atores arcamn corn os custos e outras categorias recebem beneficios, 2.6 Criagao de novas tipologias Varias outras formas de classificar as politicas priblicas esto sujeitas & con- sideracio. O analista de politicas publicas pode realizar sua andilise utilizando uma das tipologias jé consolidadas na literatura (aplicagao dedutiva) ou en- to pode construir sua propria tipologia (desenvolvimento indutivo). 0 desenvolvimento indutivo de tipotogias se baseia na eapacitade do pes- uisador ern estabelecer um eritério diferente para a verificagao de-uma variavel ou estabelecer novas categorias analiticas para a classificagao dos fendmenos. Por exemplo, outros critérios que poderiam ser usados para a construgtio de tipologias podem ser 0 grau de intervencao (estrutural versus conjuntural) (Teixeira, 2002), a abrangéncia dos potenciais beneficios (universais, seg- ee 32s Poltticas publicas mentais, fragmentados) (Teixeira, 2002), a ideologia inspiradora da politica pi- bliea, o nivel de isolamento da politica publica em relagio a cutras politicas pii- blicas, 0 prazo de vigéncia da politica piblica (determinado versus indeter- minado) ete. Oanalista constr6l, revisa e reclabora suas varidvels até que elas tenham, de preferéncia, poucas categorias analiticas e com gradagbes/variagdes que sejam mutuamente exclusivas ¢ coletivamente cxaustivas, A vantagem do de- senvolvimento indutivo a “eustomizagao” de urna tipologia mais adequada, 03 objetivos da anslise. 2.6.1 As limitagées das tipologias Como ja visto, as tipologias sao uma estratégia pera trazer simplicidade a fe- nomenos que parecem complexos. 0 uso de tipologias ajuda o analista a or- gonizar seu material (separa o *joio do trigo”) ¢ o ajuda a ter clureza sobre 6s elementos essenciais daquilo que est sendo investigado. No campo das politicas piblicas, o uso de tipologias tem sido muito util para comparagées intersetoriais, comparagées entre niveis de governo e eomparagées inverna- cionais de fenémenos politico-administrativos. A partir do momento em que se consegue comparar coisas aparentemente diferentes, mas que comparti- Tham elementos essenciais, hd maior fertilidade para a construcdo teérica e para a melhora da pratica, Apesar de seus pontos positivas, 6 necessario fazer mengdio as restrigdes quanto a0 uso de tipologias. Essas restricdes ou limitagdes também podem servir como alertas Zqueles interessados em construir novas Upologias de po- litieas publicas. 4, Toda tipologia é reflexo de um reducionismo, e por isso elas so acusadas de descolar-se da realidade, 2. Tipologias que se baseiam em variaveis qualitativas podem levar o analista a desconstderar 0 “meio-termo”, visto que muitos fenémenos sao quanti- tativamente diferentes, mas qualitativamente parecidos. 3, Tipologias raramente conseguem abranger categorias analiticas mutua- mente exclusivas e coletivamente exaustivas, Ema outras palavras, as ve- 2e8 umn caso ndo consegue ser classificado por no possuir as requisitos das categorias de dada tipologia, as vezes um caso pode ser classificado em mais de uma categoria analitica simultaneamente. Tipos de politica pablica = 33 2.7 Minicaso: Raposa Serra do Sol® Em uma regio que abrange os runicipios de Normandia, Pacaraima e Uira- muti, no estado de Roraima, esté localizada a area conhecida como Raposa Serra do Sol, Essa drea foi palo de tum dos mais longos e eonturbados pro- cessos de demarcacao de Terra Indigena (TD) da histéria do Brasil. Em 2005, o presidente da Repiiblica homologou a Raposa Serra do Sol como Terra in- digena e, em 2000, 0 Supremo Tribunal Federal (STF) sentenciou que 0s fa- zerdleiros cultivaciores de arroz.deveriam deixar a regigo, para que grupos in- digenas, como os Macuxi, Patamona, Ingaricé, Taurepang e Uapixana, pudessem continuar vivendo tranquilamente em suas terras, Contextualizagao histérice A Raposa Serra do Sol encontra-se no nordeste do estado de Roraima, em uma extensio territorial que abrange as fronteiras de Brasil, Venezuela e Guiana. Desde o fim do séeulo XIX, j4 existem registros de aquisicao de pro- priedade por parte de nao indios para fins de colonizagao e ocupacao na re- giao de Raposa Serra do Sol. A vegetagdo dessa regiao é 0 Cerrado , por causa do calor equatorial e da presenga abundante de rios e igarapés, € pro- picia & agricultura, Figura 2.2 - Mapa da TI Raposa Serra do Sol. Fonte: Instituto Socioarsbiental, 2006. © Agraceco a Jliana Giraldi, Lais Muraro, Mariangela Santos e Renata Brizolera, acad®- micas do eurso de Adainistrasio Piiblica da Bsag/Udesc, pelo texto-base e parte das re foréncias que serviram para a construgdn deste minicaso. 36 = Politices publicas entdo comprometida a argumentacdo de vinculagaio hist6rica dos colo- nos brancos; = com senso de oportunidade, muitos imigrantes brancos vierarn para a Ra- post Serra do Sol com a expectativa dle receher indenizagdes, e nao corn o objetivo de desenvolver economicamente a regio, A Funai e 0 governo federal também se mostraram historicamente vin- culados & causa de demarcacao de Tis. A Funai a autarquia federal res- ponsével por realizar estudos técnicos sobre as populacées indigenas, pro- teger as Tis, além de promover servigos basicos para os indios, como educacao, satide ¢ assisténcia. A atuagio do governo federal junto & causa in- digena se intensificou a partir de 1993 e, em 2005, a homologagio da Raposa Serra do Sol como TT continua foi um dos passos mais evidentes em favor dessa causa, 0 periodo pés-homologagéo Homologar uma TI é 0 momento simbélico de tomada de decistio em termos de politica publica. O perfodo pés-homologacao, ou seja, a implementacdo dessa politica piiblica, é que vai dizer algo sobre a efetividade da agao. Ao Instituto Nacional de Colonizacio e Reforma Agraria (Inera) foi dada aatribuigdo de fazer o levantamento das terras ocupadas por néo tndios e das Denfeitorias realizadas sobre essas terras, para fins de pagamento das indo- nizagtes, bem como para promover os reassentamentos, Policia Federal, com 0 apoto da Policia Rodovidria Federal, montou ope- rages especiais (denominadas Upatakon, que significa “nossa terra” na lin- gua macuxi) com o objetivo de evitar conflitos entre indios, e entre indios € agricultores brancos, a fir de viabilizar os reassentamentos fora da TI ‘Mestno com essas tentativas, as animosidades nao cessaram: a sede da Pu~ nai fol Invadida por representantes da Sodiurr, padres vinculados ao Cini fo- Tam sequestracios, professores universitarios vineulados & eausa indigena so- freram perseguigiio ¢ os mais diversos incicentes ocorreram entre indigenas ligados ao CIR e indfgenas ligados ao Sodiurr e rizicultores. Vendo que a situagao poderia piorar, em abril de 2008 o STF mandou sus- ender todas as aperagées de retirada dos niio indios até o momento em que agdes contrérias & demarcacao fossem julgadas. O julgamento das ages ocorreu até 0 dit 19 de margo de 2009, quando o STF decidiu por dez votos um que Raposa Serra do Sol deve ser terra da Unifio para usuruto exclu- sivo e continuo dos indigenas, Coma decisio, o STF tambérn emitin um conjunto de 19 restri¢des ao ust {ruto das terras, prescrvando o livre acesso das Forgas Armadas as TIs, ano- cessidade de autorizagio do Congresso Nacional para aproveitamento dos re- cursos hidricos ¢ potenciais energéticos por parte dos indios e a protbigao de cobranca de pedigios ou tarifas por parte dos indios com relagao ao acesso As estradas dentro da TL Tipos de politica piblica = 37 Como ao longo de sua historia, as duas vertentes antagdnicas também se cristalizam no perfodo pés-homologagao ¢ influenciam as interpretacées s0- Fe 0 sucesso € insucesso desta politica. . “Aqueles que sublinham os insucessos relatam situagées de indenizagdes injustas para os rizicultores, aleoolismo dos indigenas, ¢ migragtio de farndias indigenas desempregadas para bolsdes de pobreza na periferia de Boa Vista. Jd aqueles que torceram pela efetivacao da TI Raposa Serra do Sol, co- memoram ganho da autonomia dos povos indigenas, a criagao de progra- mas de gestio territorial e ambiental adequados aos fndios, e acusam 0s ri- icultores de contirmarem a perseguir e ameagar 08 indigenas que hoje vive na Raposa Serra do Sol Bibliografia utilizada para @ construg3o do minicaso BAND. Jornal da Band traz dramas da fronteira, Jornal da BAND. Publicado em 13/07/2011, Disponivel ema: . Avesso em: 26 maio 2012, COLLITY, R. STF confirma demarcagao continua de Raposa Serva do Sot Disponivel em: . Acesso em: 5 jan. 2010. CONSELHO INDIGENA DE RORAIMA. Brasil repara parte da tmenses dé vida que tem com os povos indégonas. Dispontvel em: . Acesso em: 5 jan. 2010, CONSELHO INDIGENISTA MISSIONARIO. CIMI apoia a tuta dos énchige- ‘nas em Roraima, Publicado em 16/05/2012, Disponivel em: , Acesso em: 26 malo 2012, FUNAI, Funai e organizagdes pactuam gesto em terras indigenss em Ro- raima, Blog da. 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Para debater: divida a classe em dois grandes grupos, um com a ineum- béncia de defender e o outro com a incumbéncia de condenar a hemolo- gacio da Terra Indigena Raposa Serra do Sol. Cada grupo deve utilizar ar- gumentos histéricos, econémicos, juridieos, socioculturais etc. Podera ser utilizados argumentos jé apresentados no minicaso ou navos argumentos derivados de pesquisa ou da inspiragao dos alunos. 2.8 Exercicios de fixagdo 1. O que sto objetos de estudo, varidvets ¢ categorias analiticas? 2. Para que servemn as tipologias? 3. Qual € a diferenca entre politicas distributivas ¢ politicas redistributivas? Tipos de politica publica = 39 4, Desereva um exeraplo de politica regulatoria (Lowi, 1964) criada pelo po- der legislativo do seu municipio, 5, Desereva um exemplo de politica empreendedora (Wilson, 1983) defen- «lida por umn politico de seu estado. 6, Descreva um exeruplo de politica de audiéncia (Gormley, 1986) que tenha sido motivo de grande repercussao na mudia nes itimos anos. 7. Descreva um exeraplo de palitica simbslica (Gustafsson, 1985) defendica por algum politico pouco preocupado em ver o problema realmente solu- cionado, 8. Descreva um exemplo de politica de cardter eminentemente téenieo © ou- tra de caréter eminentemente politico (Bozeman e Pandey, 2004) na rea de gestao da organizagdo em que vocé trabalha ou estuda. 9. Construa uma tipologia, com variiveis e categorias analiticas, para dis- tinguir contettdos de politicas publica. 2.9 Questées de miiltipla escolha Assine a resposta correta: 1, Bexemplo de politica distributiva (Lowi, 1964; 1972; 1985): (@) Lei de reforma politica que institui o voto distrital (©) Lei que profbe Fumo emt lugares fechados (0) Isengio de tributos para um setor industrial (@) Reforma agréria que expropria terras improdutivas a favor de traba- Madores sem-terra (©) Lei de Gérson 2, E exemplo de politica redistributiva (Lowi, 1964; 1972; 1986): (@) Leide reforma politica que institu o voto distrtal (b) Lei que profbe fumo em lugares fechados (©) Isengdo de tributos para um setor industrial (@) Reforma agréria que expropria terras improdutivas a favor cle traba- Thadores sem terra (©) Lei de Gérson 3. E exemplo de politica regulatéria (Lowi, 1964; 1972; 1986): (a) Lei de reforma politica que institul o voto distrital (b) Lei que proibe fumo em lugares fechados (0) Isengio de tributos para um setor industrial (@) Reforma agriria que expropria terras improdutivas a favor de traba- Ihadores sera-terra (©) Lelde Gérson 40 = Polticas pablicas 4 Bexemplo de poltica constitutiva (Low, 1964; 1972; 1985) (@) Let de reforma politica que institui 0 voto distrital (b) Lei que protbe furno em lugares fechedos (©) Isencao de tributos para um setor industrial (a) Reforma agrétia que expropria terras improdutivas a favor de traba- Ihadores sem-terra (©) Lei de Gerson 8. Politica empreendedora 6; @ Aquela om que 0s eustos sto concentrados e os benefelos sao cot centrados (B) Aquela em que os custos sto concentradas e os beneicios slo difusog (©) Aquela em que os custos sio difusos e os heneficios sto difuses (2) Aauela ern que 05 custos so difusos e os beneficos suo concentrados (©) Subtipo de potitica de desenvolvimento, volada para a abertura de no. vvas empresas 6. Politica majoritaria ¢: (@) Aquela em que 05 custos sao concentrados ¢ os benelicios sao con- centrados {®) Aquela em que 08 custas so concentrados e os benelicis slo difusos (©) Aquela em que 08 custos sio difusos e o3 beneficios sio difusos (2) Aquela em que os custos si0 dlifsos ¢ os beneficios s2o concentrados (©) Aquela que fol votaca e aprovada era regra de maiora staples (eve +2) 7.8 exemple tpico de pottca de “sala de reuniGes" (Gomnley, 1986). (@) Regulamentacéo de percentuais tolerados de ghiten nos biseoitos (©) Regulamentagao de aborto de fetos anencéfalos (e) Proibigéo dos bingos em territério nacional (2) Programa de transferéncia de renda para pessoas atingidas pelaenchente (©) Lei de restrigoes a liberdacie de expressdo dos jornalistas ¢ meios de comunicacio 8. Politica simbélica é: (@) Relacionada a temas como hino e hasteamento da bandeira nacional (b) Blaborada por politico de grande expressiio nacional (©) Blaborada de forma urgente (@ Blaborada mais para “fazer de conta”, co que para resolver o problema piblico (©) Aquela que serve somente como experimento (ver se funciona na pratica) 8. Quanto a tipologia de Bozeman e Pandey (2004), 6 correto afinuar ©@ As politicas de contetido téenico sao decidicias por teonioos (©) As polticas de contetido técnico so decididas por politicos Tipos de poltica publica » 41 (©) As politicas de contetido politico so decididas nor politicos (@) As politicas de contetido politico sio decididas por técnicos (e) As politicas contém simultaneamente aspectos téenicos e politicos 2.10 Referéncias do capitulo BOZEMAN, B.; PANDEY, 8. K. Public management decision making: effects of decision content. Public Administration Review, v, 64,1, 5, p. 559-505, 2004, GORMLEY Jr, W. T Regulatory issue networks in a Federal system. Polity, v.18, 1. 4, p. 595-620, 1986, GUSTAFSSON, G. Symbolic and pseuclo policies as responses to diffusion of power. Policy sciences, v, 15, n.3, p. 269-287, 1983, LOWI, . J. American business, public policy, case studies, and political theory. World Politics, v. 16,n. 4, p. 677-715, 1964 Four systems of policy, polities, and choice. Public Administration Rewiow, v.32, n. 4, p, 298-310, jul-ago. 1972, LOW, T. J. The State in politics: the relation between policy and adminis- ‘tration. In: NOLL, R. G. (Org.) Regulatory policy and the Social Sciences. Berkeley: University of California Press, 1985, p. 67-106. OLSON, M. A logica da acto coletina: os beneficios péblicos ¢ uma teoria dos grupos sociais, Sao Paulo: Edusp, 1999. TEIXEIRA, B. C. 0 papel das politicas miblicas no desenvolvimento lo- cal e na trensformagao da reatidade. Working paper (2002). Dispontvel em:

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