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Nasonatcee = Culms ad aban Renato Ortiz Cultura brasileira e identidade nacional 1 eaiggo 1985, 28 otiso beasiiense ol Copyright © Rena Ore ‘tore Basin Revise: “oe W.S. Morset . Tea. Andrade ip Editora Bresilianse S.A. General Jr, 120 01223 ~ Sto Pao — SP Fone (031) 29-122 indice: Inteodvgzo F ‘Memériacoletivae sincrtismo siento: as torts ra ‘ais culo XIK B ‘Daraga cultura: a mostigagem so nacional 6 Alienago e cultura: o ISEB 6 ‘Daculturadeslionada&culturapopuler:0CPC da UNE 68 Estado autoritirioe cultura <--.e--ecese+2 oa Estado, cultura popular eidenticade nacional nt Biliogafia ethane +48, A descobert: Seguimos nas amino por este ma longo Ataoten dec ee ‘opamos oes Bhowremor vita dete (Pero Vaz 6 Cains, Posi Pew Bras) Introdugaio___ Oem da cultura brasita eda identidade nacional & ‘um antigo debate que se trava no Bras. No entato, ee per Janeceatual até je, comsluindo uma espéce de subsolo ‘sraturl que aimenta toda a diewssio em forno do que € 0 fiona, Os diferentes autores aue tém abordado 8 questo Concord qu seam difererss de outros povos ou pls, Sjam cls europeus ou nore-americanos. Neste sentido, er flea que os intelectuai do seul XIX faiam & "cOpia” das idéias da mettpole € ands vida para os anos 60, quando se buses dagaosticarsexsténia de ume cultura alienada, im portada dos pases centrale, Toca identidade se define em re Taco a algo que Ihe ¢ exterior, la € uma diferena. Poderia: mos nos pergunta sobre o porqu® desta insstncia em bus ‘armos uma identidade que se contraponha wo estrangeir, CCeio que a resposta pode set encontrado fato de sermes tum pals do chamado Tereeiro Mundo, o que significa dizer tue pergonta € ma imposicloestutural que se coloca partir da propria posio damizada em que nos encontrammcs fo sistema internacional. Por so autres de trades die Tents, epolticamente antagéicos, se encontran, a0 se for ular resposta para o gue seria uma cultira nacional Porém, a identiade postu ainda cms outra dimensto, que € ‘nt. Dizer que somos dfeentes nao bast, € necessirio Am ‘mostrar em que nos identiieamos. Este & 0 ponto polémico, 0 divisor de Aguas entre autores como Gilberto Freyre © AWaso Vieira Pinto. Se existe uma unidade em afirmarmes que Bras “stint” dos outros pases, o eonseno eth longed se estabelser quando nos aproximames de uta pose defi igo do que vira a sro nacional. (© objetivo deste livre retomar as diferentes maneiras como idontidads nacional ea cultura brasileira fram const Geral. Minha preocopagio iniclal fol a de compreender ‘como a ques eltural se extruturaatulmente no interior de uma Sociedade que se organiza de forma radialmente distin do passado, pois, na medida em que o apitlimo stings no. vas formas de desenvolvimento, tem-se que nos tipos de ot- ‘zaizapo da eultura so implantados, em particular a partie. tte meados ds anos 6D. Dentro dese context, qual o signifi ‘ado da nogio de cultura brasileira? Qual 0 sentido de uma iemidade ou de uma meméria que se querem nacionae? Eo- ‘am esas perguntss, que estiosubjacenter no texto, ue mie ‘tentarem, inclusive no estudo relativo ace intelectuais dof nal do séeolo XIX. De cera forma, 0 passado se apresentata ‘ara mim como ume maneira de se conhecet entender me- Ihoro momenio presente. Neste sentido & interessante rexsal: tar que a problematica da cultura braiera tem sid, © per ‘maneee, até hoje, uma questo politica. Como oeitor poder petecber, eu procure mostar que a ientidade nacional esth profundsmente igada a uma rintrpretato do popula pelos tup0s sociis e & propria construgio do Estado brasileiro, Mas, ao colocaro debate deta desta perspective eu tive deenfreniarum problema que se trnos clisico na diseussto ‘a cultura brasileira: de sa avtenticidade. Como veremoe to itimo capitulo, creo que €0 momento de recoabecermas ‘que toda identidade € ume construgto simblica (a meu ver _ecesiria), 0 que elimina portanto as dividas sobre a vera: dadleonafalsidade do que éproduzido. Dito de outea forms, ‘iiocaisteuma identidade auttatca, mas uma plaralidade de _entidades,constaidas por diferentes grupos sociis em ile: ents momentos hstrios. O “pessimism” de Nina Rod ‘Bue, 0 “otimismo” de Gilberto Frere, 0 "proeto" do ISEB ‘so as diferentes faces de uma mesma discuslo, a da relagio centre cultura e Estado. Na verdade, falarem cultura braseca (falar em relages de poder. Quando os intletasis do ISEB. fram, por exemplo, que nte existe um pensamento brasi- fel anterior ao modernism, oque de fat cls ext fzendo G introdsir um corte arbitréro na histria. Elesseleconam, fmt evento para orietar policamente uma Tate ideoliea frntra im outro grupo socal, que até eno postuia © manor plo da defingao sabre Ser nacional — os intelectual tra: Gilonas, Nao resta divida de que oertudo dos esrtores Go ‘eulo XIX mostra a exstncia Je um pensamen’o autSctone, ‘rai, O que me ascusta €0 seu carter profundamente ‘conservador. Na verdade, a Iuta pela definigho do que seria ‘uma dentidade autEnsca € uma lorma de delimiter as from ‘eiras de uma politica que proura se impor como legis, CColoear x problemdtica desen rma 6, portato, daet que triste uma htrla da idenidade e da cultura braseia que ‘orresonde aos interesses dos diferentes grupessciais nas Felagio com o Esta, ‘O queoleltor encontrar nes captuos que seguom éuma teatatva de tabathar a problendtica da manera que exp ‘itamosanteriormente, O iro, no entanto, afl escrito Por fm historiador. Nao me preecupel, por exemplo, em estabe- Tecer uma perodieagd, on ainda em eagotar es miltiplas de. finites que exstem sobre 0 nacional. Tenho consiencia de fue este trabalho poder ser realizado com mor sucesso por historiadors pofissonas, O que fz fol procurer compres ero assunto dentro de uma dia diferente da qual ele € he Ditualmente discutido. Se hisria se encontra presente na discuss, endo podera sor do outa forma, eo part da An ‘opolori,e inter virios concits como de “sincretiso" “meméra coletiva", “mite”, sinbolo", em minhae ands sobrecs autores nacionis. De alguma manera procure Ios ome Lévi-Strauss "eu" os mites primtivos. Nao que a and- lise propost sea estruturlista, mas, 0 tratar os divers di. cursos sobre o Brasil recuperl toda uma corente da Anto- pologia ques iniia com Durkteim e Maus em seus estados ‘Sobre as eateponas de clasifieagae primitive, e que desapva fom autores tals rventes como Vitor Turner Cited Geertz Por outro lado, me vali também para Mauss, culo 0p nas, 3 Be Nes Mas, oop 6S he ‘conceito de totalidade me auxliow em muito para entender & ‘questo do nacional e sua relagto com o popular. Nuo me ‘rooeupel, porém, om realizar toda uma discussho teri {es da utilizagio dos conceits. Opie! por nko sobrecaresst fem demasia o texto pls podria perder de vista o proprio as. Shuto que ur proponha tata, Fea nesta atrauci wana Dida observasto para olitor, 0 que Ie permite siuar 0 pen Sameato do autor dentro de un quadro mais abrangeate Mas, seme volte para a Antropoogia na busca de novos horiontes, forme nesesiro sar dela ao trata da probe tica da cullura brasileira. A Antropologia Clissic, ao se ocu par das sociedadee primitives, dea de lado, ov minimiza, tama série de questes que sio erucais para o entendimeato {as sociedades Industrlizadss, Estado, ideclogi, hegero- a, inelectuss sto femas que erescem 2 sombra do pensa ‘mento antropolégico mas que ccupam uma posigao de dest {que em outos setores das Cifacis Socas. Por isso o antro- pblogo de alguma maeira deve "dstorcee™ os eoncetos © ‘ombini-los a um quaéro de anlise que ibe permita pasar para o nivel socildgin. Eis qe possbltaconerr a0 pen amento uma maior sbrangéacla ao mesmo fempo que se pode tnxergar realidade soil politica com novos clhos. N20 trelo que essja propond® com isto uma leitra eclitice de autores de tradigbes diferentes, simplesmente sou daqueles {que pensam, como Mars e Durkheim (dixando de lado sua Inclnagio positivist), que slo tinues as fronteiras entre os campos de couhecimen', epreferem buscar o entendimento ‘du sociedade dentro de uma perspectira glob ‘Uma iltima palavra. Os estudos aqui reunidos resltam de pare das discusses realizas pelo Grupo de So- ‘fologa da Cultura ligado &Associaedo Nacional de P6s Gra ‘uagio e Pesquisa em Ciéncas Socais. Os viros encontros ‘ue fizsmos para tratar do problema da culture brasileira sontribuiram em muito pera o amadurecimento de minhasre- fortes Fvidentemente seroma sresponesbldase peas pos (bes que pssoalmente lomo ao longo de minh andises, mas Sag, Pre PUF nares. 2 voi. Sree ae Car iy OE Ga Mims Z . £ i . i sinceramentegstaria de agradecer aos colegas que me prpi Eran roportunidade de fazer com cles este debate. Prefiro fio eit os nominalmente nesta introdugto, pos sio muitos, Tiss se eneontram neste vr to corpo do feo, nas notas Getsertnciac a bibliografa sobre 0 siounto que procul froanizar para oleitor. Pampulha, 21 de agosto de 1984 Memiria coletiva e sincretismo cientifico: as teorias raciais do século XIX* O que surpreende o tetor, a0 ¢retomar as tcoras exp ‘ativas do Bras, elaboradas em fins do seo XIX inicio do Séctlo XX. éa sia implausibilidade, Como fi possivl a exis. tEncia de tis interpreagces,e, mais ainda, que ela enham se tleado ao status de Cidnias A reletra de ivi Romero, Eu- slides da Cunha, Nina Rodrigues éesclarecedora na medida fem que revel sia dimens2o a inpiausblidade esprofanda ‘nossa surpresa, por que nao um eo mal-esta, una yer que esrenda nossisorigens. A questo racial tal como fol calo- ‘ada pelos precursores das Clncis Sociis no Brasil adguite anerdade um contorno claamente racist, mas aponts, para lem desta constatagio, um elemento que me parece signif ativoe constante na histéria da culture brasiira: a probe ‘asics da identidade nacional. Gostara de tecer neste cai fuloalgumas reflexds em torno da relagdo entre questo a. Gale identidade brasleira, Acretto que priviegiando um ‘momento davis cultural podorel aver spreender alguns a Decios mais gerais das difereats orias wobre cultura bas. ira, ‘Tomemos como objeto de esudo alguns autors, somo Sivo Romero, Nina Rodrigues c Eucides da Cusha, staes (9) Ptcoto ce Canoe CERU17, 2 otha nfo é arbitra; ela privilegiajustamente 0s trios {ue sto considerades, «com raz, os precusores das Cién- as Socias no Basi Oestatute de precursor reels a posigdo ddesses autores que na vrada doséculo se dedicaram ao estado ‘onoreto da sosedade braslia, sja analisando nas man festabes lterdras, sje conidorando as tredigbos afcanss ‘of movimentos mesianicis. O discurso que canstuiram possibiitow o desenvolvimento de esolas posterior, como porexemplo s escola de antopologa brasileira, que, vineul 4a eos ensnaments de Nine Rodrigues, adguite com Arthir [Ramos #configuragio defiitiva de cignca da cultura, Neste seatido, ive Romero, Nina Redrigusse Eucides da Cunha ‘dem zr tomados como produtores de um discurso para tito do periodoem que esceven, tn tna a vantage de ‘Podermos consideri-lo como dscutso cetiieo, oaue de uma ora forma eicarece as orgens das Ciencias Sociais bres Teas, ‘ho se referir a0 declnio da hegemonia do romantismo de Gongalves Dias ¢ José de Alencar, que podemos situar om toeno de 1870, Sivo Romero arola un lista das teorias que ‘eriam contribuido para superagio do pensamento romta tico”Deatr ela, ets tveram um impacto real junto ail Uigensia brasileira: ¢ de uma certa forma deliesram olin: ‘es no interior dos quls toda & produgao teren da epoca se ‘constituiso positvismo de Comte, 0 darwinisme socal, 0 eve Iucionisme de Spencer. Elaboradas na Europa em meados do scl XIX, essas teoras,ditintas entre, podem ser con Slderadas sob um specto nico: da evolu histérica dos povos. Na verdade, o evolucionismo se propuna a encontrar ‘om nexo ene as diferentes socidades humans ao longo da Tistiia; aceltando como postalado que o “simples” (pores rimitivos) evlui naturalmente para 9 mais “complexs” (30: Cedaes ccidentais),procursra-eextabeleer as leis que Pre Sldviam o progress das cvilzagde. Do ponte de itn pol fico, tems que ¢evoluionisme vai possblitar& lite eur pid uma fomada de consciéncia de seu poder que se conse: Tiga com a expansto mundial do capitalism, Ser querer re oun So Rome tin an ant on, Re ae, gurilo a uma dimensto exclusiva, pods dizer que evlucio- Guth em parte lgtima ideolop-amente a posigdo hegems- Rice de mundo oeidental, A “superiordade” da cvllzagao Bitnptl lornase assim dccorone das es naturals que orien fhulam a histGrs dos povos. A importagio™ de wma Teoria {Bernatorera nao deta d coca probiemas para os Inte Ibelunsbraslios, Como pensar a realidade de uma nagzo mergente no interior dese quo? Aceiar as teorias evolu ‘Sorina implicava analisarsea eoloeHo brasileira sob as hu fs das interprtagtes de uma histria natural da humani- fade; extgio ciilzatrio do pais se encontrava assim de imediatodefinido como “infrioe” em relagao &ctapa alcan- ada pelos pales europous, Taras se necesario, por iso, ex- Dlicaro "atraso" brasileiro” e apontar para um futuro pro- imo, Ou remot, « possibilidade deo Brail e constituiren- quanto novo, iso 6 como nagto. O dilema dos intelectuals tlsiaépoce & compreender a deasagem entre teora e rea dag, oquoso consubstancia na emstruclo de uma identidade ficial A intrprctacto do Bail pasa necessariamente por {Ssecaminho, dat a nase no estudo do “eariter nacional”, 0 (que em illima instancia se repotava 4 formacto de um Es fade nacional. O evolucionisme fomece 3 iniligentsia brash Tera 0s coneits pare compreesio desta problematica; Do rim, na medids em que a realidade nacional se diferencia da uropéia, tense que ela adguireno Brasil novescontornos © Deculardades. A especfcidads nacional, isto, ohiato entre feorine sciedide, + pode ser compreendiga quando comb nado outros cncelcs que permitem consierar o porgu® do *ateaso" do pals. Seo evolucioismo torza posse! a com- ‘reensto mais pra das sociedad humans, necessrio po ém completé-lo com outros argumentos que possbiliter o niendimente da especfcidade xxil. O peasamento brash Teo de epoca vai encontrar tis argumentos em duas nocoes particule o meio 2 raga (Os pardmctoe rasa e melo fondamentam o slo eis ‘molgic dos intelectuas brasleros de fins do séeulo XIX e Inicio do séeuo XX. A interpretagto de oda a hstria brai- Ieira excita no periodo adquie sentido quando relacionada a sss dis coneeioschaves. NBo é por acaxo que Os Sees ttre com doi longose eansativoseaptus sobre a Terra 0 Homem? Sivio Romero, jem sous primeirosestudos sobre 0 folclore,dvidia popelagio brasileira em habitantes das ma: fas, das prainac marge do rho dor certo,» dar cidade ‘Nina Rodrigues, em suas andlises do dirit penal brasliro, tece inimeras consideragbes arespeito da vinulagdo entre a5 faractereias paiguless do homem e sua dependéncia Jo Incio ambiente? Na realdade, melo e raga se constitulam em nteporias do conbecimenta que dfiniam 0 quadro intcrpre- fativo da relidade brasileira, A compreensto da nature, dr acidentes geogrfios osclareca asim os proprios fen tenor econdmico politico do pals. Chegavase, desta for- ta, considrar 0 meio como o principal fator que teria in fiuenciad a leila industrial eo sstoma de impostos, ov inda que feria sido elemento. determinante na cragio de tims economia eseravagita, Combinada aos efits da raga, & {nterpretagio se completa. Aneurastenia do mulato do litral sccontrape, assim, 4 igider do mestio do interior (Eucldes ‘Cunha apain do mamelico amazonense revela os ta ‘ts deum lima topiel gue o ornarlaineapaz de aos prev- Sentes¢ racionas (Nina Rodrigues). 4 histria brasiira €, ‘esta forma, apreendida em termes determinsts, cima & ‘ica explieando a atureza indolent do brasileiro, a6 mani= {slags tbs einsoguras de elite intelectual o lrismo quen- te dos posta da terra, 0 nervsismo e a sxualidade desen- freada do mulat. ‘Ocvoluclonisme se combina, assim, a dois coneits-cha- ves que verdade tm ressondncia linitada para os tericos tarepeus, No ena, so fatores importantes para os ite {uals braslees, na medida em que exprimem o que hit de ‘specifien em nossa sociedade, Quando se afirma gue Brasil ‘Mo pode ser mais uma "cpa" da meteopoe, est subente- {ido ave a norieularidad nacional se revelaatanés do meio eda raga. Ser brasileiro significa vver em wm pals geogat aments diferente da Europe, pooado por uma rag distnta Geuropsia Sivo Romero campreendeclaramente esta si nario quando considera o melo ea raga como "ators in- {eenoe" que defiiriam a fealfade braslie." Ele val con rpirios te "forgac etranhae sla, as inflcias estan ota: que possbltam uma "initagao” da cultura europdia” Rieioe aca tradozem, portano, dois elementos imprestin {ire part consrugio de oma idenidade brasileira: 0 na onal eo popular. A nog de povo se ldemifieando& probe- fndtica nic, it 6,20 problema da constituigao de um povo fo interior de frontiraedeimiadas pela geogafia nacional ‘Consideremos brevementea problemética do meio. Uma Interpetagio do araso brasliro, corrente entre 0s ineec tis da época, do historiacor ingles Buckle. Ao procurar nus arealidade brasileira 2m contraposigao & cviizacio furepéi, Buckle etoma as penpewivas de outros autres que usemarn entender a evolugie histrca do homem. Basie ‘mente, o que se propunha era rneular o desenvolvimento das veggies a alguns fates como calor, umidade, feriidade fa tere, sistema fluvial, Em pinipo, terfamos que todas as lias teriam evlvido a partir deses elementos de base. Surge portm «perpunta: seo Bra contém esses elementos Funvdamenais, qual arazao da nexisténcia de uma cvizago esta parts do mundo? A resposta, perl, mas convincente ars o momento, ea simples: por causa dos vents ais. Segue-se toda ume argumentasto elimatoigica que procura [sien araco brasieiro attarés deste elemento conunts fal, os ventas alisios, Results dessa interpretagao um quadro centuadamente pessimista do Brasil, onde a natureza su: planta © homem, a cultura européia tem difioldades em se fnralzar, 0 que deteinariao extiaio ainda bacbara em que permanece oconjunto da populagao brass Silvio Romero seta a interpretacio de Buckle mass considers incomplet, Se prupoe por iso. sprimora-ta com um extudo mals deta Thado do meio e parcularmente rsiasionando-o questo ra ‘al. A posipo €idémien em Eucides da Cunha © Nina Ror Argues. Astriieas ques intelectuas fazer & toras de Bu ‘ile se referem simplesmente aos exageros, a0 pouco comer: mento que 0 autor inglés inka do Brasil. Elasndo focam, no fnlanio, a substincia de seu pensamento; exita-se, sem ne hm conhesimento ertieo, 0 argumento do mio come fur Dod como un diema Se por un lado ¢ urgent elabora {6 de una cultura best, por outtoeobsera que esta se fovea como inconscents. Vinee que a cengn no deer flim provid pelo mo ainbiente desernboca mus pers Deca pessimist em felgao 3 possbiidades bra at Gonsiderages parti das eri aca vigntes io agravar {Ste quadro ainda mais, O mestgo,enauanto produ do cu amen ere raga deiguais, eer, para 0» autores da poco dello tara transitido pela heranva bilo, Asati, a imprevidenca, 0 deseqirio moral emicletul, Incoctisténciasriat dese forma qualidade natura 00 | lemento brasileiro. A mestigagem simbolicatraduz, assim, ‘ealidade inferiorizada do elemento mestigoconcret, Denteo ‘esta perspectiva a miscigenagdo moral, intelectual eraial do Dovo brasiiros6 pode exist exquanto posibiidade.O ideal Iacional €na verdado uma winpa ase realzada no futro, ‘u sea, no processo de branaieamento da socedade brasi- Heirs, En cadeia da evolugdo socal que podsrio sor elim Dnados os stigmas das "raga inlerors", 0 que poltcamente Soca aconstrusto de um Estado nacional smo meta © a6 ‘imo realidade prevent ‘Uma interpretacio dissidente ‘Ao estudar as dias racists que influenciaram a elite intelectual brasileira, Skidmore propoe uma periodizagzain- (Gresanie do piedominio dessus Ideas. 1888914." 0 pe Flodo demarcado corresponderia hegerionia de um determi ‘ado tipo de pensamenta que definira uma inellgentsia bra Sileira ole constituiria 0 que Sartre denominow o Espirito da poca. 1888 € a data da Abolicio da escravatura, mas repre fenta também, partloularmento para nés nest ensaio, © me- ‘mento de publiagso dt obra mertra de Sivo Romero Hits ‘ia do Literature Brasileira. 1914 simbolzao inicio da Pr incira Guerra Mundial, isto é, a emergénca de um esprito ‘acfonalista qveprocura se debvenclar das torias racials e lmbientaiscaractersteas do inicio da Repdbica Velha. E Important sulinhars uieidade de wm determinado tipo de ponsamento que prevalece jt acy ineletuas brasileiro. Nina Rodrigues escrove em fins dos anos 90 e inicio do séeulo, uetides da Cunhe publiea Os Sees em 1903. Entetanto, este mestio ano, Manel Boni excree em Pars América atin: Males de Origom,'*O listo rtoma a mesinaspreseu- pages dos autores estidados, a questo nacional, mas 0 7o- freto-do Brasil obido contrastavivamente com 0 anterior. CConsideremos as iia mestra qu orietatn 0 estudo de Ma ‘el Bonfim, eas nos permitirn colcar algumas questbes ngularesarespeito da histria da cultura brasileira "Manel Bonfim se insee no interior dos grandes marcos «we delimitam as fronteiras do pensatpent da epoca — Cor te, Darvin, Spencer. Noentanto, sua ntorpretagae desses a fores € sul generis se opoe Bs combinagbes Brasileiras que bsorsem o evlucionsmo aos parimetos da raga e do meio. Na verdade, Manuel Bonfim se aprorima algomas vezes do positsmo durkheimiano, cujainspiaydo se encontra na teo- ‘in bislgien do social deschvalhida por Avescta Comte, Vode Ip ote @ alr procs apna "na da A ca alto Bre neta ere Oem Ree ar pein rests cams einen atest ore sienitcs basics smente ence enquano pate de un Se tetas raneznteo Gx Artic atin, Manvel Dt ame vit tcoscnaita que ao exons coe Stn ns ctor sre brace da pce, Nee ee ncboslvervees oes meric pa Head pra pa prgutars eo Bal eque ne Peta crpcho ds tances are ness Latina ¢ Ee BP, crreessao Goats ain american ria sin Sienna nrmeereeaionre ne Mopedene, Pace creue a pnche pecan Am $2 tals, Mani oniim sre ors se Cont, mas Fine parca sun compari ete a socedae © Peat pon Sou incites iin poe er is eres droge pnt 1) arsed ert Shoo cranianossimlaes os olga: exami or ln uc crersnam s vty) «alse denon Huds dapeace do mio em af combloada som seu pax Si" Emecesro observa Guo eeucninmo de Manuel Bonin sere meno capt Sat scledade oe unt flo Comte, gu enlatnn «ened do socal eageanto retin Wlok Ase da elt cee, tim, sae ice bepcns,cesocasvoenoqeevuloista no tetas a rogcia ie Comte qu desc s analog ete Soca de os oransos ve Exe specie de Comte € Ienrad po ote autores bes Mans! Boom reins be tips sores conn Durkcim, para quem 6 Bic € modo de cimprecet ds fates se” Du thalpacsre ips csocdde chase nome de oe Sacinesiochme pars oesendient oatwo uinoame Fano, Retomando ov arguments Solin, Manel Bon fim ene «does como ue nadapato do oasis 3 torsos epee, esd gues conics presets fermion coms nvr, nese dra aes do conte Salat ryreme rene onacnoss iba » aNATO ORT: cimento da histéria da doencs. O paraleta com as socedades Subdesenvalvides pode entao ser relizade: “‘aparentmente ‘aio hi nad que justiiaue oatrazo em que se vem, a fl uldades que tm encontrado no sex derenvlvimeato. O eo £propicio, e por isso mesmo, dante desta snomalia, 0 sock Jogo nao pode deixar de voitrse para 0 passado aim de busearaseausas dos males presenss".” Temos por wm lado ‘anecesidade de se conheceropassado das nage Iaino-ane= rieanas, pois somente através do conhecimento da inadapta 20 do organismo-sociedade poceremos dagnosticar os pro- blemasatuas. Por outo, tense que a problematica do melo encontrase descartada, uma ver que se posta a exsténcia, ‘dem meio ambiente proplcio &evolucto social 'A analogs entre bolgcoesocial eva Mansel Bonfim a ‘construe uma curiosa tort do imperialismo basead em te ‘nos de parasitsmo socal. Podemoe rerumila na seguinte form: 1) o animal parasita possui uma fase depredadors, ‘momento em que ataca su viima; 2) durante o perodo pars sitio, o parasita vive da seiva nutetva elaborada peo aai- ‘mal perastado; 3) partindo-e do principio de que s "faneSo fez oérgio", tems, em certo perodo longo de parasitism, um atrofiamento dos drgios do animal parsis, A covlusto ‘natural desta comparaco¢ que uma sociedade que vive pare Starlamente das otras tende a degenerar, a nvolit. Trans ferindorse os resultados das experitacias biolgicas sobre o parssitsmo para 0 mundo social, pode-seentoafirmar: "so" ‘re os grupos socials humanos, os efeitos do parasitismo sto ‘0s mesmos. Sempre que hi ura classe ou uma egremiclo parasitando sobreo trabalho de utr, aguela—o pareita — Seenfraquece, desi, degenera-se extingue-se™ Interprets. ‘se desta forma a exporagto sociale econbmica como explo Tocil. A eritce de Manvel Bonfim se dirige prinipalmente {os polos eintelectuss, que ele considera como essencial- mente conservadores falta de esinit de observagto corre ponderia uma inapacidade de se analisar e compreender & propria realidad brasileira. O abuso dos “chavdes © aor ‘mos consagrados”(obachareb), a mitaglo do estrangerose- iam fatores que contribuiriam para florescimento dessa ‘mop nacional. Paralelamente a essas qualidades negatinastransmitdas peo colonizador, mas relaboradas pelo eolonzado, outras, {de origem indigena e negra se intgram ao esprit brasileiro. Dorém, contrariamente« Nisa Rodegues, Silvio Romero ou Busides da Cunha, o autor considera a mista racial como ‘ronovadore”, no sentido de que tender a reequilibrar 0s clementos negativs herdados do colonizader. No nos fac ‘mos porém grandes lubes, Dent do pensament positvista ‘4 ép0e3, Manuel Bont toma partido polo progress, ito €, pla clizagio europea, O carder "renovador” das clturas fegrae india nto possui, como o da cultura portigusa, as ‘Ualidades qu possbiitam arentaro progress no seatide da ‘faa apeo ds eoiasracistasvigentes,Pelo contro, todo © capitulo relativo ao cruzamento racial procara refutar tis {eorias que predominavam junto & elt intletual bras ‘Recususe densa forma a6 qalidades de indolénca, apats, Jmpreidénciaatribuidas sla ao mestio, sea aos negos ov {indie Mans! Bonfim vai anda mai fonge a0 denunei ‘sas lerias como ideclogias que procuram lgiimar uma si fens de expense detriment das nacbes subdesenvol ‘vidas. Difd:levada a pati a tora (racista) dou o seguinte Fesuliado: vio os povos ‘superiors’ aos paises onde existem ‘sss povos nferlors", organizam-thes a vida conforme as ‘Stas radigbes ~ dles ‘superiors’, nsteuem-se em classes Airigentese obrigam os inferiores trabalhar para stent los; ¢, se estes ndoo quiserem,entdo que os matemeeliminem de qualquer forma, a fim de fica a terra para os superires ‘os ingles gorernem » Cabo, eos cafres eavem as mins: se- 1s ango-saxDesseahoresegoradores exclusives ds Avr fidlin, dastruam-se os ausiralsnos como se fosem unas. pcie daninha...Tal € em sine a tora da rapa infer. Pes" A passagom ¢ clara, alrvés dela pode-s percher ae fr autores come Gobineau e Agassiz so substtudos por ou fess, como, por exerplo, Topaard, 0 que possibiite a ML. Bons fundamentar seu discuso contra uma pretensa dest gualdade das racas humana. A cépla” das idéiasestrangsiras As anlses de Manel Bos, quando comparadas 20 Pensarmento dominant da intligensa basic, colosm tum problema recorene na histra ds cultura nacionl oda absreio das iceasestangcra Se levaros em conta 9 te. fetunho de diferentes erties do pensament brasileiro, os deparamos de imediato com a questo de "mila Paese terse ttansformado em senso tomum « tee do Brasil en uantoespag initatvo. Ox prosgunsas ca Semana de Arte Moderna denanccram so nfo ese rag do “caries brs. ski, que Mantel Bonfim chumava dela deep Je teria”, ov gue Siio Romero combatia om sus estudos icolarmente urate prio extudado tse A imprest, atraves ds patie crftcos, de que o Bras His um etreposto de produts cultures provindos Jo exterior. ‘lina na, em partial «parson, eportaea no Ris leaner para ser om principe consign sem raors bro Uiemas. Se acctissemos ese quadro explicatno para com. rcrdr a penetresto das lds etrangsin Junto aos int Iecunsbrasieros, como interetar a difetenea profunda fate autores como Manucl Bostin © Nina Rodrigues! Ro. ero Shinar, seu debates as "ils ora ugar, ‘fato de slums iis chegaren a porto de destin eonras en Zi ive Scare Be Voce utes, 8a Poo, Ou 0 ‘nto? Gostaria de retomar esta problomiticaconstante da his {eka brasileira ¢ recoloeé-la para noseo caso particular 85 (Giéncias Soins. Focalizaremos expecfcamenteo quadto das ‘eorasaciais elaboradas na Europa, e que predominam junto Alte brasileira entre 1888-1914 ‘Ao se consltar as origens das teovias raciolgica, ob servase que elas loresceram sobretudo em meados do século XIX” Retris, anatomista e antropdlogo sueeo, dsenvale fama tnica para medidas eranianas em 1842. ler Borca funda a primeira socedade de Anttoplogia em Paris em 1859, ee especalizaem cranilogia, Quatrefages& profesor de anatomineetnologia no Museu de Histria Natural de Pa- Fis em 1855 — seu livroL'Espéce Humaine € de 1877.0 mo- ‘mento cientfico€defundaedo de uma antropoloya profisso- ‘al que se volta para ob estudos anatOmios eeranlolégios, rocurande responder assim Asindagages a respeito das die enpas entre os homens. A questo nto era nova, peo contr "o,jés encontrava em Spencer, Darwin eoutos autores fantanto, que caracterza as anlisesraciolbgieas de entio ‘uma mulplicagio de experiéncas empfricas que apaente- mente leitimam o etatuto clentifice das teoiasconstruidas. Este procesto de legitimagso & fundamental, pos 0 espiito ‘posista que predomina requer a confirmasao empiria dos rgumentos enunciadot (oriamente. Meados do. séelo & também 0 momento da volgaizagao das iis a respeito da tolugto social e seu vinculo imediato com as premissas ‘Jai. Gobineau publica Essais sur les Ingaltés des Races ‘Hurwaines er 1853-185, Agassiz pblien se Journey tn Brax sil emnI868. Esses dois autores terdo uma infleneia. direta junto ace ntletuals Drasleios na medida em que assinilay, 4: teoras da Space ao probloma da mestigagem brasileira.” ‘Como vaianes lustre Gobineau era amigo intimo do tn- ‘perador D. Pedro — sto considerados como ponto de refe- Fencla de toda e qualquer discussao a respeto da siuago& TExiste porém uma defasagem entre o tempo de mato- agao das (ooriasracais (e suas Ylgarlaagtes)e © momento i vara sent, he coca asi Arrant Sob Eb Gabe © Age Son py fem que os itclectuais brasleiosescrerem. Entre meados € Fins do séeulo a tora aciolgica safe uma rviravola som st tries quo ver reebendo da parte de diferentes antroplo- fps Lm artigo de Boas, esrto em 189, etrataclaramente 0 Fiopasce em aue se encontram os estuds anatGmiens e etao- logics das rags" Na Franca, Patl Topinard,disipulo de Brocs, estabelece«dstingioenireragae"tipo",e arguments ‘no snide da difculdade de se falar em eagss biogas, Es ‘revendo em 1892, coloca claramente & inconsiénca de se [ssimilararapa is nacionlidades: "The ethnographers would to longer have do busy themselves with anything bat what the direct object of their studies, as the etymology of thet ‘nama would have its peoples: the menner of their historical formation; the languages they spcke: the socio-psiological characters they manifest, ther manners and custom; thle bei... One ofthe happiest resuls ofthis definition of tee {ory would be once an for all the elimination from anthropo- ogy of this question of nationality which is none of is bis rus". * Os estudos de Denicker ~ Les Races de Europe — vim refoeat a critica as antigastorias racials, uma ver que ‘Se considera o proprio cneelto de aga come aplicivel aa reins dds zoologia mas nto 4s socedades humans. E interesante fbservar que durante 0s anos 90 se desenvalvem os teaba Thos de Boas (que terdoialuéneia posterior em Gilbert Frey. se), onde a nogdo de raga cede lugar & nopdo do cultura, Por ‘utr ado, neste mesmo perodo sedi a emerg@ncin da escola socinigica durkieimiana que ter influéncia desea no pen Samento antropolico da pa. ’Annde Socilogiaue & fan ada em 1896 eos prnciaistratalhos do Durkheim tam dessa poca. A cencepeio durtheimiana de rociedade como fatosu generis orienta oestudo do social para uma perspec tivaradialmentediferenie ds prblemitice das ragas ou do ‘iio (por example, Le Pls) ‘Uma primeira conclitio se impde, No momento em que 2 teoriasrucioigieas entram em deca na Europa, lay Se ‘preseniam como hegeménicas no Bras. Torna, assim, di (51. Bom, sone oot Ceo Peal Antec (aoa an Son hn, ee ficilsostentar a tese da “imitagho", da “cfpia™ da tia ‘moda; exise na realidade uma defasagem entre momento de ‘rodusao cultural eo momento de consumo, Por outte lado, femese que ese consamo ¢ dfereniado, Manuel Bonfim 5¢ volta para um autor como Topinard, a ponto de Skidmore se ‘Sorpreender com seu conhecimento “atvallzado” da Mtraturs antropolgca, Silvio Romero prefere Agassiz Broca. Pr ‘eso de "importg0” pressupbe portanto uma escolha da parte daqueles que consomem os produtos eultuais. A ete Inteletual brasileira, ao se orentar para a eseolha de ese {ores como Gobineau, Agassiz, Brac, Quarefages, na vr ‘dade nao esl pasivamente consumindo Worias estrangelas sas teoras sto demandadas a partir das necesidades ite nas brasileira, a excolha ae far assim “naturalmente" O d Tema dos iteectuais do inal do seul € 0 de construe une Hdentidade nacional. Para tanto € necessicio se reportar ‘ondites reas da exstencia do pais, No pelo A prime fedigio de sun Hstria da Literature Brasileira, Sivo Ro- ‘mero pondera: “Todo homem que empanha uma pena n0 ‘Brasil deve fer uma vst asentada para tas assunts, se ele ro quer faltar a seus deveres, se no quer embairo pova”. "| (Que assuntos sto esses que proocupam a elite intelectual br sina? A Abolioo, o aproveltamento do escravo como prole- {lsio,acolonzagi esrangeea, a cnsolidao da Repdlica, ‘6 possvel conceber um Esiado nacional pensandoe 0: problemas nacionals. No entanto, so a Aboligto significa 0 fevonhecimento da flénca de um determinado tipo de ec ‘mia, ela nfo coincide ainda com a implantago real do tes: batho lie, ou sequer apaga a tradito eseravcrata da so cledade brasileira. Por outro lad, anacio vireo probleme da Imigragdo estrngeira, forma através da qual se procura re Atilade sel ela efits nia o pans Ga costronlo ‘ealidade sca, la rel nels mpae da cons ‘dum sta nacional gor ainds-nao ve comolios Sento, at terns “importades” tm ums uno lepine ‘ora cognosiel da elias, Porm lad cls untieam as onde eis de uina Repablicn que se impanta como nova Il Sai Reme op. 9.22 I Aorma de organizacio olitco-ecanbmica, por outro posbi- [farms conbociento nacional proetando para 0 futuro a Meamanan de um Estado bras. E interesante obserae So pola imran alm seu significado econo, rma cine sigs ae © brenascument St agua braseta:Ofato Gece brangueamentse dat em EePfutro, pron 08 remot, wid em pera adequasao ua concepsto Ge wm Esta brasileiro enquanto meta Re {Bitanao Roberto Schwarta, ou drs qu niin "sto ro feu deido Ivger uma ver que sua imporasto resolve, 10 ie inteletos, oem propos MTrabalienos um posco mai noso argumento da esc tha, Po ots de 1903 Sivio Romero retom seu estado sobre Aeraturabrasils,pabeado em 1858, lu de "novo eneaios da essa do Ciencia Seca francesa — Le Pay.” Grosament omase como rleréneia um aoe que esceve ‘uiriers Europens mm 18SS © Lorgnisation de a Fame | em 1871; nto ns interessa porémretormarmes & questo da | Gelesgsm entre a produao'eoconrumo das ian, 0 que linports€onaizar com maior cals © gue estamos cha undo de process de exola. So Romero se vl para Le lay por ums rardo bastante sls: tense com ext escola ‘una agumentagi centca ma sofstcada da acto do melo tari sobre os omens. Comparida 8s interpretases de “Bickle, «esol raaers€ mis sompetaeconincete. No tanto, ao ae absorer os cones desta cores, alguns Bolemr resarge, Le Ply cosiera a questo ral den frode una perspec hist, oqoe ova falar de "aca bien Isto significa que a rca seria umn produto hist co, e nfo preprement Bolg, decrrnte ds diversas fatores qe teriaminfuenciadogSomem 0 log de sua eo Ido, Para Sivo Romero, acttar um argumento desta nae "lst im probema eo, pa tora cant Brana» maoria dos diagnos a espeto da soc brates. € neossarn, por so, ants dese relomar ose ‘entre "raga histrcae "raga antopogiea. Para Silvio Ro- "raga antropoligiee” seria quelavinculada as pari (2) Shioneme 90. sa metros bolicos eau traiaconsigo as qualdadespsioss ‘Gais das nactonalidades, Silvio Romero nao submete, porém, Spenamento de Le Pay a uma cite fandamentada, na re {dads sequer procura rcfota esas “‘novas” teoray france ‘as simpleamente colo a questao em termosbrasleires. Na ‘italds em que o Bras nao possal uma race uaitéria (ost {ado acl por tdos), ten-se quo fator trio € dominant, ules 4 dizer que somente no futuro poderfames Set aca histrice’ ‘Se analisarmos com um pouco mas de atengo o exemple spresentado, poderemos descobrir alguns eneadearentos I Roe gue peesdem o pensamento do autor Acstase prime ‘ameate uma teoia “estrangeira” na medida em aue ele POs Talaigo em comum com outas teoras 6 utllzadas — m0 TEL preblemtca do meio ambiente, No entanto, parte ‘3Gs feta €ignorada, uma vez que entra em conttadicto om problemas que he io externos — a queso racial bra {en O que faz Silvio Romero? Escolhe um elemento do pen- ‘Smale de Le Play pata uilirlo como iustracto, ist €, ‘aunclando-o segunda sus preceupagtesbrasleiras, Compa ‘tefo.aoextudo da sociedade brasileira escrito em 1888, 0 de {50Sanada arescenta de novo, uma vez que © mcleo de preo- ‘apagtes do autor permancee © mesmo; cle serve no entanto ‘Some repetigho renovada de um objetivo leangado. ‘O pensamento dos precursors das Ciéncias Sociis no ‘Bras parecer ser neste panto mulio semehante ao fendmeno fd sncetsmo reliios.” Retomando uma definigho de Bas- $3e Sreapeito do sinretismo, cu haviatrabathado a sie nessa no interior dor cultos afo-brasileiros, ® Bosca: ratte nha chegado &seguinte conclusto: osincretismo se di {Toundo existe um sistema: partida (meméria cota) ave co- eae tescathae depois odena, dentro de seu guadro, 0 o- Jo escolhido, Um exemple. Santa Birbara é Tansh na me- 2 coceate a aes ‘Ea T rte oe ran, Vor “om pra cn Esco Crea de, $2090" ier iaet asa te 1) R, Seid, “Mince Clete ot Soca, dy Brest geile rt 4 ae Pore CULTURA BRASILEIAEDONTIDADE NACIONAL 3 fem que existe uma meméra africana que escolb, entre atlices, aguela que pssui um elemento anagico africana: chuva. Is nio significa, porém, que african de classificages se confunda com osm a memoria coltivaafians conserva sua autenomia igo o elemento sneretzado provenha de uma fon Hie proceso de penance de nove ii Perec ser semeans Eucies da Cutha, por exemp0, ims das partes Go cabtlo"A Tetra etando Hogs ¢ a influtncia do meio seogrilico sobre © bomen. pergunta: mas como hacroizar a tora begtana & emperv a rau eo mio! Porque mo se ecole fo pensamestoegelano pare relative 4 cali? pets airmar que Eucldes 14 Cunha "leu mat” Heel, es saan de oun gue a letra fos a mis convenient pone Na 0 > feo selecirar em Hegel im elemento sit Bavia sido delerminado prin peo sera de preses- ie Eucides da Cunha, egal aparece simplesmente apo dase da inutna do mei gogrlico sobre ei seria ur poucoo ae Santa Barbara & para os Bis afre-brasros. Podeseento dizer que alien reside openssmento de nososineletuais decompoe momentos 1) esole-s entre os diferentes objets & sincretzado, isto & a8 tooras dsponives, algumas elas; 2} incrior dens torasselecionase os ele consideradus pertnentes flo ssteraparia, caso blemética do nacional O que €a memiraecetiva para anos seria, para nés, « frOpiaidelogiaprodurida Baines Nese pont ua diewacs inp om Tadao sincretno rags, Amira cia arian #porina mais do mio, via ve gue tende permancer ict « 8! neva, Nor ear above proce Mena un man gn entra om pscp des Ba70 pereamenis Rentics cr oases cute’ cot Eas Briimo i idelogia. El € farce a pat de mivasdes Testis no reset, psi anda posbids de Spear pra utara Mio clos aesnaiam a como dus tendéacias conteposias do conhecimeno, Segunda ge associando aos grupos dominantes que teram em principio um proeto, ou a consitncia do dilema da constru- ‘Ho nacional. "Roberto Schwert, ao estudae a obra de Machado de AS- sis, se flere 3 dualidade doe esrtores brasleior do pe odo." Exist, por assim dizer, uma defasagam entre ds- ‘urs idelogico da classe drigentee a pripri Talidae so- ial. Este hiat entre as iddlas ea sovedade decorera, 20 enlanto, de uma noesidade conjuntral ese imporia aos in telctuas como uma objetidade histria. Vamos roncon ‘tar essa mesina dualidade na eslera das teoras cietiieas ‘considers. O que se propiem os inteeetuais do periodo 2 ‘onstrocio de uma idetidade de um Estado que ainda nto ¢. ‘As modiicatesrealizadas na eslerasbo-econdmica fim de ‘una economia ecravaista, emergencia de uma classe média) finda nao tinham se consolidado no interior de uma nora oF dem socal. Vivia-e um momento de transit, ¢ neste Se lide a teorizagbes sobre arealidadebrasieirerefetiam neces sariamenteo impasse vivencado, Guerrero Ramos tem razto ‘ap afirmar que os republicans de 1870 eos positiistas ess: ‘am "“impedidos" de compreender a reaidade brasileira: & hecessiro, porén,estnder o argumento a autores como SI vio Romero, Nina Rodrigues ¢ Evelides da Cunha. Na ver- dade, as Ciencias Socais da época reproduzem, no nivel do ‘iscurso, a contradies reais da socedade como um tod. A {nferordade racial explica © poraué do atraso brasileiro, mas ‘nope de mesticagem aponta para a formagao de uma pos Sve unidade nacional, Neste sentido as toriayelaboradas sto mals "adequadas” que as de Manvel Bonfim; Estado a que ‘se rlere ete limo ser consoldad somente com a revels: ‘Ho de 30, Talez isto explique em parte o insuceso de um ‘Autor que na vzada do séclo jd se contrapunha 8 ideologla dominante ds interpretagces racstas. Era necesiri expe Tar, porém, pelos anos que representam uma evolugSo dei. ‘ra da economia e da socodade brasleiras e que correspon tim sm momenis de dewpertar scivalsta. A purl do Segunda Cucrra Mundial se multipicam os esforgos para construgao de uma conseiéaca nacional, ¢ uma sockedade smo Spat es a ttm oe (CULTURA HRASILEIRA EIIENTIDADENACIONAL 38, ‘como “Propaganda Natvista", fondada em 1919, poders $iigrem sev programa a adocio do principio da igualdade reecas, A vrada do séeulo & ainda wm momento de inde esc que faz com que os intlectuas das classes dominan “Gettoroduram, em nivel diferenciados, una exigtcia hist Mey'Gueranspasececlarmentono interior Go CSCUrsO 1620+ bgiceelnborado. Da raca a cultura: ee si, afirmava que o bras tem o presoneto de nao ter preconecta” Com esta boufade ele snttizava toda um 8 foagdona qual as relades raiis so obsureeidas pela deo. Tonia da democracie racial. Sip varios on sutores que tem insist sobre o aspecto da questo rail, masse € verdade ie hojeexste una ideologa Ja miscgenagto democritica, € interesante obserar qu ela€ um produto recente ma histria bratileia. Houve um tempo em que tinkamcs preeonce “out cour. Até a Aboligo, 0 negro nao exstia enquanto ck dado, sua auséncia no piano terri € tal que om autor ovco progresista com Sivio Romero chegs inclusive de uncia ese descaso, que ia conseqaéncls nefasas para 28 Cicias Socials. Os primelrosextudos sobre o negro 30 Imente einciardo com Nina Rodrigues, jana time décaa do séeulo, mas sb a inspitaco das feorias rales ave ‘anos no taptuloaaterio. Muito embors esas tora sam ‘Mundial, soa in cone pf mdse me Mande ds Beas, So Pas, a mesticagem e o nacional tal que um autor como Olvera Viana pode, em ages de 20, desonvolver um pensamento fundamen ds prmsnsraistas da virada osteo.” Fica porém a: qual arazto de wna mudanea tio radial, que Eisancia o elemento mest, produto do eruzamento no ayer dvds dequ a ieologi de um Bra- acini como 1s far nofinal do seculo XIX. Proc: Hoosrar como a csegoria de mesgo &, pach ators ‘ivi Romero, Bucies da Cunha e Nina Rodrigues, que expime a elidade social dete momento fo, ¢ queda corresponde, no ael silico, a uma entidade O movimeto romateo tenou cons Geum modelo de Ser acinals no enlanto,fallarameine goes soca que Ihe posssitasvom dsc de form is abrangene 2 problsméca propors. Por exempo, 0 Fegue fun romance que tents desvendar 9 funda abrasidade, € um Hor resto, Anse ocopar da oo indo idealicao) com obrenc, ee dea J ado 0 duels montento |denieado somente&forea de that até ent desi de qualquer residade ce Por outro lad, 0 modelo qe se ulliza para pensar a debrasiera oda Idade Mia. Nis 0 350 roman 2 ierencn pouce do romans europe, que rok ata o pasado gros para entender o presente. Nio foi aso que oe estado do fore se fazem na diego Ee a0'que denominos na paces exagerss do fom | smo. No entant, st mesmo nor andlies do flelore, eset “fasna decade do 70,0 clement opr se encoteaausnte. E “Inferesantecbserar ue os estado de Sivo Romero sobre a ocia popular tazem, em TAKE, una novidade ext rlacio fs de Celso Magalies, qu st Je 1973. 0 que Sito "et etic nest autor éJstamente a ausécia da esteooria ddomesigo, aque oimpowibilta de pensar 0 Brel cm um Sar ana, Er fe ve Bat, So ade, todo.” A esoravdio colocaa limites epstomoligios para o

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